Edição 750

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Diário da Cuesta

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

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Fundador de São Paulo, Apóstolo do Brasil

Enviado ao “Novo Mundo” a mando do criador da Companhia de Jesus, Inácio de Loyola, Anchieta chegou aos 19 anos, em 13 de junho de 1553. Em 1554, recebeu de seu superior a missão de subir a Serra do Mar para fundar um Colégio no Planalto de Piratininga. A Atuação do Mestre Anchieta foi tão positiva que famílias de indígenas e portugueses deixavam suas terras e se mudavam para o entorno do Colégio. Aos poucos o casario foi se transformando em aldeamento, este em vila e esta em cidade... Essa megalópole deve sua origem à ação educadora do Apóstolo Anchieta.

O nome de ANCHIETA é emblemático e representativo! Município de Anchieta /ES Grupo Escoteiro - Botucatu/SP TV CULTURA/SP
ANO III Nº 750 SEGUNDA-FEIRA , 3 DE ABRIL DE 2023
FOI DECLARADO SANTO PELO PAPA FRANCISCO EM 03/04/2014

“Caverna do Diabo”

Maria de Lourdes Camilo de Souza

Antes de termos o celular com câmera, eu viajava com uma Olimpus a tiracolo, e não sabia fotografar muito bem, confesso. Muitas vezes durante visitas turísticas me distraia em ver tudo, absorver informações sobre o local visitado, que tirar fotos ficava sempre em segundo plano.

O que me salvava eram esses encartes com fotos perfeitas e informações completas. Era muito mais prático, então os adquiria sempre que podia.

Não foi diferente quando fomos visitar a Caverna do Diabo , na região sul do Estado de São Paul o, ali no município de Eldorado Paulista . Fernando, da Botucatur Turismo , querido amigo de toda vida, sempre me visitava no Banco com as próximas saídas, e fui com ele nesse passeio. Lembro bem de avistar os bananais pela estrada, perto de Registro , e da Serra de André Lopes , não deixando de comprar na volta, uns docinhos deliciosos.

Era uma beleza esse trajeto até a boca da gruta. A Caverna se abria um dos pontos mais altos da Serra , onde o Ribeirão das Ostras se lançava para o interior da terra por uma abertura e que se dividia em duas partes: do lado direito , entravam as águas do Ribeirão formando uma pequena e barulhenta cachoeira; pelo lado esquerdo , uma escada, no íngreme barranco, que permitia a entrada dos visitantes.

Num dos recintos deparávamos com o Setor Superior que era a primeira divisão da Caverna.

Fiquei maravilhada com os salões ricamente ornamentadas e iluminados. O ponto mais distante ficava a cerca de 500 mts e podiamos percorrer sem dificuldades.

Trabalho deslumbrante da natureza como a sala do Palácio, como o Anfitrião e as Gotas de Leite, a Catedral, no salão próximo se viam os Órgãos, Pretório, Ve-

EXPEDIENTE

las, o Caldeirão do Diabo.

Um erudito alemão, Dr. Ricardo Krone, em estudos solicitados pelo Governo do Estado de São Paulo sobre as formações cavernosas no Vale do Ribeira do Iguape, que acabou catalogando ali muitas grutas.

Ele descreveu minuciosamente as pri-

meiras galerias, indicando com precisão as entradas.

Felizmente nessa visita pela Caverna, não experimentei aquela sensação terrível de falta de ar, e quase pânico que senti quando visitei a Gruta do Maquiné, na Bahia, muitos anos atrás.

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

Contato@diariodacuesta com br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

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A R T I G O

Anchieta: o Apóstolo do Brasil !

No dia 22 de junho de 1980, o Papa João Paulo II beatificou o padre José de Anchieta e foi declarado santo em 3 de abril de 2014 pelo Papa Francisco.

O processo de beatificação do padre, também chamado de apóstolo do Brasil, durou quase 400 anos e teria começado em 1597, após relatos de milagres em São Paulo.

José de Anchieta, nasceu em uma família rica nas Ilhas Canárias, Espanha, em 19 de março de 1534. Aos 14 anos, foi admitido como noviço no colégio jesuíta na Universidade de Coimbra, em Portugal. Cinco anos mais tarde, aos 19 anos, foi convidado a vir para o Brasil como missionário. Era o ano de 1553

Primeiro, aportou em Salvador junto com a armada do segundo governador-geral do Brasil, Dom Duarte da Costa. Ficou por lá menos de três meses e partiu para São Vicente, a primeira vila fundada pelos portugueses, hoje o atual estado de São Paulo. Lá, teve o primeiro contato com os índios.

Junto com o jesuíta português Manoel da Nóbrega, abriram um pequeno colégio e celebraram a primeira missa. Se embrenharam no sertão para aprender a língua tupi e, assim, poder catequizar os índios. As vezes ensinava os índios em latim.

Da pequena Vila de São Vicente, expandiram o trabalho missionário por todo o litoral, dos atuais estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Falando tupi-guarani, Anchieta ganhou a confiança das várias tribos de índios que viviam pela costa e foi importante

negociador entre tamoios, tupinambás e portugueses

Nessa época, escreveu o Poema em Louvor à Virgem Maria, com mais de cinco mil versos. Foi nomeado sacerdote aos 32 anos. Em 1567, foi nomeado supervisor dos jesuítas no Brasil.

Lutou contra os franceses depois de ajudar na fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Para os índios, José de Anchieta foi médico, sacerdote e educador. O fundador de cidades e missionário foi ainda gramático, teatrólogo e historiador. Sem prejudicar o apostolado, escreveu textos em quatro línguas: português, castelhano, latim e tupi, tanto em verso quanto em prosa.

Para o seu processo de beatificação, contou com o depoimento de várias senhoras de São Paulo. Uma delas, Ana Ribeiro, relatou dois milagres. Um com seu filho e o outro com um índio, que foram curados após a intercessão do missionário. Segundo o Vaticano, houve a confirmação de apenas um milagre antes da beatificação do padre José Anchieta.

José Anchieta morreu aos 63 anos, em 09 de Junho de 1597, em Reritiba, atual Anchieta, no Espírito Santo. Os índios levaram seu corpo numa viagem de 80 quilômetros até Vitória, onde foi sepultado.

O beato José Anchieta foi canonizado (ou seja declarado santo) pelo Papa Francisco em 3 de abril de 2014, que dispensou a confirmação de um segundo milagre. Foi um dos processos mais longos da história. Segundo o teólogo Luiz Osvaldo Leite, a demora na santificação de Anchieta pode ser atribuída à perseguição sofrida pelos jesuítas no século XVIII.

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SOBRE AS OBRAS DE PAULO SETUBAL

ELDA MOSCOGLIATO

Poeta, jornalista, cronista, historiador de profundas raízes, eis que descendia das remotas monções paulistas, Paulo Setúbal firmou-se como romancista, pela “Marquesa de Santos”, seguindo-se-lhe uma larga série de valiosas obras firmadas todas elas na vida colonial brasileira. A critica severa aponta-lhe deslises pois que a criatividade assenhoreia-se dos fundamentos históricos e retoca-lhes os contornos com excessiva fantasia. Não trataremos do historiador.

Seduz-nos em Paulo Setúbal o homem integro, o espírito superior, o intelectual autêntico de linguagem escorreita, amena e sedutora, de pensamentos lúcidos, de expressões elegantes, de sintaxe pura. Sobretudo, sua alma admirável.

E chegamos ao “Confiteor”. É o testemunho de um cristão autentico. Embora escrito há várias dezenas de anos, é livro atual. É para o momento. Para o exato momento histórico que atravessa não só nosso país como toda a humanidade. Em que a crise religiosa em pós de um progressismo desenfreado e atordoante, viu abalados os alicerces de uma civilização duas vezes milenária.

“Confiteor” é um convite à introspecção. Resume todos os problemas individuais que atordoam o homem moderno. É o livro do momento. Porque pressente-se que tendo chegado à beira do abismo, a humanidade tende, neste ou naquele pálido ângulo, aqui ou ali, a regenerar-se. Por-

que além do que já foi, não é mais possível avançar. Provê-se um retrocesso, ou destruição final. Então, há de se pensar numa volta.

A volta pela renovação dos costumes. Então, aqui se conta com a juventude de hoje, humanidade do amanhã. Seu Autor foi um homem do século. Um jovem igualzinho ao jovem atual. Palmilhou todos os caminhos a que leva a mocidade. Melhor, a que leva o intelectualismo arrogante e ateu.

Pois bem : aí está o testemunho de um homem do século. Um moço que viveu plenamente a mocidade. Um intelectual que se empolgou do universalismo voltaireano, que se afundou deliciado em Guerra Junqueiro. Que conheceu o supremo sarcasmo de rir de Deus. Para quem o “pecado era belo, a violência era bela, tudo o que afirma a vida é belo”. Afundou-se no conhecimento kantiano, leu e releu Schopenhauer, deliciou-se com Zaratustra e se desvincilhou como inútil, das raízes de berço, dos ensinamentos maristas do colégio que o educou.

E um dia, encontrou a sua estrada de Damasco. Vivera a vida com intensidade, sofreguidão, com ardor. E de repente . . . o golpe terrível que o aturde, que o confun-

Que a Embaúba é uma árvore típica do cimo da Cuesta de Botucatu? Pois é, a Embaúba que também é conhecida por Umbaúba, Ambaíba, Ambaúba, Imbaúva ou Imbaúba, é árvore da família das Moráceas (cecropia palmata); é árvore de tronco indiviso. Embaubal é o bosque de embaúbas. Também é chamada de árvore-dos-macacos ou árvore-da-preguiça ou torém. O antigo traçado férreo da Sorocabana passava por Vitória (Vitoriana), Lageado e... Embaúba... Sim, Embaúba é uma pequena Vila pertencente a Botucatu que até hoje é procurada pelos amantes da pesca por ser um local ideal e piscoso. Hoje, o descuido e o desrespeito à natureza reduziu muito o número de Embaúbas em nossa região, mas podem ser encontradas na Cuesta e em vários pontos verdes de nossa cidade.

de, que o emociona. Estivera cego, de uma cegueira moral, perniciosa. Vivera como bruto, como animal. Era necessário despertar para o Alto, para as grandezas do Criador. A acordou, realmente, para a Vida. “Confiteor” tem páginas admiráveis. Há tipos perfilados que por si sós, são uma lição moral de grandiosidade infinita. O retrato belíssimo de “Seu Chico”, o professor humilde que fundou o asilo de velhinhos de Tatuí, é uma obra prima de grandeza espiritual. É página antológica que deveria figurar nos compêndios escolares como luminoso exemplo de humildade e nobreza.

Moderno Agostinho, o Autor revive no “Confiteor”, as páginas evangélicas. Como Agostinho, ele tem também a sua Mônica. As preces fiéis e profundamente repetidas longos e longos anos no silencio das horas mortas atingiem as culminâncias de Deus.

O filho pródigo volta ao lar cristão. A ovelha tresmalhada retorna,ferida e sofredora, ao antigo aprisco. E nos braços amorosos do Pai, ele deixa os rascunhos, abandona a caneta e repousa, para sempre, em seu seio Protetor.

“Confiteor” é obra póstuma. Foram encontradas suas páginas, no fundo de uma gaveta e, tal como estavam, foram impressas pos-morte, numa homenagem muito sentida a seu Autor.

É uma mensagem de Fé. É o testemunho inconteste da grandeza de Deus. Vale a pena ser lido. Acervo Peabiru

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