Revista Saúde Catarinense - 54

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< EDITORIAL

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A INDIGNAÇÃO DOS INJUSTIÇADOS

R

elegado a nota de pé da página da História, pelo fracasso mundial da proposta socialista, o argentino Ernesto Guevara Serna deixou de herança, no entanto, um pensamento político afiado em sínteses dramáticas e de apelo quase publicitário: “se você treme de indignação diante de uma injustiça, então somos companheiros”, diz uma delas.

Os associados da AHESC-FEHOESC estão agora tremendo de indignação pelos retrocessos aprovados na Lei Complementar 141, e por isso se fazem companheiros de outras instituições civis, como a OAB, para reunir 1,5 milhão de assinaturas populares e fazer tramitar uma outra lei no Congresso Nacional que contemple com maior justiça o espírito da Emenda Constitucional 29.

Imagens: CAPA: Arte Gabriel Bourg

“Inúmeras são as leis que vigoram desde a antiguidade, não por serem justas, mas por serem leis”, pontificou o Barão de Montesquieu, considerado um dos pais da sociologia política. A LC 141 enquadra-se precisamente nessa definição. Desde o ano 2000, a sociedade aguardava uma solução para o financiamento da saúde. A lei complementar regulamentou a EC 29 e implantou um fracasso: a responsabilidade da esfera federal de aplicar 3,7% do orçamento mais um quantitativo baseado no crescimento nominal do PIB. Diversos estudos demonstram que isso não significou, na prática, um centavo a mais do que já vinha sendo aplicado na saúde. AHESC-FEHOESC defendem a aplicação de 10% das receitas correntes brutas da União em Saúde. Isso resultaria em cerca de 35 bilhões de reais a mais no setor em 2012. Todos os gestores hospitalares que são oprimidos pela tabela defasada de pagamentos de procedimentos do SUS sabem exatamente onde cada centavo desses bilhões faz falta.

O movimento social para aprovar uma lei de iniciativa popular no Congresso é um alentador sinal de amadurecimento político dos brasileiros. Demonstra que a autoridade impõe e obriga, mas não convence. O modelo de financiamento da Saúde que a União sanciona é cruel porque mantém as instituições prestadoras de serviço vivas, porém doentes e dependentes. AHESC-FEHOESC não aceitam condicionar-se a essa situação por mais tempo. Em outra iniciativa paralela que sinaliza amadurecimento e profissionalismo, o Instituto Santé criou um Escritório de Projetos para uma ofensiva técnico-política em busca de recursos federais que estão disponíveis, porém não têm sido acessados pelos associados da AHESC-FEHOESC. A razão para esse dinheiro permanecer parado no cofre é o desconhecimento dos gestores da área sobre a burocracia da elaboração de projetos técnicos. Pelo menos R$ 25 milhões de reais deixaram de ser transferidos para instituições de saúde de Santa Catarina por falta de projetos que justificassem o acesso às verbas.

O Escritório de Projetos foca na prospecção, na articulação política, na elaboração de projetos e nos procedimentos licitatórios. Prospectar é reunir todas as informações para alimentar um banco de dados, que ficará à disposição das entidades. O escritório também organiza a articulação política em Brasília para que esses recursos cheguem aos gestores. Como se sabe, o dinheiro nunca vem facilmente – é preciso praticamente arrancá-lo das autoridades federais. E isso é feito com pressão política implacável. “Dê-lhes prazer. O mesmo prazer que sentem ao acordar de um pesadelo”, ensinava Hitchcock sobre a forma de galvanizar a atenção de um público. Com o projeto de lei de iniciativa popular, AHESC-FEHOESC pretendem conquistar a atenção dos gestores públicos de Brasília para as injustiças que são cometidas sistematicamente na área da Saúde.

Dario Staczuk Presidente AHESC | Tércio Kasten Presidente FEHOESC

Expediente Saúde Catarinense Presidente AHESC Dario Staczuk Presidente FEHOESC Tércio Kasten Diretor Executivo AHESC-FEHOESC Braz Vieira

Gerente Administrativo AHESC-FEHOESC Carlos Alberto de Liz Medeiros Assistente Financeiro AHESC-FEHOESC Silvana Hoffmann Assessor Jurídico AHESC-FEHOESC Rodrigo de Linhares (OAB/SC 8630)

Editor-chefe Iuri Grechi Jornalista Responsável Rute Enriconi DRT-SC 434

Projeto Gráfico e Diagramação Gabriel Bourg Comercial Cyrillo Jr

Este informativo é produzido e publicado pela Associação e Federação dos Hospitais de Santa Catarina, com veiculação dirigida a associados e instituições da área de saúde.

Telefone: (48) 3224-5866 vendas@saudecatarinense.com.br E-mail: ahesc-fehoesc@ahesc-fehoesc.com.br Twitter: @ahesc_fehoesc www.ahesc-fehoesc.com.br

AHESC-FEHOESC em números Associados Hospitais Laboratórios Clínicas Serviços de Saúde Total

118 272 2111 782 3283


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INSTITUTOS CIVIS>


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O DINHEIRO NUNCA DORME >

O Instituto Santé está sendo aprimorado para se tornar um caçador de recursos para as entidades hospitalares. Trazer verbas, auxiliar na elaboração de projetos e fortalecer a articulação políticas são as metas da entidade para 2012.

S

anta Catarina tem direito a R$ 25 milhões para a área de saúde, a

ção, na articulação política, na elaboração

lhorar a infraestrutura de hospitais

para alimentar um banco de dados, que está à

serem repassados pelo Governo

Federal. O dinheiro que poderia me-

e outras entidades está parado.

Trazer esse dinheiro e conseguir mais

recursos - estão previstos R$ 12 milhões em emendas específicas neste ano - é uma das

apostas do Instituto Santé em 2012. Para isso, foi criado o “Escritório de Projetos”, que tem como foco as atividades em uma articulação

política mais forte e em propostas mais bem elaboradas.

A ideia é que as entidades fiquem unidas

para buscar recursos, a exemplo do que ocor-

reu no final de 2011, quando setes hospitais

do Meio-Oeste se articularam e apresentaram um projeto em conjunto. Eles ganharam o

apoio do Fórum Parlamentar Catarinense e Imagens: Dreamstime

O Escritório de Projetos foca na prospec-

garantiram uma emenda de R$ 50 milhões. O consultor do Instituto Santé, Adriano

Ribeiro, explica que o objetivo é sempre unir forças. “É se organizar, respeitando a legislação. Fazer uma articulação conjunta, para o

plano ser aprovado sem contingenciamento”.

de projetos e nos procedimentos licitatórios. Prospectar é reunir todas as informações

disposição das entidades. Ribeiro esclarece que há muitos projetos por indução - aqueles que o

Governo Federal abre e muitas vezes as entida-

des nem sabem que existem. “Vamos deixar no site da AHESC-FEHOESC esse banco de dados, para que as entidades que queiram participar

saibam que aquele edital está aberto e façam o projeto.”

Articular-se politicamente é estar bem

informado. O consultor relata que abastecer

de dados a diretoria de entidades da saúde é

uma das propostas. “A instituição já sabe que há R$ 25 milhões para receber. Quando o repre-

sentante for conversar com o parlamentar, ele

vai oferecer esses dados, vai dar os nomes dos hospitais que precisam desse recurso e falar

exatamente o que estão precisando. Iremos municiar a diretoria de informações para que se

faça essa articulação”, pontua Adriano Ribeiro.

O escritório ainda auxilia na elaboração dos

projetos, para conseguir a aprovação e depois a liberação de recursos. Outro ponto é o da li-


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“O Instituto Santé ainda pretende ter uma própria plataforma de compras eletrônicas. Isso deve estar concluído em um ano e meio. Com ela, as entidades poderão fazer os próprios pregões”. ADRIANO RIBEIRO, Consultor do Instituto Santé

citação. Ribeiro adianta que a legislação

“Prestação de contas, nada

irá mudar em breve e que o processo

mais é que todo processo bem

Os procedimentos vão precisar ter uma

prestação de contas vai ser mal

precisará ser feito pelo pregão presencial. “Vai ser uma mudança profunda. assessoria jurídica. Tem que começar

a se preparar para essa mudança, para

não ter nenhum problema na prestação de contas.”

O site www.ahesc-fehoesc.com.br

vai deixar disponível um banco de dados para os fornecedores consultarem e

oferecerem os melhores preços. “Dotar

o Instituto desta plataforma é algo possível. O serviço vai dar agilidade transpa-

rência. Será possível gerenciar melhor as compras”, garante Ribeiro.

Outra questão importante é a da

prestação de contas. As exigências estão cada vez mais fortes, e as entidades precisam estar preparadas para elas.

feito anteriormente. Se ele vier com uma licitação mal feita a

feita. Não tem como fazer uma prestação sem uma licitação

bem elaborada, bem redigida,

para que o trabalho não acabe em tomada de contas especiais”, alerta.

Entidades esbarram em falta de conhecimento técnico Se há recursos, e eles não

COMPRAS ELETRÔNICAs >

chegam é porque algumas difi-

culdades atrapalham esse meio campo.

Ribeiro acredita que falta união das entidades. “Quando você manda um projeto sozinho é mais um no universo de mil. Quando o Instituto Santé for requerer

análise do projeto, ele vai requerer de

um projeto que envolve 150 entidades,

plataforma para que entidades possam fazer seus próprios pregões.

por exemplo. A ideia é que seja sempre

um ‘blocão’, que possibilite a aprovação.” Além disso, há também a ausência

de especialistas nas instituições para

conduzir os procedimentos necessários. “É preciso ter um corpo técnico. Muitas vezes há pedidos, mas não há uma

sintonia com a região, com a demanda.

Isso passa pelo número de pacientes até

pela questão estrutural, porque às vezes, é pedido um equipamento, que a parte elétrica não suporta”, relata Ribeiro.

Entre as vantagens que terão as en-

Instituto Santé, estão a captação de re-

cursos, o apoio especializado e a maior participação nos projetos de indução (ver quadro). Escritório de projetos >

prospecção de verbas e análise dos procedimentos licitatórios para trazer recursos para as entidades catarinenses.

Imagens: Dreamstime | Divulgação

tidades que contratarem os serviços do


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Prestar serviços será foco do Instituto Santé

Foco do “escritório de projetos”

O presidente da FEHOESC e do Instituto Santé, Tércio Kasten, diz que a proposta pretende

Prospecção: levantamento dos editais publicados, liberando recursos para execução de projetos.

fazer do Instituto uma entidade prestadora de serviços. “Ele

nasceu de outra ideia, mas hoje

Articulação: movimentação política junto a parlamentares.

está tendo essa finalidade. Pretendemos, com isso, fornecer

um serviço que seja muito mais

viável economicamente”, ressalta Kasten.

Para o presidente, o projeto

oferece aos estabelecimentos uma

EXPERTISE >

maneira de captarem os recursos de

forma mais adequada, mais rápida, mais eficiente e com menos falhas.

Kasten acrescenta que Santa Ca-

tarina está atrasada em relação a esse tipo serviço. Ele cita como exemplo o

Rio Grande do Sul, que consegue mais

verbas para as entidades de saúde. De

acordo com o presidente, o estado gaú-

cho já possui uma estrutura, que oferece esses trabalhos para hospitais e estabe-

lecimentos de saúde. “Aqui cada um está

fazendo o seu, e falta expertise. Podemos construir um projeto bem interessante”. O trabalho prestado pelo escritório

de projetos tem um custo às entidades.

O diretor executivo da AHESC-FEHOESC, Braz Vieira, informa que está sendo

Tércio Kasten projeta o Instituto Santé como uma entidade prestadora de serviços, capaz de

angariar verbas para as entidades de saúde.

feita a avaliação das despesas. Mas

adianta que a perspectiva é que todo o

processo feito pelo Instituto Santé saia

mais barato do que cada hospital gasta,

Elaboração dos projetos: elaboração detalhada dos projetos respeitando os preceitos legais e administrativos. Procedimentos licitatórios: realização de todo o processo licitatório, compreendendo a publicação do edital, a licitação e a conferência dos produtos recebidos ou serviços realizados de acordo com a legislação.

hoje, isoladamente. “As entidades tem

despesas com a contratação de técnicos, engenheiros e treinamento de funcio-

nários. Tudo isso poderá ser feito com o Escritório de Projetos. Além disso, é preciso que cada hospital busque um

trabalho regionalizado, porque as emendas no futuro serão de bancadas.”

Para o diretor tesoureiro da AHESC-

Vantagens de contratar o serviço Alavancar recursos financeiros com apoio especializado.

o projeto é um grande passo para a

Usufruir de estrutura com capacidade técnica e foco exclusivo para prospecção, captação e elaboração de projetos.

estávamos precisando”. Winkelmann

Apoio administrativo e operacional nas questões relacionadas aos projetos de recursos

processo de contratação de serviços e na

Participação dos projetos de indução, tanto de entes públicos ou privados.

-FEHOESC, Canísio Isidoro Winkelmann, comunidade hospitalar. “Era isso que

nós, que estamos dentro de um hospital, acredita que o trabalho dará a credibilidade e a transparência necessárias, no prestação de contas.

Sede operacional localizada na Capital para atendimento das entidades Apoio jurídico.

Michael Douglas como Gordon Gekko, de Wall Street >

o dinheiro só vai para quem é profissional no

mercado. Orientação do Instituto Santé vai ser do projeto ao acompanhamento político.

Articulação conjunta junto aos parlamentares.


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HOTELARIA OCUPACIONAL >

NOSSO LAR

E


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>

Um novo conceito de moradia para idosos quebra mitos e instaura um modelo harmonioso de infra-estrutrura e aconchego para esse público. O Ventura Residence é uma iniciativa pioneira que deve se multiplicar com o iminente envelhecimento demográfico.

E

stá em curso no Brasil uma revolução a conta-gotas, tão dispersa e silenciosa que o país mal percebe a mudança

que está reconfigurando a sua popula-

ção. Trata-se das alterações no perfil

demográfico, uma novidade sem paralelo nos 500 anos de história brasileira. Ao

longo de todos esses séculos, o país teve a predominância de população jovem, mas

isso vai mudar nos próximos 20 anos. Um

comparativo entre crianças e maiores de 65 anos revela que para 100 crianças de

0 a 14 existirão 172,7 idosos a partir de

2032. A cada ano somam-se à população

brasileira 700 mil pessoas acima dos 65

anos. E as projeções para o futuro indicam que

em 2050 essas pessoas seriam aproximadamente 50 milhões, perfazendo nada menos do que 25%

do total da população. Desses nada menos do que 6,7% terão ultrapassado a faixa dos 80 anos. Nesse cenário, é alentador constatar que

profissionais da saúde e empresários come-

Imagens: Dreamstime | Divulgação

çam a construir as bases do futuro iminente,

com iniciativas como o Ventura Residence, um empreendimento situado em Joinville que em

tudo lembra um hotel de alto padrão, só que é

mais do que isso. O Ventura Residence trabalha

na linha da Hotelaria Ocupacional Assistida, um

conceito de moradia para idosos que se originou

nos países desenvolvidos onde o envelhecimento

da população já é uma realidade desde meados do século passado.

Para cuidar dos hóspedes, uma equipe multidis-

ciplinar de profissionais fica disponível 24 horas.

Além do atendimento ambulatorial, há acompanhamento nutricional e assistência social. O investi-

mento de R$ 19 milhões, feito pela Fundação 12 de Outubro, foi uma maneira de quebrar mitos, como

explica a coordenadora do empreendimento, Luisa Helena Jordan. “Essas pessoas ainda têm muito

potencial. Elas podem fazer muitas coisas”, ressalta. De fato, podem, e esse é outro fenômeno em

estudo pelos especialistas. Nos últimos 20 anos, o

idoso brasileiro teve a sua expectativa de sobrevida aumentada, reduziu o seu grau de deficiência física ou mental, passou a chefiar mais suas famílias e a

viver menos na casa de parentes. Também passou a receber um rendimento médio mais elevado, o

que levou a uma redução no seu grau de pobreza e

indigência. Essas considerações levam à dificuldade de se pensar essa relação entre envelhecimento e dependência como produto de um único fator

agindo continuamente. Esse é um fenômeno bas-

tante complexo e sujeito à ação de vários fatores em interação.

O Ventura Residence veio atender a uma neces-

sidade cada vez mais comum das famílias brasilei-


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Muitas velinhas no bolo: se em 1940 os maiores de 60 anos não representavam mais do que 4% da nossa população, já em 1996 eles representavam 8% e hoje ultrapassam os 12%, devendo até 2020 alcançar os 15%. levadas em conta. “Cada um tem um

plos em São Paulo e na Europa, que

mos médicos, mas não fazemos nenhum

como a elegância dos ambientes, o

horário próprio de tomar remédio. Não

colocamos todos no mesmo horário. Tetratamento. Somos cães de guarda”, explica a coordenadora.

Os moradores têm uma agenda

cheia de atividades. Terapia ocupacional, educação física e artística, filmes, O fim das famílias grandes >

a taxa de fecundidade total (TFT) passou dos 5.8

filhos de 1970 para 2.3 filhos no ano 2.000 e hoje, de acordo com o IBGE, ela estaria em 1.8 filhos .

ras. “Elas estão menos numerosas, e

os parentes precisam trabalhar. Aqui existe uma estrutura adequada para

instalar confortavelmente - e com segurança e carinho - os anciãos da família.

Não se trata de uma casa de repou-

so, ao contrário: é um lugar de intensa

atividade emocional, mental e, sempre que possível, física. Os familiares de

nossos hóspedes ficam muito surpresos quando nos visitam e encontram os seus parentes sadios, ocupados e felizes”, relata Luísa Helena Jordan.

Uma das principais característi-

cas do residencial é o atendimento

individualizado. Cada hóspede tem

suas particularidades, que devem ser

aliavam esses conceitos de vanguarda traduzidos na Hotelaria Ocupacional,

cuidado minucioso com a estrutura de cuidados geriátricos e a formação da

equipe técnica”, enfatiza a coordenadora do Ventura Residence.

“Estimulamos que eles tenham

palestras, workshops de dança e

autoestima. Cuidamos para que as

passeios, como ida à apresentação do

Jordan. A experiência tem comprovado

culinária são algumas das opções oferecidas. Além disso, são programados

Balé Bolshoi, à Festa das Flores - evento típico da cidade - e até mesmo voltas ao shopping. O objetivo é fazer com que o paciente continue exercendo suas

atividades, com independência. A reabilitação do portador da síndrome da

fragilidade inclui uma boa alimentação, o autocuidado, medidas preventivas de queda e algum exercício físico que seja adequado ao paciente.

O residencial fica com as portas

sempre abertas para vistas. Luísa relata que os parentes estão constantemente presentes e a interação com a família é muito grande. Eles também podem

festejar com os hóspedes datas comemorativas, como Natal e aniversários. Para se chegar ao padrão do Ventura

Residence, foram necessárias muitas pesquisas técnicas. “Buscamos exem-

senhoras estejam com as unhas sempre

bem-feitas, por exemplo”, observa Luísa que os hóspedes demonstram maior aceitação do ambiente quando isso ocorre. “No começo ainda têm uma

desconfiança, mas depois eles vão fi-

cando mais a vontade e vamos ganhando a confiança deles, até o momento

mágico em que cada hóspede passa a

reconhecer este espaço como um lar”.

O Ventura Residence é um ambien-

te inovador de 12 andares, com sala de jogos, restaurante, cafeteria com

lareira, biblioteca com computadores, quartos amplos e bem equipados,

distribuídos em espaços elegantes de arquitetura moderna.

O prédio de 7,5 mil metros quadra-

dos tem 77 apartamentos – 10 suítes, 60 individuais, e sete duplos - que

podem ser ocupados a longo ou curto

A


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Onde fica?

Vaidade sem idade >

além dos apartamentos, o residencial conta com spa panorâmico, academia,

auditório, capela, ateliê, sala de massagem e salão de beleza.

Rua Coronel Procópio Gomes, nº 669, Bucarein, Joinville – SC 47 3029 6600 www.venturaresidence.com.br Sobre a Fundação 12 de outubro

prazo. A capacidade máxima é de 100

pessoas. Os quartos também têm alguns diferenciais como piso antiderrapante, chuveiro sem box e com cadeira para

banho, altura dos mobiliários adaptada e isolamento acústico.

A comunidade externa pode usar

alguns serviços disponíveis no prédio.

Na entrada, há uma galeria com clínica

de fisioterapia com piscina, consultório, laboratório para coletas de exames e

clínica odontológica. Algumas atividades também têm sido organizadas para o

público externo. Em março foi inaugu-

rado o Clube Ventura de Conveniência.

Com ele, idosos da comunidade também podem participar das oficinas, como de

A

tricô, crochê, feltragem e bordado.

A Arte de Envelhecer

velhice tem sido tratada de maneiras diferentes, de

acordo com as coordena-

das históricas e culturais e, embora não se possa

idealizar o passado, nem o mundo agrário, com

certeza há uma notável diferença desses contextos em relação aos que se seguiram à revolução industrial. Antes da

urbanização, sobressaía a velhice como processo “natural”, quando não como

manifestação das bênçãos divinas. Já a ideologia decorrente da revolução in-

dustrial ressaltou a negatividade, uma

vez que velhice passava a ser sinônimo de não-produtividade e até de custos sociais.

De qualquer forma, cada uma das

fases da vida representa um forçoso e por vezes penoso processo de apren-

Com 24 anos, a Fundação é administrada pela família Loyola e tem sido parceira de diversas entidades assistenciais para promover o desenvolvimento integral da família, atuando na execução, financiamento, orientação e acompanhamento de projetos voltados a crianças, adolescentes e idosos com risco de vulnerabilidade social. A Fundação já investiu mais de R$ 21 milhões em inúmeras ações sociais de voluntariado, educação e obras diversas.

dizado. A criança tem que aprender a

manifestar suas necessidades, a andar, a falar, a se comunicar. O adolescente confronta-se com oscilações hormo-

nais, mudanças no corpo e o surgimento do intenso desejo sexual. O adulto

desenvolve-se assumindo responsabili-

dades, vida social, profissão e constituição de família.

Ao que tudo indica, respeitados

os traços próprios de cada pessoa e de cada história, a entrada progressiva para a velhice se apresenta como a

mais desafiante das fases. Conforme analisa Marcelo Santana, a partir de

um estudo de Michel Foucould sobre o envelhecimento saudável, os estágios

anteriores da vida tudo apontam para

VENTURA RESIDENCE>

requinte nos detalhes, e aconchego aliado a estru-

tura de cuidados geriátricos. Não é casa de repouso, é um lar.


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Quem está apoiando quem? >

a maioria das famílias brasileiras, a aposentadoria dos idosos é o suporte financeiro dos mais jovens. Entender a velhice e se adaptar a ela é o desafio do país nos próximos 20 anos.

um futuro cheio de sonhos, mas a velhice

A professora titular do Departamento

aponta para um presente onde o futuro se

de Antropologia da UNICAMP, Guita Grin

básica de quem avança em idade é a de

em descrever o modo pelo qual a velhice

torna cada vez mais próximo e os sonhos cada vez menos fascinantes. A sensação

que na sua frente se encontra um muro,

cada vez mais próximo e que deve ser ultrapassado, sem que se saiba exatamente o que se vai encontrar do outro lado.

É nesse contexto que se evidencia que

a longevidade bem sucedida não acontece por acaso, mas que deve ser construída passo a passo em todos os sentidos: no sentido físico, no sentido intelectual, no sentido dos hábitos e costumes, e

Debert, editora da Revista Brasileira de

Ciências Sociais, avalia que a preocupação é transformada em um problema que

preocupa a sociedade vai se constituindo

em um campo de saber especializado. Um campo com experts encarregados de defi-

nir não apenas quais são as necessidades dos idosos, os problemas que enfrentam, mas também encarregados da formação

é crescente a proporção de idosos

para seu viver. Nessa mesma compre-

ensão se pode até considerar a velhice não mais como um simples processo,

mas como uma meta. Isso naturalmente revoluciona toda uma compreensão

anterior e negativa da velhice. Ela passa

a ser vista como o melhor período para o

cultivo de si mesmo, de sua alma e de seus sentimentos.

sos, representa mais formas inovadoras e

bem-sucedidas de envelhecimento do que

de abandono, descaso ou solidão”, escreve Guita Debert. Viver em um lar separado

da família pode ser um estágio temporá-

rio do ciclo de vida e pode estar refletindo preferências.

Essa conjuntura social é o fun-

“sentido”. Só será capaz de se preparar

devidamente quem encontra um sentido

estar sugerindo que viver só, para os ido-

essas necessidades.

damento para iniciativas no âmbito

a última etapa da vida é exatamente essa:

vadores, automóveis, entre outros, podem

de outros especialistas para atender a

sobretudo no sentido espiritual. A palavra chave e quase que mágica para percorrer

tais como nos meios de comunicação, ele.

da saúde como a criação do Ventura Residence. Os estudos indicam que vivendo sozinhos, tanto homens

quanto mulheres. É comum pensar que a industrialização e a urbani-

zação destroem a segurança econômica e as relações estreitas entre

as gerações na família. “No entanto, pesquisas recentes têm mostrado

que a universalização da Seguridade

Social, as melhorias nas condições de saúde e outros avanços tecnológicos,

RESPEITO ANCESTRAL >

o reconhecimento universal da sabedoria dos anciãos foi uma

realidade até à Revolução Industrial, quando passou-se a ressaltar aspectos negativos da velhice.


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PERFIL>

PERSONAGEM

O SUCESSO NÃO OCORRE POR ACASO Darci Ferreira da Costa Filho é funcionário do Hospital de Caridade São Braz, de Porto União há 39 anos. Tem uma trajetória profissional que convalida um sábio adágio: 90% do sucesso baseia-se simplesmente em insistir.

A

relação já dura quase quatro

décadas e, se depender dele, virão muitos outros anos

pela frente. Darci Ferreira da Costa Filho, 52 anos, começou a trabalhar

no Hospital de Caridade São Braz, em Porto

União, como office boy, quando tinha 13 anos. Hoje, é um dos funcionários mais antigos do local e está à frente de um serviço essencial

para manter tudo funcionando: a administração.

O emprego no início da adolescência foi

uma necessidade. Costa precisava ajudar a

família em casa. Natural de União da Vitória,

cidade vizinha, conseguiu o emprego de boy.

Antes disso, a única experiência que teve fora de um ambiente hospitalar foi na empresa de transportes do pai. “Mas eu me identifiquei muito mais com o hospital”, observa.

Para se chegar até a administração do São

Braz, ocupou outras funções e fez de tudo um pouco. Foi inclusive motorista, porque era preciso substituir férias e não havia quem

fizesse isso. Passou pela tesouraria e chegou ao setor administrativo. Darci é formado em Administração de Empresas e especialista

em Administração Hospitalar pela Fundação

São Camilo, em São Paulo.

“Antes de começar a especialização, ques-

tionei se iriam me liberar. Eu estava recém

casado, fazia faculdade e o curso era em São Paulo. Eu iria precisar revezar uma semana lá e outra aqui. Mas me deixaram. Eram 46

alunos na turma de especialização e como 30 eram do Paraná, conseguimos que o curso

fosse transferido para Curitiba, quando faltava um ano e meio para concluí-lo”, relata. Durante esses 39 anos no São Braz, o

administrador presenciou muitas mudanças.


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A mais profunda delas foi na década de 1980, quando

Para ele, administrar o São Braz é um traba-

o hospital de pequeno porte, passou para médio.

lho complexo porque envolve a coordenação de

gico, que recebe cerca de 50 pacientes por mês, para

que precisa estar com todas as peças funcionando,

A estrutura de alvenaria e madeira por dentro foi

ganhando outros ares e hoje guarda o centro oncolófazerem a quimioterapia.

“Antes eles precisavam percorrer os 458 quilô-

metros até Florianópolis para fazerem o tratamento

do câncer. Tinham que sair de madrugada daqui e às vezes nem conseguiam atendimento”, relembra.

Hoje o centro oncológico do São Braz é respon-

sável por tratar pessoas não só do estado, como do sul do Paraná. A maioria é

atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O custo é

muito alto, mas é importante, porque está salvando muitas vidas.”

Além de do atendimento

voltado para pacientes com

câncer, o hospital tem mais de 20 especialidades médicas.

São atendidas uma média de 1,6 mil pacientes por mês. O

restaurante e funcionários. É uma engrenagem

principalmente porque atendemos seres humanos, que têm problemas e necessidades diferentes. Não é fácil, é uma dificuldade grandiosa”.

Além disso, mexer com a questão financeira,

também é outra barreira que precisa ser vencida todos os dias. Darci Costa relata que as despesas são muito grandes, o retorno pequeno e há uma

cobrança grande para que o serviço seja bem feito.

Primeiro a chegar, último a sair, e plantão de sobreaviso em tempo integral. A responsabilidade por vidas tem seu peso na vida de um gestor.

São Braz tem 99 leitos, uma Unidade de Tratamento

Intensivo (UTI) com outros oito leitos e centro cirúrgico com quatro salas.

Manter toda essa estrutura é um desafio diário.

A rotina começa às 8h, já com reunião, com o corpo

clínico, para saber quais são as principais demandas do dia. Costa trabalha até às 20h ou 21h, dependendo do volume de tarefas. “Sou o primeiro a chegar e o último a sair. Fico de sobreaviso e não me desligo

daqui, a qualquer hora podem me ligar e precisarem de mim”.

uma série de setores. “Temos uma lavanderia, um

Apesar de todas as

dificuldades, Darci Costa não pensa em parar tão cedo. “Tem horas que a

gente começa a questionar se é isso mesmo. Mas eu

não consigo não vir para cá. É sempre uma corre-

ria, mas eu sei que vale a

pena. Não estou aqui por interesse próprio, mas

também pela comunidade, por aqueles que precisam”, ressalta.

Pensar que está ajudando aos outros é justa-

mente o que o move na profissão. Para ele, é grati-

ficante ouvir um “muito obrigado” de um paciente. “Recarrega as energias. Isso é muito importante. Faz valer a pena. Não vou parar e nem consigo.

Costumo dizer que eu gosto do que faço e faço o que gosto.”


ENTREVISTA>

DNA

DA

O

SAÚDE CATARINENSE

>

Acélio Casagrande entra nos quadros da Saúde com a tarefa precisa de criar pólos de resolutividade nas diversas regiões do estado. Se for bem-sucedido, vai dar origem a uma mutação nas relações da população com as instituições de saúde.

N

omeado secretário adjunto de

estado da Saúde, em março deste

ano, Acélio Casagrande, que até

então ocupava o cargo de secretá-

rio de Estado da Articulação Nacio-

nal, traz com ele um bom trânsito

em Brasília e o conhecimento de

todos os trâmites na esfera federal.

Para Casagrande, a saúde do estado já teve

avanços, mas precisa estar ainda mais próxima

do cidadão. Focar as ações para expandir o atendimento das especialidades e das complexida-

des a todas as regiões faz parte das prioridades da tarefa do secretário adjunto.

À Revista Saúde Catarinense, ele presta um

relato sobre os problemas que pretende atacar,

discorre sobre uma agenda fixa para a captação de recursos junto à União, e defende a impor-

tância da rede de atenção à urgência e emergência, não apenas para a Região Norte e Nordeste, mas para todas as regiões de Santa Catarina. ACÉLIO CASAGRANDE >

secretário adjunto da Saúde: experiência em

articulação e na atuação parlamentar que será usada na busca de recursos para o setor

Foto: Paulo Goeth | Ascom/SES

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Quais experiências o senhor traz da Articulação Nacional, que podem ajudar na Saúde do Estado? Trago a experiência de ter trabalhado na Articulação Nacional, e também como deputado federal. Com isso, pude co-

nhecer a realidade da saúde e entender todos os encaminhamentos possíveis. Também tive a oportunidade de co-

nhecer os dados junto ao Ministério da

Saúde, e por isso vou poder, na Secreta-

ria de Estado da Saúde, criar projetos de acordo com o que o Ministério oferece e com isso auxiliar para que a saúde

em Santa Catarina avance.

Como o senhor avalia a saúde em Santa Catarina? O Sistema Único de Saúde (SUS)

como um todo teve muitos avanços.

A saúde de Santa

para que todos, em igualdade, tenham especialidades,

tenham mais leitos em seus hospitais e acima de tudo,

mais integração entre os três

níveis: o primário, secundário e terciário. Desde o posto de

saúde, passando pelas policlí-

nicas, que serão organizadas e construídas, aos hospitais.

Criando assim pólos de resolutividade.

“Vamos trabalhar dentro das maiores dificuldades, que é o acesso da população aos serviços de complexidades e especialidades”

Catarina tem a

necessidade de

aperfeiçoar e rea-

dequar essas conquistas do SUS, sempre pensando na linha de levar a saúde mais próxima do cidadão, o que é um projeto estabelecido pelo Governo, e nesse

pensamento é que daremos os encaminhamentos para fazer as adequações necessárias.

Qual será o foco das suas ações? O nosso foco de ações está bem claro e objetivo. Vamos trabalhar dentro das

maiores dificuldades, que é o acesso da população aos serviços de complexidades e especialidades. Hoje, em muitas

regiões do estado, as comunidades não têm acesso a atendimentos em áreas

especializadas, e buscaremos levar para próximo deles as principais especia-

lidades e complexidades necessárias conforme a região.

Vamos organizar as regiões

Como o descentralizar as tecnologias e especialidades ALTA COMPLEXIDADE > governo é o desafio da Saúde. pretende buscar a diminuição da defasagem da tabela Podemos esperar mais verbas? do SUS? Lamentavelmente, o Governo Federal e o Congresso Nacional regulamentaram a Emenda 29 sem o

principal dispositivo que garantiria o aumento da tabela do

SUS, que era os 10%

Com certeza. Temos uma agenda de

duas vezes por mês em Brasília, para buscar esses recursos.

Sobre a Rede de Atenção à Urgência e Emergência nas Macrorregiões Nordeste e Planalto Norte de Santa Catarina, o projeto terá continuidade? Há expectativa de fechar convênios com outros hospitais?

mínimos de aplicação dos recursos. Em

Todas as regiões estão sob análise e

ficou sem essa obrigatoriedade. A tabela

todos os projetos que irão dar melhores

Santa Catarina, o Estado investe 12% e

os municípios 15%, já o Governo Federal é definida pelo Ministério da Saúde, de modo que a pressão tem que ser dos representantes em Brasília.

queremos que o atendimento seja igual

para todas as regiões, dando sequência a condições de atendimento ao paciente.

Qual sua avaliação da Rede de Atenção?

O senhor esteve em Brasília para discutir um repasse de R$ 3,3 milhões para saúde. Já tivemos resposta a esse pedido?

Satisfatória. O projeto Saúde da Família

Infelizmente as emendas do ano passa-

e atendendo áreas de até mil famílias.

do não foram liberadas, e esses recur-

sos estavam inclusos nestas emendas. Mas, para esse ano, já conseguimos a liberação de um projeto via Siconv

(convênios) de R$ 2 milhões, e temos a expectativa de mais liberações.

foi criado dentro de uma concepção de prevenção e atendimento domiciliar,

com tempo integral para os profissionais Há a necessidade de revisão de alguns pontos e por isso vamos trabalhar em

integração entre o estado e o município para avançar nessa, que é considerada

porta de entrada e resolutividade para os programas de saúde.


18


19


20

CAPA >

DÍVIDA CÓSMICA >

Hospitais privados e filantrópicos acumulam dívidas de milhões de reais por causa da diferença entre o custo real pago por procedimentos e o valor repassado pelo Sistema Único de Saúde. É o Buraco Negro do subfinanciamento que suga todos os recursos e

m tratamento de pneumo-

nia custa, em média, R$

1.862 a um hospital par-

ticular de Santa Catarina.

O Sistema Único de Saúde

(SUS) paga R$ 504 – 27% do

total. Para tratar a insuficiência cardía-

ca do paciente, uma unidade hospitalar investe R$ 1.237. O SUS cobre R$ 659 (53,28%). O resultado da diferença

entre gasto e pagamento é hospitais

privados e filantrópicos fechando as

portas ou organizando quermesses na comunidade para levantar recursos.

A realidade foi mostrada e debati-

da em audiência pública, em abril, na Assembleia Legislativa do Estado. A

Associação e a Federação dos Hospitais de Santa Catarina (AHESC-FEHOESC) e

a Federação das Santas Casas, Hospitais

A defasagem da tabela SUS soma,

e Entidades Filantrópicas (Fehosc)

ao final de um ano, dívidas de milhões

hospitais privados e filantrópicos que

presidente da (Ahesc), Dario Staczuk,

apresentaram um documento com propostas para garantir a manutenção dos vivem uma situação delicada.

Dos 221 hospitais catarinenses, 181

(81%) são privados filantrópicos. Os

demais se dividem em estaduais (14), municipais (25) e um federal. Entre a rede particular, aproximadamente

90% atendem pelo SUS. “A tabela do

de reais. Enquanto uma diária em UTI

custa R$ 843, o SUS repassa R$ 410. O

citou o caso do Hospital Arquidiocesa-

no Cônsul Carlos Renaux, em Brusque.

A entidade disponibiliza 80% dos seus

171 leitos para atendimentos pelo SUS. Em um ano, os prejuízos chegaram a R$ 3 milhões.

Outro exemplo dado foi o do Hos-

SUS está defasada, pois está há 15 anos

pital Maicé de Caçador. São 147 leitos,

Defendemos que o Governo do Estado

as dívidas somam R$ 340 mil. Por

sem reajuste, o que vem impactando

no custeio dos hospitais catarinenses.

faça a complementação destes custos”,

disse o presidente da FEHOESC, Tércio Kasten.

dos quais 83 (75,64%) são destinados

para o atendimento pelo SUS. Por mês, ano, a quantia alcança R$ 4 milhões.

Exemplos como esses são comuns em todo o estado.

Imagens: Dreamstime

U

mantém as instituições entre a vida e a morte.


21

Para arcar com as despesas, o Hos-

mentação, por parte do governo do Es-

quadrados do seu terreno. Além disso,

25% em 2014, além da atualização dos

pital São Vicente de Paulo, em Mafra,

precisou vender mais de 5 mil metros

ele conta com a boa vontade de parte da população, que faz doações à entidade

pela conta de luz. Tudo para equilibrar as contas e não fechar as portas.

“Os hospitais sobrevivem hoje da

realização de campanhas, quermesses,

vendas de serviços de lavandeira e aluguéis das instalações. Esta situação era insuportável e agora está impraticável. A criatividade dos administradores já

se esgotou”, ressaltou o presidente da AHESC, Dario Staczuk.

Além disso, ele questionou o fato

de que apesar da maioria da demanda por internação pelo SUS no estado ser atendida pelos hospitais privados e

filantrópicos, estes estabelecimentos

recebem cerca de um quinto das verbas estaduais. “Há necessidade de equili-

brar essa situação para que hospitais

não deixem de prestar serviços, a exemplo do Jonas Ramos, de Caçador, que já fechou”, alertou.

O presidente da Fehosc, Hilário

Dalmann, ainda acrescentou outra

dificuldade. “Os hospitais recebem pela tabela do SUS, mas pagam os médicos

tado, da tabela do SUS no percentual de 35% em 2012, outros 20% em 2013 e

valores do incentivo hospitalar estadual sem reajuste há seis anos.

As entidades reivindicam ainda

o pagamento das cirurgias eletivas, feitas no prazo máximo de 30 dias

após a apresentação das contas. Outra sugestão é a instituição de um cole-

giado interdisciplinar para elaboração de estudos para o vocacionamento e

regulação dos hospitais privados e fi-

lantrópicos, estabelecendo as unidades de referência e contra-referência.

As propostas serão analisadas pelo

QUEM DÁ UMA MÃO? >

presidente da FEHOESC, Tércio Kasten, propõe que o governo catarinense complemente os

custos de procedimentos que não são cobertos pela tabela defasada do SUS.

Para o presidente da Fehoesc,

grupo de trabalho que será formado por

Tércio Kasten, “a ação conjunta irá per-

Estado.

sobremaneira na prestação dos servi-

representantes das entidades médicas, parlamentares, além do Governo do

“Precisamos formar um canal de

interlocução para que seja mantida uma sintonia na discussão das propostas apresentadas. Os hospitais passam

por sérias dificuldades e o Governo do

Estado não pode ignorar essa realidade. Não é importante só construir, ampliar e equipar, mas também cuidar do custeio”, argumentou Morastoni.

por valores mais altos”. Ele também

mitir a melhoria da gestão dos serviços médico-hospitalares, contribuindo de

ços de saúde de qualidade à população de Santa Catarina.”

As entidades sugeriram ainda a

formação de uma Frente Parlamentar da Saúde em SC para encaminhar as principais reinvindicações do setor.

O secretário adjunto do Estado de

Saúde, Acélio Casagrande, que partici-

pou do debate, reiterou o compromisso assumido pelo governador Raimundo

lembrou a interrupção da Rede de

Atenção à Urgência e Emergência das

Macrorregiões Nordeste e Planalto Norte de Santa Catarina. “Construímos um modelo que precisa ter continuidade,

porque vocacionava o atendimento nos hospitais. Foram três anos de trabalho, que precisa continuar”, defendeu.

A proposta das entidades

O documento propondo algumas

mudanças foi entregue ao presidente

da Comissão de Saúde da Assembleia,

o deputado Volnei Morastoni. Entre as

sugestões apresentadas estão a comple-

UTI >

cada dia de internação custa mais de R$ 400 aos hospitais


22

A FONTE SECOU >

nem com quermesse e bingo, doações e

campanhas, os gestores

conseguem cobrir a san-

gria desatada que virou a questão do custeio.

EVENTO NA ALESC >

é necessário criar uma Frente Parlamentar da Saúde catarinense para encaminhar politicamente as reivindicações do setor.

Colombo em dar prioridade para a

um relatório divulgado em março. O

hospitalar catarinense, com a criação de

catarinenses, de março a dezembro do

saúde. Ele ainda disse que a secreta-

ria trabalha na reorganização da rede

uma Rede de Urgência e Emergência, a interiorização de especialidades médicas e do serviço de alta complexidade. Para isso, as verbas passarão a

ser liberadas com base em critérios

técnicos a serem estabelecidos pela Secretaria de Saúde. “Não estamos

fugindo à discussão da distribuição

dos recursos. Todo o grupo de gestão

já tem a autorização pra apresentar o

mais rápido possível um plano de ação,

ampliando os incentivos que já existem, mas de acordo com a rede instalada e a

resolutividade e qualidade dos serviços de cada região”, observou.

A ideia é evitar situações corriquei-

ras com que o estado tem se deparado, como pedidos de ambulâncias, sendo

que a real necessidade é um aparelho que evite que os pacientes se deslo-

documento é resultado de 21 audi-

ências públicas feitas em 13 cidades ano passado.

O presidente da Comissão, Volnei

Morastoni, disse que foram levantados todos os tipos de problemas, desde o

uso de agrotóxicos até a falta de espe-

cialistas no interior, como os pediatras. O custeio dos hospitais, o reajuste

da tabela do SUS e a necessidade de se

ter Redes de Atendimento de Urgência e Emergência também foram pontos debatidos nesses encontros.

O relatório de dois volumes já foi

entregue ao estado. “O governo precisa

definir uma política pública de saúde. O governador assumiu um compromisso

com a saúde em campanha eleitoral, colocando as pessoas em primeiro lugar”, cobrou o deputado.

O deputado, que é do PT e apoia

quem para outras cidades. “Quando vier

o Governo Federal, também aderiu a

Por isso, vamos estabelecer critérios”,

no Congresso Nacional um projeto de

alguém pedir ambulância, saberemos a verdadeira demanda daquela unidade. concluiu o secretário.

O relatório da Saúde no Estado Estes e outros problemas do setor

foram levantados em 2011, pela Co-

missão de Saúde e estão reunidos em

uma campanha que confronta a gestão Dilma Roussef e tenta fazer tramitar

lei que assegure o repasse de 10% da

receita da União à saúde. A Emenda 29,

sancionada pela presidente Dilma Rousseff, excluiu um desejo antigo do setor. Enquanto o estado deve destinar 12%

da receita e municípios 15%, o Governo

Federal não tem uma porcentagem determinada.

OS PROBLEMAS LEVANTADOS

Necessidade de reajuste da tabela do SUS; Necessidade de descentralização de alta complexidade em pediatria nas áreas de: oncologia, cirurgia cardíaca, neurocirurgia e ortopedia, para as regiões de Itajaí, Criciúma, Chapecó Lages e Rio do Sul; Destinar leitos hospitalares pelo SUS para dependentes químicos que necessitam de tratamento na fase aguda da desintoxicação; O Governo do Estado precisa definir uma política de recursos financeiros e critérios para ajudar no custeio dos pequenos, médios e grandes hospitais que atendem pelo SUS em todo o estado; Implantar o Protocolo de Manchester, com o objetivo definir critérios de prioridade no atendimento/acolhimento aos pacientes nos serviços de pronto atendimento; Falta de informações e pesquisas sobre o uso de agrotóxicos e sua repercussão na saúde dos agricultores e nos alimentos atingindo a saúde humana e animal; Serviços de saúde estão concentrados na Grande Florianópolis e no Litoral Norte, exigindo sua descentralização para outras regiões do Estado;


ARTIGO

23

ADM. CARLOS ALBERTO DE LIZ MEDEIROS ¹ ADM. RAGNAR JOSÉ JACOB ²

BUSCANDO

NOVOS CAMINHOS

A

luta pela sobrevivência

vem desde a aurora dos tempos. Os caçadores

cobriam quilômetros

em busca de alimento.

Mais tarde, com o cultivo da terra

e a fixação dos povos, passou-se à

visão da necessidade de armazenar

o excedente da produção para o período de entressafras. Essa caracte-

rística cíclica compôs a evolução da

sociedade, embasando a necessidade

de estabelecer reservas para as épocas mais difíceis.

O preâmbulo fez-se necessário

para ilustrar um dos papéis da própria administração. A necessidade de re-

A necessidade de reservas das pessoas físicas se transferiu também às pessoas jurídicas, pois é evidente que as organizações fazem parte de um sistema maior que tem oscilações em face dos mais variados fatores incontroláveis. Sem sequer cobrir os custos dos procedimentos?

Uma alternativa é buscar outras

servas das pessoas físicas se transferiu

fontes de recursos não operacionais para

parte de um sistema maior que tem

mentares. Essa fonte trata de recursos

também às pessoas jurídicas, pois é

evidente que as organizações fazem

oscilações em face dos mais variados fatores incontroláveis.

Mas nos atendo à nossa realida-

de, como fazer reservas em hospitais privados e filantrópicos com atendi-

mento SUS, se nem ao menos tem-se

o mínimo necessário à sobrevivência?

investimento e ampliação da receita

por meio de projetos e emendas parlajá disponibilizados e que, por vezes,

não são aproveitadas pelas unidades

hospitalares, seja pela falta de iniciativa e organização dos próprios hospitais, seja pela inércia parlamentar, ou ainda, pela inoperância administrativa dos órgãos governamentais.

A elaboração de projetos é algo

que exige da administração: a) tempo

para elaborar e acompanhar o projeto; b) dedicação para identificar e detalhar minuciosamente o que se quer; c) empenho para tratar com órgãos e parlamentares; e d) qualidade na

apresentação das comprovações para

não gerar problemas fiscais... mas vale muito a pena.

Utilizar desse meio lícito e dispo-

nível através de projetos racionais que

objetivem o benefício da entidade e da

sociedade em geral, certamente acarre-

tará em uma “boa colheita”, auxiliando na construção de reservas para a sobrevivência da entidade.

1. Adm. Carlos Alberto de Liz Medeiros, administrador de empresas, especialista em gestão hospitalar, gerente administrativo da AHESC -FEHOESC.

2. Adm. Ragnar José Jacob, administrador de empresas, especialista em gestão hospitalar, sócio e consultor da Adhocracia Administração em Serviços de Saúde.


24

SAÚDE >


25

QUEBRA DE REDE

>

O projeto que organiza e agiliza o atendimento emergencial nos hospitais foi interrompido, apesar dos excelentes resultados alcançados. Entidades pedem o retorno imediato da implementação da Rede de Atenção à Urgência e Emergência.

C

riada para dar agilidade no

atendimento hospitalar e

ambulatorial, a Rede de Aten-

ção à Urgência e Emergência

das Macrorregiões Nordeste

e Planalto Norte de Santa Catarina,

que deveria abranger 26 municípios e 20 hospitais, foi implementada em apenas

quatro cidades e está há mais de um ano

aguardando que o Governo do Estado dê continuidade na sua execução.

A rede começou com a iniciativa iso-

lada de Joinville, entre 2007 e 2008. Para

ampliar o atendimento e fazer com que ele alcançasse 1,3 milhão de pessoas - o que

representa mais de 20% da população de

SC - foi feito um trabalho com mais de 180 profissionais entre diretores de hospitais, secretários regionais, gerentes regionais Imagens: Dreamstime | Divulgação

de saúde, Corpo de Bombeiro, Samu,

Polícias Militar, Civil, Rodoviária e Federal. Além disso, houve dezenas de oficinas e reuniões.

Adotado como projeto de governo em

2009, o trabalho iniciado na gestão do

ex-governador Luiz Henrique da Silveira,

aguarda uma destinação desde 2011, quando Raimundo Colombo assumiu o Governo. Por enquanto, assinaram convênios

Joinville, Rio Negrinho, São Bento do Sul e São Francisco do Sul. O presidente da

AHESC, Dario Staczuk, lamenta a interrup-

ção. “Essa rede só funciona se todos estive-

rem integrados e hoje ela está pela metade.

Joinville, São Bento do Sul estão atendendo, mas de uma forma não tão organizada caso todos estivessem integrados.”

O sistema ajudaria a organizar e a

melhorar o serviço de atendimento à

população, desde a ocorrência até o encaminhamento do hospital mais indicado. O presidente da AHESC observa que a ideia é evitar situações corriqueiras da região, como Samu e Bombeiros chegarem a um mesmo acidente da BR-101.

“Eles saberiam quem já teria ido à

rodovia, para onde mandar os pacientes e os hospitais saberiam quais pacientes

deveriam receber”, esclarece Staczuk, que

também é diretor do Hospital São Vicente de Paulo de Mafra.


26

“SES interrompe projeto no Norte do Estado e, ao mesmo tempo, prevê implantação nos mesmos moldes em outras regiões. A falta de organização gera despesas, trabalho dobrado, insatisfação nos pacientes e estafa nos profissionais”. DARIO STACZUK, Presidente da AHESC

Para o administrador do Hospital São

de na Região do Planalto Norte. Isso faz

quantidade de atendimentos do hospital,

Blumenau, Jaraguá do Sul e até mesmo

José, de Jaraguá do Sul, Maurício José Souto Maior, a rede contribuiria para diminuir a que está sobrecarregado. Ele relata que o

São José recebe três mil pacientes por mês e muitas vezes atende pessoas que pode-

riam ser encaminhadas para outra cidade, caso a rede estivesse funcionando.

“Outro dia uma notícia no jornal mos-

trava que um rapaz acidentado de moto em Joinville foi encaminhado ao Hospital São

José, em Jaraguá do Sul. A rede evitaria esse tipo de situação, porque definiria o papel, e a vocação de cada hospital”, observa.

O presidente da AHESC acrescenta que

com que pacientes tenham que descer a

serra para serem atendidos em Joinville,

Florianópolis. Em algumas circunstâncias, as pessoas preferem em ser atendidas em Curitiba (PR).

“Curitiba e Mafra ficam distantes 100

quilômetros. Mafra e Florianópolis, 300

quilômetros. O que se pretendia com a rede é que esse vazio assistencial no Planalto

Norte fosse eliminado, para que o atendi-

mento pudesse feito em Mafra, Canoinhas,

São Bento do Sul, Porto União, evitando que os pacientes se deslocassem serra abaixo.” O problema foi encaminhado à Assem-

em meio a esta desorganização, o gasto de

bleia Legislativa, por um ofício. O deputa-

se pouparia recursos. Nessa bagunça, às

recursos para a continuidade da rede.

dinheiro é alto. “Com a rede, haveria um

investimento racional em cada hospital, e

vezes se investe num hospital sem ter pla-

nejamento. Se não organizar, gasta-se mais, a população fica insatisfeita e os profissionais desmotivados”, ressalta.

Staczuk ainda questiona o fato de a

Secretaria de Estado de Saúde (SES) ter

interrompido o trabalho da Rede na Região

Norte e Nordeste, ao mesmo tempo em que prevê projetos nos mesmos moldes para outras regiões do estado.

O presidente da AHESC observa que

ainda existe um vazio assistencial gran-

do Reno Caramori fez uma indicação ao

governador Raimundo Colombo pedindo

No documento, consta que “a manifes-

tação da Assembleia é imprescindível para a consolidação da Rede de Atenção às Ur-

gências e Emergências”. Ele ainda sugeriu

a aprovação de Lei Estadual, que autoriza a complementação dos valores dos serviços

prestados pelos hospitais aos pacientes do SUS, pelo Governo de Santa Catarina.

O secretário de Saúde, Dalmo Claro de

Oliveira, admite que a SES está estimulando para que outras regiões se organizem


27

e criem suas redes. Ele ainda informa

ela dar conta do objeto de contrato. Por

deixa claro se novos convênios serão

Hospitais maiores ganham R$ 400 mil

que, neste ano, os contratos, já feitos, foram renovados até junho. Mas não assinados.

Já o gerente regional de Saúde,

Douglas Machado, da Secretaria de

Desenvolvimento Regional de Joinville,

exemplo, se ela for atender paciente

infartado, vai precisar disso e aquilo”.

por mês, unidades menores R$ 10 mil

por mês, mas há ainda contratos de R$ 15 mil mensais.

Para o gerente, a rede precisa de um

acredita que novos pactos devem ser

processo de reorganização. Ele acredita

de outros convênios. A gente está na ex-

“Vejo que há ainda ambulância que

firmados em breve. “Acho que nesse mês (abril) ainda saiam assinatura pectativa para continuar a rede”.

Ele argumenta que não houve uma

interrupção do processo. “Ele teve uma redução das atividades. Houve mudança de gestão, e até que a nova gestão

pudesse tomar pé de como estávamos,

fez com que houvesse essa desacelera-

que muitas unidades não estão prepara-

das para seguir o que tem sido proposto. continua levando pacientes, com algum

tipo de problema, ao hospital errado e o hospital continua aceitando. O paciente acaba ocupando o espaço de outro. Os

gestores precisam tomar uma decisão. Não houve uma mudança de cultura.”

O gerente ressalta que para a rede

ção. Agora o secretário (de Saúde) tem

funcionar, as unidades precisam tra-

gerente.

agindo corretamente e o restante não.

retomado a execução, com capacitação de médicos e enfermeiros”, garante o Cada convênio recebe uma ver-

ba. De acordo com Machado, o valor

varia com o que a unidade se propôs a realizar. “O dinheiro repassado é para

DESCONTINUIDADE NOS HOSPITAIS: >

balhar em prol de um objetivo. “Não adianta ter três ou quatro hospitais,

É preciso corrigir isso nos postos de

saúde, por exemplo. Se a população não tiver soluções perto de casa, ele vai a outro lugar”, finaliza.

Rede de Atenção começou a ser implantada, parou, e está em “processo de reorganização” há mais de um ano.


28

PROGESS>

>

O programa contribui para a melhoria da gestão. Os encontros

do PROGESS começam em junho e vão até dezembro.

A GESTÃO

AFUNDA

T

SEU NEGÓCIO? em gestor que torce o nariz

quando ouve falar em novas

metodologias e boas práticas em

governança. Você conhece pelo

menos um assim. Seu argumento

mais repetido é “sempre fiz do

meu jeito e deu certo, e estou aqui até agora”. Sim, mas em que condições? E com quais perspectivas?

Técnicas de administração e gerência

não são mágica. São ferramentas bem concretas que produzem resultados

diferentes daqueles com os quais os ges-

tores estão acostumados. Por isso alguns temem esse conhecimento. E por isso, também, outros são salvos por ele.

Prestar serviços de maneira eficiente

e organizada, reduzir gastos desnecessá-

2010. Ele nasceu de uma parceria entre Instituto Santé, com apoio institucional da AHESC-FEHOESC, e o Movimento

Catarinense para a Excelência (MCE). Desde então, o programa vem

rios e ainda evitar o retrabalho de hos-

disseminado as melhores técnicas de

de boas práticas, o cliente também agra-

zagem organizacional e a adequação da

pitais e clínicas. Além das organizações

saírem ganhando com essa combinação decerá. Esses são preceitos básicos do

Programa de Melhoria Contínua na Gestão e Assistência em Serviços de Saúde em

Santa Catarina, o PROGESS, lançado em

gestão, estimulando o desenvolvimento administrativo da empresa, a aprendi-

assistência às necessidades do paciente.

Em duas turmas já formadas, partici-

param do PROGESS 25 estabelecimentos


29

Critérios de Avaliação Liderança Estratégias e Planos Clientes Sociedade Informações e Conhecimento Pessoas Processos Metas Internacionais de Segurança do Paciente Resultados A gestão como ciência é a chave do cofre: >

de saúde, que inscrevem seus funcioná-

técnicas para prestar serviços de forma

eficiente e com redução de custos são a base do Progess.

Mesmo que a entidade já tenha

rios no programa. Eles são capacitados

participado de alguma das edições do

ESC, em Florianópolis. Nesta edição, as

teúdo do programa, para participar do

por profissionais do MCE em encontros

mensais, feitos na sede da AHESC-FEHOaulas começam em junho e duram seis meses.

Além de melhorar a prestação de

PROGESS, ela pode aderir ao programa novamente. “Ela pode resgatar o con-

Prêmio Santé, por exemplo”, observa o gerente administrativo.

Para ele, participar do PROGESS

serviços e a gestão, os participantes

é uma maneira de comprovar que

investiram na organização e reestrutu-

ção alcança um modelo ideal quando

podem ainda se habilitar ao Prêmio

Santé, que reconhece as entidades que

ração administrativa. São nove critérios avaliados e todos serão abordados durante o programa.

De acordo com o gerente adminis-

aquela entidade realmente melhorou o processo de gestão. Uma organiza-

prospera e alcança a liderança na área em que atua, tornando-se exemplo de reconhecimento.

Quem pode participar?

Qualquer hospital, clínica ou laboratório, tanto do setor privado quanto público. Por se tratar de um programa de adesão voluntária, importa o esforço organizacional em busca da excelência.

Como aderir?

O hospital, a clínica ou o laboratório deverá entrar em contato pelo email institutosante@ahesc-fehoesc.com.br

Local?

Os encontros serão feitos na sede da AHESC-FEHOESC, em Florianópolis. Localizada na Avenida Almirante Tamandaré, nº 94, Sala 805 – Edifício Coral, no Bairro Coqueiros, região Continental.

Benefícios

Redução do desperdício e do retrabalho Aumento da produtividade e dos resultados positivos.

trativa da AHESC-FEHOESC,

Melhoria do clima organizacional pelo aumento da motivação dos funcionários Maior controle da administração com melhoria no nível da organização interna.

tal ou a clínica deve preencher

Satisfação do cliente.

Carlos Alberto Liz Medeiros,

ao final do PROGESS o hospium relatório sobre a gestão.

Premiação

“Ele vai relatar se atendeu aos critérios, e depois, os

avaliadores do Movimento

Catarinense para a Excelência fazem a vistoria para analisar se aquilo que foi colocado no relatório condiz com a realidade”, explica.

Carlos Medeiros, gerente administrativo >

o Movimento Catarinense para a Excelência avalia resultados e estimula o aperfeiçoamento contínuo.

O Prêmio Santé é um reconhecimento às entidades que investem na organização e estruturação administrativa e na adequação às melhores práticas de gestão. Ele premia quem alcançou os patamares do Progess. A entrega acontece no Encontro Catarinense de Hospitais e Estabelecimentos de Saúde, que nesse ano será realizado em Joinville. O Prêmio possui três categorias: bronze, prata e ouro.


30

COLUNA

DR. RODRIGO DE LINHARES Advogado, Assessor Jurídico da AHESC-FEHOESC e membro do Conselho Jurídico da CNS

A NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 6º DA CLT

O USO DO E-MAIL E CELULAR

GERA HORA EXTRAORDINÁRIA?

A

Lei 12.551, sancionada pela presidente Dilma Rousseff no fim do ano passado,

promete gerar grande polêmica porque

determina que o uso de ferramentas de comunicação para fins corporativos,

como o e-mail e o celular, fora do horário de trabalho, equivaleria a uma ordem

dada pelo empregador e, portanto, pas-

sível de remuneração como hora extraordinária.

Basicamente a nova lei alterou o art. 6º da Con-

solidação das Leis do Trabalho, fazendo incluir as ex-

pressões abaixo destacadas da transcrição da norma: “Art. 6º - Não se distingue entre o trabalho reali-

zado no estabelecimento do empregador, o executado

no domicílio do empregado e o realizado à distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego.”

Entendemos, contudo, que tal alteração não trou-

xe reflexos diretos às relações trabalhistas já existen-

tes no âmbito dos hospitais e prestadores de serviços de saúde.

Tal assertiva encontra amparo na Exposição

de Motivos do Projeto de Lei que originou a nova norma, apresentado pelo Dep. Federal Eduardo Valverde:

“A revolução tecnológica e as transformações

do mundo do trabalho exigem permanentes transformações da ordem jurídica com o intuito de

apreender a realidade mutável. O tradicional co-

mando direto entre o empregador ou seu preposto e o empregado, hoje cede lugar, ao comando à distância, mediante o uso de meios telemáticos, em que o empregado sequer sabe quem é o emissor

da ordem de comando e controle. O Tele-Trabalho é realidade para muitos trabalhadores, sem que a distância e o desconhecimento do emissor da or-

dem de comando e supervisão, retire ou diminua a subordinação jurídica da relação de trabalho.”

Igualmente o parecer do Relator do Projeto

de Lei na Câmara, Dep. Federal Homero Barreto, quando da aprovação do texto:


31

“O art. 6º é um dos principais e mais

importantes artigos da CLT. Estabelece

que não há distinção entre o trabalho rea-

lizado no estabelecimento do empregador

e o executado no domicílio do empregado, ‘desde que esteja caracterizada a relação de emprego’.

Assim, presentes os requisitos da

relação empregatícia, o fato de o empregado trabalhar em sua própria casa é irrelevante.

Os requisitos podem ser verificados

no art. 3º da CLT, que define empregado, a saber:

Pessoalidade – ‘considera-se empregado toda pessoa física’

Não eventualidade – ‘que prestar serviços de natureza não eventual’

Subordinação – ‘sob dependência deste’ Onerosidade – ‘e mediante salário’.

A proposição amplia o alcance desse

artigo aos trabalhadores à distância e equipara os meios telemáticos e in-

formatizados de comando, controle e

supervisão aos meios pessoais e diretos;

configurando aqueles, também, forma de subordinação.

Entendemos que, apesar da interpre-

tação do art. 6º da CLT poder ser feita de forma a configurar esse tipo de subordi-

nação, a melhor opção é alterar a lei, a fim

ção permite a subordinação do empregado

empregador ao pagamento de horas de

exercida no local de trabalho”.

office ou anywhere office, pois o tema

ao empregador de forma talvez até mais eficiente do que a subordinação direta,

Como se vê, a intenção do legislador

não foi a de transformar em hora extra-

ordinária os contatos interjornadas, sob a forma de celular, e-mail ou outras tec-

nologias, eventualmente realizados entre

relação de trabalho.

O conceito de subordinação, como

dispõe o projeto, é um dos exemplos de

evolução legislativa. Pode haver comando, controle e supervisão ainda que não haja

o contato direto. A revolução da informa-

os artigos 58 a 65, os quais não foram objeto de alteração legislativa.

Portanto, visto que permanecem

é de que o simples envio de e-mail, con-

local que não seja o escritório/sede da

empresa, já que seu objetivo foi o de “equiparar os efeitos jurídicos da subordinação

exercida por meios telemáticos e informatizados à exercida por meios pessoais e diretos”.

Cabe dar ênfase, entretanto, que o

fato de a lei reconhecer a existência de

subordinação jurídica nas modalidades de relação de trabalho à distância não signi-

fica que – no tocante aos temas trabalhistas que envolvem a duração do trabalho e seus limites – deverá haver idênticas

consequências jurídicas nas relações de

emprego mantidas junto ao empregador, sob sua efetiva supervisão, vigilância e

controle direto de cumprimento de carga horária.

Afinal, não há que se confundir

nada mais é que a situação de sujeição

o avanço tecnológico e os seus efeitos na

plina em outro capítulo da CLT, entre

casa), teletrabalho ou em qualquer outro

distância, seja no sistema Home Office (em

e deve se adequar às mudanças sociais.

Não pode a legislação trabalhista ignorar

“Duração do Trabalho encontra disci-

inalterados os temas consolidados

regulamentação dos trabalhos realizados à

“subordinação jurídica” com controle de

ceito de relação de trabalho é dinâmico

que este trabalha em regime de home

empregador e empregado, pois o foco foi a

de adequá-la às mais modernas tecnolo-

gias, em benefício do trabalhador. O con-

sobreaviso ao empregado, apenas por-

jornada, nem com fiscalização de cumpri-

mento de jornada. A subordinação jurídica efetiva do prestador de serviços ao poder de comando do empregador, às ordens

disciplinares, ao sigilo, e à fidelidade ao empreendimento para o qual trabalha.

Também não poderá haver ilação de

que o disposto na nova redação do artigo

6º representaria a caracterização automática do regime de sobreaviso, sujeitando o

sobre a duração do trabalho, o entendimento predominante na esfera judicial tato telefônico ou qualquer outro tipo de comunicação entre empregador e

empregado, fora do horário de trabalho, não basta para caracterizar a jornada extraordinária, pois a hora extra só

subsistirá na hipótese do emprega-

dor exigir que o empregado execute

atividades fora da sua jornada regular de trabalho.

Da mesma forma, não há motivos

para se alterar o entendimento para a

caracterização de regime de sobreaviso, já Sumulado pelo TST:

Súmula 428. Sobreaviso. O uso de

aparelho de intercomunicação, a exemplo de BIP, “pager” ou aparelho celular, pelo empregado, por si só, não carac-

teriza o regime de sobreaviso, uma vez que o empregado não permanece em

sua residência aguardando, a qualquer momento, convocação para o serviço. É certo que a configuração das

horas extras dependerá de análise

individualizada de caso a caso. Porém,

não nos parece que a intenção da nova

norma foi a de alcançar e de remunerar

como horas extras os e-mails e telefonemas esporádicos com empregados, sem que esse contato demande a execução

imediata - e fora do horário - de tarefas afetas ao contrato de trabalho.


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TECNOLOGIA

GOOGLE GLASS

Mais uma novidade da gigante Google

“Nós acreditamos que a tecnologia deve

Ainda em caráter de projeto no laboratório

permitirá que o usuário acesse informações

trabalhar para você - estar lá quando você

Google X, o Google Glass - que pode ter de-

em tempo real, fazendo uso da “realidade

precisar dela e sair do seu caminho quando

sign e funções modificados até a sua versão

aumentada”. Trata-se do Google Glass. O dis-

você não a quiser mais”, disse a companhia

final - ainda não tem data ou preço para

positivo projeta na lente várias informações

em post na sua rede social.

chegar ao mercado.

Do lado direito do acessório, um receptor

Segundo estimativas, até o fim de 2012 o

captura e registra imagens além de projetar

Google Glass utilizará o sistema Android e

conteúdo na lente, ao campo de visão do

será equipado com GPS e conexão 3G, com

usuário.

preço equivalente ao de um smartphone.

como hora, mapa, condições climáticas, além de ligações telefônicas, e muitos outros aplicativos disponíveis atualmente nos tablets - tudo isso controlado pelo controle de voz.

Em abril a LG lançou o e-book com e-paper.

A tecnologia deste aparelho é a “tin-

Trata-se de uma tela de papel eletrônica e

ta eletrônica” o que permitirá uma me-

flexível que, ao contrário dos conceitos de

lhor leitura além de ser muito resistente

smartphone e TV 3D flexível, já é realidade.

a riscos e a quedas de até 1,5 metros

Para revolucionar o mercado, o e-book da

Agora é só esperar para esta tecnologia

LG tem um ecrã (tela) de 15,2 centímetros,

chegar definitivamente ao mercado,

resolução de 1024 x 768 e pode ser dobrado

para avaliar seu custo benefício.

até um ângulo de 40 graus. Tem 0,7 milímetros de espessura e pesa cerca de 14 gramas.

Imagens: Divulgação

Tela flexível e-paper da LG


MEU CELULAR FOI ROUBADO. E AGORA?

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Infelizmente, às vezes somos surpreendidos por certos indivíduos de má índole, que roubam aparelhos celulares, carteiras, e outros objetos de valor. Como a maioria das pessoas hoje tem celular, tornou-se uns dos alvos favoritos dos assaltantes. Veja que medidas tomar, caso seu aparelho celular for furtado ou roubado.

1 Bloqueio de Linha Se você foi roubado, ou percebeu que seu

Para realizar o bloqueio da linha, basta ligar

aparelho foi furtado, você deve imediata-

na operadora da linha telefônica, escolher a

mente bloqueiar a linha, para evitar que os

opção furto, roubo ou perda de aparelho.

assaltantes façam ligações. Isso deve ser feito rapidamente.

Após isso, você será transferido para um(a) atendente. Basta informar o número da linha, o nome e o CPF do titular da linha.

2 Bloqueio de Aparelho Além de bloquear a linha telefônica, você pode também bloquear o aparelho, impedindo seu aparelho celular ser utilizado com outro chip GSM. Há duas formas de fazê-lo: Bloqueio via IMEI, e o Bloqueio via ANTI-THEFT ou ANTI-FURTO.

Bloqueio e Rastreamento Via ANTI-THEFT/ANTI-ROUBO

Bloqueio via IMEI

Aparelhos mais sofisticados como o iPhone, smartphones da Motorola com Motoblur, e

Todo aparelho celular, tem um registro único,

outros smartphones podem ser bloqueados e rastreados remotamente via aplicativos

chamado de IMEI. Com este número, é pos-

ANTI-THEFTou ANTI-FURTO.

sível realizar o bloqueio como o desbloqueio do aparelho.

Outras Dicas

Por isso, é muito importante ao comprar um

Caso tenha seu aparelho furtado ou roubado, você deve fazer o Boletim de Ocorrência

aparelho celular, anotar esse número em

imediatamente. (Fonte: universemobile.net)

outro local de fácil acesso, para na hora de necessidade, te-lo rapidamente em mãos. Veja seu número IMEI, digitando: *#06# Para bloqueio do aparelho via IMEI, ligue na operadora da sua linha telefônica, peça para falar com atendente e solicite o bloqueio do aparelho. Após isso, informe o número da linha, o nome e o CPF do titular, para comprovar que você é o usuário da linha/aparelho. Informe o número IMEI do aparelho e o(a) atendente irá realizar os procedimentos necessários. Caso você consiga recuperar o aparelho, ligue novamente na operadora, informe os dados necessários para confirmar a titularidade da linha, e depois informe o número IMEI.


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COLUNA

LIVROS INDICADOS

GESTÃO DE VERDADE PARA PESSOAS DE VERDADE

Um dos mais influentes consultores do mundo lança um livro que desmistifica a gestão e vai à raiz dos problemas – não só empresariais, mas da vida insight dado pelo Professor Manfred Kets de Vries

segundo avaliação da revista

oculto no coração do comportamento empresarial; em

dos maiores especialistas em

recursos humanos do mundo, The Economist. Seu principal insight é unir duas áreas do

conhecimento: a psicologia e administração. Se você

conferir o sumário do seu novo livro, em poucos segundos vai entender como ele atinge o âmago das experiências e expectativas para levar gestores a se confrontarem com o que é mais difícil: suas próprias perspectivas de vida e hábitos de gestão. Considerado uma das 50 pessoas

mais influentes na área da administração, o presidente

do Centro de Liderança Global da INSEAD defende que o

autoconhecimento é a principal característica de um líder. “Faço lavagem cerebral. Se você não estiver confuso

no fim dos meus livros é porque não entendeu nada”,

provoca De Vries. No livro “Sexo, Dinheiro, Felicidade e Morte” combina insights, um texto agradável e uma

inconfundível perspicácia, reduzindo tudo ao essencial,

à medida que faz diversas reflexões e oferece orientação

para executivos e demais pessoas, a respeito de algumas das principais questões que preenchem nossas vidas. O

acerca das nossas motivações e dos nossos níveis de

inteligência emocional expõe um fato que se encontra outras palavras, o fato de sermos todos humanos. “Muitos executivos estão percebendo que a

maioria das pessoas não decide simplesmente sair

das empresas em que trabalham. Quando alguém lhes pergunta: ‘Por que vocês trabalham para essa empresa? É uma péssima empresa’, elas dizem: ‘Eu gosto

do meu chefe. Quando tenho alguma dificuldade, ele (ou ela) realmente se importa comigo’. Isso faz uma tremenda diferença. Hoje, as pessoas gastam tanto

tempo no trabalho que as empresas têm de ser uma comunidade. As pessoas precisam gostar umas das outras. Em muitas empresas, há uma sopa darwi-

niana, em que as pessoas lutam entre si. E é preciso

haver significado. As pessoas trabalham por dinheiro, mas morreriam por uma causa. As pessoas só têm

uma vida. Elas não querem ser as pessoas mais ricas

do cemitério. Querem fazer algo que tenha significado para ser lembradas”.

Manfred F. R. Kets de Vries, titular da Cátedra Raoul de Vitry d’Avaucourt de Desenvolvimento de Liderança na INSEAD, França & Singapura. Também é Diretor do Centro de Liderança Global da INSEAD (IGLC) e diretor de programa do principal seminário de administração superior da INSEAD, O Desafio da Liderança: Criando Líderes Reflexivos, o programa Consulting and Coaching for Change (CCC), e Liderança para a Criatividade. É um dos 50 principais pensadores mundiais em Administração, e também como um dos mais influentes especialistas em administração de recursos humanos.

Imagens: Dreamstime | Divulgação

M

anfred Kets De Vries é um


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