Diário da Cuesta
ano I Nº 84
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
SEGUNDA-FEIRA, 15 de fevereiro de 2021
O IDEALIZADOR DA DIOCESE DE BOTUCATU:
MONSENHOR PASCHOAL FERRARI !
Monsenhor Paschoal Ferrari, indiscutivelmente, foi o grande paladino da criação de nossa Diocese. Na ocasião, Botucatu disputou com o município de Itu essa primazia. De se destacar que a família Cardoso de Almeida liderava politicamente São Paulo (Deputado Federal José Cardoso de Almeida) e tinha estreitos laços de parentesco com o Monsenhor Ferrari, além do prestígio sempre discreto mas poderoso do Conde de Serra Negra. A criação de novas dioceses já se fazia necessária : a Diocese de São Paulo abrangia parte do sul de Minas Gerais, todo o Estado de São Paulo e quase todo o Estado do Paraná. Após muita luta, sempre tendo à frente o Monsenhor Ferrari, em 1908, Sua Santidade o Papa Pio X, criava a Diocese de Botucatu, com território abrangendo 50% do Estado de São Paulo, limitando-se, ao norte, com o Rio Tietê, ao sul com o Paranapanema, a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com o Rio Paraná. Com a criação da Diocese, foi designado como seu 1º Bispo, D. Lúcio Antunes de Souza, sagrado em Roma, em 15/11/1908, tomando posse na Diocese em fevereiro (20) de 1909, sendo que o Monsenhor Paschoal Ferrari, governou a Diocese em seus primeiros dias. Página 3
PONDO ORDEM NA CASA... O PREFEITO PARDINI FOI ENFÁTICO: “Podemos conviver com imagens como essas em nossa cidade? Pois é, depois de tantas solicitações para manutenção não atendidas, resolvemos, após um levantamento completo de todo o Município, multar uma empresa de telefonia multinacional com atuação em Botucatu pelo péssimo serviço de manutenção de fios e cabos. O valor é de R$ 5.952.000,00. Enquanto aplicamos a multa, aguardamos imediatamente a correção desses problemas pela companhia”.
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ARTIGO Sebastião de Almeida Pinto Nestas crônicas sobre a família Ferrari, um capítulo especial cabe ao Monsenhor Paschoal Ferrari, que, durante trinta e três anos e meio foi Vigário de Botucatu. Depois, no fim da vida, foi Vigário Geral da Diocese de Botucatu. Aos 03 de abril de 1853, Paschoal Ferrari, filho do SCARPELINO Luiz Ferrari, nasceu na Itália, em Corfino, província de Massa Carrara. Estudou no Seminário Menor de Castel Nuovo. Fez seus estudos teológicos superiores no Seminário Maior de Massa-Carrara, onde sacerdote se ordenou em 1879. E já em 1880 chegava ao Brasil. Veio para São Paulo, para onde se dirigia o grosso da imigração italiana. Durante algum tempo, serviu como Coadjutor da Paróquia de Sorocaba. Depois, foi Vigário de Faxina ( hoje Itapeva ) e Bom Sucesso ( atual Paranapanema ). Em 15 de maio de 1886, o padre Paschoal Ferrari assumiu a Paróquia de Botucatu, cidade onde terminou seus dias, em 21 de abril de 1922, aos 69 anos de vida. Foi Vigário da Paróquia até 28/12/1919, e depois, até sua morte, Vigário Geral da Diocese de Botucatu. Desse longo pastorado, muitos frutos resultaram. Do meu saudoso amigo, Padre Salústio Rodrigues Machado, primeiro padre ordenado em Botucatu, ouvi as melhores referências sobre Monsenhor Ferrari: “ Era um sacerdote exemplar. Trabalhador. Amigo do progresso. Aos seus esforços se deve em grande parte, a criação da Diocese de Botucatu,da qual foi Vigário Geral.”
MONSENHOR FERRARI
Para se avaliar a importância do cargo de Vigário Geral, basta se avaliar o tamanho da Diocese de Botucatu. Seu território era imenso. Compreendia toda a enorme área situada entre a margem esquerda do rio Tietê e o litoral. Da enorme Diocese criada em 1908, foram desmembrados os Bispados de Lins, Bauru, Sorocaba, Marília, Presidente Prudente, Assis e Itapeva. Era impossível ao grande Bispo Dom Lúcio Antunes de Souza, visitar sua imensa Diocese, hoje ARQUIDIOCESE. Por isso delegava seus poderes ao Monsenhor Ferrari, que se desincumbia, a contento, de sua delicada missão.
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
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A falta de sacerdotes sempre foi um problema para o Episcopado Nacional no passado. Os padres brasileiros eram poucos. E por isso, a Igreja se socorria de padres italianos, portugueses e espanhóis, principalmente italianos, do clero secular. E isto, sem falar nos padres e frades regulares, como capuchinhos, dominicanos, etc. . . Tenho lembrança dos seguintes padres italianos, que na época trabalhavam com Dom Lúcio: Chirinéia, em Itatinga, Cônego Trombi, em Fartura; Ronsini, em Aparecida; Julianeli, em São Pedro do Turvo; Casesse, em Apiaí; Caetano Jovino, em Porangaba; Ciardela, em Conchas; Pieroni, em Laranjal; Bartolomei, em Anhembi; Amadeu, em Angatuba; e ainda Blotta, Gióia, etc. . . Grande foi a atuação de Monsenhor Ferrari na vida botucatuense. Justiça lhe foi feita, quando deram seu nome a uma rua central de Botucatu. Trinta e três anos de sacerdócio, num só lugar, é algo de notável, constituindo um fato digno de estudos e maiores referências. O primeiro vigário de Botucatu, foi o Padre Joaquim Gonçalves Pacheco, em 1850. Pouco parou. Em seguida vieram os padres Jesuino Prestes, Modesto Teixeira, Salvador Rodrigues, Bento Ferreira, Antonio Lourenço Cardoso, Francisco Miranda, Bernardo Cardoso, Paschoal Blotta, João Lopes Rodrigues. Este foi o Vigário que antecedeu ao Padre Ferrari, em 1886. Não esquentavam lugar os reverendíssimos vigários. . . Paschoal Ferrari, Padre ou Monsenhor, era um sacerdote tolerante. Vivia muito bem com os protestantes da terra. E se dava cordialmente, com os italianos anticlericais, garibaldinos vermelhos, que festejavam ruidosamente o XX de Setembro, data que assinala a tomada da Porta Pia, em Roma, e consequentemente derrota do Papa, que em 1870, perdia o poder temporal sobre os italianos. O escritor Francisco Ferrari Marins, na saga do café, escreveu uma trilogia: Clarão na Serra, Grotão do Café Amarelo e A Porteira Bateu. Nos seus livros, o apreciado romancista, apresenta o Padre Ferrari como uma interessante figura em época, mostrando o aspecto muito humano e às vezes materiais do boníssimo Vigário, que pastoreava muito bem seu irrequieto rebanho. Interessante é de se notar, que o escritor Marins, pertence a uma família Ferrari, que não tem parentesco com a do Monsenhor Paschoal.
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DOM LÚCIO ANTUNES DE SOUZA: O BISPO CABOCLO DE BOTUCATU! DOM LÚCIO ANTUNES DE SOUZA O nosso inesquecível 1º Bispo Diocesano - DOM LÚCIO ANTUNES DE SOUZA - carinhosamente chamado de BISPO CABOCLO, vamos elencar as conquistas que tiveram Dom Lúcio à frente e que alavancaram o crescimento e desenvolvimento de Botucatu. Importante, sempre, a releitura da HISTÓRIA DE BOTUCATU... O porquê ser chamada de “Cidade dos Bons Ares e das Boas Escolas”! O TRIPÉ EDUCACIONAL DE BOTUCATU é a origem de tudo.... O famoso TRIPÉ EDUCACIONAL DE BOTUCATU que propiciou a que conquistássemos, anos depois, a FCMBB – hoje UNESP! – representa os pioneiros visionários – Monsenhor Ferrari e Bispo Dom Lucio – que delinearam, com sabedoria, o FUTURO DE BOTUCATU! Vamos valorizar a nossa PÁTRIA PEQUENA, a NOSSA BOTUCATU! (do livro “Memórias de Botucatu”, 1995)
HISTÓRICO: No início do século, Botucatu já se constituía em importante polo irradiador de cultura e “boca do sertão”, entrada para a imensidão do interior... Na segunda metade do século retrasado, a imigração dos americanos do sul, derrotados na Guerra Civil Americana, propiciou a que Botucatu passasse a ser importante sede do Protestantismo, inclusive com escolas, as melhores, criadas para atenderem à exigente clientela que tinha vindo de outra cultura e de outra realidade. Mesmo com a diminuição da presença física dos norte-americanos, no início de 1900, Botucatu continuava com a presença forte dos protestantes e sua influência na sociedade botucatuense. Esse, acreditamos, o motivo principal da criação da Diocese de Botucatu, que teve no Monsenhor Paschoal Ferrari o seu grande batalhador, sabendo motivar os chefes políticos de então e, com diplomacia, até os protestantes quanto à importância da criação de uma Diocese. Atestando a afirmativa de que era grande a influência do protestantismo entre nós, basta que se destaque a vinda para Botucatu do Dr. Vital Brasil, trazido pela comunidade protestante local que tinha a sua escola, o seu dentista, o seu cemitério e, por quê não, o seu médico? No ano de 1904, a 3 de julho, acontecia reunião da Comissão Pró-Instalação do Bispado, na residência do Monsenhor Ferrari. Os presentes : o Cel. Antônio Cardoso do Ama-
ral ( o Nenê Cardoso, Intendente Municipal), o Cel. Raphael Augusto de Moura Campos, o Cel. Amando de Amaral Barros, João Batista de Souza Aranha, Antonio de Carvalho Braga, José Vitoriano Villas Boas e Domingos (Domingão) Gonçalves de Lima. Monsenhor Paschoal Ferrari, indiscutivelmente, foi o grande paladino da criação de nossa Diocese. Na ocasião, Botucatu disputou com o município de Itu essa primazia. De se destacar que a família Cardoso de Almeida liderava politicamente São Paulo (Deputado Federal José Cardoso de Almeida) e tinha estreitos laços de parentesco com o Monsenhor Ferrari, além do prestígio sempre discreto mas poderoso do Conde de Serra Negra. A criação de novas dioceses já se fazia necessária : a Diocese de São Paulo abrangia parte do sul de Minas Gerais, todo o Estado de São Paulo e quase todo o Estado do Paraná. Após muita luta, sempre tendo à frente o Monsenhor Ferrari, em 1908, Sua Santidade o Papa Pio X, criava a Diocese de Botucatu, com território abrangendo 50% do Estado de São Paulo, limitando-se, ao norte, com o Rio Tietê, ao sul com o Paranapanema, a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com o Rio Paraná. Com a criação da Diocese, foi designado como seu 1º Bispo, D. Lúcio Antunes de Souza, sagrado em Roma, em 15/11/1908, tomando posse na Diocese em fevereiro (20) de 1909, sendo que o Monsenhor Paschoal Ferrari, governou a Diocese em seus primeiros dias. Dom Lúcio, sem dúvida nenhuma, foi o grande consolidador de nossa Diocese. Sebastião de Almeida Pinto, em seu livro “No Velho Botucatu”, edição de 1955, exaltou a figura do bispo pioneiro : “O primeiro Bispo de Botucatu foi D. Lucio Antunes de Souza, mineiro de Lençóis do Rio Verde, que era secretário do Bispado de Diamantina. Grande figura do clero. O ilustre prelado foi sagrado em Roma, a 15 de novembro de 1908. No dia 20 de fevereiro de 1909, para tomar conta de sua Diocese, chegava a Botucatu o grande pastor. Recepção
estrondosa. Uma verdadeira consagração. A cidade inteira estava na estação. Cinco mil pessoas entusiasticamente saudavam o prelado. Em nome da Diocese, foi ele saudado pelo MM Juiz de Direito da Comarca, o Dr. José de Campos Toledo. Depois, com enorme cortejo, sob o estrugir da `foguetaria, com as bandas tocando alegremente, Sua Excelência Reverendíssima, foi conduzido à residência episcopal. Esta era a modesta casinha existente onde hoje está a Casa das Meninas “Amando de Barros”. Começou o fecundo apostolado de D. Lúcio, o Bispo Caboclo como era chamado, apesar de sua cultura notável. Pela sua simplicidade, pela sua modéstia e disposição para viajar pelos sertões, pelo amor que tinha aos trabalhos agrários, D. Lúcio era mesmo um Bispo caboclo. Graças aos seus esforços, criaram-se novas paróquias e construiram-se muitas igrejas. Tivemos o Seminário e o Palácio Episcopal. Trouxe o Colégio dos Anjos, que se transformou nesse magnífico e modelar educandário que é o Instituto Santa Marcelina. Esta casa de ensino é um dos motivos de orgulho, aliás justo orgulho, dos botucatuenses. D. Lúcio executou um sem número de obras, desenvolvendo o progresso espiritual e intelectual da zona, atingindo índices que não podem ser expressos por cifras, porque não são construções materiais que se avaliam aos metros ou às toneladas. Justas são as palavras que um historiador a seu respeito escreveu : “Grande Bispo, Grande Homem ! Não são demasiadas as homenagens que a cidade lhe prestou dando seu nome a uma vila, a uma das principais avenidas da urbe e a um dos seus grupos escolares. TRIPÉ EDUCACIONAL DE BOTUCATU É o famoso TRIPÉ EDUCACIONAL que possibilitou a que Botucatu merecesse o slogan: «Cidade dos Bons Ares e das Boas Escolas». O famoso “Tripé Educacional” proporcionou a que conquistássemos, anos depois, a FCMBB - hoje UNESP! E na construção dessa realidade educacional, dois nomes se destacam: Monsenhor Paschoal Ferrari e Dom Lúcio Antunes de Souza! 1) 1910/1911 - ESCOLA NORMAL “Dr. Cardoso de Almeida”; 2) 1912 - Colégio dos Anjos/Santa Marcelina; 3) 1913 – Colégio Diocesano”Nossa Senhora de Lourdes/La Salle
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GERAÇÕES DA CIDADANIA BOTUCATUENSE
HOMENS QUE FIZERAM BOTUCATU!
MONSENHOR PASCHOAL FERRARI Muito deve Botucatu a Monsenhor Paschoal Ferrari, não só nos planos religiosos como também no desenvolvimento da cidade. Foi ele um sacerdote invulgar que aliou à sua missão sacerdotal muito do desbravador de larga visão e de grande alcance para o futuro da cidade. Nasceu em Corfino-Massa Carrara/Itália, em 3 de abril de 1853. Em 1879, recém ordenado padre, veio para o Brasil. Trazia-o o ideal de um apostolado ativo, tal como o faziam os primeiros missionários em terras coloniais. Havia muito a organizar, servir, catequizar. Foi inicialmente vigário em Sorocaba, Bom Sucesso e Tapeva. Desta paróquia permutou com o padre João Rodrigues Lopes e veio para Botucatu assumindo o vigariato da Matriz, em 6 de maio de 1886. Aqui encontrou-se no seu verdadeiro meio ambiente, pois a colônia italiana da época era bastante numerosa. Frequentou as principais famílias, das quais se tornou conselheiro. Seu primeiro passo foi organizar as associações religiosas que se faziam então o esteio da vida paroquial assegurando a vida espiritual e consolidando a economia eclesial. Logo após preocupou-se com a construção da matriz no alto da cidade. O templo iniciou-se em 1887. E, 1892 foi benzida a Capela Mor e, em 1893, a obra estava inteiramente terminada. Em 1905, padre Ferrari retornou à Europa, desta vez para visitar Roma e o Santo Padre, prosseguindo em visita ao Santo Sepulcro, em Jerusalém.
Padre Ferrari foi o principal mentor da criação da Diocese de Botucatu. Naquele tempo estudava-se o desmembramento da Diocese de São Paulo em outras tantas Dioceses. Merecendo por suas excepcionais virtudes a confiança de D. Duarte Leopoldo e Silva, Bispo de São Paulo, fez prevalecer suas inteligentes e oportunas ponderações do que resultou, num esforço conjunto e anos depois, a criação da Diocese de Botucatu, em 1908, que teve por primeiro Bispo, D. Lúcio Antunes de Souza. Para a instalação do Bispado, concorreu Padre Ferrari com a doação de sua própria residência que passou
a ser a sede do Bispado. Esse prédio foi infelizmente há pouco demolido. Assim como, para a fixação da Ordem Terceira Franciscana na cidade, doou padre Ferrari uma de suas propriedades. Em 4 de junho de 1907, agraciou-o, D. Duarte Leopoldo e Silva, com a nomeação de Camareiro Secreto, cujo título lhe foi entregue na ocasião. Em 25 de maio de 1908, foi agraciado por S.S. Pio X, com o título de Monsenhor, fato que sensibilizou por demais a população de Botucatu, que lhe prestou grandes e festivas homenagens. Com a posse do primeiro Bispo, D, Lúcio Antunes de Souza, foi nomeado, em 1910, Vigário Geral e, em 1914, tornou-se Visitador Diocesano e Diretor da Oração. Monsenhor Ferrari foi um dos fundadores da Misericórdia Botucatuense. A ele deve Botucatu um tributo imenso de gratidão pois foi o incentivador da cultura, da educação, da politização do povo que sempre o distinguiu pelos seus méritos de povo altamente educado. Monsenhor Ferrari – Pedra Angular de nosso Bispado! - faleceu em 21 de abril de 1922, sepultado no jazigo da Família Ferrari, um belo monumento já em ruínas, tendo seus despojos sido transladados para a cripta da Catedral Metropolitana/ Capela da Ressurreição onde estão sepultados nossos Bispos e Arcebispos. (AMD)