Edição 788

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Diário da Cuesta

Os melhores ônibus nascem em Botucatu

Em Botucatu, o papamóvel (fabricado pela CAIO) utilizado por João

Paulo II, em 1980, já passou por reformas, ganhou nova pintura e permanece no acervo da empresa.

Dante Trevisani, o pioneiro empreendedor da primeira indústria de carrocerias para ônibus em Botucatu

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO III Nº 788 QUARTA-FEIRA , 16 DE MAIO DE 2023 Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br Botucatu recebeu a CAIO em 1978 e a IRIZAR em 1997 REGISTRO HISTÓRICO:

EDITORIAL

É um registro histórico que o DIÁRIO traz para o conhecimento dos botucatuenses, inclusive com a instalação e evolução da CAIO e suas coligadas...

Ônibus são fabricados pela Caio que teve sua fundação em 1945, em São Paulo, bairro da Penha. Foi em 1956 que passou a construir carrocerias metálicas para Ônibus. manteve unidades no Nordeste do país e no Rio de Janeiro, além daquela paulistana. Desativando-as gradualmente concentrou atividades em Botucatu, atraída também pelos integrantes da Hidroplás da qual tinha participação acionária. Para tanto recebeu, da Prefeitura, doação de terreno além de incentivos fiscais.

Viveu acelerada expansão durante os anos 1979 a 1981, principalmente em razão de vultosas exportações para alguns países da América do Sul, da África e da América Central.

Em 1983 completou-se a transferência da fábrica paulistana (iniciada em 1978), o que deu à de Botucatu a capacidade de produzir até 30 veículos-dia, mobilizando,1.500 empregados, na mais importante empresa encarroçadora da América Latina.

A Hidroplás, criada em 1974, atuava no campo de plásticos reforçados com fibra de vidro e termoplásticos, atendendo as indústrias automobilística e ferroviária. Tinha por clientes, entre outros, a Fiat, a Cobrasma, a Mafersa, a Caio, a Mercedes e a Scania.

O desenvolvimento da empresa levou à criação da Frontal, que operava no setor plástico reforçado para cabínas de caminhões. O Grupo Marias, controlador das duas empresas, também fundou a Bras-Hidro para produzir o SMC (sheet moulding compouding) ou “fiberglas” moldado a quente.

Outra coligada foi a Sirene, atendendo ao setor de transportes. O grupo ocupa 400 mil metros quadrados e empregava um expressivo número funcionários.

No ano de 1989, a FOLHA DE BOTUCATU registrava em 4 notas em sua edição de 23/10/1989 que as indústrias de Botucatu enfrentavam um sério e grave problema que era a falta de casas populares. Na ocasião, tínhamos também a ausência de participação do Poder Público na doação de área para a necessária expansão da CAIO. A consequência todos sabemos: Barra Bonita se habilitou, doou área e recebeu a nova Unidade da CAIO...

Hoje, com a expressiva expansão da construção de casas populares por todo o Estado de São Paulo, Botucatu tem recebido excelentes conjuntos habitacionais garantindo, assim, a sustentação para o seu crescimento.

Nesta edição histórica, trazemos algumas publicações da FOLHA DE BOTUCATU que registram o esforço e as conquistas.

No setor de fabricação de carrocerias de ônibus, com a CAIO/INDUSCAR (1978) e com a IRIZAR (1997), Botucatu se destaca no cenário nacional. E a lembrança do ousado empreendedor DANTE TREVISANI registra a atuação pioneira desses imigrantes italianos que tanto engradeceram o Estado Paulista e, com destaque, a cidade de Botucatu.

A Direção

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

Contato@diariodacuesta.com.br

Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

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NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
Livro “MEMÓRIAS DE BOTUCATU”, 1990 FOLHA DE BOTUCATU, 23/10/1989

Os Pioneiros

Dante Trevisani

foi um dos muitos italianos que pontificaram pela tenacidade no trabalho e pela inteligência na realização de suas atividades. Filho de Aniceta Garbelini e Secondo Trevisani, nasceu em Treviso, na Itália, no ano de 1903.

Em 1911, a família Trevisani veio para o Brasil e fixou residência em São Paulo

Dante frequentou a escola primária e depois o curso de aprendizagem de mecânica de automóveis. Mais tarde, como empregado, tornando-se um expert na profissão, passou a ocupar um cargo de responsabilidade na Grande Oficina Geral, em São Paulo.

Aos 18 anos, senhor absoluto da técnica mecânica de motores, deixou a empresa de sua formação e veio para Botucatu.

Aqui abriu modesta oficina mecânica na descida do Moinho do Salgueiro (começo da Rua Amando de Barros). De início, sozinho, soube progredir e ocupar lugar de destaque entre os proprietários de oficinas; seja pela fineza no trato ou pela competência inerente ao ofício, a Automecânica Trevisani ganhou preferência indiscutível num raio de ação que ultrapassou a região de Botucatu.

Em 1927, contraiu núpcias com Dona Palmira Sartori. Desse consórcio teve os seguintes filhos: José (Zelão), casado com Áurea Aparecida Bartuilhe; Dante, casado com Marlene Inês Firmino; Sílvio, casado

com Vera Moreira; Antônio, casado com Maria Helena Blasi; Lúcia Aparecida, casada com Domingos Kron.

Com o aumento progressivo da clientela e colaboração de familiares, construiu a Oficina Auto Sport Dante Trevisani, à Rua Áurea n° 30, atual Rua Cardoso de Almeida, 710, em 1930. No ano de 1932, adquiriu uma casa com extenso quintal na esquina da rua Áurea com a Monsenhor Ferrari. Aí instalou nova oficina em três amplos barracões e, posteriormente, edificou o sobrado que passou a ser sua residência.

Observando as condições e a viabilidade dos transportes naquela época, teve a percepção de largos horizontes para o transporte rodoviário, instalando a 1ª linha de Auto Ônibus Circular em Botucatu, da Cidade ao Bairro da Estação (1933).

A Pioneira “Empresa Auto Ônibus Botucatu” de Dante Trevisani, abriu linhas de ônibus intermunicipais ligando Botucatu a São Manoel, Bauru, Itatinga, Avaré, Piracicaba, Pirambóia, Espírito Santo do Rio Pardo (Pardinho) e Vitória (Vitoriana).

A oficina de veículos para a manutenção dos serviços de transporte coletivo de passageiros, elevou Dante ao cargo de empresário de fábrica de carrocerias para ônibus. Num dos barracões da oficina montou secções de carpintaria, funilaria, tapeçaria, pintura a Duco e outras, com operários especializados em cada departamento.

Podemos afirmar seguramente que a primeira indústria de carrocerias para ônibus em Botucatu foi uma iniciativa de Dante Trevisani.

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Fabricou carrocerias para montar 13 ônibus Alguns foram feitos sob encomenda para empresas de outras cidades (Cambará, Bandeirantes, São José dos Campos).

Em 1937, a Empresa fez um acordo com a Agência Ford de Botucatu que cedeu quatro carros zero quilômetro com os quais Dante abriu uma linha de Botucatu a São Paulo.

Embora novos, os carros não suportaram a longa distância, a estrada e a serra de Botucatu. Como os carros quebravam, o empreendimento durou apenas 90 dias.

Sua firma possuía também caminhões de transporte de cargas: açúcar de Porto Feliz e lenha para a Sorocabana.

Desportista do automobilismo, construiu, certa vez, em cima de um chassis Ford, um carro de corridas para participar desses eventos em nossa cidade (1930).

Quando ia a São Paulo, na volta guiava sempre um novo carro: Bugati, Nash, Chevrolet. Certa vez, trouxe um enorme Buick de oito lugares com o qual inaugurou a linha de transporte coletivo de Botucatu a Piracicaba.

Após o falecimento de Dante Trevisani, a Empresa de Ônibus Botucatu continuou em franco desenvolvimento, graças à administração de sua espôsa e filhos por mais de meio século.

Registro Histórico - A Revista Peabiru mais uma vez tem a satisfação de apresentar matéria de grande importância para a memória de Botucatu. O trabalho de pesquisa do Prof. Sartori, com certeza, terá a maior repercussão dos últimos tempos.

A saga da Família Trevisani estava a merecer a devida atenção por parte de nossa imprensa escrita. Faz parte integrante da história de Botucatu.

Primeiramente com o pioneiro e sonhador Dante Trevisani, capaz de antever o futuro e com ousadia necessária para rasgar os grandes horizontes e lançar positivos empreendimentos.

Basta dizer de seu pioneirismo na fabricação de ônibus em Botucatu.

Antes de ser um “capitis diminutio” para a Caio é, a nosso ver, a prova provada de que essa grande empresa acertou ao vir para Botucatu onde já estava plantada por um imigrante sonhador essa semente industrial!

Com sua morte prematura em acidente de moto, assumiu o comando dos negócios sua esposa Dona Palmira Sartori Trevisani.

Como era natural, com filhos pequenos, Dona Palmira socorreu-se do apoio de sua família, tendo à frente seu pai José Sartori (Cocada), com a participação mais direta de seu irmão Thomaz. Com o passar dos anos, essa verdadeira Matriarca soube levar a bom termo os negócios familiares até que seus filhos assumissem, com grande e destacada dedicação, o comando dos negócios. Nessa época, o Tio Thomaz já estava estabelecido com negócio próprio em sociedade com o Nico Aversa, com prestigiosa oficina de mecânica completa e funilaria.

De 1934 a 1985, portanto por mais de 50 anos, a Família Trevisani prestou inestimáveis serviços ao progresso e desenvolvimento da cidade de Botucatu. Além do pioneirismo na fabricação de ônibus, também foram pioneiros no transporte coletivo de passageiros e na implantação de linhas de ônibus intermunicipais, especialmente para Bauru e São Paulo!

Dante Trevisani - seu patriarca! - ficará na lembrança de todos como alguém que acreditou em Botucatu.

Para aqui veio, viu e venceu... Seu legado precisa sempre ser lembrado como forma de orientação positiva para as novas gerações. (AMD)

*Professor José Antônio Sartori -Professor de Ciências do Estado, Autor de livros didáticos, foi Membro da ABL – Academia Botucatuense de Letras, tendo ocupado a sua Vice-Presidência.

Era um espírito aberto às inovações relacionadas as suas atividades sempre ligadas ao automóvel que foi e é, até os dias atuais, a “fúria” do século XX.

Entusiasta do motociclismo. Portanto, amigo da velocidade. Sua moto marca DKW, de 500 cilindradas, com partida elétrica, podia desenvolver até 120 Km/hora. Exímio motociclista capaz de fazer acrobacias.

Foi representante da firma Cassio Muniz na venda de motos Harley Davidson.

A presença de Dante Trevisani na história de Botucatu representa o pioneirismo no transporte coletivo de passageiros e na indústria de construção dos meios de transporte.

Prematuramente falecido em 1939, em acidente na estrada para São Paulo, deixou seu nome gravado no coração dos botucatuenses, legando a seus filhos um exemplo de tenacidade, de luta invulgar e de trabalho que é a dignidade e sua esperança mais preciosa.

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( Acervo revista PEABIRU, nº 14, de março/abril de 1999)
FOLHA DE BOTUCATU, 22/10/1989. Diário da Cuesta 5
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Botucatu: Gerações Perdidas (1983/2008)

Pelo gráfico-estatístico acima citado é possível concluir que Botucatu não teve continuidade administrativa de 1983 para cá, senão veiamos:

1 - Em 1982 elegeu-se Prefeito Municipal o engenheiro Antonio Jamil Curi. Beneficiado pelo movimento de redemocratização que levaria ao governo do estado, Franco Montoro, assumia, em 1983, a prefeitura em um clima de esperanças e mudanças positivas;

2 - Elegeu em sua sucessão, o seu vice-prefeito, Joel Spadaro. Já no início da gestão houve rompimento político entre eles. NÃO HOUVE CONTINUIDADE ADMINISTRATIVA;

3 . Em sua sucessão. Joel Spadaro não consegue eleger seu sucessor; novamente NAO HOUVE CONTINUIDADE ADMINISTRATIVA. O eleito é novamente Antonio Jamil Curi que governa com equipe diversa da que utilizou em seu primeiro mandato, quer dizer que também NÃO HOUVE CONTINUIDADE ADMINISTRATIVA. O PSDB consegue eleger como deputado estadual, o secretário municipal da saúde, Milton Flávio.

Há rompimento entre o prefeito e o deputado. Parte do PSDB local apoia o lançamento da profa. Raquel Volpato Serbino como candidata a deputada estadual nas eleições seguintes, dividindo o partido no município: nenhum dos candidatos se elege, ficando Milton Flávio na suplência. Antonio Jamil Curi elege como seu sucessor, seu vice-prefeito, Pedro Losi Neto. Há rompimento político entre eles.

Também NÃO HOUVE CONTINUIDADE ADMINISTRATIVA;

4- Na última gestão do PSDB, Botucatu encontrou dificuldades administrativas, financeiras e políticas. Mesmo recebendo uma unidade industrial da EUCATEX, foi muito fraco seu desempenho no desenvolvimento huma-

no. Na sua sucessão (Pedro Losi Neto), candidato à reeleição, perdeu para a oposição, quando se elegeu o arquiteto Antonio Mario Ferreira lelo, do PT. Assim, mais uma vez, NAO HOUVE CONTINUIDADE ADMINISTRATIVA prejuízo para o município de Botucatu é gigantesco. São gerações de botucatuenses vivendo a falta de perspectivas positivas de um desenvolvimento sustentável.

Em seu primeiro mandato, Mario lelo estabilizou as finanças municipais e retomou a estabilidade administrativa. Esse desempenho lhe valeu vitória expressiva na reeleição (2004). No entanto, persiste a falta de planos urbanísticos para a cidade, as avenidas marginais, as necessárias ligações entre os bairros, a avenida do eixo-universitário, a avenida turística do topo da Cuesta, um recinto para exposições e eventos, a construção do CDP, do Fórum e de novos distritos industriais, além do apoio à cultura e a efetiva guarda de bens públicos abandonados (prédios e instalações da antiga Sorocabana).

Moral da história...

O nosso objetivo com todo este trabalho é apenas e tão somente alertar a população botucatuense para a URGENTE NECESSIDADE de escoIher com cuidado aquele que a governará pelos próximos 4 anos. Como diz a propaganda federal “4 ANOS É MUITO TEMPO!”

Não tivemos a intenção de criticar diretamente a nenhum governante da cidade. Não procuramos culpados, quem brigou com quem, quem foi traíra ou não, quem não deixou de pensar na cidade ao invés de pensar menor... Não adianta buscar culpados. O importante é buscar soluções positivas!

Vamos imaginar que cada um dos administradores teve a maior boa vontade em tudo que fez. Nada de má fé Apenas concluímos que Botucatu, nestes últimos 25 anos, sofreu efetiva quebra na continuidade de sua administração. Não houve efetivamente o necessário entrosamento e a salutar continuidade administrativa. E essa continuidade administrativa, como aconteceu em Indaiatuba, pode ocorrer mesmo quando políticos de partidos diferentes se revezavam no poder executivo...

Esperamos que o exemplo de Indaiatuba (cidade praticamente do mesmo tamanho de Botucatu) sirva de exemplo para que busquemos um cidadão prestante para gerir com entusiasmo e competência o futuro de nossa cidade. (AMD)

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05/05/2023
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