Diário da Cuesta
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
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Raul Montes Tôrres, filho de José Montes Torres e Josefa Camacho Rodrigues, imigrantes espanhóis, nasceu em 11 de julho de 1906, em Botucatu, e foi batizado em 24 de dezembro. Iniciou seus estudos no Grupo Escolar “Dr. Cardoso de Almeida”, em 1915, quando residia à Rua Curuzu, nº 144. Transferiu residência para a cidade de Itapetininga. Nos anos 20, com a mãe viúva e 4 irmãos, mudou-se para São Paulo. Ao completar 16 anos, tirou carta de cocheiro, passando a trabalhar no Jardim da Luz, e, durante dois anos, perambulou pelas ruas no trabalho duro, até ingressar na Estrada de Ferro Sorocabana, em 1924. Ocupou o cargo de Assistente Administrativo, trabalhando junto à Chefia da Sub-Diretoria de Operações, e aposentou-se em 1954. Casou-se com Assunção Fernandes e, em segundas núpcias, com Adelina Aurora Barreira, portuguesa de Trás-os-Montes, em 1955. Raul Torres faleceu em São Paulo, em 12 de julho de 1970, e foi sepultado do Cemitério do Araçá.
Páginas 2 e 3
Estátua de Raul Tôrres na Praça Comendador Emílio Peduti (Bosque)
O Secretário foi recebido pelo Reitor da UNESP, Pasqual Barretti e pelo Diretor da FCA, Dirceu Maximino Fernandes. Página 2
Nascido em Botucatu (SP), o cantor e compositor paulista Raul Torres (1906 - 1970) tem seu nome associado na história da música brasileira ao universo sertanejo por ser o autor de hits caipiras como Cabocla Tereza (Raul Torres e João Pacífico, 1940), Cavalo Zaino (Raul Torres, 1959), Chico Mulato (Raul Torres e João Pacífico, 1937), Colcha de Retalhos (Raul Torres, 1959), Feijão Queimado (Raul Torres e José Rielli, 1946) Moda da Mula Preta (Raul Torres, 1945), Mourão da Porteira (Raul Torres e João Pacífico, 1952), Pingo D’Água (Raul Torres e João Pacífico, 1944) e Saudades de Matão (Raul Torres e Jorge Galati). Mas o fato é que o vasto cancioneiro autoral de Raul Torres extrapola a fronteira caipira desde os anos 1930, incluindo emboladas, jongos, marchas e sambas. No álbum EM BUSCA DOS SAMBAS DE RAUL TORRES, de título autoexplicativo, o paulistano TRIO GATO COM FOME mostra que o compositor também fez música na cadência bonita do samba desde a década de 1930. No disco, produzido pelo próprio grupo sob a direção musical do violonista Milton Mori, o Trio Gato com Fome registra dez sambas da lavra de Torres. Entre eles, A Cuica tá Roncando - sucesso na gravação original feita em 1934 pelo próprio autor do samba – e A Baiana diz que tem (Raul Torres, 1941), tema regravado no disco do trio com o clarinete de Nailor Proveta. Erguendo a ponte entre as músicas rural e urbana do compositor, o trio regrava músicas raras como Mineirinha (Raul Torres, 1941) Bananeira (Raul Torres, 1932) - samba registrado pelo trio com a adesão da percussão de Paulo Dias – e Tua Mão será meu Pandeiro (Raul Torres, 1937).
A Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, campus de Botucatu, recebeu, na sexta-feira, 07 de julho, a visita do Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Antonio Júlio Junqueira de Queiroz.
O secretário foi recebido na Sala da Congregação da FCA, na Fazenda Experimental Lageado, pelo Reitor da Unesp, professor Pasqual Barretti e pelo Diretor da FCA, professor Dirceu Maximino Fernandes Também estiveram presentes o Secretário Executivo de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Marcos Renato Böttcher e os professores Saulo Philipe Sebastião Guerra, diretor da Agência Unesp de Inovação (AUIN); Raul Borges Guimarães, pró-reitor de Extensão Universitária e Cultura (Proec) da Unesp; Cesar Martins, chefe de gabinete da Unesp, além de dirigentes de outras unidades da Unesp.
Após visitarem todo o campus do FCA, a delegação da Secretaria de Agricultura visitou ainda o Museu do Café, atualmente interditado ao público e necessitando de recursos para sua restauração. O secretário expressou sua intenção de buscar meios para colaborar com a recuperação da área. “Faço questão de tentar ajudar vocês com essa demanda. A cultura do café é a mais nobre do Estado de São Paulo. Não é a maior hoje em dia, mas tem uma história importante porque fez o Estado de São Paulo virar essa potencia que é hoje em dia. Acho que qualquer pessoa que ocupe o cargo de secretário da Agricultura tem obrigação de ter um olhar diferenciado para a cultura do café”. (Fonte: Tribuna de Botucatu)
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta com br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
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Raul Montes Tôrres, filho de José Montes Torres e Josefa Camacho Rodrigues, imigrantes espanhóis, nasceu em 11 de julho de 1906, em Botucatu, e foi batizado em 24 de dezembro. Iniciou seus estudos no Grupo Escolar “Dr. Cardoso de Almeida”, em 1915, quando residia à Rua Curuzu, nº 144. Transferiu residência para a cidade de Itapetininga. Nos anos 20, com a mãe viúva e 4 irmãos, mudou-se para São Paulo. Ao completar 16 anos, tirou carta de cocheiro, passando a trabalhar no Jardim da Luz, e, durante dois anos, perambulou pelas ruas no trabalho duro, até ingressar na Estrada de Ferro Sorocabana, em 1924. Ocupou o cargo de Assistente Administrativo, trabalhando junto à Chefia da Sub-Diretoria de Operações, e aposentou-se em 1954. Casou-se com Assunção Fernandes e, em segundas núpcias, com Adelina Aurora Barreira, portuguesa de Trás-os-Montes, em 1955. Raul Torres faleceu em São Paulo, em 12 de julho de 1970, e foi sepultado do Cemitério do Araçá
RÁDIO: Foi um dos pioneiros do rádio paulista. Em janeiro de 1927 deu sua primeira audição profissional ao microfone da Rádio Educadora, num sábado, recebendo seu primeiro “cachet”: trinta mil réis. Muito dinheiro naquele tempo! A Record foi buscá-lo a peso de muitas centenas de mil réis. Em 1932 transferiu-se para a Rádio Cruzeiro do Sul, já então de nome feito e ganhando sempre crescente popularidade como intérprete do gênero caipira. A Record fez-lhe uma tentadora proposta para tê-lo de volta a seu prefixo. Em 1938, ingressou na Record, compondo o primeiro conjunto efetivo no gênero em nosso rádio: o trio “Torres, Serrinha e Rieli”. A dupla com Florêncio só nasce realmente em 1944. Pouco depois, passaram a se dedicar mais ao rádio, mantendo na Record de São Paulo o programa “Os 3 Batutas do Sertão”, animado pelo trio de mesmo nome, constituído por Raul Torres, Florêncio e José Rieli – a partir de 1947 substituído por Emilio Rielli Filho Este último, substituído mais tarde por Castelinho e, posteriormente, por Nininho.
INTÉRPRETE: Em entrevista, afirmou que seu gosto de cantar nasceu nos tempos em que conduzia seu coche pelas ruas paulistas e sentia necessidade de espantar um pouco o silêncio da solidão. Tinha voz macia e bem agradável. Em fins de 1930 grava para Cornélio Pires com o pseudônimo de Bico Doce. Deixou em discos mais de 400 gravações, sob os principais selos do país, como RCA Victor, Odeon e Colúmbia, em diversos gêneros musicais, tais como modas de viola, guarânias, toadas, valsas, sambas, marchas, jongos, cocos e emboladas. Este último exige bom fôlego do intérprete. Tamanha era a sua habilidade que é reconhecido como “Embaixador da Embolada”.
PRESTÍGIO: Seu prestígio no meio artístico fez com que firmasse boa amizade com Francisco Alves, Sylvio Caldas, Luiz Barbosa, Nonô e muitos outros, que faziam questão de até participar espontaneamente das gravações de Raul Torres. No ano de 1933, o rei da voz fez coro, ao lado de Jaime Vogeler, Moreira da Silva, Castro Barbosa e Jonjoca, para a gravação de “Sereno Cai”.
PARCEIROS EM GRAVAÇÕES: Artur Santana, o Azulão; Nair de Mesquita; Pescuma; Genesio Arruda; Ida e Irene Baldi; Lazaro e Machado; Mariano, pai do acordeonista Caçulinha; Ascendino Lisboa; Joaquim Vermelho; Jaime Vogeler; Aurora Miranda, irmã de Carmem Miranda; Nestor Amaral; João Pacífico; Nha Zefa; Serrinha, filho de sua irmã Izabel Montes Torres; Florêncio; Inhana, da dupla Cascatinha e Inhana; Rosita del Campo; Inezita Barroso e Ramoncito Gomes.
MÚSICO : “Nunca tive professor de canto ou música. Entendo mesmo que a sincera e fiel interpretação das nossas canções, sambas, cateretês, etc., só pode existir na alma espontânea dos nossos sertanejos e, para eles, quase sempre, é inacessível o estudo. Mas é só com eles que se encontra a expressão do nosso clima, das nossas belezas naturais, que, com tanta nitidez sentimental, eles sabem traduzir na simplicidade poética de seus violões e violas.”
COMPOSITOR : Só em 78 rpm, Raul Torres deixou mais de 400 gravações, interpretando, entre outros, Dilermando Reis (Guaratinguetá), Adoniran Barbosa (Dona Bôa), Alvarenga e Ranchinho (Sae Feia), Capiba (Mentira) e Kid Pepe (Quem Mandou e Que Linda Manhã Serena). Porém, sua bagagem musical sobe a 400 composições, só ou em parcerias, como com João Pacífico, Zé Fortuna, Carreirinho, Zé Carreiro, seu sobrinho Serrinha, o conterrâneo Joaquim Vermelho (Joaquim Pedro Gonçalves), Lourival dos Santos, Palmeira, Capitão Furtado (Ariovaldo Pires), Sebastião Teixeira, Geraldo Costa, Cornélio Pires e Tinoco. Em palavras do jornalista botucatuense Sergio Santarosa, não há cantor do gênero sertanejo que se preze que não tenha gravado Raul Torres. Rolando Boldrin e Tonico e Tinoco dedicaram discos inteiros às suas composições. Tião Carreiro assumiu publicamente seu apreço a Raul Torres e tem como título de um de seus discos, em dupla com Pardinho, uma composição do artista botucatuense: “Felicidade”. Suas composições também foram gravadas por outros artistas de renome, como: Luiz Gonzaga, Mococa e Paraíso, Duo Glacial, Irmãs Galvão, Daniel, Chitãozinho e Chororó, e em versões instrumentais com Tião Carreiro e com Renato Andrade.
BOTUCATU EM SUAS MÚSICAS: Embora não tenha encontrado referências a homenagens que autoridades botucatuenses lhe tenham prestado em vida (a primeira carta de um conterrâneo felicitando-o pelo trabalho partiu de Luiz Simonetti, em 1959, havia 32 anos de sua carreira artística), Raul Torres não deixou de citar o nome de sua terra natal em composições e gravações. Em “Quando eu Cantei no Rádio”, gravada em dupla com seu sobrinho Serrinha, menciona: “Eu vim de Botucatu viajando quase um dia inteiro para cantar em São Paulo na irradiação da Cruzeiro...”. Em outras duas composições, relançadas em CD pelo selo Revivendo, em 2004, e que chegaram aos Estados Unidos da América, Japão e alguns países do continente europeu, é possível ouvir Caninha Verde (“Falo verdade e também no cururú, Raul Torres é meu nome, eu sou de Botucatu”) e Desafio (“Eu nasci de madrugada, antes do galo cantá, eu nasci em Botucatu, a minha terra natá”). Esta última, gravada em dupla com Inezita Barroso. Raul Torres lembrava com orgulho de suas origens e sempre que podia visitava Botucatu. Numa dessas visitas, conheceu um boiadeiro e inspirou-se para compor os versos de uma das mais belas modas de viola de todos os tempos: Boiada Cuiabana (“Vou contar a minha vida do tempo
que eu era moço.... Eu saí do Alambari na minha besta ruana...”).
MÚSICAS EM
TRILHAS SONORAS: Rôla...Rolinha – Filme “O Babão”; Mestre Carreiro –Filme “Sertão em Festa”, com Tião Carreiro e Pardinho; Cavalo Zaino – Novela “Cabocla”, levada ao ar pela Rede Globo de Televisão, com interpretação de Sérgio Reis; Cabocla Tereza – Filme “Cabocla Tereza”.
FILME CABOCLA TEREZA (1982): Sumar apresenta Cabocla Tereza - Eastmancolor / Co-produção: Mori Filmes / Direção: Sebastião Pereira / Montagem: Sylvio Renoldi / Fotografia: Eliseu Fernandes / Trilha sonora : Chantecler / Direção Musical: Aluisio Pontes / Música: João Pacífico e Raul Torres / Cantam: Francisco Tozzi, Adauto Santos e Bando de Macambira / Com: Zélia Martins, Sebastião Pereira, Carlito, Washington L. Bezerra (Tonton) / Participação especial: Jofre Soares / Ator Convidado: Chico Fumaça / Antonio Leme, J. Alves, Francisco Tozzi
SUCESSOS: Raul Torres foi compositor de inúmeros êxitos, tais como: “CHICO MULATO” – Raul Torres e João Pacífico (“Tapera de beira de estrada, que vive assim descoberta...”); “CABOCLA TEREZA” – Raul Torres e João Pacífico (“Há tempo eu fiz um ranchinho, pra minha cabocla morar...”); “PINGO D’ÁGUA” – Raul Torres e João Pacífico (“Eu fiz promessa pra que Deus mandasse chuva...”); “MOURÃO DA PORTEIRA” – Raul Torres e João Pacífico (“Lá no mourão esquerdo da porteira...”); “BOIADA CUIABANA” – Raul Torres (“Vou contar a minha vida do tempo que eu era moço...Eu saí de Alambari na minha besta ruana...”); “SAUDADES DE MATÃO” – Raul Torres ( letra ), Jorge Galati e Antenógenes Silva (“Neste mundo eu choro a dor, por uma paixão sem fim...”); “COLCHA DE RETALHOS” – Raul Torres (“Aquela colcha de retalhos que tu fizeste, juntando pedaço em pedaço foi costurada...”); “CAVALO ZAINO” – Raul Torres (“Eu tenho um cavalo zaino que na raia é corredor, já correu quinze carreira, toda as quinze ele ganhou...”) Curiosidade: conheceu o rasqueado em viagem ao Paraguai e introduziu em terras brasileiras com a gravação desta canção; “MODA DA MULA PRETA” – Raul Torres (“Eu tenho uma mula preta tem sete parmo de artura...”); “MODA DA PINGA” – Domínio Público (“Com a marvada pinga é que eu me atrapaio...”) Curiosidade: Inezita Barroso atesta que era de costume dos portugueses, quando uma música agradava, que as pessoas continuassem a compor seus próprios versos encaixando na melodia. “Eu fui numa festa no rio tietê, lá me deram pinga pra mim bebê, tava sem fervê”, segundo Inezita Barroso, são versos de autoria de Raul Torres. “DO LADO QUE O VENTO VAI” – Raul Torres (“Adeus morena eu vou do lado que o vento vai...Me fizeram judiação, é coisa que não se faz, adeus morena eu vou, adeus que eu vou pro sertão de Goiás”) SUAS MÚSICAS ATRAVESSANDO FRONTEIRAS MODA DA MULA PRETA – Argentina; A CUÍCA TÁ RONCANDO – embora nem de carnaval fosse, essa composição de sua autoria faria enorme sucesso no carnaval carioca de 1935, e em Portugal. Curiosidade: Osvaldinho da Cuíca revela que uma de suas fontes de inspiração foi o clássico “A Cuíca Tá Roncando”, de Raul Torres. Gravado originalmente em 1935, pelo próprio autor, esse foi o primeiro samba paulista que obteve sucesso no resto do país. “Era um samba bem rural, bem caipira”, relembra. Lançados em 2004 pelo selo Revivendo, de Curitiba-PR, os CDs “Suspira Meu Bem”, “Tá vendo muié” e “Raul Torres e seus parceiros”, chegam aos mais diversos países, como Estados Unidos, França, Japão e Rússia.
IMPORTÂNCIA PARA A MÚSICA BRASILEIRA: Inezita Barroso, estudiosa do nosso folclore, apresentadora do programa “Viola, Minha Viola”, exibido pela TV Cultura, e que conviveu com Raul Torres, entende como contribuição maior do artista botucatuense para a música brasileira o seu elevado número de composições. Introduziu a cuíca no disco, compôs e gravou o primeiro desafio (“Desafio número 1”, gravado com Nha Zefa), apadrinhou o primeiro 78 rpm de Cascatinha e Inhana. Se a música sertaneja hoje encontra caminhos mais suaves para a divulgação em rádio e discos, deve-se também ao trabalho incansável de Raul Torres e ao pioneirismo de Cornélio Pires. PRÊMIOS: Nos anos de 1954 e 1961, recebeu o Troféu “Roquete Pinto”, um dos mais importantes do rádio e TV, na categoria “Melhor Conjunto” – “Torres, Florêncio e Nininho” e “Torres, Florêncio e Castelinho”. Em 1970, a viúva viria a receber o mesmo troféu, na categoria “Preito de Saudade”.
AS HOMENAGENS PRESTADAS EM BOTUCATU E OUTRAS CIDADES • Botucatu emprestou seu nome a uma rua do município e, em 2002, por iniciativa do vereador Luiz Carlos Rubio, o tornou patrono de escola (EMEFEI Raul Torres). • Lançamento de Cartão Filatélico e quadro na Galeria dos Compositores Botucatuenses em homenagem ao Centenário de Raul Torres – Centro Cultural de Botucatu, julho de 2006 • Tributo ao Centenário de Raul Torres realizado pela Prefeitura de Botucatu: shows com Pedro Bento e Zé da Estrada, Liu e Léu, Tinoco e Tinoquinho, entre outros; vídeo documentário “Toca Raul” e inauguração da estátua na praça Comendador Emilio Pedutti – novembro de 2006 a março de 2007. • Programa “Viola, Minha Viola” – Especial ao Centenário de Raul Torres – levado ao ar pela TV Cultura nos dias 03 e 09 de junho de 2007; • Rua Raul Montes Torres – Franca, SP; • Rua Raul Torres – Marília e Osasco, SP.
• “A Vida de Raul Torres” – moda de viola.
Especial para o Diário da Cuesta
Celebrada neste feriado de 9 de julho, data de sua morte em 1942, madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus, a primeira santa canonizada pela Igreja, que atuou no Brasil, esteve em Botucatu, há mais de um século, a fim de obter a aprovação episcopal para trazer à região as religiosas da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, por ela fundada em 1892.
Paulina viajou de trem de São Paulo a Botucatu em fevereiro de 1913, época em procurou dom Lúcio Antunes de Souza, para lhe pedir a bênção, já que pretendia abrir uma comunidade de freiras em Avaré, as quais fariam serviços de enfermagem no hospital da cidade. O primeiro bispo aprovou a vinda das freiras que trabalharam durante muitos anos na região.
Detalhes da presença da religiosa que havia imigrado ao Brasil em fins do século dezenove publiquei no livro “Madre Paulina – uma santa passou por Avaré”, publicado há 20 anos, na época da canonização da antiga tecelã, que passou a juventude no Vale do Itajaí (SC).
Até 2013 as Irmãzinhas da Imaculada Conceição trabalharam em Avaré em serviços de saúde, educação e assistência social. Na região, as seguidoras de Santa Paulina também tiveram casas em São Manuel e em Águas de Santa Bárbara
Sobre a primeira santa do Brasil
Amábile Lucia Visintainer, nome civil de Santa Paulina, nasceu em Trento (norte da Itália) em 16 de dezembro de 1865. Seus pais Napoleão e Ana eram cristãos devotos, mas muito pobres.
Foi esta precária situação econômica que motivou a família da santa a emigrar para o Brasil em 1875. Os Visintainer se estabeleceram no estado de Santa Catarina, em uma comunidade italiana chamada Nova Trento.
Logo após sua chegada, Amábile conheceu Virginia Rosa Nicoldi e ambas se tornaram melhores amigas. Compartilhavam o mesmo amor por Cristo e sempre rezavam juntas fervorosamente. Até fizeram a primeira comunhão ao mesmo tempo, quando tinham 12 anos.
Durante sua adolescência, a jovem começou
a participar do apostolado paroquial dando catequese para as crianças, cuidando dos doentes e idosos, e até mesmo a limpando a igreja. Amábile se dedicava a estes trabalhos de corpo e alma e, sem que ela suspeitasse, dilapidaram sua vocação para a vida religiosa.
Com a permissão de seu pai, a santa construiu uma pequena casa, em terreno doado por um barão, onde ia rezar, recebia os enfermos e ensinava as crianças. Sua primeira paciente foi uma mulher com câncer terminal e que não tinha ninguém para cuidar dela.
O dia 12 de julho de 1890 é considerado a data de fundação da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, a primeira congregação feminina fundada no país, que começou com o trabalho de Amábile e Virginia na pequena cabana.
Naquele mesmo ano, as duas amigas e outra jovem fizeram seus votos religiosos. Amábile mudou seu nome para Paulina do Coração Agonizante de Jesus e foi nomeada superiora.
O apostolado das irmãs atraiu muitas vocações. Além de suas obras de caridade, também tinham uma pequena indústria de seda para superar as dificuldades econômicas.
Em 1903, Paulina foi convidada a se mudar para São Paulo. Estabeleceu-se no bairro do Ipiranga, onde fundou a obra “Sagrada Família” para acolher os ex-escravos e seus filhos. Em 1918, a igreja brasileira deu reconhecimento a suas virtudes por seu exemplo vocacional.
Em 1938, a religiosa contraiu diabetes e seu calvário começou. Tiveram que amputar o seu braço direito e chegou a ficar cega. Madre Paulina morreu piedosamente em 9 de julho de 1942. Ela foi beatificada pelo Papa João Paulo II durante sua visita ao Brasil em 1991 e por ele canonizada em 2002, em Roma.
Portanto, a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição está celebrando em 2022 um ano jubilar pelos 20 anos de canonização e 80 anos da morte de Paulina. No marco da comemoração, a santa fundadora receberá da Câmara de Vereadores o título póstumo de Cidadã Paulistana, pois ela atuou em São Paulo entre os anos de 1903 e 1942.
Para que serve uma tarde de sábado típica de estação fria com nuvens empanando o brilho do sol? - seguramente é uma tarde especial para aplicação bem demorada da vista e do espírito com profundas reflexões...
No tempo acadêmico havia uma disciplina com o nome de Introdução ao Direito e o professor (Francisco Ribeiro dos Santos) quando iniciava suas aulas com as declinações latinas para alunos jejunos empolgava-se. Na medida que os alunos desembaraçavam ele aplicava suas lógicas e dizia alto e em bom som: “Tempus fugit...!” e sua intenção era dizer ao futuro bacharel que o tempo foge sem parar, ou seja, perdeu um prazo judicial, perdeu uma audiência, perdeu a causa... Ora, era assustador! Como assim? E o professor no alto de sua cátedra sentenciava em bom português: “o direito não protege os que adormecem...” e para encerrar ele acrescentava que a palavra “jus” de Direito, direito de origem humana organizando a vida em sociedade. No sentido objetivo era “jus-norma agendi” e no sentido subjetivo “jus-facultas agendi” e os alunos deixavam a sala lembrando-se do Digesto, trechos de Ulpiano, Pompônio, Gaio, Justiniano e outros conceituados da época romana, segundo Jlherig, Kelsen e Cóssio. Esses nomes permanecem na história do mundo e na memória de quem se põe a contemplar a vida
Roque Roberto Pires de Carvalhosempre ou mais ou menos preocupado com o passar do tempo. 1936/2018 — 82 anos são passados, mudaram-se os números e, segundo uma velha certidão de nascimento diz que seu titular também ficou naturalmente envelhecido! Para ele havia uma consolação! Visitava sempre as praças públicas da cidade e lá contemplava veteranas árvores, vigorosas com suas raízes e frondosas copas verdes ou floridas em suas épocas próprias e que, ao lado de árvores jovens não sentiam nenhuma inveja, afinal, também para elas o tempo vai passar... e felizes serão quando não atacadas pelas mãos dos homens, pragas ou insetos predadores.
Sua prole que era considerada grande ficou enorme... argh! - conheceu filhos, genros e noras, netas e neto, bisneta e bisneto.
Nesta contemplação pretérita foi possível conferir metas nunca antes imaginadas. Ser levado pelas batidas do coração até locais com grandes desafios a serem vencidos na escola, na família, no trabalho e no convívio social.
Na sua primeira aula como professor de ensino médio prometeu para si mesmo ser um professor que ensinasse o prazer de aprender o gosto bom das coisas e sem fazer nenhuma advertência solene. O aprender com leveza e simplicidade e nos encontros sucessivos em salas de aula exibir a alegria de desfrutar da companhia dos jovensalegria que está sempre ao alcance da mão. Como é sabido a alegria mora no momento e não no futuro. Alegrias da formatura, do casamento, do nascimento, da viagem, da promoção, da loteria, da eleição, da casa nova, da aposentadoria foram eventos do passado. A alegria se estampa no aqui e no agora no espaço da casa e no espaço da rua. Se não a encontramos, ela não é culpada. Nossos pensamentos andam muito longe dos lugares onde ela mora.
Antes do crepúsculo, retornou ao jardim das suas memórias para contemplar a presença humana nos bancos da praça, bares e cafés, prédios centenários em cidade velha e a alegria das crianças ao redor do coreto enquanto uma Banda de Música inundava o ambiente com seus dobrados cívicos, marchas e rancheiras para gáudio dos ali presentes.
Ele contemplava tudo isso e sentia-se alegre e muito feliz...!