Diário da Cuesta
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
Publicado no Diário da Cuesta edição nº 499, de 14 de junho de 2022
Muralha Digital será implantada em Botucatu para monitorar 19 pontos da Cidade com mais de 50 câmaras
Desde a época Medieval, as cidades (burgos) procuravam proteger seus cidadãos. A construção de Muralhas Fortificadas era a maior proteção à época. Hoje, as MURALHAS DIGITAIS estão sendo erguidas com toda a mais alta tecnologia...
Imagens permitirão o patrulhamento inteligente a partir da leitura das placas de veículos que chegam e saem da Cidade e, caso haja um alerta específico, um sinal sonoro é emitido e uma viatura da GCM é acionada para verificar a situação
Foi assinado o contrato entre Prefeitura e Consórcio de empresas que irão implantar e operar a Muralha Digital em Botucatu. A Muralha é o primeiro investimento do Programa Botucatu Protegida, que tem como objetivo ampliar recursos, equipamentos e ações na área de segurança pública na Cidade.
Para este serviço, a Prefeitura investiu quase R$ 5 milhões com a implantação de equipamentos, que deve ocorrer nos próximos 90 dias, e ope-
ração do serviço por 60 meses.
A Muralha consiste na instalação de mais de 50 câmeras de monitoramento que serão distribuídas em 19 pontos de entrada e saída da Cidade e outros equipamentos de tecnologia, os quais irão fornecer dados como leitura das placa de veículos e que auxiliarão no trabalho das forças de segurança do Município e de compartilhamento com outras cidades.
Além das câmeras, o Consórcio também irá implantar o Centro de Operações e Inteligência (COI), onde as imagens serão monitoradas 24 horas todos os dias por guardas
municipais e armazenadas para o uso policial.
As imagens geradas pela Muralha Digital permitirão o patrulhamento inteligente a partir da leitura das placas de veículos que chegam e saem da Cidade. Caso haja um alerta específico para aquele veículo, um sinal sonoro é emitido e uma viatura da GCM é acionada para verificar a situação (FONTE: TRIBUNA DE BOTUCATU)
PROTEGENDO AS ESCOLAS
A Prefeitura Municipal de Botucatu começou a instalação das câmeras de monitoramento em frente as escolas de Botucatu. São 40 câmeras em 360º, ampliando o alcance de imagens, melhorando a qualidade do serviço prestado e monitoramento. Assim que cada equipamento estiver instalado, as imagens já integrarão a Muralha Virtual e serão monitoradas 24 horas pelo Centro de Operações Integradas da Guarda Civil Municipal que estará recebendo um grande reforço em seus recursos humanos: o aumento de 100% do efetivo da Guarda Civil, indo de 75 para 150 membros. E esse é um investimento importante que o Poder Público está fazendo para garantir que escola continue sendo um ambiente seguro para as crianças crescerem e se desenvolverem com qualidade.
Moderno como você!
ANO III Nº 806 QUARTA-FEIRA , 07 DE JUNHO DE 2023 Acompanhe as edições anteriores
em: www.diariodacuesta.com.br A NOSSA MURALHA
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Diário
Cuesta LEITURA DINÂMICA
da
ELDA MOSCOGLIATO
Lá pelas décadas de 19201930, Rubião Júnior era um vilarejo pacato, de umas poucas casas e um punhado de famílias sitiantes a lhe marcarem a escassa demografia. Nos seus oitocentos e noventa metros de altitude contados ao nível da estaçãozinha, ventos constantes, solo de camada arenosa, e o agreste morro de píncaro pontiagudo, cujo acesso único era o caminho velho tão bem fixado pela Kodak do velho Hernandez, a vilazinha pitoresca e alegre só tinha como atrativo para quebrar a mansuetude dos dias sempre iguais, a chegada dos trens da Sorocabana. A gare era o ponto social de reunião do vilarejo. Quando o seletivo anunciava ao Bilo, a partida do trem na estação mais próxima, o velho sino, até hoje existente, badalava os três toques da breve chegada do comboio. Já então nessa altura, fervilhava a gare no alegre perpassar dos jovens, nos encontros dos amigos, na espera do jornal do dia, vendido anos a fio, de forma avulsa, pelo Vicente Costillas. Foi esse velho jornaleiro que deu guarida em sua casa – e melhor – em seu coração, ao pobre menino abandonado que mais tarde surgiu homem feito, integro e exemplar, como o Comandante da Força Publica de São Paulo: o comandante João de Quadros. Enquanto se aguardava o trem, acertavam-se os namoros, definiam-se os noivados, engatilhavam-se negócios, decidia-se da construção da sonhada igreja para Santo Antônio, nome tutelar da região. No Botequim ao lado, fervilhavam os assuntos enquanto se saboreava o quente cafezinho, privilégio do Hotel Varoli.
EXPEDIENTE
Naqueles tempos não se inaugurara ainda o trânsito regular de ônibus. Washington Luiz batia-se pela abertura de estradas. O asfalto cuidado e as pistas não eram ainda. Vigoravam mesmo, os trens da Sorocabana.
Às dez da manhã e às dez da noite, desciam os trens, com pequenas diferenças horárias – um, de Bauru, outro, da alta Sorocabana – a caminho de São Paulo. Às dezesseis da tarde e pela madrugada, subiam da Capital, rumo ao sertão noroeste e para Presidente Prudente, então chamada Alta Sorocabana, os trens de passageiros.
O pernoite econômico, para baldeação, era em Rubião Júnior. Daí, as atividades de nossos avós maternos, que mantinham o Hotel Varoli, no velho casarão dos Pinto e no novo prédio construído, este último , até hoje lá no alto, abrigado pelo ainda frondoso pé de magnólia, à beira da asfaltada Avenida Bento Lopes. A salubridade do clima tornou Rubião, de repente, uma pequenina estação climatérica. Para lá acorriam famílias de São Paulo e de outros lugares, na discreta preocupação do restabelecimento de um dos seus familiares atacado da “fraqueza pulmonar” ante os prognósticos então sombrios de tuberculoses
e de “galopantes” que, não prevenidas, irrompiam em trágicas hemoptises. Desde então, surgiram os “bungalows” risonhos de áreas engrinaldas de trepadeiras alegres e as indefectíveis espreguiçadeiras para os longos repousos da prescrição médica.
Rubião encheu-se assim, de moradores diferentes. Era gente de outros níveis, educada em outras esferas, sujeita agora às contingências da cura. Gente extraordinária que acomodou-se ao pacato viver do lugar e que transformou e alegrou ainda mais o vilarejo.
O Hotel Varoli era hotel de trânsito. Oferecia pernoite e refeições. Não aceitava pensionistas. Fornecia esporadicamente pensão em marmitas. Surgiu daí o conhecimento, a cordialidade, a amizade duradoura envolvendo nossa gente a outras gentes.
Nossa avó – só coração e ternura maternal – era o centro monopolizador daquela juventude que na ocasião demandava o lugar. Indiferente aos riscos pessoais, quantas vezes foi ela chamada aflitivamente para vigiar, com a mãe desolada, as crises de hemoptises que cobriam de angustia as noites passadas nos “bungalows” floridos.
( A Gazeta de Botucatu – 10/08/1971)
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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g o RUBIÃO DOS VELHOS TEMPOS . . .
“ Diferenciados... “
Tem que tê coragem! Tem que sê diferenciado, tem que tê sido batizado pra valê, tem que sê protegido por Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo porque senão não faiz, senão não apeia, senão não monta, senão não capeia ----- Zé, que prosa sem sentido é essa? Do que ocê tá falando? Tá caducando, é?
É mió eu ficá quieto com essas certezas minhas. Tem coisa que não é pra quarqué um e nem pra todo mundo. Não é pra quarqué um, uma mula “voando” morro abaixo, o peão levá a mão no laço, armá a laçada e buscá as guampas do touro fumaça que corre na sua frente, buscando o mato. De companheiro, só o cachorro preto, chamado Carranca. Eu sei e bem quem fazia isso com simplicidade. Tem mais gente que como eu, sabe!
Não é pra quarqué um laçá um bezerro no pasto, confiá na mula que chincha, apeá com o remédio na mão e ir no bezerro com a vaca nelore, mãe amorosa, investindo, berrando, mais brava que cão de guarda na corrente. É preciso mais que coragem. É preciso fé e a proteção de Deus. Assim é.
O burro chucro, baio na cor, tá no palanque dando manetadas
e coices. Tá traiado desafiando a peãozada. Essa é a hora dura. Em mim da saudade do Geraldo. Assim, meio de quarqué jeito, ele chegava montando, sem cuidados e reservas. Se tivesse ele sido violeiro não afinava viola, não importando se afinação fosse cebolão, rio abaixo ou boiadeira.
Montava de quarqué jeito em quarqué traia e fazia pará. E batia o chapéu na cara pra pulá mais. Apeava, ajeitava o lenço no pescoço, brincava com os amigos e ia embora, como se fosse fácil.
Tá na seringa da mangueira, babando de bravo, investindo até na sombra, cavocando o chão. É preciso sê muito homem pra tirá o chapéu da cabeça e , com ele, capeá o boi naquele apertado, até vê ele ajoelhado, na sua frente.
São os diferenciados da lida. Mas são tantos os diferenciados na vida....
Circo de periferia, lona véia, arquibancada que balança. E tem os trapézios e o casal de trapezistas É preciso, no vai e vem dos trapézios, no salto no ar e no vázio, muita coragem.
E tem os cirurgiões fazendo operações delicadas nos centros cirúrgicos. Que Deus esteja com eles.
Encerro repetindo, tem coisa que não é pra quarqué um. Eu só tava, na nossa linguagem, prestando tributo a quem Deus escolhe, os diferenciados. E mais, gosto muito deles quando simples e humildes, porque quem é já é e não precisa dizê que é. Simples assim.
NOTA: ilustrações de Vinício Aloise em “uma história desenhada”.
Diário da Cuesta 3
José Maria Benedito Leonel
“O casamento judeu”
MARIA DE LOURDES CAMILO SOUZA
Puxando um fio dessa teia da memória, um quadro se desenhou.
Estive com a prima Rose quando ela tinha acabado de dar a luz a sua primeira filha, e estava se mudando com o marido para uma nova cidade e uma nova casa.
O Fernando era bancário e estava sendo transferido para essa nova cidade.
Tia Lucilla e eu estávamos com eles e os ajudamos a se instalarem.
Alguns anos depois, eles nos fizeram uma visita rápida com a Tia Ofélia, e trouxeram essa menina, já com seus 10 anos, que estava impaciente para ir embora.
A vida seguiu seu curso, e esses primos acabaram indo se estabelecer no Tatuapé em São Paulo.
Os filhos cresceram.
Após o falecimento da Tia Ofélia ficamos sem contato com eles. Um belo dia chegou um convite para o casamento da filha deles.
Ia se casar com rapaz de abastada familia judia numa sinagoga em São Paulo.
O casamento como podem imaginar, foi lindo, obedecendo aos costumes judaicos.
A menina tornou-se uma linda mulher e usava um deslumbrante vestido de noiva.
O noivo trazia um belo terno e o kipá, aquela espécie de meio chapéuzinho que eles costumam usar, como os outros homens presentes.
A noiva cumpriu o ritual das sete voltas ao redor do noivo.
A cerimônia aconteceu sob um chupá( pronuncia-se rupá), que é uma espécie de tenda.
Depois do ritual celebrado pelo rabino, que usava seu talit, começaram as alegres comemorações com muita, muita alegria.
O noivo quebrou o copo com o pé, enquanto os convidados gritavam Mazel Tov
Durante o lauto jantar, com a comida kosher, houve também aquela alegre dança ao som da Hava Nagila, onde os noivos sentados em suas cadeiras são levantados e carregados pelos convidados.
Diário da Cuesta 4