Deem Asas à Juventude do Brasil
A campanha nacional da aviação, ou CNA, como ficou conhecida a campanha que também foi chamada de Campanha para Dar Asas a Juventude Brasileira ou Dêem Asas ao Brasil, foi organizada no governo de Getúlio Vargas, tendo sido idealizada pelo jornalista Assis Chateaubriand, proprietário da cadeia de jornais Diários Associados, e pelo senhor Joaquim Pedro Salgado Filho, então Ministro da Guerra
Durante a década de 40, surge no Brasil uma campanha que visava a doação de aviões, ou dinheiro e materiais que servissem para a compra ou construção de um avião, ampliação de hangares ou construção de campos de pouso para os chamados aeroclubes. Um dos objetivos da CNA, em doar aviões e fomentar a criação de aeroclubes, era consolidar a aviação civil no país. Também procurava, com a formação dos pilotos e constante movimentação no espaço aéreo brasileiro, monitorar sobrevoos de aviões inimigos ao nosso território, já que estávamos vivendo a Segunda
Guerra Mundial
A CNA, foi terminada no início da década de 50,
foram doados mais de mil aviões por todo o Brasil, além de alguns doados a aeroclubes de outros países da América do Sul e de Portugal. Nosso país teve um acréscimo de mais de três mil pilotos civis e militares brevetados em aeroclubes. Passamos também da uma quantidade inferior a 40 aeroclubes, para cerca de 400 destas instituições espalhadas por todo o país.
Aeroclube era a instituição responsável por fornecer cursos, treinar pilotos, formar mecânicos e instrutores de voo, bem como fornecer espaço para eventos na área da aviação e opções de fretamento de voos particulares. Na cidade do Rio de Janeiro, estava sediado o Aeroclube do Brasil, responsável pelo registro e pelo controle dos demais aeroclubes do país, bem como pertencia a ele a função de treinar instrutores de voo para os demais aeroclubes. Contudo, era no estado de São Paulo que havia a maior quantidade daquelas instituições em funcionamento Nomes importantes como o de Leonel Brizola, podem ser encontrados em listas de pilotos brevetados por aeroclubes.
EXPEDIENTE
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Diário da Cuesta 2
E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE
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CARDOSO DE ALMEIDA HOMENAGEADO: É NOME DE AVIÃO!
O cenário de nossa cidade à época está registrado na matéria jornalística referente à vinda de um novo avião para o Aero Clube. O jornal botucatuense “Democracia”, de 25/01/1948, trazia a notícia da vinda de mais um avião para o nosso Aero Clube, com o título de “O Batismo do “Cardoso de Almeida” :
“No Rio de Janeiro, presentes o Ministro Salgado Filho, o dr. Assis Chateaubrind e o dr. Lauro Cardoso de Almeida O Deputado dr. Cirilo Junior pronunciou um belissimo discurso, donde extraimos o seguinte texto:
Filho de Botucatu, sua mentalidade se forjou em excelente têmpera, sob o influxo da missão criadora que coube, na irradiação do progresso e da civilização paulistas, na arrancada para o Noroeste, a essa nobre cidade de nosso Estado.
Viveu Cardoso de Almeida os dias de sua juventude quando sua cidade natal desfrutava a glória imensa de comandar um ciclo da evolução econômica e civilizadora de São Paulo. O esforço de penetração dos paulistas, para aqueles rumos, se deteve, num descanso no espigão da serra que deu nome à cidade. E dali é que recomeçou a tarefa gigantesca de ganhar para a utilização econômica e as luzes da civilização, em luta contra a natureza e o hostil selvicola, todo esse inestimável patrimônio que se alargou até as fronteiras de Mato Grosso e varou as lindes paranaenses, estendendo, como um tapete verde, os cafezais intermináveis e fazendo brotar cidades onde tudo era selva e a vida humana se espelhava a rusticidade das tabas dos indígenas.
Teve Botucatu, nesse período uma missão que lhe marcou para sempre caracteres indeléveis de espírito de progresso e de amor à cultura - e de centro de irradiação da energia criadora dos paulistas.
Foi nesse ambiente que se forjou a mentalidade robusta de Cardoso de Almeida . Foi um grande cidadão de São Paulo e do Brasil. Sua vida pode ser posta diante das gerações que surgem no cenário público da nação, como um livro aberto ao civismo , como um nobre exemplo de dignidade e de patriotismo, como um apelo eloquente, vindo do passado, para que sirvam ao nosso Estado e à nação com honra e com espírito público...”
No mesmo jornal “Democracia”, de 26/02/48 , trazia a notícia da vinda do avião: “Chegará, hoje, às 14 horas o avião Cardoso de Almeida doado ao Aero Clube local pela benemérita Campanha Nacional da Aviação.
Para a recepção do novo aparelho, o Aero Clube organizou um expressivo programa comemorativo que será o seguinte: Às 14 horas: chegada do avião Cardoso de Almeida e a seguir benção do mesmo. Às 15 horas: evoluções de diversos aviões que virão abrilhantar as festividades. Estarão presentes à chegada da nova unidade aérea, as autoridades locais e pessoas gradas, bem como grande massa popular.”
O “Democracia”, de 07/03/48, registrava o acontecimento: “Domingo último, como havia sido fartamente anunciado, chegou a Botucatu o novo avião que veio reforçar a frota do Aero Clube local e que recebeu o nome do grande botucatuense Cardoso de Almeida.
Foi lamentável que o mau tempo prejudicasse o programa de festejos. Assim mesmo, no entanto, grande foi a massa humana que deslocou para o aeropoto do Mandacaru, afim de apreciar a chegada do novo avião, como também o vôo dos outros aparelhos.
“Democracia”, que recebeu atencioso convite da diretoria do Aéro Clube esteve presente à recepção do “Cardoso de Almeida” , como também se fez representar na brincadeira dançante realizada dia 28 ”.
Ainda no ano de 1948, esse jornal trazia, em sua edição de 17/10/48, a notícia da eleição da nova diretoria do Aéro Clube:
“O Aéro Clube de Botucatu acaba de eleger a sua nova diretoria que está assim constituída: presidente, dr. Antônio A Azevedo; vice-presidente, sr. João Passos; 1º tesoureiro, sr. Nelson Botti; 2º tesoureiro, sr. Alfredo Tortorella; 1º secretário, sr. Euclides Araujo; 2º secretário, sr. Antonio Bissacot; diretor do Material e da Escola de pilotagem, sr. Alcides Cagliari...”
No ano seguinte, 1949, o jornal Democracia, de 16/10/49, registrava o grande evento da iluminação do aeroporto:
“Com várias solenidades, o Aero Clube de Botucatu comemorou a instalação de luz elétrica no campo de pouso local, domingo último.
Pelos ônibus e auto-lotações que circularam entre a cidade e o aeroporto, grande massa de povo para lá se locomoveu afim de presenciar o desenrolar dos festejos.
Paraquedistas da Capital fizeram várias demonstrações e os aviões realizaram várias acrobacias aéreas. Pelos aviadores do Aero Clube foram proporcionados aos presentes passeios aéreos sobre o campo e a cidade. Encerrando as comemorações, foi realizada uma brincadeira dançante”. (AMD)
Diário da Cuesta 3
Quadro do Dr. José Cardoso de Almeida, 1925, óleo sobre tela de Oscar Pereira da Silva.
Nota da Redação: Matéria publicada na revista Peabiru nº 17, de setembro/outubro de 1999.
A R T I G O O Nosso Aero Clube
instrutor responsável o Sr. Sílvio Franciscato, vindo de Bauru, capaz e desprendido, solou 19 candidatos da 1ª turma, fora o treinamento de outros ao “lachê”.
A sede do Clube, onde se inaugurou a 24/09/42 o retrato de Santos Dumont - O Pai da Aviação - era nos altos do Teatro Espéria e aí permaneceu até o incêndio do prédio em 21/09/51 Na sede eram ministradas as aulas teóricas. Com o auxílio de manuais de legislação aérea, meteorologia, aerodinâmica e motores, os alunos, em grupo, faziam o estudo dirigido orientados por alunos beneficiados com bolsas de estudos.
JOSÉ ANTONIO SARTORI
Assis Chateaubriand promovia a aviação como um instrumento de integração nacional. Percebeu que dado o despovoamento e a pobreza do País, só através do avião poderia manter sua grandeza territorial.
Então fez do avião, “sua vassoura mágica. Sua e do Brasil. Fez, com ele, a Nação saltar do carro de boi para o teco-teco, o que representou um grande fator de consolidação de nossas fronteiras”.
Esta campanha fomentou a aviação civil com a instalação de aero clubes por todo o Brasil e dela resultou a criação do Ministério da Aeronáutica.
Integrando-se nesse movimento, reuniram-se a 17 de setembro de 1941, no gabinete do Sr. Prefeito Municipal, Dr. João Maria de Araujo Jr., os senhores: Dr. Mário Rodrigues Torres, Dr. Sebastião de Almeida Pinto, Dr. Nelson Aragão, Emílio Peduti, Gervásio Gonçalves Galisa, Henrique Vilela, Jorge Pinheiro Machado (Correio de Botucatu) e José Pedreti Neto (Folha de Botucatu), para a organização do Aero Clube de Botucatu.
Foi formada a diretoria provisória:
Presidente: Sebastião de Almeida Pinto
Vice-Presidente: Gervásio Gonçalves Galisa
1º Secretário: Rubens Rodrigues Torres
2º Secretário: Jorge Pinheiro Machado
1º Tesoureiro: Oswaldo Lunardi
2º Tesoureiro: Emílio Peduti
Diretor Social: Mário Rodrigues Torres
Diretor da Escola de Pilotagem e Material Esportivo: Hermínio Bacchi.
Os estatutos foram elaborados pelos advogados Jayme de Almeida Pinto e José Nogueira e registrados em cartório do Dr. Freire Vilas Boas, tudo graciosamente. Foi publicado na Folha de Botucatu, de 03/10/41, e posteriormente no Diário Oficial.
Aproveitando o momento de entusiasmo dos amantes da aviação esportiva, Oswaldo Lunardi promoveu ampla campanha para congregar o maior número de sócios para o Clube.
Com a realização de obras básicas para um campo de aviação situado no Sítio Mandacaru (nome do riacho), onde foram abertas duas pistas e construído um hangar de madeira, o município adquiriu condições para ser incluído na campanha nacional de fundação de aero clubes, conduzida pelo jornalista Assis Chateaubriand
Em virtude disso, à nossa prestigiosa aviação esportiva, foi destinado um avião Piper Cup ( o canarinho), doado pela Companhia Sul América de Seguros ( adquirido nos EUA pela Mesbla) e foi batizado com o nome de “Alfredo Pujol” ao em vez de “Fritz Müller”, refletindo os animos da IIª Grande Guerra Mundial.
Serviu para treinar sucessivas turmas de pilotos botucatuenses ainda quando o aero clube assinalava o seu primeiro ano de vida (16/09/42), sob a presidência de Dr. Sebastião de Almeida Pinto, coadjuvado pelo vice Gervásio G. Galisa ( Diretor Regional dos Correios e Telégrafos de Botucatu), dinâmico e de larga visão, propugnava pelo Correio Aéreo Nacional.
Mais tarde o Clube recebeu outro avião, um H.L. (Henrique Lage), popularmente chamado “vermelhinho” e, entre os aviadores, de “chocolateira” ou General Vargas. Também fazia parte da flotilha o Saracura, planador construído nas Industrias Pignatari, de Santo André.
A escola de pilotagem que teve como primeiro
As bolsas eram patrocinadas pelo DAC e pelo empresariado local, aos candidatos que preenchessem os seguintes ítens: a) ser brasileiro reservista; b) ter de 18 a 25 anos; c) possuir curso ginasial ou superior; d) estar apto após a inspeção de saúde.
No campo de pouso é que se dão as instruções. A primeira instrução é o contato do aluno com o avião no solo para conhecimento de suas partes e funções dos instrumentos e dos comandos de vôo.
Em outras aulas, o aluno vai aprendendo sucessivamente uma série de manobras com o avião, tais como: fazer o taxi que é a rolagem do avião no solo, decolagem, saída do tráfico, vôo horizontal, curvas de pequena, média e grande inclinação, coordenadas, estóis com motor reduzido, aproximações de 90º, 180º e 360º. Tudo isso em vôos de treinamento de 30 a 40 minutos cada, até o domínio do tipo de manobra.
Em cada vôo o aluno vai aprendendo como decolar e, na volta, como pousar. Acompanhando o instrutor vai sentindo todos os comandos: direção, ailerons, flapes, etc.
Em regra geral, terminadas as instruções, sabendo realizar bem cada uma das manobras, o aluno logicamente está apto para realizar o seu vôo solo: conduzir o avião sozinho, pela primeira vez. Em média, um aluno precisa de 10 a 12 horas de vôo de treinamento para conseguir tal façanha. Vitoriosa proeza.
Primeiro Solo...(homenagem da Shell às comemorações da Semana da Asa) primeira oportunidade de experimentar o próprio valor! Sensação potente de auto-confiança e vitoriosa afirmação de si. Felicidade inesperada de ter identificado o caminho... Seu ideal - servir à Pátria - seria logo alcançado! Sua vocação - Servir - ali palpitando em suas mãos. Vibrando em seus nervos, quente, e viva em seu sangue. Certeza absoluta... Delírio! Conseguira, enfim...
Logo após o pouso que sela essa grande aventura, o aluno recebia o tradicional banho de óleo queimado com o qual seus colegas de turma batizavam o novo piloto aviador.
Desfilavam com ele todo enxarcado de óleo, na perua do Clube, pelas ruas da cidade; paravam em vários bares até chegar no Café do Ponto, onde o Plínio Paganini da Rádio PRF-8 os aguardava para uma entrevista.
O povo já sabia que tal alarde simbolizava o nascimento de mais um aviador que era levado ao posto de gasolina onde recebia jatos fortes de água e solupã para remover o óleo. A comemoração só terminava com um almoço que o neo-piloto oferecia a seus colegas.
A avaliação dos estudos teóricos e práticos feitos
pelos alunos que conseguiram o vôo solo, era feita por uma banca examinadora, em nossa cidade, enviada pelo DAC (Departamento de Aeronáutica Civil).
Ao fim de 30 a 60 dias chegava o Brevet - Certificado de Licença de Piloto Privado, emitido pelo Ministério da Aeronáutica, através do DAC e cuja entrega era feita em uma das reuniões da Diretoria.
Uma vez formados os pilotos participavam intensamente do Clube, realizando vôos panorâmicos, viagens de instrução com alunos para ensinar a arte de navegar.
Nas festas aviatórias da Semana da Asa, que atraiam grande número de pessoas ao campo, contavam com a colaboração de planadores e paraquedistas do Aero Clube de Bauru, da Esquadrilha da Fumaça e do piloto Alberto Bertelli, campeão sul-americano de acrobacias.
Na Semana da Asa, o Aero Clube de Botucatu brilhou no grande desfile aviatório em São Paulo, no dia 7 de setembro de 1943.
Participando das provas “Clay Amaral” ( lançamento de mensagens) e “Cidade de São Paulo” ( circuito de três campos e pousos de precisão) com Alcides Cagliari ( 1ª e 2ª colocações), Antônio Machado (3ª colocação) e outros, o Clube se evidenciou para gáudio da representação botucatuense, constituída pelos diretores Edgar Seráfico de Souza, Tasso de Oliveira, Oswaldo Lunardi e Sílvio Franciscato.
Os pilotos vencedores foram homenageados pelos sócios do Clube com um lauto almoço no Hotel Paulista
Alcides Cagliari, brevetado pelo Aero Clube, tinha seu avião, um Cessna 170. Era considerado “o ás da aviação local”, não só pela habilidade e experiência como pela dedicação e presteza ao Clube. Em consequência, passou a ser instrutor de vôo O instrutor credenciado pelo DAC era Sílvio Franciscato Alcides dava a prática mas não assinava os relatórios de instruções de vôo.
O Aero Clube teve seu momento dramático quando o avião HL - o vermelhinho - pilotado pelo já brevetado Júlio Butignoli, caiu sobre o campo de pouso provocando a morte dele e de seu acompanhante, um promotor público entusiasta da aviação.
Era um dia de festividades aviatórias. Júlio dava razantes e fazia a reversão. Numa dessas passagens, o avião entrou em estol ( velocidade abaixo da qual o avião não voa) à pequena altura e não havendo tempo para a recuperação, o HL precipitou-se sobre o campo de pouso.
A “Semana da Asa”, instituída pela Aeronáutica, anualmente se realiza em outubro porque o dia 23 é o Dia do Aviador
As festividades no campo de aviação e o “Baile da Asa” eram os eventos que o Aero Clube proporcionava ao povo botucatuense e das cidades vizinhas. Grande número de pessoas prestigiava o Clube, dando brilho às comemorações
Muitos foram seus diretores presidentes: Sebastião de Almeida Pinto, Gervásio G. Galisa, Oswaldo Lunardi,Antônio Araujo Azevedo, Carlos Almeida Pinto, Emílio Peduti Filho, Manuel da Silva Coelho, João Passos, Lourenço J.C. Paolini, Justiniano Tieghi Filho, Alomir H. Fávero, Ronaldo Fagundes Passos, Iwonka Maria Wasilewska Blasi, Alberto Losi Filho, Hélios Monteferrante, Clóvis de Almeida Martins...e Cyro Pupo Aielo.
Diário da Cuesta 4
ACERVO PEABIRU