Edição 865

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Diário da Cuesta

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

Novo Cartão Postal de Botucatu

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A Catedral Metropolitana de Botucatu ganha em seu jardim um novo e sensacional Ponto de Selfie, com um coração es�lizado e escrito “Catedral”. O Ponto de Selfie foi colocado em uma posição estratégica para que as pessoas possam tirar suas fotos deixando a Catedral ao fundo, com destaque para a estátua de Jesus Cristo, ao alto. (Fonte: Botucatu Online)

ANO III Nº 865 TERÇA-FEIRA , 15 DE AGOSTO DE 2023
Foto: Livraria Católica Jesus Maria Foto: Botucatu Online

“ Amores estranhos “

Eu não estranho amores estranhos.

Sou mais feliz agora que já chorei, agora que já mastiguei o pão que o diabo amassou.

Sabe por quê?

Porque amei você.

Amei de chorá na rua, na chuva, nas noites frias de lua clara, nos botecos das periferias, junto aos ébrios de plantão e de passagem.

Podia eu ter tido um amor sereno, calmo, manso, acolhedor, sem sobressaltos e sustos? Podia ! Podia, mas não pode.

Eu não estranho amores estranhos. Eles, os amores estranhos, já me levaram às lágrimas nas salas dos cinemas,nos filmes bonitos: “Casablanca”, “Cinema Paradiso “, “A felicidade não se compra”,”Dr. Jivago “ e tantos outros.

Já pude encontrá-los, os amores estranhos, nas cantigas,versos e vozes de tanta gente (

Aznavour, Zé Ramalho, Belchior, Sinatra, Chico, Mercedes Sosa, Dulce Pontes, Elis, Clara, Betânia) e tantos outros em lugares sofisticados e ou humildes ( Tonico e Tinoco, Tião Carreiro e Pardinho, Almir Sater, e Milionário e Zé Rico) etc,etc,...

E o que são amores estranhos?

São aqueles que, porque não deram certo, deram certo, ficando para sempre nos labirintos do coração, nas entranhas da alma, de quem os viveu.

São vivências, às vezes doces, ternas, outras vezes tristes e amargas.

São estranhos porque feitos de vultos, de sombras que andam com quem os viveu vida afora, discretamente, imperceptíveis aos insensíveis.

Simples assim.

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

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MALES DO PASSADO

Bahige Fadel

‘Ele saiu da pobreza, mas a pobreza não saiu dele.’ Você já deve ter ouvido essa frase, não é? É muito comum. Ou é uma crítica ou, simplesmente, uma brincadeira. Refere-se a uma pessoa que melhorou seu padrão de vida, mas não consegue curtir essa mudança. Continua com os mesmos hábitos de antes, sem usufruir de sua nova condição. Pode comer uma carne melhor, mas compra a pior e mais barata. Pode ter uma roupa melhor, mas continua vestindo os mesmos trapos da pobreza. E tenta convencer a si mesmo e aos outros de que se sente feliz com isso. Só que ninguém pode sentir-se feliz roendo o osso, quando pode saborear um filé.

Num sentido figurado, essa frase também pode ser aplicada. São pessoas que se apegam demais a coisas do passado, que não deveriam ter mais importância alguma, mas que estão lá corroendo a cabeça do indivíduo. E o cara não quer aceitar que aquilo lhe é prejudicial. E para justificar, ainda diz que não muda de opinião, como se isso fosse uma virtude e não um defeito. Mania essa de dizer que é homem, pois não muda de opinião. Se aparecer uma opinião melhor, será uma virtude mudar, não um defeito. Enfim, essas coisas do passado, sem importância alguma, continuam interferindo na felicidade de certas pessoas.

Embora essa não seja uma crônica sobre política, vou dar um exemplo desse campo de atividades. O atual presidente venceu as eleições, está no poder e é a maior autoridade do Brasil. O ex-presidente tentou a reeleição, mas foi derrotado. Não bastasse isso, teve cassados os seus direitos políticos por oito anos. Ou seja, por oito anos não terá o direito de pleitear nem cargo de vereador no

menor município do Piauí. E o que está acontecendo? O atual presidente não desapega do presidente anterior. Vai falar de construção de casas populares, faz críticas ao antigo presidente. Vai discursar na China sobre aquecimento global, desce o pau no ex-presidente. Vai falar sobre a derrota do Brasil no campeonato mundial de futebol feminino, e quem é a personagem principal do discurso?° O ex-presidente. Ou seja, o atual presidente conseguiu se li vrar de um calo que o incomodava, mas continua se lembrando das dores que não deveriam existir mais. E o que resulta disso? Ódio, mau humor, raiva, incômodo e um monte de outras coisas ruins. Para que serve isso a um presidente da república? Isso vai ajudar o Brasil de alguma maneira? Claro que não. Ele consegue se livrar do incômodo, mas continua se incomodando, como se não tivesse se livrado de nada.

A vida não é tão complexa como algumas pessoas querem que seja. Mas é preciso que a gente aprenda a encontrar a simplicidade das coisas. É nessas coisas simples que estão as grandes verdades. Muitas vezes, as pessoas procuram complicar, para esconder verdades indesejáveis. Queiramos ou não, o bem e o mal sempre existirão. A escolha é nossa. A alegria e a tristeza sempre existirão. A escolha é nossa. Se escolhermos viver os problemas do passado, não teremos tempo de aproveitar as soluções do presente.

Estou na idade de me livrar dos problemas do passado, para que não continuem problemas no presente. Assim, tenho mais tempo e forças para encontrar a felicidade nas coisas que me pertencem ou me rodeiam. Os outros que construam o que desejarem, mas, por favor, sem me prejudicar. Depois de tantas lutas, mereço um pouco de paz.

Diário da Cuesta 3

Momentos Felizes

NOITES DE JULHO

O clarão rubro e de vermelho vivo, vagarosamente ia se apagando na linha do poente deixando o espaço para os trêmulos lampiões. A noite estava muito clara e era possível ver as flores como se fosse em uma manhã ensolarada. Ainda era o começo da noite e o vilarejo já estava em festa; o vento suave trazia melodias nostálgicas e a Igreja, com a sua imponente torre pontiaguda, estava quase encoberta por uma errante cerração embaçando a vista... e além, muito além, por detrás dos escuros telheiros abertos em suas faces na cidadezinha, a lua despontava mais cedo, amarelada, sonolenta mergulhando sua claridade nas águas do riacho.

A planície está só com suas árvores, o gramado muito verde e orvalhado. Pássaros e pequenos animais estão recolhidos em seus ninhos e tocas. Ouve-se o

cantar dos grilos imitando ruídos das peças em carros velhos, quando desfila sobre calçamentos irregulares. E bom ouvir o burburinho das águas escondidas e sente-se no ar uma branda umidade.

Ele estava caminhando, caminhando e descendo uma pequena ladeira; no silêncio ouvia seu coração bater sozinho...mas ouvia também o som de músicas alegres ao longe...

Na barraquinha enfeitada de bandeirolas, onde era vendido o quentão com gengibre e canela, um disco de vinil de tanto girar no prato da vitrola dava sinais de exaustão, sinais de cansaço e sinais de ter cumprido sua tarefa de alegrar as pessoas, inclusive ele que caminhava, ainda caminhava...

Diário da Cuesta 4
Roque Roberto Pires de Carvalho

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