Edição 980

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Diário da Cuesta Na virada do Ano: ANO IV

Nº 980

QUINTA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2023

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

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Veja o histórico da Fazenda Lageado: “O Cartão de Visitas de Botucatu”!!! Página 4 Registro Histórico: Ilustração do prof. Vinício Aloise retratando a FAZENDA LAGEADO em plena atividade, com o carregamento das sacas de café. A fazenda pertencia ao irmão do Conde de Serra Negra - o maior produtor de café no Império e na Primeira República


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EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

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BALANÇO GERAL

BAHIGE FADEL Chega o final do ano, em meio às festas e às felicitações, aparecem os analistas de momento fazendo um balanço geral do ano que finda. É um monte de inutilidades, pois esses balanços nada resolvem. São os comentaristas de jogo findo. Falam por que um time perdeu e o outro venceu. E falam como se fosse a única verdade do universo. Isso me faz lembrar quando Muricy Ramalho trabalhava na TV e lhe perguntaram o que achava na nova profissão. Com um sorriso maroto, ele disse: Srndacional! Faz um ano que eu não perco nenhuma partida. É o mesmo com esses balancistas. Eu sei que o termo não é apropriado, mas estou usando de propósito. É que esses caras só conferem o que já existe: Esse porco está pesando cem quilos! Os cem quilos já existem; eles só dizem que existem. Então, não vou fazer balanço algum. Não vale a pena. Dizer que o governo foi bem ou mal não vale a pena. E ainda corro o risco de ganhar alguns inimigos. É que hoje as pessoas estão muito sensíveis. Se são a favor do governo, e você o critica, é um deus-nos-acuda. É guerra de palavras e, até, de agressões físicas. Se o cara é contra o governo, e você o elogia, outra guerra. É uma guerra inútil, pois a sua opinião não muda nada no desempenho do governo. Você só corre o risco de ter um dente quebrado pela indignação de um contrário. Então, nada de balanço geral. Passei aqui pra dizer que este, para mim, foi um ano atípico. Desde meus catorze anos de idade, este foi o primeiro ano em que não tive nenhuma atividade profissional. Ministrei minha última aula em dezembro do ano passado e me tornei um quase ocioso. No começo, pensei que ficaria deprimido, angustiado, com vontade de morrer. Nada disso. Eu me preparei bem para a aposentadoria definitiva. Não vou mentir para vocês, dizendo que não sinto saudade, às vezes. Sinto. Mas é uma saudade boa. Sim, boa, pois os tempos de trabalho na educação foram muito bons. Fui muito feliz. Eu dizia aos professores que a função do professor é dar meios para que o aluno possa ser feliz. E ninguém pode transmitir felicidade, se não tem essa felicidade. Ninguém pode dar o que não tem. Às vezes me lembro dos tempos de trabalho. Foram bons. Foram ótimos. Tenho certeza de que aplainei estra-

das para muitas pessoas passarem. Além disso, passei por uma cirurgia. Insegurança. Medo. Se você está passando por um procedimento desses, é porque o seu corpo não está bem. Mas meu médico e os enfermeiros que cuidaram de mim na Misericórdia (não consigo dizer Hospital da UNIMED) foram ótimos. Agora estou bem. Costumo dizer que a gente, nesta idade, é que nem carro velho: funciona, mas precisa de uma boa manutenção. A gente não pode descuidar. Não pode agir como se ainda tivesse vinte anos de idade. O corpo se torna mais frágil e mais carente de atenção. Se eu me propus a não fazer um balanço geral de 2023, posso, pelo menos, desejar que 2024 seja um ano bem melhor. Mas é bom lembrar: para que o ano seja melhor, é preciso que nós sejamos pessoas melhores. Caso contrário, continuaremos tendo guerras, miséria, corrupção, falsidade, mentiras, violência, drogas, alienação, pessoas defendendo o indefensável, só porque é seu interesse que o indefensável continue. Portanto, sejamos melhores a cada dia.


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Lageado: o Cartão de Visitas de Botucatu

A FAZENDA DO LAGEADO – importante “campus” da UNESP – abrigando, hoje, a Agronomia, a Engenharia Florestal e a Zootecnia e, para amanhã, abrigará toda a estrutura funcional da Faculdade de Medicina Veterinária. É um sucesso! A FAZENDA LAGEADO assume - pela sua história rica e grandiosa – ares mágicos de um passado substancioso a marcar o poderio que foi a produção de café. No HISTÓRICO DA FAZENDA DO LAGEADO, apresentamos valioso trabalho de pesquisa que publicamos em várias edições do “JOPRNAL DE BOTUCATU”, de autoria da profa. Inês Antonini, da equipe de pesquisas da Faculdade de Agronomia. É um resgate histórico a mostrar que essas conquistas contam, sempre, com a atuação cidadã de homens públicos compromissados com a comunidade que representam. Hoje, o LAGEADO É O CARTÃO DE VISITAS, O CARTÃO POSTAL DE BOTUCATU! Merecidamente. Bem administrado pela UNESP, representa o mais importante POLO CULTURAL de Botucatu. Reunindo artistas plásticos, cantores e atores teatrais. Possue TRILHA ECOLÓGICA, com áreas verdes preservadas e prédios históricos em harmonia com modernas e funcionais construções. O MUSEU DO CAFÉ é modelar. O LAGEADO é a prova provada de que o FUTURO é POSSÌVEL! O FUTURO, no Lageado é HOJE!!! “Fazenda Lageado: O Futuro é Possível!” “É isso aí. Sem tirar nem por. Hoje, o Lageado é o Cartão de Visitas, o Cartão Postal de Botucatu. Mas é mais, muito mais! Hoje, o Lageado é a prova provada de que o futuro existe e é possível, agora, já! Botucatu não viu, nos últimos 20 anos, volume igual de obras. Pensou-se grande, sem os adminículos dos políticos menores. Lá, no Lageado, provou-se que se pode apostar no futuro, com competência e persistência. Lá restou provado que hoje é impossível gerir um empreendimento sem um Plano Diretor que o defina, o limite e o projete para o futuro. Lá, no Lageado, houve uma equipe que acreditou no planejamento racional e apostou tudo nele. E teve sucesso. Tanto é assim que hoje já está em sua segunda experiência administrativa à frente da Agronomia da UNESP, tendo uma magnífica obra para mostrar. No dia 24 de Maio comemorou-se mais um aniversário da Agronomia de

Botucatu. Bem a propósito. Houve comemoração. Registro da história. Discursos. Nada mais justo. Hoje, o Campus do Lageado, pertencente à UNESP, abriga vários outros cursos universitários. Mas eu me permito prestar um testemunho para que se registre o trabalho e a liderança de quem soube acreditar no planejamento, exercer a sua liderança e partir para a construção do futuro. Em sua primeira gestão como Diretor da Agronomia, o Professor Ricardo de Arruda Veiga, soube montar uma coesa equipe técnico-administrativa. Sem descuidar da área docente, arregimentou excelentes colaboradores. Entregou à competência do arquiteto Eugênio Monteferrante Netto a incumbência da elaboração do Plano Diretor do Lageado. Não é preciso dizer que o resultado foi uma obra prima... a partir daí, mãos à obra... Lembro-me que em 1987 fui convocado pelo Dr. Ricardo para promover um contato com o então Vice-Governador Almino Affonso, a quem eu prestava assessoria. Fomos a São Paulo bem cedo, o Dr. Ricardo, o Dr. Monteferrante e eu, levados pelo Adilson. Falamos com o Almino, chegamos à Secretaria dos Transportes (ligada politicamente ao Almino) para tentar conseguir a Patrulha Rodoviária (Serviços de máquinas pesadas para terraplenagem, abertura de estradas, etc.) para abrir as novas vias de comunicação (avenidas) do Lageado. Para isso seria pago apenas o

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combustível. Houve outras colaborações políticas. Conseguiu-se o objetivo: o maior volume de movimentação de terra já visto na cidade. Faltava o asfaltamento... Ao depois, contatos políticos para conseguir o asfalto. Muita luta. Muitas promessas. Por fim, num trabalho “interna-corporis”, o Dr. Ricardo conseguiu da Reitoria a verba necessária. Após quase um decênio de lutas, estava tudo pronto... Vitória! No entanto, é preciso que se destaque a garra e a persistência do Prof. Ricardo de Arruda Veiga e a competência de toda a sua equipe. O respeito ao Plano Diretor e a postura de preservá-lo às naturais resistências dos contrários às mudanças... Valeu a pena! O Lageado, hoje, é a certeza de que o futuro é possível... É a maior obra turístico-viária de Botucatu dos últimos 30 anos... Desde o seu início com tantos professores desbravadores e competentes. Com a firmeza na Direção do Kimoto, do Júlio Nakagawa, do Flávio Abranches e, por duas vezes, com o comando seguro do Ricardo Veiga. Valeu a pena! Hoje, ao comemorar mais um aniversário, a Agronomia (Lageado) assume a certeza de que é o Cartão de Visitas, o Cartão Postal de Botucatu. O Lageado e a UNESP comemoram o futuro que chegou. Botucatu comemora a descoberta de uma equipe competente e arrojada que lhe deu a grande obra deste final de século. Visitem o Lageado! Vejam que o futuro é possível...” (“Memórias de Botucatu”, Armando M. Delmanto, 2ª edição, 1995)


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1ª Mostra Filatélica de Botucatu de 1948 (Parte 2) Ângelo Albertini do Amaral O orador da 1ª Mostra Filatélica de Botucatu foi Albertino Iasi, sócio e expositor. A crônica que estamos acompanhando foi publicada em “Santos Filatélica” - Vol. 1, nº 1 - junho - Agosto de 1.948, onde também reproduziu o discurso na íntegra, o qual citaremos algumas partes. “O curioso e interessante da filatelia é o colecionador especializado. Não são todos que fazem coleções universais. Há os especialistas. Por exemplo: um só faz Brasil. Outro faz também só Brasil mas em quadras. Aquele outro coleciona tiras, outro folhas inteiras. Este só usado, aquele só novos e vem então o maluco que só quer variedades e falsos. Há um médico em São Paulo cujo nome me escapa a memória, que possui mais de 1000 selos falsos das primeiras emissões do Império, ou seja, na nossa linguagem, os olhos de boi, inclinados, olhos de cabra e olhos de gato! Esse colecionador, dizem os entendidos, é o recordista de selos falsos no mundo! No âmbito universal há o colecionador de animais. Só selos com figura de animais. Vem outro que só coleciona selos com flores ou frutos. Filatelistas já que só colecionam selos com efígies de mulheres. E por falar nisso o nosso país, até hoje, só emitiu um selo com retrato de mulher. E temos tantas celebridades femininas para se perpetuar nos selos! Iniciamos bem! Iniciamos com a princesa Isabel – a redentora – Faltam Ana Neri, Anita Garibaldi e muitas outras!” Ao concluir agradeceu colaboradores e participante. Disse que não queria esquecer ninguém. E concluiu – “O Centro Cultural de Botucatu pelo seu Departamento Filatélico sente-se orgulhoso por proporcionar esta magnifica propaganda nossa terra e de nossa gente.” A revisa “Seleções filatélicas” nº 15- junho de 1948, também estampou a matéria ilustrando-a com uma fotografia dos organizadores da Mostra e fazendo referência em destaque a um expositor não citado. “Dentre os expositores sobressaiu a coleção “Varig do sr. Francisco A. Campos Barros, de São Paulo, que veio revelar mais um colecionador estudioso e apaixonado.” O Correio concedeu um carimbo comemorativo não postal e autorizou a confecção de uma folhinha. Foram também feitos envelopes especiais e outras peças filatélicas referente e comemorativas do evento. Foram confeccionadas 500 folhinhas que levaram o selo de quarenta centavos com a efígie do então presidente da República Marechal Eurico Dutra, dessa forma homenageado por gentilmente ter recebido uma comissão de botucatuenses que foram pleitear junto a Sua Excia., a permanência em Botucatu, da Diretoria Regional local, na época já ameaçada de transferência para outra cidade. Vamos agora transcrever por inteiro, como colhemos, o edital que autorizou o uso do referido carimbo. Edital 18 - 48 Carimbos comemorativo da 1ª Mostra Filatélica Regional em Botucatu. Faço público que, observadas as prescrições da Portaria n. 613, de 23 de maio de 1946, du-

rante 1ª Mostra Filatélica Regional, promovida pelo Centro Cultural de Botucatu, Estado de São Paulo, a realizar-se de 6 a 13 de junho próximo vindouro, será utilizado por este Departamento um carimbo comemorativo não postal cujas características principais são os seguintes: Formato retangular – vertical. Tinta a empregar – azul rei. Motivo – 1ª Mostra Filatélica Regional de Botucatu. Descrição – A) um retângulo tendo na parte superior os dizeres: 1ª Mostra Filatélica; B) na base a data: 6 - 13 de junho de 1.948; C) No centro um escudo, símbolo da entidade patrocinadora do certame com os dizeres inscritos “Departamento Filatélico do Centro Cultural de Botucatu” destacando-se abaixo dessa inscrição, duas mãos entrelaçadas. Circundando esse escudo as palavras: “Correios e Telégrafos”. O referido carimbo estará à disposição do público, no posto de venda de selos a ser instalado pela DR de Botucatu, no recinto da Mostra, durante o período de seu funcionamento. Dito carimbo não poderá obliterar selos postais representativos do franquiamento da correspondência, podendo, entretanto, ser aplicado no verso ou anverso das sobrecartas ou em qualquer parte de outros objetos de correspondências, sem prejuízo da legibilidade do endereço e dos espaço necessário as anotações. Todavia, a pedido dos interessados, sua aplicação é permitida em selos, folhas, quadras, blocos e papéis avulsos quando não estiverem aderidos a objetos de correspondência, sempre por servidores postais, mediante fiel observância das normas reguladora da matéria. Preenchidos os fins a que se destina o mencionado carimbo não mais poderá ser aplicado, sob qualquer pretexto, devendo ser remetido, tal como foi utilizado a esta Diretoria de Correios, que promoverá seu recolhimento imediato ao Museu Postal Telegráfico em organização, com os esclarecimentos convenientes à classificação e catalogação da peça. (Processo Nº 14.639 – 48). Rio de Janeiro, 6 de maio de 1948. Carlos Luiz Taveira, Diretor de Correios (D.O. de 115-48). É voz corrente que quem conta um conto, aumenta um ponto. Transcrevemos ambos os editais das Mostras de São Manoel e de Botucatu, do anuário Filatélico Brasileiro, ano de 1949, procurei, cuidadosa, atenciosamente ser fiel, verídico em tudo. Evitamos aumentar o ponto, e se alguém notar omissões em pingos de i i s,... “desculpem a nossa falha.” Dizeres da costa: Folha Comemorativa da 1ª Mostra Filatélica organizada pelo Departamento Filatélico do Centro Cultural de Botucatu de Botucatu e autorizada pelo Edital 18/48 da Diretoria de Correios e publicado no Diário Oficial Federal de 11 – 5 – 1948, nº 132. E foi esta a nossa primeira Folhinha. E foi este o nosso primeiro carimbo comemorativo, também sem dúvida o primeiro da extinta D.R. de Botucatu, as primeiras peças de nossa história filatélica. Angelo Albertini do Amaral - Botucatu – SP – Brasil - MISCELÂNIA FILATÉLICA E NUMISMÁTICA, QUASE LIVRO


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