Ediçao N.º 1553

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Além: uma nova página de poesia todos os meses no “Diário do Alentejo” pág. 26

António Saleiro Entrevista exclusiva ao enfant terrible do PS alentejano

págs. 16/17

SEXTA-FEIRA, 27 JANEIRO 2012 | Diretor: Paulo Barriga Ano LXXX, N.º 1553 (II Série) | Preço: € 0,90

Há títulos que podem encerrar em breve e órgãos que estão a despedir colaboradores

Imprensa de Beja à beira do colapso traz “grande prejuízo fi nanceiro à diocese”. Problemas de tesouraria que se multiplicam por todos os órgãos de comunicação social da

cidade. O que pode levar ao fecho de alguns títulos e a despedimentos nos que resistirem à seca publicitária. pág. 6/7 e editorial

JOSÉ SERRANO

O primeiro a dar o mote foi o bispo de Beja. Que na semana do 84.º aniversário do “Notícias de Beja” revelou que o jornal

Conceição e Alcarias: o futuro não mora aqui

Despertar tem caderneta de “cromos da bola” São 245 cromos autocolantes. Tantos quantos os jogadores e elementos das respetivas equipas técnicas que, na presente época, representam o Despertar Sporting Clube de Beja. Dos mais pequenos aos mais graúdos. A caderneta custa 3,5 euros e a carteirinha de cromos 50 cêntimos. Pág. 21

Conceição e Alcarias. Duas aldeias. Uma freguesia. Oitenta e seis habitantes que resistem à tentação da autoestrada que passa mesmo ali ao lado. Nesta nova viagem pelas nossas terras, levámos a “problemática” da troika até à mais despovoada das freguesias de Ourique. Que afinal fica na encruzilhada entre Aljustrel e Castro Verde. Lá, onde o silêncio é que comanda os dias. Págs. 4/5

CDU admite voltar a chumbar orçamento

Concertação divide sindicalistas alentejanos

A questão é muito clara para os eleitos da CDU na Assembleia Municipal de Beja: caso as verbas inscritas para as freguesias não sejam idênticas às de 2011, o orçamento da Câmara torna a levar chumbo. As críticas chegam também dos lados do Bloco de Esquerda. pág. 7

CGTP e UGT de Beja estão muito pouco de acordo quanto aos fundamentos da assinatura da Concertação Social. Para a UGT tratou-se de uma subscrição “claramente de ordem defensiva”. Já a CGTP diz que se trata de um “retrocesso civilizacional” sem precedentes. pág. 8


Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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Editorial Matança

Vice-versa Marcelo Rebelo de Sousa, ex-presidente do PSD, conselheiro de Estado e comentador político na TVI, disse no domingo que o Presidente da República “quis dizer uma coisa e saiu-lhe outra”. Segundo o professor, Cavaco, quando se referiu à sua reforma, quis dizer que era “um privilegiado”, mas não foi isso que ficou “subentendido”.

Paulo Barriga

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, afirmou que o Presidente da República “não conseguirá justificar o injustificável”. O líder comunista acusou Cavaco Silva de “beneficiar de um rendimento mensal de 10 mil euros, e isto é quase ofensivo, sobretudo para os portugueses que têm de se governar com 200 ou 300 euros mensais...”.

M

atar um porco não é a mesma coisa do que matar um jornal. Ou uma rádio. Ou um qualquer órgão de comunicação de massas. Matar um porco é um ato cultural de grande enraizamento e, acima de tudo, é uma atitude económica inteligente. Matar um jornal é precisamente o inverso: é uma maneira retrógrada, covarde e pouco lúcida de lidar com a cultura e a liberdade de expressão. Por muito “mau” ou “vincado” que seja o jornal, este reflete sempre um olhar muito próprio, o seu, sobre a sociedade. A isto chama-se pluralidade. Goste-se ou não. Quando se mata um porco, enche-se sensatamente a arca. Quando se mata um jornal empobrece-se o espírito. Um jornal não é um porco, já se sabe. Até no seu extermínio são diferentes. O porco incha os céus com a sua vontade de viver. Meter a faca no cabeçalho de um jornal faz apenas jorrar o silêncio. Beja é uma cidade de jornais. Diversos. Opostos. Muitos. Sempre o foi, desde o tempo do Liberalismo. Mas esta semana começaram a aparecer os primeiros sinais da matança. O bispo de Beja diz que é cada vez mais difícil, se não impossível, manter o órgão da Igreja, o “Notícias de Beja”, que existe há 84 anos e que é herdeiro do republicano “Ala Esquerda”. No seu último editorial, o diretor do “Correio Alentejo” afirma que, sozinho, não resistirá muito mais tempo. A quadra não está nada favorável para se continuar a publicar o “Alentejo Popular”. As rádios, já aqui o noticiámos, estão a passar grandes embaraços financeiros. Os órgãos de comunicação social sobrevivem, na essência, da publicidade. E da vontade contributiva dos seus leitores. Numa região sem empresas, a publicidade é hoje uma miragem. E o empobrecimento galopante das pessoas afasta-as de certos “supérfluos”, como os jornais. E neste deserto parece que sobram apenas as autarquias. Que deveriam ser mais interventivas nesta matéria, sem o serem suficientemente. Para não se deixarem cair na tentação. Mas também elas, as câmaras, nestes dias, andam pela rua da amargura. Esta semana, a convite de um colaborador do “DA”, provei a melhor moleja dos últimos anos, mas o sabor que ainda hoje trago na boca não é o do vin vinagre que não deixa coalhar coalh o sangue do porco. É o do silêncio acre qu que pesa sobre a matança da imprensa region regional de Beja.

Fotonotícia

Bedeteca de Beja. Este é um dos cantinhos mais apetitosos da Bedeteca de Beja. Que o diga Sérgio Godinho que, esta terça-feira, lá foi parar, momentos antes de apresentar o livro Sérgio Godinho e as 40 ilustrações. Trata-se da primeira edição, belíssima, da nova editora Abysmo, recentemente criada por João Paulo Cotrim. E a casa encheu para o ouvir falar sobre o casamento das suas letras musicais com ilustrações de quatro dezenas de artistas. A Susa Monteiro, que é da casa, também fez o gosto ao dedo. É uma delícia ver a Casa da Cultura repleta de público e perceber que a cidade é cada vez mais central no que toca ao desenho. PB Foto de José Serrano

Voz do povo Qual é a sua opinião sobre o aumento das taxas moderadoras?

Francisco Fialho, 63 anos, reformado

Filipe Camões, 27 anos, professor de equitação

Acho uma barbaridade, uma coisa brutal. Vai haver muita gente a deixar de ir ao centro de saúde porque não pode pagar. Eu pagava mas agora estou isento porque tive um problema de saúde. Mas não sei se passarei a pagar. Já era mau, agora ainda está pior. Não pensam nos velhotes e pensionistas, como eu.

É um agravamento às condições em que está o País. Estive no estrangeiro durante 10 anos e agora chego aqui e não tenho rendimentos de lado nenhum e não estou isento, não sei como vai ser. No estrangeiro tinha um seguro de saúde, pagava 30 euros por mês e tinha direito a tudo, fosse uma consulta ou uma operação, e aqui não tenho direito a nada, mesmo sendo português. A diferença é essa.

Gertrudes Mecias, 61 anos, auxiliar de ação educativa

Acho mal, eu sou diabética e por isso não pago, mas acho mal. Se tiver que pagar, pois que remédio. Infelizmente é assim. Vão-nos tirando tudo e nós temos que pagar. Se tiver que ir ao centro de saúde tenho que ir mesmo, não tenho outra alternativa. Se vou ao hospital é a mesma coisa, portanto… Tive um enfarte e de vez em quando também tenho que ir ao hospital por isso não me safo de maneira nenhuma.

Inquérito de Ângela Costa

Cristina Ferreira, 58 anos, reformada por invalidez

Acho mal. Só se a pessoa tiver um ordenado muito bom, mas quem tem uma reforma baixa… valha-me Deus. As pessoas vão evitar ir ao médico, claro. É como eu. Por exemplo, eu precisava de uma credencial para ir a uma consulta a Lisboa e agora a médica de família diz que não pode passar as credenciais, porque já não tem ordem para isso. Sabe o que aconteceu? Não fui à consulta porque não posso pagar 55 ou 60 euros.


Semana passada

Rede social

QUARTA-FEIRA, DIA 18 ALQUEVA DETIDOS QUATRO HOMENS POR PESCA ILEGAL

QUINTA-FEIRA, DIA 19 BEJA AEROPORTO SEM PROPOSTAS DE LOW COST Pedro Beja Neves disse em entrevista na Rádio Pax que não tem qualquer “contacto direto” com nenhuma low cost. O diretor do aeroporto de Beja garantiu que não recebeu “declaradamente nenhum interesse” de companhias de baixo custo. Segundo o mesmo responsável, as companhias low cost são “um fenómeno que tem que ser muito bem estudado” e Beja “terá que fazer esse trabalho”. Só depois podem ser consideradas respostas concretas que permitam criar operações “rentáveis”, referiu Beja Neves. Na prática existem apenas, segundo o diretor, “perguntas e manifestações de interesse”. Numa resposta do Ministério da Economia ao deputado João Ramos do PCP, o Governo referiu que equaciona utilizar o aeroporto de Beja para receber companhias low cost.

SEGUNDA-FEIRA, DIA 23 LITORAL DESLIGADO SINAL ANALÓGICO DE TV O sinal analógico de televisão dos retransmissores de Monchique, Cercal do Alentejo, Santiago do Cacém, Odemira, Odeceixe, Aljezur e Silves, que abrangem vários concelhos do Algarve e do Alentejo, foi desligado, no âmbito da primeira fase da introdução da TDT em Portugal, que arrancou no dia 12. A segunda fase está marcada para 22 de março e a última fase para 26 de abril, dia em que serão desligadas todas as transmissões analógicas do território continental.

SEGUNDA-FEIRA, DIA 23 SANTIAGO DO CACÉM ARMAZÉM COM CERCA DE 390 MIL EUROS EM VESTUÁRIO ARDE Um armazém de produtos têxteis de Santiago do Cacém ficou totalmente destruído devido a um incêndio, disse à Lusa Fernando Dinis, coordenador da proteção civil municipal. No interior do armazém da Miróbriga Têxteis, com cerca de 700 metros quadrados, estavam produtos têxteis – vestuário –, que o proprietário estima em cerca de 390 mil euros, que se destinavam a exportação para Angola e outros países. Além do vestuário, ardeu também a viatura particular do proprietário do armazém. Fernando Luís adiantou que foram encontrados vestígios de arrombamento no edifício e que foi solicitada a presença da Polícia Judiciária para apurar um eventual ilícito criminal.

SEGUNDA-FEIRA, DIA 23 BEJA HOMEM ENCONTRADO MORTO NO RECINTO DO HOSPITAL Um homem de 74 anos foi encontrado morto no recinto do Hospital de Beja, quase 12 horas depois de ter saído das urgências da unidade hospitalar. O homem, natural de Figueira de Cavaleiros, Ferreira do Alentejo, foi encontrado morto cerca das 9 horas por um funcionário do hospital e junto ao parque de estacionamento do Hospital de Dia. Segundo fonte do hospital, o homem, que se queixava de tonturas e perdas de consciência, tinha sido assistido no domingo, por duas vezes, nas urgências, de onde teve alta e saiu, pela última vez, às 21 e 40 horas, “pelo próprio pé, perfeitamente consciente e lúcido”. Na primeira vez que foi assistido, o homem fez várias análises e, na segunda vez, fez uma Tomografia Axial Computorizada (TAC), que “revelaram que estava tudo normal”. O Hospital de Beja “já abriu um processo de inquérito interno, para averiguar o que terá acontecido”.

3 perguntas a António José Brito Presidente da direção da Cortiçol

Visitaram o “DA” e gostaram mesmo muito, gritaram eles

Qual o balanço que faz dos 25 anos da Rádio Castrense, considerada uma das estações mais emblemáticas da região?

Na segunda-feira tivemos a visita dos meninos do 1.º ano do Colégio Nossa Senhora da Conceição, de Beja. Foi do mais divertido e até tivemos tempo para fazer um jornal todo catita.

O balanço é muito positivo! A Rádio Castrense af irmou-se como estação de referência na região graças a uma programação muito dinâmica. Isso sucedeu graças a espaços mais populares, como os discos pedidos ou o programa “Património”, que continuam a ser uma espécie de retrato social muito importante da nossa terra. Mas destaco também as áreas da informação ou do desporto. Além disso, sempre fomos uma boa escola, por onde passaram inúmeras pessoas que hoje têm um papel relevante na sociedade local e na comunicação social do País. Por outro lado, a Rádio Castrense tem um legado histórico que ninguém consegue beliscar: a independência dos conteúdos e da sua orientação editorial. Estas mais-valias, todas somadas, fortaleceram-na muito como uma das “marcas” mais fortes da região. São conhecidas as dificuldades com que se debatem atualmente os meios de comunicação social de âmbito regional, e não só. Qual é a situação da Castrense?

Não fugimos à regra! A atual direção da Cortiçol (cooperativa que é proprietária da Rádio Castrense) tem procurado diminuir as dificuldades, fortalecendo as receitas e ajustando o volume dos custos. Mas não está a ser nada fácil. Cumprimos esta semana um ano de mandato e conseguimos diminuir o passivo na ordem do 18 por cento, mas ainda há alguns problemas sérios por resolver. Que futuro antevê para a Castrense, tendo em conta o agravamento da situação económica?

Estou certo de que continuará a haver o mesmo espírito de sacrifício de todos para enfrentarmos dificuldades acrescidas. A direção conhece os riscos e já refletiu sobre a estratégia a seguir se a situação económica se deteriorar mais. Temos esperança que vamos conseguir superar as dificuldades que nos surgirem, mas isso implicará sempre a continuação de alguma estabilidade das receitas publicitárias. Nélia Pedrosa

Não, hoje o Sérgio Godinho não veio para cantar Mas esteve valente na conversa de apresentação do livro que ilustra as suas canções. A Bedeteca de Beja encheu. A Casa da Cultura encheu. E todos encheram o espírito um pedacinho.

É pau-roxo, o material que eles levam em sacos verdes Na passada sexta-feira, em Castro Verde, realizou-se mais uma edição da Feira do Pau-roxo. Que, não sendo nada de espacial, é muito especial: uma cenoura com tiques de moda. FACEBOOK CM FERREIRA DO ALENTEJO

A GNR deteve quatro homens, em flagrante delito, nas margens da albufeira de Alqueva, perto de Reguengos de Monsaraz, por pesca ilegal de sável no período do defeso. Foram ainda apreendidos cerca de 620 quilos de peixe daquela espécie, que acabaram por ser entregues a quatro instituições de solidariedade social do concelho de Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora. Os suspeitos, com idades entre os 29 e 44 anos, utilizaram duas embarcações para capturar o pescado e preparavam-se para o transportar numa viatura com caixa frigorífica quando foram surpreendidos pela guarda.

Estas senhoras estão aborrecidas com os tipos da saúde Alfundão, e outras freguesias em redor de Ferreira do Alentejo, não desarmam na luta contra o fecho dos centros médicos e por melhores condições de saúde. Têm razão.

Não é difícil adivinhar por que razão não sorriem eles O PCP convocou esta segunda-feira uma conferência de imprensa para denunciar os defeitos que a proposta de orçamento para Beja continua a conter. Muitos, ao que parece.

Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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❝ Conceição e Alcarias

O futuro? Não é nenhum. Então que futuro é que está aí? Não está nenhum. Mas eu não tenho pena de mim, que já sou mais de idade. Tenho pena é dos meus filhos e dos meus netos”. Etelvina Maria Franco

Duas aldeias, uma freguesia, 86 habitantes e muito silêncio

O futuro logo se vê A chegada da troika, a

O

ar primaveril que rodeia a aldeia de Conceição, ou Conceição do Alentejo como está escrito na placa sumida pelo tempo mesmo à entrada da povoação, em pleno mês de janeiro é de um bucolismo virginal: os campos salpicados de verde, branco e castanho; as cabras a pastarem ao som do sino da igreja que vai batendo languidamente; e as casas, caiadas de branco, de barras de um azul forte. Fora isso, silêncio. Silêncio e ruas desertas. Por aqui não há sinais da troika. Nem sinais de nada. Não se vê ninguém. Não se ouve nada. Pela entrada principal da aldeia, é uma linha reta até ao café da terra. A Taberna do Manel. De portas abertas, escancaradas, está de frente para quem chega, convidando a entrar. De mesas e cadeiras vazias, lá dentro, o tempo parou há muito. Não se vê vivalma. Nem clientes, nem os donos da taberna. Hoje quem está de serviço é Etelvina Maria Franco, de 73 anos, a dona, apesar de ser o nome do seu marido, o Manel, “que anda à frente de tudo”. Aproveita o facto da taberna ter uma ligação direta a sua casa para ir adiantando as suas coisas. Lá aparece depois de se chamar por alguém. Com as portas da taberna aberta há quase 40 anos, Etelvina não vê grande futuro para o negócio, independentemente da troika, coisa que nem sequer sabe bem o que é, entre sorrisos. “Eu oiço para aí falar em tanta coisa, não sei”. Não sabendo ler ou escrever, a dona do café mais antigo de Conceição rapidamente confessa que não sabe o que é a troika, nunca tendo ouvido falar da mesma. Mas sabe como vão correndo as contas no estabelecimento. “Houve aí um tempo em que não tinha muita dúvida, agora, para esta casa, não é nadinha”. Pouca gente, muito pouca gente, é esse o principal problema que a dona do café mais antigo de Conceição identifica. E se a troika não lhe diz nada, a crise bate-lhe à porta todos os dias, na medida inversa da clientela. “Isto agora é mesmo uma miséria autêntica”. Se é verdade que nos tempos de infância de Etelvina as condições

equipa tripartida composta pelo Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu para executarem o resgate financeiro a Portugal, trouxe muitas perspetivas de mudança. Na aldeia de Conceição,

Aníbal Palma “A troika foi uma coisa que veio para nos destruir”

no concelho de Ourique, a preocupação das poucas pessoas é a própria falta de pessoas e a falta que a junta de freguesia lhes poderá fazer se a troika assim o entender na reforma da administração local. Texto Marco Monteiro Cândido Fotos José Serrano

Alcarias Percorrida a aldeia toda, não se vê vivalma, tirando duas pessoas

eram más e o comum dos portugueses vivia com dificuldades, bem certo é que o cenário alterou-se ao longo dos anos. Mas, para Etelvina, o cenário está a alterar-se novamente, para pior. “Agora vai indo para trás, não sei onde é que isto vai chegar”. E para a sua terra, Conceição, a perspetiva ainda é pior. “O futuro? Não é nenhum. Então que futuro é que está aí? Não está nenhum. Mas eu não tenho pena de mim, que já sou mais de idade. Tenho pena é dos meus filhos e dos meus netos”. Numa taberna, como todas as tabernas, onde o tempo parece ter parado e onde a função de mercearia também se junta à de servir copos de vinho e chávenas de café, as latas de conserva e os frascos de grão vão esperando, nas prateleiras, que alguém os leve. “De vez em

quando lá aparece um, mais tarde lá aparece outro. Eu rio-me, mas com pouca vontade”. O envelhecimento e despovoamento de Conceição são os principais problemas da freguesia. Etelvina, com a porta da sua taberna escancarada todos os dias para a entrada principal da aldeia, vê isso mesmo: a falta de pessoas. “O pessoal aqui é muito poucochinho. Muitos têm morrido ou têm abalado. E eu não queria fechar a porta, mas se calhar tem que ser”. Na rua, o silêncio é cortado por alguma conversa. Aníbal Palma, de 58 anos, também ele natural de Conceição, mostra o jornal a uma vizinha. Aparece uma fotografia de alguém que é tal e qual essa sua vizinha. Com o jornal dobrado, debaixo

do braço, este é um dos pouco motivos para rir com as notícias que se vão lendo e ouvindo todos os dias. “A troika foi uma coisa que veio para nos destruir, com medidas contra quem trabalha e contra as pessoas mais necessitadas. A troika só ajuda os ricos, o dinheiro está só de um lado e os nossos governantes estão a pô-lo só para um lado”. No caso de Conceição, a possibilidade de encerramento da junta de freguesia, no âmbito da reforma da administração local aconselhada pela troika, é a medida que mais se faz sentir, pela ansiedade que coloca nos populares. “A minha aldeia está desertificada, não está aqui ninguém. E cada vez pior. Tiraram-nos daqui a escola, a partir daí os casais que têm filhos abalam. Agora vão tirar-nos a junta de freguesia, os

velhotes ficam para aí. A junta tem uma carrinha que faz os recados e dá assistência aos velhotes, com os medicamentos, com tudo. Tirando isso daqui, o pessoal abala daqui e isto cai aí como os montes”. Para Aníbal Palma, ao contrário do que se pudesse pensar, Conceição estava melhor antigamente. “Havia mais população, cada casa tinha uma quantidade de pessoas, havia gente por todo o lado. Cheguei a conhecer três bailes nesta aldeia. Agora passamos aí os dias inteiros, não se vê ninguém. Até as pessoas que começaram a comprar casas de férias estão desistindo disto. As pessoas estão a desistir disto”. Com Aníbal veio Maria de Lurdes, a esposa. Sem qualquer ligação a Conceição, sem ser pela via matrimonial, Maria de Lurdes gosta da aldeia, lamentando apenas o seu despovoamento. “A população é pouca e não há condições para se viver. Aqui não temos nada e se uma pessoa não tiver carta nem carro, não consegue fazer nada. Não temos nada e quase que não temos pessoas”. Nas contas de subtrair impostas pela troika, Maria de Lurdes considera que do pouco que existe em Conceição, acabando a junta de freguesia, pouco ou nada há de sobrar. “Com a troika é tudo muito complicado. O futuro logo se vê”. Ao lado, Aníbal acrescenta, sem dúvidas: “O futuro é as pessoas começarem a abalar e a aldeia começar a cair aos bocados”. Separada da sede de freguesia por dois quilómetros de alcatrão em linha reta está a aldeia de Alcarias. Aqui, o silêncio, as ruas vazias, o cantar dos pássaros ainda se ouvem com mais força. Nem as chaminés características ou as casas senhoriais têm a dignidade de outrora, fruto do abandono dos tempos. Percorrida a aldeia toda, não se vê vivalma, tirando duas pessoas, dois homens, metidos consigo mesmos, num mundo só deles. Na praça Valentim Sobral, nome pomposo para um largo da aldeia, uma das casas ainda mantém a decoração de Natal na porta, como se tivesse sido abandonada à pressa. No centro do largo, uma fonte. Umas quadras apregoam as boas águas, perpétuas, contínuas e para toda a gente. Por estes dias, a água não corre e gente também não há por estas bandas.


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Ângelo Nobre Presidente da Junta de Freguesia de Conceição

Como é ser-se um presidente de junta jovem numa freguesia envelhecida?

Infelizmente, esse é um problema verdadeiro e temos tido isso em linha de conta. Isto deve-se à falta de emprego e à falta de sustentabilidade que devia de haver e não há. A junta de freguesia é o órgão que devia ir ao encontro das necessidades dos jovens que abalaram, mas a junta não tem condições para empregar todas essas pessoas. E depois não há crianças a nascer. Se não há gente jovem, as crianças não nascem. O mais novo nasceu há um mês, o mais velho tem 103 anos. Por exemplo, na aldeia de Alcarias, a pessoa mais nova tem 35 ou 36 anos. Em toda a freguesia, 70 por cento da população tem mais de 65 anos. Isto é a realidade. E para alterar este cenário, há que criar políticas de sustentabilidade, como a criação de uma aldeialar, de projetos turísticos envolvendo os hábitos e costumes.

Conceição é a freguesia mais pequena em área e em população do concelho de Ourique. Se em períodos de férias e fins de semana, a freguesia chega a ter mais de 300 habitantes, segundo o presidente da junta de freguesia, durante o resto do ano o cenário é bem diferente. Segundo os dados provisórios do Censos 2011, a freguesia tem um total de 86 residentes, com uma divisão quase certeira: 44 homens e 42 mulheres. Dessas 86 pessoas, 40 têm 65 ou mais anos (16 homens e 24 mulheres), havendo 36 pessoas entre os 25 e os 64 anos (20 homens e 16 mulheres). No que diz respeito às gerações mais novas, os números falam por si: entre os zero e os 14 anos existem cinco crianças (quatro homens e uma mulher), com o mesmo número a surgir na faixa etária dos 15 aos 24 anos (novamente quatro homens e uma mulher).

Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

As poucas pessoas de Conceição

A biblioteca de Alcarias Na aldeia de Alcarias, a funcionar desde 2005, existe a biblioteca “Ler e Contar”. Criada por iniciativa de Ana Vaz, tudo começou depois desta professora reformada ter adquirido uma pequena casa junto à sua habitação. Quanto à “Ler e Contar”, começou a ganhar forma com a oferta de mobiliário. Seguiram-se as doações de livros e até de um computador, num espaço que está aberto à comunidade e a quem visite a aldeia.

Que implicações poderão ter as medidas da troika na freguesia da Conceição?

A troika é um termo que tento não usar muito no quotidiano. Este é, sem sombra de dúvidas, um conjunto de mudanças e reformas estruturais que, segundo os mais entendidos, devem visar uma maior garantia vital para o futuro do nosso país e uma maior sustentabilidade financeira. Porém, não deveria afetar, de maneira alguma, aqueles que ganham pouco, tirando por completo o seu poder de compra e de orientação. A chegada da troika tem afetado a execução orçamental da junta de freguesia, com menos três mil euros por ano. Além disso, o desconforto emocional que traz às pessoas é muito grande, que começam a pensar nas coisas antes de acontecerem. A troika é mais um pretexto para haver mais cortes. Mas há o risco da Junta de Freguesia de Conceição ser extinta…

Tenho unido esforços e não tenho baixado os braços. Tenho adotado uma atitude forte, mas de risco junto às entidades governamentais. E digo de risco porque não tenho, por vezes, medido as palavras que utilizo. Eu nasci em Conceição e adotei-a como minha terra até ao meu desaparecimento. Como eu, mais pessoas o fizeram. O facto da junta de freguesia desaparecer será mais um motivo para haver um maior despovoamento. Já que fecha, as pessoas abalam, não ficam. A junta presta uma série de serviços à comunidade, desde a carrinha que leva as pessoas todas as semanas à sede de concelho; o transporte de utentes às consultas a Ourique, Castro Verde, Beja, Grândola e, até mesmo, Lisboa; o aviar de medicamentos na farmácia; e a possibilidade de uma série de pagamentos de serviços nas instalações da junta. É à junta que as pessoas vão quando têm um problema. E eu chego a ter pessoas a baterem-me à porta às tantas da madrugada. Se a junta de freguesia acabar, morre um grande parceiro da comunidade. O espírito que percorre a freguesia neste momento é de intranquilidade e de muito desespero.

As origens da freguesia A freguesia de Conceição, pertencente ao concelho de Ourique desde 1855, pertenceu ao antigo concelho de Messejana até à sua extinção, nesse mesmo ano. Apesar de não haver documentação sobre as origens de Conceição, o topónimo Alcarias remete para uma possível ocupação árabe do território circundante. A freguesia de Conceição está associada a uma família (Lança), que foi considerada a maior proprietária latifundiária do concelho de Ourique. O seu pedaço de terra mais extenso era uma herdade situada no lugar de Torre Vã, em Panoias. A família Lança detinha várias propriedades em Conceição, pertencendo-lhe o denominado solar da Torre, património da freguesia. Ainda hoje, quem visitar a aldeias de Conceição e Alcarias não poderá deixar de se surpreender pelas casas imponentes e de aspeto senhorial que resistem. Segundo informação da junta de freguesia, nos séculos XVII e XVIII, a aldeia de Conceição seria conhecida como Aldeia de Borregões, não constando outro nome nos documentos oficiais. Sendo lenda ou facto real, por estarem fartas de serem conhecidas como “barregans”, “barregôas” e “barrigudas”, raparigas da aldeia requereram ao juiz a alteração do nome da aldeia para o da sua padroeira, Nossa Senhora de Conceição.


Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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João Ramos questiona Governo sobre Somincor

João Ramos (PCP) solicitou ao Governo, “com caráter de urgência”, “cópia da minuta do contrato a celebrar entre o Estado Português e a Somincor – Sociedade Mineira de Neves Corvo, S.A., aprovada pela resolução do Conselho de Ministros n. º 8/2012”. No requerimento é referido que “o setor mineiro foi alvo, nos últimos anos, de processos conturbados e nem sempre claros. Basta

observar o que têm sido os últimos tempos da mina de Aljustrel, com a mudança de concessionária, a atribuição de milhões aos concessionários privados, o incumprimento da prometida reposição de postos de trabalho e a manipulação partidária destes processos. Também a concessão da Somincor, nomeadamente o baixo valor da sua atribuição, foi em tempos fonte de polémica”.

Atual Imprensa regional de Beja atravessa a maior crise de todos os tempos

Comunicação social à beira do abismo Na semana em que o “Notícias de Beja” comemorou o 84.º aniversário, D. António Vitalino Dantas admitiu, em nota escrita no periódico, que a publicação do título causa “grande prejuízo financeiro à diocese” e que “já teria acabado com a sua publicação”, não fosse “a urgência da comunicação da Igreja” e a inexistência de um outro meio, “mais ágil e próximo dos diocesanos”. António José Brito, diretor do “Correio do Alentejo”, em editorial, reconhece a oportunidade das palavras do bispo de Beja, e acrescenta que “manter a publicação regular de um jornal ou a emissão diária de uma rádio é uma tarefa sobre-humana”. O “Diário do Alentejo” falou com os responsáveis da comunicação social do distrito e traça um esboço da situação atual. Texto Aníbal Fernandes

A

situação não está fácil para qualquer um dos títulos ou estações de rádio com sede em Beja. Justino Engana anuncia mesmo uma “reestruturação do quadro de pessoal” da Rádio Voz da Planície, que implicará a redução de três postos de trabalho. As razões próximas para a “dolorosa” decisão são o reflexo da crise “num mercado insípido” como é o do Baixo Alentejo e “uma estrutura de custos pouco adequada à realidade” atual, diz o diretor da estação. Justino Engana lembra que as rádios são “o primeiro barómetro da crise nas empresas” e que em situações de dificuldade financeira o desinvestimento em publicidade por parte dos agentes económicos locais faz-se logo sentir. Apesar disso, foram “aguentando a situação” enquanto puderam, até porque sendo uma cooperativa, não têm o lucro como objetivo único. A Rádio Pa x também

sofreu “cortes significativos na publicidade”, mas António Lúcio não prevê, por agora, a necessidade de

despedimentos nos cerca de 15 colaboradores. A estratégia da rádio para ultrapassar a crise passa por poupar, poupar e poupar. “Temos de ser mais agressivos, ter mais ideias, ser criativos”, diz o diretor da estação. A emissão on line ainda não tem um peso significativo nas receitas da rádio. António Lúcio vê o site como “um complemento”, um meio “para alargar audiências” e serem “ouvidos em todo o mundo”. Já Justino Engana revela que a Voz da Planície tem cerca de cinco mil visitas únicas por dia ao seu site, e antevê que no futuro as rádios

vão necessitar de “angariar receitas de outras formas” que não as tradicionais. Isso mesmo foi dito no último congresso da Associação Portuguesa de Rádiodifusão, onde, para além de se discutir o futuro das rádios, também foram anunciados encerramentos de algumas emissoras locais. António José Brito, em declarações ao “DA”, justifica o seu editorial com o facto de ser a altura para se fazer “uma chamada de atenção” para este problema. “É agora o momento para agir, para depois não se chorar sobre o leite derramado”, diz o diretor do “Correio do Alentejo”, que vê com algum ceticismo os tempos

mais próximos e pede “mais sensibilidade” por parte das autarquias. Também Justino Engana defende que as rádios locais deveriam ser encaradas como “estruturas de proximidade” que “prestam um serviço de interesse público”. O diretor da Rádio Voz da Planície não reclama subsídios, mas queixa-se do facto de as autarquias locais não se lembrarem dos órgãos de comunicação social na hora em que elaboram os seus planos de publicidade. Quanto às medidas de contingência para superar a crise, António José Brito admite que é difícil “baixar mais os custos”, já que desde a fundação do jornal, há seis anos, a gestão “tem sido rigorosa e apertada”. É, no entanto, uma luta diária, “e se formos deixados sozinhos nesta luta, vamos certamente perdê-la!”, escreve a fechar o editorial. José Baguinho, da Cooperativa Cultural Alentejana, proprietária do “Alentejo Popular”, caracteriza a situação como “péssima”. A paupérrima situação do tecido empresarial e a consequente quebra nas receitas publicitárias, a juntar a “um conjunto de falta de apoios”, só lhe permite dizer que irão até onde conseguirem. O site da publicação, que tem visto as visitas aumentarem de forma consistente, é tido como “uma plataforma onde apostar”, tal como a “diversificação de atividades” e a procura de mais assinantes.

O Estado deve “cumprir obrigações” para com a imprensa regional

“A

crise para a imprensa regional começou há muito”, desde que o Estado “praticamente acabou” com a distribuição da publicidade institucional, que “era o suporte financeiro e a sobrevivência” dos títulos, disse à Lusa o presidente da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIIC), António Salvador dos Santos. Na opinião do presidente da Associação Portuguesa de Imprensa (API), João Palmeiro, em 2011 “começaram a aparecer, de forma mais consistente, indícios de crise, que ainda não são dramáticos, mas, se nada for feito, corremos o risco de haver consequências dramáticas”. Apesar de não ter “havido uma quebra abrupta nas vendas, nota-se um aumento das dificuldades em cobrar assinaturas, o que tem impactos na saúde financeira” dos jornais regionais, acrescentou Palmeiro.

Os assinantes “não pagam a tempo e horas”, há “menos circulação certificada de exemplares” e, por isso, os jornais “têm menos publicidade ou publicidade mais barata e menos apoios do Estado”, através do porte pago, o que leva ao “aumento dos custos de distribuição”, explica o presidente da API. Também “tem havido um decréscimo” na publicidade comercial e, sobretudo, na publicidade institucional e na obrigatória, o que tem reflexos negativos nas receitas em cerca 200 empresas de jornais locais e regionais, que editam cerca de 270 títulos. No último ano, “os jornais reduziram o que puderam”, sobretudo a nível industrial. Passaram a ter menos páginas, a usar papel mais barato e, alguns, mudaram a periodicidade, disse, mas segundo João Palmeiro, “estão a esgotar-se as alternativas para as empresas

poderem continuar a publicar jornais”, que “vão tornar-se cada vez mais pequenos e menos interessantes e pluralistas e, por isso, terão cada vez menos capacidade concorrencial”. “O futuro a Deus pertence. Contudo, há consequências imediatas”, como “o fecho de títulos, o que logicamente vai dar origem a desemprego no setor”, afirmou Salvador dos Santos, referindo que, nos últimos anos, já “desaparecem” cerca de 70 títulos de inspiração cristão num universo de cerca de 700. Para evitar estes “riscos”, os jornais regionais “têm que pensar como podem usar a Internet como parte do seu negócio” e é “imprescindível” que o Estado “cumpra as suas obrigações em relação à publicidade institucional e à obrigatória, que escandalosamente não são cumpridas ao nível da imprensa regional”, disse João Palmeiro.


O Bloco de Esquerda discorda da revisão do orçamento proposto pela Câmara de Beja. Em declarações à Voz da Planície, José Pedro Oliveira revelou que “apesar de se notar uma aproximação aos valores propostos pela oposição no que se refere às verbas a disponibilizar para o orçamento da Assembleia Municipal”, mais nada correu como o previsto. O deputado

municipal do BE disse ainda que “no caso do orçamento participativo, ou falta alguma coisa ou então a proposta da autarquia bejense não é séria”. E quanto às transferências para as freguesias, prosseguiu: “a emenda foi pior que o soneto”. As expetativas criadas por Pulido Valente, no passado dia 17, “morreram na praia”, concluiu.

07 Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

BE diz que orçamento morreu na praia

Padre Alberto Geraldes Batista Diretor

“Notícias de Beja” faz 84 anos

Um “milagre” semanal O “Notícias de Beja” foi fundado para “dar voz aos que não têm voz e proclamar os valores cristãos”. Decorridos 84 anos, a missão mantém-se?

A missão do “Notícias de Beja” é hoje a mesma que lhe foi atribuída pelo seu fundador, o bispo D. José do Patrocínio Dias, há 84 anos, e que é matriz de todos os jornais de Igreja. Realiza-se, em concreto, em cada semana, na seleção e alinhamento das notícias e dos textos de comentário aos acontecimentos da vida, pondo-se em destaque os valores cristãos, proclamando e defendendo a dignidade da pessoa humana, alertando contra situações de injustiça e miséria humana, apresentando vias concretas de solução dos problemas com que as pessoas se confrontam. Damos voz aos que não têm voz publicando as expressões religiosas do povo, a sua ação cultural e caritativa, proclamando que há no Alentejo uma comunidade cristã viva e dinâmica que se reúne na missa, ao domingo, que celebra batismos e casamentos nas nossas igrejas, que reza pelos seus mortos nos funerais e nas missas de sufrágio e que, às vezes, vem para a rua para testemunhar a sua fé, em clima festivo. Estes atos religiosos são fenómenos sociais importantes e fatores de coesão da comunidade, fomentando o convívio, o conhecimento e a solidariedade entre as pessoas, ajudam a resolver muitas situações de pobreza material e espiritual, mormente o terrível problema da solidão. O “Notícias de Beja” dá ainda voz aos que não têm voz nos textos de opinião dos nossos colaboradores, aprofundando e esclarecendo problemas, indicando caminhos a seguir balizados pelos valores cristãos. Neste aspeto, sublinharia a intervenção, sempre oportuna, sempre atual, do nosso bispo, D. António Vitalino, nas suas Notas Semanais. O jornal tem vindo a debater-se com “carências de meios materiais e humanos”. Como é que se mantém um jornal nestas condições e que futuro lhe antevê, tendo em conta o agravamento da situação económica?

Manter um jornal como o “Notícias de Beja” (e o mesmo se pode dizer da maioria dos jornais da Igreja) é um autêntico “milagre”, só possível porque o diretor e os colaboradores trabalham em regime de voluntariado. E, mesmo assim, no fim do ano, a Diocese ainda tem de entrar com milhares de euros para pagar a totalidade das despesas. Quem está à frente do jornal trabalha com espírito de fé e missão. Em linguagem mais popular, por “carolice”. O futuro do “Notícias de Beja” é o mesmo de quase todos os jornais: a morte, a médio prazo. A não ser que se descubram meios de financiamento novos, da parte da Diocese ou de pessoas particulares, que, acreditando no valor da imprensa católica lhe assegurem, com as suas dádivas generosas e com publicidade, a sobrevivência. Pessoalmente, penso que o “Notícias de Beja” não deve acabar. Um jornal católico e diocesano é um instrumento fundamental de promoção social e defesa dos valores humanos e cristãos. Os especialistas há muito que anunciam a morte do jornal em papel, assistindo-se cada vez mais a uma aposta nas edições on line e em novos suportes digitais. Parece-lhe ser este o caminho a seguir?

Tenho também a intuição de que as edições on line vão substituir, a curto prazo (talvez 10 anos), quase todos os jornais em suporte de papel. A realidade crua e nua é esta: as pessoas, até aos 35 anos, não compram jornais, os idosos também pouco se interessam por jornais e a compra de um jornal diário ou de um semanário é uma espécie de luxo burguês. É um “extra” no orçamento familiar perfeitamente dispensável, pensa a maioria das pessoas. Entretanto, enquanto não chega o dia definitivo do “funeral” dos nossos jornais tradicionais, não podemos cruzar os braços e, menos ainda, lamentar o valioso contributo das tecnologias da informação no espaço mediático. Por minha parte, continuarei este trabalho, no jornalismo tradicional, com o mesmo empenho e a mesma generosidade da primeira hora. Temos de fazer todos o melhor que pudemos com os instrumentos de que dispomos. O futuro a Deus pertence. Nélia Pedrosa

CDU admite voltar a chumbar documento

Orçamento de Beja por um fio A banc ada da C DU na Assembleia Municipal de Beja, liderada pelos comunistas, admitiu na segunda-feira voltar a chumbar o orçamento da câmara (PS) para este ano se a verba para as juntas de freguesia não for igual à de 2011.

“E

m princípio, admitimos” voltar a chumbar o orçamento caso a verba para as juntas de freguesia do concelho não for a mesma de 2011, disse à Lusa o líder da bancada da CDU, Rodeia Machado. O autarca falava depois de uma conferência de imprensa da CDU, em Beja, sobre a proposta da Câmara de Beja (PS) de alteração da primeira versão do orçamento, que foi chumbada pela Assembleia Municipal, com os votos contra da maioria CDU e do Bloco de Esquerda, a abstenção do PSD e os votos a favor do PS. Na semana passada, o executivo PS reuniu com representa ntes dos par tidos da Assembleia Municipa l, aos quais apresentou uma proposta verbal de alteração do orçamento chumbado, nomeadamente ao nível da verba para as juntas de freguesia, uma das razões que levaram a CDU a votar contra a primeira versão do documento. Segundo Rodeia Machado, na reu n ião, o pre sidente da Câmara de Beja, Pulido Va lente, terá dito que, na nova proposta de orçamento, a verba para as juntas de freguesia seria “a mesma do ano passado”, ou seja, 1 525 mil euros, mas com a nuance que seria distribuída pelas juntas com base nos dados do Censos 2011. No entanto, na proposta por escrito, entretanto enviada aos representantes dos partidos e “contradizendo por completo” aquela que terá sido a

A posição da CDU “é um sinal claro de que não está de boa-fé neste processo, mas sim de má-fé e apenas com o intuito de exploração político-partidária da situação” Pulido Valente

“Não queremos fazer braço de ferro sobre esta matéria, mas queremos que as juntas de freguesia não fiquem prejudicadas” Rodeia Machado

“proposta verbal”, a verba para as juntas de freguesia é de 1 424 808 euros. Pulido Valente “falou uma coisa e depois fez outra”, acusou, referindo que “não faz muito sentido” a CDU modificar o voto se a situação em relação à verba para as juntas se mantiver. Segundo Rodeia Machado, “desde que a perda [por junta] não ultrapasse os 4,96 por cento”, o valor do corte nas transferências do Estado para o município, a CDU está “disponível para rever” a sua posição em relação ao orçamento. “Não queremos fazer braço de ferro sobre esta matéria, mas queremos que as juntas de freguesia não fiquem prejudicadas”, frisou, referindo que a CDU vai fazer uma nova proposta ao executivo PS da Câmara de Beja. Pulido acusa CDU Em declarações à Lusa, o presidente da câmara, o socialista Pulido Valente, explicou que, na reunião, não disse que a verba para as juntas de freguesia seria igual à de 2011, mas sim que o executivo não iria fazer um corte de cinco por cento nas transferências. Segundo o proposto pelo executivo socialista, a verba para cada junta vai depender do valor protocolado por habitante e do número de habitantes por freguesia e segundo o Censos 2011, disse Pulido Valente, referindo que, na reunião, não referiu o valor global das verbas a transferir para as juntas. A posição da CDU “é um sinal claro de que não está de boa-fé neste processo, mas sim de má-fé e apenas com o intuito de exploração político-partidária da situação”, disse, acusando a coligação de estar “consecutivamente a arranjar desculpas para votar contra o orçamento”.


08 Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

“A subscrição do acordo pela UGT foi claramente de ordem defensiva, face à intenção do Governo, às reivindicações patronais e às imposições da troika” Joaquim Barriga, UGT

“Lembramos no entanto que o acordo não é nenhuma lei, pelo que a sua aplicação está muito longe de poder fazer-se. Antes de ser aplicado terá que passar por processos legislativos em que os trabalhadores e a CGTP vão ter oportunidade de se pronunciar”. Casimiro Santos, CGTP

CGTP e UGT pouco de acordo

O acordo assinado há uma semana no Conselho de Concertação Social entre o Governo, as organizações patronais e a UGT suscita ainda as maiores polémicas. Se, para alguns parceiros, ele é “essencial para a competitividade e o emprego”, para outros representa “um retrocesso civilizacional”, como é o caso da CGTP, que abandonou as negociações e não assinou o documento.

ILUSTRAÇÃO DE SUSA MONTEIRO/ARQUIVO

Desconcertação também no Alentejo

Texto Carlos Júlio

C

asimiro Santos, coordenador da União de Sindicatos de Beja, da CGTP, partilha esta opinião e, ao “Diário do Alentejo”, diz que o acordo “visa, sobretudo, entregar aos patrões todo o poder para despedir, para alterar os horários a seu belo prazer e generalizar a precariedade, reduzir ainda mais os salários e outras formas de retribuição, para destruir a contratação coletiva substituindo-a pela relação individual de trabalho, eliminar feriados e dias de férias, diminuir ainda mais a proteção social dos desempregados, fragilizar a Segurança Social provocando um retrocesso social nas relações de trabalho em Portugal, que contribuiria, se fosse aplicado, desgraçadamente para que o País continuasse a afundar-se”. “Lembramos, no entanto, que o acordo não é nenhuma lei, pelo que a sua aplicação está muito longe de poder fazer-se. Antes de ser aplicado terá que passar por processos legislativos em que os trabalhadores e a CGTP vão ter oportunidade de se pronunciar e intervir, quer antes, quer durante os períodos de discussão pública a que os mesmos serão obrigatoriamente submetidos”, acrescenta este dirigente sindical. Diferente é o ponto de vista de Joaquim Barriga, da UGT, coordenador em Beja do PUB

Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas. Embora afirme que “a subscrição do acordo pela UGT foi claramente de ordem defensiva, face à intenção do Governo, às reivindicações patronais e às imposições da troika”, o sindicalista considera, em declarações ao “Diário do Alentejo”, que a sua assinatura “cria condições ao diálogo e à negociação coletiva futura e evitou um clima de contestação generalizada. Podemos afirmar que a maior vitória deste acordo reside no facto de criar condições para o crescimento da competitividade e do emprego e travar álibis por parte do Governo e dos empregadores para

continuar uma política cega de austeridade, incentivando ao investimento em Portugal ao invés do estrangeiro”. Joaquim Barriga acrescenta: “Temos a noção de que este acordo foi de crise e de sacrifício e, não sendo o desejável, foi o possível”. E diz ainda que uma das “grandes vitórias” conseguidas durante a negociação “foi, sem dúvida, a derrota da meia hora assim como não permitir o despedimento só porque os objetivos impostos não foram atingidos”. Em relação ao distrito de Beja, Joaquim Barriga diz esperar que ele tenha efeitos positivos, nomeadamente na agricultura e no trabalho sazonal. “Esperamos que as novas alterações no quadro da legislação laboral contribua para incentivar as entidades patronais à contratação, de acordo com a maior flexibilidade para o efeito, sobretudo nos setores da olivicultura e da vinha, que têm vindo a crescer. O setor agrícola é um dos maiores empregadores na região, e tendo em conta a especificidade do trabalho sazonal, as alterações laborais podem propiciar a flexibilidade na contratação”, salienta. Já Casimiro Santos, da CGTP, não vê quaisquer virtualidades positivas neste acordo para a região. “O Alentejo, e particularmente o distrito de Beja, tem sofrido fortes consequências das políticas de falta de dinamização do setor produtivo e de dinâmicas de aproveitamento e rentabilização dos investimentos efetuados, e apontados como as grandes soluções de futuro dos quais realçamos o Alqueva, o aeroporto de Beja, bem como outros anunciados, iniciados e praticamente bloqueados ou a arrastar-se

no tempo com todas as consequências negativas que daí advêm, casos do IP8, IP2 e Pirites Alentejanas”, refere o sindicalista bejense. “Tal situação tem provocado um sucessivo aumento do desemprego (mais de 12 mil desempregados) e da precariedade, nomeadamente nas camadas mais jovens que, apesar de dotados de bons níveis de conhecimento, não encontram forma de ingressar no mercado de trabalho, acentuando a desesperança e a incerteza relativamente ao futuro, pelo que o citado acordo, se aplicado, viria certamente acentuar esta situação dado o seu conteúdo de destruição dos direitos laborais, da desvalorização do trabalho e do estado social”, acrescenta Casimiro Santos. Já Joaquim Barriga considera que o aumento dos dias de trabalho, decorrente deste acordo, não vai afetar muito os trabalhadores, num momento em que o que está principalmente em causa é o “flagelo do desemprego”. “O que mais importa é a manutenção do posto de trabalho e a criação de condições com vista à ultrapassagem do contexto de crise económica. A propósito deste acordo, um dos grandes empresários do Alentejo comentava recentemente num canal televisivo que não necessita que os seus trabalhadores trabalhem muitas horas, apenas que eles façam o trabalho bem feito. Pena é que esta ideologia ainda não seja para todos, só para os mais ousados”, reforça o sindicalista. O dirigente da UGT em Beja, apesar das divergências com a CGTP sobre este acordo, considera que não estão postas em causa ações futuras em comum. E dá o exemplo das greves gerais. “O propósito das convocações conjuntas das últimas duas greves gerais foi conseguido, pois era pôr o Governo a negociar. Os sindicatos existem para defender os trabalhadores e, sempre que necessário e justificável, estarão unidos em ações conjuntas. A divergência de ideias é salutar, obriga-nos a caminhar lado a lado, mas sempre assumindo cada central as suas responsabilidades”. Do lado da CGTP, Casimiro Santos reafirma que os “motivos que levaram à realização da greve geral em 24 de novembro mantêm-se”: “E foi na base de reivindicações como o fim da exploração e do empobrecimento, por um Portugal desenvolvido e soberano e por emprego, salários, direitos e serviços públicos, entre outras, que a CGTP marcou a greve geral, a que a UGT se juntou, sendo emitido o pré-aviso de greve conjunto. Se hoje alguém diverge deste princípio não é a CGTP, a nossa luta desenvolve-se sempre em torno de objetivos concretos e por políticas de valorização do trabalho e dos trabalhadores e por um Portugal desenvolvido e soberano”. E deixa o aviso de que a central sindical a que pertence não vai “baixar os braços” face ao acordo alcançado na concertação social.


A administradora hospitalar Margarida Silveira é a nova presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba), que entrou em funções na quarta-feira. O novo conselho de administração da Ulsba, nomeado por três anos e que substitui a anterior equipa liderada por José Manuel Mestre e cujo mandato já tinha expirado,

Reforma da Administração Local em discussão em Odemira O Documento Verde da Reforma da Administração Local vai estar em debate em Odemira, hoje, sexta-feira, numa sessão extraordinária da Assembleia Municipal, para a qual foram convidados os três deputados da Assembleia da República eleitos pelo

tem como vogal executivo o advogado José Gaspar. Os novos diretores clínicos da Ulsba são a médica Emília Duro, na área hospitalar, e Horácio Feiteiro, na área dos cuidados de saúde primários,e João Guerreiro foi nomeado para o cargo de enfermeiro-diretor. A Ulsba gere os hospitais de Beja e Serpa e os centros de saúde do distrito de Beja, à exceção do de Odemira.

09 Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

Margarida Silveira é a nova presidente da Ulsba

círculo de Beja (Mário Simões – PSD, Pita Ameixa – PS e João Ramos – PCP). A sessão, que terá lugar no auditório da Biblioteca Municipal, pretende analisar a proposta de organização do território no concelho de Odemira, constante no Documento Verde. A iniciativa resulta de uma proposta aprovada pela Assembleia Municipal, em dezembro.

Entidades locais exigem presença do primeiro-ministro e um prazo para concluir Alqueva

Passos Coelho em Beja, já!

A

utarcas, agricultores e empresários do Baixo Alentejo exigiram no final da semana passada que o Governo defina um prazo para concluir Alqueva e querem que o primeiro - -ministro vá a Beja explicar o que o executivo pensa fazer em relação ao projeto. Os autarcas e representantes de agricultores e empresários reuniram-se em Beja para toma rem u ma posição pública conjunta sobre o Alqueva, num encontro promovido pela Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal). Na reunião, foi decidido PUB

exigir ao Governo “uma definição clara dos prazos para a conclusão do Alqueva”, disse o presidente da Cimbal, Pulido Valente. As entidades decidiram também “convidar” o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, para ir a Beja “explicar o que o Governo está a pensar fazer em relação ao projeto Alqueva”, disse o também presidente da Câmara de Beja (PS). “Não abdicaremos da vinda do primeiro-ministro a Beja”, frisou, referindo que foi ainda decidido exigir “uma definição clara do que o Governo

pretende fazer em relação à Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva” (EDIA). A empresa “está num processo de asfixia financeira e de imobilidade em termos do seu trabalho”, já que “não está a preparar novos concursos para obras” e, quando as que estão em curso terminarem, “não irão começar outras” que fazem parte das fases seguintes do projeto global de Alqueva, disse. Segundo o autarca, vai ser elaborado um documento com a posição conjunta e as exigências

decididas na reunião e que será enviado a Pedro Passos Coelho e ao secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas. O documento “não será dirigido à ministra da Agricultura”, Assunção Cristas, que tutela o Alqueva, disse Pulido Valente. “Consideramos que, ao nível da ministra, nada se resolve e o agravamento da situação e a amplitude do problema já ultrapassa claramente as competências e a tutela” de Assunção Cristas, justificou. Por outro lado, lembrou, a ministra não respondeu ao

pedido feito “há mais de um mês” pela Cimbal para se deslocar à região para “prestar informações sobre as perspetivas do Governo relativamente a Alqueva” e não compareceu na reunião, apesar de ter sido convidada, porque “não pode estar presente”. Na reunião, as entidades alertaram ainda para o facto de, a partir de 2013, ser “muito mais difícil conseguir financiamento comunitário para a conclusão do Alqueva” e para “a necessidade de o projeto não se encerrar com a conclusão das infraestruturas”, disse.


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Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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Congresso de Rega e Drenagem em Coimbra

Está aberta a fase de chamada de comunicações para o IV Congresso Nacional de Rega e Drenagem que se realizará nos dias 20 e 21 de Setembro, em Coimbra, sob o lema “Regadio, Associativismo e Desenvolvimento Rural”. A data limite para envio de resumos é 1 de abril. O COTR é uma das entidades organizadoras.

Aljustrel recebe EnergyBus Aljustrel recebe este fim de semana, dias 28 e 29, na praça da Resistência (das 10 às 19 horas), e no próximo dia 30, na Escola E.B. 2,3 de Aljustrel (das 9 às18 horas), o EnergyBus. Através “de suportes de comunicação interativos e experienciais, todos podem tomar contacto com os temas produção e transformação de energia, eficiência energética e energias renováveis, contribuindo para a adoção de novos comportamentos mais eficientes e amigos do ambiente”.

Cimbal vai fazer levantamento das reduções de serviços A Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal) vai fazer um levantamento “das reduções de serviços que irão ocorrer, em função da aplicação do Orçamento de Estado, com impacto direto nas populações”. O referido levantamento foi solicitado pela Comissão Parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local, no decorrer de uma reunião realizada esta semana com o presidente do conselho executivo da Cimbal, Pulido Valente, e com o vogal Francisco Orelha, presidente da Câmara Municipal de Cuba. A reunião visou “transmitir as preocupações relativas à aplicação das regras do Orçamento de Estado, cujas consequências representam dificuldades acrescidas para as autarquias e consequentemente para as populações”, esclarece Pulido Valente em nota de imprensa, adiantando que “a comissão tomou devida nota das propostas concretas apresentadas, em termos de aliviar as regras asfixiantes que a lei contempla”.

IPB coordena Rede de Infraestruturas Científicas e Tecnológicas O Instituto Politécnico de Beja, o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), o Centro Operativo e de Tecnologia do Regadio (COTR), o Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Baixo Alentejo e Litoral (Cebal) e a Lógica – EM assinaram um protocolo de entendimento e colaboração para a criação da Rede de Infraestruturas Científicas e Tecnológicas de Beja. A rede, criada no âmbito do Sistema Regional de Transferência de Tecnologia, tem como missão “criar e desenvolver uma estratégia regional de promoção e valorização da investigação e do desenvolvimento tecnológico, através da transferência de conhecimento e tecnologia e a geração de empresas e de ideias de negócio inovadoras”, explica o IPB.

Semana da Comunidade Educativa em Moura “EducARTE” é o tema da Semana da Comunidade Educativa do Concelho de Moura que decorre até amanhã, sábado, numa organização da câmara municipal local. A iniciativa tem como objetivo “incentivar a interação entre alunos, professores, técnicos, auxiliares de ação educativa, pais e encarregados de educação”. O programa, que incluiu a realização, ao longo da semana, de exposições, conversas temáticas, workshops, debates, ações de formação, ateliês, formação, projetos e espetáculos culturais, reserva para amanhã, sábado, um colóquio, na Escola Profissional de Moura, em que “serão discutidas as matérias abordadas ao longo da semana”. A “Educação é uma das três prioridades definidas pela Câmara de Moura, tendo traçado linhas orientadoras que passam não só pela análise e debate relativamente à Educação mas também pela requalificação do parque escolar do concelho, já com algumas escolas do primeiro ciclo remodeladas”, adianta a autarquia.

Ferreira preocupada com situações de extensões de saúde A Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo está preocupada “com a indefinição em relação a algumas extensões de saúde do concelho”, nomeadamente as de Alfundão e Canhestros. Em comunicado de imprensa, a autarquia refere que “na freguesia de Alfundão, para além da falta de médico que se verifica há já várias semanas, as receitas passaram este mês, e por indicação do diretor do Centro de Saúde de Ferreira do Alentejo, a ser prescritas na sede de concelho e não no posto de saúde local como acontecia até aqui”. A situação da falta de médicos, adianta, “repete-se nas freguesias de Figueira dos Cavaleiros e Canhestros, onde recentemente a autarquia e a junta de freguesia realizaram obras de requalificação do posto de saúde”. Preocupada com a situação, a câmara pediu, no dia 6, uma reunião com aos administradores da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo. “Sem resposta até ao momento”, a autarquia vai voltar a fazer o pedido de audiência com caráter de urgência.

Mértola continua a apoiar beneficiários do cartão social A Câmara Municipal de Mértola continua a definir como uma das suas prioridades o apoio aos munícipes mais desfavorecidos. Apesar da diminuição do orçamento para 2012, os apoios sociais, nomeadamente os beneficiários do cartão social, não irão sofrer cortes, adianta a autarquia, em comunicado. À semelhança do ano anterior, os beneficiários do cartão social continuarão “a usufruir de uma comparticipação em 15 por cento do valor da aquisição de fraldas descartáveis para adulto, mediante apresentação do recibo em seu nome”. Na área oftalmológica os apoios são “20 por cento do valor da consulta e 10 por cento do valor do equipamento (óculos e respetivas lentes), pago pelos utentes”. Os novos benefícios incluem ainda “comparticipações bianuais na aquisição de próteses auditivas em 15 por cento do seu valor (despesa máxima elegível de 2 000 euros por beneficiário) e aquisição de próteses dentárias, em 15 por cento do valor, desde que pagas pelos utentes (despesa máxima elegível de 750 euros por beneficiário)”.


Novos corpos sociais na Adega Cooperativa de Vidigueira

11 Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

Os novos corpos sociais da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito já foram empossados. Joaquim Galante de Carvalho é o presidente da assembleia geral e José Pires d’Almeida é o presidente da direção. Depois da cerimónia oficial realizou-se uma visita às instalações da Adega.

Vinho alentejano cada vez mais exportado Em 2011 aumentaram, em mais de 30 por cento, as exportações de vinhos alentejanos para fora dos principais mercados da União Europeia. De acordo com a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, os países que mais contribuíram para este aumento foram Angola, China, Brasil e Canadá.

Santa Clara, Saboia, Funcheira, Ermida-Sado e Grândola

A

partir do dia 1 de fevereiro a CP vai introduzir, à experiência, paragens em Santa Clara, Saboia, Funcheira, Ermida-Sado e Grandôla no comboio Alfa Pendular. A CP justificou a alteração com “solicitações provenientes de algumas autarquias e clientes, relativamente à hora de chegada a Lisboa do primeiro comboio de serviço Intercidades na Linha do Sul”, que serve as estações de Santa Clara Saboia, Funcheira, Ermidas-Sado e Grândola, mas só parte de Faro às 9 e 47 horas. Assim, as quatro estações passarão a ser servidas mais cedo por um transporte que faz a ligação a Lisboa. Atualmente, o Alfa Pendular que parte de Faro às 7 horas apenas para em Loulé, Albufeira, Tunes, Pinhal Novo e Lisboa-Entrecampos, antes de chegar à estação de Lisboa-Oriente, de onde parte depois para Porto-Campanhã. O Alfa Pendular em questão demorará cinco horas e 45 minutos a fazer o trajecto até à estação portuense da Campanhã, quando agora gasta apenas menos seis minutos, assegurou fonte do gabinete de comunicação da CP à Lusa. A mesma fonte sublinhou que a alteração estará em vigor durante um período experimental de um mês, durante o qual a empresa vai “monitorizar a procura deste comboio nas estações abrangidas e avaliar se a manutenção das referidas paragens se justifica”. PUB

JOSÉ FERROLHO

Alfa Pendular para em cinco estações alentejanas

Laboratório de Energias Renováveis em Moura A empresa municipal Lógica, de Moura, viu aprovada a operação “Laboratório de Energias Renováveis”, candidatada ao regulamento do Sistema de Apoio a Infraestruturas Científicas e Tecnológicas, do Eixo 1 do InAlentejo, no âmbito do programa estratégico do Sistema Regional de Transferência de Tecnologia do Alentejo. De acordo com a câmara municipal, “esta operação é um forte contributo para a consolidação do Laboratório de Energias Renováveis, com enfoque na energia solar, instalado no Parque Tecnológico de Moura (PT Moura) e no conjunto de serviços a prestar pela Lógica no domínio da investigação, da certificação, da relação com a indústria e no apoio às empresas instaladas e a instalar no parque”.

Ferreira preocupada com projetos estruturantes Os eleitos da Assembleia Municipal de Ferreira do Alentejo estão preocupados com os projetos estruturantes para o Alentejo (aeroporto de Beja, A 26, IP2, porto de Sines e Alqueva). Os eleitos protestam, deste modo, junto das entidades competentes e responsabilizam o “Governo pelo não cumprimento dos compromissos assumidos e pelo aprofundamento de desertificação da região”, exigindo “a conclusão das obras e das infraestruturas rodoviárias”.

Aljustrel exalta Poder Local democrático A Assembleia Municipal de Aljustrel deliberou por unanimidade uma moção sobre os 35 anos de Poder Local Democrático, considerando essencial continuar a defender os valores do Poder Local democrático e autónomo, decorrentes das conquistas alcançadas em 25 de Abril de 1974.


EMAS aposta no tratamento das águas residuais

Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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O laboratório da Empresa Municipal de Água e Saneamento (EMAS) de Beja vai passar a realizar o controlo analítico das estações de tratamento de águas residuais (ETAR) sob exploração da empresa Águas Públicas do Alentejo. Após a adjudicação já feita pela empresa, o laboratório vai realizar o controlo analítico das ETAR dos concelhos

Os oradores O seminário “Património mineiro e geológico como fator de desenvolvimento sustentável local: abordagens e resultados”, cujo debate final será moderado por Cláudio Torres (do Campo Arqueológico de Mértola) e por João Serão Martins (da Fundação Serrão Martins), deverá contar, entre outras, com as intervenções de Alexandre Lima, da Faculdade de Ciências da Universidade

de Alvito, Aljustrel, Barrancos, Beja, Cuba, Moura, Serpa, Viana do Alentejo e Vidigueira. O contrato, num valor global de cerca de 30 mil euros, vai contribuir para o laboratório aumentar o seu “espetro de influência”, em termos geográficos e analíticos, e criar “valor acrescentado” no setor das águas residuais, explica a EMAS.

do Porto; Carlos Pedro, da Câmara Municipal de Aljustrel; Jorge Relvas, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; Álvaro Pinto, do Museu de História Natural e de Ciência da Universidade de Lisboa; José Mantecón, da Fundación Rio Tinto; Paulo Fernandes, da Câmara Municipal do Fundão; e Sara Canilho, do Geopark Naturtejo.

Seminário debate património mineiro e geológico

De regresso a São Domingos O

Centro Republicano de 5 de Outubro da Mina de São Domingos, no concelho de Mértola, acolhe no dia 3 de fevereiro, a partir das 15 horas, o seminário “Património mineiro e geológico como fator de desenvolvimento sustentável local: abordagens e resultados”, organizado pelo projeto de investigação Rehmine, do Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações (Socius) do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Rehmine é um projeto académico que “promove a reflexão sobre a regeneração de uma área mineira abandonada – Mina de São Domingos – através da aplicação de métodos de envolvimento das diferentes partes interessadas no processo”, esclarece Idalina Sardinha, investigadora/researcher no Socius e investigadora responsável do Rehmine. Espera-se que este projeto, “assim como outros”, adianta a docente, “sirvam de estímulo para promover sinergias, diálogo e iniciativas entre os atores locais e regionais para valorizarem os recursos da mina”, sendo que “a informação

reunida e divulgada pode contribuir para a definição de uma estratégia de desenvolvimento para o local, mas cabe aos atores locais organizarem-se e encontrarem vias de articulação para o efeito”, diz. No decorrer do seminário, que deverá contar com a participação de seis dezenas de pessoas, serão divulgados “os resultados parcelares obtidos pelo projeto de investigação Rehmine até ao momento”. De acordo com Idalina Sardinha, “desde julho de 2010 que foi reunida informação com base na colaboração de várias entidades relevantes para a Mina de São Domingos”, pelo

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que o evento “pretende agradecer a disponibilidade de todos com a devolução da análise dessa informação e mostrar as expectativas dos envolvidos para a estratégia de desenvolvimento da Mina, centradas numa oferta turística diversificada (incluindo turismo industrial mineiro)”. Com a realização do evento pretende-se igualmente “introduzir as próximas tarefas do projeto Rehmine, que inclui a aplicação de mais dois métodos de investigação em que continuaremos a contar com a contribuição da população, mas de forma menos interventiva”, explica a investigadora.

Outro dos objetivos do seminário “centra-se ainda na continuidade do trabalho desenvolvido até agora no local, quanto à reflexão e ao debate sobre o desenvolvimento futuro da Mina”. Para tal “foram convidados representantes de seis projetos de valorização de património mineiro e geológico de diferentes locais” – minas Castromil, de Aljustrel, do Lousal, de Rio Tinto, da Panaquesqueira e Geopark Naturtejo – e “serão apresentados exemplos concretos em que as aspirações e objetivos foram concretizados”. O evento, de entrada livre, é aberto a todos os interessados.


❝ Tradição

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Há hábitos em torno deste produto que ainda se mantêm, como, por exemplo, o facto de muita gente comprar o pau-roxo na feira e o levar para as tabernas ao fim da tarde para o partilhar, servindo de acompanhamento a um copo de vinho”. Paulo Nascimento

Castro Verde cumpre Feira de São Sebastião

A resistência do pau-roxo O pau-roxo, nome pelo qual é conhecida a cenoura roxa no Campo Branco, continua a

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ma rua comprida. De um lado e de outro da estrada bancas de tudo e mais alguma coisa, desde vestuário ao “Borda D’Água”. Uma imensidão de gente que se cruza, quer na subida, quer na descida da ladeira. No topo, no rossio do Santo, largo de encontros e de tradição, em Castro Verde, os crentes ajoelham-se e rezam a São Sebastião, na ermida de paredes nuas, pintadas a cal. Todos os dias 20 de janeiro é assim. E o povo não falta à feira que celebra o santo, mas também o pau-roxo, nome pela qual é conhecida a cenoura roxa nas terras do Campo Branco. Cenoura, esta, que é cada vez mais difícil de encontrar. Na subida da ladeira, porém, ainda está quem a cultiva e a traz todos os anos à feira, que continua a ter o seu nome: pau-roxo. Para que a tradição, essa, não se perca. Mestre António, como é conhecido por estas paragens, verga o corpo e pesa os últimos paus-roxos que lhe falta vender. As mãos enrugadas pela idade acolhem o legume de aspeto tosco. Levanta um pouco o boné que traz na cabeça para ver com precisão as medidas da balança. Não está cá para enganar ninguém. A banca, improvisada no chão, está rodeada de gente. E as caixas apresentam-se quase vazias. Pelas 11 horas, já quase nada resta dos 160 quilos de pau-roxo que trouxe para a feira. “O povo continua a gostar desta cenoura, embora seja cada vez mais raro encontrá-la. E encontrar quem a plante é ainda mais difícil”, conta o homem, que já perdeu a conta ao número de vezes que veio à feira. Primeiro com o seu pai, ainda menino. Depois, já homem feito e com o gosto de marcar presença vincado no corpo. “Não tenho falta disto. Mas foi uma coisa que ficou dentro de mim. É um gosto que tenho e enquanto conseguir vou continuar a vir e a plantar pau-roxo”, garante. Faz uma pausa na conversa e atende os fregueses, embora a cenoura não chegue para todos. “Estou quase despachado da feira”, diz o homem, enquanto deixa safar um sorriso de satisfação. O mestre António conhece os

persistir em Castro Verde, que não foi na moda da cenoura laranja. Todos os dias 20 de janeiro, dia de São Sebastião, há produtores, embora se contem pelos dedos de uma mão, que trazem o produto à feira que celebra o santo, mas também o legume. E o pau-roxo volta às cozinhas, preservando os sabores de antigamente, mas também às tabernas, ao fim da tarde, depois da feira, para servir de acompanhamento a um copo de vinho. Texto Bruna Soares Fotos José Serrano

Produtores Mestre António, de Castro Verde, garante que vai continuar a produzir pau-roxo até conseguir

segredos da plantação de pau-roxo, embora considere: “Isto não tem nada que saber. Quem gostar e quiser cultivar é só jogar as sementes à terra e agarrar-se à enxada”, diz. Esta cenoura, segundo o hortelão, “é diferente” da mais conhecida: a de cor laranja. “Lá dentro não é muito doce e é branca. A casca roxa é que lhe dá o sabor”, garante. O homem, que mostra entusiasmo na produção, garante que “as pessoas compram também para cumprir a tradição”, lembrando, por exemplo, que há quem a coma às rodelas, ou quem as adoce durante um dia ou dois e só depois as consuma. “As pessoas têm uma relação afetiva com este produto. E vale sempre a pena vir à feira em busca do pau-roxo”, reforça Paulo Nascimento, vereador da Câmara Municipal de Castro Verde, lembrando que “há hábitos em torno deste produto que

ainda se mantêm”, como, por exemplo, o “facto de muita gente comprar o pau-roxo na feira e o levar para as tabernas ao fim da tarde para o partilhar, servindo de acompanhamento a um copo de vinho”. Na verdade, esta é a primeira feira do ano em Castro Verde e, de acordo com o autarca, “as pessoas, tal como acontece na Feira de Castro, começaram a programar, dentro daquilo que é o seu plano de compras, a aquisição de alguns produtos que se podem aqui encontrar, nomeadamente os produtos hortícolas, que devem ser semeados nesta altura do ano”. As particularidades da feira acabam por encantar locais e forasteiros e Paulo Nascimento explica: “Esta é uma feira que acontece fora do espaço normal e numa única rua, que se estende até à Ermida de São Sebastião, e as pessoas, neste movimento de sobe e desce, acabam sempre por encontrar-se”.

Mas como ficou esta feira ligada ao pau-roxo? “Durante muito tempo vendeu-se aqui cenoura roxa. Existiam muitos produtores que traziam o legume para a feira, fazendo aqui o seu negócio. Atualmente esta cenoura continua a vir à feira, embora em menor número. É, no entanto, sem dúvida, uma marca que ainda persiste”, garante o autarca. E a provar esta persistência está Teresa Caitanita, conhecida como a maior produtora de pau-roxo da região. Veio de Almodôvar e há quatro anos que faz esta feira. “Só vendo este produto nestas feiras. Nunca ninguém vê este produto à venda nos supermercados. As cenouras laranjas é que dominam e depois há muito pouca gente a produzir”, conta a mulher, de mangas arregaçadas e com pouco tempo para conversas. “Trouxe cerca de 200 quilos para vender. Só já me restam uns 50 quilos

e ainda a manhã vai a meio. Isto prova a aceitação e a tradição que está associada a este produto”, conta. Teresa Caitanita, porém, ainda não conseguiu passar o gosto pela produção de pau-roxo aos filhos. “Só nas vendas é que eles me ajudam. Agarrar a enxada custa muito”, diz, enquanto segura mais uma caixa. Este ano, na Feira do Pau-Roxo, o preço do produto baixou. A culpa, essa, é da crise. “Por causa da troika tivemos de baixar o preço do produto. Isto está mau para toda a gente. “O ano passado vendíamos a cenoura roxa a 2,50 euros o quilo. Este ano estamos a vender a 1,50 euros o quilo”, diz. A cenoura roxa, que parece ter sido esquecida em prol da cenoura laranja, já teve melhores dias. No entanto, na feira que acolhe o seu nome, há quem a procure e faça fila para a levar para casa. “A cenoura na origem tinha várias cores e uma delas era o roxo. Havia uma também amarela, que normalmente se dava melhor nos terrenos mais arenosos. Em particular os holandeses, com o início das descobertas, alteraram geneticamente a cenoura. Este é um legume que se conserva durante muito tempo e a alteração para a cor laranja tem a ver com a fixação das vitaminas a partir da luz do sol”, explica Miguel Rego, técnico da Câmara Municipal de Castro Verde. O produto, segundo Miguel Rego, “também deixou de fazer parte da nossa gastronomia e da nossa dieta porque começaram a aparecer outros produtos”. “Com o início dos grandes latifúndios as pequenas hortas também foram desaparecendo. A partir do século XIX os grandes latifúndios impuseram o pão como alimento base. Os legumes que precisavam de mais trabalho, mais extensão e água foram desaparecendo, como é o caso do pau-roxo”, lembra. Há, no entanto, quem ainda o preserve e a feira que acolhe o seu nome promete fazer-lhe jus. Na subida e descida da ladeira, embora sejam menos que os dedos de uma mão, há produtores de pau-roxo que garantem que “não o vão trocar por nenhuma outra cenoura deste mundo”. É a resistência do pau-roxo em terras do Campo Branco.


Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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Surpreendentemente, este país onde até o Presidente da República diz que o seu vencimento não lhe chega para os seus custos mensais, não acorda para a clara realidade que agora se começa a sentir, aliada a um ministro das Finanças que não consegue depositar uma única esperança no futuro dos portugueses. Editor executivo do “Diário do Sul”, 24 de janeiro de 2012

Opinião

A difícil primavera argelina

Maria da Graça Carvalho Deputada ao Parlamento Europeu

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Argélia é o maior país de África em superfície e o maior país da região magrebina em população. A proximidade geográfica deste país, e o facto de ser um dos maiores fornecedores de gás natural do território europeu, fazem com que a estabilidade da Argélia tenha uma importância estratégica para a Europa. Na minha última deslocação a Argel, em conjunto com outros parlamentares europeus, tive a oportunidade de contactar um conjunto alargado de dirigentes argelinos e verificar o seu empenho no processo de estabilização da vida política argelina. Este processo teve início em meados no ano passado quando o governo anunciou a realização de eleições para a primavera deste ano. A Argélia pretende fechar o capítulo aberto pelo golpe militar de dezembro de 1991, que impediu a realização da segunda volta das eleições legislativas, após a vitória da Frente Islâmica da Salvação na primeira volta. Os anos seguintes foram vividos em permanente estado de emergência. Agora o martirizado povo argelino anceia por eleições livres e justas. O presidente Bouteflika, atento ao desenrolar dos acontecimentos nos países vizinhos, anunciou que as eleições da primavera irão ser monitorizadas por observadores internacionais. O Parlamento Europeu já mostrou total disponibilidade para cooperar com os argelinos a fim de contribuir para que o país viva em breve uma verdadeira primavera da democracia. No pleno respeito pela independência do país, a Europa não deverá voltar a virar as costas à Argélia, como, infelizmente, o fez no passado. A Argélia tem uma oportunidade que não pode falhar. E o Parlamento Europeu contribuirá com o que estiver ao seu alcance para que a democracia chegue em pleno na próxima primavera.

“Monopólio”? Luís Covas Lima Bancário

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aturalmente todos se lembram de, em crianças, jogar ao “Monopólio” onde, com algumas notas, conseguíamos comprar e vender ruas, colocar casas e hotéis, adquirir empresas como os Caminhos-de-ferro, a Companhia da Eletricidade e a das Águas; onde, não cumprindo as regras, seríamos multados e poderíamos ser presos! E, no fim, venceria o jogo aquele que mais propriedades e mais dinheiro tivesse. Olhando agora para trás e para os serões que todos fazíamos à volta deste jogo mas tentando perceber o porquê das últimas medidas e nomeações de Passos Coelho, pergunto-me se as reuniões do Conselho de Ministros do nosso governo não serão passadas a jogar “Monopólio”?! Imaginem um jogo de “Monopólio” criado especificamente para a classe política?! Cujo nome poderia até ser “Monopólio Político” (aceitam-se sempre sugestões de novos nomes) e onde os saudosos quadrados com as ruas das nossas cidades seriam antes quadrados com – subsídios a tirar, taxas de impostos a aumentar, coimas a aplicar, benefícios a reduzir ou a retirar, isenções a eliminar, feriados a desaparecer, férias a redefinir, hospitais a aglomerar, escolas a fechar, institutos públicos a não fechar, fundações a manter (todas de preferência), empresas a comprar e a vender, parcerias público-privadas a manter... A

Se não reconhecesse a urgência da comunicação na Igreja e tivesse encontrado outro meio mais ágil e próximo dos diocesanos, já teria acabado com a sua publicação, pois dá muito trabalho aos seus editores e grande prejuízo financeiro à diocese. D. António Vitalino Dantas, http://www.diocese-beja.pt, 18 de janeiro de 2012

Seremos capazes de o vencer? [o desafio de manter a publicação do jornal] Esta é a questão pertinente que hoje nos assalta, com uma evidente certeza pelo meio: se formos deixados sozinhos nesta luta, vamos certamente perdê-la!, António José Brito, editorial do “Correio Alentejo”, 20 de janeiro de 2012

imagem central a decorar o tabuleiro poderia ser o rosto dos 13,2 por cento de desempregados do nosso país. E a ilustração do polícia com o apito na boca seria, naturalmente, substituída pela figura do Presidente da República com a Constituição da República Portuguesa na mão. Assim, nas importantes e marcantes reuniões de Conselho de Ministros, todos os seus membros, em conjunto, atirando os seus dourados dados (porque passariam mesmo a ser dourados, tendo em conta a importância dos seus jogadores) para o centro de tabuleiro, determinam que medidas tomar. Mas, contrariando as regras do nosso jogo de infância e como não podem colocar casas ou hotéis (ou até podem, depende sempre do contornar das regras), decidem que figuras marcantes do nosso país colocam em cada casinha. E notem que já muitas casinhas foram ocupadas! Pois das 1 682 nomeações, 962 são reconduções e 720 são novas nomeações! Agora, imagine, quantas vezes é que os nossos ministros já jogaram ao “Monopólio”?!? Mas, caro leitor, parece-me que do tabuleiro do nosso imaginário infantil há uma casa que, lamentável e gravosamente, desapareceu! A casa da prisão! Aquela para a qual iria o jogador que não cumprisse as regras! No entanto, o fim último do jogo, mantém-se – será vencedor aquele que mais dinheiro ganhar! Da ilusão à desilusão. Das expectativas defraudadas. Da promessa à mentira. Da isenção ao clientelismo. Da oposição ao poder. Por tudo isto, volto a colocar-me a pergunta que fiz no início desta minha crónica – Será que as reuniões do nosso Conselho de Ministros são passadas a jogar “Monopólio”?

Centralidade do ser humano e ano da fé Manuel António Guerreiro do Rosário Padre

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m outubro iniciar-se-ão as celebrações de um Ano da Fé convocado pelo papa Bento XVI, para recordar os 50 anos do início do Concílio Vaticano II e os 20 da publicação do Catecismo da Igreja Católica. É precisamente de um dos documentos mais importantes do Concílio Vaticano II, a Constituição Gaudium et Spes (GS), sobre a Igreja no Mundo Contemporâneo, o texto que se segue: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo.” (nº.1) Apesar do Cristianismo não se reduzir a um Humanismo, deve sê-lo por exigência fundacional, um humanismo aberto ao transcendente. É este o coração da mensagem de Cristo e, por isso, só poderá ser o caminho para nós cristãos. Não o seguir é negar o nosso ADN, a nossa missão. Se é verdade que os cristãos ao longo dos séculos cometeram erros, pecados contra a vida humana, é justo que os factos sejam denunciados e os protagonistas responsabilizados. Não foi certamente por acaso que durante o Jubileu do Ano 2000 o Papa João Paulo II, por várias vezes, pediu perdão pelos pecados dos cristãos e da Igreja. O reconhecimento dos pecados, a reparação, e a mudança de vida são atitudes que devem caracterizar o ser humano, cristão ou não, pois só a verdade liberta. O Ano da Fé poderá, por isso, ser mais uma ocasião de reflexão e de conversão para cada cristão e convite a empenhar-se na defesa do ser humano, sobretudo do mais pobre e necessitado, pois por aí passa a verdade do seu testemunho cristão. A aceitação da crítica fundamentada não deverá, porém, ser confundida com o silêncio perante a mentira, a manipulação, a demagogia, e a ação de grupos de pressão incomodados com a Igreja, para quem o vale tudo é norma habitual. Há um princípio sábio que vale para todos, cristãos ou não: “Os fins não justificam os meios.”

Há 50 anos “Talvez fosse de proveito ser ventilada pelos deputados”

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esses finais de janeiro de 1962, para além de pequenas informações locais (“Morreu o piloto de uma avioneta de monda química que se despenhou numa herdade próxima de Castro Verde”), do País (“Está marcado para Março o início das obras da ponte sobre o Tejo”) e do estrangeiro (“Está para breve um acordo entre as autoridades francesas e os chefes dos rebeldes argelinos, para pôr termo ás hostilidades”), o “Diário do Alentejo” trazia poucas notícias. Não é que não as houvesse, mas não eram publicadas nos jornais, já que a Censura do regime impedia notícias “subversivas”, como por exemplo qualquer referência à luta dos comunistas e de outros democratas contra o fascismo ou à luta de libertação nacional dos povos das colónias. Assim, o que de mais interessante se podia ler no vespertino bejense eram os artigos de opinião, assinados (em geral por Melo Garrido ou por José Moedas) ou não, abordando em geral assuntos regionais. Como era o caso da “Nota do Dia”, uma espécie de editorial, da edição de 27, intitulada “Serviço ferroviário entre o Baixo-Alentejo e o Algarve”. Tal protesto, ainda que ténue, quase poderia ter sido escrito nos nossos dias – em que continuamos a ver passar os comboios e a marginalização do distrito de Beja e de todo o Alentejo se acentua ao mesmo tempo que o País se afunda com as políticas que intensificam a exploração dos trabalhadores, impostas pelos governos antipopulares e antipatrióticos do PS, PSD e PP, conluiados com os patrões e seus serventuários. Ora leiam: “Desde há muito tempo que se vem focando nas nossas colunas este tema, chamando a atenção não só dos serviços respectivos da C. P. como das chamadas forças vivas do distrito, ás quais, segundo pensamos, competiria dedicar ao problema em causa um constante e activo interesse, dada a sua inegável importância para o progresso e fomento regionais. A verdade, porém, é que são nulos os resultados obtidos em tal capítulo. As ligações entre o Baixo-Alentejo e o Algarve continuam tal como há mais de 20 anos, obedecendo a horários deficientes, incompatíveis com as exigências da vida actual. Em contra-partida, os horários entre o Algarve e Lisboa, pelo Vale do Sado, têm sido vultuosamente melhorados e ampliados, sem que, pelo menos, hajam sido aproveitados, por meio de ligações convenientes, para favorecerem o distrito de Beja. Mantém-se, portanto, uma situação de justificado prejuízo para a nossa região, que talvez fosse de proveito ser ventilada na Assembleia Nacional pelos deputados por este círculo.” Carlos Lopes Pereira


15 Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

Iconografia pacense

Efeméride

A igreja de São João Batista de Beja no início do século XX

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e regresso às páginas do “Diário do Alentejo”, esperamos vir a contemplar o leitor da Iconografia Pacense com a pesquisa e divulgação de temas culturais. A demolição, em 1919, da igreja Paroquial de São João Batista de Beja, na sequência do muito que já havia desaparecido na segunda metade do regime liberal, ainda perdura no imaginário bejense como um crime de lesapatrimónio. Em meados do século XIX caíram os conventos de Santa Clara e do Carmo, mais o Hospício de Santo António, depois as portas medievais de Aljustrel e de Évora e as romanas de Mértola e de Avis, com as capelinhas dos Anjos, de Santo Antonico e da Guia, mais a de São Gregório na rua homónima, seguidas da totalidade do convento da Esperança, da Casa dos Corvos (conhecida como palácio árabe de Aladino), do palácio Ducal dos Infantes e de uma parte considerável do convento da Conceição (atual Museu Regional); já durante a I República, além da igreja de São João, também soçobraram ao ímpeto progressista, a capela do Calvário de Nossa Senhora ao Pé da Cruz (de configuração cilíndrica-ovoide, similar, mas de maior dimensão, à de Ferreira do Alentejo), a capela de Nossa Senhora do Rosário, adossada à igreja de Santa Maria, entre muitas outras particularidades de interesse monumental, como os Passos da Via Sacra. Durante o Estado Novo demolir-se-ia a cadeia filipina, situada na praça da República, e a capelinha de Nossa Senhora da Luz, adossada à abside contrafortada da igreja de Santa Maria. Em 1975, a nova cultura democrática permitiu (e mais uma vez todos os bejenses, contraditoriamente, se calaram, a não ser que a sua participação consciente e livre tenha sido essa, atitude em que não acreditamos) que a primitiva capela dedicada, em 1652, ao patrono pacense São Sesinando, fosse arrasada para a construção de uma cantina anexa à nova escola básica da freguesia do Salvador – a lápide comemorativa da sua construção, epigrafada em latim, fomola encontrar, logo num dos anos seguintes à demolição, a tapar um buraco de esgoto, próximo da esquina da então Escola do Magistério Primário de Beja, a funcionar no antigo Colégio dos Jesuítas que teria também a invocação do santo mártir bejense, edifício que alberga o quartel da GNR. Após a nossa comunicação informal (e a informalidade tem sido um pau de dois bicos no tratamento destas questões, porque, depois, todos esquecem, ninguém disse, etc.) ao município sobre a lápide seiscentista, lá a foram

buscar resguardando-a na estufa, anexa ao jardim público, onde se perdeu novamente. Reencontrada, colocaram-na, por fim, na parede lateral do edifício que substituiu a capela. Agora, ao fim de tantos anos, só lhe falta a tradução portuguesa para que todos entendam o texto e, por fim, percebam a intenção de a defender condignamente como documento e monumento pacense. Emoldurada que está, no seu contexto confrangedor, a destruição da igreja de São João, interessa no presente recolher, estudar e divulgar tudo o que possa fazê-la renascer e reaparecer aos nossos olhos. Ainda conhecemos quem a conheceu. Há pouco mais de 30 anos já recolhíamos dados sobre a urbanização de Beja, tentando identificar tudo o que pudéssemos sobre a sua evolução e, em 1995, quando iniciámos neste jornal a Iconografia Pacense, dedicámos à igreja Paroquial de São João Batista três crónicas especiais, cujo conteúdo foi alvo de uma crítica informal e favorável de Cláudio Torres. Assim, remetemos o leitor interessado no património cultural histórico e arqueológico bejense para os artigos que então escrevemos1, os quais poderão ser consultados na Biblioteca Municipal de Beja José Saramago. O documento fotográfico que apresentamos pertence ao arquivo fotográfico da Câmara Municipal de Beja2 e pode servir de complemento aos que possuímos diferentes (foto, postais e gravura) sobre a igreja de São João, ou vir a ser complementado pelos nossos, tanto faz. Trata-se de um valioso documento, datável dos primeiros anos da implantação da República, que não teve obviamente a intenção de retratar a igreja de São João, embora esta apresente, no enquadramento do campo de visão fotográfico e apesar da sua quase insignificância, como que escondida no lado esquerdo e para lá do teatro Pax Julia, ainda em obras, o pormenor que pretendemos mostrar: a parte da capela lateral octogonal do Santíssimo Sacramento e a sua cobertura rematada por pináculos e corpos escalonados, curvilíneos, salientes e reentrantes, no estilo barroco. Esta magnífica capela, situada no lado da Epístola (lado direito de quem entra na igreja), era muito elevada, como podemos constatar, comparando o arranque ainda mais alto da sua cobertura com o nível do beirado do teatro. Anexamos ao documento um pormenor ampliado desta perspetiva inédita da capela, para que se veja melhor a abside de São João com o espetacular exterior da capela do Santíssimo Sacramento afrontando as obras de “Santa Engrácia” do teatro Pax Julia. Sucintamente passamos a descrever a foto do Arquivo Municipal de Beja e, até, algo mais: em primeiro plano, à esquerda, a balaustrada cerâmica da casa da família Penedo, proprietária da muralha e da torre melhor conservada, com acesso pelo interior, das portas de Mértola – esta balaustrada remata um corredor, revestido de pintura

mural tardo-romântica, sobre o adarve da muralha, interrompido, aquando da demolição em 1876 da torre central que integrava as portas romanas de Mértola; no plano seguinte a casa onde funcionou, depois de modificada, o Banco Nacional Ultramarino, e que, antes, entre outros negócios, alugava bicicletas – a tabuleta tinha o título de “Dez Reis por Semana”; depois vem a casa senhorial do atual SMAS, a área do atual Montepio e o edifício mais escuro e volumoso do teatro Pax Julia; a rua Conde da Boavista mantém a mesma dimensão, alinhando com o convento da Conceição, ao centro, destinado nesta altura a Sé da cidade, sendo visíveis à direita as coberturas do mercado público construído no final do século XIX, após a demolição do Paço dos Infantes; dos dois lados da torre sineira do convento distinguem-se, em último plano, à esquerda, a cobertura da câmara municipal, e, à direita, o corpo superior da torre de menagem, mais à direita, a torre sineira de Santiago (atual Sé), seguida da torrinha e da igreja de Santa Maria; os telhados em primeiro plano, à direita, correspondem aos edifícios onde funcionaram diferentes ramos do comércio até há relativamente poucos anos, e alguns ainda funcionam, as farmácias Oliveira (deslocada) e Central (ainda subsiste), mais a tipografia e papelaria Carlos Marques (extinta), entre outros. No último plano da foto, à esquerda da sineira da Conceição, ainda se pode ler (se ampliada) a publicidade referente aos grandes armazéns do Chiado (que chegaram a ter, pelo menos, 21 sucursais em todo o País), fazendo esquina com a rua dos Infantes, da qual, assim como da rua do Touro, situada à esquerda do quarteirão de cota mais elevada da cidade, nos ocuparemos nas próximas crónicas a propósito de algumas descobertas arqueológicas relativas ao período romano. 1

BORRELA, Leonel – “Igreja de São João Batista I, II e III”, in Diário do Alentejo de 22 e 29 de setembro e 13 de outubro de 1995; “Iconografia Pacense” – Exposição Documental do autor realizada, no Museu Regional de Beja, entre dezembro de 1995 e janeiro de 1996. Edição de pequeno folheto. 2 Agradecemos a Teresa Revez e a José Maria Barnabé, funcionários do município, pela prontidão na cedência de uma cópia do documento do arquivo fotográfico da Câmara Municipal de Beja. Ao leitor deixamos aqui também o link do município para aceder a um conjunto razoável de imagens da cidade e, também, para que possa colaborar no seu enriquecimento enviando documentação que o município não tenha em arquivo, pois muita memória se perdeu ao longo dos últimos 200 anos. Há quase sempre, na casa de cada um, ou nas casas dos amigos que visitamos, um desenho antigo, uma foto, uma gravura ou um postal, que pode fazer luz sobre aspetos menos esclarecidos da história da cidade. http://www.facebook.com/camaramunicipaldebeja

Leonel Borrela


Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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❝ Entrevista

A má situação do Baixo Alentejo pode ser imputada a todos, exceto aos que cá estão e que continuam teimosamente a não perder a esperança”.

António Saleiro dedica-se atualmente aos estudos jurídicos e às para-farmácias

Agarrem-me se não eu volto Durante alguns anos foi um dos homens fortes da política no distrito de Beja. Ultimamente, porém, pouco se ouve falar em António Saleiro. O que é feito de si?

Assumo claramente que fui voz dos problemas do nosso distrito e lutei sem tréguas em nome de todos os baixo alentejanos. Fui e sou um baixo alentejano que sente e vive as dores do parto da terra que o viu nascer e o ajudou a fazer homem. Ultimamente, ainda que de forma egoísta, entendi que deveria dedicar-me um pouco mais a mim próprio… Havia uns atrasos pessoais de âmbito académico que tinha que pôr em dia e como tal a minha exposição pública teve que ser alterada em benefício do reforço do conhecimento e da ampliação da minha formação. Não significa isto que tenha uma visão da política como um capítulo encerrado… nada disso! Sou membro da comissão política concelhia do PS Lisboa, sou membro da comissão política da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS e sou presidente da mesa da assembleia de militantes da secção de Carnide. Como vê, dou o contributo possível e sinto-me bem neste quadro de participação. Não ocupo qualquer lugar executivo, nem podia, porque para além dos meus projetos académicos enquanto empresário estou também a promover investimentos no nosso distrito na área florestal, alimentar e turística. Participo em fóruns e palestras pelo País fora, e ainda ontem, 15 de janeiro, fui orador numa mesa redonda sobre o Livro Verde da Reforma Administrativa, nas Caldas da Rainha. Está a preparar uma tese relacionada com o Poder Local e a competências dos autarcas. Em que consiste exatamente e que conclusões nela retira?

Sou licenciado em Direito e pós-graduado em Direito Público Económico e mestrando em Ciências Jurídico Políticas na via científica. A tese que defendo intitula-se “Competência autárquica – um modelo em transição”. É um tema aliciante e que vai ser controverso, porque sou levado a concluir que, por exemplo, entre outras situações, “as normas habilitadoras das competências atribuídas aos presidentes de câmara são claramente inconstitucionais”. Ou seja, dizendo de uma forma simples e facilmente compreensível, “o legislador ordinário capturou aos órgãos colegiais câmara e assembleia municipais poderes que entregou a um dos elementos do órgão colegial câmara e que embora dele oriundo não é sindicado por esta nem pela assembleia municipal. Estamos pois perante uma situação de “morgadios”, intolerável em democracia… Estamos perante uma aberratio, em minha opinião. Como encara a presente situação política?

Com bastante preocupação. Compete às políticas a salvaguarda e defesa do primado da pessoa, escudado no primado da lei, que deverá ser sempre orientada no sentido do princípio do bonus pater

Antigo deputado, governador civil de Beja e presidente da Federação do Baixo Alentejo do PS, António Saleiro foi um dos protagonistas da política alentejana nos anos 80 e 90. Afastado da política, mas ainda com responsabilidades em órgãos dirigentes do PS, dedica-se atualmente aos estudos jurídicos e à gestão de uma empresa do ramo para-farmacêutico. Em entrevista ao “Diário do Alentejo”, Saleiro mostra-se fortemente crítico em relação à liderança socialista regional e diz não se arrepender do passado. Se sentir que pode vir a ser útil ao distrito de Beja, e se para isso for solicitado, garante que voltará à política. Texto Alberto Franco Fotos Arquivo

familiae, ou seja, no sentido do justo, do equilibrado, do bom senso, do bem-estar e da justa repartição. À arte de gerir assim os povos chama-se política. Infelizmente não é isso que se nos apresenta, porque a política tal como é praticada claudicou perante engenhos que ela própria fabricou com base em teses anómalas que desvirtuaram os princípios atrás de enumerados e que se foram afirmando através de embuste de que assim melhor serviriam os povos. Pode especificar?

A permissão de concentrações que caminham para oligopólios transporta-nos novamente, a breve prazo, para a exploração do homem pelo homem. Um estado que abdica de cuidar dos mais fracos, não é bom estado. Temos o hábito de condenar a estrutura chinesa quanto a direitos humanos e quanto à exploração dos trabalhadores para colocar os seus produtos na forma em que o fazem, mas esquecemos que por cá, e fazendo uma breve analogia, seria bom analisarmos o que fazem as cadeias de distribuição aos nossos produtores. Dizem que criam muitos postos de trabalho, mas não dizem quantas explorações levam à falência. Isso também sucede noutros domínios da economia?

Abstive-me propositadamente de falar na situação política em abstrato, porque é no concreto que melhor se veem as coisas. Temos um “estado Pilatos” e não temos quem nos acuda. São as empresas, as grandes empresas, que decidem os nossos destinos. Veja-se a saga gananciosa aos nossos bolsos, como acontece por exemplo nos combustíveis. Antes era o preço do crude a justificar os aumentos. Agora, como seria escandaloso de mais afirmar isso, já que quando o barril estava a 140 dólares o preço do gasóleo era de 1,20 euros, hoje o crude está a 113 dólares e o preço do gasóleo já está a mais de 1,50 euros, a desculpa é que os preços são a média ponderada da UE… E a tudo isto o Estado assiste serena e pacificamente. Quando os titulares políticos apelam à produtividade e a fazem incidir sobre o fator trabalho, esquecendo que são eles que promovem a ausência de produção por via do seu desconhecimento do peso dos outros fatores e das realidades, está tudo dito. Pode citar situações específicas?

Os disparates são tantos e anda tudo tão à “vara larga”… Cada entidade faz o que quer, e dou como exemplo o facto de haver uma associação de regantes que aplica taxas (sem contraprestações) a quem usa água (taxa de recursos hídricos) e até cobra a quem não usa e também cobra consumo a quem não consome… Ou seja, o Estado cobra taxa para quem exagere no consumo e também cobra taxa para quem não consome! Já viu algum governante ou deputado levantar este problema? Pois não, vivem na clausura de São Bento! A presente situação política é de um projeto que desassossega o


Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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“Um homem só acaba quando morre” Como avalia a atual liderança do PS a nível nacional e no distrito de Beja?

cidadão, que não planeia, não prevê e não mede as consequências dos seus atos, nem inspira confiança no futuro. É de entendimento interesseiro de grupos restritos que comandam o destino da maioria, não curando nem cuidando de saber o resultado da reação de um povo. Pelo pouco que disse, e pelo muito que ficou por dizer, encaro com ceticismo a situação política. Resta-me a esperança que alguém acorde e perceba que a política é ação e comando e não submissão a grupo de interesses. Eu voto em pessoas para que nos governem e não em grupos que se governem. Quando se faz letra morta da Constituição e quando quem a jurou cumprir não o faz cumprir, há algo que não vai bem na democracia… Temo que estejamos num estado dito democrático ou a caminhar a passos largos para lá. O primado da lei é sagrado em democracia e tanto mais quando os direitos, liberdades e garantias têm força jurídica de aplicação direta. Estranho que, quem de direito, não tenha suscitado a fiscalização preventiva do Orçamento de Estado e aplaudo quem solicite a fiscalização sucessiva da constitucionalidade e da legalidade porque o viola claramente a Constituição… Daí a minha preocupação. E a situação económico-social no Baixo Alentejo?

A situação económica no Baixo Alentejo é a consequência do que atrás referi. Somos um distrito essencialmente agrícola e temos a virtude de ter condições naturais que nos levariam a uma situação diferente daquela a que infelizmente assistimos. A situação económico-social tem-se degradado no Baixo Alentejo por via de fatores exógenos à região e à sua capacidade produtiva. Alguém já se questionou por que razão o Campo Branco perdeu cerca de 50 000 ovelhas em pouco mais de um ano? Alguém se preocupou já em saber por que é o que o regadio não é mais aproveitado? Alguém se preocupou em saber de que forma são escoados os produtos ou a que preços chegam os vários fatores de produção às explorações agrícolas? Diz-se que há muita terra para trabalhar e não se trabalha, que há muito trabalho e que não há quem queira trabalhar. Nada mais falso, porque a rendibilidade de uma exploração atendendo aos custos de produção não é viável por via dos preços (água mais taxas, combustíveis, eletricidade, impostos, seguros, equipamentos, sementes, fertilizantes, etc.) e da pressão dos distribuidores, quer nos prazos, quer no valor do produto, esmagando os preços com a passividade das autoridades. Assim é óbvio que a situação não é boa por não ser rentável e como tal não é sustentável. A má situação do Baixo Alentejo pode ser imputada a todos, exceto aos que cá estão e que continuam teimosamente a não perder a esperança. A seu ver, quais as medidas de que a região necessita para resistir à atual crise?

Sinceramente não sei e tenho dúvidas que alguém saiba, ao nosso nível, qual a verdadeira dimensão da crise. Porém, independentemente da crise, o que me parece é que a solução passa por inverter o êxodo que se tem verificado nos últimos anos. Enquanto não forem tomadas medidas em função das especificidades da região não haverá qualquer solução à vista. Em 1998, e na sequência de um trabalho feito com o saudoso diretor Páscoa,

A atual liderança nacional do PS não pode ser avaliada em tão curto espaço de tempo, mas é hora de apresentar ao País um programa concreto, nomeadamente quanto à reforma da administração pública, agricultura e pescas, formação/emprego e indústria, ordenamento do território/urbanismo, política fiscal, saúde e justiça. Estas parecem-me as áreas mais prementes e certamente terão que ser bem mais diferenciadas do que as políticas em curso. É urgente que se mostrem as diferenças e se assumam. Quanto à liderança do PS a nível distrital, lamento não avaliar… Não se avalia o que não existe! Não tenho notícia de voz erguida… Houve um prejuízo de 25 000 votos para o PS desde 2001, ano em que eu e a minha equipa saímos da federação. Aliás, diga-se que foi precisamente na minha liderança que todos os candidatos a deputados no PS eram do distrito de Beja, o que nunca mais aconteceu… Quando entrei para presidente da federação, o PS era a terceira força do distrito, abaixo do PSD. Antes de mim, tinha sido presidente o atual líder. Com a minha liderança passámos a primeira força. Por isso, não vale a pena comentar o que não existe. Valerá, no entanto, um dia destes, fazer uma análise do trabalho desenvolvido… Não acredito em líderes que fazem da política um modo de vida. O trabalho cá fora é uma escola… Que balanço faz da sua passagem pela política distrital? Hoje reveria algumas posições?

Tenho a consciência tranquila e lamento, apenas e tão só, não ter tido tempo para fazer muito mais do que fiz. Poderia enumerar coisas importantes, como o Portinho de Milfontes; os pavilhões da Ovibeja – com as diligências junto do primeiro-ministro e o reforço do trabalho do presidente da ACOS, Castro e Brito; o aparelho de TAC no Hospital Distrital, o edifício da Hemodiálise, a ampliação das urgências e do bloco operatório, em conjunto com o esforço do Apolino Salveano; o processo da Mina de São Domingos; a luz em Fonte de Mouro; a manutenção da polícia em Moura; as primeiras viaturas no País para a Escola Segura; quartéis da GNR; escola de Colos; Centro de Coordenação de Transportes de Ferreira; Direção Regional do Instituto da Toxicodependência em Beja; aumento das quotas do tomate em mais de 8 000 toneladas; Pousada da Juventude em Almograve; o grande combate, com a minha equipa, para que Alqueva e o aeroporto fossem a realidade que hoje são, e pena é que o atual poder lhe não dê o impulso necessário para que atinjam os fins por que tanto lutámos. A criação de freguesias que estavam adormecidas há décadas no concelho de Odemira; o projeto de lei dos touros de morte em Barrancos; para além de ter fundado em Almodôvar, a minha terra, o primeiro lar de “Quanto à terceira idade, a primeira creche, o primeiro infantário. liderança do PS Poderia também falar na minha passagem pela Câmara de Almodôvar e em associações de vária índole, etc. Não a nível distrital, fiz mais do que a minha obrigação e o meu dever, sinto lamento não orgulho e tenho a sensação de que cumpri com os manavaliar… Não datos que me foram conferidos. Se pudesse voltar atrás, se avalia o que apenas alteraria posições de ordem político-partidária, não existe!” atendendo à realidade de hoje. Admito alguma dureza no meu combate contra o Partido Comunista, mas também é verdade que não me davam tréguas… Durante muitos anos não me lembro de, por exemplo, o “Diário do Alentejo” ter publicado uma notícia favorável a meu respeito, embora sempre tivesse ótima relação com os eleitos da CDU, entre os quais conheci gente extraordinária. Pensa voltar à política ativa?

Não se pode dizer não, nem nunca. Se sentir que serei necessário ao meu distrito, e se para isso for solicitado, penso que não terei coragem de voltar as costas. O futuro é de Deus e um homem só acaba quando morre. Qual o estado atual dos processos judiciais em que esteve envolvido?

Desde 2002 que se encerrou esse capítulo, com o arquivamento do inquérito a que fui sujeito, pela cobardia de uma carta anónima na qual me vi envolvido e cujas consequências foram nefastas para a minha família, embora não tenha existido contra mim qualquer acusação. É passado. Deus não dorme e escreve direito por linhas tortas! Continua a manter laços com o Alentejo?

Os meus laços com o Alentejo são umbilicais. Quando nasci bebi o perfume da esteva e do rasmono e fiquei possuído de uma “graça” que enche e nunca entorna… Direi que é o “chão” do meu contentamento e caminho que não cansa… É, no fundo, um estado de alma e os laços são eternos. Aliás, a minha residência é em Almodôvar, a minha situação fiscal está domiciliada em Almodôvar, os meus negócios, mesmo os que têm sede em Lisboa, tem as contas domiciliadas nos bancos em Almodôvar, os meus bens de consumo são adquiridos em Almodôvar e Beja, enfim até as revisões dos meus carros são feitas em Beja… Em suma, sou dos que participo ativamente no desenvolvimento da minha terra. AF

elaborámos um documento que serviria para a apresentação na Assembleia da República de um projeto-lei que criava a zona franca não financeira de Beja. O projeto contemplava uma série de benefícios para quem se instalasse na capital do distrito e tinha em atenção a construção de Alqueva, o aeroporto e o IP8, ou seja, estávamos na altura de lançar as bases para o desenvolvimento sustentado daquelas infraestruturas, com um planeamento atempado. Desde logo se levantaram vozes de que tal não poderia ser, porque iria prejudicar os concelhos vizinhos, nomeadamente o concelho de Ferreira do Alentejo, tendo-se desde logo oposto o presidente da câmara de então, o agora deputado senhor Ameixa e, naturalmente, outras pessoas de distritos vizinhos, que junto do governo de então apresentaram as célebres “propostas de empata”. Ou seja, seriam criados na região Alentejo mecanismos de incentivos ao investimento. Claro está que não foi feita uma coisa nem outra e as consequências estão à vista. Esta seria uma medida que se tivesse obtido sucesso certamente teria resolvido muitas questões. Que outras ações considera necessárias?

O distrito de Beja tem riquezas ao nível do subsolo, como as minas de Aljustrel e Neves Corvo. Defendo que devemos reanalisar os termos da concessão destas minas, fazendo com que parte da mais-valia se aplique na região, nomeadamente no apoio ao setor produtivo. O distrito tem um parque natural em zona de costa, que ao invés de ser um travão ao investimento deverá ser dinamizador e promotor turístico. Até pela sua qualidade de parque natural, para que tenha vida e em conjunto com os operadores turísticos seja aproveitado para enriquecimento do País e da região, evitando que seja um espaço fechado e pouco rentável. No campo da agricultura, as excecionais condições da terra, que tudo dá e possui variantes únicas, serão certamente suficientes para a autossuficiência do País. Isto se as políticas forem orientadas para a dignificação do agricultor-produtor, de modo a que este não esteja dependente do oligopólio dos distribuidores, nem de organismos de utilidade pública depredadores por via de taxas desincentivadoras e de uma carga fiscal cega que retiram a vontade e o interesse ao maior amante da lavoura. Até na pesca seríamos autossuficientes na região, atendendo a que temos o peixe das melhores águas e mais profundas, que o transforma no melhor peixe do mundo, e ao qual virámos as costas. Bastará para tal dinamizar e ampliar tanto quanto possível o Portinho de Milfontes, pelo qual me orgulho de ter lutado. A par de tantas outras coisas, foi exigência minha que resultou, e ele aí está! As florestas são outro setor a explorar. Designadamente, e espero não ser surrado mais uma vez, através da plantação de eucaliptos madeireiros, na variante que consome pouca água, mesmo em terreno de regadio. Dada a sua rentabilidade, seria um fator de equilíbrio na nossa balança de pagamento com o exterior. A agropecuária, também ela vítima dos oligopólios da distribuição e dos encargos fiscais, será um caminho aberto com futuro, sob pena de se voltar a repetir o que aconteceu no Campo Branco com as ovelhas. Em suma, a falta de voz talvez seja o principal problema. Temos agachados a mais na manjedoura da República.


Taça Distrito de Beja em juniores

Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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Desporto

A 2.ª eliminatória da Taça Distrito de Beja na categoria de juniores vai jogar-se no dia 3 de março, com os jogos Moura-Castrense, Piense-Aljustrelense, Desportivo de Beja-São Domingos e Vasco da Gama-Almodôvar.

Futebol juvenil

Moura tem novo técnico O treinador Joaquim Mendes, que na última época esteve ao serviço do Farense e do Aljustreense, assumiu funções no Moura Atlético Clube, substituindo Carlos Ventura, que regressa às suas funções na área da formação do clube. António Combadão permanece como treinador adjunto, assessorando Joaquim Mendes. Trata-se de mais uma tentativa do executivo mourense para manter a equipa na 2.ª Divisão Nacional.

Moura regressa ao seu estádio

Texto Firmino Paixão

O

Moura regressa a casa no próximo domingo, 29, após duas jornadas mal sucedidas em reduto alheios, Vendas Novas e Monsanto, com derrotas que fizeram baixar o conjunto mourense para a zona de despromoção (13.º lugar), ainda que a apenas dois pontos de distância da primeira equipa acima da linha de água.

Esse conjunto é o Juventude, que ganhou ao Oriental e está a subir na tabela. O outro que está acima do Moura é o Monsanto, em casa de quem era proibido perder e foi derrotado no último domingo. As coisas não estão fáceis para a equipa que recentemente comemorou o seu 70.º aniversário e que cumpre uma temporada história neste patamar do futebol nacional, onde se devia manter, em nome dos pergaminhos do emblema e da valorização do futebol deste distrito. No domingo tem pela frente a equipa do Caldas, último da tabela, com escassos nove pontos, menos seis que o Moura, numa partida em que a vitória, como é por demais evidente, se torna obrigatória para

que os objetivos sejam atingidos e para que a equipa se reconcilie com a sua massa associativa. Avaliando a prestação das outras equipas da região alentejana neste campeonato, reiteramos que o Estrela de Vendas Novas é a equipa melhor posicionada (4.º lugar) e tem no domingo um jogo para vencer frente ao Mafra. O Juventude desloca-se ao terreno do 1.º de Dezembro, depois de ter conseguido derrotar o Oriental (que não é fácil) e ter dado um bom salto na tabela. O Atlético de Reguengos vai jogar na Sertã, saído de uma derrota em casa com o Carregado, e mantém-se no penúltimo lugar da classificação.

Despertar recebe os Pescadores

Líder joga em Aljustrel

O

portunidade perdida pelos mineiros para saírem da zona perigosa, numa ronda em que o Despertar conquistou mais um ponto fora de casa. Mas são águas passadas… O Farense joga no domingo em Aljustrel. É o líder da série F da 3.ª Divisão Nacional e isso significa algo em termos das dificuldades que os mineiros vão ter que enfrentar. Mas não há muitas semanas estiveram em Beja e ganharam ao Despertar, apenas por uma bola a zero. Ou seja, não são

invencíveis. E o Aljustrelense, depois de ter falhado o compromisso de ganhar (ou pelo menos pontuar) em Messines, terá que se agigantar para somar os três pontos, ou ficará uma vez mais numa posição delicada, porque os adversários que concorrem para os mesmos objetivos, e estão na mesma zona da tabela, não estão a facilitar. Em Beja vão estar os Pescadores, certamente à procura de uma boa faina, mas encontrando uma equipa que está moralizada com os pontos que recentemente conquistou

fora do seu reduto, Messines e Montemor-o-Novo. No domingo conseguiram pontuar em Montemor-o-Novo depois de, logo aos oito minutos de jogo, terem consentido, e este consentido reflete com exatidão o lance em que o são-tomense Harramiz fez o tento para os unionistas. Em termos de classificação, o Despertar está em último e por lá continuará, apesar destes pontos esporádicos, e o Mineiro está em nono, a dois pontos da zona de manutenção automática. Firmino Paixão

Nacional 2.ª Divisão 16.ª jornada

Nacional 3.ª Divisão 15.ª Jornada

Distrital 1.ª Divisão 15.ª jornada

Caldas-Estrela Vendas Novas ...........................................1-1 Mafra-1.º Dezembro .......................................................... 1-0 Juventude Évora-Oriental................................................ 1-0 Pinhalnovense-Tourizense ...............................................3-1 Fátima-Torreense ............................................................... 0-0 Louletano-Sertanense .......................................................2-1 At. Reguengos-Carregado ................................................1-3 Monsanto-Moura ............................................................... 2-0

Redondense-Lagoa ........................................................... 0-2 Fabril-Quarteirense ............................................................1-3 Farense-Sesimbra .............................................................. 2-0 Messinense-Aljustrelense.................................................3-1 Pescadores-Esp.Lagos .......................................................1-1 U.Montemor-Despertar.................................................... 1-0

Desp.Beja-FC Serpa ............................................................1-2 Sp.Cuba-Panoias ................................................................ 0-2 Ferreirense-Almodôvar .....................................................5-2 Aldenovense-S.Marcos ......................................................3-1 Castrense-Guadiana.......................................................... 1-0 Rosairense-Vasco da Gama.............................................. 0-2 Odemirense-Milfontes ......................................................0-1

Torreense Oriental Carregado E. Vendas Novas Fátima Pinhalnovense Louletano Mafra Sertanense 1.º Dezembro Juventude Évora Monsanto Moura Tourizense At. Reguengos Caldas

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9 9 8 8 8 9 7 6 6 5 5 3 4 3 3 2

5 3 5 4 4 1 5 7 3 4 2 7 3 5 5 3

2 4 3 4 4 6 4 3 7 7 9 6 9 8 8 11

27-12 31-11 29-20 26-15 23-17 25-20 17-14 16-9 21-21 12-13 17-24 14-20 15-34 14-25 15-27 8-28

32 30 29 28 28 28 26 25 21 19 17 16 15 14 14 9

Próxima jornada (29/01/2012): Moura-Caldas, Estrela Vendas Novas-Mafra, 1.º Dezembro-Juventude Évora, Oriental-Pinhalnovense, Tourizense-Fátima, Torreense-Louletano, Sertanense-At. Reguengos, Carregado-Monsanto.

Farense Esp.Lagos Quarteirense U.Montemor Fabril Messinense Pescadores Aljustrelense Sesimbra Lagoa Redondense Despertar

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0 4 6 6 6 6 6 7 5 7 10 13

35-9 28-18 20-18 16-13 26-22 17-18 19-18 21-24 16-17 11-16 14-21 5-34

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Próxima jornada (29/01/2012): Redondense-Fabril, Lagoa -Messinense, Despertar-Pescadores, Sesimbra-U.Montemor, Aljustrelense-Farense, Esp.Lagos-Quarteirense.

Castrense Milfontes FC Serpa Ferreirense Rosairense Panoias Vasco da Gama Aldenovense Odemirense Almodôvar Desp.Beja S.Marcos Guadiana Sp.Cuba

Campeonato Nacional de Juvenis (22.ª jornada): Setúbal-Barreirense, 5-1; Imortal-O Elvas, 5-1; Oeiras-Olhanense, 1-1; Amora-Odemirense, 2-1; Estoril-U. Montemor, 4-0; Cova Piedade-Casa Pia, 0-1. Classificação final: 1.º Casa Pia, 55 pontos. 2.ºImortal, 48. 3.º V. Setúbal, 46. 4º Oeiras, 42. 5.º Estoril, 40. 6.º Cova Piedade, 29. 7.º Odemirense, 26. 8.º Barreirense, 26. 9.º Olhanense, 25. 10.º Amora, 20. 11.º O Elvas, 9. 12.º U.Montemor, 9. Campeonato Nacional de Iniciados (20.ª jornada): V.Setúbal-Barreirense, 1-0; Imortal-Lagos, 2-3; Juventude-Olhanense, 0-3; Castrense-Despertar, 1-3; Odeáxere -Louletano, 0-0; Lusitano-Lusitano VRSA, 0-0. Líder: V.Setúbal, 42 pontos. 7.º Despertar, 28. 11.º Castrense, 17. Próxima jornada (29/1): Olhanense-Castrense; Despertar-Odeáxere.

Caldas é para vencer... Depois de duas derrotas consecutivas fora de casa, a equipa mourense regressa ao seu terreno para receber a formação do Caldas, último classificado da zona Sul.

Campeonato Nacional de Juniores (20.ª jornada): Estoril-Atlético, 0-0; BM Almada-U.Montemor, 6-1; Olhanense -Despertar, 6-1; Oeiras-Internacional, 2-1; Imortal-Farense, 0-4; Lusitano-Desportivo Portugal, 0-2. Líder: Estoril, 45 pontos. 11- Despertar, 14. Próxima jornada (28/1): Despertar-Oeiras.

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36-5 32-13 22-13 27-21 20-19 19-21 32-20 19-17 20-23 26-27 18-22 15-38 17-44 15-35

39 34 28 27 24 24 22 21 19 18 15 12 10 7

Próxima jornada (29/01/2012): Aldenovense-Sp.Cuba, S.Marcos-Desp.Beja, FC Serpa-Ferreirense, Vasco da Gama -Castrense, Milfontes-Rosairense, Almodôvar-Odemirense, Guadiana-Panoias.

Campeonato Distrital de Juniores (9.ª jornada): Moura-Amarelejense, 3-0; Odemirense-Aljustrelense, 5-3; Almodôvar-Vasco da Gama, 2-1; Castrense-São Domingos, 3-1; Piense-Desportivo de Beja, 1-2. Líder: Moura, 22 pontos. Próxima jornada (4/2): Amarelejense-Aljustrelense; Odemirense-Vasco da Gama; Almodôvar-São Domingos; Castrense-Desportivo de Beja; Moura-Piense. Campeonato Distrital de Juvenis (3.ª jornada): Despertar-Desportivo de Beja, 4-2; Aldenovense-Aljustrelense, 6-0; Moura -Castrense, 3-1; Boavista-Sporting de Cuba, 3-0. Líder: Despertar, nove pontos. Próxima Jornada (29/1): Desportivo de Beja-Moura; Aljustrelense-Despertar; Aldenovense -Boavista; Castrense-Sporting de Cuba. Campeonato Distrital de Iniciados (13.ª jornada): Serpa-Ourique, 2-0; Amarelejense-Bairro da Conceição, 4-1; Odemirense -Ferreirense, 2-1; Desportivo de Beja-Moura, 1-1; Despertar-Guadiana, 2-1; Almodôvar-Negrilhos, 2-3. Líder: Desportivo de Beja, 34 pontos. Próxima jornada (5/2): Almodôvar-Milfontes; Despertar-Negrilhos; Desportivo de Beja-Guadiana; Odemirense-Moura; Amarelejense-Ferreirense; Serpa-Bairro da Conceição. Campeonato Distrital de Infantis Série A (16ª jornada): Sporting de Cuba-Bairro da Conceição, 2-2; Beringelense-Alvito, 4-6; Sporting Beja-Ferreirense, 7-2. Líder: Despertar A, 33 pontos. Próxima jornada (28/1): Operário-Sporting Cuba; Bairro da Conceição-Beringelense; Alvito-Sporting Beja; Ferreirense-Despertar A. Série B (12.ª jornada): São Domingos-Aldenovense, 1-6; Guadiana-Serpa, 5-1; Moura-Despertar B, 5-0; Piense-Barrancos, 2-4. Líder: Moura, 31 pontos. Próxima jornada (28/1): Despertar B-São Domingos; Aldenovense-Guadiana; Barrancos-Moura; Santo Aleixo-Piense. Série C (12.ª jornada): Almodôvar-Operário, 4-5; Aljustrelense-Milfontes, 2-10; Ourique-Boavista, 3-3; Odemirense-Renascente, 11-1. Próxima jornada (28/1): Boavista-Almodôvar; Rio Moinhos-Aljustrelense; Renascente-Ourique; Castrense -Odemirense. Campeonato Distrital de Benjamins (12.ª jornada – Série A: Sporting Cuba-Sporting Beja, 4-3; Vasco da Gama-Figueirense, 12-0; Ferreirense-Despertar A, 2-0; Beringelense-Alvito, 1-4. Líder: Ferreirense, 30 pontos. Próxima jornada (28/1): Despertar A-Sporting Cuba; Sporting de Beja-Vasco da Gama; Alvito Ferreirense; Benfica Beja-Beringelense. Série B: Bairro da Conceição-Piense, 9-0; Serpa-Desportivo de Beja, 7-1; Despertar B-Guadiana, 16-0; Aldenovense-Moura, 4-1. Líder: Despertar B, 33 pontos. Próxima jornada: Guadiana-Bairro da Conceição; Piense-Serpa; Moura-Despertar B; Amarelejense-Aldenovense. Série C: Odemirense-Rosairense, 8-0; Almodôvar-Castrense, 1-2; Milfontes-Ourique, 1-3; Panoias-Aljustrelense, 0-19. Líder: Renascente de São Teotónio, 28 pontos. Próxima jornada (28/1): Ourique-Odemirense; Rosairense -Almodôvar; Aljustrelense-Milfontes; Renascente-Panoias. Taça Distrito de Beja Seniores Femininos (3.ª jornada): Aljustrelense-Serpa, 2-1; Benfica Castro Verde-Odemirense, (adiado 11/2); Ourique-Benfica Almodôvar, 1-1. Líder: Aljustrelense, 9 pontos. Próxima jornada (3/3): Serpa-Almodôvar; Odemirense-Aljustrelense; Benfica Castro Verde-Ourique. Campeonato Distrital de Futsal (8.ª jornada): Sporting de Moura-Alcoforado, 0-0; Alfundão-Vila Ruiva, 6-4; A.Surdos Beja-VNSBento, 0-13. I.P.Beja, 3-Almodovarense, 7. Líder: I.P.Beja, 16 pontos. Próxima jornada (3/2): Alcoforado-I.P.Beja; Almodovarense-A.S.Beja; Vila Ruiva-Sporting de Moura; V.N.S.Bento-Alfundão.


Agenda 28 e 29/janeiro – Série A (12.ª jornada): Longeuira-Cavaleiro; Bemposta-Soneguense; Campo Redondo-Cercalense. Série B (11.ª jornada): Garvão-Naveredondense; Amoreiras Gare-Santaclarense; Pereirense-Colense; Luzianes-Relíquias. Série C: (11.ª jornada): São Matias-Figueirense; Mombeja-Santa Vitória; Penedo Gordo-Jungeiros; Beringelense-Faro do Alentejo. Série D (11.ª jornada): Brinches-Neves; Quintos-Louredense; Sobral d’Adiça-Salvadense; Serpense-Ficalho. Série E (11.ª jornada): Sete-Santa-Clara-a-Nova; Albernoense-Sanjoanense; Trindade-Almodovarense; Aldeia de Fernandes-Alcariense.

Taça Distrito de Beja – Taça com todos A 2.ª eliminatória da Taça Distrito de Beja foi sorteada, agora com todos os clubes, menos, naturalmente, aqueles que foram afastados na primeira ronda da prova. O enquadramento caprichou que entre os oito jogos a realizar no próximo dia 5 de fevereiro apenas três se disputarão entre equipas do primeiro escalão, com natural

evidência para o que se joga na Vidigueira entre a equipa local e o Ferreirense. O calendário completo da eliminatória é o seguinte: Serpa-Messejanense; Panoias-Milfontes; Rosairense -Amarelejense; Odemirense-Sporting de Cuba; Aldenovense -Saboia; Cabeça Gorda-Castrense; Vasco da Gama-Ferreirense e Bairro da Conceição-Almodôvar.

Uma jornada quente no “Distritalão”

Vasco da Gama recebe líder Tarde de gala em Vidigueira com a presença do Castrense, para defrontar um Vasco da Gama a que Fernando Piçarra deu alma nova e grande apetência pelas vitórias. Texto Firmino Paixão

Q

ue grande jornada a que se disputa no próximo domingo. Grande prova de fogo para o líder na deslocação ao terreno do Vasco da Gama que, no reinado de Fernando Piçarra, tem estado imparável, numa altura em que se questiona se a magreza da vitória do Castrense

frente ao Guadiana é patologia do stress da liderança continuada. É o grande jogo da próxima ronda, mas há mais. O Milfontes tem a visita do Rosairense e o jogo não será fácil, ainda que o favoritismo recaia sobre os visitados, sobretudo depois do moralizador do triunfo em casa do vizinho Odemirense. Serpa e Ferreirense, vindos de importantes triunfos, jogam na Margem Esquerda pela posse do segundo lugar. O Odemirense tem deslocação nada fácil a Almodôvar e em São Marcos o Desportivo de Beja tem a difícil missão de não tombar mais na pauta dos pontos. Da jornada anterior vem esse já referido triunfo tangencial do Castrense frente

ao Guadiana, a vitória do Serpa na cidade de Beja e a bem sucedida deslocação do Milfontes a Odemira. O Aldenovense, com Carlos Simão no banco, regressou às vitórias no campeonato, já a estreia de Rodeia no Sporting de Cuba foi batizada com a vitória do Panoias. Finalmente, o triunfo do Vasco da Gama, mais um, desta vez no Rosário, e os sete golos marcados em Ferreira do Alentejo que são sempre um bom tónico para o futebol. Esperemos então que no próximo domingo surjam boas novas que acrescentem competitividade à prova, mas, sobretudo que seja mais uma ronda de bom futebol e melhor espetáculo. Sem casos.

Sanluizense ganhou ao Piense

Ferrobico recupera liderança

Hoje palpito eu...

19

António José Figueira Caetano

Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

Taça Fundação Inatel: agenda

A

sua carreira desportiva teve início dos anos 60, no Desportivo de Beja, percorrendo diversos escalões de formação e logo aí a justificar a chamada às seleções distritais. Na época de 65/66, ainda júnior, rumou ao Restelo para vestir a camisola do Belenenses e destacou-se como melhor marcador da área de Lisboa, sendo convocando para a seleção nacional, então treinada pelo “capitão” Mário Wilson. Rapidamente chegou à 1.ª categoria do Belenenses, onde ficou até 1969, transferindo-se para o Sporting de Braga (com chamada à seleção de esperanças), após o que regressou ao Desportivo de Beja, ao abrigo da Lei Militar. Entre 1975 e 1979 representou o Grupo Desportivo da CUF. Na sua memória retém um jogo em que lhe coube marcar o king Eusébio, tendo recebido enormes elogios da crítica especializada, e dois golos marcados em Guimarães ao Vitória local. Foi o melhor marcador e melhor jogador do Torneio do 50 Anos do Belenenses. Em 1983 tirou o curso de treinadores da FPF, no ISEF, após o que orientou várias equipas na região do Barreiro e também o Desportivo de Almodôvar. Hoje, com 63 anos, está sem atividade desportiva.

O Cabeça Gorda recuperou o 1.º lugar do Distrital da 2.ª Divisão e fecha a primeira volta na frente da prova. A liderança do Piense, afinal, veio a revelar-se efémera. (2) GUADIANA/PANOIAS Pelo que tem sido a carreira das duas equipas, o triunfo do Panoias justifica-se.

Texto e foto Firmino Paixão

E

xcelente campeonato! Uma prova como há muito não se via na segunda divisão, a confirmar que a opção pela série única tem futuro. Competitividade, alternância no topo da tabela e meia dúzia de equipas ainda a lutarem pelos dois lugares que dão acesso à divisão superior. O Cabeça Gorda “ferrou” duas bolas no Saboia, equipa de quem se esperava um pouco mais de resistência, e assumiu o primeiro lugar, dois pontos à frente do Piense que não foi capaz de ganhar (nem sequer empatar) no recinto do Sanluizense. O Amarelejense folgou, o Bairro da Conceição ganhou com facilidade em Ervidel e o Renascente empatou no difícil terreno do Vale de Vargo. Os dois últimos, Barrancos e Negrilhos, dividiram os pontos e o Ourique ganhou em Messejana. Uma ronda com 17 golos, dois jogos empatados, dois em que venceram os forasteiros e outros dois com vitórias caseiras. Amanhã, sábado, recomeça a segunda volta do campeonato, com um quadro de jogos muito tranquilos para as equipas que estão na primeira metade da tabela, e com o Saboia a cumprir a sua etapa de descanso. Resultados da 13.ª jornada: Cabeça Gorda-Saboia, 2-0; Barrancos-Negrilhos, 3-3; Sanluizense-Piense, 1-0; Vale de Vargo-

(X) VASCO DA GAMA/CASTRENSE O Castrense lidera mas o Vasco da Gama, com Fernando Piçarra, ainda não perdeu. (1) MILFONTES/ROSAIRENSE O valor da equipa do Milfontes e o facto de jogar em casa justificam este prognóstico. (X) ALMODÔVAR/ODEMIRENSE São duas equipas com muita ambição, mas o Odemirense tem argumentos para pontuar. (X) SERPA/FERREIRENSE Estão ambos a fazer um campeonato regular e muito interessante. Vou pelo empate.

Distrital da 2.ª Divisão Cabeça Gorda ganhou ao Sabóia e recuperou a liderança

-Renascente, 2-2; Messejanense-Ourique, 0-1; Alvorada-Bairro da Conceição, 0-3. Classificação: 1.º Cabeça Gorda, 27 pontos. 2.º Piense, 25. 3.º Amarelejense, 24. 4.º Bairro da Conceição, 23. 5.º Saboia, 22. 6.º Renascente, 20. 7.º Messejanense, 16. 8.º Ourique, 15. 9.º Vale de Vargo, 14. 10.º

Sanluizense, 13. 11.º Alvorada, 11. 12.º Barrancos, 6. 13.º Negrilhos, 4. Próxima jornada (28/1): Alvorada-Amarelejense; Messejanense-Bairro da Conceição; Vale de Vargo-Ourique; Sanluizense-Renascente; Ba rra ncos-Piense; Cabeça Gorda -Negrilhos.

(1) SÃO MARCOS/DESPORTIVO DE BEJA A equipa da casa precisa muito de pontuar e o Desportivo atravessa um mau período. (1) ALDENOVENSE/SPORTING DE CUBA A jogar em casa o Aldenovense é sempre favorito e o Cuba tem estado muito irregular.


Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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Taça Distrito de Beja em Futsal

A quinta jornada da Taça Distrito de Beja em Futsal joga-se amanhã, sábado, com a realização dos seguintes jogos – Série A: IPBeja-NS Moura; Alfundão-Alcoforado. Série B: Almodovarense-VNS Bento; Vila Ruiva-AS Beja.

Campeonato Distrital de Futebol Feminino

O Campeonato Distrital de Futebol Feminino regressa amanhã com a realização da 9.ª jornada, cujos jogos são os seguintes: SerpaBenfica-Castro Verde, Ourique-Benfica Almodôvar, Odemirense-Aljustrelense.

Modelismo Náutico Competências de controlo do vento são manipuladas pelo rádio

Modelismo náutico atraiu muito público

João Prates foi campeão em Beja O velejador João Prates, campeão europeu de modelismo náutico em 2010, na classe micromagic, sagrou-se campeão regional sul no lago do Parque da Cidade de Beja. Texto e foto Firmino Paixão

A

realização do Open Regional Sul de Modelismo Náutico, na classe de micromagic, levou ao Parque da Cidade de Beja cerca de três dezenas de velejadores e atraiu uma boa moldura humana ao local de realização das regatas. João Prates (e a sua embarcação Vaitapé II) confirmou o favoritismo que antecipadamente reunia, sagrou-se campeão regional e qualificou-se para a prova de apuramento do europeu que este ano se realizará na cidade espanhola de Altea. Os ventos correram de feição neste Open Regional Sul, concordou o vencedor do Open, mesmo antes de serem conhecidos os resultados: “Correu muito bem, sobretudo foi socialmente perfeito, como sempre, porque já é apanágio desta classe, a parte social corre sempre bem, depois o lago é formidável, houve algum azar da parte da manhã porque o vento

não esteve connosco, andava aos saltos, mas sabermos sobreviver a isso, também faz parte da competição, depois, da parte da tarde, o vento ficou mais fixo e foi mais favorável”. Sobre as condições do plano de água foi perentório: “Eu já corri muito mundo com o meu barquinho às costas e isto é do melhor que já vi. Em Portugal, o da Moita e este são planos de água que estão na nossa agenda”. Pronunciando-se sobre a competitividade das regatas, disse: “Foi duríssimo, foi a primeira prova da época, não vieram ainda muitos estrangeiros, mas estiveram cá todos os portugueses que andam neste circuito”. Falando da modalidade, o velejador fez saber: “Incluindo a Madeira, temos 200 e poucos membros ativos. Somos a terceira nação na Europa com atividade e entre os 200, 70 a 80 dentro de água, o que é excelente, e convém realçar que a prova foi feita em parceria com o PT Nautic Model, uma vertente que é do modelismo náutico de escala, sem competição, e sentimos que está a crescer”. E revelou: “Temos um grupo que se chama MMPT Micromagic Portugal, que tem um fórum na Internet a partir do qual

se organiza tudo. Tentamos estar o menos oficializados possível, queremos ser nós a organizar e a brincar, somos nós que falamos com as câmaras, pedimos as autorizações, fazemos tudo, mas temos uma associação um pouco na gaveta, só para quando é preciso, mas normalmente não é, por isso é o MMPT que organiza estas coisas”. João Prates confessou ainda: “Estão aqui pessoas muito graduadas em termos de vela, eu faço vela há 39 anos, foi quase a minha primeira atividade, e estão aqui outros como eu. Fiz vela a sério durante a vida toda, depois casei com uma alentejana e vim viver para o Alentejo, fui direito às barragens e achei que isto era a minha saída, mas faço vela teleguiada há sete anos”. Quantificando os encargos com a prática desta variante do modelismo, João Prates diz que “uma das mais-valias do micromagic é o baixo custo, ao contrário de outras classes onde um barco competitivo custa no mínimo 2 000 euros”: “Um micromagic ganhador faz-se com 300 euros, mas para ganhar, porque um normal custa 190 e o rádio 50 euros”. A atestar as competências técnicas dos velejadores presentes em Beja, referidas por João Prates, estava

o concorrente João Ramos, comandante-de-mar-e-guerra, ex-comandante do Navio Escola Sagres da Armada Portuguesa. Depois de conquistar o terceiro lugar no Open de Beja, o oficial da Marinha não se esquivou a traçar um paralelismo entre navegar com a Sagres e com o seu modelo micromagic: “Os princípios da vela são muito iguais, mas aqui é tudo muito rápido e na Sagres temos tempo para fazer as coisas”, disse, acrescentando: “Aqui não é fácil porque este pessoal é muito aguerrido, mas o local é fantástico e fomos muito bem recebidos, foi um dia excelente. Correu-me bem, fui terceiro, o plano de água é excelente, esta foi a primeira prova, vamos ver se consigo o apuramento para o Europeu”. Quanto a um eventual regresso a Beja para uma nova etapa deste circuito nacional, houve unanimidade e o vencedor do Open disse mesmo: “Beja ficará no nosso mapa, o município foi muito simpático, como estamos no princípio do ano, pelo que percebi, não foi fácil disponibilizar verbas, mas o que nós precisamos é de apoio, voltaremos aqui seguramente”. As principais classificações foram: 1.º João Prates, 2.º Carlos Rebelo e 3.º João Ramos.

Columbofilia José Saúde

Esmiuçando o conteúdo da columbofilia – aprendizagem, dedicação, trabalho, entrega e o evoluir permanente da colónia – deparo-me com o esvoaçar de alados que continuam a afirmar-se a nível nacional e internacional, deixando explícito no panorama luso que os columbófilos sul alentejanos permanecem no topo de uma modalidade onde a crise parece, também, imperar. Visto a problemática a um nível generalizado, sendo a crise instalada reconhecida, e centralizando os seus resultados na columbofilia alentejana, tenho conhecimento que existe gente a ficar pelo caminho em circunstâncias inimagináveis. Recordo que a columbofilia sempre se apresentou ao longo do tempo como uma modalidade fértil para novos praticantes. O enigma do pombo-correio sempre se apresentou como tema crucial para o debate. As soltas afirmam-se como momentos de prazer e de delírio. Entradas no pombal cronometradas ao pormenor e condições extras que proporcionam performances capitais para o alado desbravar um horizonte repleto de incertezas. Sendo o pombo-correio um atleta de alta competição, aceita-se que o columbófilo exija resultados. Os velhos métodos de voo deram paulatinamente lugar a novos sistemas. O convívio columbófilo permanece. Porém, ao que tudo indica, há gente a atirar a toalha ao chão. As suas capacidades financeiras não permitem devaneios. Dizem-me que a columbofilia é hoje uma modalidade que requer outras nuances. As rações e as vitaminas encarecem o orçamento familiar e o columbófilo repensa a sua continuidade na atividade. Faz contas e as suas disponibilidades financeiras estão super lotadas. Olha tristemente o emagrecer da sua colónia ou o seu virtual desaparecimento. Lembra com saudade a sua anterior labuta. Recorda, entretanto, a evolução do seu pombal, dos machos, das fêmeas, os ninhos, a criação dos borrachos, os treinos, os concursos, a ida à sociedade, enfim, uma panóplia de afeições que fez dele um verdadeiro columbófilo. Resta o carinho dedicado aos pombos!


Três columbófilos do distrito de Beja obtiveram lugares de grande destaque na XVI Exposição Ibérica de Columbofilia que se realizou na cidade espanhola de Avilés, na província das Astúrias, depois de já terem conquistado lugares de topo na XXXIX Exposição Nacional e Pré-Ibérica realizada já este mês nas Caldas da Rainha. António José Lampreia (de Serpa) foi o 1.º classificado

Atletismo – Três recordes vindos de Pombal Os atletas Henrique Água Doce (Bairro da Conceição) e Patrícia Vaz (Castrense) estiveram em evidência nos Campeonatos Nacionais de Juniores em pista coberta, realizados em Pombal. Água Doce bateu o recorde distrital

“absoluto”, os irmãos Carlos e Alexandre Mourão (de Ervidel) venceram na categoria de “yearlings” (borrachos) e o bejense José Ameixa foi segundo na classe de “velhos”, todos eles concorrendo na variante de “sport”. A Associação Columbófila do Distrito de Beja já se congratulou, em comunicado chegado à nossa redação, pelas meritórias classificações destes seus filiados.

dos 60 m. por duas vezes, (7,19 e 7,18’’), e a atleta de Castro Verde, com o registo de 8,24’’ na mesma distância, chamou a si o recorde distrital feminino. Sara Inácio (Neves) e Diogo Guerreiro (Bairro da Conceição) estiveram também em Pombal com prestações de bom nível. A equipa de 4x200

m do Bairro da Conceição (Gonçalo Almeida, Henrique Água Doce, Diogo Guerreiro e Alexandre Piçarra) bateu o recorde distrital desta estafeta com o tempo de 1.36.15’. A pista do Complexo Fernando Mamede recebe este sábado um conjunto de provas de preparação.

Coleção promete ser bem-sucedida

Os “cromos da bola”do Despertar É só comprar, colar e guardar, para que as gerações vindouras conheçam as caras e os nomes dos atletas que na época 2011/12 fizeram história no futebol do Despertar. Texto e foto Firmino Paixão

O

Desper ta r Spor t i ng Clube, de Beja, editou uma coleção de “cromos da bola” da época 2011/2012 que inclui jogadores de todos os escalões, respetivas equipas técnicas e médicas do clube. A coleção é composta por 245 cromos, distribuídos em saquetas de cinco autocolantes, à venda pelo preço unitário de 50 cêntimos, prontos a colar na respetiva caderneta, que pode ser adquirida pelo valor de 3,5 euros. Os “cromos da bola” do Despertar Sporting Clube visam

Objetivo Cromos visam angariar fundos e homenagear agentes desportivos

angariar fundos para o clube e homenagear todos os agentes desportivos que ao longo da temporada defendem aquele histórico emblema bejense, recursos que constituem um património que está entre os mais importantes que o clube detém.

Uma iniciativa que foi bem recebida por adeptos e simpatizantes do clube, e que se revela um excelente instrumento para memória futura. A caderneta teve uma tiragem de 250 exemplares e é constituída por 24 páginas, ao longo das quais são apresentados os atletas de todos

os escalões, com natural supremacia do setor da formação, em que o Despertar tem tido um papel fundamental e de grande relevo na história recente do futebol sul alentejano. Mariano Baião, dirigente que há cerca de duas décadas preside ao Despertar Sporting Clube, revelou que “a iniciativa foi acolhida com bastante entusiasmo e obrigou já a que se encomendasse nova edição de cadernetas”. O investimento foi completamente “coberto através de receitas publicitárias”, disse o dirigente, referindo que não espera uma captação de receitas acentuada, “mas o importante é que a iniciativa movimente as pessoas em torno do clube”. Uma iniciativa semelhante, mas abrangendo todo o futebol distrital, foi levada a cabo pelo então dirigente do Cabeça Gorda, o falecido José Carlos Dias, há cerca de uma década.

Uma época de sucesso em Odemira

Amora com sabor a manutenção

O

s juvenis do Odemirense tiveram que esperar pelo último minuto da derradeira jornada para saberem que se mantinham no escalão nacional. Mas valeu a pena. O recinto do Amora, um campo pelado, daqueles aonde já nem se devia fazer formação, foi o palco escolhido para os 90 minutos que podiam ter deitado fora todo o esforço de uma época. O “Diário do Alentejo” acompanhou os miúdos de Odemira nesta viagem de risco à margem sul do rio Tejo. A equipa tinha que ganhar para depender de si própria, empatando ou perdendo em Amora, dependeria dos desfechos dos jogos em que intervinham os adversários mais diretos, Barreirense e Olhanense. E o objetivo foi alcançado, não a vitória (2-1), na Medideira, mas a manutenção no escalão nacional, um feito histórico pela sua invulgaridade em equipas do distrito de Beja. “Foi um brilharete muito importante”, sublinhou Nuno Luz, técnico da formação odemirense: “Tínhamos a noção de que seria

muito complicado. Sabemos que as equipas do nosso distrito nunca são muito competitivas, até pelas dificuldades no recrutamento face às características da nossa região e à sua situação geográfica”. Uma derrota com sabor diferente, referiu Nuno Luz: “Perdemos em Amora, mas a nossa manutenção no Nacional de Juvenis é uma vitória muito grande que dedicamos a todos os odemirenses, mesmo àqueles que estão fora do distrito de Beja”. O técnico lembrou também que “é importante, não só para o Odemirense, como para o distrito de Beja, porque para o ano estarão duas equipas neste escalão e isso é algo de positivo”. Acentuando a boa época da equipa, o treinador sustentou: “Entrámos neste campeonato com algumas reservas, mas no decorrer da prova acreditámos que seria possível, face ao trabalho destes miúdos que lutam até não poderem mais, dão tudo o que têm”. Nuno Luz referiu ainda: “Além dos 22 jogadores que nos apareceram para trabalharmos, não fomos buscar ninguém.

Não fizemos escolhas, estes miúdos são da nossa formação e é muito gratificante obtermos este sucesso no meio de clubes que têm um leque de escolhas muito maior”. Em Amora, qualquer resultado serviria desde que os adversários diretos não pontuassem. “O trabalho de uma época e todo o esforço que fizemos quase que iam por água abaixo. Disse isso aos meus jogadores no balneário, pedi-lhes que dessem tudo neste jogo porque seria complicado. Não queria, nem por nada, deixar a decisão da manutenção para aqui, porque este campo é pelado, eles não estão habituados, é sempre um jogo de muita luta e eu estava com algum receio. O Amora venceu com justiça, mas os meus jogadores foram uns heróis”, adiantou o técnico. Com funções técnicas e diretivas no Odemirense, Nuno Luz está à vontade para afirmar que “isto é o culminar do bom trabalho” que têm feito na área da formação: “Há oito ou nove anos começámos com as escolas, e já temos todos os escalões”. Quanto à estrutura da equipa, o

21 Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

Columbofilia regional brilha em Espanha

treinador sabe que “só metade deste plantel se manterá no mesmo escalão”: Temos 11 juvenis de primeiro ano, 10 de segundo e temos também um iniciado. Na retaguarda temos os nossos iniciados que também têm um bom conjunto. Sabemos que para o ano será ainda mais difícil, mas vamos trabalhar, será mais uma época que exigirá de todos nós um grande esforço, muito trabalho e espírito de sacrifício”, disse. E porque o futuro é já amanhã, Nuno Luz confessa que vão “começar já a trabalhar na nova época”: “Temos também aqui alguns jogadores que vão ajudar a equipa de juniores, para ver se conseguimos fazer um bom resultado no Distrital e começaremos a planear a próxima época para ver se conseguimos construir mais um marco na história do clube”. E o futuro passará pela manutenção de Nuno Luz no comando da equipa? “Vamos ver, porque também tenho responsabilidades na direção, mas se não for eu temos pessoas que estão em condições de tomar conta deste barco”, concluiu.

Andebol Zona Azul recebe amanhã o Redondo A Zona Azul joga amanhã, sábado, no Pavilhão de Santa Maria, na cidade de Beja, pelas 17 horas, com a equipa do Núcleo de Andebol do Redondo, em jogo correspondente à 17.ª jornada do Campeonato Nacional da 3.ª Divisão Seniores Masculinos (1.ª fase zona Sul) entrando, na condição de líder isolado, no bloco das últimas seis jornadas desta etapa da prova. No último fim de semana esteve em Sines onde venceu folgadamente (23/36) beneficiando ainda da derrota do Torrense em Almada para se distanciar da formação da Torre da Marinha. Os bejenses lideram com 43 pontos, mais seis do que o Boa Hora, que é segundo, e oito que o Torrense (3.º), mas têm um jogo a mais. São a equipa mais realizadora do campeonato (452 golos) e a quinta em golos sofridos (370). Outros resultados – Campeonato do Alentejo de Minis Masculinos (3.ª jornada): Évora-Zona Azul, 28-6; SerpaPonte Sor, 15-24. Nacional de Infantis Masculinos (6.ª jornada): Évora-Ponte Sor, 2712; Serpa-Zona Azul, 27-12.

Futsal Baronia a caminho de Carcavelos O Grupo Desportivo de Baronia, equipa que no fim de semana bateu o Évora Futsal por 3-0, desloca-se amanhã, sábado, ao Pavilhão do Sassoeiros (Carcavelos) para cumprir a 12.ª jornada do Nacional da 3.ª Divisão em Futsal. A equipa do concelho de Alvito ocupa o 12.º e antepenúltimo lugar da tabela. Os Independentes de Sines, que empataram em casa com os Sonâmbulos, jogam amanhã no recinto do Desportivo Operário Rangel, na Amadora. A formação do litoral alentejano ocupa o 4.º lugar da tabela a 11 pontos do Portela, atual líder. O Sporting de Viana visita os Sonâmbulos e o Évora Futsal joga no recinto do líder.


saúde

Sexta-feira, 27 JANEIRO 2012 Nº 1553 (II Série)

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Análises Clínicas

Medicina dentária ▼ Dr.ª Heloisa Alves Proença Médica Dentista Directora Clínica da novaclinica

Laboratório de Análises Clínicas de Beja, Lda. Dr. Fernando H. Fernandes Dr. Armindo Miguel R. Gonçalves Horários das 8 às 18 horas; Acordo com beneficiários da Previdência/ARS; ADSE; SAMS; CGD; MIN. JUSTIÇA; GNR; ADM; PSP; Multicare; Advance Care; Médis FAZEM-SE DOMICÍLIOS Rua de Mértola, 86, 1º Rua Sousa Porto, 35-B Telefs. 284324157/ 284325175 Fax 284326470 7800 BEJA

Cardiologia

RUI MIGUEL CONDUTO Cardiologista - Assistente de Cardiologia do Hospital SAMS CONSULTAS 5ªs feiras CARDIOLUXOR Clínica Cardiológica Av. República, 101, 2ºA-C-D Edifício Luxor, 1050-190 Lisboa Tel. 217993338 www.cardioluxor.com Sábados R. Heróis de Dadrá, nº 5 Telef. 284/327175 – BEJA MARCAÇÕES das 17 às 19.30 horas pelo tel. 284322973 ou tm. 914874486

MARIA JOSÉ BENTO SOUSA e LUÍS MOURA DUARTE

Cardiologistas Especialistas pela Ordem dos Médicos e pelo Hospital de Santa Marta Assistentes de Cardiologia no Hospital de Beja Consultas em Beja Policlínica de S. Paulo Rua Cidade de S. Paulo, 29 Marcações: telef. 284328023 - BEJA

Exclusividade em Ortodontia (Aparelhos) Master em Dental Science (Áustria) Investigadora Cientifica - Kanagawa Dental School – Japão Investigadora no Centro de Medicina Forense (Portugal) Rua Manuel Antó António de Brito n.º n.º 6 – 1.º 1.º frente. 78007800-522 Beja tel. 284 328 100 / fax. 284 328 106

Assistente graduado de Ginecologia e Obstetrícia

ALI IBRAHIM Ginecologia Obstetrícia Assistente Hospitalar Consultas segundas, quartas, quintas e sextas Marcações pelo tel. 284323028

FRANCISCO BARROCAS

Técnica de Prótese Dentária Vários Acordos

(Diplomada pela Escola Superior de Medicina Dentária de Lisboa)

Cirurgia Vascular

HELENA MANSO

Psicologia Clínica Psicoterapeuta e Terapeuta Familiar Membro Efectivo da Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar e da Associação Portuguesa de Terapias Comportamental e Cognitiva – Lisboa

CIRURGIA VASCULAR TRATAMENTO DE VARIZES

CLÍNICA MÉDICA ISABEL REINA, LDA.

Obstetrícia, Ginecologia, Ecografia

JOÃO HROTKO

DR. JOSÉ BELARMINO Clínica Geral e Medicina Familiar (Fac. C.M. Lisboa) Implantologia Oral e Prótese sobre Implantes (Universidade de San Pablo-Céu, Madrid)

CONSULTAS EM BEJA 2ª, 4ª e 5ª feira das 14 às 20 horas

Fisioterapia

Centro de Fisioterapia S. João Batista

Marcações pelo tm. 919788155

Rua do Canal, nº 4 7800 BEJA

Dermatologia Fisioterapia

EM BERINGEL Telef 284998261 6ª e sábado das 14 às 20 horas DR. JAIME LENCASTRE Estomatologista (OM) Ortodontia

JORGE ARAÚJO Assistente graduado de ginecologia e obstetrícia ULSB/Hospital José Joaquim Fernandes Consultas e ecografia 2ªs, 4ªs, 5ªs e 6ªs feiras, a partir das 14 e 30 horas Marcações pelo tel. 284311790 Rua do Canal, nº 4 - 1º trás 7800-483 BEJA

DRA. TERESA ESTANISLAU CORREIA Marcação de consultas de dermatologia:

Medicina dentária ▼

Consultório Centro Médico de Beja Largo D. Nuno Álvares Pereira, 13 – BEJA Tel. 284312230

Luís Payne Pereira Médico Dentista

HELIODORO SANGUESSUGA

Consultas em Beja

CONSULTAS a partir das 15 horas

Clínica Dentária

Estomatologia Cirurgia Maxilo-facial ▼

DR. MAURO FREITAS VALE MÉDICO DENTISTA

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GASPAR CANO

Praça Diogo Fernandes, nº11 – 2º Tel. 284329975

às 3ªs e 4ªs feiras,

HORÁRIO: Das 11 às 12.30 horas e das 14 às 18 horas pelo tel. 218481447 (Lisboa) ou Em Beja no dia das consultas às quartas-feiras Pelo tel. 284329134, depois das 14.30 horas na Rua Manuel António de Brito, nº 4 – 1º frente 7800-544 Beja (Edifício do Instituto do Coração, Frente ao Continente) Clínica Geral

Clínica do Jardim

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Rua Tenente Valadim, 44 7800-073 BEJA

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Hospital de Beja Doenças de Rins e Vias Urinárias

Consultas :de segunda a sexta-feira, das 9 e 30 às 19 horas

Rua Capitão João Francisco Sousa 56-A 1º esqº 7800-451 BEJA

Rua de Mértola, nº 43 – 1º esq. Tel. 284 321 304 Tm. 925651190 7800-475 BEJA

Tel. 284320749

Consultas às 5ªs feiras Marcações: tel. 284 32 25 03 CLINIPAX Rua Zeca Afonso, nº 6 1º B - BEJA

Consultas às 6ªs feiras na Policlínica de S. Paulo Rua Cidade S. Paulo, 29 Marcações pelo telef. 284328023

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DOENÇAS DO SISTEMA Fisiatria – Dr. Carlos Machado Psicologia Educacional – Elsa Silvestre Psicologia Clínica – M. Carmo Gonçalves Tratamentos de Fisioterapia – Classes de Mobilidade – Classes para Incontinência Urinária – Reeducação dos Músculos do Pavimento Pélvico – Reabilitação Pós Mastectomia

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Neurologista do Hospital dos Capuchos, Lisboa

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Prótese/Ortodontia CONSULTAS 2ªs, 3ªs e 5ªs feiras Rua Zeca Afonso, nº 16 F Tel. 284325833

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Beja: CLINIPAX, Rua Zeca Afonso, nº 6 - 1º-B, 7800-522 Beja Tel./Fax 284322503 TM. 917716528 Albufeira: OFICINA DOS MIMOS – CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DA FAMÍLIA DO SUL, Quinta da Correeira, Lote 49, 8200-112 Albufeira Tel. 289541802 Tm. 969420725

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saúde

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Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

PSICOLOGIA ANA CARACÓIS SANTOS – Educação emocional; – Psicoterapia de apoio; – Problemas comportamentais; – Dificuldades de integração escolar; – Orientação vocacional; – Métodos e hábitos de estudo

Dr. Sidónio de Souza – Pneumologia/Alergologia/ Desabituação tabágica – H. Pulido Valente

GIP – Gabinete de Intervenção Psicológica Rua Almirante Cândido Reis, 13, 7800-445 BEJA Tel. 284321592

Dr. Fernando Pimentel – Reumatologia – Medicina Desportiva – Instituto Português de Reumatologia de Lisboa Dr.ª Verónica Túbal – Nutricionismo – H. de Beja Dr.ª Sandra Martins – Terapia da Fala – H. de Beja

Clínica Médico-Dentária de S. FRANCISCO, LDA.

Dr. Francisco Barrocas – Psicologia Clínica/Terapia

Gerência de Fernanda Faustino

(Lisboa) – Assistente Principal – Centro Hospitalar do Baixo

Acordos: SAMS, ADMG, PSP, A.D.M.E., Portugal Telecom e Advancecare Rua General Morais Sarmento, nº 18, r/chão; TEL. 284327260 7800-064 BEJA

Familiar – Membro Efectivo da Soc. Port. Terapia Familiar e da Assoc. Port. Terapias Comportamental e Cognitiva Alentejo. Dr.

Rogério

Guerreiro

– Medicina preventiva –

Tratamento inovador para deixar de fumar Dr. Gaspar Cano – Clínica Geral/ Medicina Familiar Dr.ª Nídia Amorim – Psicomotricidade/Educação Especial e Reabilitação (dificuldades específicas de aprendizagem/ dislexias) Dr. Sérgio Barroso – Oncologia – H. de Beja Drª Margarida Loureiro – Endocrinologia/Diabetes/ Obesidade – Instituto Português de Oncologia de Lisboa Dr. Francisco Fino Correia – Urologia – Rins e Vias Urinárias – H. Beja

_______________________________________ Manuel Matias – Isabel Lima – Miguel Oliveira e Castro – Jaime Cruz Maurício

Dr. Daniel Barrocas – Médico Interno de Psiquiatria – Hospital de Santa Maria Dr. Carlos Monteverde – Chefe de Serviço de Medicina Interna, doenças de estômago, fígado, rins, endoscopia digestiva.

Ecografia | Eco-Doppler Cor | Radiologia Digital Mamografia Digital | TAC | Uro-TC | Dental Scan Densitometria Óssea Nova valência: Colonoscopia Virtual

Dr.ª Ana Cristina Duarte – Pneumologia/Alergologia Respiratória/Apneia do Sono – Assistente Hospitalar Graduada – Consultora de Pneumologia no Hospital de Beja Dr.ª Isabel Martins – Chefe de Serviço de Psiquiatria

Acordos: ADSE; PT-ACS; CGD; Medis, Multicare; SAMS; SAMS-quadros; Allianz; WDA; Humana; Mondial Assistance. Graça Santos Janeiro: Ecografia Obstétrica

de Infância e Adolescência/Terapeuta familiar – Centro Hospitalar do Baixo Alentejo Dr.ª Paula Rodrigues – Psicologia Clínica – Hospital de Beja Dr.ª Luísa Guerreiro – Ginecologia/Obstetrícia

Marcações: Telefone: 284 313 330; Fax: 284 313 339; Web: www.crb.pt Rua Afonso de Albuquerque, 7 r/c – 7800-442 Beja e-mail: cardiologiabeja@mail.telepac.pt

Dr.ª Ana Montalvão – Hematologia Clínica /Doenças do Sangue – Assistente Hospitalar – Hospital de Beja Dr.ª Ana Cristina Charraz – Psicologia Clínica – Hospital de Beja Dr. Diogo Matos – Dermatologia. Médico interno do Hospital Garcia da Orta. Dr.ª Joana Freitas – Cavitação, Lipoaspiração não invasiva,indolor e não invasivo, acção imediata, redução

CENTRO DE IMAGIOLOGIA DO BAIXO ALENTEJO

do tecido adiposo e redução da celulite Dr.ª Ana Margarida Soares – Terapia da Fala - Habilitação/ Reabilitação da linguagem e fala. Perturbação da leitura e

ECOGRAFIA – Geral, Endocavitária, Osteoarticular, Ecodoppler TAC – Corpo, Neuroradiologia, Osteoarticular, Dentalscan Mamografia e Ecografia Mamária Ortopantomografia Electrocardiograma com relatório António Lopes – Aurora Alves – Helena Martelo – Montes Palma – Maria João Hrotko – Médicos Radiologistas – Convenções: ADSE, ACS-PT, SAD-GNR, CGD, MEDIS, SSMJ, SADPSP, SAMS, SAMS QUADROS, ADMS, MULTICARE,

escrita específica e não específica. Voz/Fluência. Dr.ª Maria João Dores – Técnica Superior de Educação Especial e Reabilitação/Psicomotricidade. Perturbações do Desenvolvimento; Educação Especial; Reabilitação; Gerontomotricidade. Enfermeira

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Espanhol – Enfermeira

especialista em saúde materna/Cuidados de enfermagem na clínica e ao domicílio/Preparação pré e pós parto/ amamentação e cuidados ao recém-nascido/Imagem corporal da mãe – H. de Beja

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Rua Zeca Afonso, nº 6, 1º B, 7800-522 Beja

Tms. 924378886 ou 915529387

Fax 284 322 503

Tm. 91 7716528

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Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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RECTIFICAÇÕES DE CABEÇAS E DE BLOCOS

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TESTAGENS

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SERVIÇO DE TORNO

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SOLDADURAS EM ALUMÍNIO

Diário do Alentejo nº 1553 de 27/01/2012 Única Publicação

Diário do Alentejo nº 1553 de 27/01/2012 1.ª Publicação

TRIBUNAL JUDICIAL DE CUBA Secção Única

ANÚNCIO

Encamisar blocos orçamentos com ou sem material PREÇOS SEM CONCORRÊNCIA

CASADINHO Sítio Horta de St. António Caixa postal 2601 BEJA Tm. 967318516

Diário do Alentejo nº 1553 de 27/01/2012 Única Publicação

TRIBUNAL JUDICIAL DE BEJA 1.º Juízo

ANÚNCIO

Processo: 1468/11.5TBBJA Interdição / Inabilitação Requerente: Ministério Público Requerido: Francisco António Brás Banza N/Referência: 2170717 Data: 13-01-2012 Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição/ Inabilitação em que é requerido Francisco António Brás Banza, com residência na Rua da Padaria, 31, Bairro do Pelame em Beja, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica. Passei o presente e outro de igual teor para serem afixados. A Juiz de Direito, Drª Ana Marta Crespo O Oficial de Justiça, Rosa Maria Ribeiro Feixeira

Diário do Alentejo nº 1553 de 27/01/2012 Única Publicação

EMPRESA DE DESENVOLVIMENTO E INFRA-ESTRUTURAS DO ALQUEVA, S.A.

EDITAL Exposição dos elementos para apreciação do projecto de emparcelamento rural integrado dos coutos de Moura A Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, S.A. (EDIA), entidade responsável pela elaboração do Projecto de Emparcelamento Rural Integrado dos Coutos de Moura, para os devidos efeitos faz saber que: 1. Terminada a elaboração Projecto de Emparcelamento Rural Integrado dos Coutos de Moura, e nos termos do Art.º 38.º e para os fins do Art.º 37.º do D.L. n.º 103/90 de 22 de Março, vão ser submetidos à reclamação dos interessados todos os elementos indicados no Art.º 13º do referido Decreto-Lei. 2. Tais elementos estarão expostos todos os dias úteis na Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos, durante todos os dias úteis de 30 de Janeiro a 14 de Março de 2012 , das 9:00 às 12:30 horas e das 14:00 às 18:00 horas. 3. Nos termos do disposto no Artigo 37º do citado DecretoLei, os proprietários dos prédios, bem como os titulares dos direitos, ónus e encargos que sobre eles impendem, poderão apresentar por escrito as reclamações que entenderem sobre os elementos à exposição. 4. As reclamações deverão ser dirigidas à Comissão de Apreciação do Projecto de Emparcelamento Rural Integrado dos Coutos de Moura, com sede na EDIA, Rua Zeca Afonso, 2, 7800-522 Beja, no prazo de 30 dias a contar da data da recepção da notificação ou da data da publicação do último Edital. 5. Este prazo será de 45 dias para os que residirem nas Regiões Autónomas, no estrangeiro e para aqueles cuja residência não for conhecida ou que não tenham recebido notificação, contando-se para estes a data da publicação do último Edital. 6. Das deliberações da Comissão de Apreciação cabe recurso para o Sr. Director Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Avª. Afonso Costa nº3, 1949-002 LISBOA, a interpor no prazo de 15 dias a contar da notificação da deliberação sobre a respectiva reclamação. Beja, 13 de Janeiro de 2012 O Presidente do Conselho de Administração

COMOIPREL – COOPERATIVA MOURENSE DE INTERESSE PÚBLICO DE RESPONSABILIDADE LIMITADA

CONVOCATÓRIA Assembleia Geral Extraordinária

Processo: 211/10.0TBCUB Divisão de Coisa Comum Requerente: Maria Fátima Pavanito Lemos Campaniço Requerido: Deolinda Rosa Noronha Campaniço e outro(s)... Correm éditos de 20 dias para citação dos credores desconhecidos que gozem de garantia real sobre os bens abaixo indicados, para reclamarem o pagamento dos respetivos créditos pelo produto de tais bens, no prazo de 15 dias, findo o dos éditos, que se começará a contar da data da segunda e última publicação do anúncio, em que são: Requerente: Maria Fátima Pavanito Lemos Campaniço, domicílio: Rua Ramiro Correia, N° 22-RIC, Vila de Frades, 7960-458 VILA DE FRADES. Requerido: Deolinda Rosa Noronha Campaniço, estado civil: Desconhecido, domicílio: Rua Prof. Cristo Fragoso, Lote 14, Vila de Frades, 7960-000 VILA DE FRADES Requerido: Joaquim José Vermelhudo, estado civil: Desconhecido, domicílio: Rua Prof. Cristo Fragoso, Lote 14, Vila de Frades, 7960-000 VILA DE FRADES Requerido: Paula Maria Noronha Campaniço, estado civil: Desconhecido, domicílio: Estada de Portel, 56, Vidigueira, 7960-214 VIDIGUEIRA Requerido: Joaquim António Carrujo Carapeto, estado civil: Desconhecido, domicílio: Estada de Portel, 56, Vidigueira, 7960-214 VIDIGUEIRA Bem: Um terreno situado a S. Brás, freguesia e concelho de Vidigueira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Vidigueira sob o n° 8843, inscrito na matriz predial rústica sob o art° 437 da Secção D, com a área de 0, 1250 ha, confrontando a Norte e Sul com Manuel Joaquim Carapeto, a Nascente com Fernando António Covas e a Poente com José Domingos Pires. Cuba, 19-01-2012 N/Referência: 540056 A Juiz de Direito, Drª Celine Alves A Oficial de Justiça, Ana Maria N. Sota C. Ildefonso

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SALVADA

†. Faleceu o Exmo. Sr.

†. Faleceu o Exmo. Sr.

†. Faleceu o Exmo. Sr.

ISABEL DA SILVA MARTA, de 80 anos, natural de Valbom - Pinhel, viúva. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 20, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério desta cidade.

FRANCISCO JANEIRO, de 82 anos, natural de Quintos Beja, casado com a Exma. Sra. D. Maria José Lopes. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 21, da Casa Mortuária de Salvada, para o cemitério local.

SEBASTIÃO ABRAÇOS LAVRADOR, de 79 anos, natural de São João Baptista Beja, casado com a Exma. Sra. D. Mariana Rosa Bogalho Lavrador. O funeral a cargo desta Agência realizouse no passado dia 22, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério desta cidade.

MANUEL MAGALHÃES FELISBERTO, de 85 anos, natural de Albernôa - Beja, casado com a Exma. Sra. D. Alaíde Maria Martinho. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 23, da Casa Mortuária de Albernôa, para o cemitério local.

ALFUNDÃO / SENHORA DA GRAÇA DE PADRÕES

BEJA

†. Faleceu a Exma. Sra. D.

MANUEL JACINTO TEIXEIRA, de 62 anos, natural de Rosário Almodôvar, casado com a Exma. Sra. D. Maria da Conceição Sousa. O funeral a cargo desta Agência realizouse no passado dia 24, da Capela de Senhora da Graça de Padrões, Almodôvar, para o cemitério local.

CAROLINA SILVA PELICA, de 85 anos, natural de Beja, solteira. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 25, da Igreja Paroquial do Carmo, para o cemitério de Beja.

AGRADECIMENTO

MISSA DO 30º DIA

ALBERNÔA

†. Faleceu a Exma. Sra. D.

†. Faleceu o Exmo. Sr.

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Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

Às famílias enlutadas apresentamos as nossas mais sinceras condolências.

Faleceu Engrácia Maria Gonçalves, coisa que ela nunca temeu, e concretizando o seu desejo manifestado em vida, aqui fica, em seu nome, o agradecimento à Unidade de Hemodiálise do Hospital de Beja; equipa médica, em particular Dra. Beatriz, Dr.Vitor e Dr. Amoedo, à equipa de enfermagem, ao pessoal auxiliar e aos Bombeiros Voluntários.

Natália Augusta Teresa Madeira de Mira Filho, nora e netos, participam a todas as pessoas de suas relações e amizade que será celebrada missa pelo eterno descanso da sua ente querida no dia 02/02/2012, quinta-feira, às 15.00 horas na Igreja do Carmo em Beja, agradecendo desde já a todos os que se dignarem comparecer.

Beja – Messejana MISSA DO 30º DIA

MISSA

Jorge da Silva Revez

A família de JOAQUIM ANTÓNIO GARRIDO TARECO comunica que será celebrada missa pelo seu eterno descanso no dia 30 de Janeiro de 2012, no 2º ano do seu falecimento, às 18.30 horas na Igreja do Carmo em Beja, e agradece antecipadamente a todas as pessoas que nela participem.

A família participa a todas as pessoas de suas relações e amizade, que será celebrada missa pelo eterno descanso do seu ente querido no dia 28/01/2012, sábado, às 18.30 horas na Igreja da Sé em Beja, agradecendo desde já a todos os que se dignarem comparecer.

Selmes MISSA DO 30º DIA

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MISSA

MISSA

Vidigueira PARTICIPAÇÃO

José Oliveira A família participa a todas as pessoas de suas relações e amizade que será celebrada missa pelo eterno descanso do seu ente querido no dia 29/01/2012, domingo, às 15.00 horas na Igreja de Selmes, agradecendo desde já a todos os que se dignarem comparecer.

António Nerval Entradas Parreira 28-01-2012 27 Anos de Eterna Saudade

O tempo passa e embora tenha o conhecimento da realidade, o mesmo não consegue que esqueça o bom filho e amigo que sempre foste, foi uma luz que se apagou nesta casa, mas continuarás sempre vivo na minha memória e no meu coração.Agora estou sozinha, o teu pai já partiu ao teu encontro e eu continuo vivendo atormentada pela saudade e pela dor.

Mariana Isabel Malveiro Mamede

António Manuel Fialho Veríssimo

2º Ano de Eterna Saudade

1º Ano de Eterna Saudade

A família participa a todas as pessoas de suas relações e amizade que será celebrada missa pelo eterno descanso da sua ente querida no dia 30/01/2012, segunda-feira, às 18.30 horas na Igreja do Carmo em Beja, agradecendo desde já a todos os que nela participem.

A família participa a todas as pessoas de suas relações e amizade que será celebrada missa pelo eterno descanso do seu ente querido no dia 28/01/2012, sábado, às 18.30 horas na Igreja do Carmo em Beja, agradecendo desde já a todos os que se dignarem comparecer.

CAMPAS E JAZIGOS DECOR AÇÃO CONSTRUÇÃO CIVIL “DESDE 1800” Rua de Lisboa, 35 / 37 – Beja | Estrada do Bairro da Esperança Lote 2 Beja (novo) Telef. 284 323 996 – Tm.914525342

marmoresmata@hotmail.com

DESLOCAÇÕES POR TODO O PAÍS

José Maria Raposo Fialho

Serpa PARTICIPAÇÃO

Serpa PARTICIPAÇÃO

Maria Joana Pepe Ferreira Almada

José Maria da Palma Cataluna

Nasceu 20.04.1932 Faleceu 24.01.2012

Faleceu o Exmo. Sr. José Maria Raposo Fialho, natural de Vidigueira, casado com a Exma. Sra. Mariana Balbina Marreiros Ceguinho Fialho. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 25, da casa mortuária de Vidigueira para o cemitério local. À família enlutada apresentamos as nossas condolências. AGÊNCIA FUNERÁRIA ESPÍRITO SANTO, LDA.

Rua Das Graciosas, 7 7960-444 Vila de Frades/Vidigueira Tm.963044570 – Tel. 284441108

ARRENDA-SE Apartamento com 3 quartos, 2 casas de banho, sala, cozinha, arrecadação, marquise e varanda, todo mobilado. Contactar pelo tel. 962484130

Faleceu a 18.01.2012 É com pesar que participamos o falecimento da Sra. D. Maria Joana Pepe Ferreira Almada, de 71 anos, viúva, natural de Pias. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no dia 20.01.2012 pelas 11.00 horas, da Casa Mortuária de Serpa para o cemitério local. Apresentamos à família as cordiais condolências.

Faleceu a 22.01.2012 É com pesar que participamos o falecimento do Sr. José Maria da Palma Cataluna, de 85 anos, viúvo, natural de Serpa. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no dia 23.01/2012 pelas 11.00 horas, da Casa Mortuária de Serpa para o cemitério local. Apresentamos à família as cordiais condolências..

AGÊNCIA FUNERÁRIA SERPENSE, LDA Gerência: António Coelho | Tm. 963 085 442 – Tel. 284 549 315 | Rua das Cruzes, 14-A – 7830-344 SERPA


Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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Além pode ser longe ou perto Além pretende ser um “intervalo” na leitura deste jornal. Pode, pois, ser vista com calma. É nossa intenção mostrar aqui alguns trabalhos de pessoas ligadas a este Sul. Gostávamos pois que, uma vez por mês, esta página fosse vista como quem recebe uma carta desenhada. Para além disto que seja simples como respirar. Além... pode estar alguém.

pensamentos sobre carris para mim, o mais forte argumento (e que nunca veio no preço do bilhete) Não se pode substituir a Beleza de atravessar o Alentejo á janela dum comboio

Excertos dum Poema para Beja

a explicação dos Adultos Deixámos de nos tocar e as palavras agora ocupam o silêncio Aquele silêncio onde diziamos tudo sem dizer nada já só me lembro bem, que o mundo todo cabia naquela quiétude, das mãos, dadas

De ti ficou um vento frio a passar pelas travessas do Inverno e a frescura da sombra que se separa com exactidão da luz nas ruas de Agosto … Ficou o suave perfume das Tilias na Praça num domingo sem ninguém … uma carta de Amor que nunca chegou lá … o inabalável mistério das pedras e o preto de viúvas lentas entre muros de cal De ti ficou uma taça de vinho por terminar um cheiro de coentros acabados de lavar ... a Palmeira que deixei na janela e a certeza que ao longe os montes são azuis ... Voltarei para recolher o barulho da chuva nos limoeiros para molhar os lábios na água fresca dum poço de Julho para a explosão nuclear dum Abraço … Enchamos o copo mais uma vez enquanto o Guadiana corre manso pela luz dos teus olhos … fica impressa... a miragem a torre dum castelo, ou será farol? erguendo-se lúcida sobre a Loucura amarela dos trigos

Além n.º 1 Texto Henrique Matos. Imagens Heitor Figueiredo, José Pedro Silva, Rui A. Pereira e Susa Monteiro


“Ema e Gui, num mundo para além das nuvens”, é um programa de animação dedicado às crianças do pré-escolar. Com realização de Nuno Beato e argumento de Marisa Pott, vais encontrar nestas personagens muitas coisas em comum contigo. Divertida, aventureira e fiel às suas ideias, Ema acredita na magia! E vocês, acreditam? Podes ainda explorar o site (http://www.ema-gui.com), onde vais encontrar muita diversão.

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A páginas tantas ... Para onde vamos quando desaparecemos?, escrito por Isabel Minhós Martins e ilustrado por Madalena Matoso, aborda de forma subtil o tema da ausência, do desaparecimento e da morte, sem dar certezas. Numa forma quase de brincadeira, perguntas como “Para onde vai toda a gente quando a noite cai?” obrigam o leitor a imaginar situações mais ou menos prováveis, mas sobretudo a questionar aquilo que normalmente não questionamos, como o que acontece ao sol, às nuvens, às folhas e até às férias, que de uma forma ou de outra começam e acabam, aparecem e desaparecem.

Pinta ou recria a tua Em Ema com os materiais usados na criação desta personagem. personage

DR | SARDINHA EM LATA, STOR FISK, TELEVISIÓ DE CATALUNYA, BIG PICTURE

Dica da semana

Se tens entre cinco e 10 anos a Sardinha em Lata organiza um workshop de animação, no dia 11 de fevereiro, das 15 às 17 horas, onde vais poder aprender não só como se fazem os desenhos animados, como vais ter a oportunidade de fazer o teu próprio filme. A ação decorre em Lisboa, no Lumiar, nas instalações da Sardinha em Lata. www.sardinhaemlata.com

Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

Workshop de cinema de animação para crianças


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O Pepso é um cachorro com quatro meses, muito simpático e com uma pelagem muito original. Estava abandonado e agora procura uma família definitiva onde possa crescer feliz e saudável. O Pepso ficará de porte médio. Será vacinado e desparasitado antes da adoção. Venham conhecê-lo ao Cantinho dos Animais de Beja e não vão resistir a este amigo muito especial…Contactos: 962432844; sofiagoncalves.769@hotmail.com

Boa vida Comer Cozido de grão com perdiz e hortelã Petiscos De pequenino…

É

que se torce o pepino. E é também de pequenino que se aprende a gostar de alguns sabores únicos e distintos. Tanto em – chamemos-lhe assim – matérias-primas, quanto em combinações, receitas. É fatal: há coisas que quando não se lhe faz o gosto em miúdo, nunca mais se comem com gosto. É por isso que a chamada fast food é tão prejudicial. Pode estar a dar cabo das preferências alimentares duma geração inteira de consumidores, sabendo-se que, se por um lado os hábitos alimentares são dos mais arreigados, por outro são também dos mais difíceis de readquirir depois de perdidos. E estes sabores distintos e primordiais, porque são raros, são também, frequentemente, caros, o que não facilita a sua aproximação ao consumo por parte de quem os tenha ignorado na altura própria. Isto é, quando se está a aprender a gostar. Para mim, o caso mais espantoso é o do chá. Em Portugal, praticamente, não se bebe chá. Um país civilizado, que trouxe o chá para a Europa, que o ensinou a beber em locais de maior consumo, como seja Inglaterra, que tem como principal referência, nesta matéria, ser o único sítio na Europa onde este se produz – ilha de São Miguel, Açores, Portugal –, que teve durante séculos, quase em exclusivo, o seu o comércio mundial, não o bebe. Porque perdeu o seu hábito numa geração, para o substituir por café. Tem a ver com uma interessante viagem que a família real portuguesa fez ao Brasil, durante alguns aninhos, fazendo com que o Brasil seja o único país das Américas onde reinou uma família real europeia. História curiosa, um dia falaremos nisso. Mas há outros gostos singulares e irrepetíveis. Foie gras d’oie, champagne e queijo Roquefort em França. Peixes fumados, sobretudo salmão e espadarte. Ostras do Sado e amêijoas cristãs, galinhola e as suas tripas, santola e os seus corais, salmonete e o seu fígado, entre nós. Vinhos do Porto, da Madeira e Verdelho da Ilha do Pico. Túberas, alcachofras, alguns tipos de cogumelos e espargos. É destes espargos que vamos falar. Os espargos são acessíveis para se comerem excecionalmente. Não me refiro aos espargos bravos que se comem na primavera, normalmente com ovos, mas sim aos de produção agrícola normalizada, em espargeira, e que pouco consumo tem. Compre brancos ou verdes mas não os cozinhe ou coma juntos. Tem gostos ligeiramente diferentes e formas de cozinhar desiguais. Por agora refiro-me aos verdes. Compre e coza-os em água abundante, em lume alto até à fervura. Depois, baixe o lume e deixe ficar a fervilhar até estarem prontos e portanto tenros. Se levar a cozedura até tarde demais as cabeças vão se desfazer, se os retirar um pouco antes, os pés vão ficar mais rijos e o espargo só se come até meio. O ideal é o meio-termo. Cumprindo as regras de boa educação, comem-se à mão, mesmo no hotel mais caro do mundo, mesmo que ofereçam umas tenazes próprias para o ato. São servidos escorridos e tapados com um guardanapo branco humedecido em água a ferver. Acompanham-se com maionese ou outro molho. Eu ponho alcaparras na maionese que faço com este fim. Dê a provar aos seus filhos e netos. Explique-lhes que o gosto também se aprende. Há vida… para além da pizza e do hambúrguer. António Almodôvar

Ingredientes para quatro pessoas: 4 perdizes; 400 gr. de grão ( já cozido); 100 gr. de presunto aos cubos; 4 dentes de alho; 1 folha de louro; 2 cebolas médias; 1 cenoura ; 2 nabos; 1 dl de azeite; 2 dl de vinho branco; q.b. de água; q.b. de sal; q.b. de pimenta branca moída; 1 molho de hortelã; q.b. de pão do dia anterior. Preparação: Num tacho coloque azeite, cebola picada, alho picado, louro e presunto. Deixe refogar um pouco e junte as perdizes cortadas aos quartos, um pouco de sal e pimenta. Adicione o vinho branco e, de seguida, água até cobrir as perdizes. Deixe ferver lentamente. A meio da cozedura junte as cenouras aos cubos. Quando estiver a carne quase cozida junte o nabo aos cubos e o grão. Retifique os temperos e no final junte a hortelã. Sirva sobre fatias de pão e bom apetite…

António Nobre Chefe executivo de cozinha – Hotéis M’AR De AR, Évora

O mundo do vinho em 10 artigos Flechas de amor e vinho

O

s romanos celebravam a fertilidade em fevereiro. Apesar de São Valentim ser um dos primeiros cristãos mártires, a relação do dia em sua honra com o amor só surge cantada por trovadores e poetas ingleses na época medieval. Mais tarde a imaginação e o marketing juntaram laços e flechas de Cupido à celebração do dia 14 de fevereiro. Desde os primeiros tempos, o vinho é testemunha de todas as nuances amorosas do espírito e da carne. Provavelmente o leitor declarou o seu amor na presença de um vinho; se calhar ainda se lembra da marca ou da região. A relação umbilical do vinho e do Homem foi perpetuada pelo grego Eubulo: “Três taças preparo para os comedidos: uma para a saúde, a segunda para o amor e o prazer, a terceira para o sono. Depois de tomar a última taça os convidados prudentes vão para casa. A quarta taça não é nossa, pertence à violência; a quinta ao tumulto; a sexta, à folia; a sétima, aos olhos roxos; a oitava, ao policial; a nona, à bilis; a décima, à loucura”. São muitas as propostas românticas especiais que o enoturismo alentejano preparou para si: mais a sul, com os pés no lago de Alqueva, a herdade do Sobroso convida-o para uma noite mágica com pétalas, azeite e vinho. Ainda no nosso mar interior, em Albernoa, Beja, deixe-se levar pela tentação da herdade da Malhadinha Nova. Todas as propostas, facilmente contactáveis (e rapidamente esgotáveis), incluem um serviço de vinhos de altíssima qualidade e a tão adequada pernoita. Se preferir aninhar-se em casa abra uma garrafa de um dos vinhos provados com prazer e aprovados com distinção, bem ao jeito deste dia especial. Aníbal Coutinho

Vinho de Calendário

Vinho Diário

Um dos vinhos que mais me impressionou na recente prova cega que deu origem ao meu “Guia Popular de V inhos”, edição 2 012 , já nas livrarias e nos supermercados, foi o rosé regional alentejano V inha da Defesa, 2 010 .

Um dos vinhos que mais me impressionou na recente prova cega que deu origem ao meu “Guia Popular de V inhos”, edição 2 012 , já nas livrarias e nos supermercados, foi o tinto regional alentejano Herdade de São Miguel, Colhei ta Selecionada, 2 010 .


29 Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

Filatelia Plano exposicional já foi divulgado

A

Federação Portuguesa de Filatelia – APD (FPF), na sua primeira reunião de direção de 2012, aprovou o plano exposicional para este ano. No total haverá 29 certames cuja distribuição geográfica é a que se segue: Zona 1 (Norte) 13 eventos; zona 2 (Centro) um; zona 3 (Grande Lisboa) um; zona 4 (Alentejo e Algarve) 10; zona 6 (Açores) quatro. Deste conjunto de quase três dezenas de exposições, quatro serão de carácter competitivo e todas elas serão realizadas no Norte do País. Uma terá a categoria de exposição nacional; as outras três serão Filapex. A exposição nacional será realizada pela FPF em Ílhavo, em data ainda a estudar e terá a duração de cinco dias. As Filapex, que como se sabe são exposições de competição entre dois clubes, serão realizadas pela Associação de Colecionismo do Vale do Neiva, do Núcelo Filatélico de Braga e do Clube de Colecionadores de Gaia. Três dos certames acontecerão já em fevereiro: de 11 a 18, a “Mostra Filatélica comemorativa do 110.º Aniversário de Manuel Cabanas”, da responsabilidade da Secção Filatélica dos Bombeiros Voluntários de Vila Real de St.º António; de 16 a 18 a celebração do “40.º Aniversário da Associação Humanitária dos Dadores de Sangue de Beja”; e, em data ainda a definir, a “2.ª Exposição Filatélica – Dia de Almeida Garrett”, que será realizada pelo Núcleo Juvenil de Filatelia da Escola Secundária Almeida Garrett de Vila Nova de Gaia. As ilustrações da filatelia de hoje são os projetos para o selo e o carimbo comemorativo do 40.º aniversário da Associação Humanitária dos Dadores de Sangue de Beja. Entrarão em circulação no dia do aniversário da associação, dia 18 de fevereiro. Geada de Sousa PUB

Paulo Miguel Martins Imprensa Nacional Casa da Moeda PVP: 20 euros; 318 págs.

Letras A voz da terra

A

voz da terra – romance histórico sobre o Marquês de Pombal e o terramoto de 1755 é uma das novidades editoriais – embora se trate de uma reedição – do início de ano. Conta a história do regresso a Lisboa de Júlio Telles Fernandes, um “brasileiro” que antecede um século os retratados por Camilo na sua obra e que é também bastante diferente. Julinho, a quem os índios mataram mulher e filho, não quer refazer família, apesar de ser pretendido pela menina Smith e da Viúva Passarinho. Também não vem deslumbrar ninguém com o exotismo que as suas riquezas bem podem pagar. Vem interceder junto ao Marquês de Pombal pela independência de Pernambuco o que lhe

rende a desconfiança do todo poderoso ministro. À judia Violante Dias, prima da falecida mulher, traz um anel que tem passado de geração em geração... Porém, Violante é uma das desaparecidas no terramoto que, em 1755, sacode Lisboa e emociona o mundo pela escala da destruição que provoca. O autor Miguel Real tem vários romances publicados, e com esta obra, editada em 2005, ganhou o Prémio Fernando Namora da Sociedade Estoril-Sol. A voz da terra, obra de um dos géneros que maior popularidade tem em Portugal, beneficia da especialização de Real em Cultura Portuguesa e retrata de modo vivo, através das qualidades da escrita do autor e da sua erudição, como fez Lisboa a sua transicção para a Modernidade, após a tragédia que abalou a capital do império que então inicia, ele próprio, a sua desagregação. Maria do Carmo Piçarra


Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

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Meditação e alegria suprassensorial lançado em Beja

Lurdes Pinheiro apresenta hoje, sexta-feira, na Biblioteca Municipal de Beja, o seu último livro, que tem por título Meditação e alegria suprassensorial. A obra é lançada pelas 19 e 30 horas e é pretexto para a conferência “Desenvolva o poder interior”, uma iniciativa do núcleo de Beja da Brahma Kumaris, organização não governamental sem fins lucrativos, que tem por missão ensinar o antigo conhecimento e meditação da tradição do Raja Yoga.

Fim de semana

“O Jantar das Feras” reposto nos Infantes Depois da estreia, em junho último no Pax Julia Teatro Municipal, a companhia Lendias d’Encantar volta ao palco com a produção “O Jantar das Feras”, desta feita no espaço Os Infantes, entre hoje e amanhã, sábado, pelas 22 horas. A encenação desta comédia, baseada na peça “A Fera Amansada”, de William Shakespeare, é do cubano Julio César Ramirez, contando com as interpretações de Ana Ademar, António Revez, Marisela Terra e Rafael Costa.

Exposição na Casa da Cultura

Sérgio ilustrado

Bicho do Mato no Cais da Planície Os Bicho do Mato, um novo grupo de música portuguesa “com raízes tradicionais”, vão estar amanhã, sábado, no Cais da Planície (Parque da Cidade), em Beja, num concerto de apresentação do single homónimo, a partir das 23 horas. O grupo nasceu em abril último, quando os seus quatro músicos – Tó Zé Bexiga (Uxu Kalhus, NMB), Zé Peps (Pucarinho, Aqui há baile), Daniel Catarino (Uaninauei, O Rijo) e Daniel Meliço (Bandex, Pucarinho) – se juntaram a convite do projeto A Música Portuguesa a Gostar dela Própria. Uma experiência que fez nascer uma nova formação, com a “intenção de cantar e tocar em português”, recorrendo a instrumentos tradicionais como a viola campaniça, o bandolim o cavaquinho ou o mais exótico banjitar.

S

érgio Godinho celebrou recentemente 40 anos de canções e esteve esta semana na Casa da Cultura de Beja para apresentar o livro comemorativo dessa data, em que colaboram alguns dos mais interessantes ilustradores nacionais, e uma exposição homónima que vai manter-se patente naquele espaço até 29 de fevereiro. Sérgio Godinho e as 40 Ilustrações resulta de parceria entre o próprio cantautor, que selecionou os temas, e João Paulo Cotrim, da Abysmo, uma jovem editora independente, a quem coube escolher as quatro dezenas de ilustradores e artistas convidados a dar corpo em desenho às letras do compositor. Entre os “Os Sobreviventes” (1971)” e “Mútuo Consentimento” (2011), sobressaem temas tão emblemáticos como “Lisboa que amanhece”, “Etelvina”, “Balada da Rita”, “Arranja-me um emprego”, “Com um brilhozinho nos olhos”, “O elixir da eterna juventude”, “Em dias consecutivos” e também “Sopro do coração”, que Sérgio Godinho escreveu para os Clã. Histórias de vida, suspiros de amor e desamor, hinos de luta e resistência, baladas de celebração da amizade plasmadas no traço de José Brandão, João Lucas ou Jorge Colombo, que já tinham colaborado com o músico. Ou ainda de João Fazenda, João Maio Pinto, André Carrilho e da bejense Susa Monteiro, que pela primeira vez abordam a sua obra. “Ilustrada a música destas 40 maneiras, percebo agora melhor o que dizem as palavras e os sons”, reconhece Sérgio Godinho no texto introdutório do livro que apresentou em Beja na terça-feira, 24, numa sessão de conversa com João Paulo Cotrim e encontro com os fãs para autógrafos e outras partilhas. Os desenhos ficam, para deleite dos bejenses, até ao final de fevereiro.

Tertúlia sobre desenvolvimento local em Entradas O Museu da Ruralidade, em Entradas, vai ser amanhã, sábado, pelas 15 horas, palco da apresentação do livro O rural plural – Olhar o presente, imaginar o futuro, com coordenação geral de Elisabete Figueiredo, do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro. O livro, o primeiro da coleção Territórios de Mudança, da editora 100 Luz, é também pretexto para uma conversa sobre desenvolvimento local. Participam Fernando de Oliveira Batista (Instituto Superior de Agronomia de Lisboa – ISA), Teresa Pinto Correia (Universidade de Évora), Isabel Rodrigo (ISA) e David Marques (Esdime), numa mesa moderada por Elisabete Figueiredo e presidida por Francisco Duarte, presidente da Câmara Municipal de Castro Verde.

“Rostos Marcados” em aguarela patente em Serpa A artista plástica Margarida de Araújo inaugura amanhã, sábado, no seu ateliê em Serpa (rua dos Fidalgos, n.º5), a exposição “Rostos Marcados”, que ficará patente até 17 de fevereiro. Neste projeto, a autora materializa em aguarelas as marcas que cada um carrega no rosto, “traduzíveis em histórias, em paisagens reais ou imaginárias”. “O que marca os rostos que vemos, que imaginamos e que sentimos perto de nós? O tempo, o paisagem, os sentimentos, a vida, a fortuna? Ou a alma que se apodera dos rostos, como que protagonista de histórias sobre o tempo, a paisagem, os sentimentos, a sorte…?”, questiona-se.


As obras nas Portas de Mértola estão a deixar os comerciantes com a corda na garganta. Até as lojas dos chineses, que noutros tempos tinham lucros ao nível da EDP, agora já só fazem dinheiro para alimentar a população de Santana de Cambas durante seis anos. Falámos com um preocupado membro da comunidade chinesa: “Temos expeliência em constluções bué glandes. Na China fizemos uma mulalha que faz lemblal o Castelo de Moula, mas em maiolzito. Aplesentamos olçamento – 1/16 avos do valol atual – e tlabalhamos 36 holas pol dia… Nada de molengal. O meu filho quando chegal do infantálio também dá uma ajuda, plonto...”, disse.

31 Diário do Alentejo 27 janeiro 2012

ma chinesa afir e d a id n u m o c r as erminar ob t e d z a p a c que É de mÉrtola nas portas s em trÊs dia

facebook.com/naoconfirmonemdesminto

Nova proposta de orçamento da Câmara de Beja é melhor porque foi entregue em papel cor-de-rosa perfumado A Humanidade pode

d or m i r

desca nsada: a Câmara de Beja está perto de ter um

orç a mento

para 2012. Depois

Querendo aumentar vendas, “Notícias de Beja” recruta Felícia Cabrita para entrevistar figuras polémicas da Bíblia O jornal “Notícias de Beja”, propriedade da diocese local, está a atravessar dificuldades. Os custos de manutenção de uma publicação deste tipo são elevados e as esmolas já não são o que eram, mas o jornal luta pela sobrevivência. Nesse sentido, apurámos que o “Notícias de Beja” vai apostar numa linha editorial mais abrangente – para o efeito decidiram contratar a jornalista Felícia Cabrita, especialista em descobrir assassinos e escândalos. Podemos adiantar que a jornalista já fez uma entrevista exclusiva a Pôncio Pilatos, em que este afirma que “aquela história de lavar as mãos” foi uma exigência da ASAE e que, afinal, ele é que era o “estripador de Lisboa”. Para além disso, o jornal também vai distribuir brindes como as réplicas das 30 moedas de prata recebidas por Judas ou a coleção de 85 DVD dedicados ao tema “A Arte do Macramé com as Irmãs Carmelitas”.

do chumbo e das posições extremadas entre Câmara e Assembleia Mu nicipal, apurámos que o acordo estará para breve, fruto do documento idealizado pelo presidente Pulido

Desportivo de Beja forra paredes do balneário com dívidas para que os adversários tenham pena da equipa

Valente que reproduzimos em seguida.

Inquérito Como viu o ataque informático ao site do “Diário do Alentejo”? CAVACO SILVA, 72 ANOS Presidente da República, pessoa que pede dinheiro emprestado ao motorista para comprar pão pois a reforma não dá para mais Como grande apreciador de informática, acompanhei com todo o interesse e preocupação. Desde o caso das escutas que me apercebi da existência dos “ácaros” informáticos. Tomei logo providências. O meu PC tem uma rede mosquiteira a protegê-lo que tem dado um resultadão: nem vírus, nem “ácaros”, nem mails de penis enlargement.

Apesar da falta de dinheiro e das crises de proporções bíblicas que afetam o clube da rua do Sembrano bi-semanalmente, o Clube Desportivo de Beja continua a imitar as técnicas dos grandes do futebol para intimidar os adversários: depois de o Sporting colocar fotos de elementos das claques em poses agressivas no seu balneário, o Desportivo fez o mesmo ao forrar as paredes só com dívidas do clube, para que os adversários tenham pena da equipa, como nos revelou um traficante de caneleiras ao serviço do clube: “Foi o que conseguimos arranjar para preservar os jogadores. Agora que só recebem em sandes de mortadela e sumos de ananás, achámos que perder por 1 a 0 já é uma vitória. Estamos a pensar abrir os balneários ao público e tornar aquilo numa exposição. São pedaços de história: a fatura mais antiga é referente a um trabalho em que caiaram de branco o Estádio Flávio Santos em 1952”.

LUCÍLIA HÁ QUER, 92 ANOS Compradora do “Diário do Alentejo” desde a primeira edição e leitora da necrologia no iPad

NUNA ROUTER, 31 ANOS Finalista de informática e apreciadora de tofu à brás

Fiquei toda aborrecida, pois o site do “DA” é o que mais visito. Desde que tirei o curso de informática no âmbito do plano tecnológico que me tornei uma especialista. Aqui no lar meti os computadores em rede com os penicos e as algálias. Se o jornal quiser, descubro os bandalhos que fizeram isto. Só preciso do meu “Magalhães” e de arranjar a minha ligação à net por sinais de fumo. Nem eles sabem o que os espera. Não é por acaso que o meu nickname no messenger é CrazyOldBitch.

Eu sou uma dos Anonymous e estou contra este ataque. Ainda se fosse contra uma publicação neoliberal como a revista “Activa” com os seus conselhos de beleza e as dicas de moda reacionárias, pá... Só a fomentar o consumismo nas mulheres, pá. Mulher quer-se com chicha e um bocadinho de buço... Agora vou ali atacar a revista “Lux” – parem de falar do amor do Ronaldo pela Irina, que eu sofro. Ele ama-me a mim, só que ainda não sabe...


Nº 1553 (II Série) | 27 janeiro 2012

FUNDADO A 1/6/1932 POR CARLOS DAS DORES MARQUES E MANUEL ANTÓNIO ENGANA PROPRIEDADE DA AMBAAL – ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS DO BAIXO ALENTEJO E ALENTEJO LITORAL Presidente do Conselho Directivo José Maria Pós-de-Mina | PRACETA RAINHA D. LEONOR, 1, 7800-431 BEJA | Publicidade e assinaturas TEL 284 310 164 FAX 284 240 881 comercial@diariodoalentejo.pt Direcção e redacção TEL 284 310 165 FAX 284 240 881 jornal@diariodoalentejo.pt | Assinaturas País € 28,62 (anual) € 19,08 (semestral) Estrangeiro € 30,32 (anual) € 20,21 (semestral) Director Paulo Barriga (CP2092) | Redacção Bruna Soares (CP 8083), Carla Ferreira (CP4010), Nélia Pedrosa (CP3586), Ângela Costa (estagiária) Fotografia José Ferrolho, José Serrano | Cartoons e Ilustração Luca, Paulo Monteiro, Susa Monteiro | Colaboradores da Redacção Alberto Franco, Aníbal Fernandes, Carlos Júlio, Firmino Paixão, Marco Monteiro Cândido | Provedor do Leitor João Mário Caldeira | Colunistas Aníbal Coutinho, António Almodôvar, António Branco, António Nobre, Carlos Lopes Pereira, Constantino Piçarra, Francisco Pratas, Geada de Sousa, José Saúde, Rute Reimão | Opinião Ana Paula Figueira, Bruno Ferreira, Cristina Taquelim, Daniel Mantinhas, Filipe Pombeiro, Francisco Marques, João Machado, João Madeira, José Manuel Basso, Luís Afonso, Luís Covas Lima, Luís Pedro Nunes, Manuel António do Rosário, Marcos Aguiar, Maria Graça Carvalho, Martinho Marques, Nuno Figueiredo Publicidade e assinaturas Ana Neves | Paginação Antónia Bernardo, Aurora Correia, Cláudia Serafim | DTP/Informática Miguel Medalha Projecto Gráfico Alémtudo, Design e Comunicação (alemtudo@sapo.pt) Depósito Legal Nº 29 738/89 | Nº de Registo do título 100 585 | ISSN 1646-9232 Nº de Pessoa Colectiva 501 144 587 Tiragem semanal 6000 Exemplares Impressão Grafedisport, SA – Queluz de Baixo | Distribuição VASP

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Hoje, sexta-feira, o céu deverá apresentar-se nublado. A temperatura vai oscilar entre os quatro e os 12 graus centígrados. Amanhã, sábado, espera-se sol e no domingo o céu deverá estar limpo.

Psicólogo bejense lança livro

A pressão para ser “normal”

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a tentativa de corresponder às exigências sociais, ao que se deve ser, as pessoas andam esquecidas do que realmente são, perseguindo sonhos que não são verdadeiramente os seus. Esta é a história de Pedro, o protagonista do livro Eu sei! Ser preto no branco, lançado recentemente em Beja pelo psicólogo Nuno Colaço. Uma ficção que ao mesmo tempo propõe uma nova abordagem científica do psiquismo humano, e que descreve como pode tornar-se autodestrutiva uma vida baseada no “parecer”. Na sua atividade de psicólogo clínico, é recorrente ser procurado por pessoas com o perfil de Pedro, o protagonista deste seu livro?

Infelizmente, cada vez mais. A era que atravessamos é, a meu ver, geradora de profundos conflitos emocionais, que resultam do confronto entre opostos psicologicamente inconciliáveis: o que se é e o que se deve ser; o que se sente e o que se deve sentir; o que se faz e o que se deve fazer; o que se ama e o que se deve amar... Uma lista que quotidianamente aumenta e, ao mesmo tempo, desgasta, corrói e quase aniquila aquilo que apelido de Personalidade Original, em detrimento da Personalidade Social. O desrespeito que o ser humano tem por si mesmo, ao tentar corresponder a uma pressão social para a padronização e para um modelo de perfeição tem vindo a provocar um desespero silencioso, impercetível, mas que, inevitavelmente, tem consequências catastróficas: o medo, a tristeza, a exaustão, o cansaço, a apatia, o isolamento, o choro fácil... As pessoas como o Pedro pedem ajuda para se sentirem normais, mas acabam por descobrir que foi essa tentativa de “normalização” que os fez chegar ali. PUB

O que falta a estas pessoas que parecem ter conquistado, uma a uma, as suas metas pessoais e profissionais?

Na maioria das vezes, as pessoas esqueceram-se de si, dos seus sonhos, de darem a sua opinião, de serem escutados, de contarem a sua história... Colocaram um projeto, um caminho, um emprego, os filhos, e tantas outras coisas em primeiro lugar. Mas por mais que se tenha atingido, nada parece satisfazer, porque não faz parte de uma vontade, de um desejo ou de um sonho do próprio. Eu costumo perguntar às pessoas que me procuram: É hoje aquilo que sonhava que viria ser há 20 anos? Depende da resposta...

Nuno Colaço,

42 anos, natural de Beja Licenciou-se em Psicologia pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) em 1994, ano em que iniciou a atividade docente na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Em 2005 concluiu o mestrado em Psicopatologia e Psicologia Clínica, também no ISPA, e em 2010 o doutoramento em Neuropsicologia Clínica pela Universidade de Salamanca. Exerce psicologia clínica nos serviços sociais da Câmara Municipal de Lisboa e em âmbito privado, e é também supervisor clínico de jovens psicólogos.

Neste livro, onde está a fronteira entre a obra técnica e a ficção?

A fronteira é muito ténue ou praticamente inexistente. Há muito pouco de ficção nas decisões técnicas do Gabriel, o psicólogo, já que todas elas são sustentadas cientificamente, quer no aconselhamento psicológico de inspiração psicanalítica, a Psicoterapia de Apoio, quer no trabalho que eu mesmo tenho vindo a desenvolver ao longo dos anos, do qual resulta esta nova abordagem científica do psiquismo humano que é apresentada sob a forma de ensaio no final do livro. Muitas dessas decisões técnicas são romanceadas com o intuito de não as tornar acessíveis ao público em geral, mas o suficientemente inteligíveis para se saber até que ponto os psicólogos as colocam corretamente em prática. Infelizmente há demasiados psicólogos que pensam e praticam uma psicologia clínica facilitista e efémera, o que faz com que a profissão seja olhada com complacência, por uns, com desconfiança, por outros, como dispensável, por quase todos. E isso preocupa-me. Carla Ferreira

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Anne Frank lembrada na Biblioteca Municipal de Sines Hoje, sexta-feira, assinala-se o Dia da Memória das Vítimas do Holacausto. Nesse sentido e aproveitando que uma parte significativa dos alunos de Sines está a ler a obra O Diário de Anne Frank, a biblioteca local tem patente, até 10 de fevereiro, a exposição “Anne Frank: uma história para hoje”. Criada originalmente pela Anne Frank House, a mostra apresenta-se como um “instrumento educativo, com o objetivo de manter viva a memória de Anne Frank, cujo diário a transformou no símbolo das vítimas de todas as formas de discriminação e opressão, e de informar sobre o período no qual o regime nazi esteve no poder”.

Festival Monstra apresenta-se em Grândola O Troiaresort, no concelho de Grândola, acolhe entre as 14 e 30 e as 18 horas de amanhã, sábado, várias iniciativas de pré-lançamento do Monstra – Festival de Cinema de Animação de Lisboa, cuja próxima edição terá lugar entre 19 e 25 de março, em Lisboa e naquele empreendimento turístico do litoral alentejano. A tarde oferece um workshop de cinema de animação, para adultos e crianças a partir dos sete anos, com a presença de Fernando Galrito, diretor do festival, e uma sessão de filmes para toda a família, complementada com o filme construído ao longo do workshop.

Ajagato integra coprodução em Lisboa A Ajagato – Associação Juvenil Amigos do Gato, de Santo André, tem em cena em Lisboa, numa coprodução com o Teatro Truta, a peça “Bucha & Estica”, que sobe ao palco do Teatro Turim (estrada de Benfica) ainda hoje, sexta-feira, amanhã (21 horas) e domingo (17 horas). A obra, com texto de Juan Mayorga, é uma encenação de Mário Primo para dois atores: Raul Oliveira e Ricardo Moura. Bucha e Estica debatem-se aqui entre a fidelidade ao outro e a supressão da própria personalidade em benefício da parelha, tensão que acabará por ceder pelo lado mais fraco, levando a um desfecho que, defende o autor, “estava latente nos filmes da dupla, a rutura”.


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