Edição 777

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da Cuesta

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

PAULO SETÚBAL

(01/01/1893 – 04/05/1937)

Consagrado historiador e escritor paulista, Paulo Setúbal, foi um advogado e jornalista de destaque. Eleito em 6 de dezembro de 1934 para a Academia Brasileira de Letras. Foi recebido em 27 de julho de 1935, saudado pelo acadêmico José de Alcântara Machado.

A tradição da Festa de Santa Cruz da Serra, em Botucatu, será de 4 a 6 de maio de 2023. O evento ocorre na Capela de Santa Cruz no Bairro de Anhumas.

O evento religioso começa com tríduo nos dias 4 e 5, às 19h, e no dia 6 de maio às 17h. A festa será no dia 7 de maio (domingo). Nessa data haverá missa com o arcebispo Dom Maurício Grotto de Camargo e procissão às 9h, e a parte recreativa às 11h30, com almoço (churrasco – porções de frango e leitoa), e às 15h30 leilão de prendas, além de show com a dupla sertaneja, João Vítor e Gabriel. (Agência 14 News)

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Notícias de Botucatu e sua gente

Diário
ANO III Nº 777 QUINTA-FEIRA , 04 DE MAIO DE 2023 Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br Diário da Cuesta
Moderno como você! Página 3

SOBRE AS OBRAS DE PAULO SETUBAL

ELDA MOSCOGLIATO

Poeta, jornalista, cronista, historiador de profundas raízes, eis que descendia das remotas monções paulistas, Paulo Setúbal firmou-se como romancista, pela “Marquesa de Santos”, seguindo-se-lhe uma larga série de valiosas obras firmadas todas elas na vida colonial brasileira. A critica severa aponta-lhe deslises pois que a criatividade assenhoreia-se dos fundamentos históricos e retoca-lhes os contornos com excessiva fantasia. Não trataremos do historiador.

Seduz-nos em Paulo Setúbal o homem integro, o espírito superior, o intelectual autêntico de linguagem escorreita, amena e sedutora, de pensamentos lúcidos, de expressões elegantes, de sintaxe pura. Sobretudo, sua alma admirável.

E chegamos ao “Confiteor”. É o testemunho de um cristão autentico. Embora escrito há várias dezenas de anos, é livro atual. É para o momento. Para o exato momento histórico que atravessa não só nosso país como toda a humanidade. Em que a crise religiosa em pós de um progressismo desenfreado e atordoante, viu abalados os alicerces de uma civilização duas vezes milenária.

“Confiteor” é um convite à introspecção. Resume todos os problemas individuais que atordoam o homem moderno. É o livro do momento. Porque pressente-se que tendo chegado à beira do abismo, a humanidade tende, neste ou naquele pálido ângulo, aqui ou ali, a regenerar-se. Por-

que além do que já foi, não é mais possível avançar. Provê-se um retrocesso, ou destruição final. Então, há de se pensar numa volta.

A volta pela renovação dos costumes. Então, aqui se conta com a juventude de hoje, humanidade do amanhã. Seu Autor foi um homem do século. Um jovem igualzinho ao jovem atual. Palmilhou todos os caminhos a que leva a mocidade. Melhor, a que leva o intelectualismo arrogante e ateu.

Pois bem : aí está o testemunho de um homem do século. Um moço que viveu plenamente a mocidade. Um intelectual que se empolgou do universalismo voltaireano, que se afundou deliciado em Guerra Junqueiro. Que conheceu o supremo sarcasmo de rir de Deus. Para quem o “pecado era belo, a violência era bela, tudo o que afirma a vida é belo”. Afundou-se no conhecimento kantiano, leu e releu Schopenhauer, deliciou-se com Zaratustra e se desvincilhou como inútil, das raízes de berço, dos ensinamentos maristas do colégio que o educou.

E um dia, encontrou a sua estrada de Damasco. Vivera a vida com intensidade, sofreguidão, com ardor. E de repente . . . o golpe terrível que o aturde, que o confun-

de, que o emociona. Estivera cego, de uma cegueira moral, perniciosa. Vivera como bruto, como animal. Era necessário despertar para o Alto, para as grandezas do Criador. A acordou, realmente, para a Vida. “Confiteor” tem páginas admiráveis. Há tipos perfilados que por si sós, são uma lição moral de grandiosidade infinita. O retrato belíssimo de “Seu Chico”, o professor humilde que fundou o asilo de velhinhos de Tatuí, é uma obra prima de grandeza espiritual. É página antológica que deveria figurar nos compêndios escolares como luminoso exemplo de humildade e nobreza.

Moderno Agostinho, o Autor revive no “Confiteor”, as páginas evangélicas. Como Agostinho, ele tem também a sua Mônica. As preces fiéis e profundamente repetidas longos e longos anos no silencio das horas mortas atingiem as culminâncias de Deus.

O filho pródigo volta ao lar cristão. A ovelha tresmalhada retorna,ferida e sofredora, ao antigo aprisco. E nos braços amorosos do Pai, ele deixa os rascunhos, abandona a caneta e repousa, para sempre, em seu seio Protetor.

“Confiteor” é obra póstuma. Foram encontradas suas páginas, no fundo de uma gaveta e, tal como estavam, foram impressas pos-morte, numa homenagem muito sentida a seu Autor.

É uma mensagem de Fé. É o testemunho inconteste da grandeza de Deus. Vale a pena ser lido. Acervo Peabiru

Que a Embaúba é uma árvore típica do cimo da Cuesta de Botucatu? Pois é, a Embaúba que também é conhecida por Umbaúba, Ambaíba, Ambaúba, Imbaúva ou Imbaúba, é árvore da família das Moráceas (cecropia palmata); é árvore de tronco indiviso. Embaubal é o bosque de embaúbas. Também é chamada de árvore-dos-macacos ou árvore-da-preguiça ou torém. O antigo traçado férreo da Sorocabana passava por Vitória (Vitoriana), Lageado e...Embaúba... Sim, Embaúba é uma pequena Vila pertencente a Botucatu que até hoje é procurada pelos amantes da pesca por ser um local ideal e piscoso. Hoje, o descuido e o desrespeito à natureza reduziu muito o número de Embaúbas em nossa região, mas podem ser encontradas na Cuesta e em vários pontos verdes de nossa cidade.

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

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Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

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a r t i g o

PAULO SETÚBAL

onde vive um de seus irmãos e onde também inicia uma bem-sucedida carreira de advogado. Volta a São Paulo, cidade na qual continua a advogar. Em 1920, tendo o trabalho de escritor reconhecido pelo público, lança o livro de poemas Alma Cabloca, que esgota-se em um mês. A partir de meados dos anos 1920 publica vários romances históricos, principal fase de produção literária, com obras como A Marquesa de Santos (1925), O Príncipe de Nassau e A Bandeira de Fernão Dias, ambas de 1928.

como colaborador do jornal O Estado de S. Paulo. É deputado estadual de 1928 e 1930, mas renuncia ao mandato por ter agravada sua tuberculose. Lança, nos anos seguintes, livros de contos, crônicas e memórias. Em 1934/35, é eleito membro da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Paulo de Oliveira Leite Setúbal (Tatuí, São Paulo, 1893 - São Paulo, São Paulo, 1937). Poeta, romancista, cronista. Paulo Setúbal dedica-se ao romance histórico tendo São Paulo e seus habitantes, especialmente do interior como principal mote de sua produção. Sua trajetória personifica e joga luz às histórias individuais, inclusive a sua própria, em narrativas que transitam pelo fato e pela ficção.

Filho do negociante Antônio de Oliveira Leite Setúbal e Maria Tereza de Almeida Nobre, nasce no interior de São Paulo e muda-se, com a família, para a capital, em 1900. Estuda no Ginásio Nossa Senhora do Carmo, dos Irmãos Maristas, e, em 1910, ingressa na Faculdade de Direito de São Paulo, no Largo São Francisco, formando-se bacharel, em 1914. Já à época dedica-se à literatura e tem um de seus poemas publicados na primeira página do jornal A Tarde, onde já trabalhava como revisor. O reconhecimento público e a boa repercussão de seu texto, lhe rende uma coluna no mesmo periódico.

Em 1918, devido à epidemia de gripe espanhola, muda-se brevemente para a cidade catarinense de Lages,

Poeta vinculado à estética parnasiana, Paulo Setúbal transforma passagens da história brasileira e especialmente paulista em romances, tendo as bandeiras e a vida no interior do estado como importantes motes de seus textos. Em seus versos, tematiza a vida dos camponeses, com um enfoque especial nos ‘caboclos’ do interior paulistano, o que, por sua vez, lhe rende a classificação, entre críticos da época, de “poeta regional”.

Sua escrita ancora-se nos fatos históricos narrados mas ganham artifícios literários como diálogos rápidos e dramaticidade que o tornam dinâmico mesmo com o detalhamento histórico que lhe é importante. Além disso, a escolha de trazer elementos da ficção para o fato, personifica e aproxima dos leitores personagens que se confundem com a história da nação brasileira, como é o caso de Domitila de Castro Canto e Melo (1797-1867), a Marquesa de Santos.

Em 1926, trabalha

Em 1935, Paulo Setúbal passa por uma importante passagem de perspectiva espiritual em sua vida, que reflete diretamente em sua obra. Declaradamente ateu durante a juventude, Paulo aproxima-se da vivência na religião católica passando a frequentar a igreja da Imaculada Conceição e alterando o tipo de literatura que consome, dedicando-se a Bíblia Sagrada e a livros de temáticas relacionadas à fé. Neste momento, escreve seu último livro, inacabado pela morte precoce de tuberculose, Confiteor, livro que narra sua conversão.

Paulo Setúbal narra em sua produção literária fatos importantes da história brasileira, com especial atenção a sua terra natal, São Paulo. Sua história também ganha registros através da narrativa, mesmo que que inacabada, de suas memórias.

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