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AGENDA C U LT U R A L Setembro Outubro 2014
Hannah Arendt propõe que a arte não pode ter outra finalidade que não ela mesma. Complexa e densa, essa reflexão nos convoca a pensar nas lógicas, linguagens e nos mecanismos diferentes que movem o fazer acadêmico e as políticas artístico-culturais. Nós, do Departamento de Difusão Cultural, estamos constantemente questionando os desafios que são pautados em cada nova agenda. O conjunto de ações que movem a arte-cultura e a educação demonstram um alto nível de interdependência e complementariedade, mas, na prática, encontra dificuldades de articulação. Ultrapassar os muros da academia, operando com leveza, democratizando o acesso e criando formas de interconexão entre ciência e arte são alguns dos movimentos que estão sendo constantemente reinventados. Uma das metáforas que poderia ser utilizada para retratar o conjunto de nossas ações são os elementos que compõe uma Orquestra. Partiríamos da elaboração de uma partitura na qual movimentos díspares se transformam em melodia. A diversidade de ações demonstra a pluralidade de vozes articuladas com um único propósito, o de possibilitar o exercício da escuta, em que cada ação é uma voz e cada ideia um desafio lançado. A arte não pode ter outra finalidade que não ela mesma. A arte propõe a cada um e a todos a saírem de seu espaço e se abrirem para a vivência artística.
Claudia Boettcher Diretora do Departamento de Difusão Cultural
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V I F E S T I VA L D E V I O L Ã O D A UFRGS Reunindo alguns dos maiores expoentes do violão da atualidade, o VI Festival de Violão da UFRGS acontece de 21 a 25 de setembro, em Porto Alegre. Coordenado por Daniel Wolff, o evento contará com grandes nomes da música brasileira, como Egberto Gismonti, Turíbio Santos, Marco Pereira e João Pedro Borges. Do exterior, teremos a presença do alemão Daniel Göritz (professor da Escola Superior de Música de Berlim) e do premiado violonista mexicano Francisco Gil. A prata da casa estará bem representada, com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) e os docentes do setor de violão da UFRGS. Os concertos, masterclasses, oficinas e palestras que compõem a programação ocuparão diversos espaços da UFRGS, como o Salão de Atos, no Campus Central, e o Auditório Tasso Corrêa, do Instituto de Artes. O VI Festival de Violão da UFRGS, que em 2014 insere-se nas comemorações dos 80 anos da UFRGS, é uma parceria entre o Departamento de Música/ Instituto de Artes e o Departamento de Difusão Cultural/PROREXT.
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vi festival do violão Locais: Salão de Atos da UFRGS e Sala II (Av. Paulo Gama, 110 – Campus Central) Sala Redenção – Cinema Universitário (Av. Eng. Luiz Englert, s/n - Campus Central) Instituto de Artes da UFRGS (Rua Senhor dos Passos, 248) Inscrições para os cursos e palestras: www.ufrgs.br/artes/extensao/musica Informações: festivalviolaoufrgs2014@gmail.com
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p rogra m a ç ão do m i ngo , 21 de sete m b ro 20h Concerto de Abertura com Marco Pereira [ Salão de Atos]
S E G U N D A- F E I R A , 2 2 de sete m b ro 9H-12H Masterclass com Marco Pereira [Sala II] 14H-16H30 Oficina com Marco Pereira: “Aspectos harmônicos modais e pós-tonais aplicados ao violão” [Sala II] 17H-18H30 Palestra com Eduardo Castañera: “O violão por dentro — Cuidados com o instrumento” [Sala II] 20H Concerto com Daniel Göritz e Daniel Wolff, Paulo Inda e Artur Elias Carneiro, Damas do Violão (Flávia D. Alves, Amanda Carpenedo, Fernanda Krüger) [Auditorium Tasso Correa]
T E R Ç A- F E I R A , 2 3 de sete m b ro 9H-12H Masterclass com Daniel Göritz (Alemanha) [Sala II] 12H30-14H Recital com alunos da UFRGS [Sala II] 14H30-16H Conversa com Turíbio Santos: “A carreira de violonista” [Sala II] 16H30-19H Masterclass e oficina com João Pedro Borges: “O violão no choro” [Sala II] 20H30 Concerto com Turíbio Santos e Orquestra Sinfônica de Porto Alegre [Salão de Atos]
Q U A R TA- F E I R A , 2 4 de sete m b ro 9H-12H Masterclass com Turíbio Santos [Sala II] 14H-18H Oficina com Egberto Gismonti [Sala Redenção] 20H Concerto com Francisco Gil (México) e João Pedro Borges. [Auditorium Tasso Correa]
Q u i nta- fe i ra , 2 5 de sete m b ro 9H-12H Masterclass com Francisco Gil (México) [Sala II] 14H-15H30 Palestra com Francisco Gil: “A música mexicana para violão depois de Ponce” [Sala II] 16H-17h30 Palestra com Flávia Domingues Alves: “Ensino de Violão – Metodologias” [Sala II]
20H Concerto de encerramento com Egberto Gismonti [Salão de Atos]
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U N IMÚ S I C A 2 014 S É R I E C O MP O S I T O R E S A C I D A D E E A MÚ S I C A Homenagem a Octávio Dutra por Hamilton de Holanda e Regional Espia Só, com direção de Rafael Ferrari Muitíssimo menos conhecido hoje do que em seu tempo, o compositor Octávio Dutra vem sendo aos poucos redescoberto. E isto se deve em grande medida ao trabalho de pesquisadores como Márcio de Souza, Arthur de Faria e Hardy Verdana, que se dedicaram à tarefa de recuperar a história e a obra de um dos personagens mais importantes da música de Porto Alegre no início do século 20.
Para ler: Octávio Dutra na história da música de Porto Alegre (Fumproarte, 2000), de Hardy Verdana Mágoas do Violão: mediações culturais na música de Octávio Dutra (Porto Alegre, 1900-1935), tese de doutorado de Márcio de Souza (2010)
Violonista e bandolinista virtuoso, Octávio Dutra fez parte das turmas iniciais do Conservatório de Porto Alegre, hoje Instituto de Artes da UFRGS, onde além de aprender a ler e escrever música estudou harmonia e contraponto. As partituras preservadas (em torno de 500), cheias de “modulações raras” e “acordes desconcertantes”, nas palavras de Arthur de Faria, abarcam uma infinidade de gêneros, como polcas, valsas, sambas, maxixes e choros.
http://www.sul21.com.br/jornal/octavio-dutra-o-violao-de-estimacao-da-cidade/
Uma parte deste acervo – como a famosa valsa “ Celina”, que vendeu impressionantes 40 mil cópias na época – será apresentado no palco do Unimúsica pelo Regional Espia Só e pelo bandolinista Hamilton de Holanda. Criado a partir das gravações do documentário dedicado a Octávio Dutra dirigido por Saturnino Rocha, o Espia Só tem em sua formação Luis Arnaldo Cabreira (cavaquinho), Max Garcia (violão 7 cordas), Augusto Maurer (clarinete), Giovani Berti (pandeiro) e Rafael Ferrari (bandolim 10 cordas, arranjos e direção musical). Um dos mais prestigiados instrumentistas brasileiros, Hamilton de Holanda demonstra nos mais diversificados projetos o virtuosismo de sua performance no bandolim de 10 cordas. Estes artistas se reúnem pela primeira vez para celebrar a surpreendente música de Octávio Dutra.
Lígia Petrucci Coordenadora e curadora do Projeto Unimúsica
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(http://repositorio.pucrs.br/dspace/handle/10923/3926)
Octávio Dutra, o violão de estimação da cidade, de Arthur de Faria
Para ouvir: Espia Só – o violão de Octávio Dutra, com o Duo Retrato Brasileiro, de Márcio de Souza e Nivaldo José (Fumproarte, 2003) Para ver: Espia Só – descobrindo a música de Octávio Dutra, documentário de Saturnino Rocha, com direção musical de Arthur de Faria (2012)
UNIMÚSICA – HOMENAGEM A OCTÁVIO DUTRA workshop com HAMILTON DE HOLANDA Data: 01 de outubro – quarta-feira – 16h Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
concerto Data: 02 de outubro – quinta-feira – 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
Retirada de senhas através da troca de 1kg de alimento não perecível por ingresso a partir de 29 de setembro, das 9h às 18h, no mezanino do Salão de Atos da UFRGS ou pelo site www.difusaocultural.ufrgs.br
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U N IMÚ S I C A 2 014 S É R I E C O MP O S I T O R E S A C I D A D E E A MÚ S I C A Homenagem a Nei Lisboa por Ná Ozzetti e Camerata Unimúsica, com direção de Vagner Cunha No seu texto sobre Nei Lisboa publicado no livro do Unimúsica 2014 – não deixe de ler! –, Luís Augusto Fischer deu forma elegante a uma ideia que certamente paira em nossas cabeças muito frequentemente, mas que adquire relevo e peso ao ser formulada no papel: Nei Lisboa é “parte central da trilha sonora da vida diária da cidade”. E é fato. Poucos artistas embalaram tantas gerações consecutivas como o autor de “Telhados de Paris” e “Em pleno carnaval”. Essas duas canções sobre Porto Alegre fazem parte do repertório que a cantora Ná Ozzetti e o compositor Vagner Cunha, que assina a direção musical e os arranjos, selecionaram para o concerto dedicado a Nei na série compositores – a cidade e a música. Ao lado de Ná, estarão também no palco um quarteto de cordas formado por Milene Aliverti, Tiago Neske, João Campos Neto, além do próprio Vagner; o flautista Tita Sartor, o pianista Luiz Mauro Filho e o percussionista Diego Silveira. A familiaridade entre Nei, Ná e Vagner não vem de hoje – os artistas já trabalharam juntos em projetos anteriores. O que só faz aumentar as expectativas, pois é certo que partirão do firme terreno da afinidade e da confiança para criar um som inesperado, como o de uma nova cidade, meio Porto Alegre, meio São Paulo. Só para constar: “Telhados de Paris” foi escrita em 1988 a partir de uma janela do bairro Menino Deus (para onde Nei tem secretas vontades de voltar) e “Em pleno carnaval” foi composta na lombinha da Av. América, “um cantinho particular” do artista, onde ele viveu uns anos doces de 2001 a 2006. Lígia Petrucci Coordenadora e curadora do Projeto Unimúsica
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Participar deste concerto do Unimúsica em homenagem ao grande Nei Lisboa, cantar suas lindas canções, envolvidas em arranjos belíssimos escritos pelo Vagner Cunha, é para mim um sonho, um dos maiores presentes que a vida poderia me dar. Muito feliz por esta noite que será inesquecível. Viva os grandes encontros! Ná Ozzetti
Isso vai ser uma beleza, com certeza. Nei Lisboa
Participar de uma homenagem ao Nei de forma tão ativa sempre foi um sonho. Homenagear o Nei no Unimúsica em parceria com a Ná e com a Lígia é o momento épico de realização de um sonho de trabalhar com alguns dos meus maiores heróis. Vagner Cunha
Unimúsica - homenagem a nei lisboa workshop com ná ozzetti Data: 22 de outubro – quarta-feira – 16h Local: Sala Fahrion ( Av. Paulo Gama, 110)
concerto Data: 23 de outubro – quinta-feira – 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
Retirada de senhas através da troca de 1kg de alimento não perecível por ingresso a partir de 20 de outubro, das 9h às 18h, no mezanino do Salão de Atos da UFRGS ou pelo site www.difusaocultural. ufrgs.br
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ÓPER A ORFEU
De 30 de outubro a 2 de novembro, de quinta a domingo, acontecem no Theatro São Pedro as apresentações da ópera “Orfeu”, escrita por Claudio Monteverdi e Alessandro Striggio e encenada pela primeira vez na cidade de Mântua, Itália, no ano de 1607. A montagem, realizada pelo Projeto Ópera na UFRGS em 2013, é reapresentada em 2014 como parte do ciclo de comemorações dos 80 anos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Produzida na Itália no final do período Renascentista e no início do período Barroco, “Orfeu” é a primeira peça teatral em que os personagens cantam todas as suas falas do começo ao final da apresentação. O libreto de “Orfeu”, escrito por Alessandro Striggio, o Jovem, (1573-1630), advogado, músico e diplomata natural de Mântua, é baseado no mito grego de Orfeu, que narra a descida do personagem principal ao Hades para trazer de volta ao mundo dos vivos sua amada Eurídice. A música de “Orfeu” foi composta por Claudio Monteverdi (1567-1643), outro homem de múltiplos talentos: era compositor, músico, boticário, cirurgião e padre da Igreja Católica. Monteverdi escreveu madrigais, música sacra e óperas. “Orfeu” foi a primeira ópera escrita por Monteverdi. Lúcia Carpena, professora do Departamento de Música do IA/UFRGS e responsável pela direção musical da montagem de “Orfeu”, informa que a ópera foi criada para ser apresentada uma única vez, no dia 24 de fevereiro de 1607, para a família Gonzaga, senhores da corte de Mântua que encomendaram a obra. Por conta do sucesso, a ópera teve mais apresentações, inclusive em Roma e Salzburgo. Nesta última cidade, “Orfeu” teve treze apresentações entre os anos de 1614 e 1619. A montagem deste clássico do Barroco italiano realizada por professores e alunos dos Departamentos de Arte Dramática, Artes Visuais e Música do Instituto de Artes da UFRGS tem como desafio trazer o Orfeu de 1607 para o público de hoje, respeitando os princípios da composição original, mas acrescentando novos elementos cênicos para atualizar a ópera.
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A montagem terá a inclusão de textos falados em cena, acompanhando algumas sinfonias e ritornelos que a música de Monteverdi propõe. Os textos incluídos são de autoria de poetas e dramaturgos de épocas e estéticas diversas, como Vinícius de Moraes, Pablo Neruda, Rumi, Shakespeare e Sarah Ruhl. O espetáculo incluirá também textos e depoimentos dos próprios artistas envolvidos no projeto. De acordo com a professora Camila Bauer, do Departamento de Arte Dramática do IA/UFRGS, que assina a direção cênica do espetáculo, a introdução dos textos e dos depoimentos na montagem é “um procedimento épico – na medida em que nos afasta da ação, fazendo-nos questioná-la – ao mesmo tempo em que nos aproxima do universo dos jovens que estão em cena. Assim, para nós, Orfeu não é apenas uma divindade grega, mas um ser humano apaixonado”. O propósito é fazer com que a ópera do século XVII ganhe nova vida e novas cores e que capture o pulso do público contemporâneo, que é eclético e nem sempre está familiarizado com a linguagem da ópera barroca. A ópera tem cinco atos e 1h30 de duração. Prólogo O Espírito da Música explica o poder de Orfeu, cuja música é tão poderosa que é capaz de domar as feras mais selvagens e até mesmo mudar a atitude dos próprios deuses. Ato I Orfeu e Eurídice celebram seu amor e comemoram a chegada do dia do casamento. Ato II Depois de receber a terrível notícia da morte de Eurídice, Orfeu resolve ir até o Hades, o mundo inferior, para resgatar a sua amada. Ato III Orfeu encontra Caronte, o barqueiro que transporta as almas dos mortos para o Hades. Caronte recusa-se a levar um homem vivo ao reino dos mortos. Orfeu canta para Caronte. Hipnotizado pela beleza da música, Caronte adormece. Orfeu segue em direção ao Hades.
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Ato IV Proserpina, rainha do Hades, deixa-se comover pela música de Orfeu e convence Pluto, seu marido e rei do mundo inferior, a atender as súplicas de Orfeu. Pluto permite que Eurídice saia do Hades, mas com uma condição: que Orfeu não olhe para trás no caminho de volta ao mundo dos vivos. Seguido por Eurídice, Orfeu abandona o Hades. No retorno para a Terra, consumido pelo desejo de olhar para Eurídice, Orfeu desobedece a recomendação de Pluto. Imediatamente, Eurídice é fulminada e volta para o Hades. Ato V Consumido pela dor, Orfeu é levado ao céu pelo deus Apollo. No céu, Orfeu poderá ver para sempre a imagem de Eurídice formada pelas estrelas. da música, Caronte adormece. Orfeu segue em direção ao Hades.
ÓPERA ORFEU Datas: 30 de outubro a 1 de novembro - quinta a sábado - 21h. Data: 02 de novembro – domingo - 11h. Retirada de ingressos: 17 de outubro na bilheteria do Theatro São Pedro Local: Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº, Porto Alegre) Ingresso: Doação de alimentos não perecíveis, que serão repassados para a Fundação Pão dos Pobres. Cada pessoa poderá retirar dois ingressos no máximo.
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NÚCLEO DA CANÇÃO Lupi canta Lupi: pequena grande voz “Porque os que vivem chorando se disfarçam cantando. É o que hoje se passa em mim.” Cigano
De Francisco Alves a Caetano Veloso, passando por Orlando Silva, Elza Soares, Jamelão, Elis Regina e outros tantos ícones da música popular brasileira, praticamente todo mundo gravou a obra do porto-alegrense Lupicínio Rodrigues (1914-1974). Mas há quem ouça na pequena grande voz do próprio compositor – assumidamente influenciada pela suavidade do carioca Mario Reis – a melhor tradução sonora para a dor-de-cotovelo de seus sambas-canções, marchas e afins. Intérprete questionado até mesmo pelos mais chegados camaradinhas, Lupi costumava justificar as suas performances no microfone como necessárias para que os “verdadeiros profissionais” soubessem como deveriam cantar a sua obra. Pura modéstia. A partir da década de 1950, justo quando vivia o auge de sua carreira autoral, o poeta da Ilhota passou a soltar o gogó em emissoras de rádio, TV, teatros, casas noturnas e estúdios de gravação. Até 1973, foram pelo menos 40 fonogramas distribuídos nos formatos 78rpm, LP e compacto, sem contar os relançamentos póstumos em CD.
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Nesta edição do Núcleo da Canção, os jornalistas Juarez Fonseca e Marcello Campos apresentam Lupi canta Lupi: pequena grande voz, uma audição comentada dessa faceta nem sempre lembrada do maior compositor popular nascido no Rio Grande do Sul. Em destaque, registros raros ou mesmo inéditos em formato digital, mostrando por que o mais ilustre boêmio de Porto Alegre é considerado o melhor intérprete de si mesmo.
NÚCLEO DA CANÇÃO – AUDIÇÃO COMENTADA COM JUAREZ FONSECA E MARCELLO CAMPOS MEDIAÇÃO DE GUTO LEITE Data: 22 de setembro – segunda-feira – 19h Local: Sala Fahrion (2º andar da Reitoria)
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NÚCLEO DA CANÇÃO Audição comentada com Bianca Obino e Renascentes Se a canção morreu – debate já com ares de vetusto –, não em Porto Alegre. É bastante significativo o número de artistas que seguem levando adiante o gênero com trabalhos autorais de qualidade. Alguns desses artistas estarão na edição de outubro do Núcleo de Estudos da Canção, numa inédita audição cruzada: a banda Renascentes, que investe num CD cheio de cores e de sensível acento poético, e Bianca Obino, cancionista de cuidado artesanal e excelente tanto na voz, quanto no violão. Ouviremos os seus álbuns de estreia, trabalhos que se decantaram por anos e que não se distanciam da prática de, concomitantemente, estudar canção popular, além de criá-la. Enfim, muitos tópicos para um debate que promete ser profícuo. A rica canção porto-alegrense vai muito bem, obrigado, e faz-se presente em outubro no Núcleo de Estudos de Canção. Sejam bem-vindos! Guto Leite Professor do Instituto de Letras e Coordenador do Núcleo da Canção
NÚCLEO DA CANÇÃO – AUDIÇÃO COMENTADA COM BIANCA OBINO E RENASCENTES MEDIAÇÃO DE GUTO LEITE Data: 27 de outubro – segunda-feira – 19h Local: Sala Fahrion (2º andar da Reitoria)
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i nterl ú d i o Coro Feminino Donna Voce Donna Voce – Da Renascença ao Contemporâneo é um espetáculo que propõe uma viagem pelo repertório para formações de vozes femininas de diversos períodos da história da música ocidental. A proposta do grupo contempla a diversidade musical em peças da renascença inglesa, francesa e espanhola, obras do romantismo alemão, francês e russo, música britânica do século XX, Negro Spiritual americano e música popular brasileira dos anos 70 em arranjos criados especialmente para o grupo por jovens compositores e arranjadores gaúchos. O Donna Voce é um coro feminino formado por 12 integrantes provenientes de diversas formações acadêmicas: bacharéis em música, teatro e profissionais de outras áreas com qualificada vivência em coros e grupos vocais. O grupo promove eventos como recitais, concertos, oficinas didáticas, participa de encontros de coros e festivais de música e ainda visita hospitais e instituições socioeducativas. Um programa semelhante tem sido apresentado em cidades gaúchas no segundo semestre de 2014, através de financiamento do Ministério da Cultura e patrocínio de Ritter Alimentos e Banco Renner.
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Idealizado pela coralista Marlene Souza Lopes e criado pelo maestro Delmar Dickel, produtor e diretor artístico do coro, é regido por Eduardo Luiz Beise Ulrich, bacharelando em Música com ênfase em Regência Coral pela UFRGS. O acompanhamento instrumental (piano) é de Luciana Malacarne e a preparação vocal é da professora Rosana Lofrano. O coro é atualmente constituído pelas sopranos Gloria Lacerda Peixoto, Julia Kieling Lucas, Tayane de Carli, Elianne Barbieri Couto Jabur, Isabel Duarte, Maíra Fortes Prates e pelas contraltos Fabianna Menezes, Maria Letícia Möllmann, Rita Dolores Wolf Sander, Carolina Jung do Amaral, Evelise Klein La Porta e Paula Berlowitz.
Leonardo Winter, coordenador artístico do projeto Interlúdio
INTERLÚDIO - CORO FEMININO DONNA VOCE Data: 19 de setembro – sexta-feira – 12h30min Local: Saguão do Hospital de Clínicas (Rua Ramiro Barcelos, 2350 – térreo)
i nterl ú d i o New e convidados : Recital de Piano, Saxofone e Guitarra Talvez poucas pessoas no mundo musical porto-alegrense possam conhecer o pianista Luís Henrique Brochado, formado pelo Departamento de Música do Instituto de Artes da UFRGS no longínquo ano de 1984 porém, se mencionarmos seu nome artístico – New – certamente essa relação irá se alterar significantemente. New é um dos instrumentistas, arranjadores, compositores e produtores mais atuantes e requisitados na cena musical porto-alegrense, trabalhando ao lado de nomes representativos da música nacional e local como Jamelão, Martinha, Carmen Silva, Valdirene, Grupo Delicatessen, Flora Almeida, Raul Ellwanger, Bebeto Alves, Gélson Oliveira, Angela Jobim, entre outros. Depois de intensa carreira e de diversos prêmios nacionais e regionais recebidos, tivemos a grata surpresa de presenciar a volta de New aos bancos escolares, desta vez para estudar Composição Musical no Instituto de Artes da UFRGS, e é justamente parte deste trabalho que o público poderá desfrutar no Projeto Interlúdio 2014. No recital são apresentadas composições próprias e de autores como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, César Camargo Mariano e do porto-alegrense Manfredo Fest, onde amalgamam-se influências da música brasileira de origem popular – como samba, choro e modas – aliadas à tradição da música de concerto.
Conforme New, a proposta do recital é de apresentar músicos e músicas muito presentes, descobertas que sempre estarão conosco por acharmos que nos identificam, obras de mentores e mestres que nos referenciam. Nessa apresentação do Projeto Interlúdio, New compartilha o palco com dois instrumentistas de destaque na cena porto-alegrense, verdadeiros bambas em seus instrumentos: o saxofonista e professor da UFRGS Amauri Iablonovsky e o violonista e guitarrista James Liberato. Leonardo Winter, coordenador artístico do projeto Interlúdio
INTERLÚDIO - recital de piano, saxofone e violão Data: 26 de setembro – sexta-feira – 12h30min Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
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i nterl ú d i o Pedro Cadore Winter: Recital de Violão Solo Em outubro o projeto Interlúdio apresenta recital de violão solo de Pedro Cadore Winter, com obras de Astor Piazzola, Joaquím Rodrigo, Egberto Gismonti e composições próprias. Pedro atua como violonista, compositor e professor de música e atualmente cursa Bacharelado em Violão no Instituto de Artes da UFRGS, sob orientação do professor Dr. Daniel Wolff. Astor Pantaléon Piazzola (1921-1992), bandoneonista e compositor argentino, foi responsável pela transformação e modernização do tango tradicional argentino. Piazzola incorporou elementos jazzísticos ao tango tradicional e, conjuntamente com sua sólida formação clássica, incluiu instrumentos como guitarra elétrica e recursos instrumentais da música contemporânea de concerto. Aos críticos de suas inovações musicais, respondia afirmando que compunha música contemporânea da cidade de Buenos Aires. A obra denominada Quatro Estações Portenhas, composta originalmente para quinteto, adquiriu grande reconhecimento e popularidade sendo posteriormente adaptada para diversas formações e instrumentos, inclusive violão solo. Neste recital Winter apresentará a adaptação de Sérgio Assad, violonista que trabalhou diretamente com Piazzola. O pianista e compositor espanhol Joaquín Rodrigo Vidre (1901- 1999) foi responsável por grande número de obras para violão no século XX, incluindo o famoso Concierto de Aranjuez. Deficiente visual desde a mais tenra idade e pianista virtuoso, Rodrigo notabilizou-se por escrever obras de grande dificuldade técnica para os intérpretes. A obra denominada Invocacíon y Danza foi escrita em homenagem ao compositor Manuel de Falla, utilizando citações da obra deste último.
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A invocação apresenta uma atmosfera densa com exploração de sons harmônicos seguido por trêmolos e arpejos reiterados. A dança tem caráter rítmico pujante e é seguida pelo retorno da atmosfera da invocação “As minhas composições são o resultado da percepção particular do instrumento, que desenvolvi ao longo dos mais de 10 anos de prática do violão” (Pedro Winter). A sua maneira, e guardadas as proporções, as músicas de Pedro Winter dialogam com a linguagem de Piazzolla no que tange o contraste entre seções, especialmente contrapontísticas e rítmicas, e com Rodrigo na busca por texturas e arpejos. O arranjo para violão de Maracatu, de Egberto Gismonti, é de sua própria autoria, e nele é evidente a busca de Pedro – perceptível também em suas composições – de obter texturas mais densas, explorando as riquezas do instrumento. Leonardo Winter, coordenador artístico do projeto Interlúdio
INTERLÚDIO - pedro cadore winter: recital de violão solo Data: 23 de outubro – sexta-feira – 19h Local: Auditório José Baldi do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (Rua Ramiro Barcelos, 2350) Retirada de ingressos das 8h às 16h na recepção da Fundação Médica (Rua Ramiro Barcelos, 2350 – sala 177)
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i nterl ú d i o Recital de Violões: Música de J. S. Bach Em outubro o projeto Interlúdio apresenta recital dedicado à música de Johann Sebastian Bach por dois jovens e premiados violonistas: João Batista Souza e Josias Gustavo Müller, alunos do Departamento de Música do Instituto de Artes da UFRGS. Os músicos apresentarão transcrições autorais das Sonatas e Partitas de Bach para violão. Johann Sebastian Bach (1685-1750) compôs um conjunto de seis obras para violino solo denominadas Sonatas e Partitas ( BWV 1001-1006) entre o período de Weimar e como mestre de capela na corte de Köthen (1717-1723). Se em Weimar as obrigações de Bach estavam prioritariamente vinculadas ao serviço religioso e como organista na corte cristã, na corte calvinista de Köthen Bach pode dedicar-se à música secular, resultando em um dos mais imponentes e impressionantes conjunto de obras solo para teclado, violoncelo, flauta e violino da história da música ocidental.
O conjunto de obras para violino consiste de três sonatas da chiesa e três partitas. Sonatas da chiesa eram a denominação dada à música instrumental barroca em quatro movimentos (lento-rápido-lento-rápido), onde o primeiro e o segundo movimentos eram conectados no formato prelúdio-fuga, um terceiro movimento mais lírico e introspectivo e um quarto movimento em forma binária. As Partitas – ou Suítes – eram agrupamentos mais flexíveis de danças barrocas estilizadas. As obras para violino solo foram publicadas somente em 1802 pela editora Simrock em Bonn, mas foi com o célebre violinista Joseph Joachim (1831-1907) que elas adquiriram popularidade, tornando-se parte do repertório de violinistas – e de outros instrumentistas – de todo o mundo. Leonardo Winter, coordenador artístico do projeto Interlúdio
INTERLÚDIO - recital de violões Data: 31 de outubro – sexta-feira –12h30min Local: Sala João Fahrion (2 º andar da Reitoria da UFRGS)
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Grilos- Houserocking Music
Dando continuidade ao projeto do Vale Doze e Trinta, no mês de setembro contaremos com uma atração musical. O conjunto Grilos apresenta o espetáculo “Houserocking Music”, termo que define as bandas de blues negras que animavam pequenos clubes, cabarés ou mesmo os becos das grandes cidades norte-americanas, como Memphis e Chicago, especialmente entre os anos 50 e 70. Este estilo é caracterizado pela performance intensa dos músicos através do uso de amplificadores elétricos, adotados pelos bluesman recém-chegados nas metrópoles urbanas, além do contato muito próximo com o público. Para reviver esse período, o repertório selecionado para o show do conjunto Grilos é composto por uma seleção de músicas da época que representam diferentes amostras de canções de blues tradicional, shuffle, boogiewoogie, rock’nroll, rhythm’n blues e o soul. Além disso, o conjunto apresenta passagens pela música country e o rockabilly de bandas brancas de baile (semelhantes aos conjuntos de Houserocking), demonstrando a influência mútua entre os dois estilos.
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A banda formada em 2013 exclusivamente por biólogos realizou sua estreia nos palcos no circuito universitário da UFRGS, tocando no Campus do Vale para mais de 200 pessoas durante a tradicional festa “Daiboteco” realizada pelos estudantes de Biologia. A formação oficial da banda conta com ‘Professor’ Boli (Guitarra, Slide e Vocais), Mateus ‘da Gaita’ (harmônica e backingvocals), Rodrigo ‘Sadol’ (Teclado), Rodrigo ‘Gode King’ (Contrabaixo) e Gabriel Boaventura (Bateria).
Grilos - houserocking music Dia: 09 de setembro – terça-feira – 12h30 Local: Praça Central do Campus do Vale
VA L E D O Z E E T R I N TA Na edição de 2013 do Festival de Inverno Maré de Arte o Departamento de Difusão Cultural promoveu o um Festival de Bandas. O Festival teve como objetivo fomentar a cena musical do Litoral Norte promovendo uma vitrine para as bandas. As selecionadas tiveram como prêmio, a apresentação das suas músicas no Vale Dose e Trinta. Pois bem: na edição de outubro do Vale, que coincide com os Salões Integrados UFRGS 2014, vamos receber e prestigiar as bandas. Com vocês Hollis, aNNaLog, Bruno Little Boy e Bicuíras.
Banda aNNaLog A aNNaLog é uma banda de garagem com influências do punk, pop e grunge, uma volta ao básico no rock, guitarra, baixo e bateria. O nome da banda vem do gosto por tudo que é espontâneo e honesto na música calcando o repertório em composições próprias. Definem seu estilo como ‘jeans e camiseta’, sem espaço para ‘firulas’. Com Eduardo Zimmermann na guitarra e voz, Adriano Borowsky no baixo e voz e Igor Casanova na bateria.
Banda Hollis Banda Hollis tem em suas música uma mescla de pop rock e hard core. Com influências de bandas brasileiras, entre elas, CPM22, Raimundos, Charlie Brown Jr, Capital inicial, Legião Urbana, entre outras. Todos seus integrantes são de Tramandaí, Rio Grande do Sul. A banda Hollis foi criada em junho de 2012. Alguns músicos já passaram por ela, a formação atual é de maio de 2013, que apesar do pouco tempo já gravou em um estúdio e se apresentou na Festa Nacional do Peixe. As suas letras são baseadas no cotidiano, desencontros e letras de protestos. A proposta da banda é de levar boas vibrações e novos pensamentos ao público. Podemos dizer que ao longo do tempo a Hollis está mais madura e profissional, e o que era apenas uma reunião de amigos, passou a ser tratado como um segundo emprego. Os integrantes são: Marcos Lopes: Vocalista e Compositor Binho Kiszewski: Baixista João Francisco Rodrigues Seke (Chico): Baterista Igor Ferreira: Guitarrista Bruno Magni: Guitarrista Caco Kiszewski: Designer visual.
Dia: 21 de outubro – terça-feira – 12h30 Local: Praça Central do Campus do Vale
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VA L E D O Z E E T R I N TA Banda Bicuíras
Bruno Little Boy
A banda Bicuíras é um amálgama de influências diversas, do rock nacional dos anos 80, passando pelo punk, pelo grunge, pop e até reggae. A soma dessas influências torna o som da banda autêntico, diversificado e honesto. As músicas autorais possuem vocais melódicos, mas mantendo a pegada característica de suas influências diversas. Suas letras estimulam a interpretação pessoal de cada ouvinte. O instrumental é simples, porém coeso, mantendo as raízes do punk e do rock nacional dos anos 80. Ao vivo eles possuem uma grande energia, com batidas rápidas e guitarras distorcidas. Seu repertório combina seu energético trabalho autoral com algumas releituras de clássicos do rock. Um show direto e conciso, que faz o público pular do início ao fim.
Bruno Guzenski tem 6 anos e toca bateria desde os 2 anos de idade. Junto com Daniel Guzenski na guitarra e no vocal, Antonio Fernando Speguen no baixo e João Roberto de Souza no pandeiro, este garoto já recebeu créditos de músicos de renome, ninguém menos que Lulu Santos,e Lars Ulrich(batera da banda Mettallica); Atualmente está fazendo participações especiais nos shows do Humorista JAIR KOBE, com o personagem “O Guri de Uruguaiana” tendo participado de espetáculos grandiosos no Theatro São Pedro de Porto Alegre-RS; É o aluno mais novo do Brasil do curso (franqueado) Bateras BEAT, escola de bateristas, sendo seu professor nada menos que o Profissional Francis Cassol;
Dia: 22 de outubro – quarta-feira – 12h30 Local: Praça Central do Campus do Vale
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MÚ S I C A
salão de e x tensão
Este é o ano que o Salão de Extensão completa 15 Anos. Para comemorar, a Pró Reitoria de Extensão promove o Show da Chimarrruts, banda formada em 2000 Rafa, Tati, Sander, Diego, Nê, Vinícius, Emerson e Rodrigo, amigos que se encontravam para tocar violão, cantar e tomar chimarrão em parques de Porto Alegre. Com influências de Bob Marley, Inner Circle, The Skatalites, Big Mountain, a banda vem emplacando sucessos que falam sobre amor e paz, como Chapéu de Palha, Versos Simples e Do Lado de Cá. A Chima, como é carinhosamente chamada, já passou por diversas cidades do Estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Pará, Santa Catarina e Paraná, além de tocar com artistas renomados como Paralamas do Sucesso, Gilberto Gil, Papas da Lingua e Capital Inicial. Em 2011, participou do Pop Music Festival ao lado de Ziggy Marley e Shakira.
A Chimarruts é atualmente formada por Rafa Machado (voz), Nê (vocais, flauta quena e harmônica), Tati Portela (vocais), Diego Dutra (bateria), Vinícius Marques (percussão), Emerson Alemão (baixo), Sander Fróis (guitarra), Rodrigo Maciel (guitarra) e conta com as participações especiais de Tuzinho (trompete), Boquinha (trombone) e Luquinha (teclados).
chimarruts Datas: 22 de outubro – quarta-feira – 17h30 Local: Teatro Grego do Campus do Vale
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MÚ S I C A
S O M N O S A L Ã O 2 014
Desenvolvido e coordenado pela administração do Salão de Atos, o Som no Salão está em sua quarta edição e tem o objetivo de promover a acessibilidade e firmar uma ação cultural para este espaço, de acordo com a política cultural da Universidade. Neste ano, 87 projetos musicais participaram do edital. A qualidade e a diversidade dos trabalhos inscritos, assim como ocorreu nas edições anteriores, reforçam a importância de criar essa oportunidade e incentivar a cena musical autoral brasileira.
- a compositora e instrumentista Bianca Obino com seu trabalho autoral e delicado, Artesã. 12 de novembro – quarta-feira - a fusão do Reggae Roots com o Ska, o Raggamuffim, o Soul e o Popda Banda Motivos Óbvios. 10 de dezembro– quarta-feira
Buscando manter a diversidade da programação do Som no Salão, foram selecionados artistas dos mais diversos estilos musicais e com propostas singulares, para se apresentarem nas cinco datas previstas no edital: -Eu Perdi o Medo de Errar, obra musical do cancionista Gustavo Telles & Os Escolhidos, uma autêntica “viagem sonoro-sentimental” por paragens folk, rock e blues; 24 de setembro – quarta-feira - a dupla Quiçá, se Fosse, com seu repertório de sonoridades peculiares, misturando elementos presentes na música latino-americana com influências da música pop e mpb; 08 de outubro– quarta-feira - a banda Apocalypse, que aproxima o rock da música erudita, apresentando temas de fantasia e ficção científica; 29 de outubro– quarta-feira
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som no salão Datas: 24 de setembro, 8 de outubro e 29 de outubro Horário: 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110) Entrada Franca. Serão aceitas doações de 1kg de alimento nos dias da apresentação Informações: www.ufrgs.br/salaodeatos
MÚ S I C A
Gustavo Telles & Os Escolhidos Gustavo Telles & Os Escolhidos apresentam o espetáculo “Eu perdi o medo de errar”, que mostra na íntegra as canções do álbum homônimo de Gustavo Telles, lançado recentemente e algumas músicas do primeiro disco. A banda “Os Escolhidos” será formada por um excelente time de instrumentistas, com Alexandre “Papel” Loureiro (bateria), Luciano Leães (órgão), Murilo Moura (piano), Marcio Petracco (pedal steeel e guitarra), Daniel Mossmann (guitarra e violão), Luciano Albo (baixo, violão e vocal), Edu Meirelles (baixo), Mauricio Nader (guitarra e vocal), Julio Rizzo (trombone), Rodrigo Siervo (sax tenor), Rodrigo Fischmann, Felipe Kautz e Diogo Brochmann (vocais), além de outros dois músicos que integrarão o naipe de sopros. A obra musical é uma espécie de pequeno “compêndio amoroso”, no qual Telles desfia uma série de músicas que tocam diretamente o coração.
Quiçá, se fosse A banda Quiçá, se fosse é uma dupla formada pelos cantautores Róger Wiest e André Paz, que misturam elementos presentes na música latino-americana com influências da música pop e mpb. Com um repertório totalmente autoral, a dupla apresenta um grande leque de possibilidades sonoras com a ajuda de uma variedade de instrumentos, efeitos digitais, loops e a participação da própria plateia.
A apresentação trará a participação de 13 músicos e conta com nomes representativos na música popular de Porto Alegre como Marcelo Delacroix e Tonho Crocco, assim como de artistas da nova safra de compositores como Pramit Almeida e Carmen Correa. O show também conta com a participação dos instrumentistas Bruno Vargas e Carlos Ferreira da revelação instrumental Quarto Sensorial, Andrei Corrêa da Banda Trem Imperial e as cantoras e percussionistas do Expresso 25, Valentina e Macarena Sol Trindade.
Apocalypse A música do Apocalypse é original, criativa e rica em detalhes. As composições são desenvolvidas além dos três minutos típicos da canção urbana aproximando o rock da música erudita. A banda também faz uso proeminente de instrumentos não convencionais ao rock como a flauta, o violino e teclados eletrônicos, particularmente sintetizadores Moog, órgão Hammond, piano eletrônico e samplers. A construção rítmica das músicas conta com o uso de síncope, compassos compostos e mistos sendo que algumas peças usam múltiplos andamentos e tempos. Não somente a voz, mas todos os instrumentistas do Apocalypse também são solistas nas composições, demonstrando virtuosismo e feeling. O grupo também escreve sobre temas que englobam o espiritualismo, religião, fantasia e ficção científica.
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teatro
O s Pró x i m os E s p etáculos do T P E O projeto Teatro Pesquisa e Extensão – TPE oferece espetáculos gratuitos durante os meses letivos, para mostrar os trabalhos dos alunos do Departamento de Arte Dramática da Universidade. Os espetáculos tem entrada gratuita e são abertos ao público em geral, ocorrendo todas as quartas-feiras, com uma sessão às 12h30 e outra às 19h30. No mês de setembro, estará em cartaz Música Para Cortar os Pulsos. A montagem é uma livre adaptação do texto do dramaturgo e diretor Rafael Gomes, da Cia Empório de Teatro Sortido. A peça faz uma reflexão sobre o potencial da música em despertar, traduzir e embalar sentimentos. Músicas que fazem rir, chorar e refletir. Músicas que são a trilha sonora de vidas, ou ainda o serão. Neste espetáculo as músicas envolvem a cena e são por ela conduzidas. Trata-se de uma história de três personagens – Cecília, Felipe e Alice – que discutem, sob a forma de monólogos, sentimentos muito íntimos e, ao mesmo tempo, universais. As relações entre eles é expressa através de situações narrativas, nas quais, aos poucos, vamos compreendendo as histórias individuais que se entrecruzam: Felipe foi abandonado por Luísa, sua namorada; Cecília quer se apaixonar e, sua amiga, Alice está apaixonada por ela. Ao trazer para o espectador suas experiências, seus anseios, medos e dores, as personagens resgatam temas humanos e universais como separação, perda, amor, desejo e paixão, em ritmo de divagações intimistas. Tudo isso, embalado por típicas músicas para cortar os pulsos, afinal “Só os clichês são verdade no final das contas”. Em outubro, acontecem apresentações do espetáculo Nos Embalos da Carochinha. Partindo do conto homônimo, escrito por Luís Fernando Veríssimo, a peça se passa em um cenário absurdo, povoado por personagens de contos de fadas. Em Os Embalos da Carochinha, o autor gaúcho descreve as desventuras de um inspetor, chamado com urgência para impedir um crime prestes a acontecer. Chegando ao local de onde recebeu a denúncia, o inspetor se surpreende ao deparar-se com as personagens dos mais famosos contos de fadas. Mais perplexo ainda ele fica, ao estabelecer contato com essas criaturas e descobri-las transformadas e corrompidas pelo mundo real. Inspirados no conflito principal do conto, o grupo aprofundou a crítica estabelecida pelo autor: No que foram transformados nossos sonhos e desejos infantis?
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Confrontando uma Cinderela com problemas de alcoolismo e bipolaridade, um Rei pervertido e desejoso por inaugurar sua “roupa nova”, o Inspetor percebe estar igualmente distante do mundo real e das fadas. A atmosfera é caótica, boêmia e irreal. Um novo universo é criado, um limbo, onde as nuances e anseios do ser humano podem existir sem censura. A adaptação também investiga a psicanálise contida nessas histórias infantis mundialmente conhecidas, quebrando esses “mitos”, discutindo motivações psicológicas e significados emocionais neles contidos. Referenciando musicais clássicos, animações de Walt Disney e estereótipos infantis, o trabalho faz uma justaposição de referências de teorias psicanalíticas e cultura pop. As personagens surgem em meio a um caos de bebidas, sexo e jogatina, e tentam se fazer entender por um perplexo inspetor que aos poucos começa a adentrar as camadas de suas psiques e descobre que as vezes nossas ações escondem algo muito maior. O resultado é um espetáculo bem humorado, com situações inusitadas e momentos surreais. Siane Leonhardt
Música Para Cortar os Pulsos: Datas: 3, 10, 17 e 24 de setembro – quartas-feiras – 12h30 e 19h30
Nos Embalos da Carochinha Datas: 1, 8, 15, 22 e 29 de outubro – quartas-feiras – 12h30 e 19h30 Local: Sala Alziro Azevedo – Avenida Senador Salgado Filho, 340 – Centro Histórico Entrada franca, com distribuição de senhas 1h antes do espetáculo.
Maiores informações: facebook.com/tpeufrgs e teatrope@gmail.com Agende uma sessão exclusiva da mostra TPE para a sua escola através do email tpeescola@hotmail.com
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ARTES VISUAIS
C O N F E R Ê N C I A S U F R G S 2 014 Passado mais que presente Recuperando o tema das Conferências UFRGS 2014, já passadas cinco sessões, reencontramos o significado geral das mesmas: a permanência das realizações, ideias e ações, seja no contexto da Universidade, seja nas circunstâncias determinadas pela sociedade. Uma permanência atualizada pela discussão e pelo debate, pelo teste do tempo e da história. Esse sentido foi encontrado na conferência de Donaldo Schuler, que nos colocou a questão da convivência na Globalização. Apareceu na conferência de Lorena Holzmann, através do paradoxo memória/esquecimento no Brasil contemporâneo. Foi referido por Carlos Gottschall na história da educação médica, por meio da citação a Rubens Maciel. Surgiu com força na conferência de Ivan Izquierdo, com a “consolidação da memória”. E na conferência de Renato Saul o sentido da permanência atualizada pelo debate, em combinação com o da história relegada ao presentismo, foram problematizados à luz da Globalização e da ideia da homogeneização econômica, social e cultural promovidas pela tecnologia de comunicação. No segundo semestre nos preparamos para continuar com o debate provocado pelas Conferências UFRGS 2014. O passado, o presente e o futuro, vistos como metáforas para o tempo (e para o seu registro e contagem) são retomados. As ideias, as realizações e as ações reaparecem, contextualizadas na Universidade e na sociedade, com os conferencistas. E a discussão do “passado mais que presente” se atualiza.
Sinara Robin Curadora
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Água, Terra, Ar e Fogo: a UFRGS e os desafios tecnológicos do século XXI Márcia Barbosa A ideia de que todas as coisas podem ser explicadas em termos de quatro elementos, água, terra, fogo e ar, remonta a antiguidade. Esta descrição pode ser encontrada nos ensinamentos de Sócrates, mas igualmente tem origens no hinduísmo e no budismo. O homem percebeu que a água estava relacionada à vida, a terra à obtenção de alimentos e de ferramentas, o ar o meio ligante entre todos e o fogo fornece a energia. A Física e sua visão microscópica tiram os quatro elementos como fundamentos e os torna estados macroscópicos da matéria: líquido, sólido, gasoso e plasma. Apesar dos grandes avanços científicos e tecnológicos, o século XXI terá que vencer desafios que se alicerçam nos quatro elementos propostos por Sócrates: a falta de água potável, a falta de terras agriculturáveis, a poluição do ar e a falta de energias renováveis. Neste seminário iremos apresentar como grupos de pesquisa da UFRGS estão contribuindo para a compreensão e busca da solução destes problemas.
água, terra, ar e fogo: a ufrgs e os desafios tecnológicos do século xxi Data: 17 de setembro – quarta-feira – 19h Local: Sala Fahrion - 2º andar da Reitoria UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
O papel da cultura no século XXI A conferência pretende retomar os grandes acontecimentos do século XX, o tempo das grandes transgressões histórico-culturais, e refletir sobre o quanto delas repercute na concepção de humanismo, pela crise de valores absolutos, éticos, estéticos, filosóficos e religiosos que instauram. Há a chamada derrocada das utopias, o enfraquecimento dos parâmetros e das crenças mais fundamentais e, no centro dessas transformações, o homem e, no centro da experiência da existência humana, a cultura, o conhecimento. Trata-se, entretanto, de um centro não mais apenas irradiador, mas sujeito a pressões antagônicas: uma em direção à padronização de aspirações e forças culturais por todo o mundo; a outra, o desejo de revalorizar a individualidade e de preservar a identidade cultural. Na pressão, cultura e mercado se confundem. Fala-se no logro da cultura porque o segundo determina a primeira e o homem, sobretudo o jovem, com o caudal de informações superficiais, por um lado, e a superespecialização no seu fazer, de outro, frequentemente se pergunta o que é e para que serve a cultura, para que servem as artes, para que serve a literatura.” O papel da cultura no século XXI” não é mais do que a proposta de uma reflexão sobre o tema. Afinal, já disse o filósofo Delfim Santos que pensar não é tão pouca coisa que a própria vida humana passe alheia ao pensamento.
o papel da cultura no século xxi Data: 15 de outubro – quarta-feira – 19h Local: Sala Fahrion - 2º andar da Reitoria UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
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R efle x ão
fronte i ras do p ensa m ento
O Fronteiras do Pensamento foi concebido em 2006, na cidade de Porto Alegre. Na época, uma mudança geral começava a se configurar nas mais diversas áreas da sociedade. As causas e as dimensões desta transformação ainda eram desconhecidas e insuficientemente debatidas enquanto fenômeno único. Buscando investigar o impacto destas mudanças no mundo, em 2007, o Fronteiras do Pensamento realizou dezenas de conferências com grandes nomes do pensamento contemporâneo. As incontáveis esferas do pensamento tratadas no primeiro ano de projeto começaram a delinear a amplitude daquilo que se tornaria a realidade, ou os questionamentos que precisaríamos propor para compreendermos o presente. Como estamos enfrentando as transformações e como podemos nos preparar para o que o futuro nos reserva? Nos dois anos seguintes, psicólogos, artistas, teóricos da cultura, da economia compartilharam suas pesquisas e ideias sobre o comportamento do indivíduo neste momento de transição. Em Salvador, o Fronteiras do Pensamento deu início às séries especiais do projeto pelo país. Em 2010, o Fronteiras do Pensamento acrescentou, às visões de teóricos, experiências de atores sociais com impacto mundial em suas ações e projetos. As conferências abordaram o impacto da internet e da globalização em nossas vidas, bem como a situação ambiental do planeta. Agentes na luta pela liberdade vindos da Turquia, da Rússia e do Irã expuseram a realidade de culturas distantes em 2011, ano em que São Paulo passou a sediar, juntamente com Porto Alegre, as temporadas anuais do projeto. Ainda, as séries especiais do Fronteiras do Pensamento chegaram a Florianópolis.
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Grandes e sérios conflitos econômicos e políticos passaram a ter impacto direto no terreno da cultura e o Fronteiras 2012 questionou: como compreender a diversidade cultural no século XXI? Em 2013, intelectuais com engajamento prático em relação a importantes questões globais apresentaram suas visões e ações sobre temas como liberdade, desenvolvimento, diversidade e tolerância em um mundo ainda marcado pela pobreza e a desigualdade. A temporada 2014 reserva novos desafios. Vivemos uma época de turbulência. É possível que, no futuro, os historiadores venham a se referir dessa maneira ao nosso tempo. Também se trata de uma época de crescimento. Mas mesmo nesta época de progresso acelerado, há um mal-estar em nossa civilização. Um mal-estar difuso. O pensamento sistemático pode nos ajudar a enfrentar essas questões. Pode nos ajudar a agir com prudência, a recusar a sedução dos extremismos, a erguer instituições à luz do que ensina a experiência histórica. Pode nos ajudar a “reinventar o mundo” a cada geração. Este é o convite do Fronteiras do Pensamento para sua edição de 2014.
Divulgação Fronteiras do Pensamento
R efle x ão
Brian Greene
Gro Harlem Brundtland
Físico teórico norte-americano, é professor de Matemática e Física na Universidade de Columbia, onde fundou e dirige o Instituto de Cordas, Cosmologia e Física de Partículas. Referido pelo The Washington Post como “o melhor esclarecedor dos misteriosos conceitos do mundo contemporâneo”, Greene é cofundador do Festival Mundial da Ciência, aclamado pelo The New York Times como um marco entre as novas instituições culturais internacionais, e suas obras figuram na lista das mais vendidas.
Diplomata norueguesa, líder internacional na área do desenvolvimento sustentável e da saúde pública. Primeira mulher a chefiar o governo da Noruega, voltando a ocupar o cargo em outras duas ocasiões, é enviada especial das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, sendo uma das responsáveis por estabelecer o diálogo internacional com governos e organizações para o estabelecimento de um tratado pós-Protocolo de Kyoto. GroBrundtland integra o The Elders, grupo fundado por Nelson Mandela, que reúne grandes líderes globais que trabalham em conjunto pela paz e pelos Direitos Humanos.
Pascal Bruckner Filósofo francês, um dos principais pensadores dentre os chamados “Novos Filósofos”, foi agraciado com os prêmios Médicis de Ensaio, Renaudot e Montaigne. Doutor em Letras pela Universidade Paris VII, orientado por Julia Kristeva, defendeu sua tese sobre emancipação sexual. Autor de diversos livros de ficção e não ficção, seu romance Lua de fel foi filmado pelo diretor polonês Roman Polanski. Reconhecido crítico do multiculturalismo, apoia o direito à especificidade das minorias étnicas, religiosas e culturais, defendendo a assimilação respeitosa pela comunidade que os recebe, retomando um debate que reacende o Iluminismo.
brian greene Data: 15 de setembro
gro harlem brundtland Data: 29 de setembro
pascal bruckner Data: 22 de outubro Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110) Horário: 19h30min Informações: 51-3019.2326
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R efle x ão
C onversa co m T e i x e i ra C oel h o Por Rafael Derois Departamento de Difusão Cultural
Teixeira Coelho, professor aposentado da USP, é curador-coordenador do Museu de Arte de São Paulo – MASP, colaborador na Cátedra Unesco de Política Cultural da Universidad de Girona, Espanha, e coordenador do Curso de Especialização em Gestão e Política Cultural do Observatório de Política Cultural do Instituto Itau Cultural, São Paulo, e diretor da coleção Os Livros do Observatório, sendo um dos principais intelectuais em políticas culturais no Brasil. Aproveitando sua participação na conferência de abertura do evento Conexões Criativas, organizado pelo Observatório de Economia Criativa da UFRGS, ocorrido em 11 de agosto de 2014, no Salão de Festas da Reitoria da UFRGS, o DDC teve a oportunidade de registrar uma conversa sobre o campo da economia criativa e a relação das instituições de ensino superior na produção e difusão da cultura brasileira. A seguir, reproduzimos os principais tópicos da conversa.
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Economia criativa – ampliação e limites de uma antiga concepção Sempre me chamou a atenção que, no campo das ciências humanas, as coisas vão mudando de nome sem mudar muito de conteúdo (ou mudando de nome e de conteúdo, embora aparente apontar para o mesmo objeto, ou deixando que as pessoas pensem que aponta para o mesmo objeto...). Um tempo atrás, essa questão que hoje está sendo discutida com o rótulo de economia criativa vinha com a etiqueta das indústrias culturais. Hoje a etiqueta mudou, o campo correspondente também mas não muito se ganhou com isso uma vez que a realidade a que ela se refere apresenta-se bastante obscura e imprecisa. O que integra afinal a “economia criativa”? Antes as indústrias culturais eram, basicamente, o cinema, a música, os livros, as revistas. Hoje, por economia criativa, se entende muito mais coisas. Por exemplo, a criação em moda, em games, toda a área digital – e a arquitetura de ponta, o design de ponta.... O que nós deveríamos saber é se, de fato, essa ampliação corresponde a alguma coisa real e efetiva ou não.
R efle x ão A rigor, tudo que o ser humano faz é “criativo”, nunca foi outra coisa: a relojoaria é criativa, como o é a criação de um carro ou avião e a técnica de se obter diferentes tipos de queijo a partir de um mesmo tipo de leite ou quase... E a medicina é extraordinariamente criativa, assim como a física. E a matemática... Poucas coisas não são criativas hoje – uma delas, a política... E tudo isso que mencionei se transforma em dinheiro ou, para ser mais elegante, tem uma vertente econômica... Portanto, qual a real vantagem política ou científica de usar-se esse rótulo que a rigor cobre tudo e se refere a tudo? O princípio básico da terminologia científica exige que a cada conceito e coisa corresponda um termo e a cada termo, uma coisa ou conceito. Isso não existe com o conceito de “economia criativa”. Quando eu vinha para cá, participar deste encontro, um jornalista de Porto Alegre perguntou-me se a economia criativa mudara alguma coisa na vida do museu em que agora trabalho, o MASP (Museu de Arte de São Paulo). Eu disse que não. Nada muda pelo fato de que existe um “novo campo” chamado de economia criativa. Nem agora e nem antes, quando o rótulo era outro. Não foi definido ainda um procedimento pelo qual uma nova etiqueta se transforma em realidade palpável e positiva para o campo que me interessa e nos interessa a todos, o campo da cultura. “Economia criativa” acaba sendo uma comodidade política para dar a impressão de que se faz alguma coisa e uma comodidade acadêmica justificadora de congressos e pesquisas embora de (ainda) escasso proveito para o conhecimento. E a vida prática. Lembro-me também que o jornalista me perguntou se a economia criativa poderia corrigir a assimetria existente no universo dos artistas visuais. Alguns artistas ganham muito dinheiro com o que fazem e outros nada ganham ou muito pouco e têm de manter-se com outras atividades paralelas. Eu respondi que não. A economia criativa não tem uma solução para algo, como isso, que depende de um número tão alto de variáveis. Ganhar mais dinheiro com arte depende do mérito, da “criatividade”, da capacidade de estar no momento certo no lugar certo, da sensibilidade do momento (do “espírito do tempo”, que muitos dizem não existir mas que é como as bruxas: que las hay, las hay...). E me preocupa que se olhe para esses rótulos com a expectativa de que alterem algo da vida real de modo repentino, ex abrupto. Assim como me preocupa que se espere da política cultural a resolução de um problema que não é da cultura mas da pessoa que a produz. Pode parecer ofensivo dizê-lo mas a política cultural, sob o rótulo de “economia criativa” ou outra coisa, cuida da cultura. Cabe a outras políticas cuidar de outras dimensões da vida humana e social.
De todo modo, há uma vantagem na expressão “economia criativa”: ela nos lembra a existência das economias destrutivas, como a petroleira, a mineradora, a automobilística, a da criação de gado, a militar, a do tráfico de drogas ou de influência – tantas outras... Por vezes me ocorre pensar que o rótulo “economia criativa” é uma operação de marketing para desviar a atenção do problema causado pela economia destrutiva, da qual este pais é campeão... Resumindo, a economia criativa é um campo amplo, mas não é exatamente novo. É um campo que foi ampliando ideias, concepções e dimensões que existiam antes. E é um campo que, por enquanto, tem favorecido muito mais a economia do que a cultura – além de ser terrivelmente vago quanto aos objetos e realidades para os quais aponta... Em parte, maquiando com o novo a indústria cultural A ideia da maquiagem que você traz para a conversa é interessante. Em São Paulo há um jornal tradicional considerado conservador, o Estado de São Paulo. Nos anos 1960, após o golpe militar, a empresa desse jornal lançou um outro que se dizia mais ágil, diferente e capaz de ser lido pela camada jovem da população uma vez que o Estadão, como ainda é chamado, era lido pelos mais velhos, pelas classes abastadas, pelo mundo dos negócios etc. E assim foi lançado o Jornal da Tarde. O Estadão saía pela manhã e o Jornal da Tarde era vespertino. Naquela época havia um crítico e intelectual conservador (ou reacionário: o que é exatamente hoje um reacionário, hoje quando já se sabe que existem reacionários de esquerda?), chamado Gustavo Corção. Se não me engano, o Gustavo Corção era um dos colunistas do Estado. E assim foi que logo após o lançamento do novo jornal, as pessoas começaram a se referir ele como “o Gustavo Corção de Jeans”. Diziam que o Estadão havia feito, justamente, uma maquiagem, mas continuava o velho jornal de antes. Com o rótulo de economia criativa se passa mais ou menos a mesma coisa. Não é inteiramente uma maquiagem porque há campos que existem agora e não existiam quando a indústria cultural era um conceito dominante. As indústrias da tecnologia digital, de softwares, de informática, games e tanta outra coisa, tudo isto que se refere ao mundo digital e seus desdobramentos, como o ensino à distância que ameaça destruir a ideia mesma de universidade tal como a conhecemos, não existiam no tempo das indústrias culturais tradicionais. O campo, porém, é tão vasto que me pergunto se ganhamos de fato algo ao usá-lo – sobretudo na área da cultura. . 31
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Toda nova tecnologia muda a cultura. No século XIX, Marx já sabia que uma nova tecnologia altera a cultura. Essas novas economias digitais mudaram a cultura. Mas o que nos devemos perguntar é se, de fato, há uma mudança de fundo, economicamente falando, que resulte em benefício da cultura. A cultura ganhou alguma coisa com esse rótulo ou quem ganha mais é o par da cultura nessa expressão, a economia? Essas são perguntas que precisamos responder. Potencializando a economia e a indústria No Brasil, e fora dele também, governos e mesmo a iniciativa privada, os empresários e a sociedade civil, não davam atenção maior à cultura. E ainda não dão. Consideravam, se tanto, que a cultura era ou podia ser um conjunto de ideias nobres e elevadas mas sem muita interferência no campo vida real e, em especial, no campo produtivo. A cultura era um passatempo das pessoas com tempo livre, com ócio (que nega o negócio – a rigor, é o negócio, o neg-ócio, que nega o ócio, mas, enfim...). Ao menos, desde os anos de 1980 e, principalmente, na década de 90 do século passado, muitas pessoas que atuavam na área de políticas culturais, na qual me incluo, começamos a insistir em uma via diferente: não defender a cultura em si e por si mesma, algo que não comovia mais ninguém, mas como fator de desenvolvimento inclusive econômico, mostrar que a cultura dá trabalho (quer dizer, que ela cria trabalho), gera renda, que ela é relevante
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do ponto de vista econômico e queportanto deveria receber maior atenção. Uma estratégia de valorização da cultura visando integrá-la à cesta dos recursos econômicos disponíveis. Mais como estratégia de trabalho do que crença na importância real no valor econômico da cultura, de resto comprovado. Por exemplo, um dado de que me lembro e que permanece atual. O Brasil tem mais gente empregada na cultura ou ocupando-se com cultura, como se diz, do que na indústria automobilística. Mas se você for ver, os incentivos fiscais vão em escala incomensuravelmente maior para a indústria automobilística do que para a cultura (e o pouco que vai para a cultura ainda é alvo de críticas...). Quando houve a crise de 2008 no Brasil, e que continua com seus efeitos, o governo federal deu, se me lembro bem, R$8 bilhões em incentivo fiscal à indústria automobilística, que emprega menos gente que a cultura. E para a cultura naquele ano não saiu nem R$1 bilhão, ou seja, nem a oitava parte. Talvez a indústria automobilística gere mais impostos (seu volume de negócios é maior) e aumenta o PIB de um modo que a cultura não pode fazer. Mas, política pública é algo que diz respeito a PIB ou a uma vida melhor? Impostos deveriam gerar serviços para as pessoas, como saúde, educação, segurança e por esse lado se poderia entender a maior atenção do governo com essa indústria quando comparada com a cultura...
Não é bem isso que acontece, o que faz com que fique mais evidente a falta de atenção para com aquilo que realmente importa, a qualidade da vida – dimensão onde a cultura tem algo a dizer... É a isso que me refiro quando digo que a ideia de economia criativa traz proveito muito mais à economia do que à “criatividade” ou, para ser mais específico, à cultura. Está bem que se abra mais espaço para o papel da “criatividade” num mundo do qual a indústria pesada está sendo cada vez mais banida ou expulsa para os países subdesenvolvidos, enquanto os desenvolvidos investem cada vez mais em “criatividade”, isto é, em P&D (pesquisa e desenvolvimento) e em I&T (informação e tecnologia). Mas temos de ver, ainda, como me perguntava o jornalista de Porto Alegre, como pode de fato a economia criativa beneficiar a cultura. O papel da universidade na produção cultural brasileira
A Universidade de São Paulo, e talvez aconteça o mesmo aqui (na UFRGS), tem uma participação importante na preparação do profissional que depois vai produzir cultura.Mas ela mesma, diretamente, não produz cultura nem se abre para a cultura. A Universidade de São Paulo, por exemplo, tem uma orquestra sinfônica que se exibe publicamente, tem um cinema voltado para o publico de seu campus em São Paulo, tem uma editora que publica livros importantes (embora livros de teoria, não “de cultura em seu grau zero” como costumo defini-la: a literatura). Mas a universidade não é um player da cultura, como se diz. Talvez não deva ser. Mas isso não quer dizer que ela tenha de continuar sendo tão desculturalizada como é. Todo o sistema de ensino no Brasil é desculturalizado, em alto grau. Culturalizar o ensino, inclusive na universidade, poderia ser a maior contribuição da universidade para a cultura ou para a economia criativa da cultura...
A universidade brasileira, tradicionalmente, não produz cultura propriamente dita: ela prepara para a cultura, com cursos voltados para isso. Habitualmente, a universidade brasileira faz pesquisas sobre a cultura, pensa a cultura como objeto mas não a gera – nem a ministra.
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R elato de u m o b servador da cultura A convite da Faculdade de Ciências Econômicas e do Departamento de Difusão Cultural da UFRGS, o músico e escritor Alvaro Santi apresenta seu olhar sobre a fala de Arjo Klamer e Teixeira Coelho na abertura do Observatório de Economia Criativa da UFRGS. Abaixo, reproduzimos seu relato.
Para marcar o lançamento do Observatório de Economia Criativa da UFRGS - parte de uma rede projetada pelo Ministério da Cultura com participação de seis universidades federais, já implantado em Goiás e no Rio de Janeiro - a Universidade promoveu, em agosto, duas atividades: o curso Economia da Cultura, Gestão e Desenvolvimento e uma série de encontros intitulados Conexões Criativas. Para a abertura, no dia 11, estiveram em Porto Alegre dois convidados de peso: Arjo Klamer, professor da Universidade Erasmus de Roterdam e (segundo a página dessa universidade) titular da única cátedra de Economia da Cultura no planeta; e José Teixeira Coelho Netto, coordenador e curador do Museu de Arte de São Paulo (MASP) e autor do imprescindível Dicionário Crítico de Política Cultural (Iluminuras, 2012; disponível também na rede, grátis) e uma das principais autoridades brasileiras sobre este tema.
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Para iniciar, Klamer defendeu a análise econômica como uma ferramenta importante para a crítica das políticas culturais, pouco usada entre nós, partindo do conceito clássico de “disposição de pagar” (willingness to pay ou WTP), utilizado pela teoria econômica para estimar o valor de um bem público - aquele que, por essência, não pode ser negociado no mercado, mas tem valor inegável para a sociedade, como o ar puro ou a segurança pública. O valor de tais bens pode ser estimado teoricamente com base naquilo que os cidadãos estariam dispostos a pagar pela sua existência ou manutenção, cabendo geralmente ao Estado arcar com esses gastos. Tradicionalmente, o conceito estende-se a boa parte dos bens culturais, pois não obstante existir um mercado de troca para produtos culturais, a conservação do patrimônio histórico não costuma ser atividade economicamente rentável. Klamer argumenta, contudo, que ao pagarmos pelo ingresso num museu, seu valor não teria necessariamente relação com o valor que atribuímos ao patrimônio ali exposto, mas somente pelo direito de ingressar num prédio. Assim como, ao comprar uma casa, não recebemos um lar, a experiência que podemos ter dentro de um museu é inestimável porque subjetiva, e além disso depende de nossa participação ativa para acontecer.
De forma similar, os novos modelos de negócios da nossa era da Internet, capitaneados por Facebook, Google e Youtube, entre outros, não têm qualquer valor sem o conteúdo aportado por nós, seus usuários. Klamer deriva daí uma definição de arte como conversação, cujo valor emerge somente quando compartilhamos nossos gostos e experiências com outros seres humanos. Ele acredita que os subsídios públicos às instituições culturais europeias dificultam a percepção desse fato pelo cidadão que, de outra forma, poderia participar de forma mais ativa e direta no financiamento dessas instituições, com base não numa disposição não de pagar, mas de compartilhar, de estar próximo dos processos criativos e ao mesmo tempo estimulá-los. Já Teixeira Coelho trouxe à baila o texto escrito nos anos 1930 pelo economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946), “Possibilidades econômicas para nossos netos”. Num momento de pessimismo generalizado devido à Grande Depressão, Keynes (que foi também o primeiro presidente do Arts Council da Inglaterra, que veio a se tornar um modelo no fomento às artes no mundo ocidental), previa que no século XXI, satisfeitas as necessidades básicas do ser humano graças ao progresso que se vislumbrava como consequência de inovações tecnológicas então recentes como a eletricidade, poderia dar-se ao luxo de trabalhar 15 horas semanais.
Aparentemente, o que deu errado nessa utopia é que, uma vez satisfeitas as necessidades básicas, sempre surgem novas necessidades artificiais, que nos estimulam a trabalhar cada vez mais, a fim de adquirirmos novos bens, mesmo desnecessários. Entre estes estão justamente os produtos culturais, cuja compreensão e apreciação, segundo o francês Pierre Bourdieu (1930-2002), servem para o indivíduo como um modo de distingui-lo em sociedade, seja pelo poder aquisitivo, seja pela educação refinada (ou “cultura”, num sentido já meio antiquado). Recuperando um passado muito recente, em que o ativismo cultural no Brasil, começou a chamar atenção para a importância econômica das artes (argumento que no fundo não teve muita eficácia na esfera política), Teixeira alerta para um perigo embutido nesse argumento, essencial ao conceito de Economia Criativa, que é a instrumentalização da cultura como “ferramenta de negócios”, especialmente quando porque a ênfase tende a recair nos negócios, não na cultura. Ressaltando não ter críticas à existência de um mercado de bens culturais, onde se realizam negócios, ele acredita no entanto que a estratégia da Economia Criativa traz riscos para o cenário brasileiro, onde o subsídio às artes e à indústria cultural é ínfimo se comparado, por exemplo, ao que se concede à indústria automobilística.
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artes v i sua i s
O G ua í b a p or A c h utt i
Nos meses de setembro, outubro e novembro, os transeuntes dos campi Centro e Vale terão a oportunidade de acrescentar em seus itinerários a arte fotográfica. Luiz Eduardo Robson Achutti, professor do Instituto de Artes e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRGS, apresentará seu mais recente trabalho autoral, O Guaíba por Achutti, em 28 imagens de 1,5x1metros dispostas em estruturas externas e iluminadas. Doutor em Antropologia Social, Achutti possui uma carreira marcada por diversas exposições pelo Rio Grande do Sul e no exterior, além de inúmeras publicações, como Fotoetnografia, um estudo sobre cotidiano, lixo e trabalho (1997), L’Homme sur la photo, manuel de photoethnographie (2004), Fotoetnografia da Biblioteca Jardim (2004), Iberê por Achutti (2004), A Matéria Encantada – Xico Stockinger por Achutti (2008), e, mais recentemente, O Guaíba por Achutti (2014). Neste último trabalho, através de imersões fotográficas pelo Guaíba durante dois anos, o autor prima por um olhar que capture imagens do lago (ou rio) com forte valor estético, valorizando uma visão pessoal, lírica e livre. A Exposição Externa O Guaíba por Achutti inaugura o uso de estruturas especificamente confeccionadas para mostras fotográficas em espaços abertos da UFRGS. Ocupando áreas de grande movimento em diferentes campi, este equipamento cultural tem por objetivo difundir trabalhos fotográficos, em especial de autores vinculados à Universidade, a um amplo público caracterizado pela heterogeneidade. Alunos, servidores (docentes e técnicos), prestadores de serviço e os diversos públicos que se apropriam dos espaços das UFRGS em suas rotas diárias serão surpreendidos pelas exposições que, entre outras características, se destacarão como intervenções artísticas no espaço cotidiano, desencadeando, assim, diversas formas de relações afetivas entre os públicos e as obras. Pela segunda vez, Achutti compartilha com a comunidade da UFRGS a sua obra fotográfica. Em 2011 participou do Projeto Percurso do Artista, através de sua sensibilidade revelou cores, sombras e expressões de forma singular.
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Na constante busca por criar condições para a difusão de produções e a valorização de seus discursos estéticos, o Departamento de Difusão Cultural convida todos para prestigiarem a mostra. Ou, como nas palavras de Achutti:
(...) Faltava a minha própria homenagem ao rio que vi do alto, a minha primeira praia – o rio de projetar sonhos de criança, adolescente e jovem adulto. Agora, consegui do meu jeito e como eu quis: olhei o Guaíba como pude, esperando que os outros sigam olhando e também rendendo suas homenagens (O Guaíba por Achutti, 2014, página 157)
Rafael Derois Coordenador da Exposição Externa O Guaíba por Achutti
O GUAÍBA POR ACHUTTI Fotografias de Luiz Eduardo Robinson Achutti Abertura com visitação mediada pelo autor 04 de setembro, no pátio central do Campus Centro da UFRGS – Av. Paulo Gama, 110, às 18h30. Visitação De 05 de setembro a 10 de outubro – segunda a sexta das 07h30min às 22h – sábados das 07h30min às 14h. Local: pátio central do Campus Centro da UFRGS Av. Paulo Gama, 110. De 28 de outubro a 27 de novembro – segunda a sexta das 07h30min às 22h – sábados das 07h30min às 14h Local: pátio central do Campus Vale - Av. Bento Gonçalves, 9500
artes v i sua i s
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artes v i sua i s Iun i foto
A demanda por uma relação com a universidade – proposição do projeto Unifoto 2014, em homenagem aos seus 80 anos –, além do próprio tempo disponível para converter a ideia em matéria, foram não só normativos como também norte de parte do processo poético que intento apresentar nessas fotografias. O espaço em que geralmente habito como aluno ou bolsista e que, após um mergulho livre, transformou-se também em espaço criativo. Sobreposições sob o espaço se apresenta assim como uma imersão na atmosfera da universidade, uma busca por perceber e capturar a efemeridade de sua migração transitória, o hábito cotidiano e a habitação vaga que preenche e esvazia seu espaço no tempo.
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Guilherme Bragança
unifoto - sobreposições Data: 11 de agosto a 13 de outubro Local: Saguão da Reitoria da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
un i foto Ciência, substantivo feminino A exposição “Ciência, substantivo feminino”, de Ana Taís Martins Portanova Barros, professora de fotografia do Departamento de Comunicação, com curadoria de Mario Bitt-Monteiro, apresentará retratos das cientistas da UFRGS que se encontram no topo de suas carreiras de pesquisa como forma de homenagem à presença feminina na ciência no aniversário de 80 anos da universidade e de incentivo às jovens pesquisadoras para ingresso na carreira científica. É fato que as mulheres se encontram sub representadas nos cargos de maior destaque da academia. Somente 5% dos pesquisadores em Física em nível 1A (CNPq) são mulheres. Em Ciências da Saúde, as mulheres já são maioria no ingresso, mas não passa de 20% o total de pesquisadoras 1A na mesma área. Mesmo as mulheres que atingiram os cargos mais altos mantêm um perfil de invisibilidade, o que torna ainda mais difícil para as jovens encontrarem padrões de comportamento profissional nos quais se espelharem. Para trilharem a carreira científica, as mulheres enfrentam as barreiras tradicionais de todas as atividades laborais, tais como conciliar o trabalho e a família.
A conciliação entre o mundo doméstico e o mundo do trabalho para a mulher que se dedica à ciência traz dificuldades adicionais, como o trabalho sem horário específico, a necessidade de viagens para defender seus estudos ou para buscar recursos financeiros e o ambiente agressivo do processo de referee dos artigos. A série de fotos busca representar estas pesquisadoras que conseguiram vencer todas estas barreiras e que são uma inspiração para as jovens que ainda buscam os caminhos para exercer uma profissão.
unifoto - ciência, substantivo feminino Data: 15 de outubro a 15 de novembro Local: Saguão da Reitoria da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
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p rojetos es p ec i a i s
ufrgs cr i an ç a
No dia da criança, a universidade abre suas portas para receber as famílias que constroem este espaço acadêmico. Com uma programação realizada a partir do engajamento de várias unidades acadêmicas, o UFRGS Criança é um projeto que une todas as esferas da Universidade, que transformam o espaço formal de ensino em um espaço lúdico para as crianças de nossa Universidade, através de brincadeiras e atividades artístico-culturais. Em 2013, em sua primeira edição, o evento reuniu 2000 crianças, que brincaram, pintaram, escutaram historias, praticaram esportes e experimentaram diversas expressões artísticas. No dia 12 de outubro de 2014, esperamos você para prestigiar uma programação renovada e ampliada.Confira algumas atrações: Mandinho, expressão típica da cidade de Pelotas (onde Leandro Maia reside), é uma referência carinhosa à primeira infância, um termo representativo das variantes linguísticas da metade sul do Estado, mais especificamente na fronteira com o Uruguai. Situações cotidianas e histórias fantasiosas nutriram o trabalho, marcado pela magia e sensibilidade, em gêneros como samba, baião, maçambique, maracatu, frevo, valsa, afoxé, milonga e chamamé e ritmos de outros países como polca, tango, candombe e chacarera. O álbum foi eleito melhor disco infantil lançado em 2013 no Rio Grande do Sul e indicado ao Prêmio Açorianos de Música como melhor espetáculo. No palco, ao lado de Leandro (voz e violão) estarão Felipe Karam (violino e rabeca), Luke Faro (bateria), Miguel Tejera (baixo elétrico) além das bailarinas-bonequeiras Denise Anjos, Gessi Almeida e Thaís Prestes. O espetáculo conta com a Direção de Maria Falkembach e sonorização de Pedrinho Figueiredo.
ufrgs criança Data: 11 de outubro Horário: 9h às 15h Local: Campus Central
Receptivo em frente a Rádio da UFRGS
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Alguns Outsiders
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Meus companheiros da Nouvelle Vague
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CINEMA
F ran ç o i s T ruffaut: O s f i l m es de u m a v i da Nos próximos meses a Sala Redenção apresenta os dois capítulos finais do livro Os filmes de minha vida*, de François Truffaut. No mês de setembro a programação finaliza o capítulo intitulado Alguns Outsiders, com a exibição de filmes dos diretores Norman McLaren, Federico Fellini, Roberto Rossellini, Orson Welles; exibe também filmes em que os atores Humphrey Bogart e James Dean atuaram – já que para o crítico tais atores são a perfeita encarnação da figura outsider. Alguns deles, já exibidos na programação, voltam agora por serem também comentados no capítulo em questão. Em outubro a programação contempla o capítulo intitulado Meus companheiros da Nouvelle Vague, no qual o crítico reúne, como ele mesmo comenta, textos que não são propriamente críticas, mas mais “textos circunstanciais”, escritos para chamar a atenção sobre alguns filmes num momento em que o cinema da nova onda sofria duras críticas. Em tal capítulo, Truffaut realiza, em uma seção intitulada André Bazin e o cinema da crueldade, uma homenagem ao crítico de cinema francês ao comentar fragmentos do texto de Bazin.
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François Truffaut
Na sessão que abre o mês de setembro, exibiremos curtas do animador escocês Norman McLaren. Em uma pequena crítica, datada de 1957, Truffaut comenta a respeito do filme intitulado Blinkity Blank (1955), de apenas quatro minutos, ao escrever que o diretor desenhou diretamente no negativo “um certo número de desenhos e figuras abstratas que compõem um balé erótico por meio do encontro de elementos machos com elementos fêmeas” (p. 297), e que o som também foi gravado diretamente sobre o filme. Para ele, McLaren consegue fazer uma plateia inteira rir com “uma simples curva entrevista em um oitavo de segundo e alguns ruídos sintéticos”. E afirma: “Blinkity Blank é uma obra que não se parece com coisa alguma que se fez em sessenta anos de cinema. Esse ‘pequeno grande filme’ de quatro minutos contém toda a fantasia de Giraudoux, o domínio de Hitchcock e a imaginação de Cocteau” (p. 297). Na sessão que abre a mostra do mês, exibiremos vários curtas de McLaren, que ficou conhecido pela técnica de fazer animação direto na película, como comentou Truffaut, riscando e desenhando, muitas vezes ao som de jazz.
CINEMA Em 1957, no calor da hora, Truffaut escreve a respeito do lançamento de As noites de Cabíria (1957) de Federico Fellini. Ao comentar que na saída da sessão de estreia o filme era fortemente criticado, ele observa que ao contrário dos produtores, distribuidores e técnicos, atores e críticos, que muitas vezes pensam que podem salvar um filme com tesouradas, ele acha essa prática detestável. “Sou partidário de defender ou atacar um filme como um todo: espírito, tom, estilo e respiração impõem-se ao mesquinho recenseamento de boas e más cenas. Pode ser que As noites de Cabíria seja o mais desigual dos filmes de Fellini, mas seus momentos fortes são tão intensos que para mim ele é o seu melhor filme” (p. 298). Para o crítico, Cabíria é a criação felliniana que completa a Gelsomina de A estrada da vida (1954), mas dessa vez “a técnica do personagem e da interpretação é chapliniana” (p. 299). Sobre Oito e Meio (1963), Truffaut escreve em 1963: “os filmes sobre medicina deixam os médicos horrorizados, os filmes sobre aviação exasperam os aviadores; Fellini, porém, conseguiu satisfazer o pessoal do cinema com Oito e Meio, cujo tema é o difícil parto de um diretor antes da filmagem” (p. 300). Para o crítico, a riqueza do filme reside justamente na forma como ele mostra a figura de um diretor. “Fellini mostra, em primeiro lugar, que um diretor é um homem que todo mundo chateia da manhã à noite com perguntas que ele não sabe, não quer ou não pode responder. Sua cabeça está cheia de pequenas ideias divergentes, de impressões, de sensações, de desejos nascentes, e exige-se dele certezas, nomes precisos, cifras exatas, indicações de lugar e de tempo” (p. 300). E finaliza: “Os diretores que foram mais ou menos atores, os atores que passaram pelo circo, os cineastas que foram roteiristas, aqueles que sabem desenhar geralmente possuem alguma coisa ‘a mais’. Fellini foi ator, roteiristas, homem de circo e desenhista. Seu filme é completo, simples, bonito, honesto, como que Guido quer realizar em Oito e meio” (p.300). Em 1963, Truffaut escreve longamente a respeito de Roberto Rossellini, com quem trabalhou como assistente durante três anos. Mesmo que durante este período o diretor italiano não tenha gravado “um único metro de filme”, o crítico sempre fez questão de afirmar que foram anos de grandes aprendizados. Desse convívio nasceu uma grande amizade e um conhecimento que faz com que Truffaut escreva a respeito de Rossellini com muita propriedade.
Segundo ele, o diretor italiano sabia muito bem que seus filmes eram diferentes dos outros “mas, saudavelmente, achava que eram os outros que deviam mudar e parecer-se com os seus” (p. 305). Escreve que o diretor criticava a indústria do cinema americano por basear-se na venda de projetores e na exploração; que os filmes hollywoodianos custavam caro para serem rentáveis e caros demais de forma consciente para, assim, desencorajar a produção independente. Para Rossellini, escreve Truffaut, era uma loucura a Europa querer imitar os filmes americanos e se os filmes custavam muito mais caro para serem concebidos e realizados de forma livre, que os europeus deveriam deixar de fazer filmes, “façamos esquemas de filmes, esboços”, dizia o diretor italiano. Ao que Truffaut afirma: “foi assim que Rossellini, segundo uma frase de Jacques Flaud, tornou-se o ‘pai da nouvelle vague francesa’. É verdade que sempre que vinha a Paris ele se encontrava conosco e assistia a nossos filmes amadores, lia nossos primeiros roteiros. [...] Rossellini, com efeito, foi quem primeiro leu os roteiros de Nas garras do vício (Beau Serge) e de Os incompreendidos (Les 400 coups). Foi ele quem deu a ideia de Mois, um noir, a Jean Rouch, depois de assistir Les maîtres fous” (p. 305). O que leva Truffaut a afirmar: “Seu rigor, sua seriedade e sua lógica tiraram um pouco do meu entusiasmo hipócrita pelo cinema americano. Rossellini detestava os créditos, os flashbacks e, de um modo geral, tudo o que é decorativo, tudo o que não está diretamente ligado à ideia do filme ou ao caráter dos personagens” (p. 305). [...] Com exceção de Vigo, Rosselini é o único cineasta que filmou a adolescência sem ternura e Os incompreendidos deve muito a seu Alemanha, ano zero (Germannia, anno zero).” Observa o crítico que, na sua opinião, o que tornou a carreira difícil do diretor italiano foi o fato de ele sempre ter tratado o público como um igual, sendo ele de uma Inteligência e uma vivacidade excepcional. “É por isso que ele não para, não explica, não desenvolve, não borda: lança rapidamente as ideias, uma após a outra”. Ao citar Jacques Rivette, Truffaut escreve: “’Ele não demonstra, mostra’, mas sua rapidez de raciocínio, sua lógica e sua extraordinária faculdade de assimilação fazem com que tome a dianteira e muitas vezes se livre do espectador” (p. 305). Para o crítico, tal faculdade de assimilação e a sede de generalidades contemporâneas são claramente legíveis no enunciado de sua filmografia: Roma cidade aberta (1945) fala de uma cidade; Païsá (1946) fala da Itália inteira, de sul a norte; Alemanha, ano zero (1948) fala do grande país vencido e destruído;
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Europa 51 (1952), do continente europeu reconstruído materialmente, mas não moralmente. Ao que afirma: “Sei que vou dizer uma coisa perigosa. Rossellini ama tanto o cinema como as artes em geral. Ele prefere a vida, ele prefere o homem. Nunca abre um romance, mas passa a vida se documentando. [...] Rossellini, na verdade, não é um ‘ativista’ nem ambicioso, ele é um curioso, um homem que se informa, um homem que se interessa mais pelos outros que por ele mesmo (p. 306). Outro diretor sobre quem François Truffaut escreve, em 1956, 1958 e 1967, é Orson Welles. Escreve ele que em função da segunda guerra, Cidadão Kane (1941) chegou à França com seis anos de atraso, sendo lançado em solo francês somente em 1946, sendo um momento muito especial para a nova geração apreciadora de cinema. “Depois da Libertação, estávamos descobrindo o cinema americano e queimando um a um os realizadores franceses que havíamos admirado durante a guerra” (p. 308). Ao mesmo tempo, foi justamente Cidadão Kane que, segundo o crítico, “desintoxicou-nos desse hollywoodianismo fanático e nos transformou em cinéfilos exigentes” (p. 310). Para Truffaut é evidente que este é o filme que mais despertou vocações de cineastas em todo mundo, ao mesmo tempo em que afirma que essa ideia parece curiosa, pois Orson Welles sempre foi descrito merecidamente como inimitável. “[...] É provável que Cidadão Kane tenha mexido tanto conosco devido ao seu duplo aspecto hollywoodiano e anti-hollywoodiano e também à sua juventude insolente e, finalmente, a um elemento forte, que é o espírito europeu de Orson Welles. Mais que as viagens que fez para fora da América, creio que foi a intensa e precoce vivência de Shakespeare que possibilitou a Welles uma visão antiamericana do mundo e o fez confundir e complicar arbitrariamente o conceito de herói, o do bem e o do mal” (p. 310). Segundo ele, o amor pelo filme de Welles se deve ao fato de ele ser total: psicológico, social, poético, dramático e barroco. Ao comentar que Cidadão Kane seria o primeiro e o único grande filme radiofônico da época – “por trás de cada cena há uma ideia sonora que lhe dá cor” (p. 312) –, ele faz a seguinte afirmação: “ Muitos cineastas sabem que é preciso seguir o conselho de Auguste Renoir: encher a imagem a qualquer preço, mas Orson Welles foi o único a compreender que era igualmente necessário encher o som a qualquer preço” (p. 313). Ou ainda, “Orson Welles teria o direito de julgar todos os filmes frouxos, planos estáticos, pois os seus são totalmente
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dinâmicos e passam diante de nossos olhos como música” (p. 314). Ao que finaliza: “o que há em comum em todos os filmes de Orson Welles é o liberalismo, a afirmação de que o conservadorismo é um erro. Os frágeis gigantes que estão no centro de suas fábulas cruéis descobrem que não se pode conservar nada, nem a juventude, nem o poder, nem o amor”. E para o crítico, os personagens dos filmes de Welles “são levados a compreender que a vida é feita de dilaceramentos” (p. 316). Humphrey Bogart sempre se divertia dizendo que nascera no dia de Natal de um ano em que todos os dias foram Natal: 1900. [...] Mau aluno, mau marinheiro, mau marido, ele esperava que o cinema fizesse dele o melhor em tudo (p. 324). “Cada início de frase revela uma dentadura vagabunda. Sua locução irregular favorece a vogal A e a consoante K. Sabemos que a palavra racket chega às raias da magia quando pronunciada por ele. A crispação do maxilar lembra irresistivelmente o ricto de um cadáver alegre, expressão última de um homem prestes a morrer sorrindo” (p. 327). Eis duas das muitas descrições feitas por Truffaut para apresentar um ator que, para ele, era a perfeita encarnação da figura do outsider. Segundo o crítico, aquilo que Bogart fazia, fazia melhor do que qualquer outro, inclusive, e acima de tudo, interpretar sem falar por mais tempo que qualquer pessoa. Com uma bela cara de durão (eis mais uma das descrições), “convinham-lhe o suor do esforço de Huston, a violência pensada com Nicholas Ray, e a inteligência fria e lúcida com Howard Hawks” (p. 321). Por isso, para Truffaut, Humphrey Bogard era um herói moderno para quem o filme de época não lhe convinha. Se a aparência do ator era moderna, no entanto, sua moral era clássica, e os melhores roteiristas e dialoguistas escreveram sob medida para ele os melhores roteiros e diálogos. Ao que diz: “Logo, pode-se falar da ‘obra escrita’ de Humphrey Bogart” (p. 326). Outro ator que é para Truffaut a perfeita encarnação da figura outsider é James Dean. “A interpretação de James Dean contradiz cinquenta anos de cinema; cada gesto, cada atitude mímica é um soco na tradição psicológica. [...] Ele não se preocupa em mostrar que está entendendo perfeitamente o que diz e melhor do que você. Ele interpreta uma coisa diferente do que pronuncia, interpreta ao lado da cena, seu olhar não acompanhará a conversa: desloca a expressão e a coisa expressa como, por sublime pudor, um grande espírito pronunciaria palavras fortes em um tom humilde para
Claude Lelouch, Jean-Luc Godard, François Truffaut, Louis Malle, Roman Polanski, Festival de Cannes, maio de 1968.
desculpar-se por ter gênio, para não importunar o outro” (p. 330). Para o crítico, a interpretação de Dean é mais animal que humana e é nisso que é imprevisível. Para ele, quando se tem a oportunidade de escrever um papel para um ator que desempenha fisicamente, calmamente, ao invés de filtrar com o cérebro, a melhor forma de realizar um bom trabalho é raciocinar abstratamente e talvez pensar que Dean é um gato, um felino, e também um esquilo. Ao que escreve: “Só resta escrever para James Dean cenas em que ele rastejará (entre feijões), rugirá (em uma delegacia), pulará de galho em galho, cairá de muito sem se machucar em uma piscina vazia. Gosto de pensar que foi assim que fizeram Elia Kazan, Depois Nicholas Ray e, espero, George Stevens” (p. 331). Ao que conclui: “Mais do que um ator, James Dean, em três filmes tornou-se um personagem, como Carlitos [...]. Graças à sensibilidade de Elia Kazan e Nicholas Ray, e ao seu sentido de ator, James Dean interpretou no cinema um personagem próximo ao que realmente era: um herói baudelairiano” (p. 331). “Pode ser que o título desse capítulo surpreenda. Em primeiro lugar [...] quis assumir minha condição de cineasta nouvelle vague, expressão que há dez anos tornou-se quase injuriosa para os críticos franceses e da maneira mais arbitrária do mundo.” (p. 33). Com essa colocação, François Truffaut introduz o capítulo Meus companheiros da Nouvelle Vague.
Na introdução escrita em 1975, o crítico faz questão de ressaltar que a nouvelle vague nunca foi uma escola ou um cube, mas que constituiu um movimento importante que ultrapassou fronteiras e pelo qual ele se sente solidário “por ter desejado ardentemente sua vinda”, por meio de seus artigos, a ponto de redigir em 1957 o que, para ele, seria o filme de amanhã, definição esta que ele chamou de “espécie de profissão de fé ingênua, mas convincente”. Em minha opinião, o filme do amanhã é ainda mais pessoal que um romance intimista e autobiográfico, uma confissão ou um diário. Os jovens cineastas irão exprimir-se na primeira pessoa e nos contarão tudo o que lhes aconteceu: poderá ser a história de seu primeiro amor ou do mais recente, a tomada de consciência política, uma narrativa de viagem, uma doença, o serviço militar, o casamento, as últimas férias... e isso irá fatalmente agradar porque será verdadeiro e novo. O filme do amanhã será um ato de amor. (p. 34). Para Truffaut, dependendo do critério, mais de um filme pode marcar o início da nouvelle vague: E Deus criou a mulher (1956), de Vadim, por ser o primeiro filme do jovem cineasta a fazer sucesso internacional; Mauvaises rencontres (1955) , de Alexandre Astruc, como bom exemplo de “filme de autor”. No capítulo em questão ele escolhe Noite e Neblina (1955), de Alain Resnais, devido à importância do filme e de seu diretor.
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Em 1955, Truffaut escreve a respeito de Noite e Neblina, e comenta que ao partir de fragmentos de cinejornais, fotografias, arquivos, combinando-os com imagens filmadas, Alain Resnais nos dá uma aula de história “inegavelmente cruel, mas merecida” (p. 337). Segundo o crítico, é praticamente impossível falar do filme com as palavras da crítica cinematográfica, pois “não se trata de documentário, denúncia ou poema, trata-se de uma meditação sobre o fenômeno mais importante do século XX” (p. 337). Para ele, a força do filme está contida no tom de “terrível doçura” que Alain Resnais e Jean Cayrol (“que escreveu a narração”) souberam encontrar e manter. “Nuit et brouillard é uma questão que diz respeito a todos nós: será que não somos ‘deportadores’, será que não poderíamos ter sido, pelo menos por cumplicidade?, questiona o crítico. No calor do momento, François Truffaut escreve em 1956: “E Deus criou a mulher, do qual tínhamos tudo a temer depois da campanha de propaganda gratuita realizada pela censura, é um filme sensível e inteligente, onde não se vê uma única vulgaridade; é um filme típico de nossa geração, pois é amoral (recusando a moral vigente sem propor nenhuma outra) e puritano (consciente dessa amoralidade e preocupado com ela). Não é um filme licencioso, é um filme lúcido e de grande franqueza” (p. 344).
Para ele, mesmo que o filme não seja perfeito – “o roteiro poderia ser melhorado, cinco ou seis mot d’auteur poderiam sair; o ritmo inexiste e a direção de atores é desigual” (p. 345) – o essencial é que o que há de bom nele realmente o é. Sem vulgaridade, nem mau gosto. Segundo o crítico, um filme intimista, filme “caderno de anotações”, que revela um novo diretor francês. Para comentar Os amantes (1958), de Louis Malle, Truffaut usa como ponto de partida justamente os filmes de Vadim. Escreve ele: “Os amantes é a síntese perfeita das audácias de um tímido: é fresco e natural, sem virtuosismo, sem artifício. Ao contrário dos filmes de Vadim, este é deliberamente desatual, sem valor de depoimento, pois o amor é eterno e o filme fala menos da mulher de hoje que da mulher em geral, a de Flaubert que também é a de Giraudoux. Os amantes talvez seja o primeiro filme giradouxiano” (p. 347). Sobre Trinta anos essa noite (1963), também de Malle, Truffaut escreve: “[...] Tenho mais argumentos inteligentes emitidos pelos detratores que pelos admiradores. Mas Trinta anos essa noite é um desses filmes dos quais tudo que se diz é verdade: sim, é sincero; sim, é muito despojado; há realmente uma falta de rigor, etc. Se ele tivesse caído na indiferença, porém, os adversários de Louis Malle teriam falado de disparate ou inépcia, mas nunca de impostura”. (p. 358).
André Bazin
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Sobre Nas garras do vício (1958), de Claude Chabrol, numa crítica escrita no ano de lançamento do filme, Truffaut escreve que tecnicamente o filme é dominado como se Chabrol se dedicasse à direção a mais de dez anos, lembrando que não era o caso, já que se tratava do seu primeiro contato com a câmera. “Em 1930, a vanguarda era A propos de Nice. Em 1958 é Tous les garçons s’appellent Patrick, de Jean-Luc Godard, com roteiro de Eric Rohmer”. Assim escreve Truffaut a respeito do curta, que para ele “é um preciosismo em forma de cinejornal do Tendre que tem o máximo rigor na imperfeição e o mínimo de imperfeição no rigor” (p. 349). Já sobre Viver a vida (1962) ele afirma: “um filme como Viver a vida nos leva constantemente aos limites do abstrato, depois aos limites do concreto e, sem dúvida, é esse equilíbrio que gera emoção” (p. 354). Para o crítico, o que importa, o que arrebata é o cinema emocionante, e não importa se essa emoção é criada artificialmente como em Hitchcock e Bresson ou “simplesmente nasça da comunicação emotiva do artista”, que para ele era o caso de Rossellini e Godard. Ao que finaliza: “Há filmes que admiramos e desencorajam [...]. Estes não são os melhores, pois os melhores nos dão a impressão de abrir as portas e também de que o cinema começa ou recomeça com eles” (p. 355). No caso, Viver a vida era para Truffaut um destes. Para o crítico francês, em Muriel (1963) de Alain Resnais a forte presença de Hitchcock não se deve somente às inúmeras citações e referências, mas também por uma influência “em profundidade” e em “múltiplos níveis”, o que faz com que ele considere o filme uma das mais justas homenagens prestadas ao diretor inglês. E declara: “Alain Resnais é o mais profissional dos cineastas franceses e também um dos raros que é realmente um artista” (p. 360). No capítulo Meus companheiros da Nouvelle Vague, Truffaut faz uma grande homenagem a André Bazin. Todos que pesquisam cinema sabem da importância de Bazin na vida, profissional e pessoal, de Truffaut. Foi ele quem indicou a Truffaut o primeiro trabalho ligado a cinema e se tornou uma espécie de pai adotivo. “Bazin me ensinou a escrever, corrigiu e publicou meus primeiros artigos nos Cahiers du Cinéma, levou-me progressivamente até a direção. Apaixonado por cinema, o “homem-cinema”, como o descreve Truffaut, estava em toda a parte onde eram exibidos filmes. Em 1942 torna-se um dos organizadores do Grupo de Cinema da Maison de Lettre; escreve seus primeiros artigos
em jornais estudantis e na Libertação torna-se crítico do Parisien Libéré, do Esprit , do L’observateur, do Radio-Cinéma-Télévision e co-redator-chefe dos Cahiers du Cinéma. “André Bazin nasceu a 18 de abril de 1918, em Angers. Morreu em 1958. Tinha quarenta anos e durante quinze anos foi o melhor crítico de cinema; seria mais exato escrever o melhor ‘escritor’ de cinema, pois Bazin empenhava-se em analisar e descrever os filmes muito mais que em julgá-los” (p. 378). Assim inicia a seção intitulada André Bazin e o cinema da crueldade, no qual Truffaut comenta alguns pontos do texto de Bazin a respeito de cineastas que têm como ponto em comum um estilo muito particular e uma visão subversiva, no caso, o ator e diretor Von Stroheim, Luis Buñuel, Hitchcock e Akira Kurosawa. Para Truffaut, cada um dos diretores exerceu – e ainda exerce - uma influência sobre o cinema mundial e por trás de seus filmes encontramos “um moralista”. Segundo o crítico, a obra de cada um desses diretores, a partir do exemplo de Von Stroheim, os transforma em “um cineasta da crueldade”. Von Stroheim (que estreou como ator em O nascimento de uma Nação, de D. W. Griffith), é ‘filho de Griffith, de Carl Dreyer e de Renoir’, como quase todos os cineastas que iniciaram sua carreira a partir de 1918, desejando igualar o que há de melhor no cinema mudo” (p. 380). Stroheim realizou apenas nove filmes, e deixou de dirigir com o advento do cinema falado, tornando-se símbolo do cinema maldito. No festival de Cannes de 1954, Bazin encontra Buñuel, depois de dois anos de troca de correspondências. A influência de um na vida do outro é bastante grande e já na época Bazin havia escrito uma importante análise sobre Os esquecidos, de Buñuel. “Muito instintivo [...] e muitas vezes atraído pelo irracional, Buñuel era fascinado pela lógica e pelo rigor de Bazin [...]”. Se muitos artistas têm – principalmente em cinema –o costume de ironizar sobre as intenções secretas que os críticos lhe emprestam, esse não foi o caso de Buñuel ao descobrir que Bazin via nele, em primeiro lugar, um moralista. (p. 383). Segundo Truffaut, mesmo que Bazin nunca tenha admirado plenamente o trabalho de Hitchcock, para ele o francês descreve os filmes do diretor inglês melhor do que muitos de seus admiradores. “Bazin, como diríamos hoje, seria alérgico a Hitchcock?
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Ou ainda: “Hitchcock, penso eu, não é menos angustiado e desesperado de que Ingmar Bergman, mas seu pessimismo é mais secreto, sua obra proibindo até mesmo uma certa nobreza de intenção que a tornaria mais lisível e colocaria o suspense como pano de fundo” (p. 384). Truffaut termina as notas comentando o estudo sobre o cinema japonês, realizado por Bazin – em particular sobre o de Akira Kurosawa. Segundo ele, Bazin foi o primeiro a pressentir a importância e a influência que o cineasta japonês exercia no resto do mundo. “Por exemplo: Sete homens e um destino (The magnificente seven), de John Sturges, é uma refilmagem de Os sete samurais (Shichinin no Samurai), de Kurosawa, filme que levou Ingmar Bergman a realizar um de seus filmes mais famosos: A fonte da Donzela [...]”. Assim, chegamos ao final do livro e desta programação tão especial. Foram oito meses de programação intensa, construindo por meio das críticas escritas por François Truffaut, uma grande parte da história do cinema mundial. O crítico dedicou o livro a Jacques Rivette, seu grande companheiro de cinefilia. No capítulo final, em Meus companheiros da Nouvelle vague, Truffaut faz uma menção especial a Jacques Rivette, pois, segundo ele, não haveria nouvelle vague sem Rivette. Mesmo que seu primeiro longa Paris nos pertence (1961), tenha sido lançado apenas três anos e meio depois de ter começado a ser filmado – “um acontecimento para cada membro da equipe, ou de nossa máfia se preferirem” (p. 350) – a partida para que todos filmassem foi dada por Rivette, com seu curta O Truque do Pastor (1957) . “O exemplo de Le coup du Berger me fez filmar Les mistons e decidiu Claude Chabrol a tentar a aventura do longa com Nas garras do vício e, ao mesmo tempo, curta-metragistas de renome como Alain Resnais e Georges Franju recebiam propostas para realizar um primeiro longa. Fora dada a partida” (p. 351). Segundo o crítico, Jacques Rivette era, de todos eles, o mais ferozmente determinado a passar à ação. Para Truffaut, Rivette era “o mais fanático de nosso bando de fanáticos” (p. 352), que tomava as iniciativas e que os fazia trabalhar. “Apesar de ter escrito pouco, Jacques Rivette, pela exatidão de seus julgamentos, influenciou toda a jovem crítica. [...]” (p. 353). Paris nos pertence – um filme-fleuve, como cita Truffaut - foi lançado em 1961, após um grande trabalho de Rivette e também depois que Truffaut e Chabrol resolveram se tornar coprodutores do filme. Na programação não foi possível incluir este filme,
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mas para abrir a mostra de outubro, teremos a sessão de A Religiosa (1966) comentada por Milton Do Prado, professor do curso Realização Audiovisual da Unisinos, que dedicou seu mestrado a Jacques Rivette. Em novembro, mês em que a UFRGS comemora 80 anos, e logo após completarem-se os 30 anos da morte do diretor francês, teremos a Mostra François Truffaut: o homem que amava o cinema. No dia 10 de novembro, contaremos com a presença do estudioso e crítico de cinema (um dos biógrafos de Truffaut) Antoine de Baecque, que dará conferência sobre o cinema francês dos anos 1960, o movimento nouvelle vague e a filmografia de François Truffaut.
*TRUFFAUT, François. Os filmes de minha vida. São Paulo: Editora Nova Fronteira, 1979.
Tânia Cardoso de Cardoso Coordenadora e curadora da Sala Redenção – Cinema Universitário.
CINEMA
SETEMBRO
Roma, cidade aberta
Alguns Outsiders
Oito e meio
Blinkity Blank 01 de setembro – 2ª feira – 16 h 10 de setembro – 4ª feira – 16 h (Blinkity Blank, Canadá, 1955, 5 min) Dir. Norman McLaren É um filme de quatro minutos, colorido, filmado sem câmara. McLaren desenhou diretamente no negativo certo número de desenhos e figuras abstratas que compõem um ballet erótico por meio do encontro de elementos masculinos e femininos. O som também foi gravado diretamente sobre o filme.
02 de setembro – 3ª feira – 19 h 03 de setembro – 4ª feira – 16 h (8 ½, Itália, 1963, 138 min) Dir. Federico Fellini Prestes a rodar sua próxima obra, o cineasta Guido Anselmi (Marcello Mastroianni) ainda não tem ideia de como será o filme. Mergulhado em uma crise existencial e pressionado pelo produtor, pela mulher, pela amante e pelos amigos, ele se interna em uma estação de águas e passa a misturar o passado com o presente, ficção com realidade
+ curtas de Norman McLaren Duração de 100 min
04 de setembro – 5ª feira – 19 h 05 de setembro – 6ª feira – 16 h (Roma, Città Aperta, Itália, 1945, 97 min) Dir. Roberto Rossellini O filme retrata a ação da resistência italiana durante a ocupação nazista de Roma ao final da 2ª Guerra.
Europa 51 05 de setembro – 6ª feira – 19 h 08 de setembro – 2ª feira – 16 h (Europa ’51, Itália, 1952, 113 min) Dir. Roberto Rossellini Irene, uma mulher da alta sociedade, leva uma vida cheia de compromissos e mal tem tempo para cuidar do filho, um garoto muito sensível de 12 anos
Alemanha, ano zero
As noites de Cabíria 01 de setembro – 2ª feira – 19 h 02 de setembro – 3ª feira – 16 h (Le Notti de Cabiria, EUA/Itália, 1957, 117 min) Dir. Federico Fellini Cabíria (Giulietta Masina) é uma jovem romântica e ingênua que se prostitui para sobreviver. Mesmo enfrentando muitas dificuldades, ela demonstra uma confiança impressionante e sonha com o verdadeiro amor enquanto sofre
03 de setembro – 4ª feira – 19 h 04 de setembro – 5ª feira – 16 h (Germania, Anno Zero, Itália, 1948, 72 min) Dir. Roberto Rossellini Na cidade de Berlim, em ruínas, logo após o final da Segunda Guerra, Edmund, um garoto muito pobre, trabalha para sustentar o pai doente e os irmãos mais novos.
Francisco, arauto de Deus 08 de setembro – 2ª feira – 19 h 09 de setembro – 3ª feira – 16 h (Francesco, Giullare di Dio, Itália, 1950, 83 min) Dir. Roberto Rossellini O filme dramatiza uma série de doze vinhetas em que são narradas as proezas de São Francisco de Assis e seus primeiros seguidores, em seu percurso por várias cidades italianas a fim de pregar e praticar aquilo que consideram a suprema felicidade.
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CINEMA
De crápula a herói 09 de setembro – 3ª feira – 19h 11 de setembro – 5ª feira – 16 h (Il Generale Della Rovere, Itália, 1959, 126 min) Dir. Roberto Rossellini Durante a Segunda Guerra, o impostor Emanuele Bertone, fingindo ser um coronel do exército italiano, explora seus compatriotas, prometendo interceder por seus familiares que foram presos pelos alemães.
stromboli
12 de setembro – 6ª feira – 19 h 15 de setembro – 2ª feira – 16 h (Stromboli, Itália, 1950, 102 min) Dir. Roberto Rossellini Na Itália, após o fim da 2ª Guerra Mundial, Karen (Ingrid Bergman), uma lituana, casa-se com um pescador, Antonio (Mario Vitale), para deixar de viver em Farfa, um campo de concentração.
A marca da maldade 16 de setembro – 3ª feira – 19 h (Touch of evil, EUA, 1958, 95 min) Dir. Orson Welles Ao investigar um assassinato, Ramon Miguel Vargas, um chefe de polícia mexicano em lua-de-mel em uma pequena cidade da fronteira dos Estados Unidos com o México, entra em choque com um corrupto detetive americano que utiliza qualquer meio para deter o poder.
Cidadão Kane Viagem à Itália
11 de setembro – 5ª feira – 19 h 12 de setembro – 6ª feira – 16 h (Viaggio in Italia, Itália, 1953, 80 min) Dir. Roberto Rossellini Um casal viaja à Itália para vender uma vila que herdaram perto de Nápoles. Quando saem do ambiente londrino e se encontram numa paisagem amena, os dois experimentam sentimentos esquecidos, como ciúmes e ressentimentos.
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15 de setembro – 2ª feira – 19 h 16 de setembro – 3ª feira – 16 h (Citizen Kane, EUA, 1941, 119 min) Dir. Orson Welles A ascensão de um mito da imprensa americana, de garoto pobre no interior a magnata de um império dos meios de comunicação.
O estranho 17 de setembro – 4ª feira – 16 h (The stranger, EUA, 1946, 95 min) Dir. Orson Welles Charles Rankin (Welles) aparenta viver a vida perfeita. Ele tem uma bela e nova esposa (Loretta Young), um respeitável cargo em uma faculdade proeminente e uma charmosa casa na idílica cidade de Conneticut. Sua esposa começa a revelar-se, no entanto, com a chegada do Detetive Wilson (Edward G. Robinson), da Comissão de Crimes de Guerra.
CINEMA
A condessa descalça
18 de setembro – 5ª feira – 16 h (The Barefoot Contessa, EUA, 1954, 130 min) Dir. Joseph L. Mankiewicz Com extraordinária beleza, talento e graça, a dançarina espanhola Maria Vargas (Ava Gardner) nasceu para tornar-se uma estrela. Ajudada pelo diretor de cinema americano Harry Dawes (Humphrey Bogart), ela alcança grande sucesso e fortuna na terra de sonhos de Hollywood.
A floresta Petrificada
19 de setembro – 6ª feira – 19 h 22 de setembro – 2ª feira – 16 h (The petrified forest, EUA, 1936, 82 min) Dir. Archie L. Mayo Nos anos 30, na paisagem desolada do nordeste do Arizona, na região conhecida como Floresta Petrificada, o jovem viajante caronista Alan Squier pára para jantar. No lugar ele conhece a garçonete romântica Gaby, que logo se interessa por ele.
O falcão maltês 23 de setembro – 3ª feira – 19 h (The maltese falcon, EUA, 1941, 100 min) Dir. John Huston Uma galeria de pessoas desonestas está envolvida na busca a uma joia incrustada num falcão. O detetive Sam Spade (Humphrey Bogart) quer descobrir porque e quem pegará a peça.
À beira do abismo
A Trágica Farsa 18 de setembro – 5ª feira – 19 h 19 de setembro – 6ª feira – 16 h (The Harder They Fall, EUA, 1956, 108 min) Dir. Mark Robson Humphrey Bogart é Eddie Willis, um jornalista de esportes que une forças com o corrupto promotor de boxe Benko (Rod Steiger). Juntos, eles planejam enganar Toro Moreno (Mike Lane), um tolo gigante de mais de dois metros de altura, e o público fazendo todos crerem que Moreno tem uma oportunidade de
Seu último refúgio
22 de setembro – 2ª feira – 19 h 23 de setembro – 3ª feira – 16 h (High Sierra, EUA, 1941, 100 min) Dir. Raoul Walsh Big Mac (Donald MacBride), um chefão do crime, quer que Earle (Humphrey Bogart) comande um roubo num hotel luxuoso em uma estância de férias na Califórnia. Mas Earle está preso há oito anos por assalto a banco, e no entanto, é solto por um indulto concedido pelo governador, através da influência de Big Mac.
25 de setembro – 5ª feira – 16 h (The big sleep, EUA, 1946, 114 min) Dir. Howard Hawks Los Angeles, anos 40. O detetive particular Philip Marlowe é contratado para ficar de olho na filha caçula de um general, mas acaba se envolvendo em uma complexa teia de assassinatos, chantagem e traição
ganhar o título mundial de boxe.
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CINEMA
Uma Aventura na Martinica
25 de setembro – 5ª feira – 19 h 26 de setembro – 6ª feira – 16 h (To Have And Have Not, EUA, 1944, 100 min) Dir. Howard Hawks O capitão de um pequeno barco (Humphrey Bogart) enfrenta várias complicações após ajudar um fugitivo da Resistência Francesa a fugir dos nazistas, em plena Segunda Guerra Mundial.
Vidas amargas
29 de setembro – 2ª feira – 16 h (East of Eden, EUA, 1955, 115 min) Dir. Elia Kazan Jovem rebelde disputa com o irmão as atenções do pai, que não esconde a preferência pelo outro filho. História baseada no romance de John Steinbeck.
Assim caminha a humanidade
A nave da revolta 26 de setembro – 6ª feira – 19 h (The Caine Mutiny, EUA, 1954, 124 min) Dir. Edward Dmytryk Durante a Segunda Guerra, o capitão de um navio insignificante chamado Pacific Fleet começa a mostrar instabilidade mental, o que coloca sua tripulação em risco.
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29 de setembro – 2ª feira – 19 h 30 de setembro – 3ª feira – 19 h (Giant, EUA, 1956, 201 min) Dir. George Stevens Filme épico que conta a vida de três gerações de famílias Texanas. Seus conflitos amorosos, disputas econômicas, preconceitos raciais, tudo entre a corrida pelo óleo negro é retratado de maneira única no cinema.
juventude transviada 30 de setembro – 3ª feira – 16 h (Rebel without a cause, EUA, 1955, 111 min) Dir. Nicholas Ray Jim Stark (James Dean) é um bom rapaz, mas que acabou tomando rumo errado na vida sem motivo aparente.
CINEMA
PA R C E I R O S D A S A L A REDENÇÃO
Ciclo de Cinema, História e Educação: O século XXI em cena: tempos extremos O ciclo de cinema, História e Educação: século XXI em cena: tempos extremos propõe aos participantes refletir sobre alguns acontecimentos e fenômenos do século XXI através de produções cinematográficas. O historiador Eric Hobsbawm demarcou o final do século XX em 1991. Nestes quase 25 anos deste novo século XXI pensar o tempo presente constitui-se em um exercício fundamental. O filme, como um artefato cultural, é portador de discursos sobre o mundo social. O curso é um desafio para lançar um olhar crítico sobre as narrativas cinematográficas, analisando como essas narrativas constroem visões sobre este novo século XXI, enfatizando os conflitos políticos, econômicos e culturais. O ciclo é um convite ao público interessado para refletir, através dos filmes, sobre as tensões de classe, gênero, sexualidade, raça, geração, nacionalidades presentes no século XXI.
Vozes que vêm da África: gentes e agentes
O onze de setembro da outra América: contrataque dos desesperados
As Torres Gêmeas 13 de setembro – sábado – 15h30min (World Trade Center, EUA, 2006, 129 min) Dir. Oliver Stone A história verídica do resgate e luta pela sobrevivência de dois policiais – John McLoughlin e Will Jimeno – que acabaram presos nos destroços do World Trade Center, no dia 11 de setembro de 2001, após entrarem no prédio para ajudar pessoas a escapar. Comentador: Arthur Lima de Avila (UFRGS) e Rafael Balardin (UNIPAMPA)
Mundo dos (des)trabalhos: “mal-estar” social, o retorno!
O Jardineiro Fiel 06 de setembro – sábado – 15h30min (The Constant Gardener, EUA, 2005, 128 min) Dir. Eric Rohmer Uma ativista (Rachel Weisz) é encontrada assassinada em uma área remota do Quênia. Perturbado pelas infidelidades da esposa, Justin Quayle (Ralph Fiennes) decide descobrir o que realmente aconteceu com sua esposa, iniciando uma viagem que o levará por três continentes. Comentador: José Rivair Macedo (UFRGS) e Éverton Quevedo (UNISINOS).
O Corte 27 de setembro – sábado – 15h30min (Le Couperet, França, 2005, 122 min) Dir. Costa-Gravas Bruno Davert (José Garcia) é um executivo francês que perde seu emprego. Dois anos depois ele continua desempregado, o que o leva ao desespero. Comentador: Diorge Alceno Konrad (UFSM) e Isabel Bilhão (UNISINOS).
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CINEMA
História da Arte e Cinema: Heterotopias
CineDHebate em Direitos Humanos
O ciclo é composto de filmes que permitem explorar temas da história da arte a partir da tela do cinema. A escolha dos filmes é orientada pelo propósito de discutir, após sua exibição, e a cada sessão, temas da história das artes visuais a partir da maneira como o cinema se associa a eles, explorando pontos de vista e variações interpretativas, modos de ser e de fazer compreensões sobre a arte. Coordenação de Luís Edegar Costa.
O objetivo do CineDHebate é propiciar uma reflexão crítica e fomentar debates abertos à comunidade universitária e à comunidade em geral sobre múltiplos temas em direitos humanos, em um diálogo com a linguagem e a mídia cinematográfica. A aproximação entre cinema e direitos humanos é uma importante forma de educação e promoção de uma cultura de direitos humanos. Coordenação de Giancarla Brunetto e curadoria de Nykolas Friedrich Von Peters Correia.
O fantasma do futuro
10 de setembro – quarta-feira – 19 horas (KôkasuKidôtai, Japão, 1995, 82 min) Dir. Mamoru Oshii A animação japonesa O Fantasma do Futuro é um filme de ficção científica de 1995, dirigido por Mamoru Oshii e baseado no mangá homônimo de Masamune Shirow. O filme nos mostra um mundo onde uma rede de inteligências constrói e se vê construída por uma vivência humana e suas singularidades orgânicas, manipulando a história humana, suas vicissitudes e os processos que possibilitam sua existência. Comentários: Bruno Dorneles (formado em Estudos Artísticos pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Portugal; licenciando em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS).
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Manderlay
24 de setembro – quarta-feira – 19 horas (Dinamarca, 2005, 139 min) Dir. Lars Von Trier Após deixarem para trás a cidade de Dogville, Grace (Bryce Dallas Howard) e o pai (Willem Dafoe) acabam por acaso nos portões da fazenda de Manderlay, no sul dos Estados Unidos. Lá, Grace descobre uma estrutura escravagista em pleno funcionamento, apesar de estarmos em 1933, quando já fora abolida a escravatura.
CINEMA
D e z essete A nos de J ornal da U n i vers i dade Ao completar 17 anos no mês de setembro, o Jornal da Universidade oferece a seus leitores e colaboradores a projeção do filme O mercado de notícias, de Jorge Furtado – um documentário sobre jornalismo a ser exibido no dia 17, às 19h, na Sala Redenção – Cinema Universitário. Ganhador dos prêmios de Jure Popular de Melhor Documentário do PE Festival de Audiovisual 2014, o roteiro do filme tem como linha condutora a peça homônima do Ben Jonson, The Stapleof News (1626), sendo a primeira tradução da obra do dramaturgo inglês para a língua portuguesa. Essa obra de Jonson é uma crítica bem-humorada a uma atividade recentemente criada, uma novidade em Londres: o jornalismo. Em seu filme, Furtado traz os depoimentos de treze importantes jornalistas brasileiros: Bob Fernandes, Cristiana Lôbo, Fernando Rodrigues, Geneton Moraes Neto, Janio de Freitas, José Roberto de Toledo, Leandro Fortes, Luis Nassif, Mauricio Dias, Mino Carta, Paulo Moreira Leite, Raimundo Pereira e Renata LoPrete. Intercalando cenas da peça e relatos que recuperam momentos emblemáticos do jornalismo brasileiro, os depoentes abordam o sentido e a prática profissional, as mudanças na maneira de consumir notícias, o futuro do jornalismo e também os casos recentes da política brasileira nos quais a cobertura da imprensa teve papel de destaque.
Segundo Jorge Furtado, O Mercado de Notícias “traça um painel sobre mídia e democracia, incluindo uma breve história da imprensa, desde o seu surgimento, no século 17, até hoje, destacando seu papel na construção da opinião pública, seus interesses políticos e econômicos”.Em seu documentário recém-lançado, o cineasta enfatiza dois aspectos presentes na peça de Jonson, que são: o debate sobre a credibilidade da notícia, “que inevitavelmente contraria e favorece interesses”, e a necessidade constante e crescente de informações, uma “demanda por notícias que acaba por se tornar entretenimento”. Este evento conta com o apoio da Gráfica da UFRGS.
O Mercado de Notícias (Brasil, 2014, 94min) Jorge Furtado
17 de setembro – quarta-feira – 19horas Jornalistas renomados discutem o papel da mídia e sua influência na democracia entre atos da peça cômica “O Mercado de Notícias”, de Ben Jonson. Uma viagem no tempo desde o surgimento da imprensa, no século XVII, até os dias de hoje, em que a sede por informação é cada vez maior.
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CINEMA
OUTUBRO Meus companheiros de Nouvelle Vague
noite e neblina
A religiosa 01 de outubro – 4ª feira – 19h 02 de outubro – 5ª feira – 16h 10 de outubro – 6ª feira – 19h (La religieuse, França, 1966, 135 min) Dir. Jacques Rivette No século XIII, Suzanne, uma jovem francesa, é forçada pelos pais a entrar para um convento e tornar-se freira. Durante este período, convive com três madres superioras. Adaptação da obra do iluminista Denis Diderot. Após a sessão do dia 01 de outubro, Milton do Prado, professor e coordenador do curso de Realização Audiovisual da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Sócio da produtora Rainer Cine, comentará sobre Jacques Rivette.
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01 de outubro – 4ª feira – 16h 14 de outubro – 3ª feira – 19h (Nuit et brouillard, França, 1955, 32 min) Dir. Alan Resnais Realizado em 1955, a partir de um convite feito ao cineasta pelo Comitê da História da Segunda Guerra Mundial, o filme tinha como objetivo comemorar o segundo aniversário da liberação dos campos de concentração.
e deus criou a mulher
02 de outubro – 5ª feira – 19h 03 de outubro – 6ª feira – 16h 13 de outubro – 2ª feira – 16h (Et Dieu...créa la femme, França, 1956, 92 min) Dir. Roger Vadim Década de 50, Saint Tropez. Juliete Christiane Hardy (Brigitte Bardot) é uma jovem orfã com um comportamento bem liberal, que é marginalizada pela sociedade local.
CINEMA
NAS GARRAS DO VÍCIO 03 de outubro – 6ª feira – 19h 06 de outubro – 2ª feira – 16h 13 de outubro – 2ª feira – 19h (Le Beau Serge, França, 1958, 94 min) Dir. Claude Chabrol François (Jean-Claude Brialy) retorna à sua cidade após um período de 12 anos. Lá passara toda sua infância, e percebe que não ocorreram muitas mudanças. Ele reencontra seu amigo Serge (Gérard Blain), que está com problemas no casamento em decorrência do vício pela bebida.
Charlotte e Véronique, ou Todos os rapazes se chamam Patrick 07 de outubro – 3ª feira – 19 h 08 de outubro – 4ª feira – 16 h (Charlotte et Véronique, ou Tousles garçons s’appelent Patrick, França, 1959, 21 min) Dir. Jean-Luc Godard Veronique e Charlotte são duas amigas estudantes que conhecem o mesmo homem em momentos diferentes. +
Trinta anos esta noite 08 de outubro – 4ª feira – 19 h 09 de outubro – 5ª feira – 16 h (Le feu follet, França, 1963, 110 min) Dir. Louis Malle Alain acaba de sair de um hospital, onde fazia um tratamento para desintoxicação alcoólica. Sua amante e amiga de sua ex-mulher – que o abandonou – deseja ajudá-lo. Alain volta a Paris e, através dos bares e dos velhos amigos, começa uma espécie de busca de si mesmo na reconstituição do passado.
Viver a vida os amantes
06 de outubro – 2ª feira – 19h 07 de outubro – 3ª feira – 16h (Lesamants, França, 1958, 90 min) Dir. Louis Malle Jeanne Moreau faz o papel de uma esposa do interior, obcecada por moda e cuja vida é bruscamente transformada por um homem jovem avesso à hipocrisia.
(Vivre sa vie: Film em douze tableaux, França, 1962, 83 min) Dir. Jean-Luc Godard Filme dividido em 12 quadros, com episódios desconexos. A jovem Nana (Anna Karina) abandona marido e filho para buscar uma carreira como atriz. Durante um período ela tenta ganhar dinheiro vendendo discos em uma loja, mas como não consegue o suficiente para sua sobrevivência, acaba recorrendo à prostituição. Após se apaixonar outra vez, Nana começa a repensar sua vida.
Muriel
09 de outubro – 5ª feira – 19 h 10 de outubro – 6ª feira – 16h 14 de outubro – 3ª feira – 16 h (Muriel ou le Temps d’un Retour, França, 1963, 115 min) Dir. Alain Resnais O enredo centra-se nos personagens de uma viúva e seu jovem enteado (Jean-Baptiste Thierree), ambos às voltas com difíceis lembranças que lhes perturbam o passado.
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CINEMA
André Bazine o cinema da crueldade
As três noites de Eva 15 de outubro – 4ª feira – 16 h 16 de outubro – 5ª feira – 16 h (The lady Eve, EUA, 1941, 94 min) Dir. Preston Sturges Charles Pike, um homem rico de gostos estranhos, no retorno de sua excursão pelo Amazonas, conhece uma golpista por quem logo se apaixona.
Os esquecidos
A idade do ouro
17 de outubro – 6ª feira – 19 h 20 de outubro – 2ª feira – 16 h (Los olvidados, México, 1950, 91 min) Dir. Luis Buñuel Este filme relata a vida marginal de um grupo de meninos, nos bairros
(L’Age D’or, França, 1928, 60 min) Dir. Luis Buñuel LuisBuñuel e Salvador Dalí criam imagens surrealistas que visam libertar o homem das amarras impostas pelo moralismo da sociedade e suas instituições. Um sonho polêmico que chegou a ser proibida em diversos países na época de seu lançamento.
pobres da cidade do México.
Nascimento de uma nação 16 de outubro – 5ª feira – 19 h 17 de outubro – 6ª feira – 16 h (The birth of a nation, EUA, 1924, 187 min) Dir. D. W. Griffith Um dos mais polêmicos filmes da cinematografia norte-americana, conta a saga de duas famílias, uma do norte e outra do sul em meio à guerra civil. O filme foi baseado na obra literária The Clansman, de Thomas Dixon, e chegou a estrear em Los Angeles com esse título. Um marco do cinema americano, é polêmico até hoje por causa do seu conteúdo racista, coloca a organização segregacionista Ku Klux Klan como a responsável pela restauração da política e do estilo de vida do sul após a derrota na guerra.
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Um cão andaluz 20 de outubro – 2ª feira – 19h 21 de agosto – 3ª feira – 16h (Um chien andalou, França, 16 min) Dir. LuisBuñuel Com roteiro co-escrito por Salvador Dalí, Luis Buñuel estreou como diretor e ator neste curta-metragem, o marco inicial do surrealismo no cinema. À luz da psicanálise, Buñuel e Dalí exploram o inconsciente humano, numa seqüência de cenas oníricas. +
Um corpo que cai 21 de outubro – 3ª feira – 19 h 22 de outubro – 4ª feira – 16 h (Vertigo, EUA, 1958, 129 min) Dir. Alfred Hitchcock Scottie Ferguson (James Stewart) é um detetive aposentado, que sofre de acrofobia (medo de altura). Ele volta à ativa quando Gavin Elster (Tom Helmore), seu amigo de faculdade, o contrata para seguir sua esposa, Madeleine (Kim Novak).
CINEMA
Psicose
23 de outubro – 5ª feira – 16 h 31 de outubro – 6ª feira – 16 h (Psycho, EUA, 1960, 109 min) Dir. Alfred Hitchcock Marion Crane rouba a firma em que trabalha e foge para recomeçar sua vida. Uma tempestade a faz parar num hotel de beira de estrada, onde é recebida pelo estranho, porém afável, Norman Bates, que cuida do lugar.
Marnie, confissões de uma ladra
23 de outubro – 5ª feira – 19 h 24 de outubro – 6ª feira – 16 h (Marnie, EUA, 1964, 130 min) Dir. Alfred Hitchcock Marnie Edgar (Tippi Hedren) é uma mentirosa e ladra que consegue um trabalho como secretária em uma firma.
Sete homens e um destino 24 de outubro – 6ª feira – 19 h 27 de outubro – 2ª feira – 16 h (The Magnificent Seven, EUA, 1960, 127 min) Dir. John Sturges Quando um pequeno vilarejo mexicano é aterrorizado pelo temido bandido Calvera (Eli Wallach) e sua gangue sanguinária, apenas sete homens têm a coragem, a ousadia e o poder de fogo para vir em seu socorro.
A fonte da donzela
29 de outubro – 4ª feira – 19 horas 30 de outubro – 5 ª feira – 16 horas (Jungfrukällan, Suécia, 1959, 90 min) Dir. Ingmar Bergman Num país dividido entre o cristianismo e o paganismo, um casal de cristãos fervorosos pede para a filha ir levar velas para a igreja do vilarejo.
Os sete samurais
27 de outubro – 2ª feira – 19 h 29 de outubro – 4ª feira – 16 h (Shichinin no Samurai, Japão, 1954, 160 min) Dir. Akira Kurosawa Durante o Japão feudal do século XVI, um velho samurai chamado Kambei (TakashiShimura) é contratado para defender uma aldeia indefesa que é constantemente saqueada por bandidos.
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CINEMA
PA R C E I R O S D A S A L A REDENÇÃO
As (des)venturas globalizadas: o Capital em crises, o retorno!
Ciclo de Cinema, História e Educação: O século XXI em cena: tempos extremos
Fronteiras e barreiras: identidades em crise
as loucuras de dick e jane
babel 04 de outubro – sábado – 15h30 (Babel, França/EUA/México, 2006 , 120 min) Dir. Alejandro González Iñarritu O filme conta a história de gente comum, vivendo em um mundo em constante transformação. A trama se desenvolve em diferentes locais do globo com personagens Comentadores: Natalia Pietra Méndez (UFRGS) e Adriana Dorfman (UFRGS).
11 de outubro – sábado – 15h30 (Fun with Dick and Jane, EUA, 2005, 90 min) Dir. Alejandro González Iñarritu Dick (Jim Carrey) e Jane (Téa Leoni) formam um casal que vive confortavelmente, até ele ser demitido. As dívidas se acumulam cada vez, deixando-os em estado caótico. Para manter o padrão de vida que levavam eles decidem realizar pequenos roubos. Comentários: Mathias Luce (UFRGS) e Moisés Waismann (UNILASALLE).
América Latina depois da ditadura: Viva Chile, mierda!
a dançarina e o ladrão 18 de outubro – sábado – 15h30 (El baile de la Victoria, Argentina, 1990, 127 min) Dir. Fernando Trueba Com a chegada da democracia do Chile, após a saída do ditador Augusto Pinochet do poder, o jovem Angel (Abel Ayala) e o veterano Vergara (Ricardo Darín) são anistiados. Enquanto Vergara está disposto a abandonar o crime para reencontrar-se com a família, Angel quer que ele o ajude em um golpe idealizado por um companheiro de prisão. Comentadores: Ananda Simões Fernandes (UFRGS) e Amadeu Weimann (UFRGS).
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CINEMA
Distopias, utopias e ficções: futuro incerto, o retorno!
Seguindo o passado e o presente de uma serigrafia produzida pelo artista Carlos Vergara em 1967, o documentário 5+5+ revela aspectos mundanos da arte, explorando seu papel na vida do artista, do marchand e do comprador, sem entrar em complicadas formulações teóricas. Comentários: Leonardo Garbin (artista gráfico licenciado em Artes Visuais pela UFRGS, pesquisador em artes e integrante do ateliê O Bestiário). Marcelo Monteiro (artista visual do Estúdio Hybrido e integrante do Núcleo de Gravura RS).
CineDHebate em Direitos Humanos Filhos da Esperança
25 de outubro – sábado – 15h30 (Children of men, EUA/Reino Unido, 2006, 109 min) Dir. Alfonso Cuarón 2027. Não se sabe o motivo, mas as mulheres não conseguem mais engravidar. O mais novo ser humano morreu aos 18 anos e a humanidade discute seriamente a possibilidade de extinção. Theodore Faron (Clive Owen) é um ex-ativista desiludido. Procurado por sua ex-esposa Julian (Julianne Moore), Theodore é apresentado a uma jovem que misteriosamente está grávida. Comentários: Rafael Hansen Quinsani (UFRGS) e Nikelen Witter (UNILASALLE).
História da Arte e Cinema: Heterotopias
O Homem Errado 22 de outubro – quarta-feira – 19 horas (The Wrong Man, EUA, 1956, 105 min) Dir. Alfred Hitchcock Em Nova York, em janeiro de 1943, um músico (Henry Fonda) de uma casa noturna tem a vida remexida quando a mulher (Vera Miles) precisa de 300 dólares para tratamento dentário e ele vai a um escritório para saber quanto pode conseguir de empréstimo com a apólice da sua mulher.
5+5+ 15 de outubro – quarta-feira – 19 horas (Brasil, 2010, 52 min) Dir. Rodrigo Lamounier
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CINEMA
10 º D i a Internac i onal da A n i m a ç ão e m Porto A legre Dia 28 de outubro – terça-feira Em sua 11ª edição no mundo e 10ª edição na capital gaúcha, o Dia Internacional da Animação é celebrado no Brasil e em outros mais de 30 países com uma sessão, simultânea e gratuita, de curtas-metragens de desenho animado nacionais e internacionais. No dia 28 de outubro, às 19h30, haverá exibições em mais de 230 cidades do país. Este é o maior evento simultâneo do gênero no país, que tem como principal objetivo difundir o cinema de animação, atraindo novos públicos e proporcionando aos espectadores o acesso a essa arte cinematográfica, institucionalizando esta data, como referência histórica da animação mundial no calendário de eventos culturais do Brasil. A realização do evento é da Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA). Desde 2012, a Sala Redenção – Cinema Universitário é parceira e sedia a programação do Dia Internacional da Animação em Porto Alegre. Neste dia, além da exibição das mostras Nacionais e Internacionais 2014, o público terá a oportunidade de estar em contato com as técnicas utilizadas no cinema de animação, através de workshops e oficinas sobre os Princípios da Animação, Stop-motion com massinha de modelar, Animação em 2D, entre outros. Workshop e Oficinas sobre Animação: a partir das 14h Sessão de curtas-metragens infantis: 16h Mostra Oficial dos curtas-metragens de animação nacionais e internacionais 2014 (duração aproximada: 2h) - 19h30min
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16h - Mostra Infantil (48 min) - Dalivincasso - Dir. Marcelo Castro e Marlo Tenório (11’) - Andar de Trem - Dir. Jon Russo (3’28”) - Ode a Sujeira - Dir. Guilherme Alvernaz (2’18”) - Sistema Digestório - Dir. Simon Pedro Brethé (2’08”) - Polvo Paul - Dir. Thomate (3’29”) - Erros - Dir. Rodrigo Soldado (9’19”) - Vida! - Dir. Gordeeff (2’59”) - Ninja - Dir. Marão (3’43”) - Super Plunf - Dir. Camila Kauling Rumpf e Henrique Luiz Pereira Oliveira (8’41”) 19h30 - Sessão oficial - MOSTRA NACIONAL - (58min) - Frivolitá, de Luis Seel – 1930 (03’00”) - Erros - Dir. Rodrigo Soldado (9’19”) - Lambada com Farinha – Dir. Thomate (4’37”) - Jam – Piscar de Olhos – Dir. Cesar Cabral (2’29”) - Fluxos – Dir. Diego Akel (2’42”) - A Pequena Vendedora de Fósforos – Dir. Kyoko Yamashita (9’12”) - Nightmare on Cork Street – Dir. Lucas Paio (1’00”) - Super Plunf – Dir. Camila Kauling Rumpf e Henrique Luiz Pereira Oliveira (8’41”) - O Sapato – Dir. Leandro Angare (3’59”) - Estrela – Dir. David Mussel (1’49”) - Guida – Dir. Rosana Urbes (11’20”) Destaque para o curta A pequena vendedora de fósforos, realização do Otto Desenhos Animados, de Porto Alegre. Sessão Oficial - Mostra Internacional (56 min) - Villa Antropoff – Dir. Kaspar Jancis e Vladimir Leschiov – Estônia, 2012, 13 min, 2D - Electric Soul - Dir. Joni Männistö - 5 min – Finlândia e Coréia do Sul, 2013 – Stop Motion - Fight - Dir. Steven Suboyinick – EUA – 4min - 2D. - Fly Mill - Dir. Anu-Laura – Estônia, 7 min 30 seg – Stop Motion - My Name Is Maria - Dir. Elio Quiroga Rodriguez – 04min - Espanha - 2010 – 2D - I Look & Move - Dir. Irina Neustroeva – 1min 30seg -Rússia, 2012 - Pixilation - La Funambola – Dir. Roberto Catani – 6 min – Itália, 2002 - 2D - Niespodzianka – Dir. Tereza Badzian – 10 min30seg – Polônia, Stop Motion - 1965 - Camera Takes Five - Dir. Steven Woloshen – 03min -Canadá, 2002 – Direto na película - En La Opera – Dir. Juan Pablo Zaramella - Argentina, 1 min - Stop Motion de massinha.
Mostra U n i vers i tár i a de C urtas - M O U C O projeto da Mostra Universitária de Curtas (MOUC) surgiu em 2013, criado e desenvolvido por Juliana de Melo Balhego, estudante de Publicidade e Propaganda da UFRGS. Atualmente a mostra conta com um grupo de 7 colaboradores: Ayenne Conceição, estudante de Relações Públicas; Bruna Antunes, estudante de Jornalismo; Daiane Pinheiro Janner, estudante de Relações Públicas; Felipe Rocha, estudante de Publicidade e Propaganda; Freddy Paz, graduado em Publicidade e Propaganda e Mariana Freitas, graduada em Teatro. A MOUC tem como objetivo integrar estudantes produtores de audiovisual e interessados em cinema. Por isso, a Mostra seleciona apenas filmes realizados como exercício ou atividade prática de uma disciplina acadêmica, a fim de estimular a produção audiovisual e levar esses curtas-metragens para um público maior.
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CINEMA
30 de outubro – quinta-feira – 19h Após a sessão, debate com cineasta Jorge Furtado
ÁGUA
Baba 105
(Brasil, 2013 , 15 min) Dir. Giulia Góes ( PUCRS) Filme baseado na tragédia ocorrida no dia 27 de janeiro de 2013, na cidade de Santa Maria.
(Brasil, 2013, 5 min) Dir. Felipe Bibian ( UFRJ) Encontrei a foto no fundo de uma gaveta. Um único registro. No verso, estava escrito: Vovó, já com 105 anos, mas ainda muito bem. Um filme de família.
Antes que me esqueçam
O QUE APRENDI COM O MEU PAI
(Brasil, 2013 , 13 min) Dir. Julia Sondermann ( PUCRS) Uma homenagem às memórias perdidas. Filmes caseiros e depoimentos reais constroem uma narrativa poética e atemporal.
(Brasil, 2013, 15 min) Dir. Getúlio Ribeiro ( UEG) Homem dirige por estrada e narra alguns assassinatos que cometeu no passado.
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CINEMA
VIDA (Brasil, 2013, 4min) Dir. Levi Magalhães (UFC) Um pequeno velhinho, em recorte, percorre e supera obstáculos em cima de uma escrivaninha artística do seu criador em busca de um objetivo: a sua bengala.
MENINA (Brasil, 2013, 9 min) Dir. Amanda Duarte e Maysa Santos ( UFAL) Nos corredores de uma faculdade, uma faxineira segue rumo aos seus afazeres cotidianos. Invisível aos olhos de professores e alunos, a mulher encontra nos cestos de lixo realidades menos solitárias do que a sua.
PULSANTE (Brasil, 2013, 14 min) Dir. Priscilla Paese (UNIVALI) Documentário em homenagem aos 20 anos da Téspis CIA de Teatro, produzido para o Curso Superior de Tecnologia em Produção Audiovisual da Universidade do Vale do Itajaí - Univali.
Três Voltas (Brasil, França, 2013,12 min) Dir. Fabiola Gomes, Txai Ferraz e Vinicius Gouveia (UFPE / UFC / Université de Rennes II) Três amigas, três países diferentes e incertezas em comum. Através da troca correspondências não necessariamente sinceras, o contato entre as garotas gera uma mudança no cotidiano de cada uma delas.
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CINEMA
31 de outubro – sexta-feira – 19h
Degradante
Alien Cat
(Brasil, 2013, 6 min) Dir. Yago Sant’Anna (ESPM RJ) Nina é uma jovem de 22 anos que descobre ter uma doença terminal. Ela, através de metáforas, conta sua história de modo breve e objetivo. Da mesma forma que resolve viver sua vida: intensamente. A cada momento e a cada flash de memória, Nina passa por todo seu processo de degradação. Com uma única frase em mente, ela vive. Vive com muita vida. Em pouco tempo.
(Brasil, 2013, 3 min) Dir. Lucas Bruni de Souza (UFSC) Um gato do espaço vem para a Terra para abduzir um gato terrestre a fim de realizar um perigoso experimento.
Um dia
Malogro
(Brasil, 2013, 16 min) Dir. Iveraldo Machado (UNESPAR) Um dia, sem saber como explicar.
(Brasil, 2013,10 min) Dir. Mariana Munhoz (UNIVALI) A vida de Edinho nunca foi das mais fáceis. Alguns diriam que ele estaria reclamando demais para quem mora no paraíso! Mas a sua realidade na cidade está muito longe de hotéis de luxo e dias pegando bronze à beira mar. Edinho é um andarilho que foi ameaçado de morte por ter uma dívida para quitar com um traficante local e para fazer isso ele está disposto a tudo.
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CINEMA
Sombras na esfera celeste
grilada
(Brasil, 2013, 4 min) Dir. Matheus Borges (Unisinos) Um homem caminha desiludido na penumbra. Encontra no meio do céu, entre as estrelas, um objeto que desperta seu fascínio.
(Brasil, 2013, 6 min) Dir. Davi Mello (Universidade Anhembi Morumbi) Eles ainda estão chamando.
O Pôr do Sol (Brasil, 2013, 7 min) Dir. Tiago Donato (UFRJ) O sol se pôe nas vidas de um jovem casal.
Estátuas vivas (Brasil, 2013,13 min) Dir. Mirrah Iañez (Universidade Anhembi Morumbi) Na agitação da cidade de São Paulo há quem se preocupe com o espírito humano. Artistas que fazem com que você saia do tempo e entre no instante. Lembrar-se: “Ah, sim. Eu sou eu. Eu existo!”.
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Reitor Carlos Alexandre Netto
! !
Difunda essa cultura de forma consciente
Vice-Reitor e Pró-Reitor de Coordenação Acadêmica Rui Vicente Oppermann
LEIA E PASSE ADIANTE
Pró-Reitora de Extensão Sandra de Deus
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Vice-Pró-Reitora de Extensão Claudia Porcellis Aristimunha
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Diretora do Departamento de Difusão Cultural Claudia Mara Escovar Alfaro Boettcher
e nos siga no twitter @ufrgs_difusao
Equipe do DDC Carla Bello – Coordenadora de Projetos Especiais, Itinerância Cutural e Unifoto Edgar Wolfram Heldwein – Administrador da Sala Redenção – Cinema Universitário Lígia Petrucci – Coordenadora do Projeto Unimúsica, Núcleo da Canção e Interlúdio Sinara Robin - Coordenadora do Confêrencias UFRGS e Vale Doze e Trinta Tânia Cardoso de Cardoso – Coordenadora e curadora da Sala Redenção – Cinema Universitário Rafael Derois Santos – Coordenador e Produtor de Mídias de Difusão Cultural Bolsistas Bruna Zucco Clarissa Gomes Gabriela Marluce Guilherme Accetta Mauricio Lobo Renata Signoretti Veridiane Boniatti Projeto gráfico Katia Prates Diagramação Laura Sander Klein Impressão Gráfica da UFRGS Crédito imagens p. 01 (capa) – Luiz Gonzaga/Maciel Goelzer ; p. 03 – Luiz Eduardo Achutti; p. 04 – Turíbio Santos, Marco Pereira e Egberto Gismonti; p. 07 – Hamilton de Holanda e Regional Espia só ; p. 09 – Ná Ozetti, Vagner Cunha e Nei Lisboa; p. 11 – Ópera Orpheu/ Adriana Marchiori ; p. 12 – Lupicinio Rodrigues ; p. 13 – Bianca Obino/ Renascentes; p. 14 – Donna Voce; p. 15 – New ; p. 16 – Pedro Cadore Winter; p. 17 – João Batista Souza e Josias Gustavo Müller ; p. 18 – Grilos ; p. 19 – Banda Hollis e Banda aNNaLog; p. 20 – Banda Bicuíras e Bruno Little Boy; p. 21 – Chimarruts; p. 22 e 23 – Gustavos Telles & Os Escolhidos, Quiçá, se fosse e banda Apocalypse; p. 25 – Embalos da Carochinha do projeto TPE; p. 29 – Brian Greene, Pascal Bruckner e Gro Harlem Brundtland; p. 30 – Teixeira Coelho/ Rafael Derois; p. 32 – Obec/Maciel Goelzer; p. 33 – Maciel Goelzer; p. 34 – Arjo Klamer/ Renan Sander; p. 35 – Arjo Klamer/Teixeira Coelho/ Renan Sander; p. 37 – Luiz Eduardo Achutti; p.38 – Unifoto/Guilherme Bragança; p.39 – Unifoto/ Ana Taís Martins Portanova Barros; p.44 – François Truffat; p.47 – Claude Lelouch, Jean-Luc Godard, François Truffaut, Louis Malle, Roman Polanski, Festival de Cannes, maio de 1968; p.48 – André Bazin.; p. 57 – Mercado de notícias/ Fabio Rebelo; p.65 – Identidade Visual da Mostra de Curtas - MOUC
Programação sujeita a alterações. Apoio P I
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ANIVERSÁRIO UFRGS 80 ANOS
VELHA GUARDA DA PORTEL A 2 8 D E N O V E MB R O PA R Q U E D A R E D E N Ç Ã O - 2 0 h
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