Edição 766

Page 1

Quem Fundou Botucatu?!?
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCA TU ANO III Nº 766 SEXTA-FEIRA , 21 DE ABRIL DE 2023 Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br 168
Diário da Cuesta

Quem Fundou Botucatu?

O “Diário da Cuesta” traz a seus leitores as mais importantes versões sobre a fundação de Botucatu. Com absoluta imparcialidade, trazemos as 3 versões enriquecidas pelo traço mágico do Prof. Vinício: versão é a que predominava nos idos do início do século, registrada no “Almanack de Botucatu de 1920”.

1) Os Padres Jesuítas: Segundo essa interpretação histórica, Botucatu teria sido “Uma Grande Fazenda”, formada pela elitizada ordem religiosa da Companhia de Jesus, em 1719. Portanto, Botucatu teria “nascido sob o signo da cruz” , segundo o Prof. Plínio Airosa, da USP, “...antiga fazenda, confiscada aos padres jesuítas em 1759, origem do mesmo município...” Em pesquisas realizadas em Sorocaba, o escritor botucatuense, Hernâni Donato, comprovou que os primeiros botucatuenses nasceram nessa fazenda.

(in “Memórias de Botucatu I”, de Armando M. Delmanto, págs. 16/17, 2ª edição 1995);

2) Simão Barbosa Franco: “Dizem os estudiosos e historiadores que, em 1766, o barbudo e truculento Simão Barbosa Franco, fundando a freguezia de “Nossa Senhora das Dôres de Cima da Serra”, plantou o marco inicial da nossa querida cidade. Um período de obscurantismo caiu sobre a vida do lugarejo que, em 1779, tinha apenas 7 fogos ou casas, com 48 moradores...” Essa

(in “No Velho Botucatu”, de Sebastião de Almeida Pinto, pág.23, 2ª edição, 1994);

3) José Gomes Pinheiro e Joaquim Costa: “Em 1835, com o aparecimento aqui do sertanista Joaquim Costa, que resolveu “possear” o Ribeirão que ficou conhecido como “Dos Costas”, hoje Ribeirão Lavapés é que começou de fato a crescer o burgo sertanejo. Costa e sua gente, construiram algumas casas, sem alinhamento, no local onde é a atual Praça Coronel Moura. Em 1843, surgiu um litígio, questões de terra, entre os Costas e o Cap. José Gomes Pinheiro, fazendeiro na região, terminando a questão por um acordo.A famosa disputa da porteira, consagrada por um dos maiores escritores botucatuenses procura retratar a disputa entre as partes. O Cap. José Gomes Pinheiro, de acordo com o combinado, doou os terrenos em causa para o patrimônio de uma freguezia que seria fundada, sob o orago de Sant’Anna numa delicada homenagem a sua Exma esposa, Dª Anna Florisbela Machado Pinheiro. Esta freguezia foi elevada a distrito em 1846 e absorveu, logo, a antiga freguezia de “Nossa Senhora das Dôres de Cima da Serra...” Essa versão, hoje, é a predominante no meio oficial municipal.

(in “No Velho Botucatu”, de Sebastião de Almeida Pinto, págs. 23/24, 2ª edição, 1994).

Diário da Cuesta

DE RAUL TORRES. Botucatu não poderia ficar desconhecendo esse lado musical de Raul Torres e com o qual fez muito sucesso, também. Ver matéria completa na página 2

ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Amanh 15 de novembro, dia de Eleição Municipal é também, feriado da Proclama- ção da República. Em Botuca- tu ã 321 seções eleitorais no Município de Botucatu 101.025 eleitores. O Chefe do Cartório Eleito- ral da Comarca de Botucatu, Igor Ignácio destacou algumas recomendações para o dia de amanhã horário de votação tem 1 hora a mais, começa às 7 h. e vai até as 17h. sendo que os eleitores com mais

de pontes e estragos generalizados e, em sequência, teve que enfrentar a pandemia do vírus chinês... Ufa... Botucatu acompanhou o seu trabalho à frente de uma equipe capacitada e, nas Eleições Municipais, RENOVOU a sua con- fiança! ELE É O ELEITO

Diário da Cuesta 2
L E I T U R A D I N Â M I C A JORNALISMO MODERNO
da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU SÁBADO DOMINGO 14/15 de novembro de 2020 Nº 05 RAUL TORRES E O SAMBA RURAL Estátua de Raul Torres na Praça do Bosque (Botucatu) RAUL TORRES é um orgulho para Botucatu. Faz parte do TRIO DA MÚSICA RAIZ: ANGELINO DE OLIVEIRA, RAUL TORRES E SERRINHA. Praticamente, fazendo de Botucatu e região a CAPITAL DA MÚSICA CAIPIRA ou MÚSICA RAIZ! Com estátua na Praça do Bosque, Raul Torres tem res- gatado o seu OUTRO LADO MUSICAL: do SAMBA RURAL ou SAMBA DO INTERIOR. O original e excelente TRIO GATO COM FOME, resgata com muito brilho dez sambas de Raul Torres, no álbum EM BUSCA DOS SAMBAS
Diário
de 60 anos preferência nas 3 primei- ras horas Essa preferência é por todo o dia das elei ões. Eleito- doentes, deficientes ou grávidas també ão preferência. Será seguido o Protocolo de Segurança com distanciamen- to social uso de álcool gel obrigatórios em todas as seções, m do uso de máscara. O TRE recomenda que cada eleitor seja portador de sua própria caneta para assinatura e até para teclar os números na urna. Recomenda também você sabia? Que teria sido brasileiro o famoso herói inglês que marcou presen a na Primeira Grande Guerra Mundial? Teria sido botucatuense esse heTeria nascido Cuesta de Bo- esse herói que encantou geões sua bravura e idealismo? A Revista Peabiru apresentou minucioso estudo sobre trajetória desse herói mundial Na história ou na “lenda” de Lawrence da Arábia, como Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU Ele é o 16 de novembro de 2020 Eleito! OS CONSTRUTORES DO FUTURO DE BOTUCATU – DINUCCI & PARDINI – Na página 3, leia o histórico que traz as profundas raízes da família PARDINI com Botucatu. Uma viagem fantástica através de um pingo d’água que busca sua folha mãe em uma Embaúba no cume da Cuesta de Botucatu... (leia na quarta página “Cuesta Rasgada”) O prefeito Mário Pardini consegue a sua ree- leição (2020/2024) à Prefeitura Municipal de Botucatu. Desde o início da campanha, Pardini vinha despontando na preferência do eleitorado botucatuense. Executivo da SABESP, teve desta- que por sua capacidade positiva à frente 35 mu- nicípios. Durante seu mandato, Pardini enfren- tou as inundações que ocorreram em Botucatu com queda
!
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU SEXTA-FEIRA 13 de novembro de 2020 Nº 04 AQUÍFEROGUARANI VERDADEIRO MAR DE ÁGUA DOCE, O AQUIFERO BOTUCATU / GUARANÍ É CONSIDERADO O MAIOR RESERVATÓRIO DE ÁGUA DO MUNDO, A CNBB ELEGEU A ÁGUA COMO SEU TEMA E TODO O PLANETA VIVE A PREOCUPAÇÃO PELA PRESERVAÇÃO DESSE PRECIOSO LÍQUIDO. Página 4 REPERCUSSÃO GRANDE DO DEBATE ENTRE OS CANDIDATOS A PREFEITO DE BOTUCATU! Desde seus primórdios, a região de Botucatu é destacada pela qualidade de sua água. Antes mesmo da descoberta do AQUÍFERO BOTUCATU (hoje, AQUÍFERO GUARANI) e da comprovação medicinal da água de PIAPARA (Alambarí). leia na página 2 BOTUCATU: A MELHOR ÁGUA PARA A MELHOR CERVEJA TROPEÇOS E AS ACUSAÇÕES LANÇADAS, A POPULAÇÃO ESTÁ PREOCUPADA COM O FUTURO DE BOTUCATU. VEREANÇA É PRECISO UMA ANALISE CRITERIOSA DAS PROPOSTAS DE CADA UM E DO PARTIPARTICIPAÇÃOPOSITIVADOSBOTUCATUENSESNADEFINIÇÃOSEGURADESEU SUSTENTÁVEL! AVANTE! SEMPRE PRIMEIRO BOTUCATU!

A DISPUTA DA PORTEIRA NA BOTUCATU DE OUTROS TEMPOS...

Dos muitos nomes citados como prováveis fundadores ou benfeitores de Botucatu, fora, é claro, a presença indiscutível dos jesuítas, GOMES PINHEIRO e JOAQUIM COSTA foram os que encontraram melhor acolhida entre os historiadores. Gomes

Pinheiro como doador de terras e Joaquim Costa como consolidador e incentivador do povoado. Em 1845, o Cap. José Gomes Pinheiro doou parte de suas terras, já posseadas por Costa, para que se constituísse a Freguesia.

José Gomes Pinheiro e Joaquim Costa:

“Em 1835, com o aparecimento aqui do sertanista Joaquim Costa, que resolveu “possear” o Ribeirão que ficou conhecido como «Dos Costas”, hoje Ribeirão Lavapés é que começou de fato a crescer o burgo sertanejo Costa e sua gente, construiram algumas casas, sem alinhamento, no local onde é a atual Praça Coronel Moura. Em 1843, surgiu um litígio, questões de terra, entre os Costas e o Cap. José Gomes Pinheiro, fazendeiro na região, terminando a questão por um acordo. A famosa disputa da porteira, consagrada por um dos maiores escritores botucatuenses procura retratar a disputa entre as partes.

O Cap. José Gomes Pinheiro, de acordo com o combinado, doou os terrenos em causa para o patrimônio de uma freguesia que seria fundada, sob o orago de Sant´Anna numa delicada homenagem a sua exma esposa, Dª Anna Florisbela Machado Pinheiro. Esta freguesia foi elevada a distrito em 1846 e absorveu, logo, a antiga freguesia de “Nossa Senhora das Dôres de Cima da Serra...” Essa versão, hoje, é a predominante no meio oficial municipal.

(in “No Velho Botucatu”, de Sebastião de Almeida Pinto, págs. 23/24, 2ª edição, 1994).

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

Contato@diariodacuesta com br

Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

Diário da Cuesta 3
WEBJORNALISMO DIÁRIO
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

SIMÃO BARBOSA FRANCO

Em carta de D. Luís Antônio de Souza Botelho Mourão (governou São Paulo, de 1765 a 1771) ao Conde de Oeiras, datada de 24 de dezembro de 1766, demonstra seu interesse em realizar a fundação de núcleos urbanos, que serviriam como “boca de sertão”, para as futuras conquistas. Antes dessa carta ao Conde de Oeiras, já o governador D. Luís Antônio em 4 de setembro de 1766 havia baixado uma ordem ao paulista Simão Barbosa Franco que era possuidor de terras nos campos de Ubutucatu, adquiridas de André de Souto Gurgel, requereu ao governador de São Paulo, em nome de S. Majestade, a concessão de uma Carta de Sesmarias de “uma legoa de testada e legoa e meya de certão”, na referida região.

Na petição por ele apresentada, comprometia-se a fazer benfeitorias, abrir caminhos, construir pontes e até fundar alguma povoação se necessário fosse. A sesmaria foi-lhe concedida e talvez pela boa vontade manifestada na petição, foi-lhe designada a tarefa de fundar a povoação de Ubutucatu ou Botucatu.

Nesse mesmo ano de 1766, Simão Barbosa Franco deu início à fundação da povoação de Botucatu, sob a invocação de Nossa Senhora das Dores de Cima da Serra. Embora alguns estudiosos apresentem contestações a respeito da fundação de Botucatu, por Simão Barbosa Franco, afirmando que nessa ocasião ele se achava em Mato Grosso, de onde só voltou em 1771, está cabalmente provada que a nova povoação foi fundada por esse paulista, no alto de uma serra que serve de contravertente para as águas dos rios Paranapanema e Tietê. E para anular qualquer dúvida que por ventura haja a este respeito, lembraremos que em 1768, foi por D. Luís Antônio organizado um mapa de grande parte da América Meridional, em que figurava quase toda a Capitania de São Paulo com os seus sertões e rios mais famosos e parte das Capitanias adjacentes, tudo delineado segundo os roteiros e notícias mais exatas que até então se havia descoberto. Esse mapa, nas pesquisas empreendidas no Arquivo do Estado, não foi encontrado. Porém no volume XIX Documentos interessantes para a história e costumes de São Paulo, à pág. 147, encontram-se referências a seu respeito. Nesse mapa, segundo as advertências assinaladas, figuravam os núcleos urbanos já organizados e entre eles o de Botucatu (fundado em 1766).

Em 1768, Simão Barbosa Franco, recebeu ordem do governador de São Paulo, para fundar e administrar a povoação de Nossa Senhora dos Prazeres de Itapeti-

ninga, ordem que conseguiu realizar aglomerando em um núcleo os moradores da região. Itapetininga foi erigida em vila em 5/11/1770. Ocupou diversos cargos na vida da nova vila e isto desmente a afirmação de que o referido Simão se encontrava em Mato Grosso nessa ocasião.

Botucatu surgiu, portanto, em 1766. A partir de então continuou desempenhando a sua função de “boca do sertão”, servindo de pouso e de ponto de abastecimento às expedições que demandavam os sertões de Tibaji e do Iguatemi. Era um pequenino núcleo urbano, ponto de apoio dos criadores da região com poucos moradores

Ao lado da função de ponto de pouso, teve também Botucatu uma outra função, de ordem econômica – a de fornecer ao governo, além de mantimentos, o gado e as cavalgaduras necessárias às expedições sertanistas. Esta afirmação é comprovada pela portaria de 11 de maio de 1772, baixada pelo governador de São Paulo (na grafia da época):

“Porquanto me hé preciso hum claro conhecimento das fazendas q’se vào formando nos lados da estrada geral, que discorre de Sorocaba a Itapetininga, Villa de Faxina, Campos de Botucatú e entradas do sertão do Paranapanema: ordeno ao Sargento Mór Manuel Joaquim da Sylva e Castro, que passando ao referido continue e tome em Relação todas as fazendas que nelle se acharem formadas, distancia a q’ficarão da mesma estrada, e das respectivas Povoações a q’são annéxas, descrevendo com exacta clareza todos os gados e cavalgaduras de q’se compõem, assim dos q’pertencem ao costeyo delas, como dos de criação, em q’se funda o seu argumento; cuja diligencia executará com toda a brevidade, sem exceção

de pessâ, e me remeta sem demora huma conta formal de tudo o que achar na fra que tenho ordenado. São Paulo, 11 de Mayo de 1772. D. Luís Botelho.”

Essa ordem era acompanhada por um documento assim concebido:

“Notícia das fazendas q’ficarão para a parte de Wutucatú e Guarey e encruzilhada do novo caminho q’aproximadamente se abre para Guatemy. 1- Estanisláu de Campos dono da Fazenda de Guarey; 2- Fazenda do Payol de Antonio Bicudo ou de seu genro José Giz; 3- Fazenda do Tatú q’foi de José Campos, hoje dos Religiosos do Carmo; 4- Fazenda Barra do Paranapanema de Mel. Paes; 5- Fazenda do Paranapanema e Itapetininga de Salvador de Oliveira.”

Essa ordem foi cumprida, pois em Agosto do mesmo ano, outra portaria foi baixada:

“Ordeno ao Sargento Mór da Vila Faxina, Manoel Joaquim da Sylva e Castro q’para serviço de S.Mag. faça notificar aos donos e fazendeiros das fazendas que lhe mandey tomar em relação ao longo da estrada geral da Vila de Sorocaba emté a Faxina e campos de Botucatú, para onde discorre o caminho novo para a Praça de Guatemy...

Um período relativamente longo de obscurantismo recaiu sobre a pequenina povoação de Nossa Senhora das Dores de Cima da Serra, fundada por Simão Barbosa Franco, em 1766.

Nos cadernos de recenseamentos do município de Itapetininga, encontramos alguns dados referentes a Botucatu, quando ainda era um simples bairro. Nos cadernos com os dados referentes ao ano de 1779, maço de recenseamento de Itapetininga, número 63, encontramos os primeiros dados estatísticos referentes a Botucatu. Tinha Botucatu naquela época, apenas 7 fogos (ou casas) contando com 46 moradores, incluindo-se os chefes de família, suas mulheres, filhos, agregados e escravos.

O FUNDADOR DE BOTUCATU TERIA SIDO O TRUCULENTO SIMÃO BARBOSA FRANCO?

A conceituada e pioneira historiadora Eunice de Almeida Pinto Chaves, formada na 1ª Turma da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, exerceu o magistério em nossa Escola Normal e foi Diretora do Centro Cultural de Botucatu. No artigo “O Município e a Cidade de Botucatu”, publicado na revista Peabiru nº 08/1998, relata a atuação de Simão Barbosa Franco na fundação de Botucatu. É Registro Histórico Página 3

BOTUCATU: HISTÓRIA DE UMA CIDADE!

Diário da Cuesta 4
ILUSTRAÇÃO VINICIO

BOTUCATU NASCEU SOB O SIGNO DA CRUZ

No ano de 1719, A Companhia de Jesus, através do Tenente Estanislau de Campos, Superior da Ordem no Brasil, partia para a formação de duas fazendas, objetivando a sustentação do Colégio de São Paulo em termos de alimentos e renda originada da comercialização dos produtos das Sesmarias que seriam a base para as fazendas de Guareí e Botucatu.

A Fazenda de Botucatu era voltada à pecuária, com currais e ranchos de moradia, sendo que sua população oscilava sempre entre dez a vinte pessoas. Por 40 anos ela floresceu fornecendo carne para o Colégio de São Paulo e comercializando gado para todo o sertão. Desde o seu início até o leilão público, fruto da implacável perseguição do Marquês de Pombal aos jesuítas, a fazenda teve vida própria.

OS PRIMEIROS BOTUCATUENSES nasceram na Fazenda Botucatu dos padres jesuítas, segundo pesquisa do historiador Hernâni Donato nos arquivos de Sorocaba, então Matriz de toda a região.

Segundo relato de Hernâni Donato em seu “Achegas”, a extensão da Fazenda Botucatu era grande: «...por um lado, a fazenda chegava ao Paranapanema enquanto do outro, conforme anota a doação de Campos Bicudo, tocava o Tietê. Para o sul, ligava-se à fazenda também jesuítica de Guareí”.

Em 1760, os jesuítas tiveram seus bens confiscados pelo Marquês de Pombal - o todo

poderoso Ministro de Portugal - e foram expulsos dos territórios portugueses e, portanto, do Brasil. As benfeitorias (currais e ranchos rústicos), os escravos (13), as 440 cabeças de gado e os 43 cavalos dos padres ficaram como a mostrar que a fazenda tinha vida própria. Os índios catequizados fugiram, assim como muito gado escapou para o sertão.

SOB O SIGNO

DA CRUZ

Citada por Hernâni Donato a posição de historiadores que reivindicam para os jesuítas os méritos maiores de povoadores e remotos fundadores de Botucatu, como Plínio Airosa : “...antiga fazenda, confiscada aos padres jesuítas em 1759, a origem do mesmo município.”

Em outras palavras : Botucatu teria sido uma fazenda, uma GRANDE

FAZENDA JESUÍTA e os padres da Companhia de Jesus SEUS FUNDADORES, sendo certo, por registro passado e sacramentado, que os PRIMEIROS BOTUCATUENSES nasceram na Fazenda Jesuíta.

Nascida sob o signo da cruz e desbravada pela competente e elitizada ordem religiosa dos jesuítas, a FAZENDA BOTUCATU era parte de real importância no “CAMINHO DO PEABIRU”, na “TRILHA DO SUMÉ” que ia de São Vicente até Cusko, no Peru. (in Memórias de Botucatu, 1995)

Diário da Cuesta 5

QUE QUER DIZER BOTUCATU ?!?

Não é pacífica a interpretação do real significado do topônimo BOTUCATU. Pelo menos três interpretações procuram esclarecer o assunto e muitas formas gráficas trazem à luz a grande variedade e evolução das formas encontradas através dos tempos.

1. BONS ARES

A Interpretação Etimológica é a que busca a análise termo a termo do texto, atendendo à pontuação, à colocação dos vocábulos, à origem etimológica destes e outros dados dessa natureza.

A interpretação etimológica é a que tem encontrado maior acolhida nos últimos tempos.

A posição do Prof. Plínio Airosa,da Universidade de São Paulo, é clara: “botu” e “catu” surgiram de “ybytu” e “katu”. Segundo Plínio Airosa, “ybytu” significa “hálito da terra”, “ar corrente”, ou seja, “aragem”, “vento”, e “katu”significa “bem” ou “bom”. Teríamos então “vento bom” ou “bons ventos”, ou seja, “bons ares”.

2. SERRA GRANDE

A Interpretação Histórica nos remete ao ensinamento do Superior dos Jesuítas no Brasil, o Tenente Estanislau de Campos, nos idos de 1719 : IBITICATÚ teria se formado pelo elemento “ibiti” que significa “serra” e “catú” que significa “grande” ou “boa”. Isso nos daria SERRA GRANDE Morador que foi daqui, na Fazenda Botucatu, da Companhia de Jesus, era grande conhecedor da língua gentílica

De Ibiticatú apareceu mais tarde a palavra Hubutucatú, ao depois Votucatú e, finalmente, Botucatu.

No “ALMANACK DE BOTUCATÚ”, publicado em 1920, por Augusto de Magalhães, essa era a interpretação predominante e que traduzia “fielmente a realidade de nossa natureza”.

Na busca da interpretação histórica do significado da denominação “IBITICATÚ”, nada mais certo do que se procurar a reconstituição das aspirações do momento em que surgiu a necessidade de se denominar a região e do porquê historicamente tenha sido adotada a denominação e o que significava para os que a utilizavam no dia-a-dia de então.

Por esse prisma, o real significado da denominação IBITICATÚ será o de SERRA GRANDE, segundo ensinamento do Superior dos Jesuítas, eis que ele vivenciou o fato, ou seja, utilizou juntamente com os demais jesuítas a denominação com a interpretação dada. É o valor histórico da interpretação que supera a interpretação etimológica ou gramatical, que se funda sobre as regras da Linguística

3. TEMPLO DA SERPENTE Interpretação Mística? Ou sonho? Ou lenda?

Frei Fidélis Maria Di Primiero, capuchinho que veio para Botucatu em 1952, era um historiador e um estudioso de nossas lendas. Um dos poucos historiadores que dominava a língua SUMÉRIA, tinha uma concepção completamente revolucionária para explicar

o povoamento das Américas : o povoamento teria ocorrido por pessoas de cultura suméria, praticantes do culto à Serpente Negra.

A tradução suméria nos daria o seguinte : “BUT UK” como “TEMPLO DA SERPENTE” e “A TU” como “ESCAVADO NA ROCHA”. A verdade é que essa é a tradução literal da língua suméria

Dizia Frei Fidélis que “no Brasão da cidade de Botucatu (o 1º Brasão) notamos ao lado das Três Pedras, uma estrada que os autores do escudo entendiam relacionada com um caminho que os Brasis denominavam PEABIRU e que os Jesuítas deram como “Caminho de São Tomé”.

Os estudos do capuchinho centraram-se nas Três Pedras, às quais interpretou que eram formação rochosa (uma delas, a Pedra do Meio, com formato fálico) e seriam um “EX-TU” : TEMPLO NEGRO FÁLICO, catalisando em torno de si energias cósmicas profundas, constituindo-se em verdadeiro epicentro de fenômenos misteriosos Para Frei Fidélis, o TEMPLO NEGRO FÁLICO não seria composto de formação rochosa natural e, sim, um templo construído 5.000 mil anos atrás para ser o centro de um culto negro e que teria sido destruído por XUMÉ ou SUMÉ, Grão Sacerdote Sumério. Frei Fidélis dizia que o “Peabiru” era um caminho encontrado antes da vinda dos conquistadores europeus, caminho aberto miraculosamente pela passagem do Apóstolo São Tomé, o grande missionário das Índias, caminho largo, uns oito palmos, a estender-se por mais de duzentas léguas, desde a Capitania de São Vicenteaté as margens do Paraná, passando pelos rios Tibagy, Itahy e Pequery”. O PEABIRU ia de São Vicente a Cusko, no Peru.

UMA GRANDE FAZENDA

No ano de 1719, A Companhia de Jesus, através do Tenente Estanislau de Campos, Superior da Ordem no Brasil, partia para a formação de duas fazendas, objetivando a susten-

tação do Colégio de São Paulo em termos de alimentos e renda originada da comercialização dos produtos: as Sesmarias que seriam a base para as fazendas de Guareí e Botucatu.

A Fazenda de Botucatu era voltada à pecuária, com currais e ranchos de moradia, sendo que sua população oscilava sempre entre dez a vinte pessoas Por 40 anos ela floresceu fornecendo carne para o Colégio de São Paulo e comercializando gado para todo o sertão. Desde o seu início até o leilão público, fruto da implacável perseguição do Marquês de Pombal aos jesuítas, a fazenda teve vida própria OS PRIMEIROS BOTUCATUENSES nasceram na Fazenda Botucatu dos padres jesuítas, segundo pesquisa do historiador Hernâni Donato nos arquivos de Sorocaba, então Matriz de toda a região.

Segundo relato de Hernâni Donato em seu “Achegas”, a extensão da Fazenda Botucatu era grande: «...por um lado, a fazenda chegava ao Paranapanema enquanto do outro, conforme anota a doação de Campos Bicudo, tocava o Tietê. Para o sul, ligava-se à fazenda também jesuítica de Guareí”.

Em 1760, os jesuítas tiveram seus bens confiscados pelo Marquês de Pombal - o todo poderoso Ministro de Portugal - e foram expulsos dos territórios portugueses e, portanto, do Brasil As benfeitorias (currais e ranchos rústicos), os escravos (13), as 440 cabeças de gado e os 43 cavalos dos padres ficaram como a mostrar que a fazenda tinha vida própria Os índios catequizados fugiram, assim como muito gado escapou para o sertão.

SOB O SIGNO DA CRUZ Citada por Hernâni Donato a posição de historiadores que reivindicam para os jesuítas os méritos maiores de povoadores e remotos fundadores de Botucatu, como Plínio Airosa : “...antiga fazenda, confiscada aos padres jesuítas em 1759, a origem do mesmo município.”

Em outras palavras : Botucatu teria sido uma fazenda, uma GRANDE FAZENDA JESUÍTA e os padres da Companhia de Jesus SEUS FUNDADORES, sendo certo, por registro passado e sacramentado, que os PRIMEIROS BOTUCATUENSES nasceram na Fazenda Jesuíta.

Nascida sob o signo da cruz e desbravada pela competente e elitizada ordem religiosa dos jesuítas, a FAZENDA BOTUCATU era parte de real importância no “CAMINHO DO PEABIRU”, na “TRILHA DO SUMÉ” que ia de São Vicente até Cusko, no Peru

Diário da Cuesta 3
Diário da Cuesta 6

EsporteDestaque em

Vinícius Alves

A nova queda do M1to

Chegou ao fim a segunda passagem de Rogério Ceni como técnico do São Paulo

Rogério chegou para sua segunda passagem pelo São Paulo após conquistar o título do Brasileirão de 2020, além do Carioca e Supercopa do Brasil com o Flamengo em 2021. No entanto, seu trabalho não convenceu os dirigentes cariocas mesmo com tais conquistas.

Durou um ano e seis meses o retorno de Rogério Ceni à frente do comando técnico do São Paulo.

Com uma campanha irregular nessa temporada, com a queda precoce no Paulistão e futebol fraco apresentado na Sul-Americana e Brasileirão, o eterno ídolo da torcida tricolor não conseguiu desenvolver seu trabalho, deixando o comando do São Paulo mesmo após vitória contra o Puerto Cabello, pela competição continental.

Tal fato não pode ser tido como surpresa, pois desde o início dessa história, tanto clube como o técnico mostraram não estar prontos para essa nova empreitada.

Com Ceni, o Tricolor acabou ficando com o vice-campeonato Paulista e da Sul-Americana no ano passado. No entanto, os últimos resultados e a “perda” do comando do elenco após discussões e polêmicas acabaram por selar a saída do ex-goleiro do clube.

Mas o cenário do São Paulo já não é dos melhores há muito tempo. Antes de Ceni, vários foram os corajosos técnicos que tentaram botar o Tricolor nos trilhos, sendo que todos foram prejudicados pela instabilidade interna do clube, não tendo eles deixado sequer um legado de suas passagens.

Desde o início Rogério adotou uma postura firme, que, por vezes, beirava a arrogância. Pecou por observações e comentários depreciativos sobre seus atletas e colocou em xeque a permanência de alguns de seus jogadores, não mantendo a união do time, o que pode ter colocado definitivamente a última pá de cal em sua liderança perante o elenco.

Outro fator que pesou para sua saída foi a falta de evolução no futebol praticado pelo time mesmo com tempo disponível no calendário para treinar e apresentar um padrão de jogo.

Na atual temporada, além do fraco futebol, o ex-treinador do São Paulo

se viu refém de uma série de lesões dos jogadores, o que acabou prejudicando ainda mais o desenvolvimento de seu trabalho.

Somente com a sua saída é que a bagunçada equipe do Morumbi pode tentar trazer alguém que consiga unir o elenco e fazer o São Paulo melhorar seu desempenho no restante da temporada.

Agora, resta a Ceni apenas reconhecer que falhou em seu retorno ao clube do Morumbi. Reconhecer que não estava preparado para assumir tal missão, e, por fim, torcer para que o time defendeu por tantos anos saia da difícil situação que nem mesmo ele conseguiu tirar.

A história e a figura do goleiro artilheiro, do mito e maior ídolo do tricolor paulista jamais será apagada. Mas a história do Rogério como treinador do São Paulo parece não querer ter em suas páginas, as mesmas glórias que o Rogério jogador ajudou escrever.

Diário da Cuesta 7

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.