Diário da Cuesta
tradicional Festa de Ana Rosa será nos dias 11, 12 e 13 de setembro
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dia do aniversário, a estória do nome Armando na família... Página
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NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO III Nº 888 SEGUNDA-FEIRA , 11 DE SETEMBRO DE 2023 Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br
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EXPEDIENTE
Armando filho e Armando pai. Embaixo, Silvia e Marcelo.
No dia de hoje, comemoramos o 48º aniversário do meu filho caçula, Armando. Já era hora de trazer a estória do porquê me chamo Armando e ele e seu filho, também...
A estória, contada em detalhes por meu pai, eu a publiquei em meu primeiro livro, “A Juventude: Participação ou Omissão”, publicado em 1970, pela Edijor.
Na época eu tinha 25 anos e era colunista do jornal “Diário Comércio & Industria” e dos semanários “City News” e Shopping News”, da Capital.
Hoje, passados 77 anos do gesto afetivo de meu pai, espero que a homenagem ao Estadista Armando de Salles Oliveira seja levada a bom termo por meu filho Armando e, no futuro, pelo Netão (Armando Neto)...
Geração Modêlo de Geração
O cenário se desenvolve em Buenos Aires. Um jovem político do interior do Estado de São Paulo, líder inconteste de sua região, a média sorocabana, visita em um modesto apartamento da Via Anchorema, em 1945, o ex-governador Armando de Salles Oliveira. Nessa visita ao grande democrata paulista, no exílio, o jovem líder político apresentava-lhe o apoio do seguidor e admirador que nunca havia se afastado do ideal, do qual Armando de Salles era o maior defensor, de levar o Brasil para a sua completa democratização.
Na oportunidade, comunicava ao seu líder e particular amigo que, em homenagem de reconhecimento e de coração, daria o nome de Armando ao seu caçula que estava para nascer. Pouco depois falecia, em São Paulo, o ex-governador. O jovem político continuou em sua luta política, encontrando revezes apenas sob o peso do maléfico poder econômico e sob as artimanhas da poderosa máquina da famigerada oligarquia política: os vícios maiores que, até os nossos dias, impedem que o Brasil possa viver em clima de plena democracia. O jovem político do interior de São Paulo, era meu pai; eu, o fruto da merecida homenagem.”
(livro “A Juventude: Participação ou Omissão”, Edijor/1970, de Armando Moraes Delmanto.)
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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Armando pai e Armando filho come- morando a chegada do Armando Neto (Netão Delmanto)
Os Armandos... Armando pai, Armando filho e Armando neto.
No Colégio Santa Marcelina/Jardim de Infância
o “Ana Rosa: Sua Vida, Sua História”
O Centro Cultural de Botucatu foi o principal foco cultural da cidade durante o lançamento do livro “Ana Rosa: Sua Vida, Sua História”, de Moacir Bernardo, Editora Santana, ilustrações de Benedito Vinicius Aloise.
Nesse evento, abrilhantado pelo conjunto “Vozes da Noite”, da vizinha cidade de São Manuel, com apoio do Centro Cultural de Botucatu, através de seu então presidente, Olavo Pinheiro Godoy, o autor recebeu grande afluxo de pessoas interessadas no histórico/lendário de Ana Rosa. Segundo Moacir Bernardo, o livro coroa um trabalho de 5 anos de pesquisas em Botucatu e Avaré, trazendo na própria obra recortes de jornais à respeito do assunto. Na ilustração, a maestria do Vinício, mais uma vez, reconstitui os personagens e ilustra os lugares percorridos por Ana Rosa...
Ana Rosa foi uma jovem muito bonita. Assassinada tragicamente aos 20 anos de idade, em 21/06/1885, por três pessoas a mando de seu próprio marido abandonado, o Chicuta. O local onde foi assassinada transformou-se em ponto de grande afluência de pessoas e de crenças e de curas...mas isso já é para ser lido no livro analisado.
O Dr. Sebastião de Almeida Pinto, em seu tradicional livro “No Velho Botucatu”, às págs. 161/162, nos traz um relato desse importante acontecimento:
“Um crime famoso, que apaixonou a população, foi o da Ana Rosa. Ela não matou ninguém, ela é que morreu. Mas o fato delituoso foi rotulado com esse nome e assim passou à tradição. Esse crime, durante muito tempo, foi o motivo principal das conversas do zé povinho. Foi mais comentado do que o dos turcos, ali na estação de Rubião Júnior. Ou do que a morte do dr. Gonçalves da Rocha, que foi assassinado dentro de casa, na sala de jantar, quando lia o jornal. Crime mais sensacional até, do que o do Isaias Mata Treis. Até agora, ainda se fala no drama de Ana Rosa, que depois de morta ficou com cheirinho de santidade, apesar da pinta brava que fora em vida.
Ana Rosa era uma cabocla bonita. Moça faceira. Casada com Chicuta, que tinha um sítio em Avaré. Um dia, pirou. Veio para Botucatu. E assentou praça no regimento do amor rasgado. Era a mulher-dama mais falada e cotada no mulherio da fuzarca. Batia longe suas colegas, que tinham nomes engraçados: Nhâna Cabeça, Nica Paranista, Nhâna Santantônio, Antoninha Veada, Carolina erna Grossa (há pouco falecida), Sinhana Papo Roxo, Nhâ Tuca Guaiáca, Marrequinha, Maria Taquára, Dita Caçafoice e outros que tais, Ana Rosa se diferenciava da turma, pela
beleza e pelo nome. Essa era a abalizada opinião de Nhâna Picapau, a toureira, que contava detalhes do caso, que ela bem conhecia.
Um dia, Ana Rosa desapareceu. Encontraram depois, restos do seu corpo, picado à faca, num capinzal adiante do Lavapés, na estrada do Pardinho. O crime bárbaro, foi executado por um tal Costinha e dois paranistas, a mandado de Chicuta, que assim lavou a honra ofendida. Os paranistas fugiram. Sumiram. Costinha e Chicuta, depois de algum tempo foram presos. E entraram em julgamento. E foram absolvidos. Pela derimente da perturbação dos sentidos !!! Com toda certeza, a perturbação era a dos senhores jurados.
Os pedaços do corpo da morena pecadora e mártir, restos de corvos, enterrados foram no local do achado. E alí, ergueram uma capelinha. Onde almas piedosas iam rezar. Com o tempo, um italiano sabido, botou uma venda por alí por perto. E começou a promover uns “domingos do mês”. E depois, festas de Santa Cruz. E a Capelinha de Ana Rosa começou a ficar famosa, a SANTA deu de fazer milagres... e o italiano a enriquecer.
Um dia o senhor Bispo soube da história. E determinou umas averiguações. Por fim, a autoridade Diocesana acabou com as festas e os milagres cessaram. E hoje a capelinha abandonada, está lá, na beira da estrada das carroças, quase em ruínas, com uma ou outra vela a arder, acêsa por mãos piedosas ou por pecadoras arrependidas”.
Moacir Bernardo fala entusiasmado de sua obra: “Essa é uma história de 130 anos! É preciso que se resgate esse caso de amor que terminou em tragédia. A memória de Ana Rosa merece ser preservada, sua história deve ser resgatada, tanto pela sua importância cultural, folclórica e religiosa. E isso precisa ter início pelo tombamento de sua capelinha. A grande visitação ao seu túmulo é a maior prova de sua grande popularidade...
A verdade é que Moacir Bernardo presta importante serviço à cultura botucatuense com seu trabalho de pesquisa sobre Ana Rosa. O então presidente do Centro Cultural de Botucatu, Olavo Pinheiro Godoy, no prefácio da obra diz com propriedade:
“Essa história de ANA ROSA, fruto de ampla pesquisa na qual se procura consolidar todo o conhecimento objetivo que o assunto representa, sem dúvida, valiosa contribuição para o estudo de uma figura que se tornou lendária na cidade.
O conto cumpre a seu modo o destino da ficção contemporânea. Posto entre as exigências da narração realista, os apelos da fantasia e as seduções do jogo verbal, ele tem assumido formas de surpreendente variedade. Ora, o presente trabalho é o quase documento folclórico, ora a quase crônica da vida urbana, ora o quase drama do cotidiano.
Este é um livro que será lido com agrado, não apenas por aqueles que se dedicam ao estudo de nossas tradições, mas também por todos os leitores, que se interessem pelas realizações humanas, pela vida palpitante das comunidades, pelo nosso rico passado.
Tudo isso é narrado de maneira simples e direta, objetivamente, sem a preocupação da retórica. Faz-se a história de ANA ROSA, com simplicidade e clareza. Como dizia Chesterton: “Tradição não quer dizer que os vivos estão mortos, mas que os mortos estão vivos”.
O sucesso do lançamento do livro, com certeza, será repetido na venda das Livrarias. Moacir Bernardo, participante do Centro Cultural (hoje, seu presidente), já tem trazido sua colaboração à preservação da memória botucatuense. No último número da Revista Peabiru, ele participou com excelente artigo referente aos Bebedouros para animais que tanto marcaram o visual citadino. Agora, nos presenteia com a lendária história de Ana Rosa. Vale a leitura. Parabéns ao autor. Avante! (AMD)
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Festa de Anna Rosa valoriza tradições e combate a violência contra a mulher
Com diversificada programação a festa também inclui danças, desfiles, shows e exposições, a festa irá enaltecer a música caipira e sertaneja, com artistas locais e regionais
Um evento de profundo significado vai acontecer em Botucatu nos dias 11, 12 e 13 de setembro. A Festa Santa Cruz de Anna Rosa, terá uma rica programação cultural e tem como objetivo conscientizar a população sobre a violência contra a mulher e o feminicídio.
A iniciativa trata-se de uma homenagem a Anna Rosa, um mártir na cidade, e arrecada fundos para a Associação Restaurar de São Pio X, que ajuda crianças e famílias carentes na região sul de Botucatu.
Com uma rica programação que inclui danças, desfiles, shows e exposições, a festa irá enaltecer a música caipira e sertaneja, com artistas locais e regionais. Além de palestras que devem trazer à luz a realidade das mulheres que enfrentam opressão e violência.
De acordo com a organizadora Vanessa Soares, a Festa
Santa Cruz de Anna Rosa é um lembrete da luta contínua contra a violência de gênero. “O evento convida a comunidade a se unir, refletir e agir contra essa realidade assustadora. É um chamado para empoderar e inspirar mulheres a se levantarem contra a opressão, e para que todos juntos tomem medidas para construir um futuro seguro e igualitário”, conta.
A festa de Ana Rosa tem o apoio da Prefeitura de Botucatu, Secretaria de Cultura, Secretaria Adjunta de Turismo, entre outros parceiros. Trata-se de uma celebração da cultura, um ato de conscientização e um momento de união em busca de um futuro melhor para todas as mulheres.
Anna Rosa, uma mulher que escapou da violência de seu marido com o auxílio de seus empregados, incluindo um escravo, é um ícone do empoderamento feminino. Por ajudá-la, o escravo perdeu sua vida. A vida de Anna Rosa mudou para sempre quando encontrou abrigo em um local restrito a mulheres de respeito, onde foi descoberta e brutalmente assassinada. Sua história, embora datada de mais de um século atrás, ecoa ainda hoje, à medida que o empoderamento feminino enfrenta desafios persistentes.
(Tribuna de Botucatu)
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