Dr. Cardoso de Almeida
Podemos apontá-lo como o filho mais prestimoso e ilustre de sua terra natal.
O maior político de Botucatu na 1ª República.
Longe de nós a exaltação pura e simples do passado. Longe de nós a fuga poeirenta do dia-a-dia.
Ao contrário, para nós, o passado é o instrumental indispensável para que cheguemos, sem traumas e excesso de erros, ao futuro. O que buscamos é o novo, a modernidade No entanto, é necessário que se mantenha o liame, é necessário que se mantenha a unidade. A unidade histórica de uma cidade ou de sua comunidade. Passado, Presente e Futuro não são estanques Muito pelo contrário
Na análise dos grandes vultos do passado de determinada comunidade conseguimos reconstituir o que essa comunidade foi no seu início e o papel de sua Elite no comando de seu processo evolutivo, a sua postura de liderança em termos regionais e até estadual Ora, a Botucatu desde o início do século XX tinha o seu Plano Diretor Municipal, tinha moderno e avançado sistema de tratamento de esgoto (os nossos córregos não eram poluídos!), tinha Usina Hidrelétrica própria, tinha sólido parque industrial, comércio forte, boas escolas, enfim, tinha liderança política !
Essa liderança - a maior de todos os tempos! - representou uma fase áurea para Botucatu A liderança do Dr. José (Juca) Cardoso de Almeida marcou época. Filho de tradicional família local, formou-se em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco e cedo revelou sua vocação de político e estadista
No “Almanack de Botucatu de 1920”, o seu perfil está traçado de forma clara:
“Podemos dizer; apontá-lo como o filho mais prestimoso e ilustre de Botucatu, sua terra natal. Ainda nos bancos da Faculdade, já o seu espírito buscava a direção que ia ter o regime monárquico, ao arrebol da República, da qual foi ele moço entusiasta, propagandista entre seus contemporâneos, que todos se sentiam levados pela corrente acalorada da implantação do novo poder Formando-se, era inevitável que a política, a porta fascinadora para os que almejam servir sua pátria, fascinasse-o também a si.
Entra por ela...
Vem daí - e não correram muitos anos - a iniciação de seus serviços ao Estado de São Paulo, sob não poucas feições, qual e de mais realce.
Como Secretário da Fazenda, não só valorizou o café, conto também, com isso, ao mesmo tempo, prestava um grande concurso ao governo estadual, um exemplo ao da União e prestígio aos créditos do próprio país.
Botucatuense legítimo, de puro sangue, grande foram os esforços que dispensou aos progressos de sua terra.
Eis aí a Escola Normal, a que deu seu franco e dilatado apoio; o Grupo: Escolar, patrocinado pelo seu nome; a Casa de Misericórdia; a Igreja de N.S. de Lourdes, primor de arquitetura, cujas obras já se encontram em remate e para as quais tem sido “o Dr. Cardoso de Almeida a fonte de recursos particulares....”
ALMANAQUE CULTURAL DE BOTUCATU - 2000
No “Memórias de Botucatu”, de 1990, dávamos destaque para a família Cardoso de Almeida, sob o comando desse político, no processo de implantação, da energia elétrica em Botucatu e no Estado de S. Paulo:
“...Já em 1905, foi constituída a Empresa Força e Luz de Botucatu, tendo a família Cardoso de Almeida posição de acionista majoritária. A inauguração festiva ocorreu em 1907” E mais: “Essa iniciativa, desde o início, contou com a presença do Engº Manfredo Costa que, a convite dos Cardoso de Almeida, chegava a Botucatu... Manfredo Costa obteria pleno sucesso no empreendimento e estava reservada a esse brilhante técnico projeção de destaque na história da energia elétrica do Brasil. Fundador da CPFL - Cia Paulista de Força e Luz sempre tendo o apoio financeiro e político da família Cardoso de Almeida. A CPFL surgiu da Empresa de Força e Luz de Botucatu...”
A ligação de Cardoso de Almeida com a cidade de Campinas, principal base da CPFL, deveu-se à sua ligação, por parentesco, com Ramos de Azevedo, arquiteto responsável pela nova arquitetura da Capital, que tinha escritório de Engenharia e Arquitetura em São Paulo em Campinas.
novamente focalizávamos a atuação de Cardoso de Almeida:
“Com a Revolução de 30 e a tomada do Poder por Getúlio Vargas, toda a situação política existente ruiu... Principalmente, o todo poderoso Deputado Federal, Dr. José (Juca) Cardoso de Almeida, líder da Maioria e do Governo no Congresso nacional e dos mais abalizados chefes políticos do PRP - Partido Republicano Paulista. Revolução é revolução e na fritura geral, até os bons vão junto Sebastião de Almeida Pinto dizia que:
“O PERREPÊ, apesar dos pesares, era uma forja de estadistas e um celeiro de homens públicos...”
A verdade é que o nosso político de maior destaque em todos os tempos acabou exilado em Paris, onde veio a falecer em 1931.
Hojecom o novo prédio do Fórum, o projeto de Ramos de Azevedo será transformado na 1ª PINACOTECA DO INTERIOR DO ESTADO.
O famoso arquiteto Ramos de Azevedo tinha laços de parentesco com a família CARDOSO DE ALMEIDA, de Botucatu. O Dr. José Cardoso de Almeida, na parte política, e o arquiteto Ramos de Azevedo, com seu Escritório de Arquitetura, mudaram o visual da capital Paulista. Os principais edifícios públicos, saíram da prancheta de Ramos de Azevedo: Teatro Municipal, Mercado Municipal, Palácio da Justiça, Correios, Escola Normal e tantas outras obras que marcaram a pujança e o desenvolvimento paulista E Botucatu foi privilegiada ao receber o projeto de seu Fórum do escritório de Ramos de Azevedo.
O arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo foi a maior expressão da arquitetura brasileira na 1ª. República. Atuou também na área acadêmica, sendo professor e Diretor da Faculdade de Engenharia, (Politécnica) da USP, tendo atuação expressiva no comando da Maçonaria (G.O.). Era cunhado do deputado Cardoso de Almeida, que era casado com sua irmã, Dona Ismênia Ramos de Azevedo Cardoso de Almeida.
Nos anos 20, tínhamos o Dr. Cardoso de Almeida como principal líder do PRP, Deputado Federal e várias vezes Secretário de Estado, além da presença de seu irmão Cel. Antonio Cardoso do Amaral (Nenê Cardoso), como Intendente Municipal (Prefeito) e Deputado Estadual; tínhamos, também, o sucesso de Ramos de Azevedo, responsável pelas principais obras públicas da Capital e do interior (em Botucatu, o prédio do Fórum); e tínhamos o destaque do Dr. Alcides de Almeida Ferrari, primo de Cardoso de Almeida, que com efetiva atuação como Juiz chegou, anos depois, a Desembargador e Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.”
Em 1993, no livro “Memórias de Botucatu 2”,
Botucatu prestou sua homenagem ao Dr. José Cardoso de Almeida inaugurando defronte à ESCOLA NORMAL, o busto do ilustre homenageado durante as comemorações do 1º CENTENÁRIO DE BOTUCATU.
Com a mudança política, Botucatu perde a liderança regional. O Dr. Cardoso de Almeida representou, com sua liderança, um período de ouro para Botucatu. Foi Secretário da Justiça(Governo Campos Sales), Secretário da Fazenda (Governo Rodrigues Alves), Secretário da Agricultura (Governo Rodrigues Alves), Secretário da Justiça e do Interior (Governo Jorge Tibiriça), Chefe de Polícia (Governo Bernardino de Campos), Secretário da Fazenda(Governo Altino Arantes), Presidente do Banco do Brasil (Governo Epitácio Pessoa) ”
Dr. José Cardoso de Almeida
Sua atividade legislativa como Deputado Federal foi muito grande. Autor de várias leis com destaque para a que criou a Polícia de carreira, a que deu vitaliciedade aos Escrivães, a que organizou a Força Pública, a que proibiu acumulações de cargos remunerados, a que criou os Bancos populares, a que criou a Bolsa de Café e a que fundou as Caixas Econômicas Estaduais, entre outras. No ano de 1995, a cidade de Botucatu comemorou o 1º Centenário do Grupo Escolar “Dr. Cardoso de Almeida”. É uma vida É a presença positiva do passado É o passado se fazendo presente e sinalizando o amanhã...
Essa luz de nosso passado é que faz com que visualizemos, para o futuro, uma posição de destaque para Botucatu. Com a nossa Elite retomando em suas mãos os destinos da cidade, propiciando o surgimento de novos e valorosos Cardosos de Almeida neste final de século e quase início do terceiro milênio.
Nota: A foto da placa e busto do Dr. Cardoso de Almeida é uma homenagem dos Frades Capuchinhos ao seu grande Benfeitor. Na entrada principal do Santuário Nossa Senhora de Lourdes, à direita de quem entra, a homenagem ao ilustre botucatuense. (AMD)
Inauguração do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes e da Gruta, em 08/09/1918, com a presença do Dr. José Cardoso de Almeida (Benfeitor da obra religiosa), Frei Modesto, Monsenhor Paschoal
Ferrari e Frei Luiz Maria de Sant’Ana, orador oficial e futuro Bispo de Botucatu. A Gruta foi cópia da Gruta de Lourdes, na França.
Diário da Cuesta 2
Projeto de Ramos de Azevedo para o Forum de Botucatu.
A MANSÃO NA AVENIDA PAULISTA
O Dr. Cardoso de Almeida teve vida intensa e destacada na Capital Paulista. Sua mansão construída na Avenida Paulista, esquina com a rua Hadock Lobo era ponto de encontro da sociedade paulistana. Exatamente na esquina foi construída uma varanda elevada para assistir aos eventos públicos na avenida, principalmente ao Carnaval. Local para se ver e ser visto. Como mostra a foto, durante um carnaval, com a presença do governador (presidente do estado) Rodrigues Alves e família, recepcionado por Dr. Cardoso de Almeida e família, além de inúmeros convidados.
Com destaque a foto do conhecido e pioneiro GRUPO ESCOLAR DR. CARDOSO DE ALMEIDA , com a presença do prefeito NENÊ CARDOSO, do arquiteto DUBUGRAS e do empreiteiro FRANCISCO ANTUNES DE ALMEIDA.
(do site SERIE AVENIDA PAULISTA.COM.BR com informações do sr. Claudio Cardoso).
Na foto acima, vemos ao centro o Coronel Nenê Cardoso, irmão de José, tendo a sua esquerda o arquiteto Dubugras e à direita, o empreiteiro Francisco Antunes de Almeida, na época da construção da escola.
Com a vitória da Revolução de 1930, ele foi exilado e morreu, um ano depois, a 6 de outubro de 1931, em Paris O Dr. José Cardoso de Almeida foi o maior botucatuense de todos os tempos.
Folha de Botucatu 25/02/1989.
NOTA DA REDAÇÃO: Pertencente ao 5º Distrito Eleitoral, o município de Botucatu e região representavam, durante a Primeira República, importante base política para o PRP – Partido Republicano Paulista. Os senhores da plutocracia rural levavam com pulso firme a política estadual sob as normas rígidas do “Barão do Café”. É importante que se destaque a efetiva liderança política de Botucatu em toda a região. No ano de 1926, a cidade de Botucatu possuía 33.393 habitantes, sendo que a cidade de Bauru possuía 24.369 habitantes. Em 2010, Botucatu possuía cerca de 140 mil habitantes, enquanto Bauru já passava de 350 mil habitantes. Isso nos dá o quadro de quanto Botucatu perdeu com a Ditadura de Getúlio Vargas que procurou “desmontar” Botucatu politicamente e investir em Bauru como polo de desenvolvimento. Muito bom resgatarmos, após muitas pesquisas e estudo, o perfil do maior político botucatuense de todos os tempos. (AMD – Blog do Delmanto))
Diário da Cuesta 3
Foto de 1933
Diário da Cuesta 4 Almanaque Cultural de Botucatu - 2000