Diário da Cuesta
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Dom Luiz Maria de Sant’Anna O Bispo-Orador da Sexta-Feira Santa
O Bispo-Capuchinho foi grande na Ordem Jesuíta e, maior ainda, no trono Episcopal, na Semana Santa o seu Sermão das Sete Palavras tornou-se o momento mágico, cantado em prosa e verso por sucessivas gerações de botucatuenses. Assim, era necessário um trabalho sobre o nosso Bispo-Orador. E temos o privilégio de termos o trabalho literário inédito da cronista de Botucatu, Elda Moscogliato, de 1956 e publicado na edição especial da Revista PEABIRU, número 14, de 04/1999
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IMPORTANTE POLO EDUCACIONAL DE BOTUCATU
ANIVERSÁRIO DE BOTUCATU: 168 ANOS! BOAS FESTAS!
Terreno a ser doado pela Prefeitura Municipal de Botucatu ao SENAC, ao lado do SENAI, (COHAB 1 – Conjunto Humberto Popolo) completará importante Polo Educacional de Botucatu. O SENAC deverá construir prédio de 5.500 metros quadrados de área construída, com 13 salas de aula e 13 laboratórios, com capacidade para atender 9 mil alunos. Botucatu ganha muito em capacitação profissional, a geração de emprego e renda para a população. Grande conquista! Sucesso!
Com programação cívica, artística, musical e gastronômica, Botucatu contará também com a Feira Turística nas festividades de seu 168º Aniversário. No dia 10, segunda-feira, haverá Sessão Conjunta da Câmara Municipal e da ABL – Academia Botucatuense de Letras, em comemoração ao 168º Aniversário de Botucatu, que será realizada na sede do Poder Legislativo, às 19h.
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO III Nº 754 SEXTA-FEIRA , 7 DE ABRIL DE 2023
“Semana Santa”
Maria De Lourdes Camilo Souza
Minha mãe era uma mulher muito piedosa. Veio de uma família de italianos, e nos passou essa devoção.
Fequentávamos a Igreja de São Benedito, pois moramos muito tempo ali perto.
Quando chegava a Semana Santa, obedeciamos ao jejum, e frequentávamos os ritos.
Lembro bem daquela salada de bacalhau com batatas cozidas, ovos cozidos, cebola, azeitonas pretas, tomates picados.
Acompanhada de arroz branco.
Era a comida de “jejum” do almoço da sexta-feira santa.
Íamos á procissão e lembro-me de uma mulher que ia descalça, com um longo vestido branco, os cabelos longos soltos e cantava com sua voz forte e grave: o “ Canto da Verônica” , era muito emocionante, muito triste “O vos omnes”. Via algumas pessoas que enxugavam uma lágrima que escorria sorrateira.
Todos muito circunspectos, seguindo a procissão, homens carregavam o andor de Jesus, com a coroa de espinhos. Nestes dias, buscando entre meus guardados, encontrei um singelo quadro da primeira comunhão da minha mãe, querida Yoyô.
Junto dele estava um livrinho antigo, que achei uma preciosidade, presente da sua professora, D. Maximina. “Os Nove Officios” com dedicatória escrita a bico de pena, que se molhavam nos vidrinhos com tinta nanquim.
Trata-se de devoção ao SS. Sagrado Coração de Jesus.
Irmandade que quando adulta fez parte, e em algum cantinho, ainda devo ter guardada, intacta a fita vermelha com um bordado do Sagrado Coração de Jesus.
Nas fotos, entre suas alunas podem ver D. Maximina, que também era amiga da família.
Elas se visitavam com carinho respeitoso que se reservavam aos mestres.
Semana Santa que hoje poucos sabem o verdadeiro significado.
Tínhamos o sábado da Aleluia, quando se malhava o Judas. Pegavam um boneco amarravam a um poste e os homens malhavam o boneco a porretadas.
Alguns políticos corruptos da época representavam o “ Judas “ .
Preparam-se para a Páscoa da ressurreição de Cristo com a compra de ovos de chocolate, que tradicionalmente são trazidos pelo Coelho.
Outro presente costuma ser a “Colomba de Páscoa”: um pão italiano doce com frutas cristalizadas no formato de uma pomba, recoberto de açúcar e amêndoas laminadas. Os ovos de Páscoa ficaram tão sofisticados, que muitos vem trufados com vários recheios saborosos.
Uma grande atração são aqueles de se comer com colher. São em geral metade de um ovo, com um recheio elaborado com cremes, Nutella.
Todos deliciosos e também caros.
As atrações gastronomicas são muitas.
As donas de casa ficam semanas elaborando o cardápio para o almoço de Páscoa.
O verdadeiro significado fica muitas vezes esquecido pelo clamor das propagandas do comércio.
EXPEDIENTE
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
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NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
SEMANA SANTA - SERMÃO DAS SETE PALAVRAS
Deus. Mas meus caros cristãos!
Quem é aquele cujo sangue e cuja morte podem aplacar a justiça eterna de um Deus?
Quem é aquele cujo sangue e cuja morte podem arrancar a humanidade do jugo da morte eterna?
Quem é aquele cujo sangue e cuja morte podem fazer rebentar no Calvário a fonte de uma nova vida?
Quem é aquele que surge hoje reclamando as nossas adorações, o nosso preito de justiça e de gratidão?
Ah! Cristãos! Não é preciso que eu pronuncie Aquele nome porque está gravado profundamente em vossos corações e em vossas almas.
19 séculos O pronunciam em transporte de adoração.
19 séculos Lhe tributam o mais heróico culto de amor.
19 séculos também assinalam as atrozes perseguições que em todas as partes do mundo tem sucedido contra Ele a iniqüidade e impiedade dos homens.
Quando no paraíso terrestre, profanado pela culpa de nossos primeiros pais, soaram as palavras da promessa divina de um futuro Redentor foi para os séculos longínquos que se volveram os olhos marejados de lágrimas dos filhos de Adão.
Catedral de Botucatu
D.Frei Luiz Maria de Sant’ Anna “Pater, dimitte illis; non erum sciunt quidfaciunt!”
“Pai, perdoai-lhes; porque não sabem o que fazem!”
De tal maneira amou Deus o mundo que lhe entregou o seu unigenito Filho.
Cristãos e filhos caríssimos! Não é apenas o sentimento da mais profunda religiosidade que nesta hora enternece os nossos corações. Fala ao nosso espírito e nos reúne em tomo da cruz em que padece e morre o Filho de Deus, o Redentor do mundo.
Não é somente a voz da Igreja Católica esparsa no mundo inteiro que convoca os seus filhos em torno desta cruz e lhes propõe a medita ção da página mais sublime do Evangelho É além disso, o mais sagrado, o mais imperioso dever de justiça e de gratidão que hoje, de maneira especial, reclama de todos os homens, de todas as raças e condições um fervoroso tributo de adoração, de amor àquele que voluntariamente derrama o seu sangue inocente e oferece a sua vida preciosa pela salvação de nossas almas.
Impressionante, não há dúvida nenhuma. São os acontecimentos que desde a criação do homem até os nossos dias vem se desenvolvendo no vasto cenário do mundo.
Acontecimentos que ajustam e transformam a sociedade; acontecimentos que envolvem lutas e tragédias dolorosas.
O caminho percorrido pelas gerações hu-manas atesta os vestígios do trabalho, da luta, do sofrimento, das lágrimas e do sangue.
Tudo passa, homens e cousas. Tudo se transforma. Do passado só nos resta a lembrança.
Restam-nos os vestígios mudos das épocas que o tempo sepultou para sempre.
Há um acontecimento entretanto que não passa porque é vivo, porque é sempre natural, sempre palpitante de interesse e de vida.
É o acontecimento que se colocou no centro da história, no centro desse imenso drama que vem vivendo a humanidade: - É a Paixão e Morte do Filho de Deus!
Ao contato daquela cruz sagrada que num dia como hoje foi seguida na histórica colina do calvário, ao contato dessa cruz romperam-se os grilhões que prendiam a humanidade havia 40 séculos ao jugo da morte eterna.
Aquela cruz ergue-se como símbolo luminoso, indestrutível para separar a história da humanidade em duas épocas distintas: a época que precedeu e a época que seguiu o sacrifício do Calvário.
Aquele instrumento de morte, aquele símbolo de oprobios torna-se o símbolo e o instrumento da redenção humana.
A cruz é o símbolo da justiça mas é também o símbolo da fraternidade, o símbolo do amor, o símbolo da verdade porque nela morreu pela justiça, pela verdade o Filho de
Os 40 séculos que precederam a vinda de Cristo sobre a terra foram 40 séculos de angustio-sa espectativa; foi a longa preparação do regaste da humanidade, foi a história antecipada da vida, da morte e da ressurreição do Filho de Deus.
A humanidade pecadora curvada sob o peso da maldição do pecado olhava mentalmente para aquele ponto longínquo dos séculos futuros com a ansiedade de quem espera a própria libertação e quando dos decretos de Deus soou a hora, então o anjo de Deus desfere o seu vôo para a terra e vai saudar uma virgem, aquela que nos eternos decretos de Deus havia de ser a aurora do cristianismo, aquela que havia de trazer em seu seio o futuro Redentor.
Como é belo, como é enternecedor o mistério do nascimento de Jesus! Os anjos entoam louvores sobre o presépio. O mundo estava em paz. César Augusto empunhava em suas mãos as rédeas do governo de todos os povos.
Cristo nasce numa manjedoura. É adorado por pastores. Depois toma o caminho do Egito, volta depois para Nazareth.
Na casa de seus pais passa 30 anos dando ao mundo o espetáculo de uma vida de pureza, de obediência, de trabalho, de humildade.
Mas Ele era o Filho de Deus feito homem e como tal devia convencer os homens desse dogma. Devia rasgar o véu que encobria a sua divindade e um dia Ele aparece pregando às turbas, consolando os aflitos, curando os enfermos, dando aos incrédulos as provas irretorquíveis do milagre.
A sua vida transcorre iluminando o mundo com o esplendor das suas virtudes.
Mas meus caros filhos, nem a inocência de Jesus, nem a sublimidade de sua virtude, nem a beleza de sua doutrina convenceram as paixões humanas da grandeza de sua missão.
As paixões humanas pelo contrário tramaram contra o Cristo, uniram-se para obter a sua condenação à morte.
Antes de iniciar o caminho doloroso do Calvário, Jesus reúne seus apóstolos.
Com eles come na intimidade o Cordeiro Pascal; dá-lhes as últimas e paternais admoestações; adverte-os de que está breve o momento de sua despedida definitiva e encaminha-se para o horto. Ora a seu eterno Pai. A tristeza, o pavor envolvem a sua alma a ponto que Ele chega a pedir a seu eterno Pai, se for possível, - afasta de mim o cálice da margura - entretanto, os seus inimigos não dormem.
Foi fácil, mediante poucas e miseráveis moedas, comprar a traição de um apóstolo.
Jesus ao sair do horto é preso por seus inimigos e entregue à fúria dos soldados, mediante a profanação daquilo que é o símbolo do amor e da amizade: o beijo!
Entregue ao furor dos seus inimigos é arrastado por aquelas mesmas ruas por onde poucos dias antes o povo O cobria de ovações entusiásticas.
É arrastado perante os tribunais, esbofeteado; diante de Pilatos pedem a sua morte
Preferem a morte de Jesus à morte do pior dos as -
sassinos: Barrabás.
Não satisfeitos com a condenação à morte, arrebatados por ameaças, os vis e covardes juizes entregam Jesus às maiores humilhações; coroam-no de espinho, flagelam-no como escravo, atado a uma colina, finalmente vem a cruz...
Colocam-na sob seus frágeis ombros; é impelido a arrastá-la pela subida do Calvário no meio das multidões que se apertam para assistirem ao mais doloroso e mais trágico dos acontecimentos.
Cai sob o peso da cruz uma, duas, três vezes... Está Jesus quase extenuado, quase isento de forças. Mas aos empurrões é conduzido até o cimo do Calvário.
Era meio-dia quando o sinistro cortejo chegou ao topo do Calvário. O sol jamais havia iluminado um espetáculo mais doloroso, um drama mais impressionante do que aquele que ia se desenrolar.
Deitado sobre a cruz, Cristo oferece suas mãos e seus pés aos cravos. Duros golpes de martelo ouvem-se com ecos sinistros de uma barbárie inaudita.
Momentos após era a cruz que se erguia e pregada nessa cruz o corpo de Jesus Cristo, altea-se sobre a multidão e é fincada ao solo.
Nosso Senhor Jesus Cristo transforma aquela cruz, outrora instrumento de suplício dos escravos, em cátedra sublime da verdade.
Antes de se despedir do mundo, antes de cerrar os seus lábios, Cristo Nosso Senhor há de ler o seu testamento de amor, testamento de amor feito com as últimas palavras que vai pronunciar sobre o lenho sagrado.
Vós sabeis, cristãos e filhos caríssimos, vós sabeis que toda a doutrina de Jesus Cristo se resume no grande e sublime preceito da caridade: - ”Amai-vos uns aos outros”.
Não fez outra cousa Nosso Senhor durante a sua vida inteira senão pregar com as palavras e com os exemplos o dever da caridade.
Este dever da caridade vai ao ponto de ignorar as faltas do nosso próximo, de perdoar as injúrias que dele recebemos, vai além a caridade que nos impõe Cristo, vai ao ponto de perdoar os nossos maiores inimigos.
E desta caridade, desta doutrina substancial Nosso Senhor nos vai dar o mais luminoso exemplo do alto da cruz quando em torno Dele só se ouvem blasfêmias, impropérios e insultos.
Jesus abre os seus lábios para falar ao seu eterno Pai.
Meu Deus! Que vai dizer Nosso Senhor ao seu eterno Pai na hora em que as mais vis paixões humanas explodem no mais horroroso de todos os sacrilégios, na mais bárbara de todas as tragédias?
1 a Palavra
Ouvi, cristãos! Ouvi as palavras com que Jesus Cristo se dirige ao seu eterno Pai: -”Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem”.
- “Pater, dimitte illis, non erim sciunt quid faciunt”.
Oh! Meus filhos, se Cristo Nosso Senhor não houvesse revelado de outra forma a sua divindade se não atestasse a sua divindade os milagres de sua vida, as profecias da antiga tradição que a Ele se relacionam , agora será bastante essa palavra para nos revelar Nele o Filho de Deus.
Que contraste horroroso, de um lado explosões de ódio, de outro lado o amor que desconhece, que sobrepõe a estas manifestações do ódio para implorar o perdão.
Hoje é o maior dia da humanidade porque é o dia do perdão, o dia da graça, o dia da salvação!
Deus perdoa sempre e hoje no Calvário Ele nos dá o maior, o mais impressionante testemunho do perdão, das injúrias.
Meus filhos, se os homens não houvessem esquecido o preceito divino da caridade não veríamos a sucessão horrorosa dos desastres que acompanham a vida dos povos e das sociedades.
Se o mundo houvesse prestado ouvidos ao preceito da fraternidade cristã, não assistiríamos nós, hoje, e o que teriam assistido as gerações passadas ao deflagar de guerras, de revoluções que ensangüentam os povos, que arrazam cidades, desfazem os lares e semeiam a desolação e a tristeza, a ruína e a morte.
Meus filhos, daquela prece com que Jesus evocou de seu Pai o perdão para seus algozes estão incluídos
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todos os pecadores. Sim, nós também, meus filhos, com nossos pecados, com nossas desobediências à lei de Deus contribuímos para a Paixão e Morte de Jesus Cristo.
E é também para nós que Ele evocou o perdão de seu eterno Pai, mas para que esse per dão desça em nossas almas, transforme os nossos corações e preciso que reine em nós o amor de fraternidade, o esquecimento das injúrias, o perdão aos inimigos e é o que nós vamos fazer nesta hora.
Nós, meus caros filhos, vamos depositar aos pés de Jesus Cristo todos os nossos ressentimentos, todos os nossos motivos de mágoas, todas as nossas inimizades, todas as razões que temos por ventura para nos vingar de nossos inimigos.
Tudo isso vamos depositar aos pés da cruz para que Jesus faça descer sobre nós o perdão que necessitamos afim de sermos admitidos um dia no Reino de Sua Glória!
2 a Palavra
die mecum eris in Paradiso”. - “Hop mesmo estarás comigo no Paraíso”.
A verdadeira pátria dos homens, meus caros irmãos, não é a Terra, é o Céu!
Este mundo é um campo de batalha e não a morada da felicidade. A nossa vida nesta Terra é passageira.
Aí de nós se depois de uma tormentosa existêntcia como a que vai do berço ao túmulo não houvesse mais nada para nós...
A vida eterna é um dogma fundamental de nossa santíssima religião e a nossa razão de ser.
A razão de ser de nossos trabalhos, de nossos sofrimentos aqui na terra é a vida eterna!
Se não possuíssemos outra prova de que existe de fato uma vida eterna para nossas almas, se não fossem bastante as conclusões da filosofia, os testemunhos da história, as aspirações do coração humano, seria bastante um olhar para varrer de nosso espírito todas as dúvidas.
A segunda palavra de nosso Senhor na cruz é ° testemunho peremptório de que existe uma vida eterna e que nós somos todos destinados para ela.
Olhai para o Calvário, caros filhos! Não há sofliente uma cruz, são 3 cruzes...
Por quê aquelas duas cruzes ao lado da cruz de Jesus Cristo?
Que tem que fazer aqueles dois ladrões, aquele dois malfeitores com Nosso Senhor Jesus?
Jesus nunca os encontrou no caminho de sua vida.
Ah! Meus filhos. Aquelas cruzes, aqueles dois malfeitores representam a concretização de um desígnio da parte dos judeus.
Eles não queriam somente crucificar a Jesus mas queriam que morresse no meio dos dois malfeitores como para atestar ao mundo que Aquele que morria era impostor.
Nosso Senhor mais uma vez frustra os desígnios diabólicos de seus inimigos e os transforma em motivo de grande instrução e de grande consolação para todos nós. Um daqueles malfeitores que vinha da perdição e estava espiando os seus delitos uniu a sua voz de injúrias, de blasfêmias às vozes do populacho que gritava. Ele também gritava para Jesus Cristo: “Se é verdade que Tu és o Filho de Deus, salva-te, desce dessa cruz e salva também a nós “.
O outro calava e observava e à medida que observava as atitudes de Jesus Cristo sentia dentro de sua alma o influxo de urna causa sobrenatural e pensa num rápido instante: não é possível que este homem seja apenas um homem. Não é possível... E dirigindo-se ao seu companheiro de infortúnio clama e exproba-lhe a atitude de orgulho e de revolta com estas palavras: cala-te miserável, não vês tu que aquilo que nós sofremos é o fruto de nossos crimes, ao passo que este homem é inocente e, momentos depois, volta-se para Jesus e diz estas palavras:
-”Domine, memento mel, cum venerís in regnum tuum”.
- “Senhor, lembra-te de mim guando entrarei no Teu Reino”.
Que palavras, meus caros filhos! Que palavras que arrebatam num relance a graça da sua transformação e da sua salvação.
Lembra de mim é a palavra que os amigos dizem aos amigos nas despedidas, é a palavra que as mães dizem aos filhos, é a palavra também que o ladrão dirige a Jesus no momento em que ele sente sobre si o peso da justiça divina -»Lembra de mim quando estiveres no Teu Reino
E Jesus imediatamente responde:
- “Hodie mecum eris in Paradiso”.
- “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”.
Meus caros filhos! Não há palavras que possam traduzir a emoção que se experimenta ao contemplar, ao
meditar este mistério: o arrependimento do bom ladrão e a misericórdia infinita de Jesus...
Hoje estarás comigo no céu! Mas como? Como, meus caros irmãos, é tão difícil justificar-se um criminoso, reabilitar-se diante da sociedade e, diante de Deus, basta um minuto, basta um sincero e profundo arrependimento.
Hoje estarás comigo no Céu.
Meus filhos, eu não admiro a fé dos apóstolos, de Madalena, das santas mulheres, não admiro a fé de todos aqueles que foram testemunhas oculares dos milagres realizados por Jesus Cristo.
Não posso deixar de admirar a fé do bom ladrão, talvez veio a conhecer Jesus pela primeira vez na cruz.
No entretanto foi bastante ele corresponder ao movimento da graça.
Que motivo de consolação! Que motivo de esperança, de consolação para todos os pecadores!
Sejam, ó meus filhos, sejam quais forem os vossos pecados, Cristo perdoará desde que do fundo de vossas almas parta o grito do arrependimento.
Mas detenhamo-nos mais um pouco...
Por quê é que um desses malfeitores encontra , na cruz, a salvação e, outro, persiste no seu pecado e em impenitência final?
Mistério insondável da graça de deus...
Por quê é que o outro não se converte? No Calvário vemos 3 cruzes: a cruz do inocente, a cruz do arrependimento e a cruz do impenitente final.
Meus filhos, não basta que Deus queira a nossa salvação. É preciso que nós também a queiramos.
É preciso corresponder à graça de Deus, é preciso que ouçamos do fundo de nossa alma a voz que nos convida ao arrependimento, à conversão, ao amor sincero de Jesus
E, então, se nós nos convertemos na hora de nossa morte, como será doce e suave ouvir de Jesus aquelas palavras: -”Meu filho, hoje estarás comigo no Céu”.
3 a Palavra
Meus caros filhos, a primeira página da História humana, abre-se com uma tremenda tragédia da qual a mulher foi a principal protagonista.
Se foi a mulher a primeira vítima à tentação do espírito maligno, que induziu o homem ao pecado e acarretou assim a ruína da humanidade, quando Deus no Paraíso terrestre culminou contra os nossos primeiros pais, a sentença que os condenava ao trabalho, ao sofrimento e à morte, dirigiu à serpente que simbolizava o demônio, estas palavras: “tu serás maldita entre todos os animais da terra e andarás de rastro e comerás o pó da terra e em todos os dias da tua vida, Eu lhe porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua posteridade e a posteridade dela, e ela te esmagará a cabeça “.
Uma profecia e uma promessa...
Quem seria essa mulher bem aventurada que haveria de esmagar a cabeça da serpente?
Aos nossos pensamentos, ocorre logo o nome daquela a quem nós, todos os dias, evocamos como a Mãe de Deus e nossa Mãe, Maria!
Sim! Outra mulher havia de surgir no mundo para reparar as ruínas da primeira. E como Eva cooperou para a ruína do homem, Maria haveria de cooperar até certo ponto, de certa maneira para a redenção do gênero humano.
E Deus a escolheu dentre todas as mulheres, desde toda a eternidade.
E Maria surge no mundo, como a aurora, mensageira do Sol da Justiça, surge no mundo, pura e imaculada como um Serafim, para ser o Sacrário do Templo vivo do Filho de Deus feito Homem.
Ah! Grandeza imensurável de Maria! Quando o anjo aproximou-se dela, saudou-a: “Cheia de graça!”
Entretanto, meus caros filhos, nem os privilégios da Imaculada Conceição, nem os dons com que Deus enriqueceu a alma de Maria, preservaram-na da dor, do sofrimento e da própria morte!
Por quê?
Porque a obra da Redenção é uma obra de dor, de sofrimento, de morte- -
E Maria associou sua vida à obra da Redenção. Não porque ao sacrifício de Maria acrescentou qualquer cousa ao valor do de Deus, mas Deus quis fazer de Maria um instrumento da encarnação e da dor; e a dor a beijou com suas asas negras.
Quem não se recorda da dor de Maria vendo seu Filho repelido pela ingratidão dos homens, vendo-se numa choupana com ele?
Maria sofre a dor de fugir de noite para o exílio; Maria sofre no Templo quando perde Jesus e o chora durante 3 dias.
Simeão profetizara que uma espada de dor haveria de atravessar a alma de Maria Santíssima; essa espada de dor, está no Calvário, acha-se na presença de seu Divino Filho Crucificado com seu corpo aberto em chagas.
Maria estava...
A expressão, aqui, do verbo, meus caros, é muito significativa.
Estava não é apenas um ato de presença passiva, é uma presença ativa, consciente, forte!
Estava Maria com toda a fortaleza de sua alma, com toda a serenidade de seu espírito, com toda a conformidade.
Foi para Ela a terceira palavra de Nosso Senhor que até agora só se havia preocupado com malfeitores, com algozes que Pregaram seu Filho na Cruz.
Pobre de seu Filho! Esfolado sobre a Cruz!
Não morre porque a graça de Deus o sustem. Como único conforto Jesus dirigi-lhe estas palavras:
-”Mulier, eccefllius tuus”. -”Mulher, eis aí teu filho”.
...e olha, e indica o apóstolo São João, o apóstolo do amor, o apóstolo da pureza, o apóstolo da coragem, o único apóstolo que se acha no Calvário nesta hora. -”Mulier, eccefilius tuus”. -”Mulher, eis aí teu filho”.
E depois a João: -”Ecce mater tua”. -”Eis aí tua mãe”.
E desde aquela hora, a humanidade olha para Maria Santíssima para ver nela não somente a Mãe de Deus, a Mãe de Jesus Cristo, mas também a Mãe dos redimidos pelo sangue de Jesus Cristo.
E é o título afetuoso que nós damos à Maria Santíssima quando a suplicamos, quando a evocamos.
Não encontramos outro título que mais nos satisfaça à sensibilidade moral, à consciência da grandeza de Maria, do que o título de Mãe e dizemos: -”Minha Mãe !”
E o culto de Maria, espalha-se pelo orbe inteiro.
Para honrar à Maria e para fazer dela a Nossa Mãe do Céu, não é preciso que ela seja uma deusa como dizem os hereges, basta que ela seja a Mãe de Deus e nossa mãe.
Ó Maria, pela dor que transpassou vosso coração, volvei sobre nós os vossos olhares compassivos; abrigai-nos sob vossa proteção maternal, defendei-nos das tentações, aliviai-nos, consolai-nos na hora de nossa morte
Vós sois, depois de Jesus, o nosso maior amor, nossa mais firme esperança.
4a Palavra
-”Deus meus, Deus meus, uí quiddereliquist me?” -”Deus meu, Deus meu, porque me abandonas-te?”
Estranha e misteriosa palavra, meus caros filhos, é esta que pronuncia Nosso Senhor em meio do tormento que O aflige na cruz.
Queixa-se a Deus Pai do abandono em que Ele se encontra.
Notai bem, meus filhos, Jesus não se queixa dos flageles, dos açoites, dos espinhos, das chagas que Lhe rasgam o corpo.
Não se queixa do sangue que derrama. Ele não se queixa das blasfêmias com que o insultam e, no entanto, agora, se queixa amargamente da tristeza em que se acha a sua alma, pelo abandono de seu eterno Pai.
“Meu Deus, porque me abandonaste?”
Nós não poderemos entrar no conhecimento deste mistério se não tivermos presente esta grande verdade: que Jesus, no Calvário, representa o homem pecador, a humanidade inteira com seus pecados, com suas revoltas, com suas ingratidões para com Deus.
Jesus toma sobre si seus pecados e, então, sente sobre si aquilo que deveria sentir sobre si o pecador.
Meus filhos, o que é o pecado?
É o abandono
O pecador quando peca o que é que faz?
Esquece, abandona a Deus para se lembrar da criatura, para preferir a criatura, o objeto de seus apetites, de suas paixões.
O pecado é o abandono, é o esquecimento.
A reparação do pecado exige também que o pecador abandone todas as criaturas que foram objeto destes pecados.
Nosso Senhor sofre na cruz o abandono que o pecador sofre de Deus.
O pecador é que abandona Deus.
Nesta terra, o homem, a criatura humana não sente física ou moralmente os efeitos do abandono de Deus porque vive pelos sentidos, porque vive no meio de outras criaturas que lhe frustram as aspirações, os desejos, os apetites.
Mas, meus caros filhos, na outra vida o maior tormento do pecador condenado ao inferno, o maior tormento de todos os séculos não é o fogo, é o abandono de Deus.
O que constitui a maior, a mais horrorosa pena não é o inferno, é a pena do dano e não a do sentimento.
E a pena do dano é a ausência de Deus no inferno.
E Nosso Senhor não foi realmente abandonado na cruz?
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Deus não poderia abandonar seu unigênito Filho. Nosso Senhor Jesus havia declarado solenemente no Evangelho: -”Eu e meu Pai somos um”.
A vida íntima de Jesus Cristo confunde-se com a vida do Pai e do Espírito Santo.
-”Eu e meu Pai somos um espírito só”.
Cristo pela sua divindade é da mesma natureza de Deus; não podia ser abandonado, logo, o que acontecia na cruz então?
Jesus sente na cruz o abandono que deveria sentir o pecador - o abandono de Deus. E este abandono é uma pena tão grande, tão insuportável que o próprio Divino Mestre que suportou todas as penas físicas não pode suportar sem uma queixa que escapa de seus lábios: -”Meu Deus, porque me abandonaste?”
Meus caros filhos! Porque me abandonaste, disse Jesus a Deus.
Nós pecadores não podemos dizer outro tanto a Nosso Senhor se um dia Ele nos abandonar eternamente; não podemos dizer: Meu Deus, porque me abandonaste?
Não podemos dizer porque fomos nós os primeiros a abandonar a Deus.
Abandonamos a Deus com nossos crimes, com nossos pecados, com nossas apostasias, com a violação de seus divinos mandamentos e os mandamentos de sua Igreja.
A misericórdia de Deus não nos abandona. Pois bem, enquanto é tempo imploremos esta misericórdia e afastemos de nós - ó meus caros filhos! - afastemos a desgraça de sermos um dia abandonados de Deus para sempre.
5a Palavra
“Sitio”. “Tenho sede”.
Duas horas havia que Jesus suportava o doloroso suplício da crucificação.
Duas horas de angustias, de dores, as mais terríveis que se pode imaginar.
Muito sangue havia perdido Nosso Senhor.
Quase todo o seu sangue havia perdido no Horto das Oliveiras, na cruel flagelação, na coroação de espinhos, na subida para o Calvário, na cruz.
Muito sangue derramou Nosso Senhor Jesus Cristo. Seu corpo era uma chaga viva. Não podia fazer o menor movimento de cabeça, com as mãos ou com qualquer parte do corpo sem renovar todas as dores.
Era natural que a perda de tanto sangue, a febre que o consumia, determinasse nele esse fenômeno natural que se chama: a sede.
Sabeis, meus filhos, que o último favor que nos pede uma criatura humana antes de morrer é um pouco de água e Jesus sentia realmente necessidade de refrigerar a sua boca e ousou pedir um pouco de água...
“Sitio”.
“Tenho sede”.
Oh! Se nós estivéssemos lá, meus caros filhos.
Oh! Se nós estivéssemos ao pé da cruz para socorrer a Nosso Senhor nesse momento, quantos sacrifícios nós faríamos para mitigar a sede de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Quem não haveria de se comover diante de um pedido de Nosso Senhor Jesus Cristo na cruz?
Entretanto, meus filhos, vedes que contraste doloroso: em vez de um sentimento de compaixão, de piedade, de generosidade aqueles judeus só sabem dar expansão aos sentimentos da mais degradante maldade.
Jesus pede um pouco de água e o que é que eles fazem? Tomam de uma esponja, embebem-na em vinagre misturado com fel, atam essa esponja na ponta de uma cana e a aproximam aos lábios de Nosso Senhor.
Em vez de água, vinagre e fel.
Mas nada acontece, meus filhos, sem um grande e profundo simbolismo.
Naquela maldade com que tratam Jesus os judeus, está simbolizada a maldade e a ingratidão de todos os homens.
O vinagre e o fel são a imagem e o símbolo da ingratidão humana.
Jesus pede-nos água pura e cristalina da nossa fidelidade, da nossa amizade, do nosso amor e nós lhe pagamos o seu amor com infidelidade, apostasia, pecados, violação de sua lei.
Ó meus filhos, não são apenas os judeus que oferecem vinagre e fel a Jesus Cristo
Somos nós, sim!
Sim, nós todos!
Quando pecamos oferecemos a Jesus Cristo o fel e o vinagre de nossas ingratidões.
Além da sede material que aflige a Jesus, outra sede mais forte, mais veemente abrasa o coração de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a sua sede de nossas almas. Sede da nossa correspondência.
Ele tem sede da vossa inocência, ó crianças!
Ele tem sede da vossa pureza, ó donzelas!
Ele tem sede do vosso amor, ó jovens!
Ele tem sede da vossa correspondência, da vossa honestidade, do vosso espírito, do vosso sacrifício, ó homens de todas as classes, de todas as categorias sociais!
Jesus tem sede de nossas virtudes, da nossa conversão.
Sede, numa palavra, de nossas almas. Foram as nossas almas que determinaram a aceitação de seu sacrifício.
É pelas nossas almas que Deus morre Ele tem sede da salvação de nossas almas e quantas almas, meus filhos, ó quantas almas percorrem, hoje, o caminho da perdição!
Quantas almas seguem o caminho tortuoso do vício, do pecado!
Quantas almas esquecidas do amor de Jesus, esquecidas da sede de Jesus vão enterrar nos vícios e nos pecados os seus apetites criminosos!
Meus filhos, vamos consolar o coração de Jesus, vamos confortá-lo na dor que Ele sente, na sede que devora o seu corpo e a sua alma prometendo viver na sua graça, no caminho da sua lei, na exata correspondência aos nossos deveres de cristãos.
6a Palavra
“Consummatum est”. “Tudo está consumado”.
Cristãos e filhos caríssimos! Esta palavra de Jesus Cristo na cruz soa como um grito de vitória: “Consummatum est!” “Tudo está consumado!”
A cousa que mais dignifica o homem neste mundo é o cumprimento do seu dever.
Nem o talento nem a posição social, nem as riquezas, nem o poder político e social podem substituir a grandeza que teria o homem no dever honestamente cumprido.
É grande o homem que sabe cumprir com seu dever
Todos nós, meus filhos, temos na terra uma grande missão a cumprir sem exceção: grandes e pequenos, pobres e ricos, sábios ou ignorantes, todos nós temos uma missão a cumprir: amar a Deus e salvar a nossa alma!
A nossa maior vitória, a nossa maior aventura será cumprir esta missão.
Para que nós a possamos cumprir é que o filho de Deus veio do céu à terra, fez-se homem e, hoje, Ele se apresenta pregado na cruz prestes a exalar um último suspiro em meio de um oceano de dores e martírios.
Ele está para encerrar também a sua missão:
“Consummatum est”.
E o que é que podemos esperar mais dele? O que é que podemos pedir mais a Jesus?
Veio do céu à terra, fez-se nosso irmão...
Deus nos deu sua palavra, seu exemplo, seus milagres, seu sangue, seu corpo na Eucaristia, suas chagas, sua Mãe Santíssima! Deu-nos tudo. Não podemos exigir mais nada de Deus.
Ele pode, por conseguinte, Ele pode como um general vencedor no topo da montanha, banhado pelo raio da Vitória, num assomo de orgulho, pode exclamar: -”Tudo está consumado!”
Já não há mais profecia, já não há mais malícia humana que possa aumentar o crime dos que o crucificaram.
É uma consumação de justiça do Pai, é uma consumação de iniqüidade da parte dos homens, é uma consumação de piedade, de amor da parte de Jesus Cristo.
“Consummatum,est”.
Ó Praza Deus, meus filhos, que o sacrificio de Cristo Nosso Senhor faça com que nós também cumpramos a nossa missão ao exclamarmos na hora da nossa morte que: “cumpri o meu dever”.
Cumpri os meu deveres. Agora, como diz São paulo, só me resta entrar na posse da coroa que Deus reserva àqueles que o servem com fidelidade até a morte.
7 a Palavra
«Pater, em manus tuas commendo espiritum meum.”
“Meu Pai, em Vossas mãos entrego o meu espírito »
Meus caros fiéis! De muitas maneiras podia Nosso Senhor reparar a humanidade pecadora. De muitas maneiras podia redimir o homem. Entretanto, quis Nosso Senhor fazê-lo da maneira que mais comove os nossos corações, que mais profundamente manifesta os tesouros infinitos do seu amor para conosco.
Aos que por ventura estranhem esse excesso do amor de Deus para conosco achando que nós somos fracas e miseráveis criaturas e não merecíamos o preço infinito do sangue e da vida de Jesus Cristo, a esses, eu respondo que as nossas almas são a imagem e semelhança de Deus e que Nosso Senhor quis mostrar-nos o valor de nossas almas, a estima que Ele tem pelas nossas almas, pagando por elas, por seu resgate um preço infinito e eis, como conseqüên-
cia, a Paixão e Morte de Jesus Cristo!
Há quase 3 horas que Ele agoniza sobre a cruz envolta no lúgubre cortejo de tristezas e de dores.
Aproxima-se o espectro sinistro da morte. Dentro de alguns minutos Cristo se entrega à morte.
Ó meus filhos! Como é triste a morte! Como é pavorosa a morte!
Por quê?
Porque não fomos criados para a morte. Deus nos criou para a vida e não para a morte, daí o horror que nós sentimos em morrer.
Mas a morte é devida a todos por causa dos pecados.
Mas Jesus, ó Jesus! Não devia morrer... não podia morrer aquele que é inocência e generosidade, a pureza, a sabedoria de Deus, aquele que é esplendor do eterno Pai.
Jesus não podia morrer e, entretanto, Ele voluntariamente se entrega à morte por nosso amor, pela nossa salvação.
Sim, Ele morre para que nós não morramos eternamente.
Um último olhar, meus caros filhos, para a imagem sacrossanta de Nosso Senhor na cruz!
Contemplai aquele corpo chagado, contemplai aquela fronte coroada de espinhos, aquelas mãos e aqueles pés transpassados de duros cravos.
Há 3 horas que Jesus padece os tormentos da crucificação.
Mais alguns instantes já há rigidez do seu corpo, já os sinais precursores da morte estampam na sua fisionomia, no seu olhar, na sua própria carne...
“Pater, em manus tuas commendo espiritam meum.”
“Meu Pai, em vossas mãos entrego a minha alma.”
E inclinando a cabeça, exalou o último suspiro. Morto!
Morto o Filho de Deus! Morto o autor da vida! Morto como um criminoso aquele que é a inocência. Morto! Por quem?
Pelas suas ingratas criaturas.
Morto! De que maneira?
No meio das manifestações do ódio, do desprezo, do insulto. Morto! Da morte dos escravos, da morte dos criminosos.
Morto! Mas, por quê?
Morto para nos salvar! Morto para nos dar vida! E é daquela morte, sim é daquela morte que nasceu a vida nova.
Ó morte, eu serei a tua morte?!?
Cristo com a sua morte triunfou do pecado, triunfou sobre a morte eterna, satisfez a justiça de Deus. Paga a dívida dos pecadores com a sua morte. Cristo fez surgir no mundo o germem de uma nova vida.
E aquela cruz, ó meus filhos, aquela cruz que se ergue no Calvário é o símbolo da redenção humana.
Há 19 séculos que ela foi fincada no cimo de uma montanha e há 19 séculos que está de pé
Há 19 séculos que ela vem derramando as luzes do cristianismo
Há 19 séculos que esta cruz nos ensina a amar e servir a Deus
Há 19 séculos que essa cruz proclama a grande lei da fraternidade humana
Há 19 séculos que essa cruz se ergue como um convite do amor à fidelidade, ao sacrifício
Há 19 séculos e, no entanto senhores, vemos o mundo de hoje debater-se nas garras dos maiores monstros, quais sejam o monstro do ódio, o monstro da ambição, o monstro das revoluções e das guerras Ó meus caros filhos! O mundo não compreendeu a lição do Calvário O mundo sofre porque o mundo afastouse de Jesus Cristo
O mundo padece, o mundo se esfacela, o mundo se arruína porque abandonou a Nosso Senhor Jesus Cristo! Em lugar de Cristo colocou o seu egoísmo, colocou o seu interesse de uma hora. Em lugar da cruz de Cristo, colocou sua ambição terrena.
Os homens se entredevoram, a civilização se eclipsa. O mundo padece as agonias de uma morte que é a morte da honra, da honestidade, da retidão, da pureza, do amor; sofre, agoniza e morre este mundo porque não quer aprender, porque não quis aprender as lições do Calvário, a doutrina da vida que é a doutrina do amor, da fraternidade. Ó Jesus, nesta hora solene em que comemoramos mais um aniversário da morte que redimiu o mundo, pelo Vosso sangue, pela Vossa morte eu Vos peço: Tende misericórdia da humanidade pecadora!
Jesus, pelo Vosso sangue, por Vossa morte dolorosa, eu Vos peço: salvai os pecadores, iluminai os cegos, os cegos da alma.
Iluminai-nos a todos para que chegando até Vós encontremos na Vossa Cruz, no Vosso Evangelho, na Vossa Paixão e Morte as lições da vida eterna.
Senhor Jesus, pelo Vosso Sangue, pela Vossa Morte, salvai as nossas almas !
(Revista Peabiru nº14 - março/abril -1999)
FAMOSO SERMÃO DAS SETE PALAVRAS!
O resgate que este Blog conseguiu do inteiro teor do famoso “Sermão das Sete Palavras”, proferido pelo Bispo-Orador, Dom Luiz Maria de Sant’Anna, é uma grande vitória. Cantado em prosa e verso por sucessivas gerações de botucatuenses, coroa nosso trabalho jornalístico e justifica a nossa caminhada peabiruana. Principalmente, agora, pela esperança trazida pelo novo Papa Francisco à Igreja Católica e pelo período da Semana Santa que estamos vivendo, o que torna mais oportuna ainda a lembrança do sacrifício do Calvário... Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna foi Frade Capuchinho, Bispo de Uberaba (MG), Orador Sacro Consagrado e nosso 3° Bispo Diocesano , de 29/06/38 a 05/05/46.
Graças à revista botucatuense de cultura – PEABIRU, este sermão foi recuperado e divulgado. A Revista Peabiru com a publicação desta obra sacra, absolutamente inédita, teve o prazer de apresentar os seus mais sinceros agradecimentos à Prof.a Zélia Meira Coelho Delmanto que teve a feliz visão de taquigrafar -há praticamente 70 anos atrás!as palavras de nosso então Bispo Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna, consagradoorador sacro. Este Sermão das Sete Palavras, foi proferido no dia 30/03/1945 - Sexta-feira Santa – com a Catedral de Sant’Ana lotada e a praça tomada por verdadeira multidão.
Fica a nossa sugestão para que sejam divulgados, no futuro, outros discursos proferidos por nosso Bispo-Orador. Juntamente com a Prof.a Maria Inês Galvão, a Prof.a Zélia taquigrafou outros sermões proferidos na Catedral ou na Igreja de Nossa Senhora de Lourdes em louvor à Festa de Sant›Ana, à família, à caridade , à fraternidade, etc.
O nosso 3º Bispo, Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna representou, no seu tempo, uma das maiores e mais consagradas culturas sacras do país. Considerado orador brilhante, Dom Frei Luiz Maria era sempre convidado para fazer a oração principal nas solenidades religiosas. Coincidentemente, por duas oportunidades esteve em Botucatu, bem antes de ser nosso Bispo, como orador convidado.
Primeiramente, no lançamento da pedra fundamental da construção do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, em 11/02/1911, especialmente convidado por Dom Lúcio, nosso primeiro Pastor.
Santuário de Nossa Senhora de Lourdes
Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna era frade capuchinho, tendo nascido na Itália, na cidade de Sant’Ana, da província de Pádua, em 21/03/1886. Dois anos depois já estava no Brasil, para onde seus pais imigraram.
A Revista Peabiru considerou, à época, de fundamental importância a divulgação e o registro histórico desta obra sacra de Dom Frei Luiz Maria. E, agora, o Blog do Delmanto procura dar a esse sermão a dimensão da mídia virtual, para que cada vez mais se conheça esta obra magnífica Não basta que tenhamos conhecimento de que um de nossos dirigentes católicos, mais precisamente nosso 3° Bispo, era considerado um dos maiores oradores sacros do Brasil se não temos conhecimento de nenhum de seus sermões !!!
Graças à iluminada visão de duas então jovens professoras, conseguimos resgatar tão importante obra! E na Revista Peabiru e aqui no Blog do Delmanto, nosso filho e colaborador, Marcelo Delmanto, fez as respectivas edições.
(fotos do livro “Memórias de Botucatu”, de Armando M. Delmanto, 1990)
Novamente como convidado, agora para a inauguração do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes e sua Gruta, em 08/09/1918. Nas duas ocasiões, as presenças do Dr. José (Jucá) Cardoso de Almeida - Benemérito do Santuário e seu Provedor - e do Monsenhor Paschoal Ferrari.
Hoje - 68 anos depois ! - podemos dizer que conhecemos e podemos admirar um dos discursos de nosso Bispo-Orador, Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna. Já velho amigo da Igreja de Botucatu foi convocado para assumir a Diocese em um momento de gravíssima crise. Soube cumprir com brilho a sua missão: restabeleceu a normalidade administrativa e financeira da Mitra, apazigou a comunidade católica, concluiu obras (Catedral e Convento Santa Gema Galgani) e pregou com brilho a palavra de Deus
!
Diário da Cuesta 6
Catedral Metropolitana de Sant’Anna Nosso 3° Bispo Diocesano (de 29 /06/ 1938 a 05/ 05/ 1946) estava a merecer as homenagens e a divulgação de sua palavra. Foi um grande Pastor! (AMD)
Algumas opiniões sobre o nosso Bispo-Orador:
Nosso 3º Bispo Diocesano (de 29/06/1938 a 05/05/1946) estava a merecer as homenagens e a divulgação de sua palavra. Foi um grande Pastor. Nos jornais da época, fomos buscar as palavras que melhor traçam o perfil de Dom Frei
Luiz Maria de Sant’Anna:
1) “...Um caráter sólido que a todos servia como exemplo. Estudioso e culto, ele conhecia o grande livro da dura experiência. De uma elevação espiritual que empolgava, ele conhecia as grandes e pe
que
nas
fraquezas humanas. Sem perder o senso da sua grande responsabilidade moral sabia aconselhar e orientar nas pequenas e grandes causas da vida...”
(trecho do editorial escrito por Pedro Chiaradia, no jornal “Folha de Botucatu”, de 11/05/1946).
2) “O Bispo-Capuchinho foi grande na Ordem, maior no trono Episcopal e sobre-humano no mundo espiritual em que se encerrou sob os olhares únicos da Divindade Suprema!
“Omnes et in omnia Christus”... As mesmas pegadas de Francisco de Assis, o mesmo profundo espírito de meditação: a mesma imensa sabedoria. Reservado e bom. Imensamente bom e manso. Zeloso ao extremo pelos seus e severo consigo mesmo. Batalhador aguerrido encerrado numa cela – pela força da Oração. Apóstolo impertérrito, num gabinete modesto – pelo vigor convincente de sua pena invulgar.
- “Vai Francisco e repara minha Casa...”
...........................................................................
Seus dons oratórios arrebataram-no muitas vezes da cela humilde do Palácio para que a palavra divina fosse ouvida lá longe, na Metrópole ou nos confins da Pátria pela intelectualidade patrícia sempre ávida e expectante dos seus sermões memoráveis.
A palavra do Bispo-Orador era transbordante de Fé e Religiosidade Conhecia a natureza humana como um verdadeiro dissecador de almas.“O que afugenta os homens do seio da Igreja Católica são seus próprios erros e defeitos que ela anatematiza. Por isso, guerreiam-na sem tréguas”, disse ele um dia. Seu olhar de psicólogo vasculhava num relance as insondáveis profundezas do coração humano e de lá desentranhava os erros, com a palavra cristalina da compreensão, da persuasão, da caridade cristã.
No trato dos problemas sua análise severa escandescia os mais rijos obstáculos para depois, com o mesmo arroubado transporte do“Poverello” em êxtases místicos, indicar à sociedade o caminho a seguir sob a luz única do Farol da Igreja.
Como Vieira em seus “Sermões de ouro” é mais conhecido do que através dos valiosos e múltiplos serviços prestados à causa dos Jesuítas e à Pátria, assim também o Bispo-Capuchinho, se lhe faltassem à memória veneranda os méritos concretizados pelas inúmeras obras realizadas, bastaria tão somente a arma que manejou reerguendo a moral de uma Diocese: a Oração.
O Grande-Orador deixou indelével no coração dos que tiveram a ventura de ouvi-lo, o sêlo da verdadeira Apostolicidade.”
(in “Perfil de um Capuchinho”, de Elda Moscogliato, revistaPeabiru nº 14 – março/abril/1999);
3) “...Não o veremos mais no púlpito, qual vulcão de eloquência, a pregar as palavras de Cristo, entre a admiração de todos - católicos ou não -mas que sabe avaliar, na palavra, a expressão potente da cultura; não o veremos mais...”
(trecho do artigo de José Pedretti Neto, no jornal “Folha de Botucatu”, de 11/05/46); ***
4) “...Dom Luiz morreu Nessa lutuosa tarde de maio, quando os restos mortais do grande D. Luiz postaramse ao lado da cinza do grande Dom Lúcio, ao último dobrado dos sinos dessa Catedral - que ele encontrou ao rés do chão e deixou na linha do céu -fechou-se esse brilhante capítulo da história evangélica de Botucatu - D. Frei Luiz Maria de Sant’Ana.
Em Sant’Ana dei Boschi, branca aldeiola do coração de Pádua, nasceu; Luiz de Sant’Ana chamou-se, claro desígnio da intenção divina; Sant’Ana de Botucatu, salvou - para sua glória e nossa redenção...”
(trecho do artigo de Hernâni Donato, no jornal “Folha de Botucatu”, de 11/05/46);
** *
5) “...Luiz, o Bispo-Orador! Vós que em vida pregastes as Sagradas Escrituras, que servistes com devoção à causa do Senhor, ensinando aos homens o verdadeiro caminho da felicidade espiritual, hoje, na mansão em que descansam os justos no seu derradeiro sono, recebei as homenagens sinceras do POVO DE BOTUCATU !”
(trecho do editorial do jornal” Correio de Botucatu”, de 09/05/46, de autoria de Adolpho Pinheiro Machado);
* * *
6)”...Orador primoroso, missionário, pastor tolerante e clarividente, era considerado um dos expoentes da Província Eclesiástica...”
(trecho do artigo de Sebastião de Almeida Pinto, publicado na “Folha de Botucatu”, de 15/05/ 46);
7)”...Na véspera cálida de outono, um tepor estivo de primavera em flor... Um grupo de populares, modestos espectadores do fúnebre cortejo, enaltecia as virtudes e a grande obra realizada pelo Extinto.
Um pobre homem, maltrapilho e grisalho, alheio à conversa, talvez aquele mesmo anônimo de rua, que fora visto velar, durante a madrugada inteira, cabisbaixo e insone, o esquife do seu Bispo na Catedral silenciosa - sentenciou comovido: - “E nunca mais ouviremos um Sermão das
Sete
Palavras !”
No erro de expressão, a interpretação de uma grande verdade!
Sim, nunca mais, meu nobre e pobre Amigo! Ouviremos sons, verbos, piedosas orações...vozes altissonantes, evocadoras do Sacrifício e Ressurreição; conceitos nobres e pensamentos de brilho invulgar... E braços erguidos para o céu em gesto teatral, na tentativa vã de captar uma estrela...
Nunca mais, porém - quiseste justamente frisar - um “Sermão da Semana Santa” comparável aos inesquecíveis do grande “Bispo-Orador”, do teu “Bispo dos Pobres”!
É na Semana Santa, que a nossa alma plangente evocará a sagrada figura do Pastor , sua bondade, seu Verso
Na Semana da Paixão, tu, infortunado mortal, símbolo da pobreza, que lutas para não morrer, procurarás no púlpito saudoso o vulto miguelangelesco do teu “Bispo-Orador”.
Seus gestos fraternais e amigos são a ti bem notos!
As modulações de sua voz patriarcal, no silêncio do Templo , ecoam na profundeza de tua alma singela, amenizando a dor, em um acorde misterioso de instrumentos divinos.
A fisionomia severa, ora triste e abrumada, elevada para o céu num lampejo de extrema devoção, na dádiva sobrenatural de todoo seu ser, encerra uma expressão vigorosa de louvor religioso, um sentimento puríssimo de piedade cristã.
Seus dedos fidalgos e nervosos, quando os braços se dirigem para o Altar numa imploração elevada de Amor , numa demonstração impressionante de vitalidade espiritual, parecem empunhar, volteante e irrequieta, a batuta imaterial do maior dos diretores de orquestra E então?
...Às vezes, no início, um prelúdio sentimental de música schubertiana, pairando, como um cântico de nostalgia, na penumbra mesta do templo silente.
As místicas notas, num ritmo fluente de clássica harmonia, vibram, estumecem as íntimas fibras do coração mais incrédulo, como se partícipe da já prodigiosa orquestra evangélica.
E depois, num “crescendo” impetuoso de música rossiniana, as pupilas atentas, fixas na batuta do Mestre , entreabrem-se numa expressão incontida de admiração sobre-humana.
Num ritmo vertiginoso, enfim, de sinfonia wagneriana, os corações palpitam frementes com o latejar violento do pulso; a respiração ofegante arqueja uníssona com o acelerado ritmo orquestral, e, como se eletrizadas pela batuta mágica do Mestre , as almas trêmulas sofrem, estáticas, a Paixão do Senhor !
E no fim? Catadupas de sons angélicos, gorgeio harmonioso de pássaros, coro verdiano de argentinas vozes itálicas e êxtase sublime perante o Sacrifício do Amor ! Foi esse extenuante esforço físico e mental de tantos anos, de milhares de preces, de memoráveis sermões, que sacrificaram o modesto, grande, bondoso Servo de Deus, um Sublime holocausto ao Mártir do Calvário.
Na Semana Santa vindoura, memore e sincero, procurarás novamente abeberar-te no cálice da sagrada amargura e olharás mais uma vez para o púlpito amigo.
E verás o teu “Bispo-Orador”, altivo e sereno, pronunciar em silêncio o celebre “Sermão das Sete Palavras” e abençoar em seguida, no largo gesto fraternal, os fiéis admiradores da Paróquia brasílica de Sant’Ana...”
( trecho do discurso em homenagem a D. Frei Luiz Maria de Sant’Anna, proferido pelo Dr. Aleixo Delmanto, no Centro Cultural de Botucatu, publicado na “Folha de Botucatu”, de 25/05/46).
Os artigos em homenagem ao seu passamento e o vibrante discurso perante a intelectualidade exprimem bem como repercutiu em nossa comunidade a sua perda...
Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna...Saudades! (AMD)
Diário da Cuesta 7
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UMA PÁSCOA ABENÇOADA
Marcelo Delmanto
Quando cheguei na Itália, mais precisamente em Perugia conheci um amigo gaúcho, o Luís, que me ajudou muito, com eu tinha domínio da língua e ele mais traquejo em vivência em viagens nós nos ajudávamos e muitas vezes fazíamos viagens juntos.
Uma dessas viagens foi na época da Páscoa, quando decidirmos fazer nossa viagem, curta ne verdade, para a cidade de Assis, que fica, mais ou menos, a uns quinze minutos de ônibus da cidade de Perugia.
Todos os ônibus para Assis funcionavam a partir de umas duas da tarde, mas como não queríamos perder tempo, tomamos a única linha de ônibus que funcionava de manhã. O único inconveniente dessa linha é que o ponto de partida era de uma praça que ficava um pouco distante, tínhamos que andar um bom pedaço do caminho a pé, isso sem contato que saía às seis horas da manhã.
Saímos praticamente de noite para ir ao pondo de partida do ônibus. Já no trajeto verificamos que o trafego estava intenso, mesmo porque não se tratava de
uma auto estrada, pois quando o destino era perto o ônibus usava estradas vicinais.
A cidade fervilhava de gente. Depois de rodarmos um pouco, de visitarmos algumas lojas, paramos em uma pequena lanchonete, onde comemos um belo sanduíche regado a uma deliciosa taça do vinho regional.
Na parte da tarde havia missa em várias igrejas de Assis e tem muitas igrejas lá, porém o nosso intuito não era assistir à missa de páscoa em umas das igrejas menores e sim na igreja de São Francisco de Assis. Todavia esse era o desejo de quase todos os turistas persentes na cidade nessa data, ou seja, a igreja ficou lotada, tanto que ficamos de pé com um monte de gente esbarrando em nós e com uma visão muito prejudicada do altar.
Mesmo assim, como esses pequenos aborrecimentos a celebração da páscoa em uma igreja tão simbólica foi maravilhoso e abençoado.
O fluxo de turista não diminuía nem na segunda-feira, porque é quando se comemora a Pasquela, que lá se diz Pasqueta e é sempre feriado nacional.
Bem quanto a Assis, essa foi a primeira vez que fui a essa linda cidade. Depois que vi a facilidade de acesso revistei Assis em outras ocasiões, em datas festivas ou não, aliás nessas datas não festivas é muito mais fácil conhecer todos os pontos turísticos e mais bonitos da cidade, mesmo porque tem muito menos gente pelas ruas.
Infelizmente quando visitei Assis pela última vez, que foi na nossa viagem de lua de mel, ao chegarmos quase não se via nada, dada a densa neblina que cobria a cidade. Minha esposa, como a maioria dos outros turistas da nossa excursão, não
conheceu muita coisa nessa ocasião por culpa das condições climáticas que ocorreram na época, embora para eles e para minha esposa também tenha sido mágico.
Além das maravilhosas igrejas em Assis, outros pontos também merecem destaques, como a Rocca Maggiore, uma imponente fortaleza de onde se tem uma bela vista panorâmica da cidade de Assis, e se o céu estiver claro, mesmo com a maioria da região da Úmbria.
Para alcançá-la, tem que ter disposição pois a subida é penosa pra quem não tiver o mínimo de preparo físico.
Em geral fazíamos visitas nessas cidades em datas comemorativas cristãs, coma esta Páscoa em Assis, mesmo porque cada local nesse país tem igrejas belíssimas e para a maioria dos turistas, conhecer esses belos lugares e também professar a fé cristã é um casamento perfeito.
Visitei outras cidades do mesmo porte ou maiores que Assis, no tempo que morei na Itália e nas visitas que fiz posteriormente.
Sei que sou meio suspeito quando dou minhas opiniões dada a minha paixão pela Itália e pelo Velho Continente como um todo, afinal naõ tem como se encantar com tantas maravilhas que saltam aos nossos olhos e atmosfera que se respira nesses lugares.
a r t i g o
Diário da Cuesta 8 O GIGANTE DEITADO
TÚMULO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
EsporteDestaque em
Os maiores chocolates da história dos clássicos paulistas
Relembre grandes goleadas que marcaram a história dos jogos entre os grandes times do Estado
Em época de Páscoa, muito se fala no famoso coelho e também na compra/troca de ovos de chocolate. No mundo do futebol, chocolate é sinônimo de goleada. Então, para entrar no espírito do feriado do próximo domingo, relembre alguns chocolates que foram aplicados em clássicos do futebol paulista ao longos da história:
SÃO PAULO 6 x 0 PALESTRA ITÁLIA
Em 6 de Março de 1939, o São Paulo aplicou um sonoro chocolate em cima do Palestra Itália-SP por 6 a 0, no Parque Antártica Paulista, na fase única do Campeonato Paulista de 1938. Com este resultado, o São Paulo quebrou uma sequência de 3 jogos sem vitória no confronto no Campeonato Paulista.
PALESTRA ITÁLIA 8 X 0 SANTOS
Em 11 de Dezembro de 1932, no Campo do São Bento – Sorocaba/ SP, o Palestra Itália-SP venceu com facilidade o Santos com placar de 8 a 0, pela fase única do Campeonato Paulista daquele ano.
SANTOS 0 X 11 CORINTHIANS
Em 11 de Julho de 1920, no estádio da Vila Belmiro, o Corinthians atropelou o Santos por 11 a 0, pela fase única do Campeonato Paulista.
SÃO PAULO 9 X 1 SANTOS
O São Paulo aplicou uma goleada sobre o Santos com placar de 9 a 1, no Pacaembu, pela fase única do Campeonato Paulista de 1944. Na ocasião, o Tricolor ampliou a sequência de 8 jogos sem derrota para o rival no torneio.
SÃO PAULO DA FLORESTA 6 X 1 CORINTHIANS
Em 10 de setembro de 1933, o São Paulo da Floresta goleou o Corinthians por 6 a 1, no Chácara da Floresta, pela fase do 2º Turno do Torneio Rio-São Paulo 1933.
PALMEIRAS 5 X 0 SÃO PAULO
Em 19 de maio de 1965, pelo Torneio Rio-São Paulo, o Palmeiras aplicou 5 a 0 sobre o São Paulo, no Pacaembu. Servílio e Dario fizeram dois gols cada um. Rinaldo completou.
PALMEIRAS 6 X 0 SANTOS
Em 24 de março de 1996, uma das vitórias mais marcantes do histórico título paulista. Na Vila Belmiro, o Palmeiras enfiou 6 a 0 no Santos. Rivaldo (duas vezes), Cléber (duas vezes), Cafu e Djalminha balançaram as redes.
SANTOS 7 x 4 CORINTHIANS
Pelé fez quatro e Coutinho três para que o Santos humilhasse o rival no Paulista de 1964 diante de 54 mil pessoas no Pacaembu.
CORINTHIANS 6 X 1 SÃO PAULO
No 22 de Novembro de 2015, o Corinthians aplicou um chocolate em cima do São Paulo pelo placar de 6 a 1, na Arena Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro 2015. Cristian, Edu Dracena, Lucca, Bruno Henrique e Ángel Romero (2), pelo Corinthians, e Carlinhos, do São Paulo construíram o placar.
SANTOS 6 X 2 SÃO PAULO
Pelo torneio Rio-São Paulo de 1963, o Santos de Pelé e companhia não tomou conhecimento do Tricolor e, no Estádio do Pacaembu venceu o São Paulo por 6 a 2.
CORINTHIANS 7 X 1 SANTOS
Na edição de 2005 do Brasileirão, o Corinthians da “era MSI” atropelou o Santos por 7 a 1 no Pacaembu, em uma partida que contou com os gols de Marcelo Mattos, Rosinei, Tévez (três vezes), Nilmar (duas vezes) para o Timão e Genílson para o Peixe.
SANTOS 5 x 1 CORINTHIANS
O Santos buscava, desde 2005, uma goleada para “rivalizar” com o 7 a 1. Ela veio nove anos depois, na Vila Belmiro. Um passeio santista no Paulistão de 2014. Se o Santos não tivesse tirado o pé depois do quinto gol, a goleada poderia ter sido maior. O torcedor santista lamenta isso até hoje.
Nesse feriado de Páscoa acontecerá a final de mais uma Paulistão, mas não será dessa vez que um novo chocolate poderá ser aplicado já que somente um clube grande está na decisão.
Diário da Cuesta
Vinícius Alves