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Cuiabá

301 anos de história, cultura e tradição

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Já se pode dizer que ela não é mais tão juvenil assim, sem medo de ofender. No auge de seus 301 anos, continua bela, tão sinuosa e apaixonante quanto nos dias em que era apenas a Vila Real Bom Jesus de Cuiabá. No aniversário de Cuiabá, separamos cinco dos mais importantes patrimônios históricos da capital, prédios e monumentos que atravessaram o tempo em sintonia com o desenvolvimento da cidade, quase tão longínquos e resistentes quanto à própria cidade. Confira.

Ig reja do Rosário e São Benedito

Vamos começar o nosso tour por um dos mais queridos e antigos patrimônios da cidade, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Localizada no alto do morro, a igreja em estilo barroco começou a ser edificada no ano de 1725 e foi inaugurada cinco anos depois, no tradicional bairro da Lixeira. É visível tanto por quem passa pelo cruzamento da Rua Coronel Escolástico quanto pela Tenente Coronel Duarte, a famosa Prainha. Tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1975 e, mais tarde, pela Fundação Cultural de Mato Grosso, em 1987, foi construída por negros forros e escravos libertos. Certo tempo depois de concluída – aproximadamente 60 anos – teve anexada à sua estrutura uma capela em homenagem a São Benedito. Daí o nome composto que ainda confunde alguns turistas e, por vezes, cuiabanos. Apontada por muitos fiéis como a mais frequentada, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário conserva histórias de séculos passados. A começar por um detalhe inusitado de seu passado, em duas das salas paroquiais, conserva-se um grande paredão de barro, com vários buracos que ficaram conhecidos como “janelas do tempo”. Além disso, no local encontram-se relíquias como tijolos de adobe, que os escravos confeccionavam nas próprias coxas. Vale observar que a igreja não tem janelas nem vitrais e por isso seu interior é um tanto quanto escuro. Um verda

Sesc Arsenal

deiro contraste com a luminosidade que emana do ouro presente nos monumentos em homenagem à Nossa Senhora do Rosário, no altar da igreja. Na igreja, são realizadas missas nas terças-feiras, às 5 h e 19 h, nas quartas, quintas e primeira sexta do mês, às 19 h, e no domingo, às 8 h e 19 h.

Sesc A rsenal

É um antigo arsenal de guerra construído no Bairro do Porto, em Cuiabá, no ano de 1818, totalmente dedicado à cultura. Mas há quase dois séculos, o Real Trem de Guerra de Cuiabá, como era conhecido a época, servia como uma base militar dedicada à manutenção e fabricação de armas.

Hoje, o Sesc Arsenal é um dos mais visitados espaços dedicados à arte e à cultura em Mato Grosso. O lugar que serviu de base para proteção do território brasileiro ainda guarda alguns mistérios não revelados. Reza a lenda que existe uma passagem subterrânea que liga o antigo arsenal de guerra ao Batalhão da Policia Militar, também localizado no Bairro do Porto, e, de lá, para o Rio Cuiabá. Faz muito sentido, já que se tratava de um forte bélico, porém, talvez, nunca saibamos a verdade. De toda forma, alguns traços daquela época ainda persistem. No pátio do prédio, o visitante poderá perceber algumas réplicas de

Palácio da Instrução

canhões que remetem ao século XIX. Mas, o curioso, mesmo, são as balas de canhão (essas verdadeiras) que ornamentam o piso da entrada. A representação do império português na fachada do prédio de arquitetura neoclássica grega divide espaço com janelas rústicas, paredes grossas e uma charmosa escada inglesa. De fábrica de armas a supermercado, o antigo arsenal de guerra teve várias funções com o passar do tempo. Hoje, é mais lembrado por proporcionar cultura e arte ao povo mato-grossense.

Palácio da Instrução

Inaugurado em 1914, na Rua Antônio Maria Coelho, no centro histórico de Cuiabá, está o imponente Palácio da Instrução. Sua construção segue a arquitetura neoclássica, com alicerces em pedra canga e cristal, com paredes de adobe que se aproximam dos 80 centímetros de largura. Hoje, o prédio tombado como patrimônio do Estado em 1983 (portaria nº. 03/1983) abriga a Biblioteca Pública Estadual Estevão de Mendonça, mas, por muito tempo, 57 anos, para ser exato, cumpriu a função de educandário, abrigando as escolas Liceu Cuiabano, Pedro Celestino e Modelo Barão de Melgaço, entre outras. Também foi sede do Arquivo Público e das extintas Secretaria de Interior e Justiça, e Fundação Cultural de Mato Grosso, entre outros órgãos. Em 1975, com a criação da Fundação Cultural de

Mato Grosso, hoje, Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel), o prédio foi escolhido como espaço mais adequado para abrigar a produção cultural do Estado. O futuro confirmaria essa aura cultural que envolve o prédio. Com o passar do tempo, abrigou os museus de História Natural, de Antropologia, Histórico, Pinacoteca e o Ateliê Livre. E, em 2015, passou por obras de manutenção e recebeu a Bienal de São Paulo e a retomada do Salão Jovem Arte.

Ponte Sérgi o M otta

Imponente, com quase 328 metros de comprimento, a Ponte Sérgio Motta, sobre o rio Cuiabá, liga a capital mato- -grossense à cidade de Várzea Grande e é considerada a terceira do país do modelo estaiada (tipo de ponte suspensa por cabos). Com 52 metros de altura, o monumento é um marco do desenvolvimento econômico no Estado, responsável por impulsionar o crescimento de um dos maiores conglomerados populacionais de Várzea Grande, a região do Cristo Rei, com mais de 100 mil habitantes. Um dos mais bonitos cartões-postais do Estado, inaugurado em 27 de março de 2002, tem em seu nome uma homenagem ao ex-ministro das Comunicações, falecido em 1998. A inauguração da Ponte Sérgio Motta contou com a presença do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, de governadores, ministros, prefeitos e

Liceu Cuiabano

muitas autoridades federais. A mais bonita, talvez, mas não é a única. Além da moderna Ponte Sérgio Motta, sobre o Rio Cuiabá também estão a Ponte Nova, Ponte Juscelino Kubitscheck, Ponte Mário Andreazza. Desde a inauguração da primeira ponte de concreto em Cuiabá, ainda nos anos de 1940, as pontes têm resolvido os problemas de trânsito entre as duas cidades mais populosas de Mato Grosso e intensificado o desenvolvimento do norte do Brasil.

Li ceu Cuiabano

Tradicional, o Colégio Liceu Cuiabano “Maria de Arruda Muller” é a instituição pública de ensino mais antiga de Cuiabá, em funcionamento desde 1880. Os longos corredores da Escola, localizada na rua Presidente Marques, esquina com a avenida Getúlio Vargas, em Cuiabá, guardam muitas histórias e 140 anos de tradição. Criada em 3 de dezembro de 1879 para atender a elite cuiabana – mas isso mudou muito com o tempo –, a Escola Estadual Liceu Cuiabano teve sua primeira sede na Praça Ipiranga, onde, hoje, funciona o Ganha Tempo, passando, depois, para o Palácio da Instrução e, mais tarde, pera o prédio onde, atualmente, funciona os Correios, no Centro de Cuiabá. Só ganhou uma sede própria em 1944, um prédio que ocupa um quarteirão inteiro no bairro Quilombo. Entre os ex-professores e ex-alunos ilustres estão Isaac Póvoas, Cesário Neto, Nilo Póvoas, Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon e os ex-governadores Dante de Oliveira e Júlio Campos, além de outras personalidades da história de Mato Grosso. Tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado, o Liceu Cuiabano teve seu nome mudado para “Maria de Arruda Muller”, esposa do ex-governador Júlio Muller, em dezembro de 1998, no governo Dante de Oliveira. Justa homenagem, já que Maria Muller foi destaque na política e militou pela educação e pelos direitos das mulheres.

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