Diário da Cuesta ANO III
Nº 927
QUINTA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2023
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
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LIMPEZA DE TÚMULOS PARA O DIA DE FINADOS DEVE SER FEITA ATÉ O DIA 30. 30. Os serviços não serão permitidos nos dias 31 de outubro, 1º e 2 de novembro. Página 2
HOMENAGEM AO SENHOR BRASIL CRÔNICA ESPECIAL DA MARIA DE LOURDES CAMILO SOUZA EM HOMENAGEM A ROLAND BOLDRIN, FALECIDO EM 9/11/2022: SENHOR BRASIL PÁGINA 3
LEITURA DINÂMICA Notícias de Botucatu e sua gente
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“Senhor Brasil” Maria De Lourdes Camilo Souza
Quando meus pais eram vivos, se ligava a TV CULTURA logo cedo, em nossa casa, nos domingos. Meu pai assistia a Missa de Aparecida, logo depois o programa da Inezita Barroso e então era a hora do programa Sr. Brasil. Tinha aquela música da abertura que eu sabia de cor e cantava junto. Em seguida declamava uma poesia ou contava um causo. Apresentava os cantores e as vezes cantava junto. E assim foi por muitos anos, a ponto do domingo não ser o mesmo sem a sua presença. Era o nosso querido contador de causos. A gente parava para ouvir o nosso visitante das manhãs de domingo. E sem avisar partiu para contar seus causos e recitar as poesias, exaltar a nossa cultura lá no céu. Sabia que um dia chegaria a hora, pois todos nós iremos um dia. Entretanto não posso conter a tristeza que sinto. Um pouco de nós e de nossa história, cultura se vai com ele. Deixa alguns seguidores, aqueles que aprenderam com ele a arte de ser menestreis. Showman encantador, seus programas eram sempre cheios de poesia e música, causos dos nossos matutos. Trazia cantores, trovadores, artistas de cada canto deste país. Era uma aula de história cantada em prosa e verso. Vai em paz, querido amigo das nossas manhãs de domingo, inesquecível e amado para sempre. O Brasil hoje se despede de um genuíno cantador dessa pátria amada!
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LIMPEZA DE TÚMULOS PARA O DIA DE FINADOS DEVE SER FEITA ATÉ O DIA 30. A administração do Cemitério Portal das Cruzes informa que os familiares que desejam fazer limpeza, lavagens, pinturas e reformas em túmulos para o Dia de Finados (2 de novembro) têm até a segunda-feira, 30 de outubro, para realizar os serviços. Eles não serão permitidos nos dias 31 de outubro, 1º e 2 de novembro. Os administradores dos cemitérios e a equipe da Vigilância Ambiental em Saúde (VAS) recomendam que as pessoas optem por levar arranjos de flores artificiais (plástico) devido a sua durabilidade. Como não precisa ser regado com água, esse tipo de enfeite se torna mais eficiente no controle de proliferação das larvas do mosquito da dengue. Os cemitérios têm horários de funcionamento distintos: o Cemitério Portal fica aberto das 6 horas
até 18 horas; o Cemitério Jardim funciona das 6h40 às 18 horas; Vitoriana das 7 às 17 horas e Cemitério Memorial funcionará das 8 às 17h. Sistema informatizado A Prefeitura de Botucatu conta com um sistema informatizado de consulta dos cemitérios que permite a população encontrar informações como data e número de sepultamento, filiação, quadra, rua e número do jazigo onde determinada pessoa está sepultada. Se preferir, o interessado também poderá utilizar o sistema de pesquisa sem sair de casa. Para isso basta acessar o link: www.botucatu.sp.gov.br/portal/secretarias-paginas/50/cemiterios/ (Acontece Botucatu)
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GERAÇÕES DA CIDADANIA BOTUCATUENSE
HOMENS QUE FIZERAM BOTUCATU!
ALDO MARTIN BAIXA NO “FRONT”
Todo cidadão que tem como ofício as letras, às vezes se pergunta, se questiona se vale a pena escrever e colocar para fora os sentimentos e mandar mensagens e comentar os fatos...Será que vale a pena? Mas de imediato e em auto- defesa contrapõe outras perguntas: vale a pena viver? vale a pena amar? vale a pena sonhar??? Sim, vale a pena. Sempre vale a pena. Tudo o que se faz, vale a pena. Pois não estamos aqui para isso? Para viver, viver e viver? Como passageiros dessa vida, acredito, devemos fazer o que achamos que devemos fazer, sempre dentro do respeito ao direito dos outros: direito que começa onde, -exatamente, termina ou se limita o nosso. São as leis da convivência. É a lei da vida. Então vale a pena escrevinhar em uma cidade do interior as coisas e os sentimentos que estão a nos dizer alguma coisa. Deixar que as palavras surjam, se combinem e se casem... As nossas crônicas no JB, através desta trincheira democrática que nos foi cedida pela Direção do Jornal, vem sendo uma presença constante desde 1986. Estamos no número mágico, eis que há exatos 7 anos mandamos o nosso RECADO URGENTE à população botucatuense. Longe de pretencioso o título revela a visão que temos da importância da COMUNICAÇÃO, da ponte que o escritor, o cronista e jornalista estabelecem com a população: a mágica de você escrever sobre determinado assunto e chegar alguém e dizer: “Puxa, você disse o que eu queria dizer. Parece que houve telepatia.” Essa simbiose, para nós que escrevemos, é milagrosa: pois renova e alimenta a inspiração e a criatividade. O que é importante que se escreva??? Tudo é importante. Tudo o que interfere, modifica e cria na sociedade, tem a sua importância. Se não direta, indiretamente. De tudo se tira uma mensagem, um exemplo. E de tudo e em tudo o que vemos é a grandiosidade do universo e a insignificância de nossa presença e de nossa passagem por este mundo. O que vemos é que a futilidade, o comodismo e a arrogância de nós todos é um nada perante o Juízo Final e que em nosso encontro com ELE, as contas serão apresentadas e os acertos feitos. Meditação para todos e especialmente para os que ocupam postos de mando... Tudo é passageiro...E a riqueza, a prepotência e o poder tão efêmeros... Essas lembranças nos vem quando perdemos um ente singular entre seus pares: ALDO MARTIN. Companheiro de tantas caminhadas. Reto. Integro. Deixou atuação modelar em todas as áreas e segmentos da sociedade em que atuou e aos quais prestou a sua sempre coerente, competente e séria colaboração. Cidadão prestante exemplar. Pai de família amoroso. Amigo
certo de todas as horas. Profissional, esportista e cidadão que se destacou entre seus pares. Em sua despedida foi coberto pela bandeira do BTC - Botucatu Tênis Clube, onde, por anos e anos, prestou a sua colaboração desinteressada. Mas poderia ter sido a Bandeira da AAB - Associação Atlética Botucatuense, ou a Bandeira de algum segmento profissional, ou a Bandeira dos militantes políticos de algum partido de saudosa memória ou, SIMPLESMENTE, a Bandeira da Vida, a Bandeira da Raça Humana, a Bandeira dos Justos... Com certeza, a homenagem levada a ALDO MARTIN pela Diretoria do Botucatu Tênis Clube, representou a homenagem que esse cidadão prestante merecia. Essa homenagem levou um pouco de cada um de nós. Botucatu se empobreceu com essa perda. Que a semente brote e frutifique. Todos perdemos um pouco...de vida. Houve baixa no “front”. No “front” da vida... (Jornal de Botucatu, 19/02/92 – AMD)
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Alameda da República do Togo Está localizada no Centro de Botucatu e faz parte da Praça Isabel Arruda, Era uma rua e hoje é um caminho entre árvores.
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Edil Gomes
Fotos Ivan Barros e Igor Taborda – Botucatu Através da História
Alameda República do Togo era literalmente uma rua que cortava e dividia a Praça Izabel Arruda, apenas uma quadra que iniciava na Avenida Lúcio e ia até a rua Dr. Costa Leite, bem na entrada principal da Misericórdia Botucatuense (Hoje Unimed), isso foi até o ano de 2016, quando após uma grande reforma e revitalização se tornou um caminho, fazendo parte integral da praça, mas continua sendo uma alameda, já que a definição da nomenclatura é: “rua ou caminho constituída por árvores plantadas em fileiras”. A Praça Isabel Arruda onde ela se situa foi criada como “Largo da Misericórdia” através da Lei Municipal 112 de 21 de março de 1903, um lindo jardim fronteiriço a então Misericórdia Botucatuense. Somente em 3 de janeiro de 1934, através da Lei 32, recebeu o nome de Praça Izabel Arruda. A Alameda República do Togo veio surgir bem depois em 1974 e regularizada através de decreto em 1977, quando era Prefeito Plínio Paganini.
Porque Alameda República do Togo?
Em Botucatu é assim, alguns fatos do passado e a verdadeira história acabam se perdendo com o tempo, foi desta forma com esse ponto da cidade na área central, poucos hoje sabem da origem do seu nome e a placa não traz explicações. Voltando ao início, temos que incluir na história mais um personagem, o médico Dr. Domingos Alves Meira (foto), que docente e pesquisador da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu - FCMBB, assumindo em 1967, foi diretor do Hospital das Clínicas da FMB, Diretor da FMB, criando em seu mandato a Famesp, tem vasto currículo ligado a nossa Faculdade de Medicina, infelizmente nos deixou em 2012. Foi consultor da Organização Mundial da Saúde em 1972, sugerindo a estrutura curricular da Escola de Medicina da Universidade de Benin da República do Togo. Talvez por esse motivo, em 1974, uma delegação da República do Togo esteve em Botucatu e nada melhor que um relato de alguém que esteve presente no dia da inauguração da placa “Alameda República do Togo”. Trata-se do professor aposentado do Instituto de Biociências, Rauol Henry, Belga de nascimento, contratado no Departamento de Zoologia, indicado na Disciplina de Ecologia Animal e Geral, na época com 26 anos, foi escalado para ser o intérprete na tradução do francês para português e vice-versa entre os membros da delegação do Togo e professores da então FCMBB. Quando professores da
Faculdade de Medicina de Botucatu na época e a delegação do Togo chegaram ao local, o monumento em arenito estava presente e a placa coberta com “pano” que foi removido a título de inauguração, seguida por pequenas palavras das autoridades presentes e inaugurando oficialmente, estreitando assim a distância entre continentes, culminando na homenagem nomeando assim a rua em frente a entrada da Misericórdia Botucatuense como “Alameda da República do Togo” que se mantém até hoje, vamos ao relato: “No mesmo mês (agosto de 1974), uma delegação de professores universitários do Togo (países da costa atlântica no oeste da África e antiga colônia francesa) estava visitando o Brasil com finalidade de conhecer alguns projetos de desenvolvimento de unidades universitárias que pudessem inspirar os seus membros na implantação de melhorias nas suas instituições. O Ministério das Relações Exteriores sugeriu que visitassem a Universidade de São Paulo, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e outros do mesmo quilate, mas, para a surpresas dos diplomatas brasileiros, a delegação togolesa escolheu conhecer o projeto desenvolvido pela FCMBB, segundo eles, mais próximo da realidade na África. Ao chegar a Botucatu, o Diretor da FCMBB na época, professor Domingos Alves Meira, queria encontrar um intérprete que dominasse a língua francesa para facilitar a comunicação entre eles, demais professores de Botucatu e a delegação togolesa. Assim, fui chamado a dar a minha contribuição no diálogo entre os professores universitários
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das duas instituições. Uma das homenagens outorgadas aos visitantes africanos pela municipalidade foi nomear uma alameda, que unia a Avenida Dom Lúcio à rua Costa Leite, em frente à Santa Casa de Misericórdia de Botucatu, separando metade de uma praça, como Alameda República do Togo. Essa homenagem foi realizada em 6 de agosto de 1974, com inauguração de uma placa comemorativa. O emplacamento foi acompanhado de alguns discursos alusivos, devidamente traduzidos do português para francês, e de agradecimentos do francês para o português pelo intérprete que assina este capítulo”. O trecho faz parte do livro ”Conquistas e reveses: múltiplos passos de um percurso” recém lançado esse ano de Raoul Henry, que conta sua autobiografia. Após a visita dos professores da República do Togo, o Professor doutor Evanil Pires de Campos do Departamento de Moléstias Infecciosas e Cláudia Pires de Campos, sua esposa e professora do Departamento de Microbiologia, foram para o Togo para estágio ou implantação do serviço, e o professor Raoul Henry auxiliou ministrando algumas aulas de francês para ambos antes da ida. Através dessa parceria, foi realizado um intercâmbio com a Universidade de Benin – Escola de Medicina Lomé – Togo. Para entender a importância e justificativa da nomeação, nos remetemos ao decreto 2465 de 17 de janeiro de 1977 que oficializou o nome dado a alameda: “Plínio Paganini, Prefeito Municipal de Botucatu, no uso de suas atribuições legais e, considerando que a distância entre dois países é encurtada pelo sentimento de amizade que os interliga. Considerando o afetivo relacionamento entre a República Togolesa e a nossa pátria, com raízes profundas em nossa própria cidade, face o aplaudido intercâmbio vivido pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu e a Université de Benin – École de Médecine Lomé – Togo. Considerando as renovadas visitas ao nosso município pelos dignos diretores e professores daquela Universidade Togolesa. Considerando a atuação de docentes da nossa Faculdade, que ministraram aulas aos alunos da École de Médecine – Universit du Benin – Lomé – Togo, recepcionados com polido grau de hospitalidade. Considerando o mais cabido propósito de traduzir um gesto oficial, o carinho e o amor, alicerçadas entre os amigos e elegantes representes de Todo e a gente Botucatuense, DECRETA: artigo 1 – Passa a denominar-se “Alameda República do Togo”, a via pública que intercala o Jardim fronteiriço à Misericórdia Botucatuense, entre a Praça Isabel Arruda e a Rua Dr. Costa Leite. Artigo 2 – Este decreto entrará em vigor na data se sua publicação revogadas as disposições em contrário. Botucatu, 17 de janeiro de 1977. Plínio Paganini – Prefeito Municipal. Como marco, foi colocado próximo a Avenida Dom Lúcio um bloco de arenito, símbolo de nossa geologia com a placa de nominação "ALAMEDA REPÚBLICA DO TOGO" e a data: 6 de agosto de 1974, embora sua efetivação tenha sido somente em 17 de janeiro de 1977, sem mais informações que remetesse a homenagem feita, não constando nem o nome do prefeito da época.
A reforma da Praça
As raízes das árvores removiam as pedras encaixadas do mosaico de pedras portuguesas que formavam os caminhos, pela falta de manutenção e principalmente por não ter profissional calceteiros para realizar esses reparos, chegou-se ao ponto de ser necessária sua substituição, o que foi feito por material intertravado permeável, além de trechos com piso tátil direcional. Aproveitando a reforma e também para melhor a estruturação do espaço, outras melhorias foram feitas, como a troca dos bancos, lixeiras, instalação de um playground, áreas de convivência e área destinada para artesanato, bem como a troca do sistema de iluminação sendo modernizado com lâmpadas mais eficientes e econômicas.
Bancos quebrados, pedras do mosaico se soltando apresentando riscos e espaços mal aproveitados Na Alameda, foram retirados os paralelepípedos e nivelado para que a praça não fosse mais cortada por essa rua. O projeto contou ainda com a construção de rampas de acessibilidade, jardineiras, bebedouros, dois bicicletários com 24 vagas, além das áreas de estacionamento com vagas em 45 graus. O ponto de taxi que ficava na Alameda foi remanejado para a Avenida Dom Lúcio. A remodelação da praça permitiu que o espaço fizesse uma composição de ambiente harmônico com o prédio do antigo Fórum, onde agora funciona a Pinacoteca que também foi restaurada. É mais um importante local de Botucatu que possui uma história intercalada a nossa Faculdade de Medicina de Botucatu que rompeu fronteiras através de intercâmbio com o continente africano, especificamente com a República do Togo. Quem sabe possamos estreitar novamente esse laço com visitas e reinauguração da Alameda da República do Togo agora revitalizadajá que em 2024 esse ponto turístico de Botucatu estará completando 50 anos da sua inauguração.