Edição 769

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NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO III Nº 769 TERÇA-FEIRA , 25 DE ABRIL DE 2023 Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br 168 20 anos O MAIOR ACERVO HISTÓRICO /CULTURAL DE BOTUCATU! FEITA UMA “GARIMPAGEM JORNALÍSTICA BENEDITINA” NA GRANDE IMPRENSA EM PUBLICAÇÕES CITANDO BOTUCATU DE FORMA NEGATIVA, ENCONTRAMOS FIGURAS DE DESTAQUE NA TELEVISÃO, NO JORNALISMO E NA POLÍTICA NACIONAL E INTERNACIONAL. AFINAL, A PRÓPRIA SONORIZAÇÃO DA PALAVRA BOTUCATU TEM PROPICIADO A QUE SEJA USADA COMO REFERENCIAL POUCO SÉRIO... O DIÁRIO TEM DESTACADO ESSE IMPORTANTE TRABALHO EM DEFESA DE BOTUCATU E DE ESCLARECIMENTO DO HISTÓRICO DE NOSSA CIDADE E DE SUA IMPORTÂNCIA PARA O ESTADO DE SÃO PAULO PÁGINA 4
Diário da Cuesta

20 ANOS: O MAIOR ACERVO

HISTÓRICO/CULTURAL DE BOTUCATU!

Na segunda metade dos anos 90, um grupo de intelectuais botucatuenses partiu para a edição de uma revista cultural. Teria uma periodicidade bi-mensal e procuraria colocar em discussão fatos e registros históricos da cidade e região além do trabalho de sua comunidade ligado à cultura de uma forma ampla para que se pudesse construir e registrar a nossa identidade cultural, o nosso perfil como comunidade progressista e de vanguarda.

Optou-se pelo nome Peabiru, ligado historicamente à origem de nosso município e elevado à posição de emblema oficial pela maestria e criatividade de dois botucatuenses: o escritor Hernâni Donato e o professor de desenho Gastão Dal Farra.

Peabiru – revista botucatuense de cultura !

Editorial

Não faz mal que amanheça devagar, as   flores não tem pressa, nem os frutos, porque sabem que a vagareza das minutos, adoça mais o outono por chegar.

Portanto, não faz mal que devagar o dia vença a noite em seus redutos de leste - o que nos cabe é ter enxutos os olhos e a intenção de madrugar.

O lançamento de um veículo de comunicação é sempre motivo de festa. Quando esse veículo é direcionado à valorização cultural, maior ainda a comemoração.

Para nós, o lançamento da Revista Peabiru assume aspectos especiais de comemoracão: é a primeira revista que editamos.

nal paulistano, e que eu fiquei conhecendo por mera causalidade, foi logo dizendo, em tom agressivo : “Nada de humanismo, nada de poesia, nada de pieguice religiosa, nada de patriotismo. Comigo é a ciência pura, a razão pura, impessoal, sem emoção ” Disse-me tudo isso e ainda se julga jornalista, como se ser jornalista, e hoje mais do que nunca, não fosse um Artigo de Fé em Deus e na Humanidade ! Jornalista porque vem de uma faculdade e trabalha num jornal... Nunca vi ninguém menos jornalista!

Ao tempo em que o sempre lembrado doutor Enéias dirigia o Hospital das Clinicas, falou-me, um dia, em seu gabinete, de certos médicos: eles vem de uma faculdade, trabalham num hospital, tem consultório luxuoso, examinam doentes, receitam, operam. Chegam, muitas vezes, até a curar enfermos. Mas, não são, nunca foram médicos ! Falta-lhes o essencial que é a Caridade, a capacidade de amar, de padecer, de humanizar a ciência com a humildade !

Não temos aqui mesmo em nossa casa um exemplo alevantado de jornalista: o Delmanto, esse moço inteligente que, apresentando com agudeza os problemas da juventude, o faz com ciência, com arte, sentida e corajosamente, levando em cada um dos seus comentários, aos jovens, da sua geração, a sua mensagem de Fé e de Confiança, de Amor e de Civismo ?

Teve a sua primeira fase nos anos 1997/98/99. O “Almanaque Cultural de Botucatu – 2000”, completava com muito destaque essa importante empreitada intelectual botucatuense.

Já no novo século e atendendo a inúmeros pedidos, voltamos a editá-la a partir de 2008, continuando em 2009 e 2010. É o exercício positivo do jornalismo investigativo e que procura ser um formador de opinião, no bom sentido, isto é, fazendo de seus trabalhos de pesquisa e de busca da verdade histórica, um fórum democrático aberto à participação da comunidade botucatuense.

Graças à sua seriedade e ao gabarito de seus colaboradores, a revista Peabiru se transformou no mais importante acervo cultural sobre a cidade de Botucatu, na mais completa coleção de estudos sobre a história de Botucatu.

Em nosso primeiro editorial trazíamos as características da revista que seriam mantidas nas edições posteriores e que lhe deram indiscutível credibilidade junto aos intelectuais botucatuenses:

No passado, tivemos o privilégio de editarmos os jornais “ Tribuna do Estudante” (1963), “A Realidade” (1966). “ Vanguarda de Botucatu” (1970), “Jornal de Botucatu” (1980) e “Folha de Botucatu” (1988). Valeu como ex periência. Mas, revista, sempre foi um projeto para o futuro...

Pois bem, o futuro chegou.

A Revista idealizada teria que ser algo diferente, um veículo que marcasse, que trouxesse uma contribuição efetiva ao debate das idéias.

Essa Revista deveria trazer toda tecnologia gráfica e eletrônica, mas não deveria cair no lugar comum das revistas pasteurizadas, vazias de conteúdo e “esvoaçantes” no inconsequente jogo de fotos e cores. Era preciso algo diferente... Algo que respeitasse a inteligência do leitor.

No jornalismo, eu me orgulho do padrinho que tive : Arruda Camargo. Ele era natural de Avaré e, com certeza, tinha em seu tronco familiar ligação antiga com Botucatu... O Arruda Camargo foi quem abriu as primeiras portas para mim, então calouro da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, isso no final dos anos 60. Através de seu prestígio e de seu círculo de amizades, pude participar de eventos culturais e conhecer grandes vultos de São Paulo. Na casa do Poeta de São Paulo, Paulo Bomfim, o Arruda Camargo me apresentou a “verdadeira instituição cultura” que era Aureliano Leite e a “lenda viva”, o “Tribuno da Revolução Constitucionalista”, Ibrahim Nobre...

Com o Arruda Camargo , que fora editorialista dos principais jornais paulistas, aprendi que jornalismo é uma missão e que o trato com a notícia e seu comentário podem trazer efeitos irreparáveis à comunidade...

Em artigo memorável, publicado no “City News”, de 30/11/69, Arruda Camargo ensinava : “Colega jovem que acaba de ingressar num jor-

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

Contato@diariodacuesta com br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

A primeira condição para ser jornalista é ter capacidade de sentir. Jornal não é cemitério de emoções, não é refugio de fracassados, não é lugar para pernósticos e vaidosos. Quem quer se dedicar a este serviço deve chegar com vontade sincera de servir. O mínimo que importa nesta profissão é saber escrever. Os nossos jornais, desde 1947, estão se esvaziando de mensagens. A grande preocupação é pela forma, pela distribuição perfeita da paginação artística. O diagramador se intitula um grande jornalista! Sem mensagens para o povo ledor, o jornalista se preocupa em paginar com arte, com finura. Não se vende mais notícias, informações ou idéias : vende-se o feitio gráfico !

Antes de ser passatempo o jornal deve ser sentimento.

Certos brilhantes “profissionais” estão no lugar errado. Eles seriam ótimos embalsamadores...

Outros julgam que o jornal é uma peixeira para cortar e retalhar na honra alheia. Ao contrário de peixeira, o jornal é bisturi, remove gangrena, extirpa tumores, drena..”

Dentro dessa visão - verdadeira aula de civismo - é que pretendemos editar a Revista PEABIRU.

Utilizando toda a tecnologia disponível, mas editando a revista de forma “espartana”, com critério profissional, dedicação e idealismo, muito idealismo.

Voltada à cultura, Peabiru terá a missão de provocar o debate, convocar a “intelligentzia” botucatuense (emprestemos a expressão russa para definir parte da nossa comunidade intelectual) e na discussão de temas de interesse de nossa comunidade, sempre valorizando o cidadão, despertar valores e delinear rumos para a solução dos nossos problemas...

Peabiru pretende ser uma bandeira de luta a favor da cultura local, priorizando as nossas coisas, o nosso folclore, a nossa memória, e mais. descortinando o futuro com audácia e criatividade e fazendo do presente uma rica vivência no exercício pleno da cidadania.

Nos anos 50, obtiveram destaque algumas publicações culturais e políticas : desde a conservadora Revista “Problemas Brasileiros”, do Convivium. sob o comando do Padre Crippa até a “Revista Brasiliense”. representante da esquerda de vanguarda, ligada à Livraria Brasiliense e sob o comando de Caio Prado Jr. Mas, nessa mesma época, a publicação que mais marcou presença foi a Revista “ANHEMBI.” Porta-voz da intelectualidade ligada à USP e

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

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ao “Estadão”, criada em 1952 por Paulo Duarte, liderou por muito tempo o mundo cultural paulista.

A Revista ANHEMBI é o nosso modelo.

Essas revistas dedicadas à cultura são o nosso norte. O nosso modelo.

Com nítida noção de nossa real dimensão, sem querer abranger mais do que a comunidade botucatuense, valorizando a “intelligentzia” local e, principalmente, promovendo o debate sério de temas de interesse de nossa comunidade, destacando o cidadão, despertando valores...

Muita pretensão ? ! ? Será ? ! ?

Essa a nossa disposição... Esperemos poder corresponder às expectativas dos leitores botucatuenses. O Diretor.

“PEABIRU – Revista Botucatuense de Cultura”

A tradição da imprensa de Botucatu, mercê da dedicação e do desapego de pessoas comprometidas com a palavra escrita – jornalistas com formação acadêmica ou não - vem desafiando o tempo, vencendo obstáculos para se firmar, não só no conceito da gente serrana, mas também no alienígena.

Muitos de nossos jornais e periódicos congêneres surgiram, entretanto, como cometas e. como tais, riscaram estes céus azuis. apagando-se sem deixar rastros. Contudo, outros vicejaram pujantes e, ao interromperem o trajeto, já tinham registrado para a história, fatos marcantes da vida da cidade, desde acontecimentos corriqueiros, como aniversários natalícios, núpcias e falecimentos, até registros político-culturais de nossa gente. Foi o caso do “Jornal de Botucatu” - princípio do século - e da “Folha de Botucatu” do notável jornalista Pedro Chiaradia; também, para nosso gáudio, ainda circula a já vetusta “A Gazeta de Botucatu”. Impossível desligar da imprensa local qualquer revista que tenha marcado presença na cidade. Estou lembrado de uma, em forma de almanaque, impressa na década de vinte, que retratou em páginas interessantes e ilustradas a vida estudantil da nossa tradicional Escola Normal, depois EECA Surge agora esta nova revista cultural, tão bem dirigida pelo Armando Delmanto - o prezado Armandinho - jornalista de escol cuja formação cultural muito contribui para o relato de fatos relevantes de nossas origens. Haja vista a série de livros de sua autoria - alguns esgotados - hoje indispensáveis para o perfeito conhecimento de nossas tradições histórico-culturais.

“Peabiru - Revista Botucatuense de Cultura”, sem fazer concessões popularescas. propõe-se a suprir um vazio no setor cultural da cidade e, vencidas as dificuldades naturais de sobrevivência como veículo de comunicação, certamente engrandecerá ainda mais nossa cidade nesse círculo restrito da cultura.

Berço de poetas, contistas, romancistas, teatrólogos, músicos, pintores e outros artistas que colocaram a cultura botucatuense no mais alto nível nacional, Botucatu carecia de uma revista de cultura dos moldes desta.

Tenho certeza, meu caro Armandinho, de que “Peabiru - Uma Revista Cultural Botucatuense” não será mais uma revista, porém o início de uma nova era nos meios de comunicação para divulgação da cultura não só em Botucatu, mas em outras plagas. Peabiru -caminho da serra, em tupi - abra suas trilhas e permaneça por muito tempo. “Ad multos annos”.

José Celso Soares Vieira Presidente da Academia Botucatuense de Letras (revista Peabiru, nº 01 – Ano I – janeiro/fevereiro/1997)

Em 1997 surgia a Revista Botucatuense de Cultura – PEABIRU, com sua edição nº 01, de janeiro/fevereiro de 1997. Prefaciada pelo professor José Celso Soares Vieira, iniciava sua caminhada peabiruana a favor de Botucatu.

Voltada à cultura, Peabiru terá a missão de provocar o debate, convocar a “intelligentzia” botucatuense (emprestemos

a expressão russa para definir parte da nossa comunidade intelectual) e na discussão de temas de interesse de nossa comunidade, sempre valorizando o cidadão, despertar valores e delinear rumos para a solução dos nossos problemas...

Peabiru pretende ser uma bandeira de luta a favor da cultura local, priorizando as nossas coisas, o nosso folclore, a nossa memória, e mais. descortinando o futuro com audácia e criatividade e fazendo do presente uma rica vivência no exercício pleno da cidadania.

Nos anos 50, obtiveram destaque algumas publicações culturais e políticas : desde a conservadora Revista “Problemas Brasileiros”, do Convivium. sob o comando do Padre Crippa até a “Revista Brasiliense”. representante da esquerda de vanguarda, ligada à Livraria Brasiliense e sob o comando de Caio Prado Jr. Mas, nessa mesma época, a publicação que mais marcou presença foi a Revista “ANHEMBI.” Porta-voz da intelectualidade ligada à USP e ao “Estadão”, criada em 1952 por Paulo Duarte, liderou por muito tempo o mundo cultural paulista.

A Revista ANHEMBI é o nosso modelo.

Essas revistas dedicadas à cultura são o nosso norte. O nosso modelo.

Com nítida noção de nossa real dimensão, sem querer abranger mais do que a comunidade botucatuense, valorizando a “intelligentzia” local e, principalmente, promovendo o debate sério de temas de interesse de nossa comunidade, destacando o cidadão, despertando valores...

Muita pretensão ? ! ? Será ? ! ?

Essa a nossa disposição... Esperemos poder corresponder às expectativas dos leitores botucatuenses.

No link abaixo, todo o histórico da PEABIRU. Vale a leitura: http://www.armandomoraesdelmanto.com. br/?area=artigos&id=12

Comemorando seus 20 Anos de existência po-

sitiva e participativa, a PEABIRU registra a carta enviada pelo Acadêmico da ABL – Academia Botucatuense de Letras, lembrando que a coleção da PEABIRU pode ser encontra na Biblioteca Municipal “Emílio Peduti”, no “Centro Cultural de Botucatu” e nas Bibliotecas da Faculdade de Medicina e da Faculdade de Agronomia.

Amigo e confrade Armando, Manhã chuvosa, impediu-me de visitar a chácara. Fui remexer os meus guardados. Não é que, no correr das estantes, a “PEABIRU” chamou-me atenção. Nas mãos, o número 01 ano I de janeiro/fevereiro 1997. Além de você e eu, quem terá a coleção completa? Vinte anos decorridos de sua primeira edição. Como passa o tempo! Lá estavam Hernâni, Elda, Quim Marques, Fausto Viterbo, José Celso Vieira, Paulo Francis, Armando Delmanto, José Pedretti e eu. Nesse correr dos anos perdemos Elda, Hernâni, Marins... Coisas da vida, no dizer de Roberto Carlos: Muitos choques de opiniões! PEABIRU deixou saudades. Contribuiu para a preservação da cultura botucuda e a divulgação da Academia Botucatuense de Letras que vai completar 45 anos de fundação. Parabéns, amigo. Levanto a taça à sua iniciativa. Saudações, Olavo Pinheiro Godoy - Secretário da ABL - Academia Botucatuense de Letras.

Algumas opiniões sobre a revista Peabiru e sobre o trabalho jornalístico de seu Diretor, Armando M.Delmanto:

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“O Dr. Armando Moraes Delmanto, prezado amigo e colega acadêmico, solicita-nos a colaboração no tocante ao nosso berço natal. Será uma prosa informal resultante da memória afetiva, mas sempre uma contribuição à pesquisa de Peabiru, revista característicamente voltada a sérios estudos dedicados às nossas origens..”

Elda Moscogliato. 2

- “...O seu entranhado amor a Botucatu é algo de um Édipo  inteligente e psicanalizado que soube dignificar a mãe-pátria na sua cidade, no sentido de que elas, as cidades, as vilas, as fazendas compõem o país. Quem ama o seu torrão natal é um grande patriota, que idolatra o seu berço para enaltecer a grandiosidade da nação...”

“...A nossa cidade tem muitos traços de sua personalidade e a sua personalidade é uma extensão e decorrência de Botucatu. Há pessoas que se ligam de tal forma, a eventos, fatos, cidades, tradições e, por que não a Destino, que eu poderia dizer: -Botucatu é o Delmanto...”

Agostinho Minicucci.

3- “...Muito sério é o trabalho que Armando Delmanto vem realizando. Jornalista atento, perspicaz, culto, ele já publicou as “Memórias”, que vêm se somar ao que de melhor se fez com relação ao assunto. Na verdade, Delmanto continua de onde parou Sebastião de Almeida Pinto, aliado ao método de Hernani Donato...”

Alcides Nogueira.

4- “...Você é indispensável para Botucatu. Todo botucatuense que ama esta terra, com certeza, tem a mesma opinião. Continue sua luta, para que a rica história de nossa cidade permaneça viva entre o povo. Continue sua luta, para que os grandes botucatuenses que construíram nossa

história permaneçam vivos em nossa memória e, acima de tudo, sejam exemplos para todos aqueles que desejam o engrandecimento de Botucatu...”

Bahige Fadel.

- “...Rotina gostosa essa - e indesviável - de cumprimentá-lo com aplausos a cada número de Peabiru... Toda Botucatu está obrigada a comemorar o número 10 Número 10 eqüivale à maioridade de uma revista. E assim na publicidade, assim é no editorialismo. A Academia, a Câmara, etc,etc, precisam fazer sessão especial para o lançamento do n° 10 Irei, para me incorporar ao reconhecimento que você bem merece. Não custa o imaginar o seu trabalho nestas 70 edições...”

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Hernâni Donato.

6- “...Como professor de português, concordo em gênero, número e grau aumentativo e como lingüista em morfologia, sintaxe e semântica, com as palavras sempre sábias de Hernani Donato.

Não é necessário mais elogiá-lo, o vocabulário é pobre para tão relevante obra.

Poderia dizer que, na história de Botucatu, há um AD (antes de Delmanto) e um DD (durante Delmanto).

Você inovou a metodologia da história, na pesquisa, na divulgação e no conteúdo.

Quando alguém inova e cria uma obra, como Peabiru, arregimenta uma plêiade de arautos, que vão à frente, anunciando o feliz evento.

Quero considerar-me um dos arautos, multiplicador de sons harmoniosos numa sinfonia heróica, como os ventos de ibitu que beijam a serra com mensagens catu.

Você está construindo pedra a pedra, esse caminho sagrado que marca o roteiro de uma cidade - Peabiru.

Pode-se dizer, como num provérbio:

“Quem não leu Peabiru, passou por  Botucatu, mas não viveu  Botucatu. Olhou, mas não enxergou”.

O sentimento patriótico de Botucatu se alicerça no caminho do Peabiru, ponto em que os viandantes dizem:

* Como te amo  Botucatu

* Como te agradeço mensageiro  Peabiru. Sou feliz por ser conterrâneo de  DD...”

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PAULO FRANCIS

No lançamento da revista PEABIRU seria impossível não fazermos uma homenagem especial ao jornalista Paulo Francis, o maior e mais polêmico jornalista brasileiro da atualidade. No último dia 04/02/97, o aguerrido intelectual brasileiro “deu seu adeus às armas” na cidade de Nova York. Perda irreparável... Com 66 anos de idade, Paulo Francis estava no auge de sua vitoriosa carreira. Tendo atingido o “estado de graça” no exercício da cidadania, Paulo Francis era dos raros brasileiros que podia se dar ao luxo de dizer, sempre, o que pensava. As suas críticas e as suas observações iam do Presidente Fernando Henrique Cardoso, passavam por intelectuais “politicamente corretos” como Antônio Houaiss e “peneiravam” políticos como Lula da Silva e Mário Covas, este último em pleno exercício da governança estadual. Não precisava agradar a ninguém. O seu sucesso estava, exatamente, em dizer o que todos gostaríamos de dizer...

Nós. particularmente, sempre fomos admiradores dos escritos de Paulo Francis Ele faz parte de uma galeria de brasileiros que fizeram do jornalismo a porta principal na defesa da cidadania, tão necessária a este país. Com David Nasser, Carlos Lacerda, Samuel Wainer. Nelson Rodrigues e poucos mais, Paulo Francis é modelo de profissional competente e vencedor.

Durante 25 anos, em Nova York, ele fazia o contraponto da política e da cultura brasileiras.

Uma citação famosa de Paulo Francis era lapidar : “...a imprensa brasileira devia ter mais personalidade, mais opinião... “

Muito culto, escritor, ator e crítico teatral, estudioso, não se deixava “encantar pelo sucesso passageiro”. Foi um guerreiro. Um vencedor.

Em 1993, no lançamento do 2° volume do “MEMÓRIAS DE BOTUCATU 2” , fazíamos a abertura do livro com uma citação de Paulo Francis : “Para mim, uma cidade sem passado, sem lembrança concreta de seus antepassados, sem as impressões digitais de sua história, me confrange... “

Brilhante! Diz tudo...

Em 1991, tínhamos uma coluna, “RECADO URGENTE’ , no Jornal de Botucatu e, em 04/01/91, escrevíamos o artigo “Paulo Francis, Ítalo Rossi, Luthero Maynard e outros...” Nesse artigo, fruto de “garimpagem beneditina” na grande imprensa de tudo que era relacionado a Botucatu, fazíamos a sugestão de que o Poder Público fizesse um trabalho dirigido objetivando a divulgação positiva de nossa cidade. Com certeza, a própria sonorização da palavra BOTUCATU propiciou a que fosse usada como referencial pouco sério... Dois momentos de Paulo Francis no espaço de praticamente 20 anos...

Vamos ao artigo :

“É extremamente importante que se busque - caso a caso - o resgate da imagem de Botucatu. A imprensa brasileira tem trazido citações de pessoas famosas que denigrem a imagem de Botucatu. São citações que tomam Botucatu como

referencial negativo, como mau exemplo.

Três dessas citações tínhamos arquivadas para estudo e posterior análise: a do ator botucatuense ITALO ROSSI, que em entrevista à revista “Manchete “ (de 4/6/77), sobre o sucesso de sua carreira, ao dizer que era botucatuense o fez de forma pouco elogiosa à cidade; a do jornalista Luthero Maynard (sobrinho do Prof. Alceu Maynard de Araújo, botucatuense de coração e Patrono da Academia Botucatuense de Letras) que em sua coluna “Definições”, no jornal “Folha da Tarde “, de 12/12/90, de forma gratuita fez a seguinte afirmação: “O inferno existe. E é pior que Botucatu “, e a do jornalista brasileiro mais agressivo, culto, idolatrado e bem pago do momento: PAULO FRANCIS. Temos dois registros de Paulo Francis referentes à Botucatu

O primeiro, data de 13/12/73, quando em sua coluna no jornal carioca “Tribuna da Imprensa “, referindo-se à eleição do Presidente Ford pelo Congresso Americano em substituição a Nixon que renunciara, dizia que « o Congresso, seguindo a vigésima-quinta emenda da Constituição “elegeu” Ford, mas lugar de executivo é em próprio executivo e não legislativo. Ford fez todos os ruídos apropriados de lealdade a Nixon, por certo Deve o diabo a Nixon. Chega a vice-presidente da nação mais poderosa do mundo, tendo um nível de competência de vereador de Botucatu. E tão chato que ninguém se dá ao trabalho de acatá-lo. Mas não bate carteira. Já é alguma coisa nos Estados Unidos de hoje “).

O segundo registro, nos traz o consagrado jornalista em sua coluna do jornal “Folha de São Paulo”, de 26/01/89, analisando o Presidente Bush, recém eleito, e sua mulher Barbara : « Ela tinha 16 anos quando conheceu Bush, foi o primeiro e, presumivelmente, o último que beijou na boca. porque foi amor a primeira vista. Sabe-se que ela prefere mil vezes ficar em Kennebunkport, o palácio da família , no Maine, mas o que fazer ? Toda mulher inteligente sabe que os homens são essencialmente infantis toda a sua vida e precisam fazer alguma coisa que os faça sentir realizados, já que não podem, como Barbara, ser mãe, avó e “with a litle bit of luck”, bisavó . Há 42 pessoas da família Bush com quem ela convive Basta como «realização «. Mas não para George. Sabe-se que Barbara odeia Washington, que acha. corretamente, provinciana, Botucatu-sur-mer , e , nunca disse, mas imagino que considere o Texas uma aberração da natureza, mas foi lá que Bush, financiado pelo Tio, brincou de empresário e começou sua carreira política. “

Dá para formar um quadro crítico ? Botucatu tem sido

usada como referencial negativo, como exemplo do que há de pior.

Que fazer ? Lançar artigos agressivos contra esses notáveis ? Fazer Moções indignadas através da Câmara Municipal ? Que fazer ‘’

Talvez um trabalho de relações públicas direcionado e de alto nível surta melhor resultado ou algum resultado. O importante é que as autoridades constituídas e as forças culturais da cidade realizem um trabalho profissional que busque a divulgação junto a essas pessoas e à mídia em geral de que Botucatu tem, sim, os seus defeitos, como qualquer cidade, de qualquer Estado, de qualquer país, mas que tem também as suas coisas boas, que são muitas, tem um povo bom, mesclado de tantas raças quanto o próprio Brasil e que esse mesmo povo, através dos tempos, a tem colocado em destaque perante a história paulista e nacional. “

Luthero Maynard e Paulo Francis esclareceram que não citaram Botucatu com “animus injuriandi”, muito pelo contrário...

Os dois volumes do “MEMÓRIAS DEBOTUCATU” e este artigo transcrito chegaram às mãos de Paulo Francis, através do malote que o jornal “O ESTADO DE SÃO PAULO” enviava regularmente àquele seu jornalista.

A imprensa brasileira e nós todos - brasileiros participantes - prestamos nossa homenagem a esse excelente profissional. O Brasil, com certeza, perde um de seus mais positivos referenciais do correto exercício da cidadania.

PAULO FRANCIS honrou o jornalismo brasileiro Enfrentou com destemor os “politicamente corretos” e os “mansamente engajados’’ Foi poderoso. Foi vencedor. (A.M.D) ( revista Peabiru, nº 01, de jan/fev/1997)

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“BOCATATU É A VÓ !”

“Bocatatu é a vó !”, serviria se o erro fosse proposital e cometido por pessoa de conhecida má-fé. Não é o caso. A então primeira-dama do país, Dona Rosane Collor de Mello mandou um abraço para a população de Botucatu e, desacostumada, pronunciou “Bocatatu”. Lembro-me de uma solenidade no Palácio dos Bandeirantes na qual, o então Governador Franco Montoro, em final de discurso, com o homenageado presente, prestou suas homenagens à postura democrática de Dante Alighieri (referia-se ao autor da emenda das eleições diretas, Deputado Dante de Oliveira).

Botucatuenses!”- desarmem os espíritos e tentem buscar o lado bom. Não houve o “animus injuriandi” e isso é certeza de absolvição em nossos tribunais...

Com milhares de municípios em todo o Brasil, a verdade é que a nossa jovem e bonita primeira-dama mandou seu abraço sincero para o povo de Botucatu.

Com a pronúncia certa - BOTUCATUvamos também enviar o nosso abraço à primeira-dama. E, de quebra, o convite para nos visitar mais uma vez. E que traga o Presidente e, se possível, nos garanta um CIAC (centro educacional e esportivo, inspirado nos CIEPs que o Governador Brizola construiu de forma pioneira no Rio de Janeiro).” (Jornal de Botucatu –17/01/1992)

A imprensa de todo o Brasil deu cobertura ao fato. Tornou-se folclórica a “gafe” da primeira-dama

Entre as muitas manifestações, registramos a do consagrado escritor mineiro Otto Lara Resende. O Brasil tem orgulho de seus intelectuais que vieram das Minas Gerais para enriquecer a cultura nacional. O quarteto mineiro é nacionalmente conhecido :Hélio Pelegrino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino. A consagração e registro definitivo dessa “confraria literária” veio no livro “Os 4 Mineiros”, editado em 1980.

Otto Lara Resende, com sua “prosa” envolvente nos trouxe, em artigo publi-

cado em 14/01/92, na Folha de São Paulo, página 2, com o título de “Boca, tatu e siri”, este artigo :

“Sem querer bancar o enxerido, acho que não se pode ser tão rigoroso com a primeira-dama porque errou o nome de Botucatu. Deu um viva a “Bocatatu”. Uma vergonha, disse um. Falta de consideração e de cultura, disse outro. Devia ir capinar em Canapi, disse, trocadilhesco, um terceiro. Só o bravo militante do PRN se mostrou compreensivo. E normal, muitos erram, disse ele. Nada como o bálsamo de um correligionário. Botucatu significa “bons ares”.

Otto Lara Resende

cados. Imaginem se fosse Pindamonhangaba. Na entrega do Prêmio Nobel a Garcia Marquez, ninguém sabia dizer o nome de sua cidade natal: Aracaíaca. Até o rei da Suécia ficou encalacrado. Não se tratando de palavra familiar, esses lapsos são muito frequentes.

Qualquer um de nós já passou por isto. Outro dia eu queria dizer que uma amiga apareceu viva em sonho e disse acordada. É o desejo inconsciente de eliminar essa intrusa, a morte. Em certas circunstâncias, pode ser uma gafe. Em gafe o melhor é não tentar consertar. Senão piora. Se a dona Rosane não sabia pronunciar Botucatu, ficasse calada, disse um botucatuense. Ora, podia saber e errar. O erro acontece por antecipação ou contaminação e é sempre uma cilada. Um “lapsus linguae”. Freud estudou o tema a partir dos seus próprios equívocos. E era o Freud l

Marechal e candidato, o presidente Dutra foi em 1945 ao Paraná. Saudou lá a terra das “araucárias “. Discurso de “ghost writer “, cometeu uma cacoépia ou silabada de amargar. Nem por isto perdeu a eleição. No caso da dona Rosane, a simples dificuldade de articulação pode explicar o deslize. Mas logo se pergunta o que é que está por trás da distração. E as interpretações mergulham fundo na busca de motivos inconscientes.

Desdentado dasipodídeo de hábitos notívagos, o tatu encantou Kipling quando esteve no Brasil. Até pediu um e levou com ele. Ao dizer “Botu”, que se pronuncia “boto”, a primeira-dama juntou dois bichos brasileiríssimos. O boto e o tatu. Tímido, o tatu só quer a intimidade da sua toca. Detesta aparecer. Quem sabe há no lapso de dona Rosane um símbolo inconsciente contra o excesso de exposição. Boca e tatu, puxa, quanto pano para manga ! O melhor é fazer boca de siri. Mas Botucatu que me desculpe, dona Rosane a meu ver está absolvida. “

Consta que é também cidade de bom coração. Cá entre nós, esses nomes indígenas são mesmo compli -

Este é o registro do fato. Corremos todo o noticiário nacional e ganhamos uma bem humorada crônica de Otto Lara Resende... (AMD).

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