Edição 840

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Curupira: O Guardião da Floresta

O Dia 17 de Julho é o Dia de Proteção das Florestas e do Protetor das Florestas: O CURUPIRA! E as estórias de “Taquara-Póca”, do consagrado escritor botucatuense Francisco Marins, destacam em vinculação direta com a natureza o Curupira, com os pés para trás, como o Guardião da Floresta e inimigo dos machadeiros e caçadores... Ele se torna um grande amigo dos meninos de Taquara-Póca...

No folclore brasileiro, o Curupira é um personagem descrito como um anão forte e ágil de cabelos ruivos que possui os pés virados para trás.

Assim, ao caminhar, o Curupira consegue enganar alguém que pretenda segui-lo olhando para suas pegadas. O perseguidor pensará sempre que ele foi na direção contrária...

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BOTUCATU ANO III Nº 840 SEGUNDA-FEIRA , 17 DE JULHO DE 2023 Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br
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COLEÇÃO FRANCISCO MARINS - Obras para a Juventude - Série Taquara-Póca

Centro Cultural promoveu sarau comemorativo ao centenário de nascimento do escritor Francisco Marins

Nascido em Pratânia, Distrito de Botucatu, Francisco Marins é autor de vários livros e o único escritor do país a figurar na famosa coleção europeia “Delphin”, que reúne os clássicos de literatura juvenil de todo o mundo.

O Centro Cultural de Botucatu, que fica na Praça 15 de Novembro, realizou o sarau (reunião de finalidade literária) comemorativo ao centenário de nascimento do escritor Francisco Marins. Evento gratuito contou com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura.

Nascido em Pratânia e radicado em Botucatu, Francisco Marins é autor de vários livros.

É o único escritor do país a figurar na famosa coleção europeia “Delphin”, que reúne os clássicos de literatura juvenil de todo o mundo. Seus livros foram traduzidos em quinze línguas.

Passou sua juventude em uma típica propriedade rural que ele havia de imortalizar com o nome de Taquara-Póca e em uma vila. Formulou a ideia de contar em seus livros sobre a vida do interior e, também, sobre a epopeia de integrar o território, as passadas sertanistas, as bandeiras,

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a lenda dos Martírios, bandeirismo, bandeiras fluviais, Expedição Langsdorff, etc.

Também é conhecida a campanha do escritor como ex-presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e Academia Paulista de Letras (ABL) para a divulgação do hábito de ler e formação de bibliotecas em todo país. Nasceu em 23 de novembro de 1922 e faleceu em 10 de abril de 2016, aos 93 anos. (novembro de 2021)

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

Contato@diariodacuesta com br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

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“O hóspede por um dia”

Ele chegou pela tarde. Pousou primeiro na janela do quarto dos fundos.

Analisou o ambiente organizado, sem viva alma.

Olhou e olhou por todos os lados, com seus olhinhos negros vivazes.

Nenhuma das duas assustadoras guardiãs estava por lá, nem a dona da casa.

Esta tirava sua soneca diária após o almoço, deitada no seu cadeirão frente a TV ligada, chegava a roncar, acompanhada das cachorras, uma deitada a seus pés e a outra junto ao sofá preto de couro.

Aproveitando a chance, empreendeu um vôo silencioso até a área de serviço aonde ficam os potes de ração e água. E foi se servindo sem cerimônia dos apetitosos grãos, espalhando-os pelo chão.

Como batia com seu biquinho preto na vasilha branca pintada com desenhos caninos; acabou acordando a maior das guardiãs, a das patinhas tortas, que acordada pelo ruído fez uma ronda pela casa.

E foi seguida pela outra menor que demorou um pouco mais a perceber o movimento pela casa, coisa da idade.

Pego de surpresa, o pequeno hóspede levantou voo, suas asas parecendo saias plissadas numa dança.

Seguiu a fuga até a cozinha pousando no forno elétrico branco.

Acuado pela cachorra de pelo cor de mel voou pela abertura na parede entre a cozinha pequena e a sala de estar.

De lá foi para o armário marrom derrubando com o bater das asas um porta retrato de acrílico, que tombou quebrado no chão.

Viu uma árvore sobre um móvel e voou até seus galhos. Bicou e bicou o galho encapado de papel duro.

Percebendo ser uma árvore de Natal armada fora de época que lhe serviu de poleiro.

Ficou ali aconchegado por uns minutos.

As cachorras distrairam-se com um carro que estacionou na frente da casa do vizinho.

Aproveitando a deixa voou até um dos quartos pousando na cortina da janela, de renda de cor bege.

Ali ficou por um bom tempo.

Tentou sem sucesso achar uma abertura para sair da casa. Nesse voo desesperado veio até a sala seguida pela cachorra maior num tropel que acordou a mulher, assustando-a.

Pousou desta feita na sanca de gesso, escondendo-se entre as lâmpadas longas e finas acesas.

De lá dirigiu-se para o vaso florido de girassois e flores do campo da mesma tonalidade.

Sentindo-se em casa ficou no galho da falsa árvore durante toda a noite.

Nas primeiras horas da manhã quando percebeu as portas e janelas abertas empreendeu o voo rumo a liberdade.

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A ARTE DA LEITURA

ELDA MOSCOGLIATO

Do saudoso Prof. Wagner recebemos a iniciação literária compreendida no programa de formação secun- dária do Curso de Professores Normalistas da sempre querida Escola Normal.

Sendo a Literatura sua cátedra efetiva, malgrado, fosse ele mestre também, de Matemática e de outras disciplinas, empolgava-se em classe de tal forma que suas aulas extravasavam os limites da matéria registrada e transformavam-se em arroubados jorros de Oratória.

Cultura vastíssima , saber profundo, versatilidade onímoda enriquecidos por uma total dedicação ao estudo e aos livros, o velho mestre plasmou no apurado gosto literário muitas gerações cujos expoentes firmaram alhures o renome da tradicional Escola Normal.

Nas suas memoráveis lições, batia-se ele pela boa leitura, quer sob seu aspecto técnico, quer pelo seu decorrente subjetivismo. Partindo do primeiro, exigia, como condição essencial o uso do dicionário, o exercício de sinonímia e as anotações à margem.

- Eu não compreendo , dizia ele, um livro lido, que não seja anotado. Ler sem compreender ou esmiuçar o conteúdo vocabular, percorrendo a etimologia, perscrutando-lhe a semântica, é o mesmo que engolir sem mastigar, sem sentir o sabor do alimento. Saborear uma frase é degustar subjetivamente, o pensamento do autor. Sua apaixonada insistência exigia um aluno arguido em prova oral, duas, três ou mais palavras sinônimas.

Era a ampla seara da palavra fácil, do pensamento cristalino, puro, convertido na oração plena, brilhante. Tinha horror à gíria, como criminoso corrosivo do idioma. Seu maior prazer, era deparar, na obra destacada para apreciação da classe, a frase sublinhada. Muitos de seus discípulos, seguindo-lhe a orientação segura, colecionavam verbetes, pensamentos, a frase-chave, o tema da página literária estudada.

Detestava ele, a leitura sôfrega, superficial, quantitativa. Tinha sempre presente o pensamento agostiniano: “Temo o homem que leu pouco, e bem”. Aconselhava, consoante a corrente literária estudada no momento, a escolha do autor, a obra, senão total, pelo menos a principal. Essa deveria ser lida, analisada, meditada, fixada. Depois, a critica, com os próprios recursos intelectuais do discípulo.

Dono de uma linguagem elegante e escorreita, purista do idioma pátrio, seus sábios conselhos voltam-nos à memória, ao surpreendermos um diálogo entre dois estudantes de nível superior expoentes talvez, do tecnicismo hodierno que vem substituindo no estranho mundo em que vivemos, a beleza paisagística pela carapaça impressionante da maquinaria cósmica:

- Comprei a coleção de José de Alencar e estou arrependido. . . Droga. . . - Você é desse tempo? Esse “nêgo” é “quadrado” e antiquado...

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