Ediçao N.º 1579

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JOSÉ FERROLHO

Leonel Cameirinha

Ana Cabecinha

O comendador que começou do zero pág. 11

Uma baleizoeira nas olimpíadas pág. 18

SEXTA-FEIRA, 27 JULHO 2012 | Diretor: Paulo Barriga Ano LXXXI, N.o 1579 (II Série) | Preço: € 0,90

Avião de combate a incêndios despenha-se e larga combustível na barragem do Roxo

Bombeiros apagaram 72 fogos nos últimos dois anos junto ao bairro da Esperança JOSÉ SERRANO

pág. 7

Governo fecha cinco Serpa abriu portas escolas no distrito de Beja à Casa do Cante

Mina de São Domingos: oásis para lá do Guadiana

Semblana, em Almodôvar, Jungeiros, em Aljustrel, Pereiras-Gare e Amoreiras-Gare, em Odemira, e Panoias, em Ourique, são as localidades que vão acordar no próximo ano letivo sem escolas do primeiro ciclo. Todos reclamam. Menos Almodôvar. pág. 10

A praia da Tapada Grande, este ano com Bandeira Azul, é um verdadeiro oásis nas terras quentes da Margem Esquerda do Guadiana. O que chama milhares de pessoas à velha Mina de São Domingos. Entre mergulhos e muitas histórias de vida por contar. págs. 4/5

Até ao próximo domingo, 50 alunos do ensino secundário vão ter nas mãos enxadas, em vez de inchadas terem as mãos. Trata-se da Agroweek, uma iniciativa do Instituto Politécnico de Beja e da revista Forum Estudante, com o apoio do BES, que tem como lema “Tanta terra tanto tempo”. Uma semana de férias para brincar a sério à agricultura e para descobrir os segredos da terra. págs. 16/17

No último sábado foi inaugurada em Serpa a Casa do Cante. Mais um passo em frente na candidatura dos cantares do sul a Património da Humanidade. Ou não estivessem presentes na inauguração os promotores da candidatura e o próprio embaixador da Unesco. pág. 12

Fazer férias com as mãos postas na terra


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Editorial

Vice-versa Este governo “apanhou em execução uma estratégia” baseada nos projetos âncora de Sines, Alqueva, indústria mineira e aeroporto e “pôs-se contra tudo isto”.

Fogo

Luís Pita Ameixa, deputado do PS

Paulo Barriga

“O distrito de Beja não precisa de sustentar o seu desenvolvimento no triângulo Alqueva/Sines/aeroporto. O porto de Sines não traz valor acrescentado para Beja”.

O

País está a arder. Literalmente. E as chamas que o consomem emanam não apenas da doença mental de meia-dúzia de alienados. Que se deleitam com o espetáculo infernal das labaredas. Eles próprios inflamados com o seu criminoso padecimento. Por entre o cheiro da terra queimada e o fedor da demência, há outro odor que se propaga com ferocidade. O dos interesses, múltiplos, diversos, sempre económicos, que fazem alastrar as chamas tão ou mais intensamente que o próprio vento. Mesmo quando, indomável, sopra sobre as serranias do Algarve ou da Madeira. Cá está um exercício interessante para o Ministério Público ocupar as longas férias judiciais: verificar quanto custa ao País um verão em lumaréu. E quanto e como e quem recebe essas forras carbonizadas. A nossa floresta está dizimada. E as poucas manchas florestais que resistem, muitas delas património do Estado, estão num estado deplorável. Repletas de mato, de material orgânico, de lixo. As matas portuguesas são uma verdadeira tentação para os incendiários. Sejam eles meros malucos ou sinistros calculistas. Enquanto o Governo, igualmente de forma incendiária, gasta papel de lei na liberalização generalizada da plantação do eucalipto, cedendo com ignomínia aos poderosos lóbis da indústria do papel, deveria antes prestar atenção aos seus próprios matagais. E exigir igual rigor aos produtores particulares. No final, por certo, as contas ficariam mais ligeiras para o erário público. Já a nossa região tem passado com alguma incolumidade a este verão de Dante. Pouco resta para arder. E ainda não é tempo de arder o pouco que resta. Confessam os bombeiros que a época de incêndios, por cá, é mais tardia. Acontece na reabertura da caça. Quando as lutas entre couteiros se acende, na verdadeira aceção do verbo acender. Entretanto, os nossos soldados da paz acorrem às chamadas algarvias. Muitas vezes sem meios. E por puro voluntarismo. Homens e mulheres assim há poucos. Cada vez menos. E nós que tanto deles precisamos. Sempre. Muito.

Mário Simões, deputado do PSD

Fotonotícia A inauguração de uma velha ermida. Durante o Programa Polis ainda para ali lhe deram uma caiadela e lhe fizeram uns arranjos à volta. Mas só esta semana, e depois de um investimento para cima dos 200 mil euros, é que foi reposta a total dignidade da Ermida de Santo André. A obra de recuperação foi promovida pela Associação de Desenvolvimento Regional Portas do Território, que agora vê aumentado o parque bejense de monumentos sacros com interesse. Este, originalmente, foi mandado erguer no século XII pelo rei D. Sancho I para celebrar a primeira conquista de Beja aos mouros. E agora foi, em boa hora, resgatado à ruína. PB Foto de José Ferrolho

Voz do povo Concorda com a passagem da tauromaquia a património municipal de Beja?

Cristina Apolónia, 41 anos, comerciante

Catarina Dias, 18 anos, estudante

Carlos Baião, 47 anos, professor

Concordo. Temos que apoiar a nossa cidade. Embora haja regiões onde a cultura tauromáquica está muito mais enraizada. Como Barrancos ou Lisboa. Em Beja o gosto de ir às touradas tem vindo a diluir-se com o passar do tempo. Pessoalmente gosto mais da tourada espanhola.

Não concordo. Não sou a favor das touradas. Apesar de ser uma tradição portuguesa, não posso aceitar que um espetáculo viva à custa do sofrimento dos animais. Não é correto. Gostava, por isso, que as touradas acabassem de vez.

Concordo. Embora não seja aficionado, considero que as touradas fazem parte da nossa riqueza cultural. Os espetáculos tauromáquicos podem trazer mais gente de fora à nossa cidade. E isso pode ser economicamente importante. Não vou às praças, mas na televisão gosto de ver as pegas.

Inquérito de José Serrano

Irene Barriga, 57 anos, assistente operacional na Câmara Municipal de Beja

Não concordo. Acho desnecessário. Aqui a tourada é só na Ovibeja. Não temos uma cultura tauromáquica que justifique. Não sou contra a tourada. Mas daí a ser património municipal… Em Barrancos e Espanha tudo bem, compreendo. Mas aqui em Beja?! Há coisas mais importantes a fazer.


Rede social

Semana passada SÁBADO, DIA 21 MÉRTOLA VILA MUSEU APRESENTA CATÁLOGO DE MODA A Câmara Municipal de Mértola, a Merturis e a Associação do Comércio, Serviços e Turismo do Distrito de Beja apresentaram o catálogo “Mértola, está na moda” – verão 2012. Mais do que um catálogo de moda ou de um roteiro comercial –, esta edição, adiantam os promotores, “é a afirmação de um território enquanto espaço de criatividade, de dinamismo e de valor humano e patrimonial”. Nas diferentes páginas do catálogo “é possível conhecer as ofertas de vestuário, calçado e acessórios disponíveis nas lojas do comércio local e simultaneamente conhecer alguns dos lugares de maior beleza e carisma do concelho de Mértola”. Uma das mais-valias desta iniciativa residiu, adiantam os responsáveis, “no facto de ser participada pela população local, de onde foram selecionados todos os modelos”. O catálogo está agora disponível nas lojas aderentes e em diferentes serviços públicos da vila e concelho. Está ainda disponível em www.cm-mertola.pt.

SINES PÚBLICO DO PRIMEIRO FIM DE SEMANA DO FMM MAIS DO QUE DUPLICOU O DE 2011 A organização do Festival Músicas do Mundo (FMM) estima que mais de 16 mil pessoas tenham estado em Sines nos três primeiros dias do evento, para uma viagem de descoberta pelos sons dos cinco continentes. Estes números mais do que duplicam os atingidos na edição de 2011, quando o primeiro fim de semana do festival, com os seus três dias, mobilizou perto de sete mil pessoas, um total igualado este ano num só dia, com o público do último sábado. “Está mais gente do que no ano passado. Vê-se a olhos nus, está muita gente em Sines e isto só faz bem, dá-nos força”, disse à Lusa o diretor do festival, Carlos Seixas, em jeito de balanço na noite de sábado, a terceira e última da primeira parte do certame. O responsável manifestou-se satisfeito com a recetividade do público nestes três dias de FMM, sobretudo no primeiro concerto da tarde de sábado, dos portugueses Dead Combo, com o guitarrista norte-americano Marc Ribot.

SEGUNDA-FEIRA, DIA 23 ALENTEJO JOÃO ARAÚJO FOI NOMEADO DIRETOR REGIONAL DO INSTITUTO PORTUGUÊS DO DESPORTO João Araújo foi nomeado diretor regional do Alentejo do Instituto Português do Desporto e Juventude. João Araújo, natural de Cabeça Gorda, Beja, professor, foi delegado regional da Direção Geral de Desportos e estava, desde finais de agosto de 2011, como diretor regional adjunto da Direção Regional de Educação do Alentejo, noticiou a Rádio Voz da Planície.

SEGUNDA-FEIRA, DIA 23 MOURA ORGANIZAÇÃO DO FESTIVAL KAZANTIP ANUNCIA ENCERRAMENTO DO EVENTO A primeira edição portuguesa do maior festival de música do mundo, o KaZantip, que arrancou na sexta-feira, 20, nas margens do Alqueva, foi encerrada, mas fonte da organização garantiu que a decisão “não é definitiva”. Na página oficial do festival na Internet, em kazantip.com, pode ler-se que o evento foi obrigado a encerrar porque ficou impossibilitado de vender bilhetes e comida, devido a um erro no licenciamento. O KaZantip, vulgarmente conhecido como o “festival das orgias”, já passou por vários países e, segundo a organização, o primeiro evento realizou-se na Ucrânia e, em 2002, foi obrigado a encerrar pelo governo ucraniano. A primeira edição portuguesa do festival era para decorrer sem parar até 26 de agosto nas margens do Alqueva, no concelho de Moura, com a presença de mais de 1 200 DJ e muitos desportos radicais. Contactada pela Lusa, a fonte da organização confirmou que o KaZantip pode vir a ser cancelado, devido a uma “questão burocrática” relacionada com uma licença para a restauração do evento, à qual a organização é “completamente alheia”.

3 perguntas a Claudino Matos Membro da direção da ACOS – Agricultores do Sul

Por que é que a ACOS decidiu retomar o projeto da criação da Escola Profissional Professor Mariano Feio?

Este é um projeto que remonta a finais de 2009, com o objetivo de ministrar cursos profissionais com uma forte componente prática de acordo com as necessidades da região. Propõe-se utilizar instalações que foram construídas de raiz para a formação profissional agrícola situadas em Beja e em Évora. Adicionalmente propõe-se utilizar infraestruturas, equipamentos e recursos humanos já protocolados com o IPBeja e com a Universidade de Évora. A filosofia desta escola é estabelecer uma rede com outras instituições de ensino profissional públicas e privadas, de modo a potenciar sinergias, complementar a oferta formativa, promover o diálogo e criar novos percursos formativos de modo a acompanhar o enorme investimento privado que se está a realizar em diversos domínios, designadamente no regadio. A escola pretende ainda encaminhar aqueles que optem por prosseguir estudos superiores para as instituições de ensino superior da região, fortalecendo a fixação de quadros técnicos qualificados no Alentejo. Em que fase se encontra o projeto?

A candidatura da escola foi apresentada à Direção Regional de Educação do Alentejo em outubro de 2009, solicitando autorização prévia de funcionamento para o ano letivo 2010/2011. Em maio de 2010, por iniciativa do diretor regional de Educação, foi solicitada uma proposta de oferta formativa para início imediato de atividade. Após esta data, jamais a ACOS recebeu qualquer comunicação oficial sobre a candidatura da escola, pese embora os sucessivos pedidos de informação solicitados oficialmente. Recentemente, o presidente da Agência Nacional para a Qualificação e Ensino Profissional visitou a ACOS para se inteirar do processo in loco, tendo incentivado a ACOS a voltar a recandidatá-lo, uma vez que o mesmo vem ao encontro das prioridades atuais do Governo para o ensino profissional. A ACOS está a atualizar a candidatura. O objetivo é que funcione no ano letivo 2012/2013.

Os rapazes que seguram a bandeira são da”Inclusão pela Arte” Esta foi a marcha de apresentação do Torneio Nacional de Futebol de Rua que, no passado fim de semana, decorreu em Beja. Todos ganharam, inclusivamente a equipa da casa, o FutEsperança, numa competição cuja luta é pela inclusão social.

Nada melhor que uma escorregadela para a água Esta foi apenas uma de entre as variadíssimas propostas de divertimento que a junta de freguesia preparou para a V Semana da Juventude em Ervidel. Mas também houve concursos, festas, torneios desportivos e muita música.

Quer dar um passeio por Beja agora que faz calor? Aos dias de semana, a proposta chama menos gente. Mas durante os fins de semana são muitas as pessoas que estão a aderir a esta bela iniciativa de percorrer as ruas da cidade, freguesia a freguesia, descobrindo os seus pequenos segredos.

Primeiro inauguram-se as tasquinhas, depois chega a música Petiscos e mais petiscos, variados e bons, na inauguração do programa Tasquinhas 2012, que esta semana se inaugurou em Sines. Um bom complemento, necessário, para as desnoites a que o Festival Músicas do Mundo sempre obriga.

Que oferta formativa será disponibilizada e a quem se destina?

A oferta formativa insere-se nas áreas do regadio, da floresta, da pecuária e do agroalimentar. A ACOS pretende utilizar as explorações dos seus associados como locais de estágio, assegurando, sempre que possível, emprego aos jovens diplomados. A escola destina-se a servir uma população estudantil dos centros urbanos de Beja e Évora e de localidades no seu eixo viário.

Lá fora também há uma praia fluvial toda catita A iniciativa leva pelo nome “Por terras do chapéu de ferro”. E a ideia é diversificar a oferta turística aos muitos veraneantes que por esta altura procuram o oásis da tapada da Mina. Aqui, uma exposição sobre a história da mineração.

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“Havia muita gente aqui na Mina, havia futebol, de três em tês dias havia cinema, certos divertimentos, hoje não há nada, nada. Não se vivia melhor do que hoje, só comíamos três sardinhas, se houvesse dinheiro para elas, mas havia mais vida na aldeia. Pelo São João isto era um paraíso, bailes [que duravam] oito, 10, 15 dias seguidos, e hoje não há nada”. António Martins

Mina de São Domingos

Praia da Tapada Grande recebe “alguns milhares” de veraneantes na época balnear

Um oásis em terras quentes

A

época balnear já vai a meio, mas é a partir desta última semana de julho e até finais do próximo mês de agosto que são esperadas “enchentes” de veraneantes na pacata aldeia de Mina de São Domingos, atraídos pela sua praia fluvial, que recentemente foi premiada com o galardão ambiental Bandeira Azul e que ostentava já as insígnias Praia com Qualidade de Ouro 2012, Praia Acessível e Praia Saudável. Os veraneantes são, na sua grande maioria, naturais da aldeia – ex-trabalhadores mineiros há muito a residir em outros pontos do País e no estrangeiro –, seus descendentes e amigos. E turistas estrangeiros, principalmente espanhóis. A praia da Tapada Grande, inaugurada há pouco mais de uma década, recebe durante quatro meses, entre junho e setembro, “alguns milhares” de pessoas, imprimindo uma nova dinâmica à localidade, trazendo à memória coletiva os tempos em que era o mais importante complexo industrial mineiro alentejano (segunda metade do século XIX até à década de 1930). As duas barragens existentes – Tapada Grande e Tapada Pequena – foram criadas durante o período de exploração, então a cargo da companhia mineira inglesa Mason & Barry, arrendatária da concessionária francesa La Sabina, empresa que criou de raiz a aldeia e que hoje detém uma percentagem residual do parque habitacional. A esmagadora maioria das habitações já foi vendida “a familiares e descendentes de mineiros”. “Se não fosse ali a praia, a tapada, não vinha aqui ninguém, isto estava tudo caído”. Joaquim Martins, 78 anos, um dos poucos mineiros do fundo ainda vivos, diz que com a praia “sempre vem mais rapaziada”, principalmente “da parte da tarde”, o que dá “um bocadinho mais de movimento”. “Isto para os cafés é uma alegria. Praticamente é quase tudo aqui da aldeia. Eu fui para a Bélgica, outros foram para Lisboa, Porto, Setúbal, Faro, para todo o lado. Oitenta por cento dos que vêm são daqui. Um traz um, outro traz dois, outro três… são os amigos, os conhecidos. E também alguns estrangeiros, mas esses vêm mais de inverno, com as caravanas”. Com o fim da extração do minério e a falência da empresa Mason & Barry, em meados dos anos Sessenta, Joaquim Martins, casado e pai de uma menina, foi obrigado a emigrar. Primeiro para a Bélgica, onde também trabalhou para uma empresa mineira que entretanto fechou; depois para a França. Regressou há 15 anos, mas passa temporadas no país que o acolheu durante mais de três décadas e onde residem as duas filhas.

A praia da Tapada Grande, inaugurada há pouco mais de uma década, recebe durante quatro meses, entre junho e setembro, “alguns milhares” de pessoas, imprimindo uma nova dinâmica à Mina de São Domingos, na freguesia de Corte do Pinto (Mértola), trazendo à memória coletiva os tempos em que era o mais importante complexo industrial mineiro alentejano. Texto Nélia Pedrosa Fotos José Ferrolho

Galardão A praia fluvial foi premiada recentemente com a Bandeira Azul

“Havia muita gente aqui na Mina, havia futebol, de três em tês dias havia cinema, certos divertimentos, hoje não há nada, nada. Não se vivia melhor do que hoje, só comíamos três sardinhas, se houvesse dinheiro para elas, mas havia mais vida na aldeia. Pelo São João isto era um paraíso, bailes [que duravam] oito, 10, 15 dias seguidos, e hoje não há nada”, reforça. A duas ruas de distância do café onde Joaquim Martins aproveita agora para colocar a conversa em dia com dois ex-trabalhadores mineiros, está instalada a Casa do Mineiro, gerida pela Fundação

Serrão Martins. Um espaço inaugurado em 2006 que, conjuntamente com o centro de documentação da fundação, funciona “num conjunto de quatro antigos alojamentos de operários da mina”. A Casa do Mineiro, que se resume a um desses quatro alojamentos, com apenas 16 metros quadrados, “mostra a realidade física do espaço de vivência de uma família mineira”, onde “os objetos, as memórias, os símbolos e as carências estão nela representados”. Acima de tudo, dizem os responsáveis, “pretende provocar a imaginação e a sensibilidade do visitante

para que ele possa procurar conceber a vivência diária duma família dentro de um espaço de 16 metros quadrados”. Muitos dos visitantes chegam à Casa do Mineiro “à boleia” de uns dias passados na praia fluvial, diz Maria Bárbara Reis, responsável pelas visitas guiadas ao espaço museológico e funcionária da fundação desde finais de 1998. “A partir da primavera são mais os turistas e as pessoas que regressam à terra e que depois vêm recordar os velhos tempos. São pessoas que vêm à praia, a maior parte. Nos outros meses são mais escolas e universidades, também seniores. Temos muitas visitas marcadas”, acrescenta a assistente administrativa, a quem não restam dúvidas de que a praia “é muito importante” em termos sociais e económicos, se bem que “nos últimos dois, três anos”, o impacto no comércio local não esteja a ser assim tão significativo. São os efeitos da crise, que levam os veraneantes “a trazem as coisas e só se faltar alguma coisa é que vão aos comércios locais”, diz. “Mas a praia traz muita gente, muitos turistas, e muita vida à Mina. Temos uma população entre 700 e 750 pessoas e há três anos, no final de julho, princípio de agosto, tivemos cá 5 000 pessoas diariamente, alojadas nas casas que eram dos pais, dos avós, e que foram recuperando, e outras no turismo rural ou no hotel”, concluiu Maria Bárbara Reis, também ela neta de um ex-trabalhador mineiro. Encarnação Branco, 60 anos, proprietária de um minimercado aberto há duas décadas, situado a poucos metros da estrada de terra batida que conduz ao Centro Republicano e à praia fluvial, não se queixa de falta de movimento. Queixa-se sim “de coisas que acontecem nestes últimos tempos que não aconteciam há uns anos”. “Coisas como roubos”, lá diz a meia voz. “Aparecem aqui pessoas de todo o lado, já não é como era antigamente. Isto era um meio muito pacato, muito sossegado, mas é a evolução, isto faz falta”, adianta, ao mesmo tempo que confirma que nos meses de julho e agosto, “principalmente”, nota “bastantes diferenças” no negócio, assim como na Páscoa, “época que traz muita gente à terra”. No resto do ano, “são poucas as pessoas que cá vivem. Como não há empregos os jovens têm que sair, por isso esta é uma terra só de gente idosa”. Bento Gemas, concessionário do bar/restaurante da praia fluvial desde 2010, aponta para a esplanada com algumas mesas e cadeiras ocupadas, que por estes dias “já devia estar mais composta”. São os tais efeitos da crise, diz. Apesar do cenário, o empresário mostra-se otimista em relação às próximas semanas: “Penso que isto vai recuperar, estou convencido disso”.


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João Venâncio Presidente da Junta de Freguesia de Corte do Pinto

Qual é o impacto que a praia fluvial tem em termos económicos e sociais?

O impacto é grande. A praia atrai à nossa freguesia milhares de visitantes, que acabam por fazer algum consumo nos nossos estabelecimentos. Por outro lado, os visitantes são de vários países e diferentes culturas, o que a nível social permite uma troca de saberes e experiências. Mas a Mina não é só procurada na época balnear. No inverno somos visitados por muitos caravanistas, pelo que foi necessário criar um posto de serviço para autocaravanas. Falava-se, há meia dúzia de anos, na criação de uma nova zona de lazer na Tapada Grande, a cargo da Câmara de Mértola, e na construção de um parque de campismo da responsabilidade da La Sabina. Em que ponto estão os projetos?

Devido à atual situação económica do País, os projetos estão parados. A nova zona de lazer necessita de fundos comunitários e de financiamento; o parque de campismo, pelo que sei, tem projeto, mas a La Sabina procura um parceiro para o investimento. Quantos residentes tem a aldeia, de acordo com o Censos 2011?

Os resultados ainda são preliminares, mas a Mina tem à volta de 550 habitantes. Com menos de 18 anos são cerca de 10 por cento; com idade superior a 65 anos são, mais ou menos, 60 por cento. Na última década perdemos cerca de 200 pessoas. A que setores de atividade se dedica atualmente a população em idade ativa?

Serviços, agricultura e pecuária. Quais são os principais problemas da aldeia?

O desemprego é um dos maiores problemas. Os empregadores são a câmara, o Centro Social Montes Altos e a Santa Casa da Misericórdia. As poucas empresas que existem são familiares, ligadas à construção civil, turismo e comércio. Temos famílias com mais do que um elemento desempregado. Os jovens terminam os estudos e não encontram emprego. Por outro lado, e apesar da Mina estar bem servida por vias de comunicação, as mesmas encontram-se em mau estado de conservação e com obras inacabadas, como é o caso da estrada de São Marcos. Se a obra estivesse terminada teríamos muitos mais espanhóis a visitar-nos. Tudo depende do concelho vizinho de Serpa. Os arruamentos na Mina ainda estão mais ou menos, a 30 por cento. Gostaria que já estivessem concluídos. Mas tudo depende de fundos comunitários e de muita burocracia. Outro problema é o envelhecimento da população. Temos falta de um lar e de um centro de dia na freguesia. E as principais potencialidades?

A Mina integra um numeroso património histórico. Foi a primeira localidade a ter energia elétrica e caminho de ferro no Alentejo. A nossa história é o nosso maior tesouro, que precisa de ser explorado. As nossas tapadas são um atrativo que muitos gostariam de ter. Em breve vamos ter uma pista de canoagem na Tapada Grande, o que vai trazer vários atletas para a localidade.

Maioria dos equipamentos metálicos do complexo mineiro foram vendidos para sucata, vandalizados ou furtados Para além da Casa do Mineiro (que recebeu 2 546 visitantes em 2011) e do centro de documentação, a Fundação Serrão Martins gere um conjunto de equipamentos públicos outrora propriedade da La Sabina. A fundação proporciona ainda visitas guiadas ao complexo mineiro, visitas essas sujeitas a marcação prévia. Nas visitas à zona industrial – que são de dois tipos – é possível visitar “a zona de extração e carregamento do minério (túneis encerrados e cais de descarga), oficinas e armazéns, central elétrica, malacate, lagoas de água doce, sistemas de drenagem e vestígios da mineração romana” e ainda o percurso do minério, “que consiste em seguir, por estrada de terra, o antigo caminho de ferro [que foi uma das principais linhas férreas do País] até ao porto fluvial do Pomarão”, numa extensão de 17 quilómetros. É possível visitar “o percurso da linha férrea (com algumas das suas obras suspensas e subterrâneas, além das estações), lagoas de tratamento de água ácidas, a Central de Britagem da Moitinha, a Fábrica de Enxofre da Achada do Gamo e o Porto Fluvial do Pomarão”. No folheto referente às visitas, a fundação frisa, “para evitar expetativas infundadas”, que a maior parte dos equipamentos metálicos do complexo mineiro “foram vendidos para sucata, vandalizados ou furtados durante os vários anos que sucederam entre o fecho da mina em 1966 e as atuais ações de recuperação patrimonial, pelo que apenas podem ser visitadas, na maior parte dos caos, as instalações ou sítios onde estiveram as máquinas e equipamentos”.


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João Ramos, Mário Simões e Luís Pita Ameixa

Atual

Na passada quarta-feira teve lugar no Parlamento a última reunião plenária da legislatura resultante das eleições de 2011. Quinze dias antes, no dia 11, realizou-se o primeiro debate com Passos Coelho sobre o Estado da Nação. O “Diário do Alentejo” pediu aos três deputados eleitos por Beja que recentrassem as suas atenções sobre o estado da região, quando chega ao fim o primeiro ano de mandato deste governo. Texto Aníbal Fernandes Ilustração Susa Monteiro

Deputados do Baixo Alentejo fazem balanço da legislatura

O estado da região

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lqueva, porto de Sines e estruturas rodoviárias, bem como a situação social, foram, no essencial, os pontos referenciados pelos representantes de Beja em São Bento. Mário Simões, o deputado do PSD, que substituiu no hemiciclo o eleito Carlos Moedas chamado a assumir funções governativas, faz uma “avaliação positiva” dos últimos 12 meses de governação da coligação de direita, no que ao distrito de Beja diz respeito. “Houve uma mudança de paradigma na relação do Governo com a região”, defende, acrescentando que só “falando verdade poderemos saber qual é a nossa realidade”. É, no seu entender, o que se passou com Alqueva onde, durante o anterior governo, se “foi vivendo de um conjunto de erros políticos ao nível do financiamento”, mas que com “a reprogramação das verbas do QREN será possível concluir em 2015”, exemplifica. Luís Pita Ameixa contraria esta visão do deputado social-democrata. Para o socialista “o Governo descredibilizou o projeto, retirando-lhe verbas do QREN e do Proder” e agora está refém e “dependente de conversações com Bruxelas” para concretizar a obra. Também o comunista João Ramos chama a atenção para o facto de, apesar “de ter sido assumido o compromisso” para terminar o projeto “não há a certeza que

Pita Ameixa diz que o Governo “apanhou em execução uma estratégia” baseada em Sines, Alqueva, indústria mineira e aeroporto e “pôs-se contra tudo isto”, mas para Mário Simões “o distrito de Beja não precisa de sustentar o seu desenvolvimento no triângulo Alqueva/Sines/ /aeroporto”. Já João Ramos mostra-se muito preocupado com os últimos números do desemprego, que “exigem medidas concretas”.

as medidas propostas sejam aceites” pela União Europeia. Luís Pita Ameixa diz que este Governo “apanhou em execução uma estratégia” baseada nos projetos âncora de Sines, Alqueva, indústria mineira e aeroporto e “pôs-se contra tudo isto”, assinala. Para o socialista, este ano “fica marcado por esta inflexão, sem apresentação de alternativas”. João Ramos acusa o executivo de “demorar a tomar decisões” e, como exemplo, aponta o caso do aeroporto de Beja, em que se “demorou seis meses a nomear um grupo de trabalho”. Mário Simões diz que, em relação a este caso, o Governo “herdou uma infraestrutura sem estratégia” e que foi preciso “começar do zero” depois de “desmistificar a ideia” de que o aeroporto seria suficiente para resolver os problemas da região. Para o deputado do PSD, “o distrito de Beja não precisa de sustentar o seu desenvolvimento no triângulo Alqueva/Sines/ /aeroporto”. Aliás, na sua opinião, “o porto de Sines não traz valor acrescentado para Beja”, afirma. Pita Ameixa está em completo desacordo e diz que, de acordo com as últimas notícias, “a mudança de perfil da autoestrada vai desvalorizar Beja em relação a todas as capitais de distrito”, alerta. João Ramos mostra-se muito preocupado

com a situação social. Os últimos dados que apontam para mais de 12 mil desempregados “exigem medidas concretas” por parte dos governantes. A título de exemplo fala do Serviço Médico à Periferia – uma medida adotada no início do Serviço Nacional de Saúde – e que, permite, ainda hoje, que alguns clínicos se mantenham no território a prestar cuidados de saúde como médicos de família. O deputado do PCP mostra-se totalmente contra “uma perspetiva empresarial da saúde” e alerta contra as medidas economicistas que promovem o encerramento de serviços públicos de proximidade e que potenciam o “despovoamento”. Mário Simões admite que “as medidas necessárias de contingência tiveram efeitos negativos” a nível social, nomeadamente nos níveis de desemprego, e que “há hoje mais famílias a precisar de apoio”. Para atenuar esta situação apresenta o “Programa de Emergência Social que vai ter um reforço de verbas”, mas Pita Ameixa diz que estas iniciativas são a “substituição do apoio social pela caridade”. Apesar de tudo, o deputado da maioria está “convicto de que o distrito tem um conjunto de potencialidades, que, mesmo em contraciclo com o resto do País, pode pôr a região na senda da recuperação económica”, contando para isso com uma aposta mais forte na “agricultura de regadio”.


O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep) afirmou-se esta semana convicto do “potencial” do projeto Alqueva para captar investimentos e aumentar a produção e as exportações de produtos agrícolas e agroindustriais. O projeto Alqueva, um dos “centros nevrálgicos da economia portuguesa”, tem “potencial” para contribuir para a captação de investimentos, nomeadamente nos setores agrícola e agroindustrial, disse Pedro Reis.

Bombeiros do distrito ajudaram no combate O incêndio do Algarve contou com a participação diária de mais de 60 bombeiros da quase totalidade do distrito de Beja. Só as corporações de Aljustrel e Vila Nova de Milfontes não foram mobilizadas para este combate que, segundo Carlos Pica, do

CODU, foi “cumprido da melhor forma com o esforço e abnegação habituais”, por parte dos soldados da paz. Nesta operação em terras algarvias estiveram envolvidos, diariamente, dois GRIF (compostos por um carro de comando, quatro viaturas de combate a incêndio e duas de abastecimento) e mais uma

07 Diário do Alentejo 27 julho 2012

Presidente da Aicep acredita em Alqueva para captar investimentos

brigada. Como resultado do empenhamento de homens e material há assinalar alguns danos em viaturas das corporações de Almodôvar, Castro Verde e Beja. Não há a lamentar qualquer incidente que tivesse atingido a integridade física dos bombeiros baixo alentejanos.

Incêndio do Algarve foi o maior de sempre em Portugal

O incêndio que flagelou a floresta algarvia na passada semana foi aquele que, desde sempre em Portugal, teve a presença de mais bombeiros e meios de ataque aos fogos. Entre os mais de mil soldados da paz presentes no teatro das operações, estiveram muitos das várias corporações do distrito de Beja. E um avião de combate a fogos acabou por fazer uma amaragem forçada na barragem do Roxo, com 1 400 litros de combustível nos depósitos.

DOMINGOS VARETA

Avião de combate a fogos despenha-se e larga combustível na barragem do Roxo

Texto Aníbal Fernandes

O

incêndio que na quarta-feira, dia 18, deflagrou em Tavira e que alastrou, posteriormente, a São Brás de Alportel, consumiu cerca de 20 mil hectares de floresta algarvia, mas também deixou marcas na barragem do Roxo, em Beja, onde um avião que participava no combate às chamas largou 1 400 litros de combustível, após o afundamento da aeronave. Um dos Air Trator de combate a incêndios que participava nas operações amarou na barragem, junto ao Monte do Ulmo, em Santa Vitória, após ter sido reabastecido de combustível na Base Aérea n.º 11, de Beja, e quando tentava, em vão, encher os depósitos de água, antes do regresso ao Algarve. Era este o procedimento normal dos AT8T que estavam envolvidos no combate ao maior fogo florestal alguma vez visto em Portugal. Aviões e pilotos operavam a sul, mas tinham

Air Tractor A aeronave trazia nos tanques 1 400 litros de combustível jet

na Base Aérea de Beja o seu local de reabastecimento e pernoita. Os Bombeiros Voluntários de Beja foram chamados ao local no dia do acidente e mantiveram-se no local até à terça-feira passada, dia em que o avião foi levado para Sevilha, Espanha. Após o acidente, que não teve consequências para o piloto, a maior preocupação eram os 1 400 litros de combustível nos depósitos da aeronave, uma vez que a água da barragem do Roxo abastece a população de Beja e Aljustrel. A equipa de mergulhadores presente no

Muitos pequenos incêndios em Beja

N

o concelho de Beja não tem havido grandes incêndios, mas nem por isso os bombeiros da corporação da cidade têm tido uma vida descansada. Pedro Baroana, segundo comandante dos BVB, disse ao “Diário do Alentejo” que este ano já foram chamados mais de duas dezenas de vezes para apagar “pequenas ignições noturnas”, só na freguesia de Santa Maria da Feira, sempre junto ao bairro da Esperança. O operacional não tem dúvida que, neste caso, “a grande maioria dos incêndios tem causa humana” e lembra que não é uma situação nova: “Já em 2011 fomos chamados para 52 ocorrências” no mesmo local. Mas existem outras causas para o surgimento de incêndios. Os hábitos agrícolas são um deles, e as queimadas a sua origem. A lei prevê a proibição total deste tipo de “limpeza” dos campos entre abril e setembro de cada ano.

No entanto, em outubro é tempo de sementeira e dá jeito as terras já estarem amanhadas, o que leva à realização de queimadas “camufladas” de incêndios acidentais. Mesmo na época em que a lei permite a realização das limpezas pelo fogo, há muita gente que utiliza o mesmo estratagema para não ter de pagar as taxas devidas – que subiram muito nos últimos anos -; e nos canaviais, junto às linhas de água, onde a burocracia ainda é maior, pois obriga a autorizações de entidades responsáveis pelo ambiente, também é habitual o recurso a este tipo de expediente, o que traz trabalho acrescido para os bombeiros. Já os fogos que se diziam ser ateados para afugentar a caça de um sítio para outro, segundo Pedro Baraona, desde a publicação da nova lei da caça, deixaram de ser significativos.

local, e que tinha como tarefa trazer o AT8T à superfície, constatou que o jet usado pelo aparelho se tinha espalhado pela barragem, mas dadas as suas características, e a alta temperatura que se fazia sentir desse dia, cerca de 90 por cento do combustível acabou por se evaporar. Os restantes 140 litros foram objeto de manobras de contenção com insufláveis, levadas a cabo por uma equipa do porto de Sines, auxiliada pelos Bombeiros Voluntários de Beja, disse ao “Diário do Alentejo” Pedro Barona, segundo comandante dos bombeiros de Beja, PUB

tendo a ameaça de contaminação da água ficado resolvida. Um Alouette da Base Aérea socorreu o piloto, que foi, de imediato, levado para o posto de saúde militar, onde se confirmou que não apresentava qualquer debilidade física resultante do embate. Por sua vez, o avião, depois de ser trazido à superfície com a ajuda de boias, e rebocado até ao paredão da barragem, foi, com a ajuda de uma grua, colocado em cima de uma viatura que o transportou para Sevilha.


JOSÉ SERRANO

JOSÉ FERROLHO

Diário do Alentejo 27 julho 2012

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Vale 30 por cento da produção silvícola nacional

62 por cento da quota mundial

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m 2011, Portugal atingiu uma quota mundial de 62 por cento no setor da cortiça, tendo exportado 169 mil toneladas, no valor de 806 milhões de euros, recuperando sete por cento face ao ano anterior, divulgou o INE e o International Trade Center. França, EUA, Espanha e Itália foram os principais destinos da cortiça portuguesa, com 20 por cento, 16 por cento, 11 por cento e 10 por cento do valor exportado, respetivamente. A exportação de rolhas de cortiça, que representam 70 por cento dos produtos exportados, aumentou cerca de seis por cento entre 2010 e 2011, passando de 529 para 564 milhões de euros. As vendas de cortiça portuguesa no estrangeiro representam cerca de dois por cento das exportações totais e significam um saldo de 670 milhões de euros na balança comercial. Portugal é também o terceiro maior importador mundial de cortiça natural, que é exportada posteriormente sob a forma de produtos de consumo final. Em 2011, as importações atingiram 135 milhões de euros e 63 mil toneladas.

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Cortiça exporta mais, mas paga menos ao produtor Na primeira década do século XXI o preço médio da cortiça pago ao produtor desceu cerca de 50 por cento. Em 2011 assistiu-se a uma ligeira recuperação, mas os dados disponíveis da atual campanha apontam para uma nova queda. Texto Aníbal Fernandes

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preço médio da cortiça pago pela indústria ao produtor está a registar, na campanha de 2012, uma queda de 10 por cento, quando comparado com os valores de 2011, soube o “Diário do Alentejo” junto de associações do setor. Após uma queda significativa do preço nos primeiros cinco anos do século, o preço da cortiça arrecadado pelos produtores manteve-se estável na segunda metade da década. Em 2011 assistiu-se a uma recuperação de cerca cinco por cento, mas o valor agora praticado mostra um recuo de 10 por cento face ao último ano. Para os produtores, “a concentração da procura”, com menos players no mercado, é uma das razões que explica a perda de valor da cortiça já que, de 2010 para 2011, se verificou um aumento de sete por cento na quantidade exportada, com uma subida de 6,9 por cento em termos de valor. Segundo os produtores, o limiar da rentabilidade situa-se nos 25 euros por arroba, numa exploração de 200 hectares com uma produção de 10 mil arrobas, mas “há muitos produtores que já estão a baixo destes números”. A consequência, a prazo, é um “quadro de abandono” com os produtores a transformarem-se em “coletores”, descurando, por falta de meios, a manutenção da qualidade do montado. Para inverter esta situação os produtores

reclamam medidas em três áreas: na comercial, aspiram a que a fileira da cortiça seja “mais concertada na partilha do valor”; da legislativa exigem uma “atitude pela positiva”, que possa passar, por exemplo, por “incentivos fiscais e apoios ao investimento”; e na área económica esperam que a Reforma da Política Agrícola Comum, agora em discussão, traga uma “convergência de preços a toda a europa”, o que consta do último relatório apresentado pelo deputado Capoulas Santos, um dos relatores europeus da matéria. Dez anos de queda Segundo dados dis-

ponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), as vendas da cortiça na produção eram, em 2000, de 351 milhões de euros, mas 10 anos depois este valor tinha descido para 223 milhões de euros. O INE explica a situação com “o estado de envelhecimento de alguns montados e à diminuição dos preços pagos ao produtor”. No entanto, com a reentrada do produto nos mercados internacionais – nas rolhas, mas também em materiais para a construção e para a moda –, assistiu-se em 2010 a um aumento, quer no volume, quer no valor, de quatro e 6,1 por cento, respetivamente. Outro dado adiantado pelo INE diz respeito ao peso relativo da cortiça na produção silvícola nacional, que passou de 50 por cento, no início da década passada, para apenas 30 por cento, ao contrário do que se passou com, por exemplo, a madeira para triturar, que passou de 20 por cento para o dobro, no mesmo período. Há ainda a ter em conta que nestes 10 anos os custos de produção (energia, máquinas, limpeza) aumentaram, sendo agora de 27,7 por cento do valor da produção, contra 20,6 por cento anteriormente.


Beja recebe 1.º Acampamento Regional de Escoteiros A região Sul da AEP – Escoteiros de Portugal promove entre hoje, sexta-feira, e dia 31, no Perímetro Florestal da Cabeça Gorda e Salvada, o ARSul 2012 – 1.º Acampamento Regional Sul. De acordo com os responsáveis, o evento, que é realizado no âmbito das comemorações dos 100 anos do escotismo

português, contará com a presença de cerca de 300 escoteiros dos distritos de Beja e Faro e ainda com a participação de alguns escoteiros convidados do norte e centro do País. Em cinco dias “de atividades e aventuras”, os escoteiros “irão enfrentar provas de orientação e caminhada, travessias aquáticas, artes tradicionais, sobrevivência, experiências científicas e conhecimento nacional,

Contestação avança a partir de 7 de agosto

O

s trabalhadores da mina de Neves Corvo, em Castro Verde, vão estar em greve ao trabalhado extraordinário a partir de 7 de agosto para contestar a aplicação das alterações do Código do Trabalho, segundo o pré-aviso de greve. Os trabalhadores da Somincor – Sociedade Mineira de Neves-Corvo avançaram para a greve “em defesa dos seus direitos, manutenção do descanso compensatório e das percentagens atuais de acréscimos no trabalho suplementar”, lê-se no pré-aviso de greve do Sindicato dos Trabalhadores

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JOSÉ FERROLHO

Greve ao trabalho extra em Neves-Corvo

da Indústria Mineira (STIM), entregue na terça-feira. A greve vai traduzir-se na “não

realização de trabalho suplementar em todas as situações possíveis, nomeadamente prolongamento ou antecipação do horário, feriado, folga, descanso obrigatório”, até que seja alcançado um acordo que evite o protesto. A manutenção do descanso compensatório resultante do trabalho suplementar e das percentagens atuais de acréscimo no trabalho suplementar são os objetivos do protesto. A Somincor é a concessionária das minas de Neves-Corvo e é detida pela companhia suecocanadiana Lundin Minning.

09 Diário do Alentejo 27 julho 2012

No âmbito das comemorações do 60.º aniversário da Força Aérea Portuguesa, a Base Aérea N.º 11, em Beja, abre portas à população no próximo domingo, dia 29, entre as 10 e as 16 horas. Os visitantes poderão assistir a demonstrações cinotécnicas e de capacidades operacionais, visitar a exposição estática das aeronaves ao serviço da Força Aérea, a Torre de Controlo e a Secção de Assistência e Socorro, assim como pilotar o simulador da aeronave Alpha-JET e realizar batismos em viaturas táticas militares.

JOÃO ESPINHO

Dia aberto na Base de Beja nas comemorações do 60.º aniversário da Força Aérea

estando ainda reservado um dia para atividades conjuntas com jovens das freguesias de Cabeça Gorda e Salvada”. O encontro culminará num concerto de música ao vivo com os Xeque-Mate no Parque da Cidade, no dia 30, pelas 21 horas, aberto gratuitamente a toda a população. O acampamento tem o apoio logístico da Câmara de Beja e da Junta de Freguesia de Cabeça Gorda.

Anacom vai testar sinal de TDT em Moura A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) vai fazer novos testes ao sinal de Televisão Digital Terrestre (TDT) no concelho de Moura e pedir à PT para reforçar as condições técnicas de receção. A intervenção da Anacom, decidida numa reunião entre o vice-presidente da instituição e um vereador da Câmara de Moura, surge a pedido do município e após “muitas” queixas de habitantes do concelho “insatisfeitos com a má receção” de TDT. Segundo o município, as pessoas, sobretudo em Moura e nas freguesias rurais de Amareleja e Sobral da Adiça, queixam-se de “frequentes falhas” no sinal de TDT, “mesmo depois de terem gastado dinheiro em descodificadores e antenas”. A Câmara de Moura está a fazer um inquérito junto da população do concelho para saber em que zonas persistem problemas de receção de TDT e os resultados apurados serão comunicados à Anacom e à PT, empresa à qual o município já pediu uma reunião com “caráter de urgência”.

Dádivas para o banco de mobiliário de Mértola A Câmara de Mértola apelou a empresas e particulares para doarem bens que já não precisam ao banco de mobiliário, eletrodomésticos e outros equipamentos de uso doméstico do concelho, que precisa de dádivas. Segundo a autarquia, os pedidos esgotam os produtos recolhidos pelo banco “Não precisas tu, preciso eu!”, que “depende da ajuda de todos” e é uma “mais-valia” para as famílias carenciadas do concelho.


Fecham 239 escolas no País, 10 das quais no Alentejo

Diário do Alentejo 27 julho 2012

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No total do País vão encerrar 239 escolas, 10 das quais nos três distritos do Alentejo. A decisão foi anunciada pelo Ministério da Educação no início da semana, através de um comunicado onde se referia que “em todos os casos estes encerramentos decorrem em articulação com as respetivas autarquias, atendendo à melhoria da qualidade do ensino”,

Diferente é a posição da Câmara de Almodôvar A vereadora Sílvia Batista está “satisfeita” com a forma como decorreu todo o processo de encerramento da escola de Semblana. “Foi tudo feito de comum acordo, e em conjunto com a DREA, tendo sempre como primeiro fator o interesse dos alunos”, diz ao “Diário do Alentejo” a autrarca. E sublinha: “Se esta escola funcionasse no próximo ano letivo ficaria com apenas quatro alunos, com tudo o que isso tem de inconvenientes pedagógicos, a frequentarem os 3.º e 4.º anos, ou seja, dentro em breve teriam que ir estudar para

e que os professores dessas escolas serão “enquadrados nos seus grupos disciplinares e poderão contar com o apoio de outros docentes”. Com este anúncio, o número de escolas do primeiro ciclo encerradas desde o ano letivo 2005/2006 sobe para 3 720. No próximo ano estarão em funcionamento 2 330 escolas a lecionar até ao quarto ano de escolaridade. CJ

a vila de Almôdovar e para uma escola grande, a que não estariam habituados”. Estes alunos vão para escola mais próxima, no Rosário, “que fica a 10 minutos e têm tudo assegurado, desde os transportes à alimentação, que são da responsabilidade da câmara”, afirma a vereadora, revelando que “houve outra escola no concelho que esteve em risco de fechar e a que a câmara se opôs, que foi a de Telhada, já na zona da serra, com 12 alunos, mas que fica distante de qualquer outra escola. Por isso, a câmara opôs-se ao seu encerramento e houve também aqui acordo com a DREA”. CJ

Apenas Almodôvar não protesta

Câmaras de Beja contra fecho de escolas

N

o próximo ano letivo cinco escolas básicas do distrito de Beja já não vão abrir. As escolas a encerrar são as de Semblana (Amodôvar), Jungeiros (Aljustrel), Pereiras-Gare e Amoreiras-Gare (Odemira) e Panoias (Ourique). Dos quatro municípios afetados, apenas o de Almodôvar (PSD) diz que foi tudo feito “de comum acordo e em conjunto com a Direção Regional de Educação do Alentejo”. Os autarcas de Ourique, Aljustrel e Odemira (todos do PS) contestam o encerramento de escolas nos seus concelhos e dizem que até agora só sabem da decisão “através da comunicação social”. O presidente da Câmara de Ourique, Pedro do Carmo, diz não compreender que o Governo queira encerrar a escola EB1 de Panoias. “No conjunto, com o jardim de infância, andam ali PUB

cerca 20 miúdos, e até hoje não sabemos para onde é que o Ministério da Educação os quer levar. O Centro Escolar de Ourique ainda não está pronto e a escola de Garvão não tem condições para os miúdos que lá andam, quanto mais para acolher os de Panoias”. Em declarações ao “Diário do Alentejo”, o autarca revela que “há algum tempo” a Direção Regional de Educação do Alentejo (DREA) comunicou à Câmara de Ourique a “intenção de o ministério encerrar a escola e nós respondemos, por escrito, que não estávamos de acordo”. Neste momento “não fomos informados de nada e estou em crer que esta decisão vai ser anulada porque não faz qualquer sentido”, refere Pedro do Carmo que, no final do dia de quarta-feira, endereçou uma carta à DREA

contestando o encerramento da escola de Panoias. Idêntica posição tem a Câmara de Aljustrel. Em comunicado subscrito pelo seu presidente, Nelson Brito, a autarquia “por princípio, discorda” da decisão do Governo em encerrar a escola de Jungeiros, “repudiando, igualmente, a opção do Ministério da Educação e Ciência de comunicar esta resolução através dos jornais, o que coloca em causa as mais elementares regras de civilidade e relacionamento entre instituições que assumem, ambas, competências ao nível da educação”. O comunicado do presidente da Câmara de Aljustrel levanta ainda algumas questões. “Como irá este ministério, se não se dispõe a dialogar com a Câmara de Aljustrel, transportar os alunos de Jungeiros para Montes Velhos

no próximo ano letivo? Quem pagará estas despesas? Quem explicará às famílias em causa como devem proceder no início do ano letivo? Qual é o papel da câmara e da junta de freguesia neste processo?”, pergunta a autarquia, que convocou os encarregados de educação dos alunos da EB1 de Jungeiros para uma reunião na tarde de quarta-feira, em cima da hora de fecho desta edição do “Diário do Alentejo”. Também contra a decisão de encerrar duas escolas no concelho está a Câmara de Odemira. Até à hora de fecho desta edição, o “Diário do Alentejo” aguardou o contacto com o vereador do pelouro, Hélder Guerreiro. Tal não foi possível. Mas, antes, o presidente da autarquia já tinha manifestado junto da comunicação social o seu descontentamento. Carlos Júlio


Diário do Alentejo 27 julho 2012

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AS CURIOSIDADES DE UMA LONGA VIDA O pai era sargento da GNR, a mãe doméstica. Teve aulas de música em Mina de São Domingos. É asmático mas não dispensa os cigarros Dunhill. É alérgico aos ovos e assético. Não passa sem um banho de emersão diário. Aos 16 anos já vendia mobílias a prestações. E pouco depois rolhas de cortiça para as farmácias. O pai da esposa, já falecida, não compareceu ao casamento. Foi testemunha abonatória no primeiro julgamento político de João Honrado que, aliás, foi seu vendedor. Deteve um grupo de trabalhadores seus que, no 25 de Abril, quis tomar de assalto a BA 11. Começou a ganhar dinheiro na “guerra” dos tratores. Conheceu Raymond Firestone, o magnata dos pneus. Fez um cruzeiro com o pai do atual rei de Espanha. Prefere a fórmula 1 ao futebol. Quis comprar o “Diário do Alentejo” mas criou o seu próprio jornal. O sonho da sua vida foi ser agricultor. Concretizou-o há meia dúzia de anos.

Leonel Cameirinha é uma figura incontornável do século XX alentejano. Nascido há 86 anos de famílias humildes, erigiu um verdadeiro império empresarial que, nos melhores tempos, chegou a dar emprego a mais de 350 pessoas. O empresário diz ao “Diário do Alentejo” que ainda lhe restam forças para criar um lar para crianças, em Beja, e que o seu principal desgosto foi não ter conseguido implementar uma escola de artes e ofícios na sua cidade. Texto Paulo Barriga Foto José Ferrolho

Biografia de Leonel Cameirinha apresentada ontem, em Beja

O comendador que começou do nada Qual a necessidade de publicar uma biografia nesta altura da sua vida?

Penso que é o momento mais certo para apresentar a biografia. Primeiro, porque tenho 86 mil quilómetros, o que é difícil muitas pessoas alcançarem. Depois, em abril último, fiz 60 anos de vida empresarial. Por estes dois motivos, e após várias pessoas me falarem no assunto, pensei que não era descabido fazer a minha biografia. Muitos amigos acham piada a algumas conversas. Há muita coisa que lá não coloquei para não me chamarem vaidoso. Outras que também exclui, por este ou aquele motivo. Mas penso que dá uma ideia do que foi e continua a ser a minha vida empresarial, que foi muito rica em vários aspetos. Ganhei durante a minha vida muito dinheiro e estou agradecido à população que me ajudou. O livro está bem escrito… o António José Brito deu um bom jeito àquilo.

exemplo, há 30 anos fui falar com a dona Carolina Almodôvar e disse-lhe que gostava de fazer em Beja uma escola de artes e de ofícios. Tinha o apoio do Espírito Santo e necessitava de uns celeiros que eram propriedade da D. Lina. Fui propor isto ao governador civil. Que me recebeu tão mal que não queira saber. Não digo quem era. Há coisas que uma pessoa não pode fazer sozinha. E fazer uma coisa dessa dimensão sem o Estado estar relativamente por detrás também não se podia fazer. Era uma coisa boa para a cidade. Em tempos também quis fazer uma fábrica para galvanizar ferro. Em Beja não havia nada disso. Em setúbal havia uma coisa pequena. Ia-se a Sevilha tratar as peças maiores. Aqui era fácil montar uma coisa daquelas, bastava um engenheiro bom. Não consegui arranjar sócios para isso. Qual foi a sua maior realização?

O que gostaria de ter feito ao longo da sua vida que não teve oportunidade de concretizar?

Foram várias coisas que não consegui… Há uma que ainda pode ser que para aí se dê um jeito, mas não vou dizer. Isto é tudo uma questão de dinheiro. Se a pessoa tem dinheiro, pode fazer filantropia, pode fazer tudo. Se não tem, só faz conversa. Mas há alguma coisa muito importante que tenha ficado para trás?

Não sabia como acabava a minha vida. E ainda não sei. Tenho coisas minhas que penso vender que vão dar dinheiro… e ainda está na minha ideia fazer um lar para crianças. Bem feito. Outras não consegui fazer de todo. Por

Foi ter dado a dimensão que dei ao meu negócio. Cheguei a dar emprego a mais de 350 pessoas. Espalhadas por Beja, Évora, Grândola, Santiago do Cacém, Odemira. Dei trabalho de construção civil, com as obras que fiz, a milhares de pessoas. Numa empresa sediada no sul, ter 350 empregados já não é brincadeira. Iniciei a minha atividade em 1952 e logo no ano seguinte apareceram os tratores a diesel, que vieram substituir os tratores de petróleo. Foi uma boa oportunidade e eu entrei na “guerra” dos tratores. O biógrafo fala no livro da questão da ambição. Eu não era propriamente ambicioso. A minha grande ambição era ser o melhor naquilo em que me metia e até tinha inveja daqueles tipos de Lisboa, vendedores, que apareciam nesse tempo, muito bem

vestidos, com abotoadores de punho em ouro. Esses tipos, que foram os primeiros vendedores de tratores e de máquinas agrícolas, eram fidalgos que tiveram que trabalhar por qualquer motivo. E como tinham os amigos ricos metidos nos negócios das máquinas, andavam nisso. Tinha inveja desses gajos e os lavradores é que se aproximavam deles. Foi por isso que fui para Lisboa, para aprender com aquela gente. Havia muito mais diferença de Beja para Lisboa do que aquela que hoje existe. Fui, talvez, dos maiores vendedores de automóveis do País. Sempre gostou da sua cidade e sempre nela investiu. O que lhe parece a sua cidade hoje?

A cidade continua a ser bonita. Eu não posso perder o castelo de vista. Tenho-o em todos os meus papéis. As pessoas são boas, são agradáveis. A criminalidade aqui praticamente não existe. É uma cidade engraçada e boa para viver. Não tem é indústria nenhuma, o que é uma pena. Desde o tempo da Metalúrgica Alentejana, apenas agora surgiu uma empresa a fazer coisas de grande dimensão em Beja, no caso o engenheiro João Paulo Ramôa, que está a fazer aquelas tubagens gigantescas para a água do Alqueva. É a única coisa boa que temos aí. De resto, já não há nada. O Carlos Roeder ensinou o ofício a muitos milhares de rapazinhos que necessitavam de aprender e trabalhar. E não tem uma rua em Beja. Carlos Roeder, engenheiro alemão que veio para cá fundar a Metalúrgica, e que chegou a ser dos maiores empresários do País. Tinha uma armação de pesca e reparação de navios em Aveiro, tinha venda de equipamentos e motores em Lisboa e tinha a distribuição da energia elétrica a partir de

Olhão. Certo é que hoje, isto está um bocadinho falho de empresas que deem trabalho a muita gente. E isso é grave. Como encara o futuro do País?

Com muita apreensão. Como deve calcular, não sou economista, mas a apreciação que lhe posso fazer é esta: sem dinheiro a circular o país não sai desta cêpa torta em que está metido. A banca não empresta dinheiro, está muito fechada. O que é um facto é que a nível do País há dificuldades tremendas por falta de circulação de dinheiro. Já disse isso pessoalmente a membros do Governo. E obteve resposta?

Têm lá as políticas deles. Eles é que sabem. Eles é que são os donos da bola. Mas nunca se viu país nenhum em recessão que dela saia sem colocar dinheiro a circular. E isso aqui não acontece. Em tempos quis comprar o “Diário do Alentejo”…

Isso foi há muitos anos. Eu até tinha lá uma cota de 60 contos. Mas depois afastei-me quando chegaram os municípios. Tive um jornal. As cidades só são cidades se tiverem um ou dois jornais bons, bombeiros, associações musicais, culturais, desportivas. O “Diário do Alentejo” sempre fez muita falta à cidade. E eu precisava de um jornal para fazer a minha publicidade. Tanto que fiz um, quando não havia nenhum outro. Tive sempre o cuidado de criar coisas que faziam falta à cidade. Essa do jornal foi apenas uma. O cinema foi outra. Fui apenas duas vezes ao cinema, não fiz um cinema para mim. Enfim… sempre procurei melhorar a minha cidade.


Ver, ouvir e ler o cante

N

o novo espaço, ficará disponível um auditório com capacidade para 40 lugares sentados, destinado a uma programação que assentará “no diálogo entre público e detentores do cante alentejano, assim como entre este e outras formas corais, portuguesas e estrangeiras”. É também aqui que o visitante pode aceder a conteúdos multimédia, sendo-lhe dada a oportunidade de participar no processo de construção da “memória do cante”, depositando o seu próprio testemunho. Nas paredes do auditório, que se apresentam sob a forma de Memorial do Cante, podem ler-se, por exemplo, os primeiros testemunhos etnográficos respeitantes a esta tradição musical. Na revista “A Tradição”, publicada em Serpa, escrevia Manuel Dias Nunes o seguinte, num excerto com data de 1902. “Os grupos de cantadores atingem às vezes enormes proporções. Assim ocorre, geralmente, por ocasião das festas religiosas (…) e também pelo apanho da azeitona, quando se realiza alguma diafa. E chega a ser deveras imponente a perspectiva de tão lindas procissões seculares, compostas de homens e mulheres, em pêle-mêle, todos vestidos com os seus garridos trajos campesinos, e a cantarem em coro, alegremente, numa prodigiosa afinação e harmonia, como

se porventura obedecessem aos mais rigorosos preceitos da arte musical!”. A Casa do Cante tem com promotor a Câmara Municipal de Serpa que, a pensar na dinamização do projeto, já realizou protocolos de cooperação com a Direção Regional de Cultura do Alentejo, Confraria do Cante, Biblioteca Nacional e Universidade Nova de Lisboa, entre outras entidades. A requalificação do edifício, situado na rua dos Cavalos, bem no coração da cidade, teve um custo total de cerca de 640 mil euros, montante que foi cofinanciado no âmbito do programa Inalentejo. Além de um centro de documentação onde se pode aceder a toda informação sobre o cante alentejano, assim como a bibliografia, em diferentes suportes, sobre a polifonia tradicional em Portugal, no Mediterrâneo e no mundo, o novo equipamento dispõe de uma galeria de exposições temporárias, que acolherá ciclos anuais dedicados à temática do cante, procurando-se “a construção de um diálogo entre as fine arts, documentação visual e objetos” associados. A mostra inaugural é do fotógrafo Augusto Brázio, também autor dos registos fotográficos que sustentarão a candidatura do cante a Património Cultural Imaterial da Humanidade. CF

CÂMARA MUNICIPAL DE SERPA

Diário do Alentejo 27 julho 2012

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António Almeida Ribeiro Embaixador da Unesco em Portugal

Casa do Cante é “fundamental” para sustentar a candidatura à Unesco A Comissão Nacional da Unesco decidiu-se pelo adiamento para 2013 da entrega da candidatura do cante a Património Cultural Imaterial da Humanidade, “para que seja aprovado e não apenas candidato”. Que garantias podem ser dadas nesse sentido?

Novo equipamento abriu portas em Serpa, no último sábado

Uma casa para o cante e para “os que o defendem” Com a inauguração da Casa do Cante, no último sábado, 21, Serpa “fechou um ciclo” no âmbito de uma estratégia de desenvolvimento local assente na cultura. Para o cante, abre-se um novo capítulo, o da criação e implementação do respetivo Plano de Salvaguarda, responsabilidade que surge no âmbito da candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade. Uma pretensão que o embaixador da Unesco em Portugal veio apoiar de viva voz como causa nacional. Texto Carla Ferreira

“P

ovo que canta não morrerá”. A frase, do etnomusicólogo corso Michel Giacometti, que calcorreou Portugal em busca das suas tradições musicais, é a divisa com que se apresenta ao visitante a Casa do Cante, inaugurada no sábado, 21, em Serpa. O equipamento abriu portas num edifício requalificado em pleno centro histórico, dotado de centro de documentação, galeria de exposições temporárias, auditório, cafetaria e loja. Para a Câmara de Serpa, promotora da obra, é o “fechar de um ciclo”, no âmbito de uma estratégia de desenvolvimento local assente na cultura, e na música em particular, que vem sendo implementada desde a década de 90.

“Para o cante”, enquanto património cultural imaterial, e “para todas as pessoas que estão com ele e que o defendem”, será o arranque de um novo capítulo na respetiva missão de salvaguarda em curso, sublinhou João Rocha, presidente da autarquia. Numa cerimónia de inauguração em que estiveram representados os promotores da candidatura do cante a Património Cultural Imaterial da Humanidade – Confraria do Cante, Casa do Alentejo e associação MODA – foi sentida como especialmente simbólica a presença do embaixador da Unesco em Portugal. António Almeida Ribeiro aproveitou a ocasião para exprimir o seu “apoio” ao projeto, que, sendo “tão caro aos alentejanos”, não deixa de ser um “projeto de Portugal”. “Esperamos muito que esteja suficientemente avançada para ser apresentada à Unesco em 2013”, desejou o diplomata, sublinhando o carácter “nacional” de uma candidatura que considera “muito honrosa” e em cujo processo a Casa do Cante, agora aberta, “é um passo fundamental” (ver caixa). Configurando uma “boa prática” na área da preservação e dinamização do património cultural imaterial e “um exemplo a seguir por outras autarquias e organismos”, o novo equipamento, adiantou responsável, encontra-se em “perfeita sintonia” com os princípios defendidos pela Unesco, mais concretamente na Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural

Imaterial, ratificada por Portugal em 2008. Na ocasião foi também apresentado um excerto do documentário “Alentejo, Alentejo”, que o realizador Sérgio Tréfaut está a preparar sobre o cante alentejano. Um filme que dá conta de uma manifestação cultural que ainda persiste bem viva no quotidiano, e cujo carácter espontâneo e identitário não se perdeu com os grupos corais organizados, a partir do início do século XX. O ponto lança a estrofe, o alto inicia a moda, depois entra o coro, retumbante. É assim até hoje, à volta de um copo de tinto, na taberna, ou numa atuação pública, de traje a rigor. Onde quer que vivam comunidades de alentejanos. E é a essa realidade que a Casa do Cante quer estar aberta. “Este vai ser um espaço destinado à salvaguarda do cante alentejano e das polifonias tradicionais. Queremos que seja efetivamente um espaço em que os grupos se possam rever”, considerou o presidente da Câmara de Serpa. Com o centro Musibéria inaugurado em 2011 e dotado “dos melhores estúdios de gravação que o País tem”, os grupos corais poderão também ir a Serpa “gravar sem custos”. Uma contribuição preciosa atendendo ao carácter “voluntário” dos grupos corais no ativo, lembrou ainda João Rocha, para quem o novo espaço é “uma homenagem àqueles que acreditam em projetos inovadores e que é possível desenvolver o País também através da cultura”.

Eu penso que, justamente, a inauguração da Casa do Cante hoje é um passo fundamental no processo de candidatura. Penso que há uma grande vontade por parte dos promotores da candidatura, e por parte do município de Serpa, em reforçarem a sustentabilidade do processo. E eu espero muito, conto muito e acredito que, para o ano, esteja tudo em condições e que a respetiva comissão científica dê um parecer unânime a favor da candidatura. Por parte da Comissão Nacional da Unesco temos todo o gosto e todo o empenho em apoiar esta candidatura, que me parece muito interessante e que me parece que é de facto uma candidatura que diz respeito a uma coisa única no mundo e tão especial para o Alentejo e para Portugal. Não podemos dar qualquer tipo de garantias porque tudo depende das instâncias da Unesco. Nós apenas podemos dar garantias quanto à solidez do projeto que iremos apresentar à Unesco. A Unesco depois apreciará os méritos da candidatura, mas estamos convencidos de que, se for uma candidatura bem sustentada, será certamente reconhecida. E que apreciação faz daquilo que lhe foi dado a conhecer até ao momento?

Parece-me que estão a fazer grandes progressos e, mais uma vez digo, a inauguração hoje da Casa do Cante é um dos passos que me parecem fundamentais para a sustentação e para a solidez da candidatura. E por isso está aqui hoje?

E por isso estou aqui hoje. Até para expressar o meu apoio e o meu desejo de continuar a ser um apoiante desta candidatura, o que faço com muito gosto. Acho que é uma candidatura boa para o Alentejo e boa para Portugal. A partir do momento em que uma candidatura é apresentada à Unesco, mesmo que parta apenas de um município ou de uma região, Portugal assume nessa altura a candidatura como sendo nacional. A partir do momento em que nós entregarmos à Unesco a candidatura do cante, ela será uma candidatura de Portugal. Será sempre uma candidatura portuguesa a uma instância da Unesco. CF


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Nessa altura não era muito vulgar um indivíduo da minha condição viajar pelo estrangeiro. Ao contrário do que hoje sucede, as viagens não eram baratas e o português médio não tinha um espírito muito aventureiro”.

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Perfil O

Domingos Montemor A sua família foi das primeiras a mudar-se do Baixo Alentejo para a Grande Lisboa

Domingos Montemor: em nome da identidade alentejana

O licenciado em memórias e “trapologia” Domingos Montemor é um dos muitos alentejanos que na década de 50 se fixaram na Grande Lisboa. Contudo, nem as contingências da vida, nem as muitas partes por onde andou, lhe fizeram esquecer as origens. Antigo dirigente da Casa do Alentejo e doutras associações regionalistas, foi distinguido em 2010 pelo seu contributo para a valorização da memória e identidade alentejanas. Texto Alberto Franco

s 74 anos que o bilhete de identidade lhe atribui são desmentidos por uma vitalidade incomum. Domingos Montemor é uma figura inquieta, que se desdobra entre o associativismo, a fotografia e os apontamentos memorialísticos em que recorda a sua infância na vila de Amareleja, a migração para a cidade e as viagens que efetuou pelos quatro cantos do mundo. Autodidata, diz-se “licenciado em ‘trapologia’”, porque trabalhou muitos anos em lojas de roupa. Porém, até se especializar na “ciência” dos trapos e disso fazer a sua profissão, percorreu um longo e caminho. “A minha família – pai, mãe e 10 filhosfoi das primeiras a mudar-se de armas e bagagens do Baixo Alentejo para a Grande Lisboa, no ano de 1950”, conta Domingos Montemor. “O meu pai, Agostinho Canhoto, era soldado da GNR, tinha um vencimento reduzido e a família era numerosa”, justifica. O irmão mais velho abriu caminho. “Conseguiu trabalho no Barreiro, e ali esteve durante uns tempos. Quando teve condições, fretou uma camioneta para nos ir buscar a Amareleja e assim começámos uma nova vida na margem sul do Tejo.” Término da linha férrea do Sul e Sueste, grande centro industrial, o Barreiro e as suas promessas de emprego em indústrias como a CUF, atraíram milhares de alentejanos nas décadas de 50 e 60 do século passado. À semelhança de outras, a família Montemor radicou-se na localidade que, em 1930, um jornal considerava “um Brasil em miniatura”. Os filhos fizeram-se à vida. Domingos começou a trabalhar aos 12 anos numa padaria, cabendo-lhe a entrega do pão no domicílio dos clientes. “Após a primeira cozedura, às 7 horas da manhã, pegava no cesto e lá ia entregar o pão fresco a casa dos fregueses”, recorda. À tarde fazia pequenos serviços numa pastelaria, que, pormenor importante em tempos de escassez, lhe dava de almoçar… “Depois disso fiz muitas outras coisas: o, petróandei pelas ruas a vender carvão, leo e bolas de cisco, vendi peixe e trabalhei numa drogaria”, assinala. O seu enomo tretenimento era o futebol. E como retinha jeito para dominar a ‘redondinha’, um dia dirigiu-se ao rcampo do Barreirense para participar num treino de captaçãoo ade jogadores. “Agradei ao treinaeu dor, mas, como era menor, o meu upai tinha de assinar um docuomento em que me autorizava a josegar futebol. Como ninguém conseira’ guiu convencê-lo, a minha ‘carreira’ erdi de futebolista frustrou-se e perdi a oportunidade de jogar ao ladoo de es do José Augusto e de outros craques Barreiro dessa época”. ingos Um pouco mais velho, Domingos mprefoi trabalhar para Lisboa, emprearia gando-se na secção de retrosaria ns. dos armazéns Eduardo Martins. ste “Aprendi alguma coisa neste

trabalho, mas a pressão da administração sobre os empregados era de tal ordem que não estive por lá muito tempo. Entre outras humilhações, os empregados eram revistados antes de saírem, para não levarem nada consigo… Felizmente, não demorei muito a conseguir outros trabalhos no ramo do vestuário, que é o que sempre me agradou mais. Por isso digo que nos balcões das lojas por onde passei me licenciei em ‘trapologia’- a ‘ciência’ dos trapos”. Com alguns tostões no bolso, Domingos Montemor começa a realizar um sonho antigo: viajar. “Comprei uma scooter de marca Heinkel e fiz-me à estrada. Comecei por conhecer algumas cidades espanholas e fiz o percurso Lisboa/Madrid/S. Sebastián/ /Santander/La Coruña/Figueira da Foz/ /Lisboa”. No final do périplo, o viajante e a sua Heinkel somavam muitos quilómetros e uma multa... “Quando estava em S. Sebastián dei um salto à cidade francesa de Biarritz. Por falta de capacete, fui multado por um polícia francês”. Voltou a Espanha no ano seguinte, desta vez para conhecer o sul do país. Nos anos 70 viajou muito mais. “Nessa altura não era muito vulgar um indivíduo da minha condição viajar pelo estrangeiro. Ao contrário do que hoje sucede, as viagens não eram baratas e o português médio não tinha um espírito muito aventureiro”. Entre 1970 e 1977, Domingos Montemor peregrina por França, Itália, Alemanha, Inglaterra, União Soviética, EUA, Jugoslávia e Roménia. Do muito que viu, o que mais o impressionou foi a cidade russa de S. Petersburgo e os seus monumentos. “Emocionei-me especialmente com o cemitério onde estão sepultados 50 mil russos, vítimas da II Guerra Mundial, mas também com a Fortaleza de Pedro e Paulo, o Palácio de Inverno, etc.”. O casamento e o nascimento de um filho vêm limitar os movimentos do globetrotter alentejano. No final dos anos 80, Domingos Montemor centra-se no associativismo regional e entre 1991 e 1993 integra a direção da Casa do Alentejo. Orgulha-se de ter representado a associação em eventos culturais na região transtagana e na zona da Grande Lisboa e colaborado na organização das semanas concelhias do Alentejo na capital. Ainda no campo associativo, foi um dos fundadores do Centro de Estudos Documentais do Alentejo que, em 2010, o distinguiu pelo seu contributo para a valorização da memória e identidade alentejanas. A título individual, Domingos Montemor foi um dos obreiros do Centro Social de Amareleja, concebeu e apresentou exposições documentais sobre a sua terra e sobre Barrancos e colaborou em pesquisas para livros de temática regional.


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Não faz sentido que eu, estando reformado, ganhe um valor de reforma que corresponde a dois ou três ordenados dos meus dois filhos. Não faz sentido! Agostinho Moleiro à revista “30 Dias”, verão de 2012

Opinião

Lembrança de Miguel Serrano Viriato Teles Jornalista

Por opção do autor, este texto não segue o novo acordo ortográfico.

Foi ontem apresentada ao público, no Hotel Melius, o primeiro hotel que Beja teve, a biografia do seu próprio fundador: Leonel António CAMEIRINHA. Um empresário e cidadão bejense que ficará para sempre ligado ao empreendedorismo e aos investimentos nesta nossa região tão carenciada nas ideias e nas causas que criam emprego e desenvolvimento. Aos 86 anos, Cameirinha está de parabéns. E a sua cidade e a sua região também estão. PB

E, se me perguntar se eu fiquei triste por acabar o cargo de governador civil, digo-lhe que não fiquei. É uma evidência que na nossa administração temos muita, muita gente a mais. Agostinho Moleiro à revista “30 Dias”, verão de 2012

É preciso motivar as pessoas

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ada um de nós devia ter direito aos seus mestres. E devia lembrar-se deles a cada dia, não num mero exercício de saudade, mas porque assim os conseguimos manter por perto e de algum modo continuar a usufruir do privilégio que foi tê-los conhecido. Eu tive direito aos meus mestres, grandes mestres com quem aprendi o mais importante do meu ofício e da vida. Alguns, poucos, ainda estão vivos e activos, a maioria infelizmente já não, marca inexorável da minha própria antiguidade. Por pudor, não vou enumerá-los a todos, ficar-me-ei pela lembrança grata de um deles, desaparecido está agora a fazer seis anos, e que teria cumprido 90 em Maio pretérito. Chamava-se Miguel Serrano e nasceu em Moura, como bem sabem os meus leitores deste Alentejo de que ele nunca se afastou. Esteve ligado a este (hoje) semanário em que escrevo e a mais uma mão cheia de projectos jornalísticos locais, fez-se nome respeitado na grande Imprensa nacional, onde trabalhou durante mais de 30 anos. Na revista “Vida Rural”, que dirigiu, nas páginas da “Ocidente”, da “Vértice”, da “Seara Nova” ou da “Vida Mundial”, bem como nas páginas literárias dos jornais “Comércio do Porto”, “Jornal do Fundão”, “Notícias da Amadora”, “Jornal de Notícias” ou “Diário de Lisboa”. Mas sobretudo nas redacções do “República”, do “Diário de Notícias” e de “O Diário”, onde passou a maior parte do seu tempo de jornais. Conheci-o nesta última, embora os meus primeiros textos lhe tenham passado pelas mãos no tempo em que coordenava o suplemento “Juvenil” do “República”. Eu era pouco mais que um catraio arribado à grande cidade vindo de um lugar longe onde dificilmente se materializavam os sonhos. Ele era já então um cinquentenário iluminado pelo brilho de profunda humanidade que lhe acendia o olhar. Acamaradámos bem, apesar da diferença geracional. Ou talvez por causa dela. O Miguel – como todos lhe chamávamos, que nesse tempo não havia “doutores” nem “colegas” nas redacções – era um ágil praticante do rigor, da palavra certa, da importância da notícia. A grande cultura e o profundo sentido de companheirismo, que o levavam a encarar cada camarada como um amigo, eram características essenciais da sua personalidade. Um dia – uma noite, talvez, em dia de piquete – ganhei coragem e mostrei-lhe uns textinhos não jornalísticos que tinha escrito, espécie de poemas uns, palavreado avulso os outros. O Miguel leu tudo, anotou, e no fim disse-me o que achava. Alguns reparos formais, qualquer coisa do estilo “gosto de ti, miúdo” e um animador “continua a escrever que escreves bem”. Não sei se fiz bem, mas continuei a escrever. Com Miguel Serrano, meu mestre Miguel Serrano, aprendi muitas coisas. E sobretudo entendi a importância das qualidades humanas para o desempenho íntegro e integral do jornalismo. Como, afinal, de qualquer ofício. Porque pode sempre ser-se um bom profissional sem se ser boa pessoa. Pode, conheço alguns. Mas não é a mesma coisa.

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Francisco Marques Músico

o longo de toda a minha vida ativa sempre trabalhei com e para pessoas. Desde bem cedo, já na altura em que dirigia a filarmónica da nossa “velhinha” Capricho e era o monitor da sua escola de música, que o meu trabalho estava ligado à formação e condução de pessoas. Nessa altura a filarmónica chegou a ter mais de 50 elementos, que tinham idades que iam dos sete aos 70 anos, e nem sempre era fácil encontrar uma forma de levar todas aquelas pessoas a trabalharem com vista a alcançar um mesmo objetivo. Tinha os mais novos e adeptos de um reportório mais atual que gostavam mais de tocar música ligeira, outros mais conservadores que preferiam as majestosas sinfonias e aberturas; uns que achavam que a filarmónica devia tocar marchas, paso-dobles, fazer desfiles; e outros preferiam uma filarmónica para concertos. Enfim, havia uma diversidade de gostos e opiniões mas todos eles tinham uma coisa em comum: a motivação para trabalhar com vista a alcançar um único objetivo – fazer daquele grupo de pessoas uma filarmónica “a sério” que pudesse dignificar o nome da coletividade em que estava inserida e consequentemente o nome da cidade. Hoje porém, a situação é Ao longo destes muito diferente. A conjuntura anos, diversos socioeconómica em que vifatores têm vindo vemos tem causado um sena contribuir para timento oposto ao que relauma grande tava no parágrafo anterior.Ao desmotivação longo destes anos, diversos fatores têm vindo a contribuir geral que tem para uma grande desmotivadado origem a ção geral que tem dado origem diversas formas a diversas formas de manifesde manifestações: tações: greves, marchas por greves, marchas esta ou aquela causa, vigílias, por esta ou aquela etc. Mas o mais grave é que causa, vigílias, etc. este estado a que chegámos parece estar para ficar durante Mas o mais grave mais alguns anos. O conjunto é que este estado de medidas que têm vindo a a que chegámos ser tomadas pelas troikas que parece estar para por aí têm andado não me paficar durante mais rece ter tido o impacto que era esperado por todos os que nele alguns anos. acreditavam. Continuamos a ter os mesmos problemas e, na maior parte dos casos, estes são hoje mais complicados e geram situações mais complexas que muitas vezes nem sequer parecem ter uma solução. Como alguém disse uma vez, “comportamento gera

comportamento”. Então não estará na altura dessas troikas pensarem que para sairmos desta “crise” que estamos a viver é necessário acima de tudo motivar as pessoas? Não me parece que sejam medidas que levam a que cada vez mais as pessoas tenham que dar mais de si em troca de receberem cada vez menos, que podem alguma vez contribuir para invertermos o estado catastrófico e com o efeito de bola de neve em que vivemos nos dias de hoje. Se todos estivermos motivados, de certo que iremos trabalhar mais e juntos conseguiremos arranjar formas de ultrapassar esta situação e voltarmos a sentir vontade de viver neste belíssimo país chamado Portugal.

A planície alentejana… Domitília Diogo Soares Investigadora

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ada viagem que faço para o Alentejo significa para mim a alegria do regresso a casa. Sempre assim foi! Ainda na A2, quando a vegetação começa a mudar e surge um outdoor a anunciar “Alentejo”, penso: já estou em casa. Fui empurrada para fora do aconchego desta paisagem, onde se situava a minha casa, porque no final da década de 60, tal como hoje, o trabalho, apesar de escasso, era privilégio de alguns e inexistente para muitos outros. O grande desafio era tentar a sorte em Lisboa. Os poderes políticos de então fingiam ignorar tais circunstâncias, bem como um conjunto de fatores que convergiam no processo de criação e reprodução das desigualdades sociais e da pobreza. A assimetria na distribuição dos rendimentos e a pobreza, como uma situação de privação para alguns, resultante da insuficiência de recursos e da sua injusta redistribuição, causava um sentimento generalizado de desespero, e até mesmo de revolta, na maioria da população. Votadas ao abandono foram as múltiplas potencialidades das gentes e terras alentejanas, com consequências nefastas para toHá uma indomável dos. Hoje, porém, o futuro do vontade de Alentejo joga-se a vários níconciliar a tradição veis: regional, nacional e internacional, mas a vitalidade das e a inovação, jovens gerações é reveladora preservar a da força motriz capaz de aceriqueza das suas lerar o desenvolvimento da reidentidades, gião. Há uma indomável vonconstruir pontes tade de conciliar a tradição e a entre o passado, o inovação, preservar a riqueza presente e o futuro, das suas identidades, construir numa dinâmica que pontes entre o passado, o presente e o futuro, numa dinâse quer imparável mica que se quer imparável e de e de apelo a uma apelo a uma coesão regional que coesão regional permaneça viva e atuante… Por tudo isso, e muito mais, a planíque permaneça cie alentejana e as suas gentes, viva e atuante… com a sua beleza e serenidade ímpares, continuam a exercer sobre quem a visita, e particularmente sobre mim, um fascínio e uma magia singulares.


A Câmara Municipal de Beja decidiu unanimemente declarar a TAUROMAQUIA como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal. Muitos outros municípios do País já anteriormente o haviam feito. E, de facto, Beja acaba por estar no epicentro de um vasto conjunto de ganadarias e por ter uma forte tradição taurina. Mas com tantos e tão graves problemas que assistem ao município, parece-me que esta decisão, fraturante, é perfeitamente desnecessária nesta altura. PB

Hemingway em Havana, as luzes de Beja e a sovinice

Tirando um ou outro fogacho de ligeira intensidade, o distrito de Beja tem sido, de alguma forma, poupado à onda de INCÊNDIOS que devastam o País. Mas mesmo assim, os bombeiros da região, principalmente os de Beja, foram chamados e participaram ativamente no crime horrendo que dizimou a floresta em Tavira e São Brás de Alportel. Lá, onde se têm que retirar consequências. E que se levar à Justiça os incendiários. PB

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Penso que esse tipo de regionalização não é correto para o País. Devem ser descentralizados os serviços administrativos e haver responsabilidade local. Mas quanto ao resto, Portugal é pequeno para estar muito repartido e dividido. Agostinho Moleiro à revista “30 Dias”, verão de 2012

IDYLIO ROBERTO

Há 50 anos

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Diário do Alentejo 27 julho 2012

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á meio século, o “Diário do Alentejo” raramente publicava fotografias. Ilustrações em alguma publicidade (detergentes, automóveis, máquinas agrícolas), imagens de eventos oficiais na capital e retratos de personalidades estrangeiras constituíam as exceções. Na edição de 23 de julho de 1962, o jornal trazia na primeira página uma fotografia do escritor Ernest Hemingway sob o lacónico título “Imagens Internacionais” e com a seguinte legenda: “A herdade de Ernest Hemingway, La Vigia, perto de Havana, foi, no passado dia 21, data do 63.º aniversário natalício do famoso escritor de ‘Fiesta’, ‘As Neves do Kilimanjaro’ e ‘Quando os Sinos Dobram’, inaugurada como museu. Entretanto, muitos cubanos têm visitado uma exposição de fotografias e de obras na Biblioteca Nacional, em Havana, desde 6 de Julho, primeiro aniversário da morte do escritor.” A revolução socialista avançava então em Cuba, pelo que, à cautela – não fosse a notícia sobre o escritor norte-americano desaparecido interpretada como simpatia pelo país de Fidel e Che – o vespertino bejense inseria, logo debaixo da fotolegenda, o omipresente aviso na imprensa desses tempos do fascismo em Portugal: “Visado pela Comissão de Censura”... De diferente teor era o comentário assinado por C. M. no “Varandim da Cidade” de Beja, uns dias mais tarde, na edição de 27: “Eis uma falta que não sabemos a quem atribuir... Verificamos o facto e deixamo-lo à consideração da entidade responsável, certos de que o remédio virá pronto e fácil. Anteontem, eram precisamente 21 horas e meia, a cidade ainda não tinha luzes públicas! Áquela hora é noite. E noite que facilita os tropeções no muito cascalho, entulho e areia que pejam esses passeios, depois das obras municipais e outras com que a cidade, felizmente, se alinda. A não ser dalguma luz dos estabelecimentos adjacentes, as ruas de Beja têm áquela hora uma certa escuridão que seria romântica e evocadora... se não fosse perigosa! Alguém aqui do lado nos segreda que ‘as luzes da cidade’ se acendem tarde por economia... E nós, munícipes, objectamos que a sábia economia, sempre tão aconselhável, tem um limite. Ás nove e meia da noite, manter a cidade às escuras é mais do que economia – é sovinice!”. Carlos Lopes Pereira

De Santa Vitória para o Brasil Encontro dos Victoria em 15 de abril de 2010

Curiosidade A família Victoria – raízes alentejanas no sul do Brasil José Filipe Murteira Beja

Nos países com uma história mais recente, fruto da colonização de povos oriundos de várias partes do mundo (como é o caso, por exemplo, dos Estados Unidos e do Brasil), existe, por parte dos seus habitantes, uma grande vontade em conhecer as suas raízes. Este fenómeno é menos comum nos países como Portugal, com uma história mais longa, e em cujo território se estabeleceram povos tão diversos como os romanos, os visigodos ou os muçulmanos. A não ser alguns descendentes de famílias nobres, dificilmente qualquer português conseguirá ir muito longe na sua genealogia, isto se conseguir encontrar os registos paroquiais dos seus antepassados mais remotos. Há algum tempo, numa pesquisa efetuada na Internet, tive conhecimento da existência de um blogue intitulado “Família Victoria” (http://familiavictoria.blogspot.pt/), da autoria de um cidadão brasileiro, Arthur Victoria da Silva,

natural e residente no Rio Grande do Sul, o estado mais meridional do Brasil. Neste blogue, como o nome indica, procura-se reconstituir a família Victoria, desde a sua origem até à atualidade, reconstituição essa acompanhada por vários episódios marcantes ao longo dos quase 230 anos da sua existência. De facto, segundo informações recolhidas por Arthur Victoria, a família teve origem no casamento, em 1783, na localidade do Estreito, nesse estado, de Francisco José de Santa Victoria com Ana Joaquina de Jesus. A noiva era descendente de açorianos, o que não é de estranhar, visto serem originários dessas ilhas atlânticas muitos dos povoadores dessa parte do Brasil, sobretudo na segunda metade do século XVIII. Há quem até considere os açorianos como o povo mais importante na colonização do Rio Grande do Sul, e talvez não seja por acaso que um dos mais importantes prémios culturais desse estado, atribuído pela prefeitura da capital, Porto Alegre, tenha precisamente o nome de “Açorianos”. Quanto ao noivo, de acordo com o que Arthur Victoria escreveu no seu blogue, “…deve ter sido militar que lutou contra os espanhóis [guerras pelo controle de territórios nas atuais fronteiras do Brasil e do Uruguai] e resolveu estabelecer-se no Estreito”. O mais curioso, no entanto, é a sua origem. Citando de novo o blogue, “Francisco José de Santa Victoria, conforme registros de nascimentos de seus herdeiros, era nascido na freguesia de Santa Victoria, em Beja, Portugal”, vindo daí o apelido que iria

dar origem à família. Família que, diga-se em abono da verdade, foi bastante numerosa, começando neste casal, que teve 10 filhos, que, por sua vez, vieram igualmente a reproduzir-se também em quantidades apreciáveis. Ainda que hoje haja descendentes dessa família espalhados em várias partes do Brasil, a grande maioria radicou-se em localidades gaúchas, nomeadamente em Capão do Leão, município com cerca de 25 mil habitantes, “emancipado” há apenas 30 anos da cidade vizinha de Pelotas. Um dos membros da família – Getúlio Victoria – exerceu por duas vezes as funções de prefeito desse município, em 1985 e em 1993. Para completar o puzzle, faltava apenas a confirmação da data (que se presume ser 1756) e o local do nascimento do alentejano que deu origem a esta família, o que me foi solicitado por Arthur Victoria. Só que, infelizmente, nem no Arquivo Distrital de Beja, nem no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, se encontram os livros dos registos paroquiais de 1731 a 1771. Existe um hiato, não se podendo comprovar os registos de nascimentos, casamentos e óbitos da freguesia de Santa Vitória nesse período. Ficou, assim, por provar, a verdadeira origem de Francisco José, o que não invalida a hipótese da existência de raízes alentejanas na família Victoria, fundada no século XVIII, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul e que, periodicamente, se reúne para confraternizar.


Diário do Alentejo 27 julho 2012

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Fotorreportagem Até ao próximo domingo, 50 alunos do ensino secundário vão ter nas mãos enxadas, em vez de inchadas terem as mãos. Trata-se da Agroweek, uma iniciativa do Instituto Politécnico de Beja e da revista Forum Estudante, com o apoio do BES, que tem como lema “Tanta terra tanto tempo”. Uma semana de férias para brincar a sério à agricultura e para descobrir os segredos da terra. Fotos José Serrano


Diรกrio do Alentejo 27 julho 2012

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3.º Passeio Noturno e BTT em Beja

Diário do Alentejo 27 julho 2012

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A divisão de Desporto da Câmara Municipal de Beja e o Team BTT Alacrau, de Penedo Gordo, organizam esta noite, a partir das 20 e 30 horas, o 3.º Passeio Noturno de BTT, inserido no projeto Circuito BTT e Cicloturismo 2012. A concentração faz-se no Parque da Cidade e o percurso tem a extensão de 30 quilómetros.

Desporto

Ana Cabecinha está de partida para os Jogos Olímpicos Londres 2012

DR

“As minhas raízes estão em Baleizão” Vinda de Navacerrada, nos arredores de Madrid, onde realizou o estágio de altitude, Ana Cabecinha venceu o Campeonato de Portugal e realiza a última etapa da sua preparação nos pinhais de Monte Gordo.

ficaria de fora dos jogos e fiz tudo para cumprir o que prom prometi à minha mãe, que ia a Londres, e aqui estou eu por ela, a minha C mãe Catarina Cabecinha.

Texto Firmino Paixão

Confesso que não sou pessoa de criar muitas expectativas nas grandes competições, meno para uns jogos olímpimuito menos cos onde vão estar as melhores e na máx máxima força. Só quero chegar ao fim, e se conseguisse enn 12 primeiras seria extrar nas celen Não posso prometer celente. med medalhas. Quem me conhece sa que sou bem realista, o sabe qque posso prometer é dar o meu melhor e chegar o mais à frente possível e com muito orgulho afirmar que sou alentejana e da aldeia de Baleizão.

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ns dias antes de partir para Inglaterra, onde hoje se iniciam os Jogos Olímpicos Londres 2012, a atleta do Clube Oriental de Pechão falou ao “Diário do Alentejo”. É a segunda presença de Ana Cabecinha, de 28 anos, em jogos olímpicos, depois do 8.º lugar na final dos 20 quilómetros marcha, em Pequim, em 2008 (com recorde nacional). Humilde como as grandes campeãs, mas com um discurso cheio de emoções, a atleta é moderada nas promessas, e a única que lhe exigimos que cumpra, porque sabemos que é um desejo íntimo, é o reencontro na sua terra natural, Baleizão, quando terminar a campanha olímpica. Até lá, vamos torcer pelo seu sucesso na prova de 20 quilómetros marcha que se realiza no dia 11 de agosto. Os jogos olímpicos são o sonho de qualquer atleta…

Qualquer atleta sonha em estar presente nos jogos olímpicos, mas eu tive a realização desse sonho em 2008, em Pequim. Nestes jogos já tenho outra maturidade e vou querer vivê-los com outros olhos. Lutei tanto nestes últimos quatro anos para estar em Londres que para mim é algo mais que nem posso explicar. Trabalhou muito para o conseguir?

Trabalhei muito para conseguir um lugar na seleção. Primeiro porque é um trabalho de quatros anos duros, e depois porque na marcha somos quatro atletas muito boas e só trabalhando muito se consegue uma vaga. Os jogos olímpicos são o ponto mais alto da minha carreira, ainda mais porque sendo a minha segunda participação olímpica tem mais significado. O apuramento para estes jogos teve alguma dedicatória especial?

Teve sim. No último ano passei a pior fase da minha vida. Perdi a minha mãe em maio do ano passado e pensei em abandonar o atletismo porque nada mais fazia sentido. Mas tive o apoio do meu pai e dos meus irmãos, que estiveram sempre do meu lado e, de alguma forma, também a memória da minha mãe. Então, prometi que iria lutar. No início da época disse ao meu treinador que não

O que promete a aos alentejanos que ficam a torcer por si?

Como costuma costum lidar com o sucesso?

Lido de for forma positiva, com humildade e esforço, esfo porque consigo, através do meu sucesso, motivar os mais jovens para a prática do atletismo e da marcha. Mas é um orgulho representar o meu me país. Sempre que sou selecionada para pa uma competição é uma sensação mar maravilhosa e fico muito feliz. E como gere a emoções dos grandes momentos?

Não há tempo para pa gerirmos emoções, sentimos uma mistu mistura de sentimentos numa só competição qu que quando damos por isso já estamos a perm permitir que afete o nosso rendimento, e isso nnão é bom. Tento manter o pa não ficar demasiado fomeu equilíbrio para cada numa coisa e nisso conto muitas vezes me treinador e do meu pai, com a ajuda do meu que oiço sempre aantes de partir para qualmun quer parte do mundo. O seu sucesso tem também a marca do seu treinador?

Este sucesso só é ppossível porque tenho o melhor treinador do mundo. Paulo Murta é o meu único treinad treinador e sem ele eu não seria a atleta que sou hoje. Ele acredita no meu valor e no que posso fazer em cada prova. E não erra. Passo mais tempo ccom ele do que com a família, ele basta olhar ppara mim para saber o meu estado de espírito. É meu treinador, faz de meu psicólogo, meu ma massagista e tudo isso faz com que o nosso sucesso seja possível.

O Clube Oriental de Pechão será o seu emblema de sempre?

É o meu clube desde 1996 e já disse não a outros emblemas para representar o clube que me criou e formou. Para já não penso deixá-lo. Já tive propostas de clubes grandes como FCP, JOMA, SLB, mas agora a minha transferência é cara e, com a crise, os clubes não têm como pagar esses valores. Ainda se sente alentejana ou está mais algarvia?

Esta é uma boa pergunta. Sou alentejana, nunca o neguei, e em todas as entrevistas que dou, e em que dizem “algarvia isto, algarvia aquilo”, eu corrijo sempre e faço questão que digam atleta alentejana. Por muitos anos que viva no Algarve serei sempre alentejana da aldeia de Baleizão. Baleizão, terra onde nasceu, ainda é a sua referência? Quanto volta lá para rever as suas gentes?

Baleizão será sempre a minha referência, sempre que posso vou lá. Foi ali que aprendi a andar e vivi até aos meus sete anos e por muitos anos que viva no Algarve as minhas raízes são ali na pequena aldeia de Catarina Eufémia. Fica aqui já prometido que quando vier dos jogos olímpicos irei às festas da aldeia com a minha família para rever a minha gente.

O Perfil Ana Cabecinha 28 anos (n. 29 de abril de 1984) Baleizão, Beja Especialidade: marcha atlética. Clube: Clube Oriental de Pechão (Algarve). Treinador: Paulo Murta. Títulos nacionais: 20 km estrada (2012), 10 km pista (2005/2008/2010) 3 000 m pista coberta (2012); recordes pessoais: 3 000 m (2012), 5 000m (2010) 10 000m (2008); recordes nacionais: 10 km (2008), 20km (2008); destaques internacionais: 8.ª Jogos Olímpicos Pequim (2008), 8.ª Europeu (2010), 7.ª Mundial (2011), 8.ª Taça do Mundo (2010), 9.ª Taça do Mundo (2012), 1.ª Jogos Ibero Americanos (2006 e 2010), 3.ª Europeu de Juniores (2003).


A Associação de Futebol de Beja aproveitou a presença da equipa do Nacional da Madeira na cidade de Beja para promover uma ação de formação para treinadores, denominada “Do jogo para o treino e do treino para o jogo”, ministrada pelo técnico Pedro Caixinha e seus adjuntos, José Belman e Óscar Tojo.

Resultados 9.ª Final Nacional Beja/2012 1.ª jornada 9-8 Faro-Coimbra 8-4 Lisboa-Viana do Castelo 8-3 Porto-Cais 1-18 Guarda-Faro 3-6 Coimbra-Lisboa 2-14 Viana do Castelo-Porto 14-6 Cais-Guarda 9-6 Beja-Madeira 2-8 Açores-Bragança 12-6 Aveiro-Setúbal 4-10 Portalegre-Beja 7-10 Madeira-Açores 5-11 Bragança-Aveiro 19-3 Setúbal-Portalegre 2.ª jornada 4-6 Faro-Cais 5-8 Beja-Setúbal 6-3 Coimbra-Guarda 1-7 Madeira-Bragança 14-2 Porto-Guarda 12-11 Açores-Aveiro 8-2 Cais-Viana do Castelo 11-7 Madeira-Portalegre 6-4 Setúbal-Bragança 6-5 Beja-Açores 6-7 Coimbra-Viana do Castelo 5-8 Lisboa-Porto 10-2 Aveiro-Portalegre

Final Lance entre Aveiro e Setúbal com os sadinos na posse da bola

Futebol de Rua: triunfou Aveiro e Beja terminou em sexto lugar

As lições de vida com a bola no pé... A equipa das “Florzinhas do Vouga”, do distrito de Aveiro, venceu a 9.ª Final Nacional de Futebol de Rua, organizada pela associação Cais e disputada na cidade de Beja com a presença de 13 equipas. Texto e foto Firmino Paixão

O

s aveirenses do Bairro de Santiago iniciaram o seu percurso desportivo em 2010 e desde então qualificaramse para todas as finais do torneio. Venceram em 2011 (em Aveiro) e repetiram em Beja o triunfo, superando a formação Criar-T, da Misericórdia do Seixal (Setúbal), numa final de grande qualidade competitiva dirigida por Gustavo Sousa, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol. A equipa bejense do projeto “Inclusão pela Arte”, do Centro Social do Bairro da Esperança, classificou-se no sexto lugar, uma posição muito honrosa tendo em conta o valor das equipas do grupo em que se enquadrou e o facto de ter perdido apenas com os dois finalistas. Bruno Seco, técnico da equipa campeã, qualificou o êxito como “muito importante para os jogadores sentirem que a noção deles do limite está muito aquém daquilo que realmente valem e a vitória serve para lhes provar que, quando querem, conseguem tudo aquilo que desejam”. O treinador considerou o torneio “mais uma vez excelentemente organizado”: “Parabéns à organização, principalmente a Gonçalo Santos, que é o rosto visível da

Cais, e à equipa que o rodeou”. O técnico revelou ainda: “Estamos sedeados num bairro social de Aveiro que é o Bairro de Santiago. Fizemos um torneio local com cerca de 10 equipas, escolhemos oito dos cerca de 60 jogadores que apareceram. Três dos que aqui estão já foram campeões no ano passado e tivemos duas semanas de treino diário para nos prepararmos”. Do ponto de vista pessoal, o treinador deixou também o sabor deste triunfo: “Tem um significado muito grande, não pela vitória desportiva, mas pela expressão de personalidade e de humildade que tem sido possível incutir nestes jogadores, porque, às vezes, não têm bem os pés assentes na terra, pensam que são os maiores do mundo e que não precisam de ninguém para nada, porque sozinhos safam-se na vida e houve aqui uma lições de vida para alguns que tiveram que por os pés na terra, tiveram que chorar e pedir desculpa, humildemente, coisa que nunca fizeram em vinte e muitos anos que têm de existência”. Bruno Seco é também o selecionador nacional que escolherá a equipa para representar Portugal no Mundial de Futebol de Rua, que se disputa em outubro no México. E sobre as suas escolhas assumiu: “Levo apenas ideias, decisões ainda não tomei, tenho os jogadores observados, mas os critérios são muitos, não basta serem bons de bola, é preciso ver a vida pessoal deles, analisar muito bem o relatório psicossocial que trazem. Temos uma lista de 13 ou 14 jogadores, vamos ver os que preenchem os critérios e, a partir daí, serão escolhidos os oito elementos

que irão representar Portugal”. O “Diário do Alentejo” pode adiantar que a lista inclui um atleta de Beja. Gonçalo Santos, coordenador do Projeto Futebol de Rua da associação Cais, deixou um balanço positivo desta realização: “O projeto só é possível com parcerias e o sucesso desta organização passou, necessariamente, pela qualidade dos parceiros que aqui encontrámos, o município, o Regimento de Infantaria n.º 3, o Instituto Politécnico de Beja, o Despertar, todos foram extremamente importantes no êxito desta final”. E salientou: “Mas sem o apoio da Câmara Municipal de Beja nada disto teria sido possível. Fomos muito bem recebidos, as equipas ficaram satisfeitas, acho que se divertiram bastante. Na generalidade do torneio a competição não se sobrepôs ao convívio e isso é o mais importante, todos os participantes saíram daqui com boas recordações”. Foi dado mais um passo para a inclusão destes jovens? “Não tenho dúvidas, o que aqui viveram e, especialmente, o que fizeram para chegar aqui, porque este foi o culminar de um trabalho feito ao longo de muitos meses por quem os acompanha localmente, esperemos que todo esse trabalho dê bons frutos e quero acreditar que amanhã será já um tempo diferente para todos eles, é isso que nos move”. Na hora da partida quisemos saber se a cidade de Beja poderá voltar a ser o porto de abrigo desta organização: “Esperemos que sim, isso é convosco, tudo dependerá de vós e dos parceiros locais”, concluiu Gonçalo Santos.

3.ª jornada 10-3 Beja-Bragança 3-10 Coimbra-Porto 4-5 Açores-Setúbal 5-9 Madeira-Aveiro 7-5 Lisboa-Cais 6-5 Bragança-Portalegre 13-3 Viana do Castelo-Guarda 5-8 Beja-Aveiro 3-9 Madeira-Setúbal 4-7 Coimbra-Cais 9-5 Lisboa-Guarda 6-3 Açores-Portalegre Meias-finais 5-6 Porto-Aveiro 8-7 Setúbal-Lisboa Apuramento do 3.º e 4.º lugares 5-4 Porto-Lisboa Final 8-7 Aveiro-Setúbal Classificação final: 1.º Aveiro. 2.º Setúbal, 3.º Porto. 4.º Lisboa. 5.º Cais. 6.º Beja, 7.º Açores. 8.º Bragança. 9.º Viana do Castelo. 10.º Coimbra. 11.º Faro. 12.º Madeira. 13.º Portalegre. Prémios Individuais: melhor guarda-redes: Paulo Alexandre (Açores); melhor jogador: Vítor Semedo (Lisboa); prémio simpatia: Luís Simões (Coimbra); melhor treinador: Rafael Santos (Madeira). A equipa de Portalegre ganhou o troféu “Fair-Play”.

19 Diário do Alentejo 27 julho 2012

Caixinha ministrou acção de formação de treinadores


Dia Saudável para crianças em Vila Nova de Santo André

Diário do Alentejo 27 julho 2012

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Decorre amanhã, sábado, a partir das 10 horas, o Dia Saudável no Parque Central de Vila Nova de Santo André. Uma iniciativa de animação e atividades desportivas, dirigida a crianças de todas as idades, com organização da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, em parceria com a Junta de Freguesia de Santo André.

Classificações gerais Masculinos 1.º Eusébio Rosa (SU Caparica), 2.46.30 horas. 2.º Custódio António (São Mamede), 2.58.01. 3.º Alexandre Canal (Alto Moinho), 2.59.10. 4.º Mário Cassaca (Oeiras), 3.03.52. 5.º Luís Magalhães (Jobra), 3.05.31. 6.º Luís Barbosa (CO Pechão), 3.06.54. 7.º Paulo Marques (Praças Armada), 3.12.20. 8.º António Silvino (São Mamede),

3.13.07. 9.º Luís Almeida (Oeiras), 3.14.42. 10.º Rafael Gomes (Sporting), 3.17.51. Femininos 1.º Gema Borgas (Caja Rural), 3.33.48 horas. 2.º Anabela Gomes (Águias), 3.36.32. 3.º Lídia Pereira (Mangualde) 3.47.18. 4.º Chantal Xervelle (AM Casal), 3.46.14. 5.º Patrícia Serafim (Praças da Armada), 3.53.19. 6.º Cristina Ponte (Camarnal), 3.55.00. 7.º Cármen Henriques (São

Mamede), 4.03.25. 8.º Amélia Costa (Alto Moinho), 04.04.29. 9.º Ana Vieira (Abrantes), 4.25.02. 10.º Vitorina Mourato (Portalegre). Equipas 1.º A C São Mamede. 2.º CDR Águias Unidas. 3.º Asics Oeiras. 4.º Clube Oriental de Pechão. 5.º Jobra. 6.º Monte Caparica. 7.º Praça da Armada. 8.º AC Portalegre. 9.º CP Mangualde. 10.º Clube Amigos Parque Paz.

Ultra Maratona Partida dos 400 atletas da praia de Melides rumo a Troia

Recordistas Eusébio Rosa e Gema Bogas bateram os seus recordes e da prova

SU Caparica Eusébio Rosa a cortar a meta em Troia

Caja Rural Gema Borgas a cortar a meta em Troia

8.ª Ultra Maratona Atlântica em ano de recordes

Uma corrida do outro mundo... Eusébio Rosa (SU Caparica) e Gema Borgas (Caja Rural) venceram a 8.ª Ultra Maratona Atlântica Melides/Troia, repetindo os triunfos do ano passado e batendo os seus recordes pessoais e da prova. Texto e foto Firmino Paixão

F

oi a quinta vitória (terceira consecutiva) de Eusébio Rosa, de 43 anos, atleta do Sport União Caparica, que tirou 4,41’ ao recorde da corrida, conseguido por ele próprio na edição de 2007. A espanhola Gema Martin Borgas, de 24 anos, fez o mesmo; repetiu o triunfo de 2011, em que bateu o recorde da prova, e retirou cerca de oito minutos ao anterior registo. Um ano de recordes, que tinha começado pelo número de concorrentes inscritos para esta edição, ultrapassando as quatro centenas e prosseguiu com as novas marcas estabelecidas pelos grandes

vencedores desta duríssima maratona de 43 quilómetros pela espuma das ondas das praias na faixa costeira atlântica entre Melides e Troia. Uma excelente organização do município de Grândola, que é apadrinhada pelo antigo campeão olímpico Carlos Lopes. O atleta de Viseu disse ao “Diário do Alentejo” que é “com muito orgulho” que apadrinha a prova, porque a vê “crescer de ano para ano”, o que se “deve ao trabalho extraordinário do pelouro de desporto do município de Grândola”: “Eu, como padrinho da corrida, tenho que estar muito satisfeito e ter muito prazer em estar presente todos os anos”. Carlos Lopes confessou não sentir nostalgia ao ver os atletas partir: “Não sou assim muito nostálgico, sempre vivi as coisas no momento e continuo a viver assim”. E acentuou as dificuldades da Ultra Maratona, referindo: “Além do talento, estes atletas têm que ter espírito de sacrifício e um poder mental extraordinário. Correr

na areia não é nada fácil”. E adiantou: “Temos que ter a consciência de que a prova tem 43 quilómetros e que, só pela sua natureza e pela paisagem que nos oferece, é a prova mais bonita que há no nosso país e deve ser divulgada para o exterior. Só assim conseguiremos mostrar aos outros países as coisas bonitas que fazemos e a beleza das praias que temos, uma mais-valia para o futuro desta região”. Eusébio Rosa, que, à partida, tinha assumido a sua responsabilidade de tricampeão e recordista, disse no final: “Vinha sozinho desde os cinco quilómetros, o que dá sempre um maior desgaste e acabei por ganhar e bater o meu próprio recorde, estou muito feliz por isso”. A receita para tanto sucesso parece simples: “Moro perto do mar, faço muitos quilómetros todos os dias perto do mar e nas dunas, faço rampa e corro em estrada, mas é preciso ter muita força de vontade para treinar duas vezes por dia, descansar e alimentar-me

bem”. O campeão da Ultra Maratona revelou ainda: “Sou apoiado pelo fisioterapeuta Alberto Chaiça [atleta natural de Ervidel], que me acompanha desde 2002, e pelo meu treinador, Américo Pinto. São duas pedras fundamentais no apoio psicológico, mas temos que ter muito espírito de sacrifício para treinar sozinho”. Feliz estava também a atleta de Salamanca, Gema Borgas, que realçou: “É uma prova muito dura, mas muito bonita. Estou no bom momento mas não sabia se conseguiria repetir a vitória de 2011, felizmente as coisas correram-me bem e ainda baixei o tempo recorde que trazia do ano passado”. Um e outro prometem voltar em futuras edições. Se para assinarem novos triunfos e novos registos de tempo, não sabemos, mas esta maratona, em que o último atleta a chegar (Joaquim Pereira, de Alcácer do Sal, 365.º lugar) gastou 7.41.09 horas, é já uma prova do outro mundo…


O futebol de rua José Saúde

Pesca Desportiva António Pastagem Nunes, presidente do CAP, com os três jovens que estão na Eslovénia, António Nunes, Ivo Figueira e Luis Fernandes

Três jovens alentejanos na elite mundial da pesca desportiva

Um sonho na ponta do anzol... É no caudal do rio Sava, na Eslovénia, que a partir de hoje flutuam os limites do sonho de três jovens sul alentejanos que disputam os Campeonatos do Mundo de Pesca Desportiva em Água Doce. Texto e foto Firmino Paixão

N

ascido na Eslovénia, o Sava desliza suavemente pelo limite ocidental dos Balcãs até à Sérvia, em cuja capital se encontra com o Danúbio. E durante o fim de semana refresca e legitima a ambição de António Nunes, 16 anos, nascido em Alvito, de Luís Fernandes, l6 anos, de Viana do Alentejo, e de Ivo Figueira, 12 anos, natural de Beja, todos eles integrados na seleção nacional que amanhã e domingo representa o nosso país na cidade de Radece-Sevnica, onde decorrem os Campeonatos do Mundo em Água Doce Sub/18 e Sub/14. António Nunes, campeão do mundo individual e por nações em 2009 (em Coruche), promete: “Vamos fazer o melhor que pudermos”. E explica a subjetividade: “Não devemos ir com as expectativas muito altas, não conhecemos os locais de pesca nem estamos habituais às espécies que lá existem”. Mas sublinha: “Preparámos bem este campeonato, viemos antecipadamente para a Eslovénia para termos

ainda alguns dias de contacto com o rio Sava”. Ivo Figueira, o benjamim da equipa, bicampeão nacional, dá uma achega: “Queremos sempre fazer o melhor, é nisso que nos devemos concentrar, neste campeonato como em todas as provas onde competimos”. Mas deixa escapar que “gostava de trazer uma medalha”: “Vamos ver…”. Luís Fernandes, também campeão por equipas em 2009, em Coruche, reforça a ideia: “Medalhas todos gostaríamos de trazer… mas só que fosse um de nós os três a ganhá-la, já seria muito bom, nem que seja por nações”. Todos foram unânimes em reconhecer: “É um grande orgulho representar o nosso país, é um peso enorme andar com 10 milhões de pessoas às costas”, brinca Luís. António Pastagem Nunes, presidente do Clube de Amadores de Pesca do Baixo Alentejo (CAP), que os jovens pescadores representam, sublinha: “Eles nascerem neste clube e têm-no representado sempre, apesar de terem convites de clubes maiores, mas ainda são novos e nós pais, fundadores do clube, fazemos questão que se mantenham aqui, porque também prestigiam e dão nome ao clube”. O dirigente diz que os jovens despertaram para a pesca desportiva por influência dos progenitores, todos eles praticantes da modalidade e determinantes

no seu percurso formativo: “A formação foi feita pelos pais, nós empenhamo-nos muito, e quando começaram a ser convocados para as seleções tiveram os treinadores nacionais, mas hoje, através das redes digitais, estão sempre em contacto com grandes pescadores a nível mundial e trocam informações. A pesca hoje tem muita técnica e eles vão cruzando informações com atletas internacionais”. Competição “difícil” As etapas de

preparação para este mundial da Eslovénia passaram por: “Muito treino e ultimamente até estiveram em Penacova, porque é necessário treinar em cenários semelhantes ao que vão encontrar e porque, sendo seleções nacionais, têm que cumprir o plano dos treinadores”, adianta o presidente do CAP, dizendo ter uma ideia mínima do que vão encontrar nos Balcãs: “Vai ser difícil, as espécies são diferentes, é um país muito perto da Itália e os nossos grandes adversários são mesmo os italianos, são bons pescadores, é lá que estão as grandes marcas e os grandes patrocínios e eles treinam muito naquele rio. Mas nós vamos lutar”, prometeu em nome dos três jovens. E assumiu: “Será uma boa experiência e esperamos que a caminhada seja mais longa. É muito bom para a formação deles, é um desporto que evita que derivem por maus caminhos, é

uma experiência muito positiva e saudável”. Três atletas que são o orgulho do clube: “Um orgulho muito grande, temos quatro anos de existência e é muito importante termos já esta representatividade. Eles são as grandes bandeiras deste clube”. Na hora de fazer contas ao investimento, Pastagem Nunes lembra: “Isto não fica barato, o equipamento dos miúdos viaja por terra num camião e para efeitos de seguro pediram-nos um relatório com os preços de custo e concluímos que cada um leva cerca de 10 000 euros e não é nada topo de gama, porque há melhor”. E os apoios? “Pedimos ajudas a muita gente, mas o principal apoio é do município de Alvito. Eles são atletas federados e têm apoio à atividade. A Câmara de Viana deu-nos uma pequena ajuda, a de Beja nem nos respondeu, e então eles têm que se governar com os bolsos dos pais”, porque, “a federação comparticipa uma parte, mas a viagem é paga pelos atletas”. Já em terras eslovenas, nas margem do Rio Sava com a ponta do anzol engodada pela ambição, o sentimento revelado pelo presidente do clube é o de não querer sonhar muito alto, confessando, contudo: “Cá no fundo há sempre uma pequena esperança, mas não queremos que criem muitas ilusões, vamos lutar pelo melhor resultado”.

Penitencio-me pela minha admiração pelo futebol de rua. O futebol vadio. Jogado, antigamente, de pé descalço e em espaços exíguos. Nesse mítico planeta despertaram alguns dos verdeiros craques mundiais. Aliás, na simbólica rua de uma aldeia, vila ou cidade, deram à luz malabaristas que ousaram vincar o seu nome nos grandes palcos futebolísticos universais. A esse lote de predestinados junto, ainda, outras figuras que acordaram para o jogo nas típicas savanas africanas ou em favelas recônditas no mais suburbano bairro de uma metrópole imensa. O futebol, numa conceção cabal, sempre se afirmou como uma modalidade aonde sobressaem modelares efeitos que levam o homem a sonhar. O “puto”, craque da bola, nasce com dotes insofismáveis que o conduzem ao mundo da fantasia. Veem no futebol um momento ímpar de sucesso. Deliram com o passe ancestral, a finta e o golo. Vibram com os eventuais aplausos das multidões. Uns conseguem atingir objetivos quiçá alvitrados. Outros, porém, caíram na armadilha do insucesso. Sucesso, na minha singela opinião, é o futebol de rua praticado por jovens que se dedicam desinteressadamente ao jogo pelo prazer de uma prática salutar e de civilidade física. Confesso que me encantou, e encanta, o Torneio Nacional de Futebol de Rua que a cidade de Beja acolheu. É um grito de afirmação para jovens, alguns portadores de excelentes qualidades para a prática do futebol, mostrarem ao público que a inclusão social é, também, sinónimo de um acolhimento profundo. Enalteço a sensibilidade, e entrega, da equipa do Centro de Cultura e Recreio do Bairro da Esperança no citado torneio, evento que tem como organização a associação Cais, mostrando que é na prática salutar do desporto que convergem as mais díspares opções pessoais. Diferentes mas todos iguais, sublinho. Bem-haja a vossa voluntariedade, rapazes.

Diário do Alentejo 27 julho 2012

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saúde

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23 Diário do Alentejo 27 julho 2012

PSICOLOGIA ANA CARACÓIS SANTOS – Educação emocional; – Psicoterapia de apoio; – Problemas comportamentais; – Dificuldades de integração escolar; – Orientação vocacional; – Métodos e hábitos de estudo GIP – Gabinete de Intervenção Psicológica Rua Almirante Cândido Reis, 13, 7800-445 BEJA Tel. 284321592

_______________________________________ Manuel Matias – Isabel Lima – Miguel Oliveira e Castro – Jaime Cruz Maurício Ecografia | Eco-Doppler Cor | Radiologia Digital Mamografia Digital | TAC | Uro-TC | Dental Scan Densitometria Óssea Nova valência: Colonoscopia Virtual Acordos: ADSE; PT-ACS; CGD; Medis, Multicare; SAMS; SAMS-quadros; Allianz; WDA; Humana; Mondial Assistance. Graça Santos Janeiro: Ecografia Obstétrica Marcações: Telefone: 284 313 330; Fax: 284 313 339; Web: www.crb.pt Rua Afonso de Albuquerque, 7 r/c – 7800-442 Beja e-mail: cradiologiabeja@mail.telepac.pt

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António Lopes – Aurora Alves – Helena Martelo – Montes Palma – Maria João Hrotko – Médicos Radiologistas –

Dr. Sidónio de Souza – Pneumologia/Alergologia/ Desabituação tabágica – H. Pulido Valente Dr. Fernando Pimentel – Reumatologia – Medicina Desportiva – Instituto Português de Reumatologia de Lisboa Dr.ª Verónica Túbal – Nutricionismo – H. de Beja Dr.ª Sandra Martins – Terapia da Fala – H. de Beja Dr. Francisco Barrocas – Psicologia Clínica/Terapia Familiar – Membro Efectivo da Soc. Port. Terapia Familiar e da Assoc. Port. Terapias Comportamental e Cognitiva (Lisboa) – Assistente Principal – Centro Hospitalar do Baixo Alentejo. Dr. Rogério Guerreiro – Medicina preventiva – Tratamento inovador para deixar de fumar Dr. Gaspar Cano – Clínica Geral/ Medicina Familiar Dr.ª Nídia Amorim – Psicomotricidade/Educação Especial e Reabilitação (dificuldades específicas de aprendizagem/dislexias) Dr. Sérgio Barroso – Especialista em Oncologia – H. de Beja Drª Margarida Loureiro – Endocrinologia/Diabetes/ Obesidade – Instituto Português de Oncologia de Lisboa Dr. Francisco Fino Correia – Urologia – Rins e Vias Urinárias – H. Beja Dr. Daniel Barrocas – Psiquiatria – Hospital de Évora Dr.ª Lucília Bravo – Psiquiatria H.Beja , Centro Hospitalar de Lisboa (H.Júlio de Matos). Dr. Carlos Monteverde – Chefe de Serviço de Medicina Interna, doenças de estômago, fígado, rins, endoscopia digestiva. Dr.ª Ana Cristina Duarte – Pneumologia/ Alergologia Respiratória/Apneia do Sono – Assistente Hospitalar Graduada – Consultora de Pneumologia no Hospital de Beja Dr.ª Isabel Santos – Chefe de Serviço de Psiquiatria de Infância e Adolescência/Terapeuta familiar – Centro Hospitalar do Baixo Alentejo Dr.ª Paula Rodrigues – Psicologia Clínica – Hospital de Beja Dr.ª Luísa Guerreiro – Ginecologia/Obstetrícia Dr. Jorge Araújo – Ecografias Obstétricas Dr.ª Ana Montalvão – Hematologia Clínica /Doenças do Sangue – Assistente Hospitalar – Hospital de Beja Dr.ª Ana Cristina Charraz – Psicologia Clínica – Hospital de Beja Dr. Diogo Matos – Dermatologia. Médico interno do Hospital Garcia da Orta. Dr.ª Madalena Espinho – Psicologia da Educação/ Orientação Vocacional Dr.ª Ana Margarida Soares – Terapia da Fala - Habilitação/Reabilitação da linguagem e fala. Perturbação da leitura e escrita específica e não específica. Voz/Fluência. Dr.ª Maria João Dores – Técnica Superior de Educação Especial e Reabilitação/Psicomotricidade. Perturbações do Desenvolvimento; Educação Especial; Reabilitação; Gerontomotricidade. Enfermeira Maria José Espanhol – Enfermeira especialista em saúde materna/Cuidados de enfermagem na clínica e ao domicílio/Preparação pré e pós parto/amamentação e cuidados ao recémnascido/Imagem corporal da mãe – H. de Beja Marcações diárias pelos tels. 284 322 503 Tm. 91 7716528 | Tm. 916203481 Rua Zeca Afonso, nº 6, 1º B, 7800-522 Beja Clinipaxmail@gmail.com

medicina geral e familiar Dr. Luís Capela

endocrinologia|diabetes|obesidade Dr.ª Luísa Raimundo

pneumologia|consulta do sono Dr.ª Eulália Semedo

ginecologia|obstetrícia|colposcopia Dr.ª Ana Ladeira

otorrinolaringologia|ORL pediátrica ;ǀĞƌƟŐĞŵͮŽŶĐŽůŽŐŝĂ ĚĂ ĐĂďĞĕĂ Ğ ƉĞƐĐŽĕŽͿ

Dr.ª Dulce Rocha Nunes

Diversos Acordos

psiquiatria e saúde mental Dr. Daniel Barrocas

psicologia clínica Dr.ª Maria João Póvoas

psicologia educacional Dr.ª Silvia Reis

terapia da fala Terapeuta Vera Baião

ĮƐŝŽƚĞƌĂƉŝĂͮƌĞĂďŝůŝƚĂĕĆŽ ;ƉſƐͲ s ͬ ƉſƐͲĐŝƌƵƌŐŝĂͬ ƚƌĂƵŵĂƚŽůŽŐŝĂͬ ĐŝŶĞƐŝŽƚĞƌĂƉŝĂͬ ĐŽůƵŶĂͿ

Terapeuta Fábio Apolinário

cirurgia vascular Dr.ª Helena Manso

ŵĞĚŝĐŝŶĂ ĞƐƚĠƟĐĂ Dr.ª Nídia Abreu

podologia Dr. Joaquim Godinho

medicina dentária Dr. Jaime Capela (implantologia) ƌ͘ǐ ŶĂ ZŝƚĂ ĂƌƌŽƐ ;ŽƌƚŽĚŽŶƟĂͿ Dr. António Albuquerque

prótese dentária Téc. Ana João Godinho

cirurgia maxilo-facial Dr. Luís Loureiro

Convenções: ADSE, ACS-PT, SAD-GNR, CGD, MEDIS, SSMJ, SAD-PSP, SAMS, SAMS QUADROS, ADMS, MULTICARE, ADVANCE CARE Horário: de 2ª a 6ª feira, das 8 às 19 horas e aos sábados, das 8 às 13 horas Av. Fialho de Almeida, nº 2 7800 BEJA

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Clínica Médico-Dentária de S. FRANCISCO, LDA. Gerência de Fernanda Faustino Acordos: SAMS, ADMG, PSP, A.D.M.E., Portugal Telecom e Advancecare Rua General Morais Sarmento, nº 18, r/chão; TEL. 284327260 7800-064 BEJA

pediatria do desenvolvimento ƌ͘ǐ ŶĂ ^ŽĮĂ ƌĂŶĐŽ

psicomotricidade|apoio pedagógico Terapeuta Helena Louro

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Funerais – Cremações – Trasladações - Exumações – Artigos Religiosos

Maria Emília Ribeiro Castilho Filha, genro e netos cumprem o doloroso dever de participar o falecimento da sua familiar ocorrido no dia 18/07/2012, em Paço de Arcos, aos 94 anos. O funeral realizou-se no dia 20/07/2012, às 15.30 horas da Igreja de Paço de Arcos para o cemitério de Oeiras.

ARRENDA-SE BEJA

BEJA / FERREIRA DO ALENTEJO

BEJA

BEJA

†. Faleceu a Exma. Sra. D. MARIA AUGUSTA DA FONSECA BATISTA CAMPANIÇO, de 97 anos, natural de Castro Daire, viúva. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 23, da Igreja Paroquial do Carmo, para o cemitério de Ferreira do Alentejo.

†. Faleceu a Exma. Sra. D.

†. Faleceu a Exma. Sra. D.

CATARINA DO ROSÁRIO de 87 anos, natural de Beringel Beja, solteira. O funeral a cargo desta Agência, realizou-se no passado dia 24, da Igreja Paroquial do Carmo, para o cemitério de Beja.

MARIA GUERREIRO RODRIGUES de 89 anos, natural de Sabóia l - Odemira, viúva. O funeral a cargo desta Agência, realizou-se no passado dia 24, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério desta cidade.

BEJA

VALE DE AÇOR

BEJA

†. Faleceu a Exma. Sra. D.

†. Faleceu o Exmo. Sr. ANTÓNIO DOS SANTOS PALMA, de 78 anos, natural de Alcaria Ruiva – Mértola, casado com a Exma. Sra. D. Maria da Conceição Caetano. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 25, da Igreja Paroquial de Vale de Açor, para cemitério local.

†. Faleceu a Exma. Sra. D.

José Caleiro Fialho António Fernando Coelho Pinheiro N. 30/12/1954 F. 23/07/1998 14º Ano de Eterna Saudade Seus pais, irmãos, tios e sobrinhos recordam com muita saudade o décimo quarto ano de ausência do seu ente querido.

Nasceu 05.12.1934 Faleceu 21.07.2012 Sua família na impossibilidade de o fazer pessoalmente agradecem por este meio a todas as pessoas que a acompanharam á sua última morada ou de outro modo manifestaram o seu pesar.

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Maria Rosalina Dias Lopes N. 12/04/1943 F. 30/06/2012 A família participa a todas as pessoas de suas relações e amizade, que será celebrada missa pelo eterno descanso da sua ente querida no dia 30/07/2012, segunda-feira, pelas 18.00 horas na igreja dos Salesianos em Lisboa, agradecendo desde já a todos que se dignarem comparecer.

Eugénia Rosa Pinheiro Pinto da Silva Pires 6º Mês de Eterna Saudade Marido, filhos, neto e genro recordam com muita saudade o sexto mês de ausência da sua ente querida, falecida em 29 de Janeiro de 2012.

Mértola PARTICIPAÇÃO E AGRADECIMENTO

MARIA ESPADILHA BALCINHA, de 81 anos, natural de Ervidel - Aljustrel, casada com o Exmo. Sr. Alcibíades Maximino Arsénio. O funeral a cargo desta Agência, realizou-se no passado dia 25, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério desta cidade.

GRACIETE FILOMENA GUERREIRO PEREIRA DE ALMEIDA., de 40 anos, natural Lourenço Marques, casada com o Exmº. Sr. Ricardo Nuno da Silva Romeiro Gil. O funeral a cargo desta Agência realizouse no passado dia 26, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério desta cidade.

Às famílias enlutadas apresentamos as nossas mais sinceras condolências. Consulte esta secção em www.funerariapax-julia.pt

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Adelina Rosa Vasco Morais Filhos, noras, netos e restante família cumprem o doloroso dever de participar o falecimento da sua ente querida ocorrido no dia 17/07/2012, e na impossibilidade de o fazer individualmente vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que a acompanharam à sua última morada ou que de qualquer forma manifestaram o seu pesar.

Filha, filhos, genro, noras e netos cumprem o doloroso dever de participar o falecimento do seu ente querido ocorrido no dia 19/07/2012, e na impossibilidade de o fazer pessoalmente agradecem por este meio a todas as pessoas que o acompanharam à sua última morada ou que de qualquer forma manifestaram o seu pesar. Reconhecidos, expressam também a sua profunda gratidão ao médico, enfermeiros e auxiliares do 4º piso – serviço de medicina II, do hospital de Beja pelo profissionalismo demonstrado, dedicação, apoio e ajuda prestados durante a sua doença e internamento.

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PRODER ABORDAGEM LEADER EIXO 3 – DINAMIZAÇÃO DAS ZONAS RURAIS Concurso nº 1/2012 3.1 - «Diversificação da Economia e Criação de Emprego» 3.1.1 - «Diversificação de Actividades na Exploração Agrícola» 3.1.2 - «Criação e Desenvolvimento de Microempresas» 3.1.3 - «Desenvolvimento de Actividades Turísticas e de Lazer» Para mais informações consulte os Avisos de Abertura em www.proder.pt ou www.rotaguadiana.org ou através dos contactos 284 540 220 ou rota@rotaguadiana.org.


26 Diário do Alentejo 27 julho 2012

28 000 Notícias de Beja

A Planície

Correio do Alentejo

Diário do Alentejo

É o número de leitores que todas as semanas lê o “Diário do Alentejo” na sua versão papel. No facebook, todos os dias, mais de 4 000 leitores seguem a atualidade regional na página do “DA”

Fonte: Marktest. Relatório de resultados da imprensa regional no período compreendido entre abril de 2010 e março de 2011

www.diariodoalentejo.pt

facebook.com/diariodoalentejo


No mês de agosto vais ter bom cinema, e à borla, no Pax Julia, em Beja. Toma nota do programa: dia 10 é exibido o filme “Os Marretas” (versão portuguesa), às 21 e 30 horas; dia 18 vais poder ver a animação de “Um Monstro em Paris” (versão portuguesa), às 11 horas; e no dia 24 nada mais nada menos do que “As Aventuras de Tintin – O Segredo do Licorne”, o filme do grande realizador Steven Spielberg. Bom cinema, a não perder.

27 Diário do Alentejo 27 julho 2012

Agosto é mês de cinema de animação no Pax Julia

Pais

Continuamos a dar aos pais dicas para que as tuas refeições sejam sempre animadas. Esperamos que estejam a ter sucesso.

À solta Dica da semana Paloma Valdivia é uma ilustradora catalã, que conta com vários livros ilustrados. Com personagens muito característicos, tem povoado o universo de pequenos e graúdos com um grande sorriso. Sugerimos-te que viajes um pouco pelo blogue desta senhora e te delicies com as suas personagens: http://palomavaldivia.blogspot.pt/

De certeza que deves ter aí por casa alguns animais de plástico com que já não brincas. Em vez de ficarem perdidos naquela caixa de brinquedos, deixamos-te aqui uma ideia para os reciclares e organizares as tuas coisas. Vais precisar ainda de frascos e tinta spray nas cores que quiseres.

A páginas tantas... Diógenes é uma micro novela isenta de qualquer boa intenção, feita de pequenos detalhes que se entrelaçam, misturam-se, fundem-se uns nos outros, entre um humor absurdo e uma ternura incomparável que levam o leitor a um final inesperado. Escrito pelo contista espanhol Pablo Albo e lindissimamente ilustrado pelo artista plástico Pablo Auladell. O protagonista da nossa história é um rapazinho com algumas, diria até, muitas fixações peculiares. Um menino que coleciona tudo o que encontra. Tudo é mesmo tudo. Encontra, apanha e leva-as consigo. Em boa verdade, toda a família faz o mesmo. Os avós, a irmã e até o tio têm o mesmo vício. O tio é um carteiro solteirão que coleciona cartas de amor e é com ele que veremos que “aquilo que fazemos, às vezes, tem consequências inesperadas”…. Se te aguçou o interesse dá uma saltada ao blogue do ilustrador Pablo Auladell http://www.pabloauladell.com/

Pela tua mão Jason e Rick cruzam a porta do tempo e vão parar ao Egipto. Lá conhecem Maruk, que os ajuda a encontrarem o mapa de Kilmore Cove, mas acontece um pequeno contratempo: Olivia Newton prende-os e rouba-lhes o mapa. Será que conseguirão recuperar o mapa? Bia, 12 anos


28 Diário do Alentejo 27 julho 2012

A Jessie é uma linda labradora sénior que ainda aguarda por uma família que lhe dê carinho e atenção…Tem algumas dificuldades iniciais em mostrar alegria e contentamento com pessoas que não conhece, mas depois de algum tempo recompensa os amigos com um doce abanar de cauda e um olhar ternurento. Precisa muito de sair do canil. Venham conhecê-la ao Cantinho dos Animais de Beja. Está esterilizada . Será vacinada e desparasitada antes da adoção. Contactos: 962432844 sofiagoncalves.769@hotmail.com

Letras O complexo de Portnoy

Boa vida Comer Perna de porco assado no forno com tomilho Ingredientes: 2,5 kg. de perna de porco, 6 cebolas cortadas às rodelas, 2 dl. de azeite, 1 dl. de vinagre de vinho, 1 litro de vinho tinto alentejano, q.b. de pimenta preta em grão, 1 molho pequeno de tomilho, 1 folha de louro, 4 cravinhos, sal grosso q.b.. Confeção: Depois da perna limpa, faça uns golpes superficiais e coloque num tabuleiro de ir ao forno. Tempere com sal, pimenta preta, tomilho, louro e os cravinhos. Leve ao forno a 200º por 15 minutos. Retire o tabuleiro do forno e junte à perna as cebolas, azeite, vinho e vinagre. Leve novamente ao forno regando sempre com o próprio molho até ficar assado. Se necessário adicione um pouco de água. Retifique os temperos e sirva com arroz de manteiga e legumes cozidos. Bom apetite… Nota: Encontra facilmente o tomilho à venda em qualquer supermercado.

António Nobre Chefe executivo de cozinha – Hotéis M’AR De AR, Évora

Beber De volta às garrafeiras

M

uitos leitores, tal como eu, vão guardando vinhos na sua garrafeira pessoal. Muitos leitores, tal como eu, terão uma vida apressada que não é compatível com um olhar carinhoso e regular para os vinhos da nossa vida que nela depositamos. Proponho ao leitor que aproveite um momento da vida espaçada das férias para voltar à sua garrafeira, verificar as garrafas, recuperar a sua história e, de preferência, levá-las para a mesa, na companhia da família e dos amigos. Hoje em dia os consumidores de vinho preferem seguir a regra logística: “Last in, first out” em que a última garrafa adquirida é a que se consome de imediato. Isto gera um considerável aumento do tempo de permanência das garrafas nas nossas caves. Se esta situação ocorrer consigo então reveja algumas regras para a conservação do seu tesouro. Mantenha um registo, desde a primeira garrafa, com a identificação mínima do produto. O local de compra e a data de compra pode vir a ser importante, para a ocorrência de alguma garrafa defeituosa. A luz deve estar continuamente ausente Vinho de da sua cave, visto que exisCalendário tem interações fisico-químiJá se encontra on line cas entre os raios solares e o e de acesso gratuito vinho em garrafa. A poeira o novo guia “Copo & tem um papel protetor mas Alma, 319 Melhores não chegue a situações de leiVinhos para 2012”. Só tem de entrar tura e acesso que façam lemem www.w-anibal. brar os “Salteadores da Arca com e conferir. No Perdida”. É comum falar-se da Alentejo um vinho que bondade da guarda horizontem sempre brilhado tal da garrafa. É necessário, nesta seleção é o branco IG Alentejano porém, que no momento da Sexy, Summer rolhagem, esta operação não Edition, de 2011. tenha deixado vincos longitudinais na cortiça e, ainda, que o produtor tenha deixado, por um período generoso, a garrafa na vertical para que a rolha recupere da compressão forçada a que é sujeita durante a sua colocação. Também há quem aponte que a integridade da rolha diminui com o contacto prolongado com o líquido. Outro facto ainda não provado cientificamente é que a evolução sensorial do Vinho Diário vinho seja diferente em funUm dos vinhos que mais ção da posição da garrafa dume impressionou na rante a guarda. recente prova cega que Por último, garanta uma irá dar origem ao meu temperatura, se possível naGuia Popular de Vinhos, edição 2013, disponível tural, que oscile entre 10 ºC e em setembro nas livrarias 14 ºC. Para não se preocupar e nos supermercados, mais com humidade, colofoi o tinto IG Alentejano que um recipiente com água Desigual de 2011. na sua garrafeira e vá preenCompra segura em qualquer prateleira. chendo o volume gasto. Aníbal Coutinho

U

m Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra, de Mia Couto, O Complexo de Portnoy, de Philip Roth e Más Maneiras de Sermos Bons Pais, de Eduardo Sá, são os mais recentes títulos publicados pela Bis. Para os mais distraídos, trata-se da coleção de livros de bolso da Leya, já com 113 títulos dos grandes clássicos e contemporâneos da literatura nacional e mundial editados e que oferece livros a preço mínimo, com um bom design além de procurar satisfazer o colecionismo dos amantes de livros. O lançamento destes três títulos é sempre um bom pretexto para falar de Philip Roth e do seu extraordinário O complexo de Portnoy cuja narrativa é uma longa – e muito divertida – sessão de terapia no divã do psiquiatra. Alexander Portnoy, um jovem advogado nova-iorquino, é incapaz de romper o cordão umbilical mantendo uma relação obsessiva com a mãe. Num estilo realista e irónico, Roth constrói uma história em que o passado de Portnoy – do “menino de sua mãe” ao adolescente onanista que ensaia tentativas desesperadas de perder a virgindade – alterna com o presente marcado por uma relação com uma mulher bela mas praticamente sem educação, a separação desta e o confronto com a sua impotência sexual como o desfecho de uma viagem a Israel. Publicado originalmente em 1969, o livro foi um enorme êxito e ajudou a impôr Roth como um dos mais brilhantes autores norte-americanos. Maria do Carmo Piçarra

Philip Roth Dom Quixote PVP: 7,50 euros 264 páginas

Filatelia Os selos de Macau de 2012

N

o primeiro semestre deste ano, os correios de Macau puseram em circulação seis emissões de selos. A primeira foi logo a 5 de janeiro e, como é habitual, celebrava o novo ano lunar que se aproximava, o “Ano Lunar do Dragão”. Seguiu-se, a 31 do mesmo mês, a emissão “Uma nova Era de Macau sem Fumo”. Em março foram emitidas duas séries: no dia 1a emissão “I Ching, Pa Kua VIII” e no dia 28 a dedicada à passagem do 70.º aniversário do Banco Tai Fung. A 18 de maio homenageou-se o património ligado ao mar e à pesca, com a emissão “Porto de Pesca do Passado”. A 10 de junho foi emitida a última emissão do primeiro semestre; assinalava a passagem do 80.º aniversário da Fundação da Escola Secundária Hou Kong Para o seg undo semestre os correios de Macau vão pôr em ci rcu lação ma is cinco emissões: a 8 de agosto a comemorativa da passagem do 120.º aniversário da Associação de Beneficência Tung Sin Tong; a 23, também de agosto, a referente ao 10.º grupo das Lendas e Mitos de Macau, emissão que desta vez é dedicada a “O Pastor e a Tecelã”; a 14 de setembro é a vez de mais uma série do tema pintura, “Macau Visto por Lok Cheong”; a 9 de outubro, a emissão “Orbis – 30 Anos a Salvar a Visão”; e, finalmente, a 30 de novembro, será a vez da última das 11 emissões do ano. O motivo será “Literatura e Personagens Literárias – O Pavilhão das Peónias”. A próxima emissão, a prevista para 8 de agosto, é composta de quatro selos e de um bloco respetivamente com as franquias de: 1,50; 2,50; 3,50; 4; e 10 patacas. É o bloco desta emissão que ilustra a “Filatelia” de hoje. As emissões de Macau podem ser adquiridas em Portugal, em qualquer estação de correios, ou podem ser pedidas diretamente ao serviço de filatelia de Macau pelo email philately@macaupost.gov.mo Geada de Sousa


Petiscos Das férias e das leituras

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u não ando a ler com a necessária regularidade. Refiro-me, evidentemente, ao romance e à poesia. Ler acerca de política, a sério, faz-me mal e provoca-me incuráveis arreliações. Ler acerca de cozinha é uma delícia mas exige tempo para testar eficazmente o aprendido. História, natureza, bicheza vária e banda desenhada sempre se vai lendo mas o resto cansa. Acabei lendo em ficção bastante menos do que aquilo que acho que é próprio, moralmente razoável e artisticamente conveniente. Prefiro ler em português, salvo culinária, banda desenhada e alguns policiais. Divirto-me mais lendo em português. Talvez por isso, quando há muitos anos tive que escolher, li uma parte substancial dos escritores modernos portugueses, inclusive alguns mais duros de gramar por mor da veia neorrealista. Rapaziada, na sua altura, vulgarmente seca de carnes, assaz carrancuda, comunista de cartão em dia e quotas pagas. Li portanto de tudo, desde coisas maravilhosas, de ler e imediatamente reler, a outras consideravelmente mais aborrecidas, chatas, direi melhor, intragáveis. Descobri também que é muito raro um escritor manter a constância da minha preferência ao longo da obra. Não é só o Aquilino, o Torga, por exemplo, que tem páginas excelentes e outras, oh! doutor Adolfo, onde quer que esteja, não me leve lá a mal… Há alguns, mais modernos, pelos quais ainda não me decidi. Outros, como o Sousa Tavares, pintam arrogância a mais para o meu gosto, já não leio.

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O meu Jorge Amado está posto em sossego na sua prateleira. Dele, li tudo o que havia sido editado pela Martins de São Paulo e comprado na Papelaria Correia, aqui em Beja, às escondidas, por debaixo do balcão. Li-o de rajada, o tal Amado; curioso o pouco que dele se tem falado nestes últimos tempos.

Finalmente José Rodrigues dos Santos, um trabalhador incansável, braçal, a quem imagino a escrever de fato-macaco. Aí está, bom para férias. Resolvi passar a uma revisão. Mudei-me para o Brasil. O meu Jorge Amado está posto em sossego na sua prateleira. Dele, li tudo o que havia sido editado pela Martins de São Paulo e comprado na Papelaria Correia, aqui em Beja, às escondidas, por debaixo do balcão. Li-o de rajada, o tal Amado; curioso o pouco que dele se tem falado nestes últimos tempos. Devem ser os leitores do José Saramago a tentarem evitar comparações. Têm razão, é mais prudente. Na procura, tropecei noutros que, cá em casa, estão arrumados no mesmo sítio. José Cândido de Carvalho e o inesquecível Por que Lulu Bergantim não atravessou o Rubicon; Machado de Assis e Memórias póstumas de Brás Cubas; Olhai os lírios do campo de Érico Veríssimo; João Guimarães Rosa e mais alguns. Não contando, na poesia, com a Antologia Poética de Carlos Drummond de Andrade, em destaque na prateleira dos “frequentes”. Para lhe ter mais pronto acesso. O desaparecimento de Luísa Porto é lido regularmente aos amigos que cá passam, como a mim próprio fez o Jorge Pestana Bastos, há muitos anos. E a seguir? O Graciliano Ramos e pouco mais, falha minha. O Ferreira de Castro editado pela Guimarães e que ele me autografou pessoalmente, já muito velhote, ali à rua da Misericórdia, em Lisboa, está fisicamente perto, uma ponte entre os portugueses e os brasileiros. Mas há tantos mais. Talvez seja uma boa ocasião de procurar. Pode ser que esta minha conversa de pé de página acabe por ter um sentido didático: “Deixe-se de preguiças e de inutilidades televisivas e leia, já agora, um livro, nem que seja de cozinha”. António Almodôvar

Diário do Alentejo 27 julho 2012

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Instalação “Por um fio” abre nas Oficinas

“Por um fio”. É assim que os artistas Elsa Morgadinho e Marco Custódio, residentes em Aljustrel, decidiram designar a instalação de arte que hoje é inaugurada no espaço Oficinas, pelas 18 horas. Expressão que qualquer um já terá usado em dado momento da sua vida para descrever situações de limite, “Por um fio”

é também, segundo os autores, o trajeto que “fizemos desde o nosso nascimento, as voltas que demos, os avanços e retrocessos e até as recordações dos bons momentos”. “Por esta linha da vida marcamos os projetos que realizámos e os ainda por realizar. Definimos o passado, o presente e orientamos o futuro”, concluem.

CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO VERDE

Fim de semana Entre hoje e domingo, 29

Entradas festeja Noites em Santiago

A

Cantigas do Baú em concerto no Pax Julia Músicas do Mundo encerra em Sines Chega amanhã ao fim mais uma edição do Festival Músicas do Mundo em Sines, mas restam ainda 12 propostas de viagem através dos sons. Hoje ainda, o castelo da cidade atlântica recebe o septeto português Diabo a Sete, a dupla Kouyaté-Neerman (França/Mali), o quarteto liderado por Dhafer Youssef, alaudista e cantor tunisino, a norueguesa Mari Boine, os Zita Swoon Group (Bélgica/Burkina Faso) e ainda a parelha Juju, composta pelo britânico Justin Adams e pelo gambiano Juldeh Camara. Nova noite, última viagem. No sábado, abre o palco o projeto nacional Orquestra Todos, que reúne a partir de Lisboa músicos portugueses e imigrantes, “num projeto de aproximação de culturas através da música”. Seguem-se Socalled (Canadá), Hugh Masekela (África do Sul), Tony Allen’s Black Series (Nigéria/ /EUA), Jupiter & Okwess International (Congo). Encerra Lirinha, um dos grandes cantautores da música indie brasileira.

Novíssimo, com um ano de vida, o grupo Cantigas do Baú protagoniza amanhã, sábado, um concerto no Pax Julia Teatro Municipal, em Beja, com início pelas 22 horas e entrada livre. O projeto assenta o seu repertório na música de raiz tradicional, respeitando as melodias originais mas sem deixar de lhes vestir uma nova roupagem, quer pelos arranjos musicais, quer pela interpretação. Clara Palma (voz), Luís Melgueira (percussões), João Nunes (guitarra) e Gabriel Costa (baixo) são os elementos desta formação bejense.

Tito Paris no Dia da Cidade de Santo André O compositor e cantor cabo-verdiano Tito Paris é o convidado de honra das comemorações do Dia da Cidade de Vila Nova de Santo André, protagonizando um concerto amanhã, sábado, junto ao Parque Central, a partir das 22 horas. Radicado em Lisboa, é um dos responsáveis pela divulgação da música das ilhas da Morabeza pelo mundo, além de uma figura de relevo da comunidade africana na capital. A programação, que contempla ao longo do dia diversas atividades desportivas, é organizada pela Câmara de Santiago do Cacém, com o apoio da junta de freguesia local.

avenida de Nossa Senhora da Esperança, em Entradas, volta a ser palco a partir de hoje, sexta-feira, de mais uma edição das Noites em Santiago. As festividades anuais, que se prolongam até domingo, 29, incluem exposições, música, animação de rua, artesanato, celebrações religiosas, bailes e encontros de corais, além de atividades específicas para os mais novos, como insufláveis ou pinturas faciais. As primeiras iniciativas decorrem no polo local da Biblioteca Manuel da Fonseca. Pelas 15 horas, arranca mais uma feira do livro, aberta ao público durante os dias de festa, e meia hora mais tarde é inaugurada uma exposição de trabalhos do ilustrador José Francisco. À noite, a partir das 22 horas, realiza-se a corrida de touros “500 anos de foral”, que este ano leva à vila os cavaleiros Luís Rouxinol, Marcos Bastinhas e Tito Semedo. O serão termina com baile, dinamizado pela Banda Diamante. Amanhã, sábado, o entradense Napoleão Mira apresenta em casa (polo da biblioteca, a partir das 17 e 30 horas) Fado, o seu primeiro romance. E o recinto das festas, na avenida de Nossa Senhora da Esperança, volta a ganhar vida ao fim da tarde, preparando-se para um baile noturno com Marcelo Filipe e para o espetáculo com o grupo Diapasão. No domingo, já na reta final da festa, o Centro Recreativo de Entradas recebe um almoço que juntará à mesma mesa muitos entradenses, residentes e ausentes. A tarde prossegue com a tradicional procissão em honra de São Tiago e Nossa Senhora da Esperança e, de regresso ao recinto das festas, há mais um Encontro de Cante em Santiago, que coincide com o terceiro aniversário do grupo As Ceifeiras de Entradas. Atuam também As Rosas de Março, de Ferreira do Alentejo, a Associação de Cante Coral Alentejano do Concelho de Alvito e Os Caldeireiros, de São João de Caldeireiros. As Noites em Santiago 2012 terminam com um baile animado por Fábio Lagarto.

Noites de Rua Cheia pelos largos do concelho de Serpa Os Amiguinhos da Pinguinha são o grupo convidado para animar o serão de hoje em Pias, no âmbito da iniciativa Noites de Rua Cheia, que prossegue nos largos e praças de várias freguesias e lugares do concelho de Serpa até 18 de agosto. Também hoje, Cláudia Estrela estará por Brinches e Hugo Soft visita Vila Nova de São Bento. Amanhã, sábado, é a vez de Vale do Poço receber Os Amiguinhos da Pinguinha, enquanto que Santa Iria será brindada com a peça “Uma ida ao teatro”, pelo Teatro Moura Encantada. Em Vila Verde de Ficalho atuam os Ardila e, na Orada, o palco é de Cláudia Estrela.


A polémica em torno da licenciatura de Miguel Relvas continua, e já chegou à política alentejana. Depois da impossibilidade de Fernando Caeiros trabalhar no InAlentejo por não ser detentor de licenciatura, o ex-autarca de Castro Verde foi convidado pela Universidade Lusófona para obter um grau académico. A Não confirmo, nem desminto teve acesso ao relatório de avaliação feito por aquela universidade (escrito num guardanapo), no qual se pode ler que os 32 anos de experiência autárquica conferem a Caeiros “equivalências suficientes para a obtenção de seis licenciaturas, quatro mestrados e três doutoramentos honoris causa”. De destacar a “licenciatura em Paleontologia Política” e o “mestrado em Feira de Castro”, reconhecidos pelo Ministério da Educação. O mesmo relatório afirma ainda que, comparando com Fernando Caeiros, “Miguel Relvas tem o perfil académico de um estagiário borbulhento do McDonald’s”.

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alisa cv lusÓfona an e e atribui-lh s o ir e a c o d de fernan ro turas, quat seis licencia s utoramento o d s Ê r t e s mestrado sa honoris cau

facebook.com/naoconfirmonemdesminto

Inquérito

Caro aluno de Erasmus, que balanço faz da sua estadia em Beja? PETER SORENSEN, 22 ANOS Antigo campeão intercontinental de curling sub-18

Vai

estudar

Relvas!

Não me dei lá muito bem. O meu maior obstáculo foi o calor. Sinceramente, não sei como é que vocês aguentam. Dias em janeiro com 16 e, às vezes, 17 graus? Tinha de me meter numa banheira com cubos de gelo. Na rua só andava de sandálias e t-shirt. Mesmo assim transpirava mais do que o Isaltino Morais a fugir da prisão. Também não me consegui dar muito com as pessoas de cá. Onde é que já se viu uma cidade que se diz evoluída e nem uma pessoa fala dinamarquês?

MARTINA MECKLENBURG-VORPOMMERN, 21 ANOS Fundadora do clube de fãs de Milli Vanilli na Cabeça Gorda

Vacas alentejanas associam-se ao protesto contra o ministro Relvas

Incêndios: piloto que amarou avião na barragem do Roxo afirmou que tentava fugir de um tsunami Um avião da Proteção Civil, que estava a participar no combate aos incêndios no Algarve, acabou por amarar na barragem do Roxo quando tentava reabastecer-se de água. Ao que apurámos, o alerta terá sido dado, em código morse, por uma brigada de cabras anti-incêndios. O piloto saiu ileso e a primeira coisa que disse quando chegou ao hospital foi que amarou o avião porque teve de fugir a um inesperado tsunami na barragem do Roxo. A versão do piloto ainda levantou suspeitas de traumatismo craniano, mas uma testemunha que presenciou a manobra corrobora esta versão: “É verdade,

sim senhor. É raro o dia em que não há um tsunami aqui no Roxo… Regra geral, acontece quando a Otília Tallon vem tomar banho à barragem. De vez em quando ela lembra-se de mergulhar do paredão, o que não seria um problema se ela não pesasse 183 quilos e medisse menos de um metro e sessenta. É com cada tsunami que não lhe digo nada! O último atingiu a freguesia de Messejana – aquilo foi tão mau que a carrinha de caixa aberta do meu primo foi parar a Alcácer do Sal!”, acrescentou o senhor José, pescador que ostentava 12 douradas pescadas no Intermarché de Aljustrel.

“Bode respiratório” – O “emigrola” A pedido dos nossos queridos e imensos seguidores, e depois de inúmeras petições públicas que entupiram as caixas do correio da Assembleia Distrital e do “Diário do Alentejo”, a Não confirmo, nem desminto decidiu apresentar, a partir de hoje, a crónica das crónicas. O seu título, “Bode respiratório”, um trocadilho de enorme criatividade e profundidade com a expressão “Bode expiatório”, levou quase dois dias a engendrar, mas aqui está, cheio de força e pronto para rebentar com o espírito crítico dos nossos leitores... Nesta primeira edição dedicamos a nossa visão raio x a esse grande espécime da raça humana que é o “emigrola”. Julho e agosto são meses dedicados aos emigrantes que, aos milhares, aproveitam as férias para visitar família e amigos. Portugal sempre foi um país de emigrantes. A grande maioria é gente honesta e trabalhadora. Contudo, há dentro deste grupo uma categoria que exige a atenção das autoridades competentes: o “emigrola”.

Adorei, é muito diferente da minha Alemanha. Aqui em Beja há tempo para tudo: às 9 e 30 horas já eu tinha dado uma caminhada à volta da cidade, ido ao banco, às compras, telefonado à família, estudado para as frequências e feito croissants caseiros. Vocês nem têm noção da qualidade de vida! Na Alemanha não tenho tempo para nada: a vida é tão preenchida que mal me lembro da última vez que vi a minha mãe. Recordo-me de ver tudo enevoado e de uma senhora me cortar o cordão umbilical, depois disso foi tudo uma confusão…

GIORGOS BUSCAPOULOS, 20 ANOS Enteado de Demis Roussos Gostei muito e espero ficar por cá. Vocês aqui levam uma vida de luxo que nós na Grécia invejamos profundamente. Ordenado mínimo de quase 500 euros? Não sei como é que cada um de vocês não tem um Bentley e uma mansão na Colina do Carmo. Além disso, a viagem para a Grécia é muito difícil. Eu que o diga! Cheguei cá a nado em cima de uma tábua de engomar... Só trazia a roupa do corpo e um boião de cinco litros de iogurte grego.

O “emigrola” (junção inapropriada das palavras emigrante e gabarola) é uma raça em crescimento acelerado. Os homens e mulheres desta espécie apresentam características muito específicas que importa apontar: um delas é a tendência para acrescentar termos estrangeiros a frases tipicamente portuguesas, o que lhes confere um aspeto “pseudo-cosmopolita”. Vejamos o caso francês: “Ó Raoul, sai de ao pé da fenêtre!!! Nã faças isso que dás cabo da maison do teu padrinho!!! Mauvais, mauvais, mauvais, mauvais!!!! (Mau, mau, mau, mau!!!) Estás aqui, estás trancado na voiture blanche do teu pai!!!”. Além disso, alguns “emigrolas”, sobretudo os oriundos de França, gostam de terminar cada frase com uma espécie de interjeição que soa como um ããhh (exemplo: “O que é que tu vais levar à festa da aldeia, ããhh??”), som que já foi classificado pela equipa do BBC Vida Selvagem como um perigoso e inovador registo sonoro que pretende estabelecer normas de conduta para rituais de acasalamento com outros “emigrolas”. Do ponto de vista físico, o homem “emigrola” diferencia-se através de um rabicho de cabelo que desce pela nuca. Este bocado de “caule capilar” serve para “dar estilo” e acrescentar um ar distinto. Se o dito rabicho tiver menos de cinco centímetros, existem fortes hipóteses de se tratar de uma colónia de ácaros; se for superior, pode servir para guardar a coleção de traças ou a discografia completa do Tony Carreira. Já a mulher “emigrola” caracteriza-se por usar calções preferencialmente

brancos e extremamente curtos. Estudos feitos pelo Instituto Ricardo Jorge, em parceria com a revista “Mariana,” dizem-nos que o grau de bom gosto destas mulheres varia de forma proporcionalmente inversa à quantidade de celulite que tenham nas pernas. Ou seja, quanto mais celulite as “emigrolas” tiverem nas pernas, menor será o grau de bom gosto que se manifesta de variadíssimas formas: na maneira de vestir, falar e interagir com membros de outras espécies. Por último, e mais importante, é o carro de um “emigrola”. Sabemos que o veículo já foi alvo da “xunguice do emigrola” (aquilo a que os especialistas chamam de tunning) se tiver matrícula estrangeira, estiver pintado de roxo vivo e ostentar um CD no espelho retrovisor. Contudo, há que ter cuidado! Se um “emigrola” se apresentar com um automóvel de alta cilindrada, que não tenha sinais de “xunguice”, e passar a vida a dizer que “o carro é dele”, isso significa mesmo que o bólide foi alugado imediatamente antes de passar a fronteira. O que fazer quando encontrar um “emigrola”? Nada. O “emigrola” não tem cura. Contudo, nos casos em que se manifestem os sintomas acima referidos de forma exacerbada, existe um velho ritual que consiste em bater repetidamente com a sua cabeça na quina de uma mesa de pedra e, seguidamente, jogá-lo para dentro de uma piscina com pregos. Dizem que o “emigrola” acalma logo.


Nº 1579 (II Série) | 27 julho 2012

RIbanho

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Hoje o céu vai estar nublado, verificando-se uma ligeira descida da temperatura, que andará entre os 15 e os 30 graus. Valores que se mantêm amanhã, apesar do céu limpo. No domingo, o termómetro marcará 33 graus de máxima.

José Rabaça Gaspar reúne em livro os mitos bejenses

Lendas “devolvidas” a Beja

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ronto desde a década de 80 e a aguardar o momento certo, Lendas de Beja – O touro e a cobra e outras lendas foi recentemente lançado na cidade onde o seu autor, José Rabaça Gaspar, ensinou a língua mãe durante cerca de 20 anos. Uma oportunidade, considera, para “devolver” aos bejenses os seus mitos. Como o que conta como um pequeno povo, reunindo esforços, se livrou de uma serpente devoradora, sacrificando um touro que ainda hoje é o seu símbolo. Tal como Pessoa tinha os seus heterónimos, tem José Rabaça Gaspar os seus “denómios”. Quem são e o que mais os fascina nas lendas e tradições baixo alentejanas?

Estava a ver que ninguém ligava aos meus “denómios”. Como “eu não sou, nem sequer, o que eu penso que sou, nem muito menos o que os outros pensam que Eu Sou”, senti esta necessidade de eu próprio me poder ler/ver com um nome diferente. Com os meus “denómios”, quero contribuir para o enriquecimento da língua com algo que ponha as pessoas a pensar. São mais de mil, mas Sou sempre Eu, em diversas situações e estados de consciência ou até humores. Creio que o que me fascina nas lendas e tradições é a sua originalidade e riqueza, a sua diversidade e atualidade, devido à sua renovação constante pela oralidade. Lecionou Língua Portuguesa durante cerca de 20 anos em Beja. Lendas de Beja – O touro e a cobra e outras lendas, o seu livro mais recente, é um resultado natural desta longa estadia?

Este livro não é o mais recente. Já estava pronto desde a década de 80 à espera duma PUB

José Rabaça Gaspar 74 anos, natural de Manteigas

Através dos seus “denómios” – espécie de “musa inspiradora que escreve através do autor” – José Rabaça Gaspar tem publicadas cerca de uma centena de obras, muitas das quais dedicadas às lendas e tradições baixo alentejanas. Cursou Filosofia e Teologia na Guarda. Frequentou, depois, em Paris um curso intensivo de Animação Cultural para os Povos em Desenvolvimento. De regresso a Portugal, a partir de 1975, passou pelas cooperativas agrícolas e ingressou no ensino oficial como professor de português. Em Beja, lecionou cerca de 20 anos, “procurando levar os alunos a aprender o melhor da língua e da literatura portuguesas, a partir das suas raízes culturais”.

oportunidade ou de alguma entidade que o considerasse oportuno. Nasceu da necessidade visceral de mostrar aos alunos com quem tinha o privilégio de trabalhar que a língua materna é a nossa forma telúrica de comunicar, de dizer o que pensamos, o que somos e de saber “ouver” os outros. Concordo que este livro “é um resultado natural desta longa estadia” e a feliz oportunidade que a EDIA me proporcionou de o apresentar em Beja foi a ocasião ideal para devolver as “lendas de Beja” aos seus legítimos proprietários, personalizados nos nomes quase verdadeiros dos alunos que ali aparecem como narradores. A Ana Maria, os três de nome Jorge, a Isabel Mateus, o Carlos, a Fátima dos olhos azuis e o Luís Filipe. Há ensinamentos a retirar para os bejenses de hoje nas muitas histórias antigas que estruturam toda uma identidade cultural?

Há com certeza, mas eu não tenho ensinamentos a dar. Mesmo como professor, andei sempre a tentar aprender. Os indicadores, as variáveis e formas de expressão que estruturam essa identidade são imensos e têm de ser objeto de estudo e reflexão de uma pluralidade de áreas e especialistas. Como válido e positivo, saliento a recente criação da Casa do Cante, em Serpa. É preciso fazer muito mais? Claro. Conta a lenda que a população se juntou, estudou uma solução, ouviu os “sábios” e “os mais velhos”, e pô-la em prática. “E, quando se viram livres do ‘monstro que tudo devorava’ puseram a ‘cabeça do touro’ nas armas da cidade, para jamais esquecerem a lição”. Esta lenda tem só uma dimensão local ou regional ou é mesmo planetária? É uma lenda muito antiga ou tremendamente atual? Carla Ferreira

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Forcados de Moura lançam livro comemorativo dos 40 anos Grupo de Forcados Amadores de Moura – 40 anos de afición e amizade é o título de um livro apresentado na passada semana, por ocasião das Festas de Nossa Senhora do Carmo, em Moura. Assinada por Alberto Franco e Armando Garcia, a obra revisita o percurso taurino do prestigioso grupo da Margem Esquerda, recordando bons e maus momentos e pequenas estórias vividas pelos rapazes da jaqueta. O livro, editado pela althum. com, tem cerca de 200 imagens, entre fotografias, cartazes e ilustrações, e inclui textos do ganadeiro Joaquim Grave, que assina o prefácio, Elísio Summavielle, diretorgeral do Património e aficionado, e Domingos da Costa Xavier, conhecido cronista taurino. “O Grupo de Forcados Amadores de Moura é um grupo diferente. Existe uma empatia lógica, mas densa, bonita, palpável com o seu quê de magia, entre o público que preenche as bancadas da praça de toiros de Moura e o grupo que, naquela arena doirada com sabor a sul, dá tudo o que tem”, escreve Joaquim Grave. Por sua vez, Elísio Summavielle destaca que a “Festa Brava, o espetáculo taurino, estão fortemente interiorizados desde a sua raiz, no maneio do campo, das suas espécies, e constituem algo de essencial, que assinala o culminar de todo um ciclo de trabalho, entrega e dedicação de inúmeras famílias”.

Mostra “Modos de Ver” para apreciar em Alvito É inaugurada hoje, sexta-feira, no Centro Cultural de Alvito, a exposição de pintura “Modos de Ver”, de Micéu Nunes. Natural de Moçambique, a autora é licenciada em Ciências da Educação, cursou Design de Interiores e é atualmente professora de Educação Visual. A mostra abre portas a partir das 17 horas e manter-se-á patente até 16 de setembro.


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