Diário da Cuesta ANO III
Nº 945
QUINTA-FEIRA, 16 DE NOVEMBRO DE 2023
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
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Os túneis de Botucatu da Sorocabana! 70 anos!
Os túneis 1 e 2 foram inaugurados em 10.11.1951
Em Botucatu, os Aventureiros do Túnel, sob o comando seguro de Antonio Carlos Santos (Nica) tem cultuado e preservado a memória referente aos túneis. Com 2 túneis da EFS – Estrada de Ferro Sorocabana, o Túnel 1 tem 642 metros e o Túnel 2 tem 543 metros, que venceram a Cuesta até chegar em Botucatu e partir para a conquista do Oeste. É Registro Histórico!
O Governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estará hoje em Botucatu para anúncio de liberação de recursos destinados ao Hospital das Clínicas/FMB. Além do governador devem visitar o complexo hospitalar o Secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, além de prefeitos e autoridades políticas da região. (Fonte: Notícias.Botucatu)
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Diário da Cuesta "Bastava que a voz de minha mãe em canto se escutasse para que, no mais lúcido meio-dia, se fechasse a noite. Lá fora, a chuva sonhava, tamborileira. E nós éramos meninos para sempre." Mia Couto Maria De Lourdes Camilo Souza
Simplesmente imagine se a gente pudesse engarrafar as crianças que fomos, os momentos preciosos, os amigos queridos, uma viagem que fizemos aos lugares pertinho do céu... Aí num determinado tempo, quando a memória nos vier lembrar, tiramos a rolha e eles saem como o gênio da lâmpada e se elevam no ar e como um filme se reproduz aquele momento que se eternizou. Voltamos àquele lugar no jardim da praça quando aquele rapaz nos pediu em namoro, ao som da música da banda no coreto. Aquele olhar que grudou no nosso e foi direto para o coração que perdeu um compasso. O abraço daquela amiga querida que chegou para uma visita. O sabiá que entrou pela casa afora e entre felizes pela presença, mas o coração preocupado que ele se debata nos vidros da janela e se machuque. Miudezas felizes que compuseram nosso dia a dia mais rotineiro. A chegada daquela criança tão aguardada no ventre e que seguimos pela vida. Seus primeiros passos todas as vezes que a seguramos com tanto amor e carinho, protegemos tanto e um dia se foi ser cidadão do mundo. Todos aqueles ricos momentos e também aqueles que seguramos o grito e o choro e nos dispusemos a virar as costas e partir para que o outro pudesse ser feliz. Quando se quisesse trazer de volta seria como abrir aquele vinho de uma boa safra, e reviver. Tudo aquilo que nos policiamos e abolimos do nosso vocabulário para sermos apenas e tão sómente o ser perfeito que nos dispusemos vir a ser nesta existência e que burlamos as próprias regras em tantos momentos julgando agir pela felicidade geral, nos iludindo saber o que era realmente bom e era absolutamente desnecessário pois o melhor era deixar acontecer. Não temos nem mesmo controle sobre o próximo segundo então...confie na Divina Providência e deixe fluir.
EXPEDIENTE
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
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ARTIGO
A MULA BAIA...
José Maria Benedito Leonel A tropa tava na mangueira. Mangueira grande de pau a pique, palanque de ipê no meio, com marcas de laço. Então o véio me disse ---- Tá tudo aí. Escolha à vontade, o gosto é do senhor. Tinha burros xucros, animais de 4 a 5 galopes, com marcas de barbicacho e animais vaqueanos e mansos. Chamô minha atenção uma mula ruana, um burro preto e uma mula baia. A mula ruana tinha uma pisadura na cerneia. O burro preto tinha, pra lembrá meu avô tropeiro, “zóio de porco”, ou seja, pra nóis da lida, gênio ruim. Restô a mula baia. Peguei, pus a traia nela e montei. De boca, um relógio, ou seja, perfeita, bem domada. Esbarrei pra lá, pra cá. Atropelei, manejei laço, vesti capa. Nada, ela atendia tudo, ligeira, esperta, de confiança. Eu me perguntava: onde tá o defeito da mula baia? Não demoro muito pra mim sabê. O véio do passeio da casa, ao lado de uma moça morena, mais bonita que rosa amarela, de olhar morteiro, me disse que a mula baia era dela, sua filha. Disse que escolhi a cabeceira da tropa, mas que tinha preço, que era de negócio. Terminô ali a prosa, o negócio. Meu dinheiro, por mais que fosse, era pouco pra sê dono
Ilustração de Vinício Aloise para o livro “Uma história desenhada”
da mula baia e era uma miséria pra entristecê a moça morena que nunca mais esqueci. Ela soube a vida toda que eu podia tê comprado a mula. Se me deixô saudade, também deixei. Então, como a mula ruana tinha sua pisadura também tenho minhas cicatrizes. Até explico as cicatrizes que tenho, visíveis que são. Elas são marcas minhas, trazidas de onde venho, herança do sol, dos tombos e das artes. Eu as mostro, falo delas com serenidade e não as lamento. Tenho um taio na testa e um enxerto visível que também tem uma história. Eu diria que minhas cicatrizes são acidentes de percurso ao longo de uma vida. Ah, se fossem tão somente elas, expostas, contundentes, agressivas até. Há outras, aquelas que carrego no coração e na alma. Quem não as tem? Suas histórias não são contadas. Lembrar delas já dói, já machuca, já sangra. Não há como trazê-las na prosa... Elas retratam o que precisa ser esquecido nos porões da consciência. Por estranho que seja, elas vivem em nós, queiramos ou não. São vivências tristes escondidas nos versos do cateretê que a viola toca. Em mim, faz parte da história que eu não conto. Pisaduras, cicatrizes... Às vezes me lembro da mula baia e da morena sua dona, que ficô lá no passado. Simples assim.
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Diário da Cuesta
Miscelânea filatélica e Numismática Ângelo Albertini do Amaral Foi bancário e comerciário, desde a adolescência cultivou a poesia. Publicou entre 1955 e 1957 o livro “ODRE DE QUIMERA”. Como membro do Centro Cultural de Botucatu, esteve ligado ao movimento cultural da cidade, sendo Diretor do Departamento Filatélico e Numismático da entidade, sempre procurando desenvolver, entre os sócios, o gosto pelo colecionismo. Publicou, em 1996, a “Miscelânea Filatélica e Numismática” (Olavo Pinheiro Godoy).
Explicando cada imagem que faziam parte da capa livro Miscelânea Filatélica e Numismática, pelo autor: Ítem primeiro: O primeiro brasão de armas de Botucatu. “Em 28 de agosto de 1952, pela Lei nº 273, sancionada pelo prefeito Emílio Peduti, ficou adotado como brasão de armas da cidade e município de Botucatu, o composto pelo escritor botucatuense Hernâni Donato e desenhado pelo professor Gastão Dal’Farra, desenhista botucatuense.” (Diário do Botucatu - 25/3/1978). Item segundo: O segundo brasão de armas de Botucatu. Em 21 de março de 1978, sendo prefeito Municipal Luiz Aparecido da Silveira, reuniu-se a Câmara Municipal em sessão extraordinária, que aprovou projeto do executivo, criando um novo brasão. Foi seu idealizador Arcinoé Antonio Peixoto de Faria. Item terceiro: O selo do centenário de Botucatu. O selo comemorativo do centenário da cidade resultou de um projeto de Lei apresentado no Congresso Nacional pelo deputado federal paulista, Antonio Silvio da Cunha Bueno, de amizade com o prefeito municipal Emílio Peduti. Sabe-se que foi instituído concurso entre os escolares da cidade e o estudante Paulo Martins teve a sua ideia de ser o selo o mesmo que o brasão, aprovada em primeiro lugar. Talvez ensaios do selo posto em circulação, vemos dois desenhos diferentes não aprovados.
Ítem quarto: Nosso carimbo Idealizado, certamente pelos primeiros diretores do Departamento, foi usado como base do primeiro carimbo comemorativo de nossa cidade e desde então, se mantendo atual. Item quinto: Ainda o concurso do selo. Dois desenhos de concorrentes que, tiveram segundo e terceiro lugares. Foram lançados como selos de propaganda dos festejos do centenário e muito usados na correspondência durante o ano de 1955. Item sexto: Nosso cinquentenário. Elaborado pelo presidente do Centro Cultural de Botucatu, Olavo Pinheiro Godoy para comemorar o Jubileu de ouro. Item sétimo: O terceiro brasão e os nossos slogans. O terceiro brasão e vigente, foi instituído por concurso popular, durante a primeira gestão do prefeito Jamil Cury. Os dois primeiros slogans, são tradicionais e de longa data, conhecidos, "Bom Povo” é recente e associado ao último e vigente brasão.
Angelo Albertini do Amaral - Botucatu – SP – Brasil MISCELÂNIA FILATÉLICA E NUMISMÁTICA, QUASE LIVRO BONS ARES, BOAS ESCOLAS, BOM POVO - 1996