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Diário da Cuesta
JOSÉ MARIA BENEDITO LEONEL
Na serra da Bocaina, o peru do morro não gluguleja no assobio do vento, mas beija seu vizinho, um riozinho marrento, que brinca de esconde esconde por entre as pedras, ladras de seu leito. Depois dele a serra deita, se ajeita e se esparrama numa estrada de areia sem graça, sem vida, mirrada, que volta e meia, serpenteia cheia de si e de nada. Eis que surge um arruado, um vilarejo, velho, uma aldeia ilhada, sufocada por eucaliptos esguios, vazios, frios e mentecaptos, unidos e perfilados como soldados de um forte exército neste deserto verde, chamado morte.
No passado pastavam por ali cabras, bodes e cabritos e era tudo tão boni -
to. O que trago desse arrumado? Meu passado! O que levo comigo do meu lugarejo? Levo meu pejo! E dessa aldeia? A minha alma! Pouca coisa tem minha aldeia além de areia. Tem galos que cantam doidos, cachorros que trocam latidos nas noites de lua cheia, de melancolia e ais. E tem canários da terra nos quintais...e tem mais: tem gente de valia que deles tratam todos os dias. Não se mata, não se caça, não se prende, não se espanta Aqui se acolhe o filhote que pia, o canário que canta. Canta, expia, para. É Piapara . Sem alçapão e gaiolas, doce ponteado de viola pro meu coração. Canta, expia, para. É Piapara . Já tô em casa de novo. Abraços.
“Não perca a cabeça “
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Meu pai dizia pra nóis, “no pulo de burro, não perca a cabeça”.
E ele continuava o conselho, se perdê a cabeça, você cai, machuca, quebra e até morre. Sabe o que é? Burro/mula que pula feio, esconde a cabeça entre os membros anteriores ou seja,entre braços e cascos. E daí o bicho pega.
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Vi burro pulando muitas vezes,derrubando gente da lida, peões de nome e anônimos querendo fama.
Vi burro veaco, chasqueando duro, pulando de corrupio, urrando na espora, querendo arrancá o peão e o cutiano.
Vi burro refugá e pulá feio,no sol do meio dia, barrigueira frouxa. Foi, já que pulô, cortado de espora. Eu era criança mas vi. Quem tava nele era meu pai. Foi ali na invernada dos Pessoa, perto da Água do Corvo. «Não perca a cabeça», ele dizia.
Lá se foram os anos. Peguei outro rumo na vida e embora goste, sou de pouca valia na lida. Ando no meu cavalo com quem me entendo. Nóis se gosta e zela um do outro.
Matinando penso, será que o pai mandava não perdê a cabeça do burro ou a minha? Burro pulando é hora dura na vida, onde o equilíbrio e a coragem andam juntas, encangadas. Nas horas amargas da minha vida, quando lido com os
preconceitosos, com os excludentes, com os segregadores, com os arrogantes, com os desonestos intelectuais, com os violentos e infames, lembro do pai falando, “não perca a cabeça”. Agora, nesse caso, a cabeça é minha e preciso de muito equilíbrio emocional e paciência.
Não, não posso excluí-los e praticar a prática deles. Minha régua é outra ou, como já ouvi dizê, sou de outra enfermaria. Preciso respeitá-los e com tolerância, acolhê-los. Não, não é fácil, mas a saudade da civilidade e das falas serenas são justas. Ainda acredito na humildade e nas pessoas afáveis. Simples assim.
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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Contato@diariodacuesta com br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
PIAPARA: TURISMO ECOLÓGICO!
Há muito tempo se discute a importância do turismo no desenvolvimento de Botucatu. E mais : discute-se a validade da assertiva de que o turismo é uma industria e que bem direcionado pode suprir as necessidades sócio/econômicas de um município. Na Europa e nos Estados Unidos isso já é realidade há muitos anos. Também no Brasil, nos últimos 15 anos, o turismo vem sendo tratado de forma empresarial, objetivando o lucro mas sem deixar de respeitar a ecologia e as características próprias de cada região.
BALNEÁRIO E TERMAS DE PIAPARA
Não é essa uma descoberta nossa. Outros botucatuenses, de muita visão e amor a Botucatu, já sonharam muito com um empreendimento turístico em Piapara. E não ficaram no sonho: mandaram examinar a água e idealizaram um empreendimento adequado à época. Piapara era sempre escolhida para as festas da colônia italiana, para os encontros e confraternizações...
Em meados de 1936 já se pensava em um empreendimento hoteleiro com estação de águas para Piapara. Todos os jornais botucatuenses publicaram no ano de 1936 o anúncio (a propaganda) publicitário que estamos reproduzindo como ilustração desta matéria.
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O Balneário “São Domingos” idealizado por Gastão Pupo, Trajano Pupo e Aluizio de Azevedo Marques possuía “água grandemente mineralizada, proveniente
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Alambari em 1945, atual Piapara, ilustração do saudoso Mestre Benedito Vinício Aloise
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de um poço artesiano com 480 metros de profundidade. Efeito surpreendente no tratamento de enfermidades do Estomago, Nervos e Pele”.
E os idealizadores do empreendimento não tinham conhecimento da existência do Aqüífero Botucatu/Guarani e nem sabiam que o IPT - Instituto de Pesquisas Técnológicas já vem estudando o assunto e comprovando a qualidade dessa água subterrânea Na Revista PEABIRU, em artigo-reportagem sobre o Aqüífero de Botucatu, dizíamos que “...A água que jorra em Paraguaçu Paulista tem uma temperatura de 75 graus centígrados. Tanto é assim, que o IPT está fazendo estudos para os que desejarem utilizar “o precioso líquido” em projetos turísticos no oeste do Estado. Foz do Iguaçu já está experimentando esse “boom”: seus melhores hoteis estão perfurando poços artesianos para abastecer suas piscinas com água quente (com mil metros de profundidade tem-se água com temperaturas entre 40 e 60 graus centígrados).”
A coordenação do sonhado empreendimento da Botucatu dos anos 30 era
de Nello Pedretti, que previa em sua propaganda à população botucatuense “diversões
- locais para pescarias e caçadas
- passeios agradáveis -alimentação salutar - paisagens imponentes
- piscina - leite puro - esportesbanhos em águas medicinais e de sol - cinemas”. Na propaganda da água a mesma ênfase:
“S. Domingos”
- Água Mineral
Natural. Bastante Alcalina, Sulfatada, Cloretada, Sulfídrica e Radioativa”.
E sem estarem na atual onda turística, promoviam Botucatu :
“ - Passe as suas férias em BotucatuCidade Ideal para Férias e Para Descanso”. É VIÁVEL ? ! ? Basta ter vontade política e capacidade de coordenação junto a empresários do setor.
É viável O Poder Público teria que oferecer o mínimo de infra-estrutura, ou seja, conseguir do Governo do Estado o asfaltamento da estrada vicinal que leva até Piapara. Investir em termos de melhoria da infra-estrutura do povoado e BUSCAR a parceria com a iniciativa privada, propiciando o acesso dos empresários às linhas de financiamento que existem a nível do Governo Federal (EMBRATUR/ BNDES).
Esse é um caminho viável para que se dote Botucatu do tão almejado desenvolvimento A falta de dinheiro das Prefeituras e, por consequência, da Prefeitura de Botucatu é indiscutível... Daí a necessidade de muita criatividade e de se buscar o caminho que está viabilizando todos esses
empreendimentos no Brasil : a parceria com a iniciativa privada.
O BALNEÁRIO E TERMAS DE PIAPARA é um empreendimento viável !
BOTUCATU “ é uma cidade ideal para férias e para descanso”... (AMD)
Alambari / Piapara: O Turismo Raiz!
de cargas, inclusive ajudando na integração do MERCOSUL. Ela liga as regiões sul, sudeste e centro oeste do Brasil. Tem uma extensão de 1.720 Km. Realmente, Barra Bonita é um dos trechos do Tietê mais valorizados, com hotéis completos e um turismo muito bem organizado. E o Rio Bonito há muito tempo está sem um planejamento municipal que o adapte a ser um excelente polo turístico. Mas é um desejo dos botucatuenses que querem, também, uma área valorizada e onde possam usufruir do lazer e do turismo regional. Vamos valorizar a nossa região e esperar que o Poder Público faça parceria com empresários do setor de turismo, além de urbanizar e incentivar o lazer no Rio Bonito.
8 - Mirian Emilio de Oliveira (Facebook): Você é um ser muito especial, que dá valor às coisas de sua terra, que ama suas raízes, é muito bom! Qto ao Balneário de Piapara na Mina, seria ótimo, segundo estudos que foram feitos da água dessa mina, ela é muito boa para a nossa saúde e só tem uma igual na Rússia. Mas parece que ali foi vendido para pessoas que não tem interesse em fazer alguma coisa para o proveito turístico daquele lugar. 09/04/2014
Alambari em 1945, atual Piapara. Ilustração do saudoso Mestre Benedito Vinício Barreiro Aloise, feita para o livro "Uma História Desenhda", 2007.
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COMENTÁRIOS:
1 - Delmanto: De Piapara são sempre lembrados os nomes do saudoso Mestre do Desenho e da Ilustração, o prof. Vinício Aloise e do também professor, escritor e conhecido comunicador da Rádio Municipalista, José Maria Benedito Leonel. Divulgaram e promoveram a antiga Alambari. Recentemente, noticiou-se o empenho do Zé Maria para que seja asfaltada a estrada vicinal que liga Botucatu à Piapara...09/04/2014 RECADO: O asfaltamento da estrada que liga Botucatu a Piapara é possível. Existe verba estadual para essas estradas vicinais, BASTA TER VONTADE POLÍTICA! Esse é o caminho. Já tentado várias vezes e em várias administrações. Mas a hora de Piapara há de chegar! Este post é mais um apoio à definitiva inclusão de Piapara no planejamento turístico de Botucatu. É uma preciosidade que está isolada, exatamente, pela dificuldade de acesso. Com a sua água comprovadamente medicinal, o saudoso mestre Agostinho Minicucci, quando se referia ao Aquífero Botucatu/Guarani, lembrava de Paraguaçu Paulista que fez um grande empreendimento aproveitando as águas sulfurosas do Aquífero Botucatu para banhos medicinais, piscina de água quente no seu moderno resort enquanto nós, dizia Agostinho Minicucci, continuamos a molhar os pés no ribeirão Lavapés... Vamos empreender em parceria com a iniciativa privada! Vamos prestigiar PIAPARA! 09/04/2014
2 - Haroldo Leão. Boa, Delmanto. O Vinício tem lindas lustrações de Piapara. As “NOVAS COMITIVAS” que forem constituídas podem percorrer o roteiro estipulado, passando por museus e fazendas e terminando em Piapara, com almoço típico e show de viola e violão... Seria um sucesso! (haroldo.leao@hotmail.com) – 09/04/2014
3 - Ana Maria Nogueira Pinto Quintanilha (Facebook): Que legal, Armandinho! E as ilustrações, que maravilha! 09/04/2014
4 - Neuza Moisés Rezende Leite (Facebook): Muito bom, Armandinho!!! – 09/04/2014
5 - Ana Maria Tancler Stipp (Facebook): Como é bom conseguir visualizar cada uma de suas palavras, pois o que vc escreve é tão gostoso de ler que sou capaz de viajar na leitura. Bjs e parabéns pelo artigo impecável. – 09/04/2014
6 - Eunice Lima (Facebook): Ai que delícia! Por enquanto li só uma vez mas, tenho certeza de que vou ler outras mais. Viajei no tempo, revi os almoços festivos da minha italianada. Saudades! Concordo plenamente quanto a um resort no Rio Bonito. O lugar é ideal. Morei na Fazenda Caçador, que foi loteada para dar origem aos ranchos ali existentes. Nossa fazenda era vizinha ao do Sr. Alcides Soares, tínhamos praias particulares. É um lugar prontinho para enriquecer o turismo. Há muito tempo já tínhamos essa visão. Parabéns e obrigada pelas lembranças – 09/04/2014
7 - Luiz Carlos (Facebook): Com todo o respeito Sr. Armando Moraes Delmanto, mas citar o Tietê como a PRINCIPAL hidrovia do país não seria um pouco de exagero? Pode-se dizer que está entre as principais. Sem dúvida a região do Rio Bonito é magnífica, porém parece mais o complexo do abandono. A estrutura é precária. Sinceramente, prefiro rodar uns quilômetros a mais e ir até Barra Bonita...não tem comparação com o Rio Bonito! E nunca vai ter!!! – 09/04/2014
Delmanto: Obrigado, Luiz Carlos, por sua participação comentando o post. A Hidrovia Tietê-Paraná é, sim, a principal hidrovia no transporte
Delmanto: Obrigado, Mirian, pelo elogio e pelo seu comentário. Realmente, já foram feitos estudos e a água é excepcional. Hoje, pertence a particulares que parecem não ter interesse. No entanto, o Poder Público pode expropriar a área suficiente para a construção de um balneário. Claro que seria em parceria com o setor privado. Havendo a atuação da Prefeitura Municipal no asfaltamento da estrada vicinal (o Governo do Estado tem programa de asfalto a fundo perdido para as estradas vicinais municipais) e na infra-estrutura de Piapara, os empresários viabilizam o empreendimento. Vamos torcer para que isso aconteça ou, pelo, menos, que se comece a batalhar por essas melhorias. Valeu. Grande abraço.
9 - Joana Sant’Iago (Facebook): Nossaaaaaaaaaaaaa. Viajei...Eu fui a Piapara quando era criança, com um primo de Botucatu rsrsr que loucura... era muito lindo o lugar. Adoraria voltar aí, onde fui quando criança . Passeamos a cavalo e foi muiiito gostoso. Merece ser explorada pelo turismo.
09/04/2014
10 - Rene Alves de Almeida fale com o JOSE MARIA BENEDITO LEONEL , ZE MARIA DA MUNICIPALISTA para conseguir um exemplar do livro que ele lançou ... vale a pena ler as estórias e as histórias de PIAPARA .....
09/04/2014
11 - Ana Maria Winckler Audi (Facebook): Quanto tempo! Que saudade, - 09/04/2014
12 - Jo Sant’Iago (Facebook):Conheci este lugar, Alambari ou Piapara, quando era ainda bem pequena. Depois de ler este artigo, fiquei pensando que se tivesse 40 anos, não teria dúvida , iria morar lá. Faria uma linda Pousada , para receber poucas pessoas e garanto a você, que seria sucesso rsrs. O tempo passa e acaba limitando os nosso sonhos ... Será? Bom diaaaaaaa!!! Seja Feliz! – 09/04/2014
13 - Maria Vitoria Simões (Facebook): Armando... Precisamos de vc de volta a política...a boa política...para q certas coisas se realizem ... Pense nisso.... assim você me enche de orgulho... Eu estou, na política, de acordo com aquela musiquinha que tenho sempre repetido: “O meu coração é só de Jesus, a minha alegria é a Santa Cruz”...rsrsrs Grande abraço e obrigado pela sua atenção. Valeu. Grande abraço. – 09/04/2014
- Ramiro Vióla (Facebook): ATENÇÃO PARA AS COISAS DE TRADIÇÃO EM BOTUCATU?...QUANDO?.. PENA EMMMMMMMMMMM... – 09/04/2014
14 - Maria Vitoria Simoes (Facebook): Mas é fato... Vc tem muito a contribuir para a vida publica...experiencia, cultura, decencia e vontade realizar coisas bem feitas...- 09/04/2014
15 - Mirian Emilio de Oliveira(Facebook): Amei! Fantástico! parabéns Armando vc é um gênio!- 09/04/2014
Delmanto - Obrigadão, Mirian. Não sou gênio...apenas amigo do Zé Maria e defensor do melhor Turismo Raiz da região, que é Piapara, cantado há quase 100 Anos! Falta é vontade política, mas um dia chegaremos lá... Grande abraço. – 09/04/2014
Mirian Emilio de Oliveira (Facebook): Verdade Armando a falta de vontade política tem atravancado o nosso progresso turístico e outros. Eu disse gênio, pela sua sensibiidade, sentimento que está um tanto qto em desuso atualmente. Um abração e obrigada pelo nosso Piapara (Alambari) – 10/04/2014
16 - Lia Almeida Lemos (Facebook): compartilhou sua foto. Um esboço da terra onde nasci... o carro de boi do meu avô..., a estação onde meu pai , exerceu a função de telegrafista, a venda do Zé Migué , onde minha avó comprava tecidos para presentear-me, e onde aprendi a gostar das bolachas Maizena e Maria amolecidas, pois ficavam soltas dentro vidros gdes.......faltou marcar a casa da esquina, que era um salão de baile, bailes esses que as turcas de Bofete, eram duas, uma se chamava Mansur, a outra não me lembro, não perdiam por nada deste mundo......, Deus qtas. lembranças.....12/04/ 2014
17 - Eunice Lima Lecionei em Piapara! Ia de caminhão que pegava leite nas fazendas na 2ª feira e retornava na 6ª. Foi o início. Dava aula para 3 turmas. Tomava leite na mangueira, ai que delícia. Obrigada mais uma vez Armando pelas recordações. Meu amado marido ia me visitar lá pois, sua fazenda “A Caçador” não ficava distante. O delícia. – 12/04/2014 (Blog do Delmanto, 09/04/2014)
Os Beneditos de Piapara
De Piapara são sempre lembrados os nomes do saudoso Mestre do Desenho , o professor Benedito Vinício Aloise e o também professor, escritor e comunicador José Maria Benedito Leonel...
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OS DOIS BENEDITOS! Falar de Piapara e não falar dos dois é difícil...
Divulgaram e promoveram a antiga Alambari. Desde as ilustrações de Piapara , de suas casas , do comércio, do trem , dos tropeiros , das comitivas , do gado até o seu histórico com seu magnífico Balneário e Termas que ainda não aconteceu...mas que virá, com certeza!
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Piapara é um tesouro ecológico e turístico que ainda deverá ser lapidado para enriquecer a terra da CUESTA DE BOTUCATU
Recentemente, noticiou-se o empenho do Zé Maria para que fosse asfaltada a estrada vicinal que liga Botucatu a Piapara...
RECADO: O asfaltamento da estrada que liga Botucatu a Piapara é possível . Existe verba estadual para essas estradas vicinais. Basta ter vontade política!
Esse é o caminho já tentado várias
vezes e em várias administrações. Mas a hora de Piapara há de chegar !
Este artigo é mais um apoio à definitiva inclusão de Piapara no planejamento turístico de Botucatu . É uma preciosidade que está isolada exatamente pela dificuldade de acesso.
E salve OS BENEDITOS!
UM REGISTRO HISTÓRICO DA IMPORTÂNCIA DAS REUNIÕES
DA COLÔNIA ITALIANA EM ALAMBARI (PIAPARA)
“...Pino Filliponi, que trabalhava na chave da estrada sorocabana, animava as festas de Pietro Aloísi, com sua chorosa e romântica sanfona. Ela falava, no seu gemido, muito da saudade da Itália.
- Vamos, Pino, o sole mio...
Os italianos de Botucatu estavam chegando, eram os Martin, os Pedretti, os Delmanto, os Minicucci, os Guadanini, os Alfredi, os Tortorela, os Simonetti, os Losi, os Lunardi, os Blasi, os Bacchi, os Pompiani, os Molini, os Mori, os Monteferrante.
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Cada encontro era saudado com gritos, palavrões, corteses gesticulações napolitanas, esbravejamentos calabreses e risadas de Campobasso.
A comida farta e generosa, regada pelo melhor vinho, esquentava os ânimos, esparramava alegria, esfuziava gestos, explodia gargalhadas. Alambari revivia a Itália.
Esses almoços em Alambari , constituíam um prolongamento dos encontros italianos na conhecida “Pensão Franchino” em Botucatu (baixada), famosa pela qualidade de suas massas e de propriedade de Francesco Aloisi , “fratello” de Pietro.
E falava-se de tudo, desde Vitório Emanuelle até Il Duce , da Revolução de 24 ao Prefeito Cardosinho de Botucatu.
Era proibido falar italiano, pois a diversidade de dialetos impedia o entendimento. Também não se podia falar o português. Mas todos se entendiam na alegria, no vinho, nos abraços e nos apetitosos quitutes de Dona Antônia e suas filhas que não paravam o dia todo na faina de bem servir.
Vado Tonin, com sua máquina fotográfica, tipo caixão, comprada no Progresso Garcia, ia imortalizando as cenas daquela
província da Itália, chamada Alambari.
- Qui é la própria Itália... Qualquer giorno, o Vesúvio começa a vomitar brasa ali... E mostrava a Serra de Botucatu... Guarda, Dr. Aleixo, não parece próprio a nostra Itália?!?
A festa ia pela madrugada afora...”
( “As Boiadas Passam...As Lembranças Ficam...”, 1992, págs. 83/85, de Agostinho Minicucci e ilustrações de Benedito Vinício Aloise).
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A R T I G O Saindo de Porto Martins
Domingo sim, domingo não, Nilo atravessa o rio de balsa, em direção a Porto Martins.
Levanta-se cedo. A Nona já tinha matado o frango, fervido o leite, preparado a polenta, esquentado o pão feito em casa para o neto querido.
Quando se sentava à mesa, a Nona solicita vinha servi-lo.
- Que horas a senhora se levantou, Nona?
- Quatro horas, figlio. Já separei as coxinhas e as asas do frango que você gosta.
Tomada a refeição, polenta misturada com leite quente na tigela e o café com leite, pão e calabresa, Nilo despedia-se da da Nona.
- Tchau, Nona.
- Cuidado, figlio mio. Pega o capelo e a malha...
No seu italiano aportuguesado, a avó de Nilo dava-lhe as carinhosas recomendações e ficava à porta esperando o neto querido tomar a balsa.
A balsa, que fazia o itinerário da margem esquerda do rio à estação Porto Martins da Sorocabana e vice-versa, trazia burros, verduras, legumes, frutas e vez em outra um animal de corte.
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Os sitiantes, na sua maioria se aboletavam na barcaça. Falavam da lavoura, do tempo, dos animais, dos filhos, de doenças e não raro, de Botucatu, a cidade grande.
Nilo, moço, dezoito anos, sizudo, ouvia tudo em silêncio. Recebera do pai o sítio Pedra Verde. Acostumado à lavoura e pecuária lutava no sustento de três irmãos, a mãe, o Nono e a Nona.
O pai, italiano de Larino, Campobasso, morrera vítima de uma infecção fatal.
Sua única diversão, além da pesca e caça, erro o passeio a Vitória, onde se encontrava com os amigos.
Sonhava com Botucatu, mas a cidade grande deixava-o apavorado.
Às seis horas a barcaça saiu, com o ronco de um motor a vapor
Em Porto Martins, o trenzinho já os esperava. Uma locomotiva número 222, de cabeça grande, um vagão bagageiro, onde ia o chefe de trem, o auxiliar e o agente do correio. Um vagão de carga e um carro de passeio dividido ao meio, metade primeira classe, metade segunda classe.
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Nilo dirigiu-se à segunda classe com os outros sitiantes. Era comum, no entanto, que se reunisse todos na primeira classe, a convite do chefe de trem, para colocar em dia as conversas.
Seu Américo, chefe de
trem, sempre recebia dos passageiros um frango, um queijo, linguiça calabresa, frutas e outros que tais.
O maquinista alertava a todos, primeiro badalando os sinos e depois com dois silvos longos que ele ia repetindo a estrada toda, principalmente ao passar pelas fazendas ou sítios conhecidos. Os conhecidos acenavam ao maquinista que levantava a mão satisfeito, em cumprimento.
Às vezes parava no meio da estrada para apanhar passageiros. Não tinha muita pressa, pois a baldeação para São Paulo era às onze horas e para Botucatu às doze horas, de misto, que sempre atrasava.
Na paisagem predominavam os cerrados, com vegetação rasteira, entremeada com cafezais. As árvores raquíticas, cascudas, retorcidas, mostravam um solo pobre, vez ou outra um oiti soberbo dominava o campo.
Arbustos, samambaias, joás bravos, coqueirinhos indaiás se misturavam. Gado modorrento e tranquilo não se assustava mais com o trem e às vezes levantava curiosamente a cabeça.
As cercas de arame farpado e as porteiras marcavam os sítios.
A porteira trazia imagens agradáveis a Nilo. Ele balançava nela e gostava de ouvir
seu chiar resmunguento, gemendo com o peso do menino.
Assim que abria a porteira de Terra Verde, sua Nona corria recebe-lo. Pelo barulho da porteira e o ladrar carinhoso dos cães sabia que Nilo estava chegando. Seu Nono sempre o esperava com uma ave, um coelho que tinha caçado na sua esparrela ou com seu bodoque.
Não raro, um lobo guará surgia, fugidio, arisco, temeroso carregando um ovo à boca.
Zé Trabuco, do sítio vizinho, se vangloriava de ter matado mais de cem lobos.
- É uma peste dos demônios, dizia, eles comem os ovos das galinhas. São atrevidos, devoram pintos e frangos. Mas comigo não tem conversa. Apareceu, meto fogo. Conheço a eles pelo cheiro.
No caminho, já próximo a Vitória, um sítio semiabandonado com um casebre rústico, o gado magro raspando o capim nativo.
Um caboclo anêmico, acompanhado de um cão raquítico, caminhava lentamente numa besta triste. Com certez ia também a caminho de Vitória (Vitoriana).
Já, na última curva, a riqueza da fazenda do Conde de Serra Negra, com as casas dos colonos italianos, bem arrumadas, com moinho d’água, o gado gordo e sadio.
Na entrada da Vila, a venda do seu Quim, local onde Nilo costumava passar às vezes, quando ia à casa do administrador da fazenda Serra Negra, o Senhor Fernando Camino, amigo de seu pai e companheiro de viagem no navio de imigtantes.
(do livro “As Boiadas Passam...As Lembranças Ficam...”, de Agostinho Mincucci e ilustração de Bendito Vinício Aloise)
LEITURA DINÂMICA
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1
– Amigos e educadores de Botucatu, o prof. Agostinho Minicucci e o prof. Vinício Aloise fizeram inúmeros trabalhos juntos
3
– Continua uma promessa o aproveitamento turístico de Piapara (Alambari). A exploração da água mineralizada de Piapara está a merecer do Poder Público o devido apoio e implantação viabilizando, assim, o grande sonho dos botucatuenses do passado.
4
– O livro escrito por Minicucci e Vinício retrata a Botucatu rural/ ecológica, com suas comitivas, seus tropeiros e a Piapara (Alambari) que era rota do progresso...
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5– Encontro literário em evento da ABL – Academia Botucatuense de Letras
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– Ilustração
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