Edição 739

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Diário da Cuesta

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

ANO III Nº 739 TERÇA-FEIRA , 21 DE MARÇO DE 2023

Albergue Noturno de Botucatu

O Registro Histórico do Albergue Noturno de Botucatu precisava ser feito para que não se perdesse no tempo... PÁGINAS INTERNAS

Fotos da Inauguração do Albergue Noturno, com a presença Governador Abreu Sodré /1968

Prefeito Amaral de Barros, Governador Abreu Sodré e o presidente da Câmara Municipal, Antônio Delmanto. Ve-se, ao fundo, vereador Alberto Laurindo, sub-chefe da Casa Civil Hélio Mota e o deputado federal Braz de Assis Nogueira (14 de abril de 1968)

À partir da esquerda, Antonio Cordeiro, Alfredo Chaguri, Nelson Gasparini, Governador Abreu Sodré, prefeito Wadi Jorge, Antônio Delmanto (presidente da Câmara) e prefeito Amaral Amando de Barros (15/04/1967).

E D I T O R I A L

Importante o registro das atividades sociais nas comunidades. Em Botucatu, com a inauguração do CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER, nas instalações do antigo ALBERGUE NOTURNO, podemos aquilatar o valor do trabalho social realizado pela sociedade organizada.

Em 1949, a Câmara Municipal de Botucatu aprovou, por unanimidade, a criação do Albergue Noturno de Botucatu, para amparar as famílias da região que aportavam em Botucatu para tratamento na Misericórdia Botucatuense. Mas lei aprovada não quer dizer que será cumprida Aqui, foi o que ocorreu Até meados dos anos 50 os Prefeitos, alegando falta de disponibilidade financeira, deixaram de construir o Albergue Noturno Assim, Antônio Delmanto – autor do projeto de lei (aprovado em 1949 e nunca cumprido) -, à frente de um grupo de amigos resolveu viabilizar essa necessária assistência social.

Por 12 anos, através de campanhas promocionais, doações de parlamenta-

res e sempre com efetivo apoio da comunidade botucatuense, puderam inaugurar, em 1968, o ALBERGUE NOTURNO DE BOTUCATU

Funcionando ininterruptamente por 20 anos, como entidade privada de assistência social, em 1988, foi transferido para a Prefeitura de Botucatu o ALBERGUE. Desde então funciona sem interrupção mesmo tendo sua denominação alterada e sua

localização transferida.

Construção sólida, reformada e ampliada abrigará, agora, essa importante atividade do CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER, solenemente inaugurada pelo prefeito Mário Pardini

É O ORGANISMO VIVO DA SOCIEDADE ORGANIZADA À SERVIÇO DA COMUNIDADE BOTUCATUENSE! A Direção.

CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER

Inaugurado pelo prefeito Mário Pardini.

A Prefeitura de Botucatu inaugurou o Centro de Referência da Mulher “Aline Aparecido da Silva”. Ligado a Secretaria Municipal de Assistência Social , o CRM fará o atendimento humanizado a mulheres vítimas de violência doméstica, oferecendo acolhimento e esclarecimento de dúvidas jurídicas e procedimentos administrativos, e remoção de vítimas do estado de vulnerabilidade e risco de novas agressões, sejam elas físicas psicológicas ou morais.

O Centro de Referência da Mulher será localizado ao lado de outro equipamento da Assistência Social, o Espaço Acolhedor, na Avenida Paula Vieira, na Vila Jahu. No mesmo prédio, funcionará também o Centro de Referência Especializado de Assistência Social, CREAS “Maria Rosa Guerreiro”.

“A partir de agora, o Município conta com espaço de atendimento específico pra mulheres, com equipe destinada somente para esse atendimento. Isso nos dá a capacidade de atender as demandas com mais precisão, rapidez e com a especialidade necessária. O CREAS , que também já tem sua demanda definida, atenderá

toda violação de direitos das famílias e indivíduos, especialmente crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência”, afirmou Silvia Fumes, Secretária Municipal de Assistência Social.

Em novo e amplo local, a instalação do CREAS neste prédio faz parte do projeto Aluguel Zero, instituído pela administração municipal que visa realocar 100% dos departamentos da Prefeitura em prédios próprios

“É fundamental oferecermos o apoio necessário para garantir a segurança das nossas mulheres. Este tra-

balho nos ajudará a propor a atenção que as mulheres precisam, em especial, as que sofrem dentro de casa agressões de seus parceiros. Este é mais um compromisso que estamos cumprindo, em busca de uma Botucatu ainda melhor para todos”, citou o Prefeito Pardini.

A inauguração dos equipamentos respeitou os protocolos de saúde e contou com a participação do Prefeito Mário Pardini, da Secretaria Municipal de Assistência Social, Silvia Fumes, além de outras autoridades e alguns familiares das homenageadas.

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Albergue Noturno de Botucatu

Moura Campos. Fizeram igualmente uso da palavra, o prefeito Municipal Antonio Jamil Cury e o vice-prefeito Joel Spadaro, ambos dando ênfase à importância do Albergue e à firme disposição da então administração de levar adiante e ampliar os serviços sociais do Albergue.

Nas palavras de Antônio Delmanto, toda a emoção do ato de transferência:

O Registro Histórico do Albergue Noturno de Botucatu precisava ser feito para que não se perdesse no tempo...

Surgiu como Lei Municipal, de autoria de Antônio Delmanto, em 1949 No ano de 1956, como os prefeitos alegassem que não havia verba para a instalação do Albergue, Antônio Delmanto e um grupo de amigos colaboradores, iniciou a construção do Albergue como uma iniciativa privada. Com a colaboração da sociedade botucatuense, de empresários e políticos; com a realização de sorteios e rifas levou em frente essa iniciativa.

Em 1968 – 12 anos após a criação da lei que criara o Albergue, em 1949 – era inaugurado o ALBERGUE NOTURNO DE BOTUCATU.

Após 20 anos de ininterrupto funcionamento, com expressivo atendimento social, o ALBERGUE foi DOADO à Prefeitura Municipal. Na época, eu exercia a presidência e meu pai a vice-presidência. Com a DOAÇÃO foi transferido para a Prefeitura Municipal de Botucatu o patrimônio que o Albergue recebeu de herança no valor estimado à época de 5 milhões de dólares.

Infelizmente, a prefeitura perdeu prazos processuais e o patrimônio do Albergue Noturno foi transferido para o Hospital do Câncer. Foi uma perda irreparável para as entidades sociais de Botucatu...

Hoje, o Albergue tem outros nomes (Camin/Espaço Acolhedor), está em outro prédio da prefeitura, mas as bases de sua construção estão firmes em sua atividade social em 50 anos de existência É um orgulho para Botucatu!

É REGISTRO HISTÓRICO! (AMD)

Missão Cumprida!

Foram 20 anos de funcionamento exemplar! No ano de 1988, o Albergue Noturno foi transferido para a Prefeitura Municipal como era o grande sonho de seu fundador: a Lei que criou o Albergue Noturno, enfim, tornara-se realidade, o Albergue Noturno era um próprio municipal! Em meados de maio de 1988, em solenidade realizada na Prefeitura Municipal, o presidente em exercício do Albergue, Dr. Antônio Delmanto, assinava o termo de doação do Albergue e de todo seu patrimônio. Nesse aspecto é preciso destacar o valioso patrimônio que o Albergue Noturno ganhou graças ao interesse do Dr. Berval Delmanto (irmão de Antônio Delmanto) que tendo um cliente de descendência árabe, muito rico e sem herdeiros, o aconselhou a que doasse seus bens para instituições de caridade Assim, em testamento, o rico senhor deixou a maior parte de seus bens para o Hospital do Câncer de São Paulo, e muitos bens para o Albergue Noturno de Botucatu. Esses bens, cerca de 19 imóveis, eram localizados nas Alamedas Pamplona e Santos (10 ou 12 lojas comerciais), mais uns 8 apartamentos nas Avenidas Paulista e Angélica (uma casa). E, pasmem!, esse dinheiro, esse patrimônio (avaliado à época em 5 milhões de dólares) foi perdido!

Não foi perdido para a sociedade, mas, sim, para a assistência social de Botucatu: ocorreu que a Prefeitura Municipal perdeu os prazos processuais para habilitar-se no processo de inventário e o Juiz determinou que todos os bens fossem para o Hospital do Câncer Mas Botucatu, com certeza, perdeu e muito... Uma fortuna Daria para manter o Albergue, a Misericórdia Botucatuense e todas as entidades assistenciais de Botucatu. A doação do Albergue para a Prefeitura já havia sido feita, incluindo o direito a esses bens. Qual entidade não iria festejar uma doação como essa?!? Mas, acima de tudo, estava o grande sonho de seu fundador, Antônio Delmanto, concluir o que começara em 1949...

Pois bem, na solenidade de transferência do Albergue Noturno para a Prefeitura de Botucatu, estavam presentes todos os Diretores do Albergue: Dr. Antônio Delmanto, Genésio Piagentini, Aldo Martin, Dr. Antonio Tílio Junior, Dr. Isidoro Martins, Francisco de Assis Domingues, José Carlos Fortes , Amando Laperuta e Oscarlino Tancler. Na ocasião, o Dr. Delmanto discursou fazendo um histórico da construção do Albergue e de seu funcionamento, destacando o importante trabalho prestado por companheiros já ausentes, como Abílio Dorini, José Giacóia Sobrinho e Rafael de

“Meu filho Armando, tão dedicado, sabia das enormes dificuldades e que nós éramos o grande sustentáculo, a alma do Albergue. Com a idade chegando tudo começava a ficar mais difícil e a velhice, todos sabemos, é inexorável Armando propôs ao Spadaro, então já candidato a Prefeito , a transferência do Albergue para a Prefeitura, fazendo cumprir, assim, a lei municipal de 1949 que criou o Albergue Municipal. Convocamos, como vice em exercício (Armando era o presidente), uma Assembléia propondo e sendo aceita a transferência e também, os direitos à herança consignada ao Albergue e que representa uma verdadeira fortuna, herança conseguida por meu irmão Berval que, como advogado, obteve junto a cliente amigo. Em nosso pensamento e intenção se a recebessemos, poderíamos melhorar e muito o Albergue, assim como consignar recursos para a manutenção de tantos meninos na Vila dos Meninos, tantas meninas no Orfanato, também tantos velhinhos no Asilo, além de auxílios men-

sais à Misericórdia Botucatuense. E construiríamos uma vila com pequenas casas para famílias pobres e com filhos menores, começando um trabalho que tentamos como vereador, objetivando combater as favelas. Há lei aprovada, de nossa autoria (1949), que obriga a Prefeitura a construir 5 a 6 casas populares, por ano, para famílias carentes. Essa lei nunca foi cumprida...” Hoje, a cidade de Botucatu sabe que a Prefeitura Municipal tem condições de atuar efetivamente nesse setor assistencial. Missão cumprida! Antônio Delmanto deixou, para a história de Botucatu, marcada a sua trajetória como benemérito !

PROJETO DE LEI

Art. 1º - Fica criado o Albergue Noturno de Botucatu, com acomodações independentes para homens, mulheres e crianças

Art. 2º - O Executivo Municipal fica autorizado a mandar proceder o estudo e a confecção da planta e orçamento das obras;

Art. 3º - A planta, orçamento das obras bem como o contrato para a execução do serviço deverão ser aprovados pela Câmara;

Parágrafo Único - O contrato para execução do serviço, deverá obedecer as normas estatuídas no artigo 82 da Lei nº 1, de 18 de setembro de 1947;

Art. 4º - Fica o sr. Prefeito Municipal, autorizado a escolher o terreno destinado à execução da presente lei;

Art. 5º - A despesa com a execução desta lei, correrá por conta do crédito que oportunamente será aberto e pela campanha que será feita junto às Associações locais e à população do município;

Art. 6º - Esta lei entrará em vigor na data de sua promulgação e publicação, revogadas as disposições em contrário.

Sala das Sessões, 19 de janeiro de 1948.

Vereador Antônio Delmanto (autor)”

Aprovado por unanimidade, o projeto de lei de criação do Albergue Noturno de Botucatu, contou com o apoio de toda a bancada udenista que o subscreveu e com parecer favorável e unânime da Comissão de Pareceres.

Nessa ocasião, o Dr. Antônio Delmanto deixou a presidência a fim de discorrer sobre o assunto Assumindo a presidência, o vice-presidente Emílio Peduti.

O Dr. Antônio Delmanto pediu a palavra e depois de congratular-se com a Casa e com Botucatu pela escolha do nome honrado do Sr. Emílio Peduti para o cargo de vice-presidente da Câmara, disse “que o Sr. Emílio Peduti, que há onze anos vem exercendo a presidência da Misericórdia Botucatuense, data em que assumi a Direção Clínica, poderia testemunhar as razões de seus argumentos. Que muitas e muitas e muitas vezes, como Diretor Clínico daquele Hospital, mandei que se internassem famílias inteiras , não porque estivessem enfermas, mas porque batiam àquela Casa fundada pelo Dr. Costa Leite, a fim de solicitar um abrigo. Que as mulheres e as crianças, sistematicamente, eram e são atendidas, o mesmo nem sempre acontecendo aos homens, visto a enfermaria se achar sempre cheia, com os colchões e divãs espalhados pelo salão. Eram, no entanto, encaminhados à Delegacia de Polícia, onde o dr. Delegado, colaborando nessa assistência, permitia e permite que os mesmos lá pernoitem, tomando as refeições na Misericórdia...”

Aprovado em primeira votação, esse projeto de lei seria aprovado, em segunda votação, no dia 11 de abril.

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Antônio Delmanto e Emílio Peduti

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

Contato@diariodacuesta.com.br

Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

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NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO

SOUZINHA, ex-jogador do Corinthians e da AAB foi o administrador do Albergue Noturno

Souzinha e o grande craque corinthiano Luizinho.

Souzinha terminou sua carreira futebolística na AAB. Na Veterana, Souzinha se recuperou de um acidente na cabeça e teve todo o apoio da Dr. Antônio Delmanto. Assim, passou a tomar conta do Albergue, juntamente com sua esposa e filhos. Foi um grande colaborador e amigo, tornando-se um botucatuense de coração.

Na foto com Souzinha, em pé da esquerda para a direita, o Antoninho Delevedove que seria vice-prefeito de Botucatu

“José Enedino da Silva, que apesar de não possuir o sobrenome Souza, ficou conhecido profissionalmente como “Souzinha”, nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Souzinha iniciou carreira no Bauru Atlético Clube e lá, foi apelidado pelos seus companheiros de equipe de “Flecha Negra”.

Grande amigo de Dondinho, o pai de Pelé, foi Souzinha quem deu ao Rei do Futebol a sua primeira bola, quando ele ainda era uma criança, aos oito anos de idade.

Chegou ao Timão em 1952.

No Corinthians estreou no dia 9 de março de 1952 e não foi uma boa partida. Contra a Portuguesa, em jogo válido pelo Torneio Rio-São Paulo, o Alvinegro perdeu por 3 a 2.

O primeiro gol com a camisa alvinegra foi contra o Fluminense, marcado aos 44 minutos do segundo tempo no dia 2 de agosto de 1952, no empate em 2 x 2 durante a final da segunda Copa Rio. Sua passagem pelo Timão soma 79 jogos e 16 gols anotados pelo ponta-direita. De todas essas partidas, Souzinha, conquistou um Campeonato Paulista em 1952 e dois Rio-São Paulo, em 1953 e 1954.”

Corinthians - Campeão do 4º Centenário: (Gilmar, Idário, Olavo, Goiano, Homero e Roberto. Agachados: Claudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Souzinha)

Foi Campeão do 4º Centenário pelo Corinthians. E, na AAB, jogou e encantou os botucatuenses com suas jogadas rápidas e certeiras. Foi um bom colaborador do Albergue Noturno de Botucatu

Comentários:

Delmanto disse Souzinha foi jogador do Corinthians e foi Campeão do 4º Centenário. Depois, veio jogar na AAB e tornou-se colaborador do Albergue Noturno. Souzinha terminou sua carreira futebolística na AAB. Na Veterana, Souzinha se recuperou de um acidente na cabeça e teve todo o apoio da Dr. Antônio Delmanto. Assim, passou a tomar conta do Albergue, juntamente com sua esposa e filhos. Foi um grande colaborador e amigo, tornando-se um botucatuense de coração. 6 de setembro de 2016

Benedito Balesteros - Bene (Facebook): Boa lembrança, Armandinho. Frequentei muito o albergue (kkkkk), era amigo do Zé Luiz, filho do Souzinha. 6 de setembro de 2016 às 08:48

Maria Oliveira (Facebook): Boa noite Dr. Delmanto, mais um registro histórico que estava no esquecimento , obrigado pela lembrança!!! 6 de setembro de 2016

Paulinho Ribeiro (Facebook): Interessante ! Boa noite ! Vivendo e aprendendo nossas histórias, da querida Botucatu. 6 de setembro de 2016

Time da AA Botucatuense posado nos anos 60. De pé: Carrapicho, Tide, Friaça, Tisnau, Cigano e Sílvio. Abaixados: Pulga, João Preto, Jonas, Nézio e Souzinha.

Rene Alves de Almeida (Facebook): coisas que poucos sabem, Canhoto e Tição estavam trabalhando na Estação de Julio Prestes e no dia da semana exato, havia um carro de passageiros no trem que era destinado aos pobres que circulavam de trem pelo interior, eram chamados de sanfona , porque iam e vinham e o SOUZINHA tinha um carinho especial por eles, roupa limpa , comida quente, banho , enfim, o velho SOUZA foi o pai de todos e porisso que todos queriam vir para Botucatu e até citavam algumas cidades que não queriam ir em razão do pessimo tratamento que era dado. Assim , o VELHO SOUZA , com sua ginga era o homem mais querido dos caminheiros . 6 de setembro de 2016

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Depoimentos sobre o Albergue Noturno

”Dom Henrique Golland Trindade: Isto aqui não é um Albergue Noturno é um verdadeiro hotel, limpíssimo, completo, onde os hóspedes sentirão o desejo de se promover, de ser alguém, que não precise mais de albergue, mas de sua própria casa, modesta, mas limpa, acolhedora, feliz. Extraordinário o que acabamos de visitar. Parabéns sinceros ao Dr. Antônio Delmanto e a todos os que o ajudam na manutenção desta obra, orgulho de Botucatu. (19/9/69).”

- ”Dom Vicente Marchetti Zioni: Visitei hoje, 23/10/69, este Albergue Noturno, verdadeira revelação. Mais do que um albergue, afigura-se-me uma verdadeira escola de caridade e promoção humana. Escola que põe a caridade em ação; escola que realiza a elevação do homem, tratando-o como tal, respeitando-lhe a dignidade. Bendito seja Deus que suscitou esta obra e ampara os que a mantém com dedicação e altruísmo. Prouvera a Deus fossem assim como este todos os albergues do Brasil.”

- ”Dr. José Felício Castelano, ex-secretário estadual da Promoção Social: É com grande prazer que, depois de percorrer quase 300 municípios, posso afirmar que esta obra pode ser considerada como padrão no gênero. Cumprimento o Dr. Antônio Delmanto e seus colaboradores. É realmente uma obra digna de servir de modelo, por sua construção e organização (12/4/70).”-

- Prof. João Queiroz Marques: Visitando o Albergue Noturno, sinto que esta instituição assistencial deve ser conhecida por todos os homens de boa vontade desta terra. Ela preenche uma necessidade premente de nossa coletividade e, desde já, ofereço-me a colaborar, em todos os sentidos, para sua continuidade. Parabéns, pois, aos seus diretores e em especial ao Dr. Delmanto, cuja atuação humanitária venho acompanhando há mais de vinte anos (15/2/70).”

-”Dr. Romeu do Amaral Gurgel: “No Hotel das Cataratas, em Iguaçu, existe um livro como este, onde os visitantes consignam suas impressões. Um grande jornalista norte-americano escreveu apenas isto: “Poor Niagara”. Parafraseando o beletrista yankee, depois de visitar este maravilhoso Albergue Noturno Governador Abreu Sodré, nós dizemos: Pobres os vários albergues que temos visitado em S. Paulo e fora dele! Esta obra magnífica de meu prezado e grande conterrâneo Dr. Antônio Delmanto, amigo dileto, é bem “uma verdadeira escola de caridade e promoção humana” como afirmou o nosso eminente arcebispo Dom Zioni (12/4/70)”

”Professor Francisco Carlos Sodero, Assessor do Governador Abreu Sodré: Por todas as minhas andançasEstado de São Paulo - Brasil - Exteriorvi coisas divinas e trabalhos humanos. Mas não vi organização que cuidasse do homem com o carinho e o respeito que a pessoa - o ser feito à imagem e semelhança de Deus - merece. Degradado pela miséria, pela fome, pelo desamparo, encontra aqui o conforto do corpo e a esperança para o espírito. A esse coração de amor, Dr. Antônio Delmanto, alma deste albergue, a seus auxiliares, o meu respeito (12/4/70)”

- ”Dr. Mário Iello, Delegado Seccional de Polícia: “Tivemos oportunidade de conhecer hoje, a convite do Dr. Antônio Delmanto, seu mui digno Presidente, o “Albergue Noturno Governador Abreu Sodré”. Em sã consciência, não há quem não se entusiasme ao ver o erguimento e funcionamento numa cidade do interior, de recolhimento tão modelar, mantido graças ao trabalho e dedicação de seu Presidente. É aí que vemos o que consegue a paciência e o trabalho em prol de um objetivo tão humano; e por aí vemos que muitos outros setores que preocupam os poderes competentes podem ser solucionados desde se siga o exemplo deste Albergue. Somente o trabalho, o sacrifício, a ordem e a dedicação tudo pode resolver (30/1/70)”

-”Dra. Lauri Garcia, Assistente Social da Secretaria de Promoção Social - Sorocaba: “Foi uma satisfação imensa conhecer esta obra social, que testemunha em voz alta um espírito de doação e amor Cristão. Apesar das dificuldades encontradas, o êxito sempre será presente, porque Deus está junto no Serviço da promoção humana, e também estará ao lado de todos que lutam nesse trabalho”. (23/3/72)”

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As visitas que o Albergue recebeu e a manifestação de ilustres personalidades é representativa da realidade social que representa:

Albergue Noturno

Artigo do dr. Sebastião de Almeida Pinto

As palavras escritas pelo historiador e médico, Dr. Sebastião de Almeida Pinto, dão um retrato fiel do que foi a luta e o que representa o Albergue Noturno:

« O Albergue Noturno surgiu como uma promessa quando o vereador Delmanto apresentou projeto de lei que o criava. O projeto foi aprovado. Durante anos e anos o vereador Delmanto não viu os Prefeitos que passavam por Botucatu cumprirem o que determinava o projeto de lei.

Mas era preciso fazer alguma coisa. E Antônio Delmanto que durante 15 anos como Diretor da Misericórdia Botucatuense notava, diariamente, o desespero das famílias que aportavam e sem recurso algum, maltrapilhas e subalimentadas batiam à porta da casa fundada pelo humanitário médico, Dr. Costa Leite, à procura de abrigo por uma noite. Foi então que Antônio Delmanto e vários companheiros deram início ao longo e difícil trabalho. E para a concretização dessa obra a contribuição financeira do então deputado estadual Roberto de Abreu Sodré foi de fundamental importância. E o Albergue Noturno foi inaugurado no dia 14 de abril de 1968, aniversário da cidade.”

Nesse artigo (publicado pela “A Gazeta de Botucatu”, de 14/9/68), o Dr. Sebastião de Almeida Pinto destacava que havia uma falha na assistência social da cidade, mas ressaltava que havia...

“...porque não há mais. Era a assistência aos andarilhos, aos andantes, pobres criaturas que ficavam ao léo, nas noites frias que passavam em Botucatu Também sofriam as intempéries, viajantes pobres, lavradores em trânsito, que por deficiência de recursos financeiros, dormiam na plataforma da estação ferroviária ou nos bancos dos jardins. Curtindo fome e frio. Agravando seus males, como era o caso daqueles que

demandavam o hospital das clínicas de Rubião, onde só podiam ser atendidos durante o dia.

Agora tudo mudou. O Dr Antônio Delmanto deu um jeito nessa coisa feia. Com a construção e funcionamento do Albergue, o dinâmico e humanitário médico sanou aquela falha gritante na assistência aos desprotegidos da sorte.

O Albergue Noturno botucatuense merece uma visita. O visitante poderá aquilatar o que ali se faz em proveito da pobreza em trânsito: é um leito macio e aconchegante; é um banho reconfortante; é um jantar fumegante e gostoso; uma roupa limpa e um lanche para a viajem, na manhã seguinte. Se o paciente - homem, mulher, adulto ou criança - estiver doente, o Dr. Antoninho, o socorrerá, medicando-o, internado-o, se for o caso. Tudo, como manda o coração bondoso do ilustre colega Delmanto, corpo e alma da benemérita instituição. Ordem, disciplina, asseio, caridade, fraternidade, são constantes na casa que o Souzinha (ex-jogador do Corinthians e Campeão do 4º Centenário) e sra. dirigem, sob a supervisão do Dr. Antoninho, como o chamam os botucatuenses que o conhecem desde a meninice.”

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“São José"

Meu pai, o Zé Camilo, era devoto de São José, e uma das missas que ele fazia questão de ir assistir era a das 6 horas na linda Igreja ali na praça de mesmo nome, do seu Santo Padroeiro

A gente na época morava ali perto.

Saíamos pelo menos uns quinze minutos antes do horário, da nossa casa ali na Quintino Bocaiuva

Ainda estava escuro, e os primeiros raios do sol começavam a querer aparecer.

Íamos naquela fila Indiana o pai na frente a mãe com o missal, o terço e o véu negro nas mãos, e nós logo atrás, tentando acompanhá-los.

Meu pai andava muito rápido, minha mãe o seguia, e nós duas só correndo atrás para espantar o sono.

A pequena igrejinha já estava cheia, mal conseguíamos entrar e tentávamos seguir a celebração, muitas vezes de fora ali perto da porta.

Gostava de sentir o perfume matinal das muitas árvores da praça e me distraia bastante olhando os fiéis já bem nossos conhecidos ali da Igreja de São Benedito que frequentávamos.

Depois tentava me penitenciar junto ao Santo pela minha distração.

Coitado do Padre José, debaixo dos paramentos todos, quando a manhã de fim de verão começava a esquentar com os raios do sol. Suava nas têmporas, e enxugava com o lenço que carregava escondido numa das mangas da casula. Os coroinhas seguiam atentos para cumprir todo o ritual.

Dona Belinha junto a porta distribuía no final da missa os santinhos votivos.

Hoje a bela igreja toda remodelada lindamente, com maravilhosos novos vitrais, festeja o Dia de São José reinaugurada para homenagear o Santo querido, patriarca da Sagrada Família.

E eu relembro saudosa daqueles idos dias de missa com a minha família.

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