Pedro Caixinha
João do Beco
Na Madeira com o coração em Beja pág. 19
O mundo dentro de uma garrafa pág. 12
SEXTA-FEIRA, 3 AGOSTO 2012 | Diretor: Paulo Barriga Ano LXXXI, N.o 1580 (II Série) | Preço: € 0,90
Filipe Pombeiro, presidente do Nerbe/Aebal, realça que a “situação é extremamente grave”
Perto de metade das empresas da região está com a corda ao pescoço JOSÉ SERRANO
pág. 7
Zambujeira do Sudoeste
Mais de 300 professores ficam desempregados O Sindicato dos Professores da Zona Sul estima que mais de 300 professores contratados ficarão sem emprego no próximo ano letivo, no distrito de Beja. Em consequência das medidas implementadas pelo Governo: revisão curricular, agregação de escolas e aumento do número de alunos por turma. pág. 6
Todos os caminhos da música vão dar à Zambujeira do Mar, até ao próximo domingo. Anualmente, o Festival do Sudoeste convoca dezenas de milhares de jovens para o maior encontro musical de verão que se realiza em Portugal. Na pequena aldeia do litoral alentejano as opiniões dividem-se quanto aos benefícios e aos prejuízos do evento. As férias a valer começam para a semana. págs. 4/5 e 32
Ruínas de Pisões fechadas a cadeado desde junho
Guerra da água prossegue em Ferreira do Alentejo
As ruínas da villa romana de Pisões, junto a Penedo Gordo, Beja, estão encerradas temporariamente desde o passado mês de junho, devido à reforma da única funcionária que por ali trabalhava. Um encerramento que se previa temporário, mas que continua sem resolução à vista. págs. 10/11
O corte do abastecimento de água por parte da Câmara de Ferreira do Alentejo a oito montes, onde há mais de 30 anos era efetuado com recurso a um trator, continua a gerar polémica. A autarquia afirma que o abuso deste bem escasso e uma maior equidade social justificam a suspensão. pág. 9
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Editorial Educar
Vice-versa “No plano distrital, a entrada do Governo PSD+CDS caraterizou-se por fortes campanhas a denegrir os projetos de desenvolvimento regional que vinham em curso de execução, na sua descapitalização e no seu abandono. Esta sanha persecutória contra Beja e o Baixo Alentejo iniciou-se com a paragem do projeto Alqueva”. Luís Pita Ameixa, deputado do PS
Paulo Barriga
“O deputado Pita Ameixa sabe o que alguns (poucos) sabem sobre o adiamento da conclusão de Alqueva. Este já estava decidido pelo ex-ministro da Agricultura António Serrano. Não brinque com coisas sérias. Exige-se decoro!”
A
inda vai um valente caminho entre educar e ensinar. E mesmo quando ensino e educação estão lado a lado, na mesmíssima coordenada, as veredas para chegar a um e a outra raramente são coincidentes, sequer paralelas. Sempre distantes. Muito distantes, mesmo. Há excessivo tempo que o nosso sistema de ensino está morto para a educação. Desde o 25 de Abril, talvez. Desde o tempo, pelo menos, em que os professores, de forma progressiva, foram perdendo autoridade na sala de aula, foram perdendo poder na organização escolar, foram perdendo o direito à palavra, à sua palavra, foram convertidos em verdadeiros burocratas do relatório. Da exposição. Da ata. Dos concursos. Da justificação escrita e exaustiva dos mais inacreditáveis e míseros acontecimentos letivos. Como o simples facto de atribuir uma nota negativa ou marcar uma falta corretiva. Hoje, o professor é um verdadeiro amanuense da vulgaridade. Um escravo da papelada. Que consome o tempo não a instruir-se, não a aprender, não a ensinar, muito menos a educar. O professor é, por certo, o elo mais fraco, mais exposto e menos valorizado da cadeia educativa. E só num país muito mal-educado, que despreza por completo quem transmite conhecimento às gerações subsequentes, é que aparecem amiúde os tais fenómenos relâmpago, medíocres, que podem derivar em ministros ou até mesmo em primeiros-ministros. A educação está extinta na escola, já se disse, e agora está na altura de acabar com o ensino. O “pacote” revolucionário que Nuno Crato quer imprimir ao parque escolar português é a guia de marcha para o descalabro. A criação de turmas com 30 alunos, a fusão de escolas em agrupamentos despropositados e inviáveis, a extinção de cursos profissionais, a desvalorização do acompanhamento de alunos com necessidades especiais, vai acabar de vez com a Escola. Vai acabar de vez com a carreira docente com decência. E manda para o olho da rua dezenas de milhar desses seres execráveis e desnecessários que são os professores. Principalmente aqueles que estão no patamar do espezinhanço: os contratados. Ainda que estes, em muitos casos, tenham aturado todas estas trapalhadas durante mais de uma dezena de anos. É necessário ter estômago para ser professor num país onde já nem sequer o fado induca, nem o vinho instrói. Quanto mais a Escola.
Mário Simões, deputado do PSD
Fotonotícia
Vamos ver os aviões? A Base Aérea nº. 11, em Beja, abriu as portas à população no passado domingo. E dezenas de pessoas, principalmente fotógrafos apaixonados pelas questões aeronáuticas, tiveram a oportunidade de observar de perto os aviões e os helicópteros da Força Aérea, numa altura em que esta força militar comemora os seus 60 anos de existência. Para além das máquinas aéreas, os visitantes puderam visitar a torre de controlo, assistir a demonstrações cinotécnicas e de aeromodelismos ou fazer batismos de voo num simulador do avião Alphajet. PB Foto de João Espinho
Voz do povo “Meu querido mês de agosto?”
Inquérito de José Serrano
José Vargas, 49 anos, auxiliar de ação educativa
Carla Sargento, 35 anos, escriturária(desempregada)
Agosto significa férias. É nesta altura que enganamos a rotina do ano. Em que descansamos do trabalho. Saímos da terra para outros lados, à procura de outras aventuras, outros conhecimentos. Traz-nos as tardes quentes, as noites agradáveis, as idas à piscina e à praia. É tempo de lazer.
Agosto é normalmente sinónimo de calor, passeios, praia. É o mês em que não há escola nem exames e as famílias aproveitam para sair. Mas este ano não vamos de férias. Não podemos ir. Eu estou no desemprego e o meu marido só tem férias mais tarde. Agosto este ano significa, de certa forma, frustração.
António Bicas, 58 anos, funcionário público
Sílvia Fialho, 25 anos, caixeira de ortopedia
Não gosto do mês de agosto. Nem de meses parecidos. Não gosto do verão nem um bocadinho. É um calor insuportável. De inverno uma pessoa agasalha-se e fica confortável. Agora de verão… Não há roupa que se tire que nos faça sentir bem. Agosto só é bom para estar de férias. Que é como estou agora.
Para a maioria das pessoas, agosto significa férias. Eu costumo ir em junho ou setembro. Em agosto é tudo muito mais caro, muita gente, filas em todo o lado. Uma confusão. Passo portanto o mês de agosto a trabalhar. Passa-se bem. Agora já nem faz em Beja o calor de há uns anos. Hoje até está uma manhã fresquinha…
Rede social
Semana passada QUINTA, DIA 26 BEJA PSP CONSTITUI ARGUIDOS TRÊS JOVENS SUSPEITOS DE FURTO A PSP de Beja anunciou ter constituído arguidos três jovens, entre os 17 e os 21 anos, todos do sexo masculino, suspeitos da prática de furto no interior de um estabelecimento de restauração na cidade. Em comunicado, a PSP explica que os suspeitos terão entrado no estabelecimento de restauração através do “processo de introdução com arrombamento”. Segundo a PSP, numa busca domiciliária efetuada à residência de um dos arguidos, “devidamente autorizada pelo visado”, foi apreendida “parte importante do produto do furto” e mantêm-se em curso diligências para recuperar a restante parte.
BEJA DETIDO INDIVÍDUO QUANDO PREPARAVA VENDA DE DROGA A PSP deteve um homem, em Beja, em “flagrante delito”, quando preparava venda de droga e aprendeu 1 585 doses de haxixe, que o detido tinha na sua posse, anunciou a força de segurança. Segundo a Polícia, o detido, de 26 anos, é “o principal arguido” de um processo de investigação de combate ao tráfico de estupefacientes em Beja, que decorre desde o final de 2011 a cargo da Esquadra de Investigação Criminal do Comando Distrital de Beja da PSP.
SEXTA-FEIRA, DIA 27 SINES FUGA DE GÁS EM CAMIÃO-CISTERNA OBRIGA A RETIRAR 12 PESSOAS DE CASA Uma fuga de gás propano num camião-cisterna estacionado no parque de uma empresa de transportes em Sines obrigou à retirada de 12 pessoas das suas habitações. De acordo com o responsável do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Setúbal, Marcelo Lima, foi detetada uma fuga num camião-cisterna, carregado com gás propano. O veículo estava parado no parque de estacionamento da empresa de transportes TIEL, na localidade de Casoto, concelho de Sines. Segundo a mesma fonte, o alerta foi dado pouco depois do meio-dia, tendo os bombeiros sido chamados ao local para fazer a prevenção. O acesso ao parque de estacionamento da empresa foi cortado e 12 pessoas foram retiradas das suas casas. Contactado pela Lusa, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Sines, Vítor Gonçalves, que esteve à frente da operação, confirmou que a “situação foi reposta na normalidade” por volta das 15 e 25 horas, com o restabelecimento do trânsito e o regresso dos habitantes a casa. No local, estiveram 18 operacionais e 10 veículos, tendo a operação sido seguida pelas corporações de bombeiros de Sines e de Santo André, pela Administração do Porto de Sines, pelo Serviço Municipal de Proteção Civil e pela GNR.
DIA 30, SEGUNDA-FEIRA ODEMIRA HAXIXE APREENDIDO VALE CERCA DE NOVE MILHÕES DE EUROS A Polícia Judiciária (PJ) revelou que as cerca de três toneladas de haxixe apreendidas na zona de Odemira, durante uma operação que levou à captura de nove suspeitos, rondarão, a preço de mercado, nove milhões de euros. Em conferência de imprensa conjunta, as autoridades portuguesas e espanholas afirmaram que a investigação “está em aberto” e “vai continuar nos dois países”, tendo o coordenador superior da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ anunciado que haverá “novas detenções” em Portugal e Espanha. Joaquim Pereira acrescentou que dos nove presumíveis traficantes de droga, com idades entre os 22 e os 67 anos – que ficaram em prisão preventiva – , três são espanhóis e seis portugueses, entre os quais quatro tinham grau de parentesco – dois pais e dois filhos. O coordenador da PJ lamentou ainda a morte “acidental” de um décimo elemento, que acredita tratar-se de um galego, o qual faleceu quando caiu dos flutuadores da lancha rápida e foi apanhado pelas hélices, no momento em que outros suspeitos se aperceberam da presença das autoridades e tentaram fugir.
3 perguntas a Filipe Campêlo Escoteiro chefe do agrupamento 234 Beja e coordenador geral do ARSul 2012 O perímetro florestal de Cabeça Gorda e Salvada recebeu o 1.º Acampamento Regional Sul. Em que contexto surgiu o eventoequalobalançoquefazdomesmo?
O ARSul 2012 surge nas comemorações dos 100 anos de escotismo português, que foi fundado pela AEP – Escoteiros de Portugal. Em 1911 Álvaro de Melo Machado funda em Macau o primeiro grupo de escoteiros em território português. Em 1912 são fundados em Lisboa os primeirosdoisgruposemPortugalmetropolitano e em 1913, também em Lisboa, surge o terceiro grupo. Ainda em 1913 os três grupos de Lisboa decidem juntar-se e fundar a AEP – Associação dos Escoteiros de Portugal. Passados 100 anos de formaçãocívicadejovenscreioqueoARSul2012 deixaria os nossos fundadores orgulhosos dadoqueasapreciaçõesdosjovenspresentes em campo foram francamente positivas. Havia um segundo objetivo no ARSul 2012, a divulgação do escotismo no concelho de Beja e concelhos limítrofes, que foi também amplamente atingido dado o sucesso do concerto no Parque da Cidade, os jogos de cidade em Beja e Mértola e a “manhã com os escoteiros”, que foi proporcionada aos jovens das freguesias de Cabeça Gorda e de Salvada.
Ora vamos lá dar aqui mais um autógrafo E foram dezenas as dedicatórias que o comendador Cameirinha endereçou aos seus amigos e admiradores na passada semana, por ocasião do lançamento da sua biografia, em Beja. Um trabalho de investigação da autoria de António José Brito.
Vale sempre a pena esperar pelos nelhores concertos Para o ano há mais. Terminou este domingo, no castelo de Sines, mais uma edição do Festival de Músicas do Mundo. Um evento que já ganhou espaço não apenas no panorama nacional, mas que também já faz parte da agenda internacional do folk.
São os Cantigas do Baú mas a sua música não cheira a pó Em que fase está o protejo de criação de um centro de atividades escotistas no referido perímetro florestal?
Os Escoteiros de Portugal têm uma rede de campos de atividades escotistas que têm como função servir de base de apoio às atividades escotistas provendo as necessidades básicas de infraestruturas e serviços, de modo a que as atividades se possam organizar focadas nos programas e não na logística. O campo de atividades escotistas de Cabeça Gorda e Salvada está em fase de conversações entre os Escoteiros de Portugal e as respetivas juntas de freguesia, tendo ainda por parceiro a Câmara de Beja. As necessidades de investimento serão baixas, algumas foram já feitas na preparação do ARSul, e pretende-se que o campo seja autossustentável no futuro. Este campo estará inserido no projeto que as juntas incumbentes têm para o local.
Beja tem um novo grupo de música de raiz tradicional que começa agora a rodar um reportório interessante e repleto de surpresas. Pelo menos assim mostraram este sábado, no concerto que ofereceram ao público do Pax Julia.
Enquanto não parares de dançar não volto a tocar Tito Paris, um dos grandes mestres da música cabo-verdiana, atuou este sábado em Vila Nova de Santo André, no parque central. Por ocasião dos festejos do Dia da Cidade. E o que não faltou foi animação, mornas, coladeras e muito funaná.
O agrupamento 234 Beja debatia-se com a escassez de “chefes” adultos, o que impunha limitações no ingresso de jovens. Qual é a situação atual?
Neste momento estamos francamente melhores no aspeto do voluntariado adulto. Temos uma equipa coesa que cresceu o suficiente para que o Grupo 234 Beja se tenha já tornado o terceiro maior grupo da AEP em termos de efetivos de jovens, sendo que a nossa Alcateia é a maior do País. Nunca tivemos por objetivo qualquer número específico de jovens, mas não podemos deixar de nos sentir recompensados por esta tão grande adesão. Nélia Pedrosa
Os checos não perceberam nada mas gostaram de ouvir O rancho de cantadores Os Camponeses, de Vale de Vargo, no concelho de Serpa, participaram na última edição do “Prague Folklore Days”. Um encontro que junta na capital checa grupos de música tradicional originários de todos os cantos do mundo.
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É aquela história do oito para os 80. Nestes próximos quatro ou cinco dias de festival, é o pandemónio. Para a aldeia em si, não prejudica, antes pelo contrário, facilita a vida aos comerciantes. Para a pessoa comum, é mais chato porque não vivemos assim muito sossegados”. João Maria
Zambujeira do Mar
Festival decorre por estes dias na herdade da Casa Branca
Sudoeste: entre o amor e o ódio As opiniões dividem-se. Há quem veja a sua aldeia mais viva e bonita por
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om os primeiros dias de junho, Zambujeira do Mar entra em modo de verão. É assim desde que esta pequena aldeia alentejana abençoada pelo mar ganhou estatuto de estância balnear, lá pela segunda década do século XX, como lembram os mais velhos. Na rua Miramar, que fala por si, circulam por estes dias de fim de julho mais forasteiros que locais. É fácil identificá-los a olho nu, em grupos de amigos, casais ou famílias. O passo é lento, a caminho da praia, ou de regresso; para-se na esplanada para um café demorado e uma olhadela preguiçosa pelas novidades da silly season; os corpos, bronzeados e a brilhar de protetor, não levam mais do que uns vestidos leves ou um par de calções. Um dolce fare niente que contrasta com o ritmo de quem está do lado de lá. O que é o mesmo que dizer nas cozinhas dos restaurantes e cafés, nos balcões das pequenas lojas de artigos de praia, nas casas, ou partes delas, que é preciso ter limpas e arranjadas para a entrada da próxima quinzena. “Para os da terra, o verão começa mais tarde, porque agora toda a gente anda ocupada a arrumar as casas, a atender o turismo, a trabalhar nos restaurantes. E toda a gente tem um cantinho para alugar”, confirma Maria de Fátima Jacinto, de 56 anos. É a guardiã da capela de Nossa Senhora do Mar, debruçada sobre o muro branco que separa a aldeia do areal, e é lá que vamos encontrá-la a meio das últimas varredelas antes de encerrar a porta para o almoço. “É o único monumento da aldeia, não existe outro”, sorri. Os veraneantes espreitam e saem; um ou outro demora-se a apreciar o altar, mais raros são os que se recolhem em prece. Cá fora, a mãe, Maria Bárbara, já com 90 anos, olha com saudade a filha atarefada, como que a recordar-se do que fez toda a vida. Deixou o posto há perto
conta do conhecido festival de verão, que está a decorrer por estes dias na herdade da Casa Branca. E há também quem torça o nariz a este novo tipo de turista, que parece ter espantado as famílias ordeiras para outros areais da costa alentejana. Uma coisa é certa: com ou sem Sudoeste, a Zambujeira do Mar não pode sobreviver sem o ensolarado verão. Texto Carla Ferreira Fotos José Serrano
de cinco anos e passou o testemunho a Maria de Fátima, que o faz “por gosto”, voluntariamente. Na verdade, é do “aluguer de casas” que vive mas esta não é a única razão por que gosta mais da sua Zambujeira banhada de sol. “No inverno, estamos muito isolados. No verão, com o turismo, passamos a ter muito movimento, muita gente, a juventude do Festival Sudoeste. E eu gosto disso. Muita gente não gosta, dizem que não interessa à terra, mas eu gosto”, confessa, assertiva. De facto, percebemos mais tarde, o tema divide as gentes, já por si divididas entre a necessidade de fazer negócio para compensar o marasmo do inverno e o rasto deixado pelas hordas de festivaleiros, a dias de começar a aparecer para mais uma edição, a que arrancou na quarta-feira, dia 1. Não é por ser mais novo que Nelson Fino, 35 anos, sente mais empatia pelo público preferencial do Sudoeste. “O festival em si não traz melhorias nenhumas à região, antes pelo contrário”, opina, sem hesitações, enquanto prepara para o almoço as mesas exteriores do restaurante onde trabalha. O argumento é simples: “Antes de haver o festival já nós trabalhávamos, mas era com outra qualidade de cliente. As pessoas que vinham antigamente com as famílias, clientes de há anos, deixaram de vir
Estância balnear Com os primeiros dias de junho, Zambujeira do Mar entra em modo de verão
por causa do Sudoeste. Vão para outros sítios. O festival estragou-nos a primeira quinzena de agosto”. Daniela Loução, 23 anos, é mais condescendente. Junto aos mostruários de chinelos e outros acessórios de veraneio à venda no estabelecimento onde trabalha, reconhece que é “muito complicado para quem não tem nada a ver com o Sudoeste e que vem só para passar férias”. Sobretudo pelas filas que diariamente se avolumam no comércio ou na restauração. Mas considera que esse aspeto negativo é compensado pela “beleza e vivacidade” que invadem a terra por esses dias. E também pelas vendas, que não costumam correr mal, à custa de uma estratégia de “promoções e descontos”, à qual as pessoas “aderem bastante”. É que, de inverno, lembra, “isto está completamente vazio, os estabelecimentos fecham mais cedo e não há lazer, propriamente dito”. Uma apatia que, aliada à falta de trabalho, vem empurrando muitos jovens para fora do concelho e até mesmo do País. “E cada vez mais. Tenho muitos amigos que estão na Alemanha e na Suíça”, assegura. Com um pé na terra natal, onde passa cerca de três meses no ano, e outro na Amadora, para onde rumou há 43 anos, João
Maria consegue entender quem defende e quem se opõe ao também conhecido como festival da Zambujeira do Mar. Sentado num banco à sombra, à conversa com outro septuagenário, já leva num saco de plástico tudo o que necessita para o almoço que há de preparar na casa de férias. E confessa que ele próprio se põe a salvo, poucos dias antes das primeiras atuações, para só regressar em setembro, com a poeira mais assente. “É aquela história do oito para os 80. Nestes próximos quatro ou cinco dias de festival, é o pandemónio. Para a aldeia em si, não prejudica, antes pelo contrário, facilita a vida aos comerciantes. Para a pessoa comum, é mais chato porque não vivemos assim muito sossegados”, comenta. Mas deixa bem claro que nem toda a juventude é desordeira e barulhenta. “Alguns vêm já meio bêbedos, deitam-se aí por qualquer canto, todos sujos. Mas não são todos. Lá à minha porta, costumam parar duas raparigas e um rapaz que vê-se que têm alguma linha. Compram alguma coisa no supermercado, põem-se ali à sombra, comem, estendem as toalhas, dormem, e quando abalam deixam tudo limpo”. Com 75 anos e já reformado do setor da construção civil, João Maria revela, aliás, um forte sentimento de solidariedade para com as novas gerações. Nos anos da sua juventude, recorda, muitos saíram da Zambujeira “em grande escala” para países como Alemanha, Suíça e França. Ele preferiu ficar cá dentro, onde pudesse obter mais qualificações na sua área profissional, e ganhou a vida. Mas para os jovens de hoje, no litoral alentejano ou onde quer que seja, nem a formação superior lhes vale. “Os nossos netos estão feitos. Os jovens, coitados, são as grandes vítimas destes tempos em que vivemos”, desabafa, fazendo caminho por entre os grupos de veraneantes, ainda em passada pré-festivaleira.
Restauração Negócio feito no verão compensa o marasmo do inverno
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Hélder António Presidente da Junta de Freguesia de Zambujeira do Mar
Freguesia há 23 anos Zambujeira do Mar é das freguesias mais recentes do concelho de Odemira, tendo sido desanexada de São Teotónio em 1989, e é também a mais pequena em área. Atualmente, segundo os dados preliminares do Censos 2011, conta com uma população de 911 habitantes, um acréscimo de 67 pessoas face à última contagem oficial, em 2001. A sul do cabo Sardão, com uma costa recortada por falésias e pequenas praias, atrai em cada verão milhares de visitantes que chegam de norte a sul do País, e também de fora do território nacional. Além da praia da Zambujeira, classificada com Bandeira Azul, são igualmente populares os areais de Alteirinhos, Nossa Senhora e Tonel.
Nossa Senhora do Mar Terminadas as enchentes festivaleiras, é tempo de homenagear a padroeira com mais recato na única festa religiosa do ano. A 15 de agosto, há missa em honra de Nossa Senhora do Mar, na capela que lhe leva o nome. Seguem-se três noites de tríduo, com pregação e terço, e a 18 os zambujeirenses saem à rua para a procissão noturna de tributo à santa da sua devoção. Um culto local também apreciado pelos veraneantes.
O turismo continua a ser a principal atividade económica da freguesia. Em que medida?
Sim, sem dúvida. E sobretudo nas áreas da restauração e do alojamento particular. Há bastantes pessoas a alugar quartos e casas. Isso faz com que se arranje mais uns euros para o inverno, em que não há onde ganhar dinheiro. Dá uma ajuda. Mas sim, tem influência na economia, exceto nos primeiros 15 dias de agosto, por causa do Festival Sudoeste. Quem vinha deixou de vir, porque ninguém quer ir de férias para estar duas horas na fila para o supermercado. Em tempos, havia dificuldade em arranjar casa no mês de agosto aqui na Zambujeira. Agora não. E a crise também tem influência neste decréscimo da procura, que se acentuou mais desde há dois, três anos. E a pesca, continua a ser uma importante fonte de rendimento?
Sim, mas já foi melhor. Ainda temos aí uns oito ou nove barcos de pesca, barcos pequenos, que têm alguma influência também. Por norma andarão duas pessoas em cada barco – vamos supor que serão duas famílias a viver disso. Temos a Entrada da Barca, que é um porto de pesca relativamente pequeno. Desde 1997 que se realiza aqui o Festival Sudoeste. O que tem mudado na localidade para acolher estes milhares de jovens em cada verão?
Por mais que queiramos não conseguimos adaptar uma aldeia destas a uma enchente de 30 ou 40 mil pessoas. Na praia, não há hipótese de a pessoa se deitar; quanto muito, para andar em pé e tomar banho. Diz-se que a Zambujeira fica mais conhecida com o festival. Mas a Zambujeira é conhecida pelo menos há 100 anos, e por boas razões. E eu, como presidente de junta, gostaria de receber bem as pessoas mas não tenho hipóteses. Temos apenas duas casas de banho públicas, ambas para senhoras e cavalheiros. Obviamente que o festival deveria fornecer casas de banho e eu recordo-me que, de início, o fazia. Não suportamos tanta gente. O que é que pesa mais: o lado negativo ou o positivo?
Eddie Vedder é estrela do 16.º Sudoeste Com a realização, desde 1997, do Festival Sudoeste na herdade da Casa Branca, na freguesia vizinha de São Teotónio, Zambujeira do Mar passou a ser nome obrigatório no vocabulário do jovem português. No início de agosto é vê-los chegar aos milhares para ver ao vivo alguns dos mais importantes nomes da cena musical mundial. Hoje mesmo, no palco TMN, é esperado, num concerto a solo, o lendário vocalista dos Pearl Jam, Eddie Vedder, conhecido também pelo seu amor ao surf e pela sua simpatia pelas praias portuguesas. The Roots e Gorillaz Sound System são as estrelas da noite de amanhã, sábado, antecedendo o encerramento, no domingo, 5, que estará a cargo do Dj e produtor francês David Guetta, aliás presença habitual no evento.
O negativo, sem dúvida nenhuma. É a minha opinião e justifico-a. Porque a maior parte das pessoas não está muito interessada em alugar casa aos jovens do festival. Não vou dizer que são todos más pessoas, mas muita rapaziada junta, por norma, dá disparate. Seria diferente se o festival acontecesse em abril, maio ou junho. Aí até os próprios comerciantes estariam de acordo. Mas em agosto, é caso para dizer: para quê mais pessoas, se não conseguimos dar vazão? Porque em agosto, já por si, tínhamos as pessoas que habitualmente vinham passar férias à Zambujeira. Era o suficiente, esgotavam as casas para alugar, não era preciso mais. O que é demais não presta.
Agregação reforça qualidade pedagógica, diz ministério
Diário do Alentejo 3 agosto 2012
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Atual
Segundo o Ministério da Educação e da Ciência, esta segunda fase de agregação de escolas [a primeira teve lugar no passado ano letivo] vai permitir “reforçar o projeto educativo e a qualidade pedagógica das escolas”, nomeadamente através da articulação dos diversos níveis de ensino. A tutela acredita que, assim, os alunos vão poder realizar “todo o seu percurso escolar no âmbito de um mesmo projeto educativo”. O ministério diz ainda que os novos agrupamentos
“facilitam o trabalho dos professores, que podem contar com o apoio de colegas de outros níveis de ensino, e ajudam a superar o isolamento de algumas escolas”. Fica ainda mais facilitada “a racionalização e gestão dos recursos humanos e materiais escolares”. A tutela considera ainda que os novos agrupamentos “têm uma dimensão racional e têm em conta as características geográficas, a população escolar e os recursos humanos e materiais disponíveis”.
Não prestaram declarações Também contactada pelo “DA”, Graça Alves, presidente da comissão administrativa provisória da nova agregação de escolas de Aljustrel, que junta a secundária e o agrupamento vertical de escolas do concelho, remeteu para mais tarde declarações sobre o processo. O “Diário do Alentejo” tentou ainda obter esclarecimentos junto das comissões dos outros dois novos agrupamento do distrito – em Castro Verde (que junta o agrupamento de escolas existente e a secundária) e em Serpa (que junta os agrupamentos de escolas de Serpa e de Pias) – e da Direção Regional de Educação do Alentejo, mas tal não foi possível em tempo útil.
Segundo estimativas do sindicato dos professores para o distrito de Beja
Mais de 300 contratados no desemprego Mais de três centenas de professores contratados a lecionar no distrito de Beja, segundo estimativas do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS), deverão ficar no desemprego, em consequência de um conjunto de medidas implementadas pelo Governo – e em vigor a partir do próximo ano letivo –, nomeadamente a revisão curricular (que acaba com algumas disciplinas e reduz horários a outras), o aumento para 30 do número máximo de alunos por turma e a criação de novas agregações de escolas (em alguns casos da pré-primária ao 12.º ano). Texto Nélia Pedrosa Ilustração Susa Monteiro
N
o que concerne aos docentes do quadro, o presidente da estrutura sindical, Joaquim Páscoa, adianta que o SPZS fez um levantamento “em cerca de um terço” dos estabelecimentos de ensino do distrito, tendo identificado “cento e tal professores com horário zero [sem qualquer turma atribuída] ”. “Estes são dados [dos horários zeros] muito parcelares, apenas de cerca de um terço das escolas, portanto são números já muito altos. O Ministério da Educação tomou entretanto algumas medidas no sentido de recuperar uma série de horários – eventualmente alguns destes já terão sido recuperados – mas, de acordo com os primeiros critérios do ministério, eles de facto tiveram horário zero e é essa mensagem que queremos passar aos professores”, diz o dirigente, que garante que “só estará relativamente seguro o professor que tiver horário letivo efetivamente”. “O ministério diz que há uma série de projetos, de atividades [que fazem parte de um pacote de medidas para o sucesso e prevenção do abandono escolar], que poderão ser utilizados para dar aos professores que têm horário zero, mas esses projetos terão de ser aprovados pelo ministério e é preciso também ter consciência que há cento e tal milhões de euros que o ministério tem que cortar no orçamento do seu próprio funcionamento e será sobretudo em termos de salários, e salários significa pessoas. Em termos teóricos, quando se juntam duas escolas em que há professores com formações semelhantes, com formação para vários ciclos, há um aumento do desemprego docente”. Em relação aos docentes contratados, o sindicalista lembra que Beja “é um distrito que tradicionalmente sempre teve muitos professores contratados”, e se em Évora são cerca de 340 – os únicos contabilizados até ao momento –, Joaquim Páscoa acredita que em Beja “é um número ligeiramente superior”. “Beja teve sempre muitos professores contratados, aliás, houve alguns agrupamentos que funcionaram sempre, e só, à base de contratados. São mais de 300,
seguramente”, adianta o responsável, salientando que a partir do dia 31 “os contratos terminam todos”: “Alguns, eventualmente, serão renovados, se não houver professores do quadro para ocupar os seus lugares, mas eu tenho dúvidas. O ministro diz que sim, que vai haver algumas colocações”. A não renovação de contratos, que o SPZS apelida de “o maior despedimento coletivo de sempre”, e a atribuição de horários zero a docentes do quadro não são as únicas consequências graves decorrentes das medidas impostas pelo Governo, diz Joaquim Páscoa. O sindicalista adianta que as agregações de escolas também originam problemas ao nível do emprego na parte administrativa – “até podem deixar ficar agora duas secretarias de escola, mas isto fica enquanto a transição não se fizer, depois passa a haver só uma” – e do ponto de vista da “qualidade pedagógica”. “Mesmo quando se
trata de um número baixo de alunos – no caso do Alentejo as novas agregações não têm, de facto, um número exagerado –, em alguns casos são escolas que têm alguma dimensão e que tiveram sempre um órgão de gestão próximo e o que vai passar a existir é um órgão de gestão que num dos casos fica afastado, as decisões acabam sempre por ser tomadas à distância. O ministério diz que irá haver uma maior proximidade, mas isto não é verdade”. Por outro lado, acrescenta, a itinerância dos docentes dentro das escolas do agrupamento, outra das medidas decorrentes da agregação, “implicará um desgaste maior dos professores e maiores despesas” com deslocações, sem que estejam garantidas “compensações”. O aumento do número de alunos por turma – que no ensino secundário poderá ir além dos 30 –, irá ter implicações “na disponibilidade que cada professor tem que ter para cada aluno”, concluiu.
Serpa prevê “acréscimo” de tensões entre alunos e na sala de aula O presidente da co-
missão administrativa provisória de uma das duas novas agregações de escolas em Serpa, que junta a secundária com o existente agrupamento vertical de Vila Nova de São Bento – que é, segundo o Governo, a unidade orgânica mais pequena, com 889 alunos – diz, em declarações ao “Diário do Alentejo”, que as medidas do Governo estão “nesse momento a ter bastantes implicações no normal funcionamento das escolas da agregação”, porque, “além do mais”, existe “alguma falta de orientações e de apoio para uma regular implementação do agrupamento”. “Isto tem implicações em termos administrativos, de funcionamento, em termos orçamentais, portanto há uma série de situações que neste momento carecem de muitos cuidados e a altura do ano em que isto está a ocorrer é que não é a melhor, porque na prática as pessoas já não estão cá, e isto é tudo deixado um pouco em cima de quem neste momento está ao serviço”, lamenta Francisco Féria, que passou a gerir “entre 120 e 130 docentes”. Em relação ao número de professores do quadro a quem foi atribuído horário zero, o dirigente estima que sejam “cerca de 25”, sendo que deverão ser recuperados “oito ou nove”. Contratados deverão ser “entre 20 e 30”. “Se ficarmos com 10 será muito, ou seja, a maior parte dos docentes contratados ‘vai ao ar’, irão ficar alguns mas no âmbito de técnicos especializados para os cursos profissionais e para os cursos de educação e formação”. O presidente da comissão administrativa considera ainda que “num ano em que a escolaridade obrigatória vai chegar aos 18 anos pela primeira vez, em que se assiste a um mau estar docente, em que existe um agravar das situações problemáticas em termos socioeconómicos, das famílias”, o aumento do número de alunos por turma poderá levar “a um acréscimo em termos de tensões no trabalho em sala de aula, entre os miúdos e dentro da própria escola”. “Estou a prever um agravamento das situações, com a agravante de as escolas não estarem dotadas neste momento de corpos técnicos que deem resposta a isto. A maior parte não tem psicólogos a tempo inteiro, são contratados pontualmente para umas horas. Assistentes sociais não existem e mediadores sociais também não”, diz o responsável, acrescentando que a itinerância de alguns docentes dentro das escolas do agrupamento – Serpa e Vila Nova estão a 17 quilómetros de distância – é uma situação “que também ainda não está bem clarificada”. “Dentro do agrupamento tenho oito docentes que não têm nem carro nem carta, e o transporte público não consegue responder às necessidades dos docentes de se moverem entre as duas escolas, portanto, neste momento, não sabemos o que é que vamos fazer”.
A Câmara de Serpa tem disponível desde quarta-feira, na Internet, o portal do munícipe, que permitirá aos munícipes aceder à estratégia, a projetos e obras georreferenciados num mapa interativo, notícias e serviços da autarquia. O portal, criado no âmbito do processo de modernização administrativa da Câmara de Serpa, faz parte da solução de comunicação integrada entre a autarquia e os munícipes e que reúne o Balcão Único de
Concelhia de Aljustrel do PCP contesta fecho da Escola Básica de Jungeiros A concelhia de Aljustrel do PCP contestou o encerramento da escola básica de Jungeiros, no concelho, o que vai criar “um problema” à população, porque “não foi acautelado o transporte, nem a alimentação das crianças” que serão deslocadas. Em comunicado, os comunistas de Aljustrel mostram a sua “indignação” com o fecho da escola e apelam à população para recusar a “política economicista do Governo, causadora de desemprego,
Atendimento e vários serviços on line. Segundo a autarquia, o portal, que pode ser acedido através do sítio de Internet da Câmara de Serpa, em www.cm-serpa.pt, vai disponibilizar on line vários serviços municipais, como os de águas, de vistoria de unidades móveis, cemitérios, licenças, urbanismo e ambiente e serviços urbanos. Através de uma área reservada, os munícipes registados também podem enviar opiniões e expor problemas.
07 Diário do Alentejo 3 agosto 2012
Serpa disponibiliza portal do munícipe na Internet
insucesso educativo e injustiças sociais”. Segundo o PCP de Aljustrel, “o governo PSD/ /CDS-PP, determinado a pagar a crise apenas com a retirada de direitos e condições de vida à população, resolveu continuar a política de encerramento de escolas”, iniciada pelo anterior Governo PS. “O atual governo insiste em continuar a aplicar as mesmas medidas que têm como resultado a degradação da escola pública, que em nada contribuem para o sucesso educativo dos alunos e que acentuam o despovoamento do interior”, lamentam.
Presidente do Nerbe/Aebal diz que a “situação é extremamente grave”
Cerca de 40 por cento das empresas da região estão à beira da falência Filipe Pombeiro, eleito presidente do núcleo empresarial de Beja em fevereiro último, revela que grande parte das empresas da região está com a corda ao pescoço. Por falta de apoios e de financiamento bancário. Nesta entrevista exclusiva ao “Diário do Alentejo”, Pombeiro diz que “não faz sentido” existirem duas associações empresariais na região. E que o grupo de trabalho para o aeroporto de Beja, apesar dos atrasos iniciais, está já na fase de redação dos resultados finais.
procura interna sentem dificuldades acrescidas. Não nos podemos esquecer que das 350 mil empresas que temos em Portugal, só 20 mil têm caráter exportador. Todas as empresas que dependem do mercado interno, por via do rendimento das famílias e da contração da economia, têm que ser apoiadas. É nestas empresas que não têm exportação que reside o maior nível de emprego do País. Se não apoiarmos estas empresas elas vão ter uma vida bastante complicada e não podemos acabar com elas. E as empresas exportadoras no Alentejo não andarão acima dos cinco por cento do total.
Texto Paulo Barriga Foto José Serrano Numa região tão pobre empresarialmente, faz sentido existirem em simultâneo duas associações empresariais?
Que retrato faz do tecido empresarial da região de Beja nesta altura de crise profunda?
É um pouco o retrato do País. Com os constrangimentos acrescidos de estarmos numa região do interior. Se o País está mal, não se esperaria que uma região que já tem os problemas inerentes à interioridade estivesse melhor. Portugal atravessa uma crise extrema. No que respeita às empresas estão a fechar uma média de 30 por dia a nível nacional. E estamos a debater-nos com problemas muito complicados de tesouraria nas empresas.
No sentido lato, diria que não. É evidente que cada uma tem a sua própria natureza específica. O Nerbe e a Associação Comercial fizeram o seu próprio caminho. A fusão das duas poderá ser um fim, mas nesta fase não é isso que nos deve preocupar. Não é uma questão que neste momento esteja em cima da mesa. Mas não faz muito sentido, para um tecido empresarial tão pequeno, existirem duas associações. É um facto. Mas nesta fase não sei se o caminho passa pela junção das duas.
Esse sentimento também se sente com intensidade junto dos vossos associados?
Falta apenas um mês para o grupo de trabalho sobre o aeroporto apresentar resultados. Em que pé estão as coisas?
Sente-se e muito. Mais de 70 por cento do tempo que ocupo no Nerbe é a ouvir as pessoas e a tentar, junto das entidades competentes, seja a Direção Regional de Economia, seja o Iapmei ou a banca, dar conta destas dificuldades. Para tentar ajudar as pessoas no sentido de resolver os seus problemas. E o maior problema que hoje as empresas têm é o acesso ao crédito, é o financiamento. Que por um lado está muito restrito e, por outro, está muito caro. Aeroporto de Beja Grupo de trabalho está já em fase de apontar soluções Só no primeiro semestre de 2012, segundo o Instituto Informador Comercial, já insolveram 25 empresas na nossa região. Que comentário lhe merece estes dados?
Estes números pecam sempre por defeito. Há muitas empresas que ainda não recorreram à insolvência, nem sei bem porquê. As dificuldades que têm são de tal ordem que, de estarem abertas ou não estarem, vai um passo muito pequeno. É uma situação muito complicada. É evidente que continuamos a ter empresas com vitalidade e que até apresentam crescimento. Mas se formos falar em termos médios, estamos com uma situação extremamente grave.
Estes números agora divulgados não são propriamente realistas…
Não querendo ser alarmista, diria que mais de 40 por cento das empresas da região estão com grandes dificuldades de tesouraria e com uma perspetiva de continuidade muito reduzida. Em fevereiro, contra todas as expectativas, foi eleito presidente do Nerbe com o lema “proximidade, inovação e dinamismo”. Era muita ambição reunida em apenas três palavras...
Continuamos a ter muita ambição. E
estamos a tentar implementar estes três eixos e penso que isso já é visível. Mas aquilo que estamos a fazer mais é este trabalho de proximidade com as empresas e sermos um elo de transmissão para que possam resolver os seus problemas. Não temos qualquer fundo para emprestar às empresas, liquidez, que é o que elas mais necessitam. Mas temos desenvolvido esse trabalho junto das entidades competentes, no sentido de fazer passar a mensagem de que as empresas são viáveis e que temos que as apoiar. Numa conjuntura política muito orientada para as exportações, as empresas que dependem da
Diria que os trabalhos estão a evoluir com naturalidade. Houve um atraso inicial… nesta fase não faz sentido adiantar muito sobre o tema, faz sentido sim vermos o resultado final e o relatório final. Diria que os trabalhos estão a avançar com naturalidade e dentro dos timings previstos. As entidades envolvidas estão com a mesma perspetiva em relação ao aeroporto. A parte de levantamento de informação já foi feita, estamos agora já na fase de outputs. Que tipo de outputs?
Ainda é cedo para falar no assunto. A minha opinião é que o aeroporto é absolutamente fundamental para o desenvolvimento da nossa região. É evidente que, na conjuntura em que estamos, não o vamos ter nos próximos anos com todas as suas valências. Mas existe um potencial enorme no aeroporto e há uma valência que podemos aproveitar mais a curto prazo que tem a ver com a indústria aeronáutica. É por aí que o aeroporto vai, nos próximos tempos, dar mais à região.
Diário do Alentejo 3 agosto 2012
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Safara contra redução do horário do Posto da GNR
A Junta e a Assembleia de Freguesia de Safara, no concelho de Moura, contestaram a eventual redução do horário de funcionamento do posto local da GNR, alegando que irá contribuir para “aumentar” os níveis de insegurança da população e os crimes. Numa moção, aprovada por unanimidade, os dois órgãos afirmam que a proposta de redução do horário do posto da GNR de Safara, das atuais 24 horas para o período entre as 9 e as 17 horas, será “insuficiente” e irá afastar os efetivos das populações e obrigá-los a deslocarem-se para a sede
António Dieb
do concelho (Moura) fora daquele horário. Por outro lado, alertam, fora do horário do posto “grande parte” da população de Safara ficará “a mais de 20 quilómetros” e “um número significativo” a “cerca de 30 quilómetros” do posto sede, em Moura, e “uma extensa área de fronteira com Espanha fica afastada e reduzida de serviços de atendimento e patrulhamento”.“Face às atuais condições socioeconómicas agravam-se as necessidades das populações no atendimento e patrulhamento adequado”, defende a moção.
João Ramos fez balanço da 1.ª sessão legislativa A “falta de vontade política” do Governo PSD/CDS-PP para avançar com “projetos estruturantes” para a região, nomeadamente Alqueva, aeroporto, A26 e IP2, justificam, por parte do deputado do PCP João Ramos, a atribuição de nota negativa à atuação do executivo no balanço que fez da 1.ª
sessão legislativa. O deputado comunista, em conferência de imprensa, criticou ainda o facto de os custos do trabalho, a desregulação das relações laborais e o encerramento de postos da GNR, serviços de saúde ou tribunais se terem acentuado neste período, bem como a extinção de freguesias, cujo processo está em curso.
Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo e da Autoridade de Gestão do InAlentejo
“Estamos a voltar à normalidade” Há oito meses que não eram celebrados pelo InAlentejo contratos de financiamento. Esta cerimónia significa que se está a voltar à normalidade?
Sim. Após a operação de limpeza e reprogramação estratégica está-se a entrar na normalidade. Estes contratos eram expectativas antigas dos promotores que estavam sem resposta, algumas há mais de um ano. Depois de resolvidas estas situações, ficam apenas em aberto 10 casos que necessitam de parecer prévio da Comissão Ministerial de Coordenação do QREN, presidida pelo ministério das Finanças, recentemente criada. Disse que era uma cerimónia também simbólica. Porquê?
A assinatura, em bloco, destes contratos, é um sinal de que queremos despachar os processos que temos entre mãos o mais rapidamente possível. É também um sinal de que estamos na plenitude das nossas competências e das nossas funções para assinar novos contratos e para financiar novos investimentos. E é também um sinal de que o InAlentejo é um instrumento muito importante para a nossa região e que deve ser utilizado pelos diversos promotores, sejam privados, sejam públicos.
Barrancos A IPSS Nossa Senhora da Conceição é uma das instituições que vai assinar contrato de financiamento
A reprogramação do QREN não tirou dinheiro às câmaras e outras entidades públicas no Alentejo?
Desde o início do ano que não era assinado qualquer contrato de financiamento do InAlentejo. Todos os processos estavam parados, por ordem governamental, para reprogramação e limpeza estratégica.
A reorganização do QREN foi um sucesso na região. Conseguimos satisfazer os interesses e as diretivas do Governo e também os interesses dos diversos promotores, com uma grande adesão da maior parte dos decisores nesta matéria. A assinatura destes contratos é também um sinal de que a reprogramação não retirou dinheiro ao Alentejo, nem, por outro lado, nos retirou a disponibilidade financeira para apoiarmos projetos públicos, uma vez que conseguimos arranjar mais 40 milhões de euros do que estava previsto. Para quando uma nova assinatura de contratos?
A nossa prioridade é que a aprovação dos projetos seja feita de uma maneira cada vez mais rápida e que os promotores sintam que têm no InAlentejo um instrumento adequado às suas necessidades. Temos prevista para setembro uma nova assinatura de contratos, quer para o setor público, quer para o setor privado. Outro sinal que quisemos deixar é o de que, antes de irmos de férias e numa altura muito complicada de crise, conseguimos pôr 35 milhões de euros na rua, o que é altamente significativo.
Governo suspendeu todos os processos no início do ano
InAlentejo volta a assinar contratos de financiamento Texto Carlos Júlio Foto José Serrano
P
ondo fim a este “interregno”, no início da semana o Governo autorizou a assinatura de 19 contratos de financiamento, alguns dos quais à espera há mais de um ano, no valor global de 35 milhões de euros, a maioria aprovados durante o mandato da anterior “equipa de gestão”. A cerimónia de assinatura estava marcada para ontem à tarde, já depois do fecho desta edição do “Diário do Alentejo”, nas instalações da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (Ccdra), em Évora. Estes contratos, com um investimento total de 34 175 833,58 de euros, vão ter um cofinanciamento do Feder de 23 544 723,59 de euros, com uma taxa variável entre 70 e 80 por cento de comparticipação. No entanto, este valor vai ser ainda superior, no final da execução dos projetos, uma vez que o regulamento do QREN
permite que essa taxa seja aumentada, na maioria dos casos, até aos 85 por cento, o que poderá pôr em causa, conjuntamente com a reprogramação efetuada, “o tom excessivamente otimista das afirmações do presidente da Ccdra quanto ao retorno à normalidade, dando a perspetiva de que o InAlentejo ainda acomoda recursos para dar resposta às futuras solicitações da região”, disse ao “Diário do Alentejo” um especialista nesta matéria. Os contratos ontem assinados referem-se a compromissos que tinham sido assumidos pela Autoridade de Gestão do Programa antes da reprogramação do QREN. “Com estas assinaturas a Autoridade de Gestão do Inalentejo não só assinala o regresso ao normal funcionamento do plano traçado, como mostra que, com a reprogramação estratégica do InAlentejo, tem os meios para continuar a apoiar os projetos de investimento existentes e que esta região vai continuar a dispor de mecanismos de apoio e de promoção do desenvolvimento regional”, disse ao “Diário do Alentejo” o presidente da Ccdra e do InAlentejo, António Dieb. Para o presidente da Ccdra (ver caixa), a assinatura em simultâneo destes dezanove contratos tem também um valor simbólico. “Com esta cerimónia quisemos deixar
um sinal de que numa altura muito complicada, de crise, conseguimos pôr 35 milhões de euros na rua, o que é altamente significativo”, sobretudo porque, “embora alguns investimentos destes já tenham sido iniciados, a maioria ainda não o foi e esta assinatura de contratos vai significar o seu arranque, o que significa também maior atividade económica para a região”, sublinhou. Os contratos de financiamento agora assinados referem-se a áreas como o turismo, energia, ciência e tecnologia, cultura, reabilitação urbana, rede escolar e equipamentos para a coesão local, e envolvem, na sua maioria, entidades públicas de toda a região, mas também privadas (a Delta, por exemplo, cujo centro de interpretação e divulgação científica e tecnológica e promoção turística, ligado ao Museu do Café, foi apoiado em quase três milhões de euros). No Baixo Alentejo são diversas as entidades financiadas: Câmara de Beja e Centro Social e Paroquial de Brinches (área da eficiência energética); IPSS Nossa Senhora da Conceição de Barrancos e Moura Salúquia – Associação de Mulheres do Concelho de Moura (equipamentos para a coesão social); e Associação Centro Ciência Viva do Lousal, Grândola (Ciência e Tecnologia).
Os idosos, reformados e pensionista de Pedrógão e de Marmelar visitam hoje, sexta-feira, a “Aldeia da Terra”, em Arraiolos, e o palácio de Vila Viçosa, no âmbito dos já tradicionais passeios de verão promovidos pela Câmara Municipal de Vidigueira. No próximo dia 10 será a vez dos idosos de Vidigueira, que visitarão a Casa Museu de Amália Rodrigues, em Lisboa, e o palácio Nacional de Queluz. Um passeio à praia de Monte Gordo é a proposta para os idosos de Selmes e de Alcaria da Serra, no dia 17.
Câmara de Aljustrel coloca cinco velocípedes ao dispor dos funcionários A Câmara Municipal de Aljustrel, no âmbito do projeto EcoAljustre – Ação Município Sustentável, colocou ao dispor dos funcionários cinco velocípedes para pequenos trajetos, “facilitando assim a
mobilidade dos trabalhadores”. O uso da bicicleta, adianta a autarquia, “enquadra-se numa política de mobilidade sustentável em que o município está a apostar, dando o exemplo com vista a adoção de comportamentos mais ecológicos e redução das emissões dos gases com efeito de estufa,
09 Diário do Alentejo 3 agosto 2012
Vidigueira promove passeios de verão para idosos
responsáveis pelas alterações climáticas”. O projeto EcoAljustrel pretende “apostar na mudança de comportamentos e na reeducação ambiental da população, preservar a integridade física dos cidadãos, fomentar um serviço de qualidade e promover a qualidade de vida no município”.
Câmara fala em abusos e em desperdício
Ferreira continua em guerra pela água O corte do abastecimento de água por parte da Câmara de Ferreira do Alentejo a oito montes, onde há mais de 30 anos era efetuado com recurso a um trator, continua a gerar polémica. O vereador Manuel Reis afirma que o uso e abuso deste bem escasso e uma maior equidade social justificam a suspensão. Já Paulo Conde, um dos moradores afetados, exige a reposição do abastecimento e diz-se disposto a pagar pelo serviço.
M
anuel Reis, vereador do executivo camarário responsável pelo pelouro que trata do abastecimento de água, disse ao “Diário do Alentejo” que as razões que motivaram a suspensão do fornecimento têm a ver com “abusos” verificados na utilização deste “bem escasso”, que, “em muitos caPUB
sos”, era usado para dar de beber a animais e regar hortas. O autarca afirma que havia casos em que se gastavam mais de 3 500 litros de água por semana, o que é “10 vezes mais do que os organismos internacionais recomendam”. Neste momento, a Câmara de Ferreira do Alentejo abastece seis famílias, com “comprovadas dificuldades de vária ordem”, com 500 litros por semana e por pessoa, o que “excede largamente” a quantidade recomendada, diz. Quanto às críticas produzidas na comunicação social por Paulo Conde, um dos elementos da comissão de utentes que exige a reposição dos abastecimentos, Manuel Reis acusa-o de estar a usar o movimento em “benefício próprio”. O vereador diz mesmo que houve pessoas que, ao comprarem terrenos agrícolas a “preços mais em conta, deviam saber”
que após a construção de uma habitação teriam um custo acrescido com o tratamento da água. Paulo Conde, contatado pelo “DA”, recusa qualquer aproveitamento pessoal da situação. “Nós queremos pagar a água. A câmara que diga quanto é, que nós pagamos”, afirma, acrescentando não perceber as motivações do executivo para “cortar a água só a alguns”. Manuel Reis justifica o corte com as medidas de contenção de custos e de equidade, já que, segundo o vereador, existem cerca do 500 montes no concelho, e apenas em 14 era distribuída água com recurso a transporte, acusando ainda alguns consumidores de terem acesso ao ramal “mas não o utilizarem” para poupar dinheiro. Paulo Conde diz que tratar a água “é muito caro” e reclama ao município “resposta ao
requerimento apresentado” em que o questiona acerca das razões que levaram ao fim dos abastecimentos. Este membro da comissão de utentes disse ao “Diário do Alentejo” que nos últimos dias reuniu-se com o presidente do conselho de administração das Águas do Alentejo, que prometeu contactar Aníbal Costa, presidente da Câmara de Ferreira do Alentejo, no sentido de se encontrar uma solução para o problema. Conforme noticiámos na nossa edição de 13 de julho, também o PCP, através de um comunicado da comissão concelhia, repudiou “a decisão da autarquia de mandar suspender o serviço de distribuição de água”. Mário Simões, que visitou o local há três semanas, disse na altura “não fazer sentido que o município não disponha de orçamento para fornecer água a 15 agregados familiares”. AF
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Eu acho que aquilo devia estar aberto. Em princípio, porque era um posto de trabalho que estava ali, e depois porque vêm pessoas de todo o lado, chegam ali e está fechado, voltam para trás. É complicado para quem vem”. Manuel Batista
Reportagem
Villa romana de Pisões
As ruínas que não se podem descobrir As ruínas de Pisões, junto a Beja, estão encerradas temporariamente desde o passado mês de junho devido à reforma da única funcionária que trabalhava na villa romana. Um encerramento que se prevê temporário, mas que ainda não teve resolução. Texto Marco Monteiro Cândido Fotos José Serrano Ilustração Paulo Monteiro
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isões. Uma placa de metal, simples, indica a direção. Na estrada nacional 18, que liga Beja a Aljustrel, mesmo à entrada de Penedo Gordo, encontra-se a placa, o desvio para a villa romana de Pisões, conjunto rural ocupado entre os séculos I antes de Cristo e IV depois de Cristo. O caminho é de terra batida, com os campos a estenderem-se em todas as direções. Campos amarelos, salpicados de oliveiras e girassóis. Antes das ruínas arqueológicas, mais uma encruzilhada. Novamente uma placa discreta, quase envergonhada, indica o caminho. O local apresenta-se logo de seguida. Aqui não há um X a marcar o lugar, como nas histórias de corsários, mas o lugar pretendido apresenta-se timidamente. O portão que dá acesso ao núcleo romano está, literalmente, fechado a cadeado. Junto a este, uma casa, onde morou, até há bem pouco tempo, a funcionária que entretanto se reformou e já não a ocupa. Quatro cães estão por ali, dois presos, dois soltos, todos com sede e moles do calor. Dois deles magros, muito magros. Junto ao portão fechado, uma folha de papel está colada num painel informativo: “Encerrado temporariamente ao público”. Por trás da rede, o centro de acolhimento do espaço, estrutura de madeira e portas brancas envidraçadas, está encerrado. No final de maio deste ano, a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA), entidade que tutela o espaço, decidiu encerrar as ruínas romanas de Pisões de forma temporária para proceder a uma “reorganização”, consequência da reforma da única funcionária do espaço. Desde essa altura, a DRCA, em conjunto com a Câmara Municipal de Beja, está a tentar encontrar soluções para a reabertura do espaço, com a colocação de uma nova pessoa, o que não aconteceu até ao momento.
A villa romana de Pisões
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A
10 quilómetros de Beja, a villa romana de Pisões, descoberta em 1967, foi classificada como Imóvel de Interesse Público em 1970. Como todas as villas romanas, tratava-se de uma moradia rural, cujos edifícios formavam o centro de propriedades agrícola. Ocupada entre I a. C. e IV d. C., a villa encontra-se parcialmente escavada, principalmente na área correspondente à residência dos proprietários. Apresenta mais de 40 divisões, destacando-se o edifício termal, relevante exemplar das termas privadas romanas em território português. A villa de Pisões é particularmente conhecida pelos mosaicos encontrados no local, mono e policromáticos, de composições geométricas e naturalistas. Sobre esta matéria, o vereador na Câmara de Beja com o pelouro da Cultura e Património, Miguel Góis, sublinha que “a autarquia tem todo o interesse em que a situação se resolva o mais rapidamente possível”, afirmando que as mesmas não estão encerradas, sendo que as visitas apenas acontecem com marcação prévia. “Havia uma funcionária afeta à DRCA que passou à reforma e a DRCA comunicou à autarquia que não tinha recursos humanos nem possibilidade de colocar uma nova pessoa no imediato”. Sobre as responsabilidades da autarquia, o autarca refere que a câmara “é apenas um dos atores do processo e que, simplesmente, tem o papel de ser o município onde as ruínas estão”. “Houve uma reunião e uma visita com a DRCA no mês passado onde a câmara se disponibilizou, com as suas capacidades técnicas e financeiras, para fazer intervenções simples no espaço, de manutenção do espaço público. Ficou também acertado que a DRCA aproveitaria para intervir no espaço durante o período em que o mesmo estivesse fechado”. O “Diário do Alentejo” tentou contactar a Direção Regional de Cultura do Alentejo, até bem perto do fecho da presente edição, sem sucesso. A villa que brotou da terra 1967. Nos arrabaldes de Beja, num dia de jorna como muitos
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outros, os trabalhos decorriam com a normalidade de sempre. Trabalhos de campo, cultivando-se a dura terra. Mas, nesse dia, o fruto que a terra deu foi outro. Pedras, vestígios, algo enterrado, poucas certezas, mas a certeza de que não seria algo normal ou, pelo menos, comum. Manuel Cardador era bem mais novo do que é agora, com os 81 anos que já leva, mas lembra-se bem de quando se encontrou a villa romana de Pisões por acaso, como acontece com a maioria dos achados arqueológicos. “Vivi durante 10 anos ao pé dos Pisões, a 600 metros. No tempo em que lá morei aquilo ainda não tinha sido descoberto. Foi descoberto depois”. E Manuel Cardador, sentado num banco na rua principal de Penedo Gordo, que também é estrada entre Beja e Aljustrel, continua a desfiar a história do momento em que se desenterraram pedaços de história. “Lá, semeavam as searas em cima daquela terra. Não sabiam que estava lá aquilo e foi para lá um homem charruar com um trator. Encalhou com a charrua numa pedra, tentou voltá-la, mas não foi capaz. Teve que lá deixar a charrua e voltar ao monte para ir outro trator tirar aquele de lá”. Segundo a lembrança de Manuel Cardador, “era uma pedra que era um disparate”, e que essa, tal como muitas outras que foram encontradas, foi e está, ainda hoje, no Museu de Beja. “As mais ruins estão aqui no monte, agora
Sobre as responsabilidades da autarquia, o autarca refere que a câmara “é apenas um dos atores do processo e que, simplesmente, tem o papel de ser o município onde as ruínas estão”.
as outras foram todas para Beja”. Sentado num dos bancos da rua principal de Penedo Gordo, Manuel Cardador vai passando o tempo enquanto vê os carros a passar. Hoje, e de há algum tempo para cá, são menos, muito menos, os que param para perguntar onde é, para ver Pisões. Um cenário bem diferente dos tempos logo a seguir à descoberta do tesouro arqueológico escondido na herdade da Almagrassa. “Vinha aí muita gente, sim senhor”. Hoje, fechados que estão os portões para o comum dos visitantes, devido à reforma da funcionária que
trabalhava no centro de acolhimento, as visitas são ínfimas, quando comparadas com o início. Manuel Batista, 68 anos, é um dos quatro homens que estão sentados no banco na rua principal de Penedo Gordo. Só há pouco tempo é que soube que as ruínas fecharam. “Sei que havia uma senhora que estava ali vivendo, que recebia qualquer coisa por abrir e fechar a porta. E, essa senhora, se não saiu de lá, está para sair”. Do que Manuel Batista via, os visitantes, nos últimos tempos, eram, na sua maioria, estrangeiros e, mesmo estes, muito menos do que eram antigamente. “Eu acho que aquilo devia estar aberto. Em princípio, porque era um posto de trabalho que estava ali, e depois porque vêm pessoas de todo o lado, chegam ali e está fechado, voltam para trás. É complicado para quem vem”. Francisco Romão, companheiro de banco e de conversas, também acha que não fizeram bem em fechar as ruínas. “Não fizeram nada bem. Era uma coisa que estava ali à vista, a pessoa que quisesse ia ali ver. Fechado está mal”. A Manuel Cardador, ancião do grupo, tanto se lhe dá, mas sempre dá uma achega. “Aquilo, para mim, não dá prejuízo nem lucro. Mas aquilo era para desenvolver mais. As pessoas do arame deram em desaparecer e aquilo vai enfraquecendo”.
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Mas o que realmente salta à vista, o que enche o olho aos clientes, para além dos tradicionais pratos gastronómicos, são as garrafas que contêm no seu interior autênticas obras de artesanato. Artesanato engarrafado, talvez seja o termo mais correto”.
Perfil
Restaurante em Beja com exposição permanente
O artesanato engarrafado de João do Beco Há um restaurante na cidade de Beja que ostenta uma verdadeira exposição de artesanato engarrafado. Objetos de madeira dentro de garrafas, fechadas pela rolha no gargalo. É João Lagoas, proprietário do restaurante “O Beco”, quem os faz. E é lá, onde se comem petiscos e iguarias tradicionais, que se podem apreciar as garrafas de João do Beco. Texto Bruna Soares Fotos José Ferrolho
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o beco da rua dos Infantes existe um restaurante que só poderia ter um nome: “O Beco”. Lá dentro encontram-se paredes revestidas em grande parte por azulejos. Mesas e cadeiras, como em qualquer restaurante, quadros e muito mais. Mas o que realmente salta à vista, o que enche o olho aos clientes, para além dos tradicionais pratos gastronómicos, são as garrafas que contêm no seu interior autênticas obras de artesanato. Artesanato engarrafado, talvez seja o termo mais correto. Objetos produzidos em madeira e posteriormente “engarrafados” por João Lagoas. Popularmente conhecido como João do Beco. João produz e “engarrafa” o que lhe apetece. Faz o que lhe vem à memória. Se lhe apetece faz uma cadeira. Se decide que quer fazer uma carroça também não se atrapalha e a dimensão, essa, é coisa que já não o assusta. Até aqui tudo normal. A perícia é colocar todos estes objetos dentro de uma garrafa, que tanto pode ter fundo redondo como quadrado. Mas recuemos um pouco no tempo. Até porque uma estória conta-se do princípio. “Faço este artesanato desde 1997 e aprendi sozinho”, conta João Lagoas. E explica: “Teve um começo curioso. Não sabia que era capaz de fazer isto. Nunca o tinha feito”. Num fim de semana que se colou a um feriado rumou ao Algarve com a família e o seu sócio. No caminho parou numa casa que, na altura, tinha exposta uma garrafa com uma escada lá dentro. “Olhei para aquilo e questionei-me: como é que fizeram isto. Eu nunca tinha visto uma escada dentro de uma garrafa. Levei o fim de semana a pensar na garrafa. Não me saía da cabeça”, conta. Regressaram, e a garrafa com umas escadas dentro continuava no seu pensamento. “Eu não conseguia pensar em outra coisa. Estava aqui no restaurante, os clientes chamavam-me e eu não os escutava. Puxavam-me pela manga da camisa, faziam-me os pedidos e eu chegava à cozinha
e já não sabia o que me tinham pedido. O meu sentido estava na garrafa. Isto durou até quarta-feira”, lembra. O tempo necessário para tomar uma decisão. “À hora de almoço zanguei-me e fui ao carpinteiro pedir uns paus para fazer uma escada. Fui para casa. À hora de abrir o restaurante ainda estava com a escada e não a conseguia colocar dentro da garrafa. Quando fechei a porta voltei a casa e agarrei-me àquilo. Eram 3 horas da manhã e a escada estava dentro da garrafa. Olhei para o meu feito e pensei, lembrando-me da tal garrafa que tinha
“Os meus clientes ficam espantados e dizem-me que isto é uma mostra única no País”, diz.
visto a caminho do Algarve feita por um artesão que não sei quem é, agora vou colocar um escadote dentro de outra garrafa”, recorda. Um alívio. “Foi como ligar e desligar o botão de qualquer eletrodoméstico. Tinha finalmente conseguido”, assegura. A partir daí nunca mais parou. Só no restaurante estão expostas mais de 70 garrafas. “Os meus clientes ficam espantados e dizem-me que isto é uma mostra única no País”, diz. Para rapidamente acrescentar: “Tenho-me desafiado. Já devo ter feito mais de 160 garrafas. Umas estão aqui, outras estão espalhadas. Por aqui e por ali. Lisboa, Alemanha, Brasil”. Dedica-se às suas garrafas, ao seu artesanato, nos tempos livres. O restaurante “O Beco” ocupa-lhe uma grande parte do seu tempo, quase sempre o ocupou. “Estou na restauração há 52 anos. Estive noutras casas. Mas
só a partir da década de 80 é que me dediquei a tempo inteiro à restauração”, diz João Lagoas. Os dias no restaurante “O Beco” já não correm com o mesmo ritmo de antigamente. “Tivemos aqui dias extraordinários. Belíssimos. Não dávamos conta do serviço. Várias pessoas a trabalhar. O País foi-se modificando e hoje está a menos de 50 por cento”, conta, já com um sorriso mais comedido. Anima-se. Esquece os tempos de crise que todos vivemos e afirma: “Este é um restaurante de referência internacional. Tem passado aqui gente de todos os sítios”. João do Beco continua no seu restaurante, no beco da rua dos Infantes, quase junto à praça da República. E quem lá parar para comer tem ainda o prazer de poder ver toda a sua coleção de artesanato engarrafado. Uma mostra variada, que João do Beco considera “ímpar” e que é a menina dos seus olhos.
Decorreu esta semana, no Perímetro Florestal de Cabeça Gorda e Salvada, Beja, o 1.º Acampamento Regional Sul de ESCOTEIROS. Uma iniciativa que juntou para cima de três centenas de escoteiros e que se inseriu nas comemorações dos 100 anos do escotismo português. E a cidade não ficou imune à iniciativa pois, na tarde de segunda-feira, os participantes no encontro tomaram de assalto as ruelas de Beja, tornando-a, por instantes, naquilo que ela não costuma ser. Por estas alturas. PB
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Os estereótipos e as posições, por vezes de caráter xenófobo, que rotulam os povos do centro-norte da Europa como “virtuosos”, face aos do sul pretensamente “gastadores” e “preguiçosos”, mantêm-se. Manuel Carvalho da Silva, “Seara Nova”, verão de 2012
Opinião
Desporto, futebolização e (des)igualdade de género José Manuel Basso Médico termalista
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inda está na memória recente de todos, a cobertura, absolutamente esquizofrénica (derivando facilmente para o alienante), de todas as televisões do campeonato europeu de futebol de seleções disputado na Polónia e Ucrânia. Foi pena não ter sido aproveitado o entusiasmo suscitado nos espetadores e as elevadas audiências para (também) dar a conhecer melhor aspetos dos países anfitriões como as suas belezas naturais e monumentais, condições de vida e cultura dos respetivos povos. São oportunidades a não perder para, assim, ajudar na construção de uma outra perspetiva de união europeia, virada para um espaço de promoção em pé de igualdade, de todos os países membros e do ideal de Monet ou Delors. 2. Em absoluto contraste, êxitos não menos relevantes do desporto português, ao mais alto nível de competição, foram (e estão a ser) nestes dias escandalosamente secundarizados (quase apagados) pela generalidade das televisões e jornais considerados de referência e (mais grave) pelos três diários desportivos que se publicam em Portugal. Um ciclista português ganha uma das mais importantes voltas europeias em bicicleta (o tour suíço).Vários dias com a camisola amarela, heroico vencedor da prova, Rui Costa não teve o mínimo de realce que o seu sucesso merecia. Nem teve na etapa da consagração à chegada o abraço do licenciado de curta duração que só formalmente deixou de ser o secretário-geral e faz as vezes de ministro... Em França ou Espanha, um sucesso patriótico (no bom sentido) desta envergadura seria abertura de telejornais, ampla cobertura, tema com foto sugestiva a encher a primeira página do “l´Equipe” ou da “Marca”. Deu-se, nesses dias, preponderância a mais um brasileiro, argentino ou colombiano referenciado como futuro futebolista com destino a um dos três “grandes” com destino provável de empréstimo a um clube de escalão secundário... 3. O “tour de France” é apenas televisionado em canais que muito pouca gente vê, desprezando imagens absolutamente espetaculares em termos da natureza e património que é de toda a Europa, para não falar do heroísmo dos ciclistas em pedaladas de esforço notável, nomeadamente na alta montanha. Já nem sequer “A Bola” remete enviados especiais, recuando dezenas de anos sobre o notável jornalismo protagonizado outrora por Carlos Miranda e Homero Serpa, com páginas de prosa que representaram (também) pontos altos do culto da Língua pátria e (sempre que possível) introduzindo a perspetiva progressista no fenómeno que estavam a retratar... 4. A seleção feminina de futebol de sub/19 disputou as meias-finais do campeonato europeu. Curiosamente também com a Espanha... Quantos chegaram a aperceber-se deste percurso vitorioso destas abnegadas mulheres?
Mesmo os jornais desportivos omitiram escandalosamente ou, em autêntica caridade de pequena divulgação, oferecem a estas vitoriosas três ou quatro centímetros quadrados, sem uma fotografia ao menos... A condição esmagadora de futebolização do espetáculo desportivo em Portugal faz resvalar as coisas, com injusta menorização das outras modalidades, para a alienação e a violência daí resultante. A masculinização é outra situação, a este nível, absolutamente intolerável. A expressão dada a este tipo de espetáculo conduz à ideologia da mulher como ser menor, sem condição física para estas coisas do uso do músculo. Por curiosidade, contámos o número de mulheres presentes nas fotos que compõem a edição de um diário desportivo da nossa praça. Em mais de 100 fotos (não parece!), o feminino está presente nove vezes. E em mais de metade por razões nada desportivas, a reforçar a subalternidade e submissão. É Ronaldo com a namorada, a noiva de Iniesta com o vestido branco casadinha de fresco, Joana Pinto da Costa a caminho do altar pelo braço de Jorge Nuno. Está tudo dito... 6. Pegámos neste tema porque nos dias que correm a política parece limitar-se à ação gestionária da coisa pública, nomeadamente à volta da sua condição financeira. Uma visão progressista deve agarrar (também) em questões de valores nos vários quadrantes da vida e da condição humana...
É à gente dos “enta”, onde eu também me situo, a quem especialmente me dirijo. Àqueles que já contam algumas dezenas de anos e que esperam durar outras mais. Não posso estar mais de acordo com Torga quando refere que durar muito é, de facto, “a única maneira de se poder perspectivar capazmente todos os altos e baixos da vida…”. Realmente, não existem vidas sem “apesar de” – afirma Lispector – “Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, deve-se comer. Apesar de, deve-se morrer. Inclusive muitas vezes é o apesar de que nos empurra para a frente”. Por isso, e mais do que tudo, cada vez que comemoro o meu aniversário presto uma homenagem à minha única vida, àquela que me foi concedida, aos momentos de felicidade e de tristeza que fizeram parte desta minha aventura particular. E peço a Deus que me permita durar ainda mais… “durar o bastante para não ter pena de deixar o saber e a prática do mundo”! Viva la vida! Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico.
Os fins não justificam os meios Manuel António Guerreiro do Rosário Padre
E A
Viva la vida!
Ana Paula Figueira Docente do ensino superior
proxima-se a data do meu aniversário! Gosto do sol e do calor… e nos meses de Julho e Agosto tiveram lugar os momentos mais felizes da minha vida! Também gosto de comemorar o meu aniversário e dos símbolos que estão associados a essa comemoração: as velas (a chama da vida e o último sopro), o bolo (culto a Artemisa, deusa da Lua e da Fecundação), os presentes (o corte do cordão umbilical ou o primeiro “objecto” de amor perdido entre mãe e filho) e a festa entre amigos (a união que afasta a morte). Por isso sinto-me sempre um bocadinho triste quando “parabenizo” alguém que me responde: “Obrigada, mas já não tenho idade para comemorar o aniversário… até já me esqueço de quantos anos faço!” Claro que cada um tem o direito de optar por aquilo que o torna mais confortável e feliz em cada momento da sua vida… ou, pelo menos, nos momentos da vida em que é possível optar… É certo que o aniversário tem significados diferentes ao longo da vida: se para as crianças é sinal de reconhecimento e distinção no seio da família – são os “reis” da festa – o que determina que aguardem ansiosamente o dia em que fazem anos, já para os adolescentes é motivo para se reunirem com os amigos, preferindo comemorar fora das suas casas. Para os adultos, preocupados em fazer 30, 40, 50, 60 anos…, tudo tem a ver com a sua auto-estima, se têm saúde, amigos, uma família unida… no fundo, com a forma como fazem o balanço das suas vidas. Existem também pessoas que refutam a festa por questões convencionais – entendem, por exemplo, que esta alimenta a sociedade de consumo – ou religiosas, ou ainda porque a data coincide com um acontecimento que lhes foi doloroso.
ste título é sobejamente conhecido, o seu conteúdo explícito e incisivo, as suas exigências comprometedoras, e a sua atualidade sempre indiscutível. Ao olhar a realidade que nos envolve, à luz deste princípio, facilmente descobriremos: esquemas ardilosos para iludir a verdade, razões para justificar o injustificável, argumentos para atacar quem pensa de forma
diferente. Se queremos, porém, construir sociedades justas e fraternas, estabelecer relações sólidas e autênticas entre as pessoas e as diferentes comunidades, comecemos pelo mais básico, pelos alicerces, e este é um deles. Afirmar que os fins não justificam os meios é ainda reconhecer que há uma hierarquia de valores e objetivos, e que nunca o ser humano pode ser considerado meio, mas sempre fim, a respeitar e defender. Viver a vida nesta perspetiva supõe tempo e exige esforço, tenacidade, sacrifícios, enquanto a mentalidade que se pretende difundir é caracterizada pelo imediatismo, e pelo hedonismo, sem grandes compromissos, e tantas vezes, sem verdade. É óbvio que para mim, enquanto cristão, entendo que deve ser sempre assim, e a Igreja afirmar-se como protagonista e timoneira na difusão desta grande verdade, que é exigente, comprometedora, e se encontra no coração da mensagem de Jesus. Mesmo quando na práxis de muitos na Igreja isto não acontece, não devemos baixar os braços, mas antes trabalhar para que, dentro dela (Igreja) se viva e respire segundo este princípio. Creio, porém, poder concluir que qualquer pessoa, que procure pautar a sua vida por autênticos valores humanos, seguindo a retidão da sua consciência, não deixará também de a subscrever. Proponho, por isso, aos nossos leitores que aproveitem o período do verão, apesar de todos os condicionalismos, para uma reflexão sobre as nossas diferentes realidades e a nossa própria vida, na certeza de que, como nos diria Antoine de SaintExupéry, “o essencial é invisível aos olhos”.
Diário do Alentejo 3 agosto 2012
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Cumpre-se este fim de semana mais uma jornada de desassossego na ZAMBUJEIRA DO MAR, com a realização do Festival do Sudoeste. Uma enchente que agrada a alguns, mas que perturba invariavelmente a pacatez daquela branca cidadela sobre o Atlântico. Uma praia candidata às 7 Maravilhas de Portugal. E onde o verão, para os indefetíveis, começa, de facto, a partir de segunda-feira. Não em força. Mas em jeito. PB
Os Jogos Olímpicos dão-nos a oportunidade, de quatro em quatro anos, de assistirmos a um estendal de racismo, de paternalismo, de tiques de superioridade ocidental e de uma insuperável subserviência ante os Estados Unidos. Santiago Macias, http://avenidadasaluquia34.blogspot.pt/, 29 de julho de 2012
As dívidas das autarquias terão que ser pensadas e solucionadas por mecanismos financeiros que evitem serem elas impeditivas do progresso dos concelhos. (…) O Alentejo carecido de reformas na sua administração não pode ficar sujeito às normas restritivas, porque são concelhos pobres e de pouca dinâmica empresarial. O Governo deve refletir sobre isso. Madeira Piçarra, “Diário do Sul”, 30 de julho de 2012
Poemário Sonhos e esperanças
Nasci no rincão sagrado Foi lá que abriram meus olhos Só vi caminhos com escolhos Nesse cantinho adorado Tanto tempo já passado Olho o futuro e não vejo Sinal de qualquer lampejo De vida sem sobressalto Mas vou gritando bem alto Eu nasci no Alentejo
Vi a luz da alvorada Na terra quase esquecida Para muitos tão querida Por outros tão mal estimada Merece ser respeitada Não lhe neguem o respeito Aqui existe o conceito Que também é Portugal E se eu sou dela afina1 Sou português por direito Muitos anos já passados Na vida que vou levando Na estrada que vou trilhando Muitos passos foram dados Alguns projetos falhados Não me abalam o desejo
De festejar o ensejo Dum sonho reaizado Que acabe tão triste fado Desde muito novo almejo Em abril sopraram ventos Que prometiam mudança Foi-se diluindo a esperança Foram chegando lamentos Sofremos hoje tormentos Que nos oprimem o peito Gostava de ir satisfeito Quando a tal hora chegar Por sentir ao abalar Um Portugal mais Perfeito
Florbela Maria do Céu Ribeiro
Flor, flor que a brisa levou no vento da primavera, Tela da vida pintada em aguarela descarnada, que num sopro se esfumou… Bela, bela de quem só o pôde ser, por sentir em carne viva toda a essência do ser, nesse efémero viver !
Existência assimétrica de vertigem e arrepio, Tua imagem eclética, de tanto amor, tanto vazio!... No Alentejo que evoca o eco da tua poesia, escuto o som da tua voz numa doce melodia…
Florbela… …Quis teu nome coroar, de poesia esta nação, e de aromas nos perfumar, o teu nobre coração! Breve passagem, Cometa, nas asas do infinito, Vives Princesa, Poeta, reflectindo o teu brilho!...
Praça de jorna António Machado
Nesta crise em que vivemos Que o governo não contorna Qualquer dia voltaremos À velha praça de jorna Portugal vai-se afundando Neste mar de incompetências De cedências em cedências Vai na estrada derrapando Poderá ser tarde quando Encontre valores supremos É bom que não confiemos Em quem nos tem governado Já que ninguém é culpado Nesta crise em que vivemos
Milhares de desempregados Jovens sem futuro à vista Também estão na mesma lista Pensionistas e reformados Todos vão sendo enganados Numa lengalenga morna Muita esperança não retorna Tragada por injustiças Nas areias movediças Que o governo não contorna Quem trabalha e quem produz É quem levanta um país Não é qualquer diretriz Traçada por quem conduz Ambicionamos mais luz Nas trevas muito sofremos Se o trabalho que não nos dão Pedir de chapéu na mão
Uma furgoneta, a rainha D. Leonor e o Tarzan do 5.º esquerdo
H
António Machado
Eu nasci no Alentejo Sou português por direito Desde muito novo almejo Um Portugal mais perfeito
Há 50 anos
Qualquer dia voltaremos Nesta Europa de ilusões Meu Portugal quem diria Que tinhas de ser um dia Escravo de certos patrões És vítima de ambições De gente que te transtorna Se algum fulgor cá não torna Quem para ti quer trabalhar Vai ter que um dia voltar À velha praça de jorna
á meio século, o jornalista José António Moedas contava neste jornal, no espaço “Varandim da Cidade”, um estória curiosa: “O episódio vai contar-se só por graça, e ainda bem que destarte se conta, pois por ‘milagre’ não teve consequências funestas ou, pelo menos, bastante desagradáveis. Passou-se na tarde de sábado, cerca das 16 horas, e pouca gente deu por ele, embora depois merecesse uma onda de comentários apropriados. O motorista de uma furgoneta, que vinha do Largo de S. João, quando pretendia dirigir-se para a Rua Conde da Boavista (outra das versões diz que a direcção desejada era a que dá acesso ao Largo dos Duques de Beja...), por circunstâncias estranhas, não sabemos se já averiguadas, não conseguiu fazer a manobra a preceito e, sem mais aquelas, fez o veículo entrar pela placa ajardinada do Largo da Conceição, só o dominando perto da estátua da Rainha D. Leonor. Uma senhora, que estava sentada no banco por onde o veículo roçou, levandolhe bocados do xaile, disse parecer-lhe ‘um milagre’ a furgoneta ter passado, rápidamente, entre duas árvores primeiro e, depois, no espaço entre o banco e um dos candeeiros ali postos há pouco, sem lhes quase tocar. O veículo apenas ficou danificado, ao de leve, num guarda-lamas, e o condutor, depois de o retirar da posição fronteira á rainha das Misericórdias, seguiu, cremos, para a esquadra da P. S. P. a fim de prestar esclarecimentos sobre o sucedido. E falta ainda dizer que na placa ajardinada apenas uma pequena pernada de um arbusto rasteiro foi destruída.” Nessa edição de 30 de julho de 1962 do “Diário do Alentejo”, na primeira página, havia uma pequena notícia interessante: “Urba no Tava res Rod r ig ues – Acompanhado de sua esposa, a também já consagrada escritora Maria Judite Carvalho, esteve hoje em Beja o dr. Urbano Tavares Rodrigues, ilustre jornalista e escritor.” Noutro local da capa, o jornal anunciava os “espectáculos de cinema” dessa noite na “Esplanada Jardim”. A sessão, com início às 22 horas, para maiores de 12 anos, incluía “programa duplo com filmes portugueses: ‘Tarzan do 5.º esquerdo’, com Carmen Mendes, Raul Solnado e Maria de Fátima Bravo; e ‘Cais de Sodré’, com Virgílio Teixeira, Ana Maria Campoy e Barreto Poeira.” Em página interior inteiramente dedicada a “teatros e cinemas”, havia um destacado anúncio do filme “Paixões Violentas”, com Elvis Presley, “um acontecimento cinematográfico” que iria passar em breve pela “Esplanada Jardim” de Beja. Carlos Lopes Pereira
Nos últimos tempos têm-se intensificado as apreensões de DROGA em Beja e noutras zonas do Baixo Alentejo. Esta situação deve-se, por certo, ao aperto do cerco aos traficantes por parte das autoridades. Mas também ao aumento do tráfico e do consumo que sempre florescem em alturas de crise e de desespero. Como agora acontece, talvez como nunca antes tenha acontecido. PB
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A Igreja Católica portuguesa (melhor dito, alguns dos seus bispos) fez eco nas últimas semanas de críticas mais ou menos explícitas e duras à política de austeridade de um só caminho que o Governo tem defendido. Não é de estranhar esse passo (…) estão no terreno a ver, ouvir e ler o que as medidas da troika vão fazendo à vida concreta dos portugueses. Editorial do “Diário de Notícias”, 30 de julho de 2012
De forma que estamos perdidos se não conseguirmos duas coisas simples: deputados que façam aquilo para que foram eleitos em exclusividade (…) e que depois votem em total liberdade. Mas para chegar aí deparamos com outro nível de problema: os partidos. Rui Tavares, “Público”, 30 de julho de 2012
Cartas ao diretor Novelas Dídimo Correia Godinho Aljustrel
É de salientar as novelas brasileiras, como por exemplo “Escrava Isaura”, “Casarão”, “Cinhá Moça”, e tantas outras, que foram apenas uma simulação de uma realidade do passado naquele país, o Brasil! A história que vou aqui mencionar não foi simulação mas sim uma realidade muito cruel, passada em Aljustrel nos anos quarenta; e a história de um povo não pode ser apagada. Não se trata da mais cruel, pois houve outras iguais ou piores devido ao regime chefiado por Salazar, que foi sempre uma repressão onde o povo fardado e inculto tinha todo o poder para agir à sua maneira. Joaquim do Rosário na altura era proprietário de uma taberna onde entrava e saía muita gente. Certo dia um seu primo de nome João Martinho entrou na taberna, como era hábito, para tomar um copo com alguns amigos. Joaquim do Rosário pendurava habitualmente o seu casaco no cabide num corredor à entrada da taberna. O seu primo João Martinho ao entrar reparou que a carteira do seu primo Joaquim do Rosário estava na algibeira do casaco mas mal arrumada, chamando a atenção de qualquer pessoa mal intencionada. Não foi surpresa para João Martinho quando momentos depois o seu primo Joaquim do Rosário dava a carteira como desaparecida, tendo chamando o seu filho, que também se chamava Joaquim do Rosário, para perguntar-lhe se tinha visto a carteira, tendo o filho respondido que não. Então o Joaquim do Rosário “pai” resolveu chamar a guarda. Pouco tempo depois chegava uma patrulha chefiada pelo cabo Ferro, muito conhecido por “cabo Ferro Mau”. Este, depois de se informar, perguntou ao Joaquim do Rosário se desconfiava de alguém. Este respondeu que o seu primo João Martinho o tinha chamado à atenção acerca da carteira. Então o cabo Ferro chamou um praça a quem
deu ordem para ir ao quintal buscar o João Martinho. Este quando se apercebeu do que se passava disse: “Eu falei da carteira mas juro que não a roubei”. “Vamos”, disse o cabo Ferro! João Martinho sabia que aquele cabo Ferro era um ser humano sem escrúpulos e sem qualquer instrução, mas era dotado de uma maldade que esta nova geração de uma maneira geral não poderá imaginar. Nas novelas brasileiras podíamos ver que os escravos eram despidos e atados a um tronco levando, no mínimo, 50 chibatadas por ordem do dono da roça de café. Em Aljustrel, os métodos eram diferentes mas o resultado era o mesmo: castigos injustos. Havia na parede uma argola onde os cavalos eram presos pelas rédeas enquanto eram escovados e lavados. O João Martinho foi atado pelos pulsos na dita argola e uma vez preso e indefeso começou o interrogatório feito pelo cabo Ferro. Depois de ter dado umas chicotadas, não escolhendo as partes do corpo onde bater, numa voz arrogante perguntava ao preso indefeso: “Onde está a carteira?”. E o João Martinho respondia sempre “não sei”. Depois de tanta pancadaria, a pontos de os gritos do João Martinho incomodarem as pessoas que residiam na área do posto, o cabo Ferro cheio de raiva exigia que o preso vomitasse aquilo que não tinha ingerido, a carteira do Joaquim do Rosário com 1 500 escudos lá dentro. Na altura um preso que saía em liberdade disse que o João Martinho estava constantemente a ser espancado e sempre a afirmar que estava inocente. Ao ouvir isto, a esposa de João Martinho deslocou-se ao posto da guarda pedindo ao sargento que desse ordem ao cabo Ferro para que soltasse o marido antes deste o espancar até à morte. O sargento respondeu: “Isso são assuntos do nosso cabo Ferro, eu não me quero meter”. Não queriam contrariar-se um ao outro, pois ambos envergavam a mesma farda e as mesmas ideias. A esposa do João Martinho não vendo outra alternativa consultou o médico Eduardo Mota Guerreiro Oliveira, mais conhecido por doutor Oliveira e que na altura era delegado de saúde.
Este, não hesitando, tomou conta da ocorrência e, acompanhado de Bartolomeu Robalo da Cruz, que na altura era presidente da Câmara de Aljustrel, dirigiram-se ao posto da GNR e não se sabe qual o palavreado que teve lugar naquele posto entre as duas autoridades civis e os fardados. Mas uma coisa foi certa: o João Martinho foi posto em sua casa pelo doutor Oliveira que, ao mesmo tempo, deu instruções à esposa como havia de o tratar. Precisamente na altura Portugal era atingido com a epidemia da tuberculose ceifando muitas vidas todos os dias e o Joaquim do Rosário “filho” foi uma das vítimas. Quando sentiu que ia morrer, e já na agonia da morte, chamou os seus familiares para confessar que tinha tirado a carteira do casaco do seu pai e tinha gasto o dinheiro em seu próprio prazer. O ato de cobardia veio tarde demais pois o que o João Martinho sofreu já não tinha remédio. Este caso teve muito a ver com a justiça, como muitos outros que continuam a acontecer todos os dias. Cabe a todos nós por as coisas no lugar e juntos seremos capazes!
O correio do Marquês Manuel Dias Horta Beja
Caro cidadão de Beja, por imposição dos condicionalismos a que me sujeitaram estive quase em não responder à tua carta de há duas semanas, o que constituiria para mim execrável acto de má educação, além de eticamente reprovável. Ensinaram-me que carta recebida deve ser respondida. Ultrapassados aqueles preconceitos, eis-me a dizer-te que li, com atenção, o teu grito e ouvi o veemente gemido da cidade. Lamento nada poder fazer, mas sei como o faria. Já Marquês de Pombal não sou (como diria o poeta Bocage), nem Conde de Oeiras. Também já não sou primeiro-ministro de sua majestade real, D. José I, meu amo e meu senhor, para quem sempre guardarei lealdade. Apenas me deixaram o nome – Sebastião José de Carvalho e Mello. Não sei se estou no céu ou no inferno,
pois nem o São Pedro ou o diabo me chegaram à fala. Fui visitado por um amanuense a lembrar-me que continuo a ser julgado na terra dos vivos, onde a inveja, a intriga e a incompetência assentaram arraiais. Tudo começou no reinado de D.João V, quando el-rei se apercebeu da decadência do País e das instituições e me enviou para as cortes de Viena e Londres, onde novas ideologias e formas de governar observei. Lá aprendi a palavra democracia. A grande questão colocou-se na sua aplicação. Ainda, quanto às obras na tua cidade, embora realizadas sob o lema “Não há dinheiro – para nada”, esperem, vocês alentejanos já estão habituados a isso…
Só um ano, e Passos na corda bamba ! José Carlos Albino Messejana
É incrível, mas é verdade! Passos Coelho, primeiro-ministro há um ano, encontra-se brutalmente enfraquecido e vulnerável, face à teimosia e autismo perante o desastre em desenvolvimento no País, a que fecha os olhos, repetindo à exaustão os tempos do passado, e segurando ministros insustentáveis, estando à cabeça um senhor sem escrúpulos e desavergonhadamente arrogante e mentiroso, perante comportamentos do piorio na raça humana. Depois de ter defraudado os seus eleitores, fazendo tudo ao contrário do que prometera, hoje já se mostra como “animal feroz” e encenando posturas de consenso, quando insulta e incrementa políticas que só os seus intelectíveis, a troika, os mercados imperiais e os poderosos na União Europeia, comandados por Merkel, aplaudem sinicamente. Veja-se que reestruturou o QREN (fundos comunitários) sem dar cavaco a ninguém, quando tal poderia ser um instrumento ao serviço do desenvolvimento e emprego, desde que resultado de consensos sociais e políticos alargados. Perante isto, onde vamos parar?
Haja saúde ambiental Micro-ondas perigosos? Projeto de educação para a saúde no âmbito do curso de Saúde Ambiental do IP Beja
MÃE, O QUE É UMA MICRO-ONDA?
É UMA FORMA DE ENERGIA ELECTROMAGNÉTICA.
ESTAMOS A FALAR DE RADIAÇÕES, CERTO?
SIM FILHA, POR ISSO DEVE-SE EVITAR USAR RECIPIENTES DE PLÁSTICO COMUM. PODEM DERRETER OU EXPLODIR EM CHAMAS QUANDO SOBREAQUECIDOS
E SE FOR DE VIDRO O RECIPIENTE ?
É O IDEAL, ASSIM COMO A PORCELANA OU PLÁSTICOS ESPECIAIS PARA MICRO-ONDAS
Coordenção Raquel Santos e Rogério Nunes Texto Ana Machado e Stephanie Gouveia Desenho Patrícia Correia
POIS, É NECESSÁRIO UM ESPECIAL CUIDADO COM ESTE ELETRODOMÉSTICO
OLHA, VOU AQUECER ESTA SOPA NUM RECIPIENTE DE VIDRO !
ACHO QUE FAZES BEM MÃE. HUM ... ! A SOPA ESTÁ COM ÓTIMO ASPETO. HOJE NÃO VAI SOBRAR NADA !
Diário do Alentejo 3 agosto 2012
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Fotorreportagem Eram mais de 300 e inundaram por completo a cidade de Beja. E, especialmente, o perímetro florestal de Cabeça Gorda e Salvada, onde decorreu o ARSul 2012 – 1.º Acampamento Regional Sul de Escoteiros. Uma iniciativa da Associação dos Escoteiros de Portugal (AEP) que juntou entusiastas dos distritos de Beja e de Faro com o objetivo de assinalar os 100 anos do escotismo em Portugal. Fotos José Serrano
Diรกrio do Alentejo 3 agosto 2012
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Sorteios dos campeonatos distritais da 1.ª e 2.ª Divisão
Diário do Alentejo 3 agosto 2012
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Desporto
Os sorteios para os campeonatos distritais da 1.ª e 2.ª Divisão da Associação de Futebol de Beja realizam-se no próximo dia 27, prevendo-se o início da época desportiva a 30 de setembro. O período de filiação (sem agravamento pecuniário) das equipas termina no final do dia de hoje, sexta-feira.
Despertar sem seniores A direção do Despertar Sporting Clube, liderada por Luís Mestre, decidiu suspender a atividade da sua equipa de futebol sénior, depois de na época passada ter sido despromovida no Campeonato Nacional da 3.ª Divisão.
Comissão administrativa arruma a casa
“O Mineiro Aljustrelense tinha a chave na fechadura...” O Mineiro Aljustrelense tentou durante várias assembleias gerais eleger novos órgãos sociais, mas a solução foi a eleição de uma comissão administrativa.
que possamos definir o futuro do futebol feminino em Aljustrel. A comissão assumirá os compromissos que vêm do passado?
Com certeza que sim. Há compromissos mais imediatos. O dinheiro não cai do céu, nem escorrega por uma telha, as empresas não podem colaborar, o município dá-nos o subsídio anual, mas no futuro não sabemos o que acontecerá. Honraremos, para já, os compromissos imediatos, nomeadamente com os atletas que ficaram, Finanças, associação, federação. Já falámos também com o antigo treinador. Enfim elas são mais que muitas. Relativamente aos atletas, há que sublinhar o perdão que eles fizeram ao clube, de um terço do valor que lhes era devido. É de enaltecer, é de amor à camisola, todos eles, também o João Pinto (massagista), um homem enorme no seu amor ao clube.
Texto e foto Firmino Paixão
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andatada para um ciclo de três meses, após o que promoverá novo ato eleitoral, a comissão administrativa presidida pelo projetista António Manuel Gonçalves, de 35 anos, vai apostar prioritariamente na formação. O novo líder mineiro referiu que houve sempre algum obstáculo que impediu as eleições – a questão das contas ou a clarificação de números –, pelo que a eleição da comissão foi a forma mais prudente de pôr o clube a andar sem que se levantassem questões mais graves. Os novos dirigentes já recorreram do castigo de um ano que a Federação Portuguesa de Futebol aplicou a Eduardo Rodrigues, técnico da última época. As contas ainda estão por aprovar?
Reunimo-nos no dia seguinte à nossa tomada de posse, a direção cessante ficou de entregar os documentos necessários para fechar algumas situações e até hoje isso ainda não se verificou. Além do que prevíamos, têm surgido situações que ameaçam que o problema se agrave, nomeadamente com jogadores, em que tínhamos um valor de referência e quando falámos com eles o valor era superior. Vamos ter que nos sentar todos e firmar esses valores. O défice andará entre os 60 e os 70 mil euros, ou um pouco mais até. São os valores que têm sido divulgados aos associados, mas ainda há situações que têm de ser decididas em assembleia geral. O futuro do Mineiro alguma vez esteve em risco no início desta temporada?
Não. O Mineiro tinha a chave metida na fechadura, faltava rodar e estava fechado. Esta foi a situação que encontrámos quando aqui chegámos. Não estávamos à espera que
António Manuel Guerreiro “Fechar as portas do Mineiro, jamais”, diz o presidente da comissão administrativa
estivesse nesse pé, mas foi o que encontrámos. Mas fechar o Mineiro, jamais, nem que tivéssemos que mover tudo o que tivesse que ser movido para o evitar. Esta comissão tirou a chave da fechadura?
Alguém teria que ser, fomos nós, poderiam ter sido outras pessoas, mas eu tenho a certeza que ninguém permitiria que isso acontecesse, com a mística que o clube tem jamais isso aconteceria. A equipa já iniciou os trabalhos, o clube regressou à normalidade?
Estamos aqui há três semanas, a primeira coisa que fizemos foi arranjarmos forma de estabilizar o clube em termos de associação e da Federação Portuguesa de Futebol e também a questão das Finanças. Percebermos qual a dimensão do buraco que aqui estava. Tratámos das situações existentes com a federação, atrasando processos para que não existissem impedimentos na inscrição de jogadores. Para já as coisas estão controladas, e estabilizadas essas situações
começámos a pensar no futuro. O futuro passa pela formação do plantel...
Apostaremos nas camadas de formação do Mineiro, nos jovens que estavam fora e outros que andavam por aqui. Mantivemos a espinha dorsal da equipa que já está num patamar etário mais avançado, portanto, aproveitando o momento difícil e a profunda reestruturação que existe no futebol amador, há uma planificação que tem de ser feita e este é o momento ideal para potenciarmos o valor que existe na nossa juventude. Que futuro para os escalões de formação, para a equipa feminina e para o hóquei em patins?
O hóquei tem uma secção autónoma, já nos reunimos e há decisões a tomar em breve. As camadas jovens continuarão porque são o garante do futuro do Mineiro, e captaremos mais jovens em idades de juvenis e juniores. A equipa feminina está filiada, aguardo um contacto de quem estava à frente da equipa para
As camadas jovens continuarão porque são o garante do futuro do Mineiro, e captaremos mais jovens em idades de juvenis e juniores.
O Mineiro faz 80 anos em 2013, é um marco na sua história em que o clube devia estar unido e estabilizado…
Tenho a certeza que o vamos conseguir. Temos uma série de eventos na rua, uns com o objetivo mais claro de angariação de fundos, mas vamos ter outros para aproximar novamente as pessoas que estavam afastadas. No final destes três meses haverá eleições. Para já estamos a pensar só na imagem e no futuro do clube, e esses 80 anos tenho a certeza que vão ser comemorados na união de todos os associados. Isso é sagrado. O antigo treinador foi castigado pela federação e o clube negligenciou na sua defesa?
Essa é a única forma que eu encontro para justificar o que se passou. Devemos salientar que na altura do acórdão o Eduardo [Rodrigues] já não tinha vínculo com o clube, no entanto é uma questão de profissionalismo, ele era treinador do clube. Se o recurso que nós já fizemos à federação não for aceite, o Eduardo ficará inibido de exercer a sua atividade durante um ano. Tenho comigo o acórdão e só consigo justificar isso como uma irresponsabilidade. Falámos com ele e vamos tentar chegar a um acordo.
O Clube Desportivo de Beja apresentou os treinadores que vão enquadrar as equipas que na presente temporada estarão em competição: Hugo Rolim (seniores), Nelson Teixeira (juniores), Paulo Paixão (juvenis), José Inverno (iniciados), João Raposo (infantis), Vítor Besugo (benjamins), Francisco Faria (traquinas) e Miguel Jeremias (petizes).
19 Diário do Alentejo 3 agosto 2012
Desportivo apresentou equipas técnicas
Vasco da Gama na 3.ª Divisão O Clube de Futebol Vasco da Gama, de Vidigueira, aceitou competir na próxima temporada no Campeonato Nacional da 3.ª Divisão, após a renúncia do Clube de Futebol Praia de Milfontes, primeira escolha da Federação Portuguesa de Futebol para o enquadramento das séries competitivas daquele escalão, em resultado das várias desistências a nível nacional.
Pedro Caixinha lembra que os clubes vivem acima das suas possibilidades
“Não esquecemos as nossas origens” A equipa do Nacional da Madeira fez uma escala em Beja (terra natal do seu treinador Pedro Caixinha) a caminho da cidade de Combrit, na Bretanha francesa, onde estagia até ao próximo dia 8.
Futebol de Beja. Falar para os nossos amigos e para as nossas gentes dá-nos outro prazer, apesar de há cerca de oito anos não estarmos aqui com tanta regularidade, mas é sinal que não nos esquecemos daquilo que são as nossas origens e das nossas gentes.
Texto e foto Firmino Paixão
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a capita l do Bai xo Alentejo a equipa madeirense defrontou o Vitória de Setúbal (venceu por 2-0), num jogo de solidariedade para com a Cercibeja. No final da partida, o técnico bejense teve uma conversa franca e desinibida com o “Diário do Alentejo”, durante a qual falou do seu percurso no futebol, perspetivou a época dos nacionalistas e analisou o atual momento do futebol português. Este jogo solidário teve a assinatura de Pedro Caixinha?
A ideia partiu do José Hilário, presidente da Cercibeja, meu amigo de infância, e que eu aceitei dentro daquilo que era o nosso planeamento. Mas a ideia que tínhamos para Beja era diferente. Primeiro pensámos vir num domingo e fazer um jogo com uma seleção de Beja para que as pessoas entendessem que existe aqui alguma qualidade e depois fazer outro com uma equipa da 1.ª Liga. A outra seria ficarmos em Beja mais alguns dias em estágio, porque sabemos qual a realidade do nosso distrito, não me lembro de duas equipas da 1.ª Liga virem a Beja, mas estamos satisfeitos pela resposta das pessoas a este gesto solidário. O Pedro está longe da terra mas tem-na perto do coração?
Sim, e aproveitando a nossa estadia falámos para os treinadores locais a pedido da Associação de
A sua carreira desportiva está no sentido ascendente?
Está a começar. Tenho praticamente duas épocas como treinador principal, é certo que na primeira alcançámos o 4.º lugar na viragem do campeonato, o que foi muito bom, depois terminámos no décimo, mas este ano a equipa já conseguiu o 7.º e esperamos continuar a crescer em termos daquilo que são as classificações finais. Os treinadores portugueses precisam de e emigrar sa g a para pa a que no o própó prio país lhes reconheçam valor?
Penso que não tem a ver com isso, eu tive foi a sorte de as pessoas, no momento certo, acreditarem em mim e na minha competência. Primeiro num papel mais subalterno, e depois tive a felicidade de através do meu trabalho, e dessa mesma competência, reconhecerem que eu poderia ter uma oportunidade como treinador principal.
Este ano vai lutar por um lugar na Europa?
Há um conjunto de fatores. Primeiro, o passado recente do clube que já exige esse objetivo; depois, a estrutura do clube, a diretiva e as infraestruturas que nos permitem trabalhar quase 24 horas por dia com qualidade no espaço que temos. Juntando esses aspetos favoráveis à qualidade que temos no grupo temos fatores que abonam a favor daquilo que são os nossos objetivos. O Nacional é a ponte para um projeto mais ambicioso?
Nunca pensei nisso, mas tenho essa ambição. Tal como preparo a equipa jogo a jogo, preparamos também o futuro baseado no presente, de uma forma sólida, segura, bem estruturada, para que quando isso um dia
acontecer possamos estar ao nível desse patamar de rendimento.
O céu está ali tão perto?
Não sei se está perto ou longe mas tenho-o como limite.
Qual a sua cadeira de sonho?
A minha cadeira de sonho é ganhar títulos, é para isso que trabalho. No ano passado estivemos perto de chegar à final da Taça de Portugal e lembro que não era só esse troféu que estava em disputa, era também, ganhando esse troféu, irmos diretamente a uma fase de grupos da Liga Europa e começarmos esta época a disputar outra competição.
PEDRO MIGUEL FARIA CAIXINHA 41 anos, nascido a 15 de outubro de 1970, em Beja
1999/2002 Treinador do Clube Desportivo de Beja (escalões de sub15, sub-17 e sub-19) 2003/2004 Clube de Futebol Vasco da Gama 2004 a 2006 Adjunto de José Peseiro no Sporting Clube de Portugal 2006 a 2010 Adjunto de José Peseiro no Al Hilai (Arábia Saudita); Panathinaikos (Grécia); Raapid Bucuresti (Roménia); e seleção da Arábia Saudita 2010 a 2011 Treinador principal da União de Leiria 2011 a 2012 Treinador principal do Nacional da Madeira
O Pedro procura insistentemente a sua valorização como profissional...
Tenho essa necessidade. A partir do momento em que pus a mochila às costas e fui para Inglaterra, o país onde o futebol nasceu, ver como é que as equipas têm rendimento, uma organização estrutural e profissional fantástica, a partir daí senti uma necessidade tremenda de, pelo menos, saber se estou a pensar no caminho certo. Continuo com uma necessidade extrema de pelo menos de dois em dois anos receber alguma informação. E não será por treinar o Nacional ou treinar na 1.ª Liga que me deixarão de ver nos bancos da formação, assim eu tenha oportunidade. Tem escolhido para o seu lado técnicos como Acácio, Arlindo Morais, Óscar Tojo, gente da região…
As escolhas devem-se única e exclusivamente ao modelo de organização das equipas que treino. Primeiro tem que existir um espírito de missão, depois tem a ver com a competência e a lealdade, e ainda por cima existe a amizade e o conhecimento. Trabalhei com o Acácio com quem trabalhei no Vasco da Gama, com o Arlindo andei desde os sub-14, o Óscar foi meu aluno na Escola Superior de Educação de Beja, o Pedro foi meu aluno na Universidade de Évora. No plantel também se fala o dialeto alentejano...
Temos o João Aurélio, o Márcio Madeira foi emprestado nesta época e temos o Mateus que, não tendo esse dialeto, passou por Beja algum tempo. Que opinião tem sobre o estado atual do futebol português?
Tenho muita dificuldade e sinto uma certa tristeza em analisar o futebol português, pelo menos na forma como ele está organizado e estruturado. Acho que se vive muito além daquilo que são as possibilidades reais dos clubes e se houvesse um controlo mais exigente e rigoroso muito provavelmente, em vez de falarmos em alargamentos, estaríamos a falar em encurtamentos e seria talvez a decisão mais acertada.
Eduardo Rodrigues do Mineiro suspenso
Diário do Alentejo 3 agosto 2012
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O conselho de disciplina da Federação Portuguesa de Futebol aplicou a Eduardo Rodrigues, treinador do Aljustrelense na época passada, a pena de um ano de suspensão e uma multa de 750 euros por alegadamente ter agredido um jogador. Os factos reportam-se à jornada realizada em 13 de maio último, no jogo Aljustrelense-Quarteirense, em que um jogador dos algarvios simulou, junto ao banco dos mineiros, ter sido vítima de uma eventual agressão.
Copa Alentejo 2012 O Torneio de Futebol Infantil Copa Alentejo 2012, destinado aos escalões de infantis, benjamins, traquinas e petizes, vai realizar-se entre 15 de setembro e 7 de outubro, nas cidades de Beja, Elvas, Évora e Vendas
Novas, com organização conjunta do Desportivo de Beja, O Elvas, Lusitano Ginásio Clube e Grupo Desportivo Afeiteira. O Clube Desportivo de Beja organizará as jornadas de 15 e 16 de setembro e a fase final a 7 de outubro.
João Aurélio sonha em voltar a jogar ao lado do irmão Luís
“Sinto o orgulho dos bejenses” Naturais da freguesia de Nossa Senhora das Neves, nascidos na formação do Desportivo de Beja, os gémeos João e Luís Aurélio faziam a delícia de quem assistia aos seus jogos. Texto e foto Frimino Paixão
J
ogavam com uma invulgar intuição, havia um elo entre ambos que era a força motriz da equipa. Um dia separaram-se. João rumou à cidade berço para daí projetar o seu bem sucedido percurso de profissional de futebol. Luís só mais tarde teve a sua oportunidade, mas já está no segundo patamar do futebol português. As opiniões dividem-se na avaliação da qualidade individual de cada um, mas ao lado um do outro eram excecionais. Completavam-se. Mas hoje é o Luís, jogador do Nacional, que, na primeira pessoa, fala da sua vivência e dos projetos que tem para o futuro. É sempre um prazer jogar na sua cidade?
Fui sempre muito acarinhado enquanto joguei pelos clubes de Beja e sinto que as pessoas têm algum orgulho em que eu me tenha conseguido projetar para o futebol nacional. Agradeço isso do fundo do coração. Também me senti muito orgulhoso em voltar a Beja, agora a representar o Nacional, sou sempre muito acarinhado aqui. É importante sentir esse apoio?
Sim, foi muito gratificante ouvir os aplausos do público quando entrei em campo e sobretudo quando o meu nome foi referido como jogador bejense e capitão da equipa, senti a alegria das pessoas. É muito importante para um jogador sentir esses toques positivos. A última vez que tinha jogado em Beja foi com a camisola da seleção nacional...
Esse foi um momento que eu jamais esquecerei, foi um grande jogo, recordo também o golo que marquei, são momentos que ficam guardados para sempre na nossa memória. Que avaliação faz do seu percurso no futebol profissional?
JOÃO MIGUEL COIMBRA AURÉLIO 23 anos, nascido a 17 e agosto de 1988, em Beja
2000 a 2004 Clube Desportivo de Beja 2004/2005 Despertar Sporting Clube 2005 a 2007 Vitória de Guimarães 2007/2008 Penalva do Castelo 2008/2012 Nacional da Madeira
O meu sa lto de Beja para Guimarães foi fundamental, permitiu-me evoluir como jogador. Durante o percurso pela 2.ª Divisão B (Penalva do Castelo) ainda tive mais crescimento e, depois, a chamada à seleção nacional deu-me alguma visibilidade, até que surgiu esta oportunidade no Nacional, onde estou a dar continuidade a esse
processo evolutivo. Estou na Madeira há cinco épocas, estou forte, sinto-me bem, espero ter continuidade. Já deu algum passo de que se tenha posteriormente arrependido?
Não. Supostamente as pessoas poderiam ter pensado que a minha saída de Guimarães para o Penalva, da segunda divisão B, teria sido um passo atrás, mas não foi, tenho a certeza, foi mesmo um passo em frente, porque eu confiava em mim, as minhas qualidades sobressaíram e isso permitiu-me dar o salto para o Nacional. Está de pedra e cal nesse clube?
Vamos ver, gosto de representar o Nacional da Madeira, as pessoas gostam de mim e eu gosto delas, sou muito acarinhado pelo público madeirense, e pelos nacionalistas em particular, sinto-me bem e estou-lhes muito grato. Agora treinado p or Pe dro Caixinha, outro bejense…
Pois, eu já conhecia o Pedro, como é óbvio, estou no Nacional há mais tempo do que ele, mas cada um desenvolve aquele que é o seu trabalho, naturalmente que temos um forte espírito de entreajuda porque o fundamental é o coletivo, só com um grupo forte e unido é que conseguiremos os nossos objetivos. Não podemos pensar que tendo um treinador de Beja terei mais facilidades, não... se eu não trabalhar, se não me aplicar e não corresponder às expectativas dele, é óbvio que não jogarei. Nesta época o clube vai jogar por um lugar para a
Europa?
No ano passado começámos o campeonato menos bem, depois veio o mister Caixinha e as coisas melhoraram, ele soube lidar com o grupo e nós unimo -nos e crescemos bastante bem, e isso refletiu-se no bom rendimento que tivemos na reta final do campeonato. Este ano esperamos dar continuidade a esse trabalho. A Liga Europa é sempre a nossa meta, trabalhamos todos dias com o olhar nesse objetivo. O João tem concorrência no plantel, terá que lutar muito pela sua titularidade?
Claro, o Tomé é um excelente jogador, veio de uma liga inferior mas isso não quer dizer nada, é um jogador com qualidade, que eu conhecia, jogou comigo no Penalva, estamos os dois a disputar o lugar, mas cada um faz o seu trabalho em prol da equipa, porque é o grupo que está primeiro. Voltar a jogar ao lado do gémeo Luís não se perspetiva tão cedo?
É um sonho que nós temos. Saímos de Beja para conquistarmos o nosso espaço noutros clubes. O Luís, felizmente, está já na 2.ª Liga (Tondela), está a crescer e vai continuar esse trajeto. Quem sabe se um dia nos reencontraremos na mesma equipa. Não é impossível... O João sonha com voos mais altos?
Sou um jovem com apenas 23 anos, só tenho que sonhar com grandes voos, é legítimo sonhar com projetos de outra dimensão, é por isso que trabalho no Nacional todos os dias com este empenho e esta dedicação. E um possível regresso à seleção nacional?
O sonho de qualquer jogador profissional é representar a seleção principal, sei que é muito difícil, a seleção tem muitos bons jogadores, mas as pessoas estão atentas, se um dia surgir essa oportunidade espero agarrá-la da melhor maneira e dignificar o nome de Beja, que é o nosso orgulho.
Pesca desportiva Sem medalhas mas com o orgulho de terem representado Portugal nos Campeonatos do Mundo de Pesca Desportiva de Água Doce (sub/14 e sub/18), na Eslovénia, os três jovens pescadores do Clube de Amadores de Pesca do
A Academia de Futebol do Centro de Cultura e Desporto do Bairro da Conceição vai promover a partir do dia 20 uma ação de captação de jovens para integrarem as suas equipas de formação, com vista à participação nas competições oficiais da Associação de Futebol de Beja.
Baixo Alentejo (Alvito) já regressaram a Portugal. Ivo Figueira foi 31.º classificado em sub/14, António Nunes foi 32.º e Luís Fernandes foi 53.º em sub/18. Em ambos os escalões a equipa portuguesa conseguiu o 10.º lugar.
José Lampreia não se candidata a novo mandato na columbofilia
“Conseguimos chegar a patamares desportivos inéditos” Uma boa campanha desportiva, pese embora o elevado número de perdas de alados, revelam o progresso competitivo da columbofilia distrital, onde surgem novos valores.
vindo a diminuir porque as pessoas fazem contas à vida e em vez de terem 100 aves ficam com 60 ou 70. Mas cada columbófilo terá, em média, 80 a 120 pombos, e num distrito com mais de 300 praticantes estaremos a falar de 30 000 atletas, ou seja, a primeira modalidade do distrito em número de praticantes federados.
Texto e foto Frimino Paixão
O
presidente da Associação Columbófila do Distrito de Beja, José Francisco Palma Lampreia, faz uma análise positiva da última temporada desportiva, revelando fatores positivos como o equilíbrio competitivo, a modernização da modalidade e a inauguração de uma nova sede para a associação. Sublinha a presença de atletas bejenses nas seleções nacionais, acentuando que foram atingidos níveis muito elevados. Ainda assim, o dirigente revela que não será candidato a um novo mandato.
Que expectativas existem para as exposições do próximo ano?
José Lampreia Presidente da Associação Columófila de Beja não é candidato
sujeitam. Aparentemente está tudo normal, mas a verdade é que para os pombos não está.
Que balanço faz da época que recentemente se concluiu?
O calendário foi cumprido com normalidade?
A época 2012 foi um pouco mais difícil do que as anteriores, devido às condições meteorológicas. A maioria das provas teve médias mais baixas porque os pombos encontraram mais dificuldades e perderam-se algumas aves, mais do que tem sido normal em épocas anteriores. Os especialistas referem a existência de radiações ultra violetas acima do normal, muitas vezes durante a semana tínhamos temperaturas médias de 20º e ao fim de semana subiam acima dos 30, tudo isso gerou uma instabilidade enorme aos atletas.
De certa maneira decorreu com normalidade, embora tenhamos feito alguns acertos. Estou a lembrar-me de uma prova em que devido ao calor tivemos que encurtar a distância de solta em cerca de 40 quilómetros para atenuar o esforço dos atletas. Também houve um fim de semana em que se previam muitas dificuldades e adiámos a prova para o dia seguinte. Temos que ser nós a ajudar e a tomar essas decisões no sentido de defendermos as aves e minimizarmos as perdas.
O normal é perderem-se aves em situações de mau tempo?
Sim, mas as temperaturas elevadas, desde que sejam repentinas, são sempre uma dificuldade acrescida para qualquer ser vivo, ainda mais para um pombo que tem que atravessar tantos obstáculos (montanhas, aves de rapina) e tem que voar durante tantos quilómetros. Parecendo que está bom tempo, nós não conseguimos avaliar as tempestades solares e magnéticas, as radiações a que as aves se
No plano desportivo houve surpresas ou foi um pouco “mais do mesmo”?
O balanço foi bom porque ganharam columbófilos de várias coletividades, revelando uma forte competitividade no distrito. A diferença entre os primeiros 10 de cada zona tem vindo a diminuir, o que demonstra que existe mais competitividade do que no passado, em que as diferenças eram de dois e três mil pontos. Hoje não é assim, essas diferenças diminuíram e os campeonatos são disputados com muito interesse até à última prova.
Têm surgido alguns novos valores na columbofilia distrital?
Este ano revelaram-se dois ou três novos columbófilos ao mais alto nível: Rui Vilalva, que veio de Évora para o nosso distrito, e o Ludgero Inácio também se destacou pela positiva na velocidade e meio fundo, fez uma grande campanha. Os tempos estão difíceis e a columbofilia não é exceção?
Temos constatado alguma diminuição a nível de praticantes, por várias razões, uma delas a situação económica, outra porque os cidadãos e as câmaras complicam a vida aos columbófilos que têm pombos em centros urbanos. Tudo isso tem sido minimizado com a construção de aldeias columbófilas um pouco por todo o distrito, mas não é a mesma coisa. O columbófilo sempre teve os pombos em casa e agora tem que os levar para fora das vilas ou cidades. Isso levará ao abandono da modalidade. Têm surgido novos praticantes que compensem os abandonos?
Há sempre quem comece de novo e outros que regressam, como as coletividades de Moura e Pias que estão a aumentar o número de associados. Existe um certo equilíbrio em número de columbófilos, embora o número de pombos tenha
A fasquia está muito alta. Nos últimos dois anos fomos o distrito que colocou mais pombos nas seleções nacionais representadas nas Olimpíadas e na Exposição Ibérica, por isso estamos num nível muito elevado. No próximo ano não será fácil chegarmos ao mesmo patamar, estaremos a um bom nível, mas não creio que sejamos outra vez os melhores. Estamos a trabalhar nesse sentido, mas temos que ser realistas. Será candidato a um novo mandato?
Está a terminar o meu segundo ciclo na associação e não voltarei a ser candidato. Estou com vários projetos profissionais que quero levar a bom porto e farei uma pausa no dirigismo columbófilo. Há outros dirigentes com capacidade e dedicação para manterem a columbofilia distrital em bom nível. Sai satisfeito com a marca que deixa na columbofilia distrital?
Tenho consciência que no plano desportivo conseguimos atingir níveis nunca alcançados. Por outro lado, 80 por cento das coletividades apresentam já a sua atividade na Internete, nós ajudámos nisso, fizemos o levantamento das coordenadas dos pombais do distrito, vamos inaugurar uma nova sede, já temos os camiões em lugar seguro e estivemos sempre disponíveis para tudo o que fosse bom para a modalidade. Sei que era possível fazer mais, sempre tive o melhor grupo de diretores comigo, fizemos o que podíamos porque todos somos voluntários.
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Desistir José Saúde
Longe vão os tempos em que a palavra desistir não tinha cabimento no oráculo de uma tribo de dirigentes desportivos que assumiam uma vernácula opção que passava pela honorabilidade das promessas evocadas. Agora, os tempos são outros. A bonança deu lugar à tempestade. Perderam-se valores na encruzilhada da incerteza. O homem sonha! Sonhou com um mundo próspero. Acalentou a esperança em colocar a sua coletividade no púlpito. Levá-la a campeã. Arriscou. A equipa sagrou-se vencedora. Não imaginou o amanhã. O burgo entretanto delirava. O clube era motivo de conversa. O dinheiro abundava. O público não se fazia rogado e marcava presença nos jogos. Era o mundo das ilusões a proliferar nas hostes futebolísticas sul alentejanas. Lembro os tempos de abastança que marcaram, indubitavelmente, alguns dos filiados na AF Beja. Os orçamentos pareciam inesgotáveis. O “pilim” não faltava. Começou a taxar-se os jogadores a preços exorbitantes. A oferta seguinte abafava a anterior. E o craque, já maduro, arregaçava as mangas e toca a adensar o rol das dádivas. Construíram-se então castelos de areia. Hoje, revejo esses tempos áureos. De devaneios, na minha modesta opinião. Noutros tempos, mais antigos, jogava-se futebol por prazer, os atletas aceitavam as regras e a mensagem diluía-se a uma velocidade estonteante. Chegámos, agora, a uma veracidade indesmentível: os clubes, alguns, fazem contas e deparam-se com a irreversibilidade de alterarem a filosofia desportiva, principalmente monetária. Na próxima época, 2012/13, históricos do futebol distrital bejense já declararam publicamente que recusam participar com equipas seniores em competições da AF Beja. Despertar e Sporting Ferreirense são exemplos a enaltecer no momento em que urge repensar toda a metodologia das tesourarias que se deparam com exequíveis problemas financeiros. Desistir de cabeça erguida é sinónimo de honra e de respeito nas condições por ora conhecidas. Fica o exemplo.
Diário do Alentejo 3 agosto 2012
Captação de jovens no Bairro da Conceição
saúde
22 Diário do Alentejo 3 agosto 2012
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AURÉLIO SILVA UROLOGISTA
Hospital de Beja Doenças de Rins e Vias Urinárias
Urgências Prótese fixa e removível Estética dentária Cirurgia oral/ Implantologia Aparelhos fixos e removíveis VÁRIOS ACORDOS Consultas :de segunda a sexta-feira, das 9 e 30 às 19 horas Rua de Mértola, nº 43 – 1º esq. Tel. 284 321 304 Tm. 925651190 7800-475 BEJA
Hematologia
Tm. 962557043
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Dr. José Loff
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Consultas em Beja CLINIBEJA – 2.ª a 6.ª feira Rua António Sardinha, 25, r/c esq.
Rua António Sardinha, 3 1º G 7800 BEJA
dos Médicos
DRA. TERESA ESTANISLAU CORREIA
Terapeuta da Fala VERA LÚCIA BAIÃO
Marcações pelo telefone 284321693 ou no local
pela Ordem
CONSULTAS DE OBESIDADE
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Prótese/Ortodontia
Especialista
Rua Capitão João Francisco
Rua Cidade S. Paulo, 29 Marcações pelo telef. 284328023
MÉDICO DENTISTA
DR. A. FIGUEIREDO Médico
Consultas às 6ªs feiras na Policlínica de S. Paulo
DR. MAURO FREITAS VALE
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LUZ
Especialista pela Ordem dos Médicos Chefe de Serviço de Oftalmologia do Hospital de Beja
Terapia da Fala
HEMATOLOGIA CLÍNICA Doenças do Sangue
ANA MONTALVÃO Assistente Hospitalar Marcações de 2ª a 6ª feira, das 15 às 19 horas Terreiro dos Valentes, 4-1ºA 7800-523 BEJA Tel. 284325861 Tm. 964522313
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Urologia
CLÍNICA MÉDICA ISABEL REINA, LDA.
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Obesidade
Médico oftalmologista
Medicina dentária
MÉDICO ESPECIALISTA EM CLÍNICA GERAL/ MEDICINA FAMILIAR
CÉLIA CAVACO
Marcações de consultas de 2ª a 6ª feira, entre as 15 e as 18 horas Rua Dr. Aresta Branco, nº 47 7800-310 BEJA Tel. 284326728 Tm. 969320100
JOÃO HROTKO
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GASPAR CANO
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Assistente graduada do serviço de oftalmologia do Hospital José Joaquim Fernandes – Beja
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BEJA
Assistente graduado de ginecologia e obstetrícia
Psiquiatria
CONSULTÓRIOS: Beja Praça António Raposo Tavares, 12, 7800-426 BEJA Tel. 284 313 270 Évora CDI – Praça Dr. Rosado da Fonseca, 8, Urb. Horta dos Telhais, 7000 Évora Tel. 266749740
Oftalmologia
Acordos com A.D.S.E., CGD, Medis, Advance Care, Multicare, Allianze, Seguros/Acidentes de trabalho, A.D.M., S.A.M.S. Marcações pelo 284322446; Fax 284326341 R. 25 de Abril, 11 cave esq. – 7800 BEJA
Oftalmologista pelo Instituto Dr. Gama Pinto – Lisboa
Rua António Sardinha, 25r/c dtº Beja
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(Diplomada pela Escola Superior de Medicina Dentária de Lisboa)
Ginecologia/Obstetrícia
FAUSTO BARATA
Fisiatria Dr. Carlos Machado Drª Ana Teresa Gaspar Psicologia Educacional Drª Elsa Silvestre Psicologia Clínica Drª M. Carmo Gonçalves Tratamentos de Fisioterapia Classes de Mobilidade Classes para Incontinência Urinária Reeducação do Pavimento Pélvico Reabilitação Pós Mastectomia Hidroterapia/Classes no meio aquático
Rua Manuel Antó António de Brito n.º n.º 6 – 1.º 1.º frente. 78007800-522 Beja tel. 284 328 100 / fax. 284 328 106
Vários Acordos
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Otorrinolaringologia
FRANCISCO FINO CORREIA
DR. J. S. GALHOZ
MÉDICO UROLOGISTA RINS E VIAS URINÁRIAS
Ouvidos,Nariz, Garganta
Marcações de 2.ª a 6.ª feira a partir das 14 horas
Exames da audição
Rua Capitão João Francisco de Sousa, n.º 20 7800-451 BEJA Tel. 284324690
Consultas a partir das 14 horas Praça Diogo Fernandes, 23 - 1º F (Jardim do Bacalhau) Telef. 284322527 BEJA
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saúde
23 Diário do Alentejo 3 agosto 2012
PSICOLOGIA ANA CARACÓIS SANTOS – Educação emocional; – Psicoterapia de apoio; – Problemas comportamentais; – Dificuldades de integração escolar; – Orientação vocacional; – Métodos e hábitos de estudo GIP – Gabinete de Intervenção Psicológica Rua Almirante Cândido Reis, 13, 7800-445 BEJA Tel. 284321592
_______________________________________ Manuel Matias – Isabel Lima – Miguel Oliveira e Castro – Jaime Cruz Maurício Ecografia | Eco-Doppler Cor | Radiologia Digital Mamografia Digital | TAC | Uro-TC | Dental Scan Densitometria Óssea Nova valência: Colonoscopia Virtual Acordos: ADSE; PT-ACS; CGD; Medis, Multicare; SAMS; SAMS-quadros; Allianz; WDA; Humana; Mondial Assistance. Graça Santos Janeiro: Ecografia Obstétrica Marcações: Telefone: 284 313 330; Fax: 284 313 339; Web: www.crb.pt Rua Afonso de Albuquerque, 7 r/c – 7800-442 Beja e-mail: cradiologiabeja@mail.telepac.pt
CENTRO DE IMAGIOLOGIA DO BAIXO ALENTEJO ECOGRAFIA – Geral, Endocavitária, Osteoarticular, Ecodoppler TAC – Corpo, Neuroradiologia, Osteoarticular, Dentalscan Mamografia e Ecografia Mamária Ortopantomografia
António Lopes – Aurora Alves – Helena Martelo – Montes Palma – Maria João Hrotko – Médicos Radiologistas –
Dr. Sidónio de Souza – Pneumologia/Alergologia/ Desabituação tabágica – H. Pulido Valente Dr. Fernando Pimentel – Reumatologia – Medicina Desportiva – Instituto Português de Reumatologia de Lisboa Dr.ª Verónica Túbal – Nutricionismo – H. de Beja Dr.ª Sandra Martins – Terapia da Fala – H. de Beja Dr. Francisco Barrocas – Psicologia Clínica/Terapia Familiar – Membro Efectivo da Soc. Port. Terapia Familiar e da Assoc. Port. Terapias Comportamental e Cognitiva (Lisboa) – Assistente Principal – Centro Hospitalar do Baixo Alentejo. Dr. Rogério Guerreiro – Medicina preventiva – Tratamento inovador para deixar de fumar Dr. Gaspar Cano – Clínica Geral/ Medicina Familiar Dr.ª Nídia Amorim – Psicomotricidade/Educação Especial e Reabilitação (dificuldades específicas de aprendizagem/dislexias) Dr. Sérgio Barroso – Especialista em Oncologia – H. de Beja Drª Margarida Loureiro – Endocrinologia/Diabetes/ Obesidade – Instituto Português de Oncologia de Lisboa Dr. Francisco Fino Correia – Urologia – Rins e Vias Urinárias – H. Beja Dr. Daniel Barrocas – Psiquiatria – Hospital de Évora Dr.ª Lucília Bravo – Psiquiatria H.Beja , Centro Hospitalar de Lisboa (H.Júlio de Matos). Dr. Carlos Monteverde – Chefe de Serviço de Medicina Interna, doenças de estômago, fígado, rins, endoscopia digestiva. Dr.ª Ana Cristina Duarte – Pneumologia/ Alergologia Respiratória/Apneia do Sono – Assistente Hospitalar Graduada – Consultora de Pneumologia no Hospital de Beja Dr.ª Isabel Santos – Chefe de Serviço de Psiquiatria de Infância e Adolescência/Terapeuta familiar – Centro Hospitalar do Baixo Alentejo Dr.ª Paula Rodrigues – Psicologia Clínica – Hospital de Beja Dr.ª Luísa Guerreiro – Ginecologia/Obstetrícia Dr. Jorge Araújo – Ecografias Obstétricas Dr.ª Ana Montalvão – Hematologia Clínica /Doenças do Sangue – Assistente Hospitalar – Hospital de Beja Dr.ª Ana Cristina Charraz – Psicologia Clínica – Hospital de Beja Dr. Diogo Matos – Dermatologia. Médico interno do Hospital Garcia da Orta. Dr.ª Madalena Espinho – Psicologia da Educação/ Orientação Vocacional Dr.ª Ana Margarida Soares – Terapia da Fala - Habilitação/Reabilitação da linguagem e fala. Perturbação da leitura e escrita específica e não específica. Voz/Fluência. Dr.ª Maria João Dores – Técnica Superior de Educação Especial e Reabilitação/Psicomotricidade. Perturbações do Desenvolvimento; Educação Especial; Reabilitação; Gerontomotricidade. Enfermeira Maria José Espanhol – Enfermeira especialista em saúde materna/Cuidados de enfermagem na clínica e ao domicílio/Preparação pré e pós parto/amamentação e cuidados ao recémnascido/Imagem corporal da mãe – H. de Beja Marcações diárias pelos tels. 284 322 503 Tm. 91 7716528 | Tm. 916203481 Rua Zeca Afonso, nº 6, 1º B, 7800-522 Beja Clinipaxmail@gmail.com
medicina geral e familiar Dr. Luís Capela
endocrinologia|diabetes|obesidade Dr.ª Luísa Raimundo
pneumologia|consulta do sono Dr.ª Eulália Semedo
ginecologia|obstetrícia|colposcopia Dr.ª Ana Ladeira
otorrinolaringologia|ORL pediátrica ;ǀĞƌƟŐĞŵͮŽŶĐŽůŽŐŝĂ ĚĂ ĐĂďĞĕĂ Ğ ƉĞƐĐŽĕŽͿ
Dr.ª Dulce Rocha Nunes
Diversos Acordos
psiquiatria e saúde mental Dr. Daniel Barrocas
psicologia clínica Dr.ª Maria João Póvoas
psicologia educacional Dr.ª Silvia Reis
terapia da fala Terapeuta Vera Baião
ĮƐŝŽƚĞƌĂƉŝĂͮƌĞĂďŝůŝƚĂĕĆŽ ;ƉſƐͲ s ͬ ƉſƐͲĐŝƌƵƌŐŝĂͬ ƚƌĂƵŵĂƚŽůŽŐŝĂͬ ĐŝŶĞƐŝŽƚĞƌĂƉŝĂͬ ĐŽůƵŶĂͿ
Terapeuta Fábio Apolinário
cirurgia vascular Dr.ª Helena Manso
ŵĞĚŝĐŝŶĂ ĞƐƚĠƟĐĂ Dr.ª Nídia Abreu
podologia Dr. Joaquim Godinho
medicina dentária Dr. Jaime Capela (implantologia) ƌ͘ǐ ŶĂ ZŝƚĂ ĂƌƌŽƐ ;ŽƌƚŽĚŽŶƟĂͿ Dr. António Albuquerque
prótese dentária Téc. Ana João Godinho
cirurgia maxilo-facial Dr. Luís Loureiro
Convenções: ADSE, ACS-PT, SAD-GNR, CGD, MEDIS, SSMJ, SAD-PSP, SAMS, SAMS QUADROS, ADMS, MULTICARE, ADVANCE CARE Horário: de 2ª a 6ª feira, das 8 às 19 horas e aos sábados, das 8 às 13 horas Av. Fialho de Almeida, nº 2 7800 BEJA
Telef. 284318490 Tms. 960284030 ou 915529387
Clínica Médico-Dentária de S. FRANCISCO, LDA. Gerência de Fernanda Faustino Acordos: SAMS, ADMG, PSP, A.D.M.E., Portugal Telecom e Advancecare Rua General Morais Sarmento, nº 18, r/chão; TEL. 284327260 7800-064 BEJA
pediatria do desenvolvimento ƌ͘ǐ ŶĂ ^ŽĮĂ ƌĂŶĐŽ
psicomotricidade|apoio pedagógico Terapeuta Helena Louro
exames audiológicos Audiograma|Timpanograma
ƉƌſƚĞƐĞƐ ĂƵĚŝƟǀĂƐ Manutenção de todas as marcas Rua António Sardinha 23, 7800-447 Beja Telefone: 284 321 517 | Móvel: 961 341 105 | Fax: 284 327 331 clinibeja@gmail.com| www.facebook.com/clinibeja
www.clinibeja.com
institucional diversos
24 Diário do Alentejo 3 agosto 2012
RAINHA SANTA ISABEL, VIAGENS E TURISMO LDA RNAVT 2045 EDIFÍCIO DE SANTA CATARINA, 12 | 7000-516 ÉVORA TEL: 266 747 871 / FAX: 266 747 873 MAIL: info.evora@rsi-viagens.com O SEU AGENTE LOCAL PARA RESERVAS: D-VIAGEM RUA DO VALE N.º 24 LOJA 1 | 7800-490 BEJA | TEL: 284 325 688 MAIL: beja.1263@d-viagem.com
* BARCELONA e VALÊNCIA - Grandes Cidades de Espanha – De 11 a 15 de Agosto * Festas da Senhora da Agonia em VIANA DO CASTELO - De 17 a 20 de Agosto * Cruzeiro no Rio Guadiana – Dia 19 de Agosto – Com almoço e baile a bordo * Madeira – De 24 a 27 de Agosto * Norte de África e Costa do Sol – Puerto Santa Maria, Ceuta, Tetuan, Tânger, Algeciras, Gibraltar, Benalmadena, Mijas, Torremolinos, Porto Banus, Ronda, Sevilha – De 25/8 a 1/9 * Galiza – Rias Altas e Rias Baixas – De 30/8 a 2/9 * Trilhos de Santiago – De 30/8 a 2/9 * Aldeias de Xisto, com visita a Aldeia do Piódão, Serra da Lousã e do Açor – Dias 1 e 2 de Setembro * Cruzeiro em Sesimbra e Cabo Espichel, como almoço caldeirada – Dia 2 de Setembro * Estados Unidos e Canadá – De 2 a 14 de Setembro * Sintra Monumental – Dia 9 de Setembro * Fim de semana em Guimarães – CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA – Dias 15 e 16 de Setembro * Úbeda, Baeza e Jaen – Os mais autênticos Patrimónios Mundiais de Andaluzia – De 21 a 23 de Setembro * ROMA – Cidade Eterna e Vaticano – De 21 a 25 de Setembro * NOVO ESPECTÁCULO DE FILIPE LA FÉRIA – “Uma noite em casa de Amália” – Teatro Politeama – 23 de Setembro * Férias no Complexo MARINA D’OR – Oropesa del Mar – De 29/9 a 6/10 * CRUZEIRO “LENDAS DO MEDITERRÂNEO” – De 28 de Setembro a 06 de Outubro * Festa da Desfolhada – Valença do Minho – Dias 29 e 30 de Setembro * Mariscada na Ericeira – “Viveiros do Atlântico” – Dia 30 de Setembro * Astúrias, Cantábria e Picos da Europa – De 3 a 7 de Outubro * Cruzeiros no Douro – VÁRIOS PROGRAMAS DISPONÍVEIS TODO O VERÃO! * FÉRIAS EM BENIDORM – JULHO, AGOSTO E SETEMBRO – 10 DIAS – PENSÃO COMPLETA! AUTOCARRO PARA OUTROS DESTINOS, AUTO-FÉRIAS OU DATAS, CONSULTE-NOS! ALUGUER DE AUTOCARROS! VISITE-NOS EM: www.rsi-viagens.com
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Vem a Kmed Europa comunicar o seguinte: Desde o inicio de 2012 as empresas, Centro K, de Kmed Centro S.A. e Segurihigiene, S.A. requeridas no processo infra mencionado, têm utilizado práticas de abordagem a clientes da Kmed Europa, Lda, que violam as normas e usos honestos de uma atividade económica, constituindo nomeadamente concorrência desleal. No âmbito da providência cautelar que corre termos no 1º Juízo do Tribunal de Propriedade Intelectual, sob o nº 230/12.2YHLSB, onde o M.mo Juiz decidiu o seguinte: “2) Determino que a contar da presente data: a) As empresas requeridas se abstenham de contactar ou de algum modo manter quaisquer relações comerciais com os clientes da requerente constantes da lista anexa como Doc. 139 (de fls. 312 a 421). b) As requeridas se abstenham de divulgar a quaisquer pessoas singulares e/ou coletivas factos falsos sobre a requerente, designadamente, que a equipa técnica e administrativa da empresa requerente se deslocou para a 1ª requerida. c) Por cada dia de incumprimento do decidido, cada uma das empresas requeridas incorre no pagamento de uma sanção pecuniária compulsória de 10.000€ (dez mil euros).”
necrologia diversos
25 Diário do Alentejo 3 agosto 2012
MISSA
1º ANIVERSÁRIO (FALECIMENTO)
Artur Francisco 9º Ano de Eterna Saudade Seus filhos, netos, nora e genro comunicam que será celebrada missa pelo seu eterno descanso, dia 05/08/2012, domingo, às 10,30 horas na Igreja do Carmo em Beja, agradecendo desde já a todas as pessoas que nela compareçam.
Lizete Augusta Rodrigues Veríssimo Em sua memória 3/8/2011 Partiste...deixaste-nos Inundados de tristeza e saudade Falta a tua luz...o teu sorriso Mas não foi um Adeus..
Nossa Senhora das Neves
Apenas um Até logo Saudades dos filhos Amélia, Regina e Custódio, seus netos Cristina e António e seu Genro Tomás.
Manuel António Campaniço Ferro (Bila) 1.ºAno de Eterna Saudade Um ano se passou Tua força permanece em mim, no caminhar da minha vida, no sorriso à luz do dia, na lágrima da solidão da noite. Sentimentos não são objectos que se trocam ou se pintem para se renovar. Eles apenas existem. Fazes-me falta. Até sempre companheiro de uma vida
Diário do Alentejo nº 1580 de 03/08/2012 1.ª Publicação
VALES MORTOS PARTICIPAÇÃO
PARTICIPAÇÃO
Maria Esperança Amaro
Sra. D. Arlete Augusta Domingos
Secção Única
ANÚNCIO
Diário do Alentejo n.º 1580 de 03/08/2012 Única Publicação
A CERCIBEJA pretende admitir, a meio tempo (20 horas semanais), um(a) colaborador(a) para o desempenho de funções motorista, no âmbito das suas actividades regulares. Requisitos: 1. Escolaridade Mínima Obrigatória; 2. Experiência profissional (mínimo de 2 anos); 3. Possuir Carta de Condução (Letra D); 4. Espírito de equipa; 5. Disponibilidade imediata. O prazo de candidatura decorre nos 10 dias úteis a partir da publicação. Deverão os(as) interessados(as) enviar Curriculum vitae para: Por correio: Cercibeja – Quinta dos Britos, Apartado 6115 – 7801(908) Beja ou, Por e-mail: recrutamento@cercibeja.org.pt.
Faleceu a 28.07.2012
Nasceu a 08/10/1946 Faleceu a 25/07/2012
É com pesar que participamos o falecimento da Sra. D. Maria Esperança Amaro, de 72 anos, natural de Aldeia Nova de S. Bento, viúva. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no dia 30/07/2012 pelas 17.00 horas, da Casa Mortuária de Vales Mortos para o cemitério local. Apresentamos à família as cordiais condolências.
Participamos o falecimento da
Gerência: António Coelho Tm. 963 085 442 – Tel. 284 549 315 Rua das Cruzes, 14-A – 7830-344 SERPA
MISSA
Exma. Sra. D. Arlete Augusta Domingos, ocorrido no dia 25/07/2012, de 65anos, natural de Grândola casada com o Exmo. Sr. Ernesto José Vieira. O funeral a cargo desta agência realizou-se no passado dia 27/07/2012 da casa mortuária de Beja para
Manuel Cesário Rosa Páscoa (Ex – Director das Finanças de Beja)
o cemitério local. A toda a família apresentamos os nossos sinceros pesamos.
AGÊNCIA FUNERÁRIA SERPENSE, LDA
Mãe, Deus te dê sempre um bom lugar Junto do pai e meus irmãos E que Nossa Senhora me dê um sinal Para quando parar o meu coração. Quase todos os domingos visito a tua campa Coloco na tua jarra as flores que mais querias Rezo por ti uma oração, como a balada Que me cantavas com carinho quando me adormecias.
TRIBUNAL JUDICIAL DE MOURA
Processo: 412/11.4TBMRA Divórcio Sem Consentimento do Outro Cônjuge Autor: António Bolrão Cipriano Réu: Cremilde dos Santos Reina N/Referência: 693824 Nos autos acima identificados correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando a ré Cremilde dos Santos Reina, com última residência conhecida em domicílio: Cantinas de Magula, Cidade de Xai Xai, Província de Gaza Moçambique, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de contestação não importa a confissão dos factos articulados pelo autor e que em substância o pedido consiste em decretar o divórcio entre o Autor e a Ré supra identificados tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando. Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial. Moura, 06-07-2012 O Juiz de Direito, Dr(a). Rui Miguel Fonseca Machado O Oficial de Justiça, Joaquim Infante
Beatriz Lucrécia 4º Ano de Eterna Saudade
AGÊNCIA FUNERÁRIA DO POVO, LDA. Rua da Cadeia Velha, 15 e 19 | 7800-143 BEJA | Tel. 284311170 | Tm. 914905679 | 966453121
A família vem por este meio comunicar que será celebrada missa pelo seu eterno descanso, dia 09/08/2012, quinta-feira, às 18.30 horas na Igreja do Carmo em Beja, e agradecem antecipadamente a todas as pessoas que nela compareçam.
26 Diário do Alentejo 3 agosto 2012
28 000 Notícias de Beja
A Planície
Correio do Alentejo
Diário do Alentejo
É o número de leitores que todas as semanas lê o “Diário do Alentejo” na sua versão papel. No facebook, todos os dias, mais de 4 000 leitores seguem a atualidade regional na página do “DA”
Fonte: Marktest. Relatório de resultados da imprensa regional no período compreendido entre abril de 2010 e março de 2011
www.diariodoalentejo.pt
facebook.com/diariodoalentejo
No museu Jorge Vieira, em Beja, entre os dias 6 e 24, vão decorrer diariamente – das 9 e 30 às 12 horas e das 14 e 30 às 17 horas – ateliês destinados a meninos e meninas dos oito aos 12 anos, para trabalhar em materiais reciclados e em pasta de papel. Do desenho (incluindo em alto relevo) para a escultura, uma boa oportunidade para passar o tempo e dar asas à criatividade.
Pais
Dica da semana A dica desta semana centra-se no trabalho da artista francesa Nathalie Choux, não só pelo seu trabalho como ilustradora, mas pelo seu trabalho como ceramista. As peças que aqui deixamos são apenas da sua autoria, mas tem desenvolvido um trabalho paralelo com outra artista, Lili Scratchy. Ficam algumas sugestões para consulta http://www.nathaliechoux.com/ http://liliscratchy.blogspot.pt/
Um desenho animado que tem acompanhado várias gerações e é um bom motivo para a criançada comer mais fruta.
Pela tua mão Se gostas de duelar e és fã do Yu-Gi-Oh! podes agora criar as tuas próprias cartas. Vai a http://www.yugiohcardmaker.net/ e faz um deck que mais ninguém tem. Hugo, 13 anos
A páginas tantas... O Galo que Nunca Mais Cantou, escrito por Ana Saldanha, conquistou o Prémio Maria Rosa Colaço em 2010 e finalmente está nas livrarias pelas mãos da Caminho. “Era uma vez uma aranha com ambições imperialistas. Era uma vez um coelho atrevido que andava sempre a sair da cartola, mesmo quando não devia. Era uma vez um galo que nunca mais cantou e outro que não era de Barcelos. Era uma vez uma carochinha que encontrou dez réis a varrer a cozinha, arranjou marido e juntos alugaram um T2. Era uma vez uma ovelha negra, negra, negra”. A partir das histórias tradicionais, a autora reinventa e confere-lhes uma nova vida, sem que no fim haja a moral da história. As ilustrações são de Pedro Brito. Vai até ao blogue onde vais encontrar também umas animações bem interessantes http://tomalabonecos.blogspot.pt/
Jogo Uma ideia para personalizares o teu “quantos-queres” ou “papa-moscas”.
27 Diário do Alentejo 3 agosto 2012
Museu Jorge Vieira em Beja continua com ateliers para os mais novos
28 Diário do Alentejo 3 agosto 2012
O Juca é um cão de porte grande, muito jovem, com cerca de um ano. Está desde bebé no Cantinho dos Animais, na companhia da mãe e de mais alguns irmãos que também ainda não foram adotado. Foram encontrados recém nascidos à beira de uma estrada. O Juca é o mais tímido dos manos, não é agressivo com as pessoas, apenas tem um pouco de medo… Precisa de uma família compreensiva que lhe dê atenção e carinho. Venham conhecê-lo ao Cantinho dos Animais de Beja. 96 24 32 844, sofiagoncalves.769@gmail.com
Boa vida Comer
Letras
Frango do campo com tomate
O cinema de António de Macedo
Ingredientes para 4 pessoas 1 frango do campo, 200 gr. de bacon, 50 gr. de banha de porco, 6 dentes de alho, 5 tomates maduros e limpos de peles e grainhas, 1 dl. de vinho do Porto, 4 dl. de vinho branco alentejano, 1 molho de salsa, sal q.b., pimenta q.b., 1 dl. de azeite, água q.b.. Confeção: Corte o frango em bocados e tempere com os dentes de alho pisados com sal e deixe no frigorífico durante quatro horas. Coloque-o num tacho com todos os ingredientes e cubra com água. Tape o tacho e leve a lume médio. Deixe cozinhar lentamente e retifique os temperos a seu gosto. Coloque o frango numa travessa e polvilhe com salsa picada. Acompanhe com batatas fritas caseiras e salada de alface. Bom apetite…
A
retrospectiva integral da obra de António de Macedo na Cinemateca Portuguesa fica assinalada pela edição de um catálogo que reúne a filmografia completa, uma extensa entrevista ao autor e entrevistas aos filhos do cineasta, a realizadora Susana de Sousa Dias e o compositor António de Sousa Dias. Inclui ainda textos de vários autores – de Artur Semedo a Fernando Lopes, passando por Lauro António, João Lopes, Leonor Areal, etc. – e de várias proveniências (catálogos, artigos de imprensa, obras de investigação) quer sobre Macedo quer sobre os seus filmes. O cinema de António de Macedo afirma-se como a referência bibliográfica mais completa sobre um autor fundamental no arranque e história do Novo Cinema, cuja marginalidade, porém, fez sempre dele um marginal entre os marginais. O rapazinho que cresceu entre máquinas de projecção, câmaras de filmar e fez os primeiros filmes com a película Kodak fora de prazo que o pai arranjava fez-se compositor, arquitecto, escritor, cineasta, professor universitário, mas é sobretudo um homem de espírito livre e questionador. Experimentalista, sempre. Amante do fantástico e esteta depurado, depois de “Domingo à tarde”, “Sete balas para Selma”, do proibido “Nojo aos cães”, “A promessa”, já após o 25 de Abril, o seu regresso à ficção, com “As horas de Maria”, provocou um escândalo sem precendentes quando estreou em 1979. A década de oitenta assinalou, no cinema de Macedo, o início de uma fase dominada pelo esoterismo e pelo fantástico. “Chá forte com limão”, de 1993, foi a última longa-metragem do autor que tem visto os seus projectos de filmes de longa-metragem rejeitados pelos júris de apoio à produção cinematográfica do Instituto de Cinema. Maria do Carmo Piçarra
António Nobre Chefe executivo de cozinha – Hotéis M’AR De AR, Évora
O cinema de António de Macedo Org. Manuel Mozos Cinemateca Portuguesa 192 págs. 15 euros
Petiscos O bom e o bonito
N
ão, bonitos não são, estes animalejos com oito pernas, picos com fartura, duas tenazes sempre a mexer direito à boca, a andar às arrecuas e aspeto ameaçador. Refiro-me às sapateiras e às santolas, ainda que a grande família dos caranguejos esteja toda abrangida. São é bons, estes bichinhos. A receita que vos proponho é comum a uma e a outra espécie. A santola é melhor e é muito mais cara, a sapateira é menos boa e é mais barata. Que vontade que dá de dizer: “É a vida!”. Vendem-se cozidas e cruas. As melhores são as cruas, frescas, mas as variantes são muitas. Entre já cozidas e congeladas mas muito baratas e as de duvidosa fresquidão e vendidas que nem peças de ourivesaria, prefiro obviamente aquelas. Um último comentário: há uma boa dúzia de receitas semelhantes. Esta é das melhores, digo-o sem falsas modéstias, sabendo embora que há também outras muito razoáveis, nomeadamente algumas que envolvem forno e gratinados. “À unha!” que nem moços de forcados, aqui vamos nós. São três sapateiras, médias, cruas e frescas. Cozem 20 minutos em água que já está a ferver com sal e uma cebola. Depois de cozidas arrefecem-se e enxugam-se. Partem-se e extrai-se toda a carne. É difícil descrever o processo. Não se aproveitam os sacos de areia que tem na cabeça, os estômagos, digamos assim. Nem nada que seja calcário, casca e divisórias interiores. À primeira vez é difícil e moroso, à segunda reconhecemse os meandros anatómicos do animal, já é tudo mais fácil. O apuro da carne inclui o interior da casquinha, com todos os sucos, o corpo propriamente dito – é o que demora mais tempo e é mais complicado –, as patas e as tenazes.
Usa-se uma cerveja, das pequenas, para ajudar a limpar as partes mais difíceis. Começa aqui a receita. Uma embalagem grande de maionese duma marca alemã mas feita em Portugal, uma embalagem pequena da mostarda portuguesa mais antiga e difundida, um frasco pequeno de pickles que se picam bem, pão ralado torrado – podem-se ralar tostas em casa –, uma cerveja branca pequena, quatro gemas de ovo cozidos, pimenta preta para ralar, sal, molho inglês – melhor se for original – e, finalmente, molho de malagueta vermelha, pode ser de casa desde que a confeção não envolva qualquer tipo de óleo incluindo azeite. Rança, inevitavelmente. Junte a maionese com meio frasco de mostarda. Acrescente os pickles e as gemas que entretanto reduziu a uma pasta. Misture tudo bem. O recipiente deve ser muito amplo e de vidro, para se “trabalhar” à vontade. Junte a carne e os sucos dos animais juntamente com a cerveja, que deve estar cheia de pequenos pedaços provenientes da limpeza da casca e das casquinhas. Mexa novamente. Prove. Agora acrescente o pão ralado até a consistência lhe parecer razoável. Mesmo que tenha muita “carne” da sapateira, não evite o pão ralado, é indispensável. Se ficar demasiado espesso pode acrescentar mais alguma cerveja. Tempere de sal, algumas voltas do moinho de pimenta, malagueta e molho inglês. Vá pondo devagar, misture, prove e acrescente o que faltar. Vai ao frigorífico a resfriar bem, é comido com torradas de pão torrado em casa ou crackers de boa qualidade, lamento dizê-lo, mas de preferência inglesas. Magníficos animais, feios e excelentes! António Almodôvar
Arranca hoje, em Figueira de Cavaleiros, no concelho de Ferreira do Alentejo, a XIII Feira do Melão, que se prolongará até ao próximo domingo, dia 5. Concursos para o melhor melão, melhor doce de melão e melhor expositor, workshops sobre sabores com melão, jogos diversos, insufláveis, karaoke, garraiada e várias atuações musicais são algumas das propostas. No plano musical estão previstas as atuações de Artur e os seus alunos de guitarra e Ventos Alentejanos (dia 3), Os Rurais, As Margaridas de Maio, Grupo Coral e Instrumental Infantil de Figueira dos Cavaleiros, José Arménio, Pôpo e Banda e Estrelas do Covil (dia 4) e Pedro Jonnas – Tributo a Tony Carreira (dia 5).
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Gastronomia, jogos e atuações musicais animam XIII Feira do Melão
Jazz The Kris Wanders Outfit “In Remembrance Of The Human Race”
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The Kris Wanders Outfit – “In Remembrance of the Human Race” Kris Wanders (saxofone tenor), Johannes Bauer (trombone), Peter Jacquemyn (contrabaixo) e Mark Sanders (bateria). Editora: Not Two Records Ano: 2011
veterano saxofonista holandês Kris Wanders (n. 1946) esteve no “olho do furacão” da criação do free jazz europeu, em meados dos anos sessenta do século passado. Tocou, entre muitos outros, com Peter Brötzmann e também na Globe Unity Orchestra, do pianista Alexander von Schlippenbach. A residir na Austrália desde os finais dos anos 1970, Wanders tem desenvolvido a sua actividade principal integrado numa comunidade de improvisadores locais, o que não o tem impedido de reencontrar nomes de peso do jazz mais aventuroso do velho continente. Nestas duas gravações para a Not Two Records, Wanders dá mostras de se encontrar em ótima forma e na posse de todos os seus reconhecidos predicados enquanto saxofonista e improvisador de alto quilate. Ambos os discos permitem concluir que o seu som incandescente continua perfeitamente enquadrado pelas coordenadas libertárias e iconoclastas do free, embora jamais soem datadas. Em “In Remembrance of the Human Race” (título retirado de um conto do escritor belga Hugo Raes), o saxofonista reúne o The Kris Wanders Outfit, quarteto que se completa com o trombonista Johannes Bauer, o contrabaixista Peter Jacquemyn e o baterista Mark Sanders. Neste registo captado ao vivo no centro cultural Luchtbal,
em Antuérpia (em maio de 2009), os quatro músicos estabelecem intensas ligações e nenhum deles desempenha um papel subalterno ou de mero suporte. A música que daqui resulta revela-se directa, crua, descarnada, liberta de adornos supérfluos. Wanders explora os confins do seu instrumento com grande inteligência, criando toda uma paleta de sons verdadeiramente notável. Na longa peça que dá título ao disco (com uma duração de 32 minutos), começa por um motivo repetitivo, de efeito encantatório, a que se junta, acrescentando densidade, o contrabaixo de Jacquemyn (exímio no uso do arco). Por volta dos onze minutos e meio, fica em cena o triunvirato Bauer-Jacquemyn-Sanders para uma brilhante passagem. As ambiências vão-se metamorfoseando, ora mais intensas, ora mais relaxadas. Na também extensa “Uwaga” destaque para a soberba prestação de Bauer e para as deambulações lávicas do baterista. Wanders mostra o seu lado mais meditativo, que logo alterna com intervenções explosivas. A meio da peça parecem escutar-se ecos distantes de certas estruturas rock. Em “A Man´s Dream” começam por entrar trombone e contrabaixo, a que se vem juntar novo jogo de subtilezas de Sanders. Tudo ganha intensidade com as frases fragmentadas de Bauer, que traçam o caminho para um final em crescendo.
Kris Wanders/Mani Neumeier Quintet “Taken by Surprise”
“T Kris Wanders – Mani Neumeier Quintet – “Taken By Surprise” Kris Wanders (saxofone tenor), Brett Evans (saxofone tenor), Yusuke Akai (guitarra), Rory Brown (contrabaixo) e Mani Neumeier (bateria). Editora: Not Two Records Ano: 2011
a ken By Surprise” marca o reencontro entre Wanders e o baterista alemão Mani Neumeier (tantas vezes creditado como o primeiro baterista europeu de free jazz, para além de fundador dos lendários Guru Guru, grupo de krautrock que gravou 28 álbuns desde 1968), quarenta anos depois das suas primeiras colaborações, no quinteto de Brötzmann e, mais tarde, na Globe Unity Orchestra (ambos gravaram o seminal “Globe Unity”, de 1966). Espanta que para voltarem a gravar juntos tenha passado quase meio século. Para completar a formação, Wanders e Neumeier recrutam outro saxofonista tenor, o australiano Brett Evans, o guitarrista Yusuke Akai e o contrabaixista Rory Brown. Intrincadas interações permitem ao grupo alcançar elevados níveis de intensidade. O quinteto
apresenta três longas composições (a mais curta tem dezanove minutos e meio de duração), duas delas da autoria de Evans: “Oxymoron”, de início solene, desemboca num vívido exercício grupal, com os acordes secos do guitarrista e a efervescência da secção rítmica a servirem de base às intervenções dos dois sopradores. A mais tranquila, “Not on Radio”, conta de novo com a guitarra a intrometer-se nos diálogos saxofonísticos e a não perder pitada. A peça-título, que funciona como o centro de gravidade do disco, é da autoria de Wanders. Contrabaixo, guitarra e bateria urdem pacientemente alva tela sobre a qual os saxofones derramam as suas tintas, em movimentos vários. Duas propostas recomendadas para os cultores de um jazz complexo e exigente. António Branco
Filatelia
O pão artesanal – o forno (IX)
À
medida que o homem se foi sedentarizando teve necessidade de se ir adaptando à sua nova situação, o que o levou a inovar nas mais diversas áreas para ter uma melhor resposta às suas necessidades, o que lhe aumentaria o seu prazer e comodidade. Como temos visto nos artigos anteriores, o pão é um bom exemplo do que se acaba de afirmar. Com o decorrer dos milénios, as lajes aquecidas pelas fogueiras de todos os dias, e onde se colocava a farinha amassada para ser submetida a uma cozedura rudimentar, foram substituídas pelos fornos de argila e de pedra. Seriam, tal como hoje, uma construção abobadada com uma pequena abertura por onde se introduzia a farinha amassada. Parece que a sua utilização é bastante recente, pois pensase que surgiram só dois ou três séculos antes de Cristo. No nosso país, principalmente na segunda metade do século XX, foi-se assistindo, pouco a pouco, à desativação do forno tradicional a lenha e, em sua substituição, ao aparecimento dos fornos industriais, nos quais raramente é usado aquele combustível para o seu aquecimento. Felizmente em algumas localidades o forno tradicional resistiu e continua a ser usado, produzindo um tipo de pão que tem grande procura, não só localmente, mas também noutras localidades para onde é exportado. O pão feito artesanalmente é ainda uma realidade presente em todo o país, com especial ênfase nas regiões do interior. Encontramos por todo o lado, mas principalmente à porta das, já raras, mercearias de bairro, publicidade ao tipo de pão que têm para disponibilizar aos seus clientes. O bloco que ilustra este artigo (Afinsa 3940/1) mostra-nos a boca de entrada de um forno tradicional. (continua) Geada de Sousa
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Festival de Artes e Ofícios anima Ficalho
Pintura, escultura, produtos locais, tasquinhas, música, animação de rua e infantil são algumas das propostas da sexta edição do Fator – Festival de Artes e Ofícios da Raia, que decorre entre hoje e domingo, 5, em Vila Verde de Ficalho. Hoje à noite há uma demonstração de boxe, pela BoxSerpa Fighting Team, seguida pelas atuações do dueto Em Tom de Fado (Ana Tareco e Carlos Filipe), Rádio Pirata e DJ Daniel K. Amanhã, depois de uma demonstração de hip hop pela Korpussão, ao início da noite, o palco é de Bacoustic Music, Zeca e os Pelintras e DJ Tape. Para encerrar, no domingo, há uma demonstração de falcoaria, a cargo da Falconfinis, e serão musical com Maré de Sons e DJ Mira.
Fim de semana
João Monge escreve “epopeia dedicada ao povo alentejano”
Folkmundo de volta a Vidigueira
Alentejo pela lente de Paul Hohl no Museu de Beja Até ao 30 de setembro, a exposição “Now and Then”, do fotógrafo norte-americano Paul Kohl, será mais um motivo de visita ao Museu Regional de Beja. A mostra, resultante de uma parceria com o Museu Municipal de Estremoz, encontra-se patente no claustro do Convento da Conceição, convidando a conhecer o olhar deste artista plástico que, em 2011, a pretexto de uma estadia em Portugal, na Fundação Obras, em Évoramonte, desenvolveu uma relação muito especial com o nosso país e a região alentejana, nomeadamente no que diz respeito às gentes, paisagens e património. Paul Kohl ensina atualmente fotografia na Universidade Tecnológica de Nanyang/Escola de Artes, Design e Média de Singapura e expõe os seus trabalhos em países tão distintos como Japão, Canadá, Estados Unidos, Malásia, Singapura e Portugal.
O Folkmundo – Festival de Folclore Internacional Vila dos Gamas está de volta à vila de Vidigueira para uma quinta edição, que decorre hoje, sexta-feira. O espetáculo realiza-se na praça Vasco da Gama, pelas 21 e 30 horas, com a participação de dois grupos folclóricos, de dois pontos bem distantes do globo: um da Sérvia e outro do México.
Rastolhice em Pias nas Noites de Rua Cheia Mais um fim de semana, mais uma ronda das Noites de Rua Cheia, pelos largos e praças do concelho de Serpa. Hoje, sexta--feira, a freguesia de Pias recebe a visita dos Rastolhice, enquanto que Brinches e Vales Mortos terão serões animados, respetivamente por Zeca e os Pelintras e Grupo Coral e Instrumental e Devaneios Filarmónicos. Amanhã, sábado, o tocador de viola campaniça Pedro Mestre estará em Vila Nova de São Bento com o projeto local de cante nas escolas; em Ficalho, tocam Zeca e os Pelintras; em A-do-Pinto, Os Alentejanos.
Peça “Chão de Água” amanhã em Castro Verde
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oão Monge, letrista de raízes alentejanas, associou-se à companhia Teatro da Terra para o espetáculo “Chão de Água”, que vai ser apresentado amanhã, sábado, no Anfiteatro Municipal de Castro Verde, pelas 22 horas. Partindo de “As Troianas”, de Eurípedes, um clássico da tragédia grega, o autor de “Postal dos Correios” constrói para o palco um paralelismo “entre o desenraizamento provocado pela deslocalização compulsiva das populações dos seus territórios”, a pretexto da construção de barragens e da promessa de desenvolvimento económico, e a “solidão revoltada das mulheres troianas quando a guerra lhes rouba os seus homens”. A encenação é da atriz Maria João Luís, que também integra o elenco composto por vários atores consagrados e conhecidos do grande público, tais como Heitor Lourenço, Catarina Guerreiro, Helena Montez, Patrícia André, Pedro Mendes, Susana Blazer ou Rui Gorda. A peça, uma evidente parábola sobre a vida e a morte, assume-se sobretudo como “uma epopeia dedicada ao povo alentejano”, mesclada com referências da vida contemporânea de fácil reconhecimento, “numa composição teatral dramaturgicamente expressiva, com o intuito de potenciar uma visão crítica abrangente”. “Chão de Água” conta ainda com as participações do Coro Polifónico de Ponte de Sor, dirigido pelo maestro Ruo Martins, e do Coro da Associação Sénior Castrense, sob a batuta de António João César.
A primeira edição do festival Kazantip, que arrancou no dia 20 do mês passado, foi cancelada por problemas de licenciamento na venda de bilhetes e de comida. Esta decisão, que escandalizou os fãs de música eletrónica, foi, todavia, recebida com festejos junto das autoridades, que até já organizaram o seu próprio bailarico, como nos confidenciou fonte da Câmara de Moura: “A princípio parecia-nos uma boa ideia, mas depois ficámos com dúvidas com aquela história das orgias. Afinal, se a Ucrânia, um país em que se usa o vodka como anestesia nos hospitais, decidiu cancelar o festival, mais motivos tínhamos para preocupação… Além disso, não tínhamos meio de combate à praga de Dj que assola o nosso país. Qualquer pessoa que se saiba colocar à frente de uma mesa de mistura e que tenha um nome artístico com um apóstrofo parece um génio da música. Reproduzem-se como os coelhos. E até já nascem com o ombro encostado ao fone e um CD dos Ace of Base na mão”.
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to cancelamen kazantip do festival idades pelas autor o d a r b e l e c É entas sem ferram dj er praga de para combat
facebook.com/naoconfirmonemdesminto
Tauromaquia a património municipal de Beja: funcionários da autarquia obrigados a vestirem-se como bandarilheiros Foi uma notícia que apanhou de surpresa toda a gente. A Câmara Municipal de Beja decidiu declarar a tauromaquia património cultural de interesse municipal. Depois da corrida às garrafas de Champomi e Panaché para festejar um momento tão histórico para a cidade, importa analisar esta medida com alguma frieza: o que irá mudar em m Beja? Uma investigação conjunta Não confirmo, nem desminto/Forcados dos Amadores da Chamusca reevelou-nos que,, entre outras me-didas, a autarquia uia pretende introduzir duzir novas normas de conduta junto dos seus eus funcionários, com destaque para a utilização de um vocabulário que remete emete para a vida taurina, o qual deverá ser aplicado, inclusive, usive, nas fórmulas de saudação: todos os funcionários deverão saudar-se, dar-se, não com o habitual “bom dia”, a”, mas sim com a expressão “ah, touro liiiindo!!”.
Inquérito
Para além disso, estes serão obrigados a vestirem-se como bandarilheiros, se estiverem em cargos de chefia, ou forcados, o que inclui usar aquelas calças que impossibilitam qualquer tipo de circulação sanguínea abaixo do umbigo. “Mas Mas não vai ficar por aqui…”, declarou fonte da autarquia.“As pessoas que sejam do signo touro terão também direito a uma redução de 50 por cento no IMI, desde que comprovem a data do seu nascimento e escrevam um soneto que inclua as expressões ‘ganadaria’, ‘faena’, ‘Beja’ e ‘Joaquim Bastinhas’”, adiantou.
72 fogos junto ao bairro da Esperança: comunidade cigana vende um incêndio a cinco euros e dois incêndios a sete euros Os Bombeiros de Beja apagaram, nos últimos dois anos, 72 fogos junto ao bairro da Esperança, e suspeita-se que a grande maioria tenha origem em mão humana. Os moradores daquela zona, porém, manifestam a sua indignação, como é o caso do sr. Túlio Feira de Castro: “Aaaiiiii, é mais um pretexto para denegrir a raça cigana, é o que é!!! Aaaiiiiiii, o cigano só quer vender pequenos fogos a pirómanos em recuperação a preços competitivos… É um negócio legítimo, ‘néi’! Como já não há comboio direto para o Barreiro, já não podemos ir lá buscar polos da Lacorte e ténis da Nika!!... Também já não conseguimos ‘trazeri’ os incêndios de comboio, é por isso temos de fazer criação de fogos cá, ‘néi’!! Aaaaiiii, que é só um modo de vida honesto, mas como eu sou cigano já não posso… Aaaaiiii, como sou cigano já não posso fazer uma queimada de 2 000 CD do Fábio Júnior que mandei vir de Moçambique!! Já agora, tenho aqui o DVD do Madagáscar, três a cinco euros: é a história de um leão, uma zebra, um porco preto e um rafeiro alentejano… É todo falado em chinês, mas é tão lindo!! Aaaaaiiii, freguês, por ser para si, faço a 4,95 e não se fala mais nisso. Aaaiiiii...”. Detido a vender 1 585 doses de haxixe vence medalha das olimpíadas da matemática por saber contar até 1 585 Foi detido, na passada semana, um homem de 26 anos apanhado em flagrante delito depois de tentar vender 1 585 doses de haxixe. O detido é o principal arguido de um processo de combate ao tráfico de droga. Contudo, a prisão pode nem ser o destino deste homem que já recebeu das mãos do presidente do Clube de Matemática de Jungeiros a medalha de prata das olimpíadas da matemática, “pelo esforço em contar até 1 585, feito só ao alcance de alguns”. Este feito extraordinário valeu-lhe também um telegrama de felicitações do ministro da Educação, Nuno Crato, a congratulálo pelo “esforço em dividir dois quilos de haxixe em 1 585 doses, proeza que, em jeito de homenagem, terá direito a exercício na prova de matemática da 4.ª classe do ano que vem”. Já o ministro da Economia, ao saber da vontade do detido em exportar para o estrangeiro, disponibilizou uma linha de crédito para nano, mini e pequeníssimas empresas, revelando que o “Governo apoia a produção e o franchising de pastéis de nata com aroma a haxixe”.
Costuma ter cuidados de segurança quando vai de férias?
GUILHERME SETE-CHAVES, 28 ANOS Pessoa que acha que Punta Cana é uma marca de cana de pesca
ADELINA CADEADO, 19 ANOS Líder do “gang dos lacticínios”
Eu tenho todos os cuidados e mais alguns. Não sou como aqueles que postam fotografias da casa, dos filhos, pais, cães, gatos, peixinhos e iguanas no Facebook e depois admiram-se com as visitas dos amigos do alheio... Não sou daqueles que não sabem estar calados, e não sabem quando parar… Como se fosse possível vir para aqui dizer que moro na avenida dos Bombeiros Voluntários, n.º 10, em Moura, e que vou estar na República Dominicana na segunda quinzena de agosto. Pfffff, esses amadores têm muito a aprender aqui com o Gui…
O verão é a época alta para o grupo que lidero, o “gang dos lacticínios”. Não desejamos a violência, mas se alguém se colocar entre nós e uma embalagem de margarina, essa pessoa vai conhecer um mundo de dor equivalente ao de beber leite de há 15 dias. A nossa especialidade é o rapinanço de manteiga de alho e o nosso objetivo é gamar o “santo graal” dos lacticínios: o iogurte grego com bocados de frutos do bosque. Mas ainda não foi possível… Queremos assaltar mais frigoríficos do que esses cromos do “gang dos intolerantes à lactose”. Irritam-me, pá…
JUVENAL ALARME, 38 ANOS Pessoa que só se interessa pela competição de ténis de mesa dos Jogos Olímpicos Todos os cuidados são poucos. Geralmente peço à PSP que vigie a minha casa. Só espero é que este ano tenham dinheiro para o combustível e possam patrulhar a minha zona. Coitados, fazem o que podem… Já reparou que muitos deles têm bíceps que parecem uma bola de râguebi? Aquilo não é do exercício físico… É de empurrar um Skoda Octavia que ficou sem bateria numa subida de três quilómetros enquanto perseguem o pessoal do “gang dos lacticínios”.
Nº 1580 (II Série) | 3 agosto 2012
RIbanho
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Para hoje, sexta-feira, prevê-se céu limpo, com temperaturas entre os 13 e os 33 graus. Amanhã, sábado, e domingo o céu deverá manter-se limpo, com máximas a atingir, respetivamente, os 32 e os 29 graus.
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José António Falcão, diretor do DPHA da Diocese de Beja
Pelo Alentejo a caminho de Santiago
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ançado há dias, o livro No Caminho sob a Estrelas – Santiago e a Peregrinação a Compostela reúne a colaboração de 26 investigadores portugueses e espanhóis. Trata-se, segundo o seu coordenador, José António Falcão, de um “instrumento científico” que permite fazer o primeiro balanço sobre o culto jacobeu em território alentejano. Uma rota alternativa, defende, que atrai visitantes pela tríade “património cultural, natural e religioso” e cujo potencial de desenvolvimento deve ser cada vez mais tido em conta pelos municípios. No Caminho sob a Estrelas – Santiago e a Peregrinação a Compostela oferece uma “síntese renovadora” acerca deste itinerário histórico. Em que medida?
Faz o primeiro ponto de situação sobre o Caminho de Santiago e o culto jacobeu no Alentejo meridional, dentro da panorâmica europeia das peregrinações. Uma coisa é falar-se vagamente acerca da passagem dos peregrinos em direção a Compostela; outra coisa é documentar esse trânsito a partir de testemunhos concretos. Foi esta a nossa preocupação: criar um instrumento científico. Só assim obteremos o reconhecimento do Sul de Portugal como espaço importante nas peregrinações. Trata-se de um resgate histórico. Os peregrinos, esses, começaram a voltar na década de 1990. São os verdadeiros fautores da redescoberta do Caminho. A Diocese de Beja e as autoridades da Galiza, com as quais colaboramos regularmente, seguiram-lhes a peugada. Qual é atualmente a atratividade turística das vias jacobeias no território baixo alentejano?
O Alentejo constitui uma região deveras atrativa para os peregrinos que procuram PUB
José António Falcão
50 anos, natural de Lisboa Com formação em História da Arte e Arquitetura, é conservador-chefe de museus e professor universitário e dirige o Departamento do Património Histórico e Artístico (DPHA) da Diocese de Beja desde 1984. Faz parte do painel internacional de peritos do Caminho de Santiago e tem dirigido projetos sobre a peregrinação compostelana, entre eles “Loci Iacobi” e “Ultreia”. E foi como investigador, ao serviço das peregrinações, que França o distinguiu, em 2010, com uma condecoração raras vezes dada a estrangeiros, a Médaille de le Jeunesse et des Sports.
a principal mais-valia do Caminho de Santiago: a associação sustentável entre património cultural, natural e religioso. São três vertentes que tornam a região aliciante do ponto de vista de um touring qualificado, mesmo para quem bem conhece outras rotas compostelanas. Hoje, o segmento mais frequentado parte do Cabo de São Vicente e sobe por Odemira, Santiago do Cacém, Grândola e Alcácer do Sal até Landeira. Quem vem do Algarve central usa a velha estrada de Santa Cruz e segue por Almodôvar, Castro Verde e Aljustrel. Entre as vias oriundas da Andaluzia merece destaque a que entra por Serpa, cruza Beja e, ao infletir para Évora, atravessa Vidigueira e Alvito. E que condições têm para oferecer estes trilhos alternativos, quando comparados com as rotas “clássicas”?
Face à sobrelotação do Caminho Francês, o Caminho Português afirma-se como uma alternativa viável. Possuindo um dos mais altos índices de preservação da Europa, o Alentejo é corredor privilegiado para quem peregrina a pé, de bicicleta, a cavalo ou de barco. Os peregrinos valorizam a liberdade de movimentos e o anonimato. Nos últimos anos, personalidades das casas reais, da política, dos negócios ou da cultura têm percorrido à vontade a nossa região e visitado igrejas e museus, a salvo de paparazzi. Em contrapartida, falta uma infraestrutura de albergues. Estão a ser dados passos para colmatar a lacuna, com a colaboração dos proprietários de alojamentos locais, das misericórdias, dos bombeiros e da Ordem de Malta. É preciso que os municípios despertem para o potencial do Caminho, já que ele pode ajudar a suster o declínio do interior. O turismo regional está atento; espera-se agora que o turismo nacional faça o seu papel. Carla Ferreira
Eddie Vedder no Sudoeste Depois das atuações de Afrojack, Martin Solveig e Pete Tha Zouk e do músico norte-americano Ben Harper, que apresentou o espetáculo que revisita 20 anos de carreira, o festival TMN Sudoeste prossegue hoje, sextafeira, na herdade da Casa Branca, perto de Zambujeira do Mar (Odemira), com os holofotes virados para Eddie Vedder. Se o músico norte-americano é sobejamente conhecido como vocalista do grupo Pearl Jam, desta vez terá todas as atenções a solo, porque editou em 2011 o álbum “Ukelele Songs”. No mesmo palco de Eddie Vedder estarão previstos outros concertos, como o de James Morrison e do Richie Campbell, nome português do reggae. Amanhã, sábado, assinala-se a estreia em Portugal do grupo hip hop porto-riquenho Calle 13, cujo álbum “Entren los que quieran”, de 2010, foi editado esta semana em Portugal. Este disco, que conta com a participação de Maria Rita, Omara Portuondo e Omar Ródriguez-López, dos Mars Volta, e com letras com um discurso bem mais político que os anteriores, valeu-lhes 10 Grammy Latino. Ainda amanhã, depois dos Calle 13, regressarão a dupla The Ting Tings, os norte-americanos The Roots e os Xutos & Pontapés, os únicos cabeças-de-cartaz portugueses desta edição. A noite fecha com Gorillaz Sound System. Para domingo, último dia do festival, está agendada a estreia portuguesa da cantora londrina Jessie J e o regresso – já faz parte da prata da casa – do Dj francês David Guetta. Este ano, o Palco Reggae poderá registar uma enchente maior do que a de anos anteriores, por conta de um conjunto de nomes lendários da Jamaica, que têm andado em digressão a celebrar os 50 anos de independência do país.São os casos de Lee “Scratch” Perry, Max Romeo e The Congos, na quinta-feira, e dos Jamaican Legends com Ernest Ranglin, Monty Alexander, Sly and Robbie e Bitty McLean, na sexta-feira.