Edição 947

Page 1

Diário da Cuesta ANO III

Nº 947

SÁBADO E DOMINGO, 18 E 19 DE NOVEMBRO DE 2023

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br

TINOCO (JOSÉ SALVADOR PEREZ), NASCEU EM BOTUCATU EM 19/11/1920 E FOI O ARTISTA QUE PERMANECEU MAIS TEMPO EM ATIVIDADE (82 ANOS). PÁGINA 3

Dupla sertaneja ‘Tonico e Tinoco’ é tema de Semana Cultural em Pratânia Teve início na segunda-feira (13) a 10ª edição da “Semana Tonico e Tinoco”, em Pratânia (SP). A programação em homenagem aos músicos segue até o dia 19 de novembro na cidade, data que marca o nascimento de José Salvador Perez, o Tonico. O evento acontece no Museu da Música, onde parte da carreira dos irmãos está exposta ao público. Durante a semana, serão realizadas diversas atividades culturais com crianças e adolescentes da Rede Municipal de Ensino, como concursos, apresentações musicais e visitas ao Museu da Música e à “Casa do Tinoco”. Tonico e Tinoco influenciaram a música caipira e são orgulho do centro-oeste paulista. Além da programação tradicional do evento, a edição de 2023 contará com a estreia do concurso “Moreninha Linda”, que será realizado em parceria com a Diretoria de Educação. No domingo (19), dia de homenagem à “Dupla Coração do Brasil”, o evento contará com o tradicional Café Tonico & Tinoco, além da apresentação do Coral da Melhor Idade, roda de violeiros com duplas e trios convidados, e exposição itinerante, com a presença de Zeka Perez, o filho do cantor Tinoco. (Fonte: Botucatu Online)

Você encontra aqui as edições do Diário da Cuesta

h�p://blogdodelmanto.blogspot.com


2

Diário da Cuesta

EDITORIAL Importante a iniciativa da Prefeitura Municipal de Botucatu na área cultural: iniciou a construção do Memorial da Música Caipira dedicado à música raiz. Esse local será um grande atrativo turístico a consolidar as trajetórias de grandes compositores como Angelino de Oliveira, Raul Torres, Serrinha, Zé da Estrada e os irmãos Tonico e Tinoco ( nascidos em Pratânia, portanto em Botucatu, eis que o então Distrito da Prata pertencia ao município de Botucatu). O Memorial será localizado na Cohab 1 (residencial Humberto Popolo), terá como estrutura arquitetônica uma recepção com área para exposições itinerantes + 3 salas onde serão ministradas aulas e cursos de música e terá até um pequeno coreto. Uma escultura de uma VIOLA com 5 metros de altura ficará imponente em frente ao Memorial.

Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

Nº 05

SÁBADO DOMINGO 14/15 de novembro de 2020

RAUL TORRES E O SAMBA RURAL

É um orgulho para Botucatu possuir o TRIO PIONEIRO DA MÚSICA RAIZ: Angelino de Oliveira, Raul Torres e Serrinha, que praticamente fazem de Botucatu e região o BERÇO DA MÚSICA CAIPIRA OU MÚSICA RAIZ. Sim, porque é pacífico o entendimento de que Piracicaba é a Capital da Música Caipira e o caipirês está enraizado em Piracicaba e já é patrimônio imaterial da cidade. E o registro do sotaque caipira como patrimônio reúne expressões em Piracicaba... O Diário da Cuesta tem procurado divulgar a música raiz e os expoentes que a fizeram e consolidaram. Com o Memorial da Música Caipira, a nossa cidade dá importante passo na preservação da nossa Memória Cultural e Musical. A Direção.

Diário da Cuesta

ano I

Diário da Cuesta

Nº 22

PÁGINA 3

TRIO DE OURO DA MÚSICA RAIZ

ANGELINO DE OLIVEIRA É um orgulho para Botucatu possuir o TRIO PIONEIRO DA MÚSICA RAIZ: Angelino de Oliveira, Raul Torres e Serrinha, que praticamente fazem de Botucatu e região o BERÇO DA MÚSICA CAIPIRA OU MÚSICA RAIZ. Sim, porque é pacífico o entendimento de que Piracicaba é a Capital da Música Caipira e o caipirês está enraizado em Piracicaba e já é patrimônio imaterial da cidade. E o registro do sotaque caipira como patrimônio reúne expressões em Piracicaba...

ELEIÇÕES MUNICIPAIS

4

Estátua de Raul Torres na Praça do Bosque (Botucatu)

você sabia? Que teria sido brasileiro o famoso herói inglês que marcou presença na Primeira Grande Guerra Mundial? Teria sido botucatuense esse herói? Teria nascido na Cuesta de Botucatu esse herói que encantou gerações com sua bravura e idealismo? A Revista Peabiru apresentou minucioso estudo sobre a trajetória desse herói mundial. Na história ou na “lenda” de Lawrence da Arábia, temos como berço natal do herói a Cuesta de Botucatu, mais precisamente, a Fazenda do Conde de Serra Negra, localizada em Vitoriana. Verdade ou lenda ?!? Segredo guardado ou sonho “botucudo” surgido antes da virada do século passado?!? Mas fica – com certeza! – a imagem positiva e heroica de Lawrence da Arábia: um brasileiro nascido na CUESTA DE BOTUCATU.

Diário da Cuesta

Um aristocrata da música popular

Aleixo Delmanto

“- Sabiá que canta triste Lá na mata do sertão, Ele canta pra esquecer a mágoa do seu coração»

“-Hoje eu passo a encru[zilhada Me lembrando só de ti, E o malvado passarinho Ainda grita: - Bem-te-vi!” Boêmio incorrigível e impenitente, coerente, consigo próprio, continuava a declamar, idoso, com o mesmo entusiasmo juvenil, os versos de A Storni, a poetisa argentina: “...enche de vinho este cristal sonoro nós beberemos esse licor de ouro ao celebrar a noite e a sua doçura...”

Porque após da costumeira visita ao rancho do Jeca ao pé do monte, subindo pela encosta íngreme, já no cume da serra, descortinavam os cantores o panorama magnífico da Princesa da Serra, meta do trovador, com seu casario amplo e luminoso e suas torres, no triunfo das luzes rubras do ocaso. Era também o triunfo do aedo! Reminiscência da juventude nas notas musicais das peraltices

“Hoje eu choro a desventura Que o destino veio dá, Separando os coração Como as viola da canção E as estrelas do luá”. Não abraçou, como de costume, o seu instrumento! Dedilhou, no ar livre, uma harpa invisível, ou o dedo em riste, como se empunhasse uma batuta de orquestra. Ou declamado, inaudível, uma frase do teuto Lutero:- “A música é o melhor refrigério de um desconsolado. Por sua causa o coração se acalma, se revigora, se renova”. Mas a música cessara e o coração, amargurado, não sobreviveu àquela que foi a fiel companheira espiritual de toda a sua vida. Não conseguiu, sequer, assobiar, entre os lábios trêmulos, a saudosa música de outrora: - “Lá na mata do sertão quando o sol vai descambá, a saudade vai chorando do peito do sabiá...” De nossos corações “sai chorando” também a tua imensa saudade, ó seresteiro poeta! ]E as vozes, botucatuenses e orfeônicas do nosso grande “Coral”, levarão sempre, por toda a parte, em suas triunfais peregrinações, o espírito de tua arte inconfundível. Para Vitor Hugo, sumo escritor e poeta, “...la musique est la vapeur de l´art. Elle est à la poésie ce que la rêverie est à la pensée, ce que le fluide est au liquide, ce que l´ocean desnuées est à l´ocean des ondes. Elle est l´indefini de cet infini”. Para Angelino de Oliveira, autodidata e boêmio, a música foi tudo. Três novos Reis Magos o previram em sonho. Nasceu ela, por insuflação divina, sem sêmem, no fundo do seu coração.

Isso é muito bom. Os bons empresários e as prefeituras espertas estão partindo para a valorização do nosso interior. Em Piracicaba tem um escritor, Cecílio Elias Netto, que publicou o “Dicionário

Serrinha

por Gesiel Jr Um dos templos católicos centenários de Botucatu, a Capela de São José, passa por serviços de revitalização desde o ano passado. Para dar continuidade às obras, o pároco da Igreja de São Benedito, padre Ademar Domingos Roma, anuncia o início da segunda campanha para esse objetivo. TROCA DA COBERTURA A próxima etapa será a da substituição do telhado da

igreja, hoje feita de telhas de amianto, por telhas galvanizadas, tipo sanduíche. “Além de dar maior leveza no prédio já centenário, também auxiliará na acústica e na retenção da temperatura interna”, garantiu o pároco. Os serviços envolverão os 400 metros quadrados da capela, inaugurada em 1918. O custo total dos trabalhos, entre material e mão de obra, está orçado em R$ 42 mil. (Botucatu Online)

É a riqueza do interior deste Brasilzão! É o valor da raça brasileira! É muito importante lembrar a mais famosa parceria da música raiz nacional: Raul Tôrres e João Pacífico. Raul Tôrres, botucatuense que trabalhou na então Estrada de Ferro Sorocabana, era um poeta nato e um músico de mão cheia: “Moda da Mula Preta”, “Cabocla Tereza”, “Pingo D’Água”, “Chico Mineiro” são algumas das suas músicas que alcançaram sucesso nacional, com destaque especial para “Saudades de Matão”, cuja letra é comprovadamente de Raul Tôrres e a melodia atribuída a Jorge Galati e Antenógenes Silva. E Antenor Serra (Serrinha), seu sobrinho que

também trabalhou na Sorocabana e que fez dupla com Raul Torres e outros parceiros. Serrinha foi autor de cerca de 300 composições. As composições preferidas de Serrinha merecem destaque: “Chitãozinho e Chororó”, “Bom Jesus de Pirapora” e “O que tem a Rosa”. Pela voz de Serrinha a toada sertaneja nascida em Botucatu percorreu os mais distantes rincões. Nesse cenário é que a Prefeitura Municipal de Botucatu fará a construção do MEMORIAL DA MÚSICA CAIPIRA. Esse local será um grande atrativo turístico a consolidar a memória da nossa música raiz, fazendo com que as trajetórias de grandes compositores como Angelino de Oliveira, Raul Torres, Serrinha, Zé da Estrada e os irmãos Tonico & Tinoco (nascidos em Pratânia, portanto em Botucatu, eis que o então Distrito da Prata pertencia ao município de Botucatu). O MEMORIAL será localizado na Cohab 1 (Residencial Humberto Popolo), que terá como estrutura arquitetônica uma recepção com área para exposições itinerantes + 3 salas onde serão ministradas aulas e cursos de música e terá até um pequeno Coreto. Uma escultura de uma VIOLA com 5 metros de altura ficará, imponente, à frente do MEMORIAL. (AMD)

BIOGRAFIA / WIKIPÉDIA Angelino de Oliveira (Itaporanga, 21 de abril de 1888 - São Paulo, 24 de abril de de 1964) foi um compositor e instrumentista brasileiro. Compôs Tristeza do Jeca,[1] Moda de Botucatu e Incruziada, entre outras canções, regravadas extensamente por artistas da MPB e da música sertaneja.[2] Foi em Botucatu que Angelino desenvolveu a maior parte da sua atividade musical, sendo o músico local mais cultuado

Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

ano I Nº 136

SEXTA-FEIRA, 16 de ABRIL de 2021

Saudades de Botucatu, poesia de Angelino de Oliveira Hino Oficial de Botucatu

Este ano – quando Botucatu comemora 166 Anos! – vamos buscar em nossa Cultura o que de melhor se fez em homenagem à Cidade dos Bons Ares e das Boas Escolas. Estaremos resgatando, nestes dias da Semana do Aniversário da Cidade (14 de abril a 21 de abril), poesias raríssimas feitas em homenagem a Botucatu. É o Registro Histórico-Cultural do que há de melhor em linguagem poé�ca para a nossa cidade. E, de início, após a publicação da poesia cívica “Princesa da Serra” - poesia oficial do Centenário de Botucatu, de autoria de Trajano Pupo Jr -, vamos destacar a poesia de Angelino de Oliveira, consagrado compositor de “Tristezas do Jeca”, que nos deu “Saudades de Botucatu”, música que viria a ser a nossa Música Oficial:

Saudades de Botucatu

Nunca esquecerei de �, oh minha terra, Berço onde o amor nasceu. És princesa lá da serra, Terra dos carinhos meus Não mais poderei viver longe de �. Tu és a minha adoração. Oh! Botucatu, Cidade dos meus sonhos, Terra do meu coração. Oh! Botucatu, Cidade dos meus sonhos, Terra do meu coração.

Últimas Notícias ! “NÃO ESPERO MAIS NADA DO GOVERNO ESTADUAL”, afirma Pardini

No aniversário da cidade de Botucatu – 14 de abril – o Prefeito Municipal, Mário Pardini, segue de carro para Brasília. Com certeza, nessa viagem inesperada, irá buscar recursos e VACINAS para a Saúde. Ainda repercutem suas palavras: “(o Governo do Estado) anunciou que o AME teria 29 leitos de UTI, mais não sei quantos de enfermaria, depois eram 11 leitos e o que nós temos hoje no AME, não sei se aumentou ontem, mas são dois leitos de enfermaria e isso não é nada, né?”

EVITE AGLOMERAÇÃO FAÇA DISTANCIAMENTO SOCIAL

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

WEBJORNALISMO DIÁRIO

Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

4

da cidade, embora outros tenham alcançado maior fama como Raul Torres e Antenor Serra, o Serrinha.[3] Em sua obra destacam-se canções, tangos, valsas, sambas-canções, e até um fox trot. O que mais se aproxima da música sertaneja são suas toadas, como a famosa Tristeza do Jeca. Uma das edições desta música, da década de 1920, traz na capa a indicação de gênero: canção. O ritmo da melodia é dife-

rente do que hoje se canta, bem como o andamento sugerido na partitura: lento. Até uma parte da melodia está em altura diferente do que hoje se canta, modificação provavelmente introduzida pela gravação-versão de Tonico e Tinoco, fato já apontado por Paulo Freire em seu livro sobre o compositor). Além de Tristeza do Jeca, Caboclo Velho, Sabiá e Prece, são verdadeiros clássicos sertanejos.

Diário da Cuesta

A BOIADA CUIABANA

A reportagem especial da última edição da Revista Peabiru, “Turismo Rural ou Turismo-Raiz em Botucatu” repercutiu de forma surpreendente. De início, vamos destacar a manifestação do Mestre da Viola de nossa cidade, o João Tavares. Reforçando o destaque dado para as comitivas do passado e a ligação de Botucatu com esse tipo de atividade rural que tanto propiciou o desenvolvimento do nosso Estado, conseguimos do Mestre Tavares a letra da moda de viola, Boiada Cuiabana. Essa música já havia sido lembrada pelo Prof. Vinicio, uma vez que ela destacava a presença de Alambari (Piapara), como ponto de partida das comitivas. Não foi fácil a pesquisa para se encontrar a letra dessa música que é do consagrado músico brasileiro Raul Tôrres. Graças à atenção do Mestre Tavares, conseguimos a letra de Boiada Cuiabana, que reproduziremos no final desta reportagem. O Mestre Tavares é preciso que se destaque que é um dos mais expressivos professores de viola e violão, para música caipira ou música-raiz, de todo o Estado. No Vale do Paraíba temos o Braz da Viola, na região de Botucatu temos o Mestre Tavares. Na casa do Mestre Tavares e nas Academias em que ele ensina a verdadeira música-raiz já passaram os grandes destaques da música caipira : Sampaio (da dupla Teodoro e Sampaio), Pardinho (que fez dupla com Tião Carreiro e João Mulato), Carreiro e Carreirinho, Jacó e Jacózinho, Zé Matão e Matãozinho e Zita Carreiro e Praiana, entre tantos outros que se dedicam só a divulgarem a música-raiz. De se destacar, também, os nomes dos cururueiros, Zito Moreira, Jonata Neto, Waldir Boiadeiro, Dito Carrara e Gusto Belo. Também digna de registro a emoção vivida pelo legendário Lauro Branco com a matéria da qual ele é parte de destaque. Já com o Moacir Fabiano, um dos mais consagrados Tropeiros do Brasil, conseguimos o texto da matéria publicada pela Revista Hippus (Edição nº 42, de março/83, páginas 40 e 41, com o título de “Tropeirismo em Botucatu”) , sobre o Museu do Boiadeiro que ele fundou e mantém bravamente em Rubião Junior. Reproduzimos a matéria da importante revista brasileira que divulga e promove o nosso turismo-raiz. Cada vez mais e mais se consolida a ideia de que é possível, e mais, de que é viável a implantação do turismo-raiz de forma empresarial na cidade de Botucatu. Com a implantação das Comitivas-Turísticas, com o roteiro que sugerimos, partindo do Rio Bonito (Porto Martins), passando por Vitoriana e descendo para Alambari (Piapara), o turismo-raiz já teria o seu roteiro. Acrescente-se a isso, a presença dos tropeiros, de vacas para o leite fresco, da presença dos mestres da viola, da visita às antigas fazendas da região (especialmente a do Conde de

Serra Negra, do Lageado, da Monte Alegre) da visita monitorada ao Museu do Boiadeiro, em Rubião Junior, e o sucesso será garantido. Para completar, a típica comida do tropeiro e a comida caipira em geral e teríamos a certeza do sucesso dessa empreitada no campo promissor do turismo. Boiada Cuiabana Vou contar a minha vida, do tempo que eu era moço. De uma viagem que eu fiz, lá pro sertão de Mato Grosso. Fui buscar uma boiada, isso foi no mês de Agosto. Meu patrão foi embarcado, pra linha Sorocabana. Capataz da comitiva, era o Juca Flor da Fama. Foi tratado pra trazer uma Boiada Cuiabana. Eu saí do Alambari, na minha besta ruana. Só depois de trinta dias é que cheguei em Aquidauana. Lá fiquei enamorado de uma marvada baiana. No baio foi João Negrão, no tordilho Severino. Zé Garcia no alazão, no pampa foi Catarino. A madrinha e o cargueiro, quem puxava era um menino. Na volta de Campo Grande, no Cassino fui entrando. Uma linda paraguaia na mesa tava jogando. Botei a mão na argibeira, dinheiro tava sobrando. Ela mandou pra mim que fosse chegando. Eu virei, disse pra ela: vá bebendo, eu vou pagando. Eu joguei nove partida, meu dinheiro foi andando. De Campo Grande parti, com a Boiada Cuiabana.

M e u amor veio na anca, da minha besta ruana. Hoje eu tenho quem me alegre, na minha véia chopana. Fomos buscar no Pequeno Guia de Botucatu (l988), o curriculum vitae de Raul Torres , com o desenho do Prof. Benedito Vinicius Aloise (Vinicio), retratando fielmente o consagrado autor botucatuense: “Raul Torres (1906/1970), nascido em Botucatu, Raul Torres começou no rádio em 1927, na primeira emissora paulista : a Rádio Educadora, ao lado de Paraguaçu e Arnaldo Pescuma, Canhoto e outros. Convidado pelo Maestro Francisco Mignone, então diretor artístico da gravadora Parlophon, começou a gravar em 1930. Além desta, pertenceu ao quadro de outras gravadoras : Columbia, RCA-Victor, Odeon, Caboclo, Chantecler e Continental. Raul Torres foi compositor, cantor e diretor de vários conjuntos regionais, desfrutando prestígio e popularidade por todo o Brasil e Paraguai. Cantou em duplas e trios com Florêncio, Serrinha, Rieli, Nininho e Castelinho. Deixou gravadas 456 músicas de sua autoria e em parceria com João Pacífico. Raul Torres perdura entre nós através de suas músicas, das quais destacamos: “Boi Amarelinho”, “Chico Mulato”, Cabocla Tereza” e “Mula Preta”. A Moda de Viola e a Toada Sertaneja Botucatuense estão tipicamente representadas em Raul Torres”. (AMD)

3

Angelino de Oliveira

“Hier ist die Gipfel, suche Keine andern...”. “Aqui está o cimo, não procure alhures...”

do garoto, do reencontro saudoso com os amigos do peito, na centenária cidade do poeta e velho amigo Trajano... Mudara-se Há tempos para São Paulo, o botucudo violonista, mas, amiúde, aqui aportava para abraçar os amigos, relembrar as velhas canções e tornar conhecida a sua última composição... Alquebrado, arquejando, retornou pela última vez. Foram os seus últimos dias!

Angelino de Oliveira

“Nestes versos tão singelos Minha bela, meu amor Pra você quero contar O meu sofrer a minha dor Sou igual o sabiá Quando canta é só tristeza Desde o galho onde ele está Nesta viola eu canto E gemo de verdade Cada toada representa Uma saudade Eu nasci naquela serra Num ranchinho a beira-chão Todo cheio de buraco

Lá no mato tudo é triste Desde o jeito de falar Pois o jeca quando canta Dá vontade de chorar E o choro que vai caindo Devagar, vai se sumindo Como as águas vão pro mar E o choro que vai caindo Devagar, vai se sumindo Como as águas vão pro mar”

3

Diário da Cuesta

O contraste é evidente e num exemplo elucidativo, embora indireto, tem-se a impressão, caipira, de um modesto cantor de microfone, interpretando uma trova comum, repleta de monótono estribilho. Na segunda, a sertaneja, de uma “Casa Pequenina” ou da “Tristeza do Jeca”, através das vozes melodiosas, de uma Bidu Sayão ou de uma Inezita Barroso. Poeta, pois, e músico popular e “aristocrata”, Angelino soube interpretar fielmente e com suma arte e inspiração musical, a vida do nosso humilde homem do campo, de suas dores, de suas queixas, amores, ciúmes e tristezas. Pintor eficaz e feliz do rancho de sapé ao pé da serra, dos luares sulinos e prateados, rebrilhando sobre a colina verdejante e o riacho tranquilo e cristalino. Cantor mavioso das encruzilhadas da mata, ponto de encontro furtivo dos pares amorosos. Daquela conhecida “Encruzilhada”, mergulhada no silêncio noturno da mata tropical e despertada, ao alvorecer, pelo canto ciumento do malvado bem-te-vi, pássaro cúmplice e maldoso:

E naqueles instantes, como por um milagre, o repentista exímio improvisava, em se transfigurando. As notas e melodias, como manancial inesgotável, se transformavam em música enlevada, em valsas primorosas de evocação chopiniana. Dedilhava, então, sobre as cordas amareladas do velho instrumento com atavio, elegância e a experiência de um artista do teclado, mormente quando acompanhado ao violão pelo já falecido e outro ilustre autodidata, o saudoso Zé Maria Peres, seu velho companheiro de mocidade e de arte. Que rendilhado sonoro! Que noitadas de inspiração artística! Quantas belas composições, olvidadas pelo próprio Autor, eram então relembradas pelo fiel Zé Maria, que as conhecia de cór, música e letra! Respirava-se novamente um fresco perfume de juventude cabocla, o fresco aroma do cravo rubro, enfeitando cabelos ou roupagens; a fragrância renovada do primeiro sol; o verde perfume do musgo dos troncos, da resina brilhante, das gotas de orvalho resplandecentes na alegria festiva da primeira manhã... E a fisionomia do Zé Maria a comover-se, a emocionar-se! E lágrimas furtivas, escorregadias, a se deslizarem brilhando através dos sulcos das rugas, aglomerando-se e tombando, enfim, sobre o violão ressequido... Como gotas de chuva, tamborilando sobre o teclado verde das folhas da bananeira silente... Alcançava-se o auge, o diapasão do astro poético, dos acordes musicais, quando o “duo”endiabrado” parecia querer cantar, em alemão, os versos de Mombert:

Raul Torres

COMEÇA A SEGUNDA CAMPANHA DA REFORMA DA CAPELA DE SÃO JOSÉ

Quem é nascida ou nascido no interior sabe dar valor às boas coisas e causos da gente simples da zona rural. A mais famosa música caipira é a “Tristeza do Jeca”, do Angelino de Oliveira, de Botucatu. Essa música é conhecida no mundo todo, na 2ª Grande Guerra Mundial foi tocada nas tropas aliadas, era um código. Ela retrata muito bem como era o homem simples e de como ele via e vivia a vida. Já foi gravada pelos melhores cantores do Brasil. Vejam que linda letra:

Onde a lua faz clarão Quando chega a madrugada Lá no mato a passarada Principia o barulhão Nesta viola eu canto E gemo de verdade Cada toada representa Uma saudade

Revista Hippus (Edição nº 42, de março/83, páginas 40 e 41, com o título de “Tropeirismo em Botucatu”)

Cerrou-se o canto sertanejo do conhecido e “aristocrata” cantor da nossa gente e de nossa terra. Apresenta o Brasil dois típicos, genuínos e inigualáveis “músico-poetas” populares: Catulo, no Norte e Angelino, no Sul. O nosso, o sabemos, com rudimentares conhecimentos de técnica musical, autodidata, incapaz de compor sobre uma folha o que lhe ardia, gravado profundamente, no âmago do coração e da alma. Quantas composições de extraordinário valor artístico, de “cór e de cabeça”, depositadas no cofre aberto de uma memória incomum e, por isso, às dezenas, inéditas e desconhecidas pelo público em geral! Típicas, “só dele”, genuínas, próprias, originalíssimas. Como as de Chopim, no campo oposto, o clássico, jamais superadas ou imitadas. Comprova-se que, mesmo na música popular e folclórica, há diferença de estilo, de inspiração, de arte, de insuflação divina. Raríssimos, outrossim, são os que, como Angelino de Oliveira e Catulo da Paixão Cearense, nasceram com a bossa de poeta e de músico, ao mesmo tempo e graças a Deus... Música popular que poderemos dividir em duas categorias principais: a caipira e a sertaneja. A primeira, mais simples, modesta na melodia e no conteúdo poético; a segunda, mais nobre, elegante, enlevada, aristocrata.

do Dialeto Caipiracicabano” (Arco, Tarco, Verva). No dicionário, TARCO ”é o mesmo que talco. Piracicabano, como se sabe, sempre fica em dúvida, no barbeiro, entre tarco (talco), arco (álcool) e Acqua Verva (Velva). Mas, com muié, prefere tarco. Muié diz: “Depois do banho meu marido sempre qué qui eu use tarco!..

“EU NASCI NAQUELA SERRA...” ANGELINO DE OLIVEIRA É um orgulho para Botucatu possuir o TRIO PIONEIRO DA MÚSICA RAIZ: Angelino de Oliveira, Raul Torres e Serrinha, que praticamente fazem de Botucatu e região o BERÇO DA MÚSICA CAIPIRA OU MÚSICA RAIZ. Sim, porque é pacífico o entendimento de que Piracicaba é a Capital da Música Caipira e o caipirês está enraizado em Piracicaba e já é patrimônio imaterial da cidade. E o registro do sotaque caipira como patrimônio reúne expressões em Piracicaba...

RAUL TORRES é um orgulho para Botucatu. Faz parte do TRIO DA MÚSICA RAIZ: ANGELINO DE OLIVEIRA, RAUL TORRES E SERRINHA. Praticamente, fazendo de Botucatu e região a CAPITAL DA MÚSICA CAIPIRA ou MÚSICA RAIZ! Com estátua na Praça do Bosque, Raul Torres tem resgatado o seu OUTRO LADO MUSICAL: do SAMBA RURAL ou SAMBA DO INTERIOR. O original e excelente TRIO GATO COM FOME, resgata com muito brilho dez sambas de Raul Torres, no álbum EM BUSCA DOS SAMBAS DE RAUL TORRES. Botucatu não poderia ficar desconhecendo esse lado musical de Raul Torres e com o qual fez muito sucesso, também. Ver matéria completa na página 2

Amanhã, 15 de novembro, é dia de Eleição Municipal e é, também, feriado da Proclamação da República. Em Botucatu são 321 seções eleitorais e no Município de Botucatu são 101.025 eleitores. O Chefe do Cartório Eleitoral da Comarca de Botucatu, Igor Ignácio, destacou algumas recomendações para o dia de amanhã: o horário de votação tem 1 hora a mais, começa às 7 h. e vai até as 17h., sendo que os eleitores com mais de 60 anos terão preferência nas 3 primeiras horas. Essa preferência é por todo o dia das eleições. Eleitores doentes, deficientes ou grávidas também terão preferência. Será seguido o Protocolo de Segurança, com distanciamento social e o uso de álcool gel obrigatórios em todas as seções, além do uso de máscara. O TRE recomenda que cada eleitor seja portador de sua própria caneta para assinatura e até para teclar os números na urna. Recomenda também que o leitor leve documento com foto. O TSE lembra que o voto é obrigatório. Só não é obrigatório para os analfabetos, os maiores de 70 anos e nem para os maiores de 16 e menores de 18 anos. Quem não puder votar deverá justificar no mesmo dia da eleição, podendo fazê-lo pelo aplicativo e-Título, tendo também 60 dias para fazer a sua justificativa.

“EU NASCI NAQUELA SERRA...”

SEXTA-FEIRA 04 de dezembro de 2020

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


3

Diário da Cuesta

“Música Caipira, da Roça ao Rodeio” Rosa Cintra Nepomuceno Editora 34

Lançamento a nível nacional, por importante editora, da botucatuense Rosa Nepomuceno. Morando há alguns anos fora de Botucatu, nem por isso Rosa tem deixado de cultivar as suas raízes em sua cidade. Particularmente, para nós que fomos contemporâneos da autora, a sua presença tem permanecido sempre lembrada. No início dos anos 80 quando fundamos O Jornal de Botucatu, um bem estruturado bi-semanário informativo, fomos à procura de Rosa Nepomuceno para que fosse a jornalista responsável pela nova publicação que surgia. Prontamente houve a sua concordância , o que revela o grau de confiança que ela nos dedicava, eis que estando no Rio de Janeiro, assumia a responsabilidade pelo jornal. À época, tínhamos em nossa equipe Francisco de Assis Cintra Nepomuceno, irmão de Rosa, como redator do jornal e como cronista. De tradicional família botucatuense, Rosa já muito cedo demonstrava o seu pique e garra ao realizar um sonho familiar especialmente de seu querido avô Raimundo Marcolino da Luz Cintra -, da publicação do seu romance “Até as Pedras se Encontram”, no início dos anos 70. Pertencente à coleção Todos os Cantos, da Editora 34, o livro de Rosa representa um indiscutível marco na literatura brasileira. O consagrado escritor Ignácio de Loyola Brandão, em crítica literária publicada no jornal “O Estado de São Paulo”, de 12/12/99, desenha com clareza toda a grandiosidade dessa obra: “Música Caipira, da Roça ao Rodeio”, (Editora 34, 439 págs., R$ 33) é muito mais que um livro que pretende levantar uma trajetória (polêmica) da música que mais representa o Brasil. É um quase romance, cheio de casos e curiosidades (quantos sabem que o nome da dupla Chitãozinho e Xororó nasceu do título de um sucesso de 1947, composto por Serrinha e Athos Campos? ), que funciona como uma enciclopédia das transformações que o país sofreu, das mudanças exigidas quase sob pressão, da deformação de um gênero musical ou de sua adaptação a uma modernidade gelatinosa.o caso da música caipira, Rosa Nepomuceno pergunta: o que é ser moderno? Vale a pena? Que parâmetros regem esse modernismo? As imagens focam e desfocam. Os reis da música sertaneja (não pronuncie perto deles a expressão música caipira) vestem Armani e Ralph Lauren, usam chapéu americano, botas de pele

de avestruz. No entanto, Rosa, uma das melhores jornalistas da atualidade, nascida em Botucatu e trabalhando hoje na imprensa carioca, que fez extensíssima pesquisa e tem o texto enxuto, bem humorado, não se deixa levar nem por saudosismos, nem por ortodoxias. Porque falar de música caipira, música da roça ou música sertaneja é navegar num mar de contradições, de incoerências, de discussões, de (às vezes) ressentimentos e conceitos que mudaram muito ao longo de um século. Raízes - Este livro-enciclopédia, que pode ser lido como se fosse estruturado por meio de verbetes, cobre cem anos, ou mais. Ele procura raízes e mostra como essas raízes se perderam ou ficaram de tal maneira enterradas que quase não são vistas mais. De pai para filho, os violeiros perpetuaram sua habilidade. A viola ainda está aí, tocada, e muito. Essa viola de boa madeira, com cinco pares de cordas duplas, de arame, som meio frouxo teve serventia. Ainda tem, só que essa não é bafejada por spotlights, mesmo aparecendo nos arrasta-pé, nos bailes de fins de colheita, nas Folias de Reis, nas comemorações religiosas e familiares, no interior de São Paulo, no Pantanal, na divisa com o Paraguai, no centro oeste, em Minas Gerais. Será que a modernidade não acabou trazendo sangue novo a uma velha cultura? Será que essa modernidade, acusada de mercantilista, não fez renascer o gosto por um Brasil bucólico e lírico que ainda está dentro da gente e que não gostaríamos de perder? Será que essa viola transformada e eletronificada não ajudou a fazer uma crítica à vida urbana que, com sua agressividade e violência, vem matando aquilo que era a alma do brasileiro, o calor da convivência humana? Rosa Nepomuceno não se deixa apanhar na armadilha fácil da crítica primária. Ela expõe os dois lados, questiona, indaga, pressiona. Não dá razão a um nem a outro, corre no fio da navalha. Quem imaginaria, pergunta Rosa, que essa música iria parar um dia nos apartamentos da classe média urbana, aos ouvidos de jovens acostumados aos Beatles, Tom Jobim, Chico Buarque, João Gilberto? Ela percorre uma gama de misturas e influências que mescla Caetano, os irmãos Campos, Adoniran Barbosa, Renato Teixeira (que fez a música caipira se desenvolver altamente), Geraldo Vandré e dezenas de outros. Foi a partir deles que se iniciou uma viagem de volta? No liquidificador se misturam berrantes (alguns amplificados por equipamentos Fender Twin, Jazz Chorus 120 ou Yamaha), Internets, sina errante do caboclo ( mas que caboclo é esse que tem automóvel e televisão, assiste à Globo e quase não fuma mais cigarro com fumo de corda?) e som amplificado... O livro de Rosa Nepomuceno como bem destacou o crítico literário, deverá polemizar. E isso no bom sentido! Polemizar para que se busque um rumo novo para essa música rica e representativa da brasilidade. Em declaração exclusiva à coluna do João Bosco, no jornal “Diário da Serra” de 15/16 de janeiro de 2.000, Rosa mandou seu recado a Botucatu, falando de seu livro: “Foram 30 anos longe de Botucatu. Saí da cidade aos 19, em 1969. Passei um tempo na Bahia, atrás da mágica de Jorge Amado, com quem me correspondia desde os 15 anos; depois, por curto período, morei em São Paulo, me fixando em seguida no Rio de Janeiro. Aqui há 25 anos, instalada de frente para o Jardim Botânico, uma das áreas verdes mais bonitas da cidade, tento conciliar a vida de urbanóide com meu lado interiorano, apreciador da natureza e de uma certa tranquilidade. Escrever “Música Caipira, da Roça ao Rodeio”, a convite da Editora 34, de São Paulo, foi como retomar o caminho de casa, às origens familiares, às vivências na cidade, à música e personagens que marcaram a cultura interiorana paulista. Foram 16

ROSA NEPOMUCENO meses de pesquisas, entrevistas e viagens. Embora não tenha ido a Botucatu, pude me reencontrar com a cidade através dos contatos com meus tios Ray e Rivaldo Cintra, que me municiaram com informações, com familiares de Plínio Paganini, com a SECRETARIA DA CULTURA, com o próprio Tinoco - da dupla Tonico e Tinoco, que nasceu numa fazenda nos arredores - e com a viúva de Raul Torres, outro grande artista botucatuense. Os livros também me transportaram para as histórias de BOTUCATU, como os de FRANCISCO MARINS. de HERNÂNI DONATO, ARMANDO DELMANTO e PAULO FREIRE, e ainda os trabalhos dedicados a ANGELINO DE OLIVEIRA, como o organizado por GASTÃO DAL FARRA. Se meu trabalho abrangeu a ampla geografia do universo musical caipira, no centro-sul e centro-oeste do país, MINHA CIDADE FUNCIONOU COMO O CORAÇÃO DO LIVRO, me oferecendo subsídios saborosos para enriquecer a narrativa. Com muitas fotos, mapas, discografias, letras de música e até receita de feijão tropeiro, tenho certeza de que ele tocará a emoção dos conterrâneos. Agradeço ao amigo de longa data JOÃO BOSCO por este espaço precioso, mandando a todos um beijo carinhoso e em especial aos amigos da GENERAL TELES, do INSTITUTO CARDOSO DE ALMEIDA, do COLÉGIO SANTA MARCELINA, do footing no BOSQUE, das matinês do CASSINO, dos bailes do 24 DE MAIO. Saudades!” Fica a certeza de que Rosa Cintra Nepomuceno marcou um grande tento literário. Valorizou a cultura botucatuense, valorizou a tradição cultural de sua família e encheu de orgulho seus conterrâneos! Valeu! Parabéns Rosa! (AMD) (Revista Botucatuense de Cultura – PEABIRU, nº 18, de janeiro/fevereiro de 2000).


Diário da Cuesta

4 agosto. Juntos, os dois realizaram cerca de 40 mil apresentações em toda a carreira. “Tristeza de Jeca”, “O menino da porteira”, “Chico mineiro” e “Moreninha linda” estão entre os maiores sucessos de Tonico e Tinoco. Em 2010, Tinoco foi homenageado por Roberto Carlos durante a gravação do especial “Emoções sertanejas”. Na ocasião, Tinoco completava 90 anos e 75 de carreira e, no palco, ao receber uma placa das mãos de Roberto Carlos e Chitãozinho e Xororó, afirmou que aquela era a saudação mais importante que havia ganhado por sua trajetória até então. “É a maior pelo valor humano. Sabe o que é o valor humano? É a coisa mais linda que nós temos”, disse.

Capa do disco ‘Tinoco canta os sucessos de Tonico e Tinoco’, de 1998 (Foto: Divulgação) Tinoco nasceu em Botucatu, no distrito de Pratânia, no interior de São Paulo. Com o irmão João Salvador Perez, o Tonico, formou a dupla Tonico e Tinoco, uma das mais importantes da história da música brasileira. Eles realizaram quase mil gravações ao longo de sua trajetória musical, que começou em 1935, e venderam mais de 150 milhões de cópias de seus 83 discos. A dupla acabou em 1994 com a morte de Tonico no dia 13 de

Tonico & Tinoco Dupla sertaneja formada por João Salvador Perez, o “Tonico” (São Manuel/SP,em 02 de março de 1917) e José Perez, o “Tinoco” (nascido em uma fazenda de Botucatu SP, que hoje pertence ao município de Pratânia, em 19 de novembro de 1920). Em 1930, quando a família Perez trabalhava na fazenda Tavares, em Botucatu, os dois irmãos ouviram discos da série caipira de Cornélio Pires; João frequentava a escola rural e dava lições para os colonos mais velhos.Dos amigos cobrava um litro de querosene por mês (para manter os lampiões da sala de aula), mas dificilmente recebia alguma ajuda. José, o mais levado, gostava de caçar passarinhos com arapucas (depois os soltava), de brincar com amigos do arraial e aos sábados vestia-se de coroinha para ajudar a celebração da Missa. Após a cerimônia acompanhava o Padre nas refeições, e voltava para casa levando alimento para os irmãos. O gosto pela cantoria veio dos avós maternos Olegário e Izabel, que alegravam a colônia com suas canções, ao som de uma antiga sanfona. A primeira música que aprenderam foi Tristeza do Jéca em 1925. Em 15 de agosto de 1935 fizeram a primeira apresentação profissional. Cantaram na Festa da Aparecidinha/São Manuel, em uma quermesse. Junto com o primo Miguel, formavam o “Trio da Roça”. NOTA DA REDAÇÃO - A GRANDE POLÊMICA DE QUAL SERIA O LOCAL DE NASCIMENTO DA DUPLA MAIS FAMOSA DO BRASIL DE TODOSOS TEMPOS: TONICO & TINOC0 ?!? RESPOSTA CERTA: BOTUCATU!!! Simplesmente, porque do município de Botucatu é que se originaram os municípios de São Manuel e Pratânia. O primeiro a se emancipar foi o de São Manuel. Depois, foi o de Pratânia, que se emancipou de São Manuel. MAS quando nasceram os violeiros da “dupla famosa”, TUDO era BOTUCATU!!!


Diário da Cuesta

5

1

LEITURA DINÂMICA

– A CASA ONDE TINOCO NASCEU É A CASA ORIGINAL QUE FOI REMOVIDA DO BAIRRO GUARANTÃ E MONTADA AO LADO DO MUSEU DA MÚSICA, EM PRATÂNIA.

4

– UMA DS MÚSICAS DE SUCESSO DA DUPLA DEU NOME À CACHAÇA “CHICO MINEIRO”.

2

– A CASA POSSUI UTENSÍLIOS ORIGINAIS USADOS PELA FAMÍLIA DE TINOCO EM SUA INFÂNCIA, ALÉM DE FOTOS DE TINOCO E SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL.

3

–A PREFEITURA DE SÃO MANUEL PRESTOU A SUA HOMENAGEM À DUPLA FAMOSA: NA ENTRADA DA CIDADE ERIGIU UM BELO MONUMENTO PARA TONICO & TINOCO.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.