da Cuesta
DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
São Pedro – 29/06
São Pedro: o 1º Papa!
Esta data ainda é considerada o Dia do Papa, pois São Pedro, segundo os católicos, foi o primeiro Papa da Igreja, além de ter sido o que permaneceu por mais tempo com esse título (37 anos).
Pedro era um pescador no Mar da Galileia e largou sua vida para seguir Jesus, sendo apontado como seu sucessor entre os doze apóstolos e teve a missão de construir uma igreja que continuasse a obra do Messias.
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Uma das histórias mais conhecidas sobre a vida de Pedro foi a ocasião em que o apóstolo negou Jesus três vezes ao seu mestre ao ser preso, sendo tomado pelo arrependimento em seguida.
Para os católicos, São Pedro recebeu a missão de ser líder da Igreja de Cristo, assim como diz as escrituras:
“Tu és pedra, e sobre essa pedra edificarei a minha igreja” (Mateus 16:18).
Foi numa hora amarga da vida de Cristo que surgiu o problema de confiar a direção da Igreja a um chefe. A pessoa do Chefe não importava em si. Poderia ter sido João, o discípulo amado. Foi escolhido, porém, Pedro, aquele que deveria negar, por três vezes consecutivas, a seu mestre. Por que não importava o nome e a pessoa do líder? Porque, simplesmente, o poder que teria sobre os demais apóstolos não adviria de suas qualidades, mas da determinação divina, e da assistência direta do Espírito Santo. Assim, Pedro, o negador, foi escolhido chefe dos apóstolos. Quando Cristo lhe disse: apascenta minhas ovelhas; apascenta meus cordeiros, por dois mil anos se teve como a designação do velho pescador como chefe inconcusso dos fiéis e dos demais pastores”.
(“A Juventude: Participação ou Omissão”, AMD – 1970)
“TU ES PETRUS, ET SUPER HANC PETRAM AEDIFICABO ECCLESIAM MEAM, ET PORTAE INFERI NOT PREVALEBUNT ADVERSUS EAM”
“Desdém...”
José Maria Benedito Leonel
- Desdém? Que bicho é esse? Fala logo desse trem, home!
- Desdém amigo, é desprezo, humilhaçao, soberba, petulância.
O desdém é como geada na lavoura, como estouro de boiada, como marotice a pai e mãe, essas coisas que não deveriam acontecer, mas que acontecem.
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O desdém é instantâneo como um bote de serpente, surpreendente como um raio e incisivo como uma punhalada certeira. Mas o desdém que tanto humilha, se disfarça bem, se esconde nas falas mansas e em gestos comedidos. Ele, o desdém, tem finesse, sutilezas.
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Quem o conduz são os olhos, as sombracelhas e o sorriso do agressor. Só a vítima do desdém o percebe acontecendo, sente sua acão.
Como reagir a ele? Confrontá-lo no ato é irracional, ilógico, sem sentido, até porque ele é sutil, discreto, evasivo.
Repito, como reagir a ele?
Recolhendo-se num canto pra ruminar a raíva, a mágoa? Encolhendo-se e ampliando seus complexos de inferioridade?
Perdoando o agressor, divino que é?
Eu, que conheço bem o desdém, desdenhado que fui tantas vezes, não tenho receita. Nesta altura da vida, em nome dos meus valores e crenças, me distancio, calmamente. Dói? Dói! Dói, porém doeu mais na minha adolescência e juventude.
Sabe honestamente e racionalmente acho que devolvo o desdém ao agressor porque sei que alguma coisa em mim o incomoda. Meu descaso amigo, eu sei, também o machuca. Do desdém, bom mesmo é saber-se incapaz de cometê-lo. de propósito, conscientemente. Do agressor, bom mesmo é ser diferente dele, graças a Deus. Simples assim.
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Em tempo: Você já foi desdenhado?
EXPEDIENTE
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
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Pedro Delmanto (Pietro Del Manto)
mercial, “Casa Del Manto”, de venda de sapatos, botas, luvas e chapéus, possuindo oficina própria para a feitura e conserto de calçados.
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No início do século XX, o cavalo era meio de transporte e Pedro Delmanto andava com orgulho pela cidade.
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Dia 29 de Junho – DIA DE SÃO PEDRO! – é a data natalícia do meu avô paterno, PEDRO DELMANTO (1870 – 1965). Nascido em 1870, em Zoppi/Castellabate, na região de Salerno/Itália, veio em 1887 para o Brasil, juntamente com seu irmão Costabile. Seguindo o desbravamento da Sorocabana que aqui chegava com suas paralelas poderosas, elegeu Botucatu como seu porto seguro. Aqui constituiu família e empreendeu com muita dedicação, sempre interagindo de forma positiva com a colônia italiana local. Venceu nos negócios, pertenceu à Loja Maçônica Italiana “Silvanno Lemmi”, tendo sido seu venerável, construiu e cedeu o prédio feito especialmente para essa finalidade. Com a construção da CASA DE SAÚDE “SUL PAULISTA”, atendeu a uma importante reivindicação dos imigrantes italianos de Botucatu: ter seu HOSPITAL! Além de propiciar ao seu filho, Aleixo Delmanto, a oportunidade de dirigi-la juntamente com o Professor Dr. Ludovico Tarsia – Catedrático de Cirurgia da Real Universidade de Nápoles – que estava exilado no Brasil por problemas políticos.
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Casou-se com Maria Varoli, filha de Aleixo Varoli, em 1900. O patriarca Aleixo (Alessio) Varoli foi um dos pioneiros da industrialização em Botucatu. Primeiro Presidente da Società Italiana di Beneficenza e Agente Consular da Itália. Seus genros, todos italianos: Francisco Botti (Francesco Botti Caffoni), Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) e Adeodato Faconti. Francisco Botti, casado com Albina Varoli, atuou no setor bancário e deu continuidade à atuação na cafeicultura do sogro, assumindo a sua grande propriedade rural. Botti chegou a ter seu próprio banco, o Banco Brasul (absorvido em meados da década de 1970, pelo Banco Itaú) em sociedade com a família Mellão, da vizinha cidade de São Manuel Pedro Delmanto, casado com Maria Varoli, atuou no setor calçadista, possuindo Loja de Calçados, Fábrica de Calçados e o Curtume Bella Vista, especialmente montado para servir a Fábrica Delmanto.
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Botucatu/Anos40 - Em pé: Antônio, Fióquinha, Fióca, Pedro Delmanto, Alice Delmanto, Orlando, Rina com Rubens no colo e Wanda. Sentadas: Maria Varoli Delmanto, Peggy e Glória.
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Esse imigrante italiano alcançou seguidos sucessos até a grande crise de 1929/1930, quando encerrou seus negócios, transferindo-se, posteriormente, para a capital do estado. Antes disso, porém, em 1928, Pedro Delmanto viveu a realização de outro grande sonho: a inauguração da “Casa de Saúde - Sul Paulista”. Pedro Delmanto procurou reproduzir, em pequena escala, em Botucatu, na Casa de Saúde, as linhas arquitetônicas de um grande hospital de Florença. Assim, inaugurou a Casa de Saúde “Sul Paulista”, em 1928. Com a presença do Consul Italiano, representando o Rei da Itália, foi inaugurado com toda a pompa esse pequeno hospital. Estava orgulhoso esse imigrante italiano que possuía o mais antigo estabelecimento comercial da cidade (1891). Ele preparara esse pequeno hospital para o retorno de seu filho primogênito, Aleixo Delmanto, que fora com 9 anos para estudar em Parma (Itália), com seus primos Botti. Como era natural naquele tempo, seguiu para a terra natal de seu avô materno, Aleixo Varoli, Agente Consular da Itália em Botucatu. Voltava, formado médico pela Real Uni-
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Casado com Maria Varoli Delmanto, teve 7 filhos: Aleixo, Antônio, Dante, Orlando, Berval, Wanda e Peggy (Imaculada Conceição). Como todo imigrante, sonhava vencer e ter seus sete filhos formados. Tutti dottori. E foi assim... Três médicos, dois advogados e duas professoras.
Salve, nono!
Salve, Pedro Delmanto!
CAMINHADA CORAJOSA
Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) viera de Castellabate (Província de Salerno), cidade natal da família Matarazzo. Iniciou sua vida profissional como sapateiro com o Mestre Francisco Grandino, na cidade de Sorocaba, junto a Francisco Matarazzo que também iniciara lá a construção de seu império De Sorocaba, acompanhando o crescimento da Estrada de Ferro Sorocabana, seguiu para Botucatu, então considerada “boca do sertão” Estabelecido na cidade abriu (1891), juntamente com seu irmão Costabile, um estabelecimento co-
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versidade de Parma, com especialização em Radiologia na mais antiga universidade do mundo, a Real Universidade de Bolonha.
Homem de visão, Pedro Delmanto contratara para a Direção da Casa de Saúde, importante professor universitário, Catedrático da Real Universidade de Nápoles, na Cadeira de Clínica Cirúrgica: o Professor Doutor Ludovico Tarsia. Na Itália, o Professor Tarsia tivera problemas políticos, tendo que se exilar no exterior. (AMD)
“A rifa”
Maria De Lourdes Camilo Souza
Foi num dia 29 de junho, noite gélida de inverno.
Fui numa daquelas quermesses deliciosas em comemoração a São Pedro lá na Igreja de São Benedito.
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Ainda não tinham salão de festas.
E a festa foi ao ar livre.
Muitas barraquinhas de comidas e de jogos.
As crianças cheias de agasalhos e gorros acorriam á barraca de pesca para ganharem as cobiçadas caixinhas de traques, brinquedos, brindes diversos.
Logo que conseguiam uma caixinha dos cobiçados traques, saiam jogando os papelotes com pólvora nos pés das pessoas que causavam pequenas explosões, assustando-as.
Os adultos iam pegar um quentão para se aquecerem. Vez ou outro alguém soltava um rojão e todos gritavam :”Viva São Pedro”.
Dona Belinha, mãe do padre circulava com a bandeja de sonhos.
Comprei um enorme sonho recheado de goiabada e enterrei meus dentes naquela delícia açucarada generosamente recheada, ficando com o rosto sujo de açúcar até o nariz.
Passei pelo carrinho do pipoqueiro que ficava sempre no horário das matinês, lá porta do Cine Paratodos, acabava de arrebentar as pipocas e o seu perfume enchia o frio ar noturno.
Formavam fila para pegar um saquinho.
Perto de uma árvore estava o homem já nosso conhecido, pois estava sempre próximo ao portão do Grupo Escolar Raphael de Mousa Campos com seu carrinho de quebra-queixo, cocadas e outras delicias.
Abracei D. Carola e D. Aurora que traziam as faces coradas e geladas pelo frio da noite.
Logo atrás D. Dinda vinha vendendo cartelas de uma rifa.
Comprei uma, sem nem mesmo saber o brinde.
Fui buscar um espetinho lá na barraquinha do Seu Fortes, e continuei a me divertir vendo a quadrilha formada pelos casais da vizinhança enfatiotados a caráter.
“Olha a chuva
Olha a ponte “
E o trem formado pelas duplas ia trotando, trançando e dançando numa alegria sem fim.
“E o sanfoneiro só tocava isso”
A música alegre continuava.
Trombei com a barriga da Biloca e pedi desculpas cumprimentando alegremente.
Depois de tomar um vinho quente senti que estava corada e já até sentia calor.
Aí anunciaram que ia correr a rifa e o Padre anunciou o nome do ganhador.
Ou melhor: a ganhadora.
Vi que os olhares se voltaram para mim e uma amiga do Raphael de Moura Campos gritou: “Maria você ganhou! Vai lá buscar.”
Fui buscar meu prêmio.
Fiquei ali olhando encantada para ele.
Era um lindo casaco de veludo marrom com capuz e punhos de pele de coelho.
Já vesti o casaco na hora para me proteger do frio e do sereno, cobrindo a cabeça com o gorro peludo. Me sentia a própria “Sissi, a imperatriz”!
Foi o único prêmio que ganhei numa rifa em toda minha vida.
Pipocou mais uns rojões no céu estrelado. “Viva São Pedro”
“E o sanfoneiro só tocava isso”.