100 Anos do Anjo Pornogrรกfico
Um brasileiro do tamanho do Brasil O Brasil deve muito do que pensa sobre si mesmo a Nelson Rodrigues. Basta lembrar de seus textos, sejam aqueles que quebraram tabus no teatro, sejam os dos jornais cariocas, que expuseram a vida como ela é e reconheceram no futebol a condição de feitiço — e que somente nossa alma mestiça é capaz de dominar. Sua própria biografia, entretanto, também toma parte nesta construção da auto-imagem brasileira. Atiçado por uma história de família, desde os tempos de Pernambuco, que a obrigou a se transferir para o Rio, Nelson revelou-se um desassombrado. A imprensa abriu-lhe as portas da literatura. Ainda no jornal A Manhã, começou a dividir a nobre página três com nomes como Monteiro Lobato e Agripino Grieco. Isso, com apenas 16 anos. Tragado por dramas que envolveram aqueles que lhe eram próximos, desenvolveu uma personalidade contestadora. Isso forjou um caráter que jamais teve medo do choque, da vaia. E explica por que, na sociedade conservadora de então, Nelson fustigou a intimidade das pessoas. Não temeu o que era considerado proibido. Primeiro, veio “A Mulher sem Pecado” e, depois, “Vestido de Noiva”. O Brasil era orgulhosamente conservador naqueles anos 1940. Outras 15 obras se seguiram, todas recebidas no mínimo com desconfiança.
Com isso, ele habituou-se à hostilidade da crítica e de parte do público. Mas tinha a contrapartida de suas peças serem campo vasto para exercício e experimentação de atores e diretores. A modernidade chegara aos palcos, rompendo a trajetória de pieguice do teatro brasileiro. Nelson fez pensar. Expôs a alma humana à plateia. Isso, claro, incomodou. Foi tachado de pornográfico. Mas ele insistiu. Viu surgirem as inovações da Bossa Nova e do Cinema Novo e a regressão do regime de força. Não ficou insensível a nada disso. Quando o arbítrio lhe invadiu a casa, se insurgiu em nome do filho. Percebeu as primeiras sementes da democracia, mas não as viu florescer. Saiu de cena antes. Esta série de exposições que agora o retratam em diferentes lados de sua vida e produção é de suma importância porque retoma o papel que o próprio Nelson assumiu para si: o de espelho de nós mesmos. Elas o mostram nos palcos, nas redações, na literatura e no Maracanã, onde ele acompanhou as jornadas do seu adorado Fluminense. E são um esforço do Ministério da Cultura, por meio da Funarte, para, acima de tudo, mostrar a imensa gratidão que todo o Brasil tem por Nelson.
Ana de Hollanda
Ministra de Estado da Cultura
Amado e odiado ao longo de sua trajetória artística, Nelson Rodrigues é hoje reconhecido como um dos maiores dramaturgos brasileiros. Se fosse vivo, completaria 100 anos em agosto. E é para celebrar esta data que a Fundação Nacional de Artes – Funarte abre as portas do Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro, para a exposição “Nelson Rodrigues – 100 anos do anjo pornográfico”. Mais do que uma justa homenagem, a mostra é também uma oportunidade para que as novas gerações conheçam a obra do autor, famoso por sua irreverência, ousadia e opiniões polêmicas. Com curadoria de Crica Rodrigues e Nelson Rodrigues, filho, a exposição faz um passeio pelo riquíssimo acervo reunido no Cedoc - Centro de Documentação e Informação da Funarte. Através de textos do próprio autor, de diretores de teatro, matérias de jornal, programas das peças, críticas e fotos, o público é convidado a percorrer o universo rodriguiano e relembrar um pouco da história das 17 peças de teatro escritas pelo dramaturgo. Algumas roupas que Nelson Rodrigues costumava usar e sua inseparável máquina de escrever também estarão expostas. É importante enfatizar que a obra de Nelson Rodrigues, provocante e original, muito contribuiu para a nossa cultura. Ele foi pioneiro da dramaturgia moderna brasileira e seus textos expõem o inconsciente da classe média. A Funarte tem o prazer de homenagear esse que é um dos maiores nomes da dramaturgia nacional e expor ao público um pouco de sua vida e obra.
Antonio Grassi
Presidente da Funarte
O Centro de Artes Cênicas da Funarte inicia sua participação nas comemorações dos 100 anos de Nelson Rodrigues promovendo a exposição Nelson Brasil Rodrigues – 100 Anos do Anjo Pornográfico, que traz ao público o registro das principais montagens teatrais dos textos do autor, bem como um pouco da sua vida e obra. Foi uma opção dos curadores apresentar na Sala Aloísio Magalhães do Teatro Glauce Rocha, no coração do Centro do Rio de Janeiro, o Nelson Rodrigues dramaturgo, autor de 17 obras teatrais, que revolucionou nosso teatro e foi responsável, ao lado de Ziembinski (diretor) e Santa Rosa (cenógrafo), pela criação do Teatro Moderno Brasileiro com a montagem de Vestido de Noiva, em 1943, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Pretendemos com essa exposição mostrar ao público, que já conhece seu teatro e para os jovens que estão descobrindo Nelson Rodrigues, um pouco do universo do dramaturgo e das principais montagens de seus textos. A mostra marca o início das comemorações pelos 100 Anos do Anjo Pornográfico, que durante o ano também merecerá outras homenagens realizadas pela Funarte. Ao inaugurarmos esta coletânea, estamos também lançando Prêmio Funarte Nelson Brasil Rodrigues - 100 Anos do Anjo Pornográfico/2012, que tem como objetivo premiar os melhores projetos sobre as 17 peças dramáticas do escritor, que participarão do Festival “A Gosto de Nelson”, no Rio de Janeiro, em agosto de 2012.
Antonio Gilberto
Diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte – Ceacen
“Fui durante anos o unico autor obsceno do Brasil" Incompreendido, censurado, maldito, tarado! Durante anos, Nelson Rodrigues travou uma acirrada batalha com plateias revoltadas, críticos, intelectuais, moralistas que não aceitavam sua maneira de desnudar o indivíduo. Sua Obra teatral se inicia em 1941, quando escreve a primeira peça, A Mulher Sem Pecado. Em seguida surge com Vestido de Noiva, que marca o Teatro Moderno Brasileiro. A peça, revolucionária, foi dirigida por Ziembinski, e trouxe ao palco uma história sem ordem cronológica que envolvia três planos: realidade, memória e alucinação. A convite da Funarte, nossa parceira também no Festival de Teatro A Gosto de Nelson, decidimos fazer um recorte em sua vasta área de atuação e contar um pouco da história das estreias de cada uma das 17 peças. Fotos, programas das peças, textos do próprio autor e críticas nos dão o panorama da época em que cada montagem foi à cena.
Ao som das músicas que Nelson Rodrigues escutava em seus momentos íntimos, o público verá, expostas, sua inseparável máquina de escrever e uma vestimenta de seu uso cotidiano. Trechos da entrevista concedida por ele à Fernanda Montenegro serão disponibilizados em fones de ouvido. A preparação da exposição foi muito prazerosa. Fácil trabalhar com o cenógrafo Ronald Teixeira, profundo conhecedor da Obra Rodrigueana (e vencedor da Triga de Ouro na Quadrienal de Praga 2011) e com Aurélio de Simoni iluminando mais um “Nelson Rodrigues”. Sejam bem-vindos!
Crica Rodrigues e Nelson Rodrigues, filho Curadores
Nelson Brasil Rodrigues
100 anos do Anjo Pornografico O país inteiro se mobiliza em merecidas homenagens ao centenário do jornalista, cronista esportivo, contista, romancista e dramaturgo Nelson Rodrigues.
Nelson Brasil Rodrigues – 100 anos do Anjo Pornográfico tem como um de seus objetivos divulgar e propagar, principalmente às novas gerações, a Obra deste muilti-facético artista brasileiro, que, com uma lente de aumento, como ninguém, desvendava os mais profundos recônditos da alma humana. O projeto teve seu início há dois anos quando Crica Rodrigues e Nelson Rodrigues, filho, neta e filho do dramaturgo, começaram a desenvolver suas ideias a fim de que o todo Brasil respirasse Nelson Rodrigues em 2012.
Atuando em variadas áreas, Nelson Brasil Rodrigues – 100 anos do Anjo Pornográfico agrega sob este título vários outros projetos que reunirão diversas personalidades brasileiras nestas comemorações. Convidamos todos a participar desta longa e gratificante viagem pelo fértil, criativo e – acima de tudo – humano mundo rodrigueano.
Carnaval:
O Carnaval de Rua do Rio de Janeiro também faz suas homenagens a Nelson Rodrigues. O Bloco do Barbas, pelas ruas de Botafogo, tem como tema nosso grande dramaturgo, e a Banda de Ipanema também o homenageia! Além disso, a escola de samba Viradouro briga por seu retorno ao grupo especial com o enredo ‘A Vida Como Ela É, Bonitinha, mas Ordinária... Assim falou Nelson Rodrigues’.
Nelson na Tela:
Mostra que reunirá em cinemas do Centro, Zona Sul, Zona Norte e Zona Oeste, todos os 24 longas-metragens derivados da obra deste que é o autor mais filmado do Brasil, propiciando às novas gerações, o contato com esta visceral filmografia do cinema brasileiro.
A Gosto de Nelson:
Festival de Teatro que proporcionará, a quem quer que esteja na cidade do Rio de Janeiro, entre 1º e 31 de agosto, mês de nascimento, a oportunidade de conhecer as 17 peças, a Obra Teatral completa, em várias versões, com pelo menos uma representante de cada Estado brasileiro. Com preços populares e aproximadamente 50 encenações, o A Gosto de Nelson vem expor, a partir de Nelson Rodrigues, diversos pontos de vista dos artistas brasileiros, nos dando um panorama real da atualidade teatral do país. Grande parceira neste projeto, a Funarte lança o Prêmio Nelson Brasil Rodrigues – 100 anos do Anjo Pornográfico, contemplando uma versão de cada uma das 17 peças que se somarão às demais neste inédito Festival, que deixará, para sempre, marcado o calendário cultural do Rio de Janeiro.
Quem e Nelson Rodrigues? Quem foi, quem sera?
O documentário Quem é Nelson Rodrigues? Quem foi, quem será? reunirá personalidades das variadas áreas de atuação deste “autor maldito” que contarão suas experiências com a Obra e seus contatos com o Autor.
A oportunidade é ímpar para o, também inédito registro, de quem fez a história cultural / jornalística do Brasil no século XX, seus parceiros, admiradores e personalidades da história brasileira. Por sua Obra persistir no tempo, focamos o Presente (exaustivamente citado e representado) e, a partir de sua vigorosa participação na formação de uma geração, seu riquíssimo Passado nos permite um mergulho no Futuro. Assim, o Nelson Brasil Rodrigues – 100 Anos do Anjo Pornográfico se volta, também, para os jovens superinteressados no autor e sua Obra, para os quais ele deixou um especial legado: - Jovens, envelheçam!
Theatro Municipal Vestido de Noiva:
Um especial momento do Nelson Brasil Rodrigues – 100 Anos do Anjo Pornográfico. O berço do Teatro Moderno abrirá suas portas para podermos reviver, em três versões, o grande momento do Autor, da sua Obra e da própria história do teatro brasileiro. O evento, de grande relevância, acontecerá nas duas últimas semanas de dezembro, fechando com chave de ouro este lindo ano com a peça que revolucionou o Teatro Brasileiro em 28 de dezembro de 1943.
Leituras Dramaticas seguidas de bate papo:
Importante como informação e formação, as leituras das peças e crônicas, além de seu fundamental conteúdo intrínseco, nos permitirão a presença dos profissionais que querem participar das homenagens, mas que, com agendas comprometidas, vêem com bons olhos estes eventos que contarão com o público absolutamente interessado na leituras e nos debates subsequentes. Vários nomes de proa se somarão ao projeto nestes momentos, igualmente importantes para a divulgação do Autor e sua inesgotável Obra.
Seminarios:
Ao longo dos anos, Nelson Rodrigues vem sendo lembrado, discutido e sendo fruto de diversas teses de estudiosos ligados à Cultura brasileira. Nelson Brasil Rodrigues – 100 Anos do Anjo Pornográfico nos dará a oportunidade de conhecer o que vem sendo estudado e publicado sobre o Autor. Reuniremos os estudiosos que, de alguma forma, tiveram contato com a Obra, além de personalidades com participação no cenário político / esportivo / cultural do país. É objetivo imperioso suscitar o inesgotável debate em torno do Autor e sua Obra e ao final poder compilar dados para novas publicações.
WebSite:
O site www.nelsonbrasilrodrigues.com.br será um dos elos com os quais acompanharemos todas as manifestações em função do centenário de Nelson Rodrigues por todo o Brasil. As informações sobre os projetos e como participar desta grande homenagem estarão disponíveis no site, bem como textos de personalidades, estudiosos, fotos, vídeos e etc.
CREDITOS Presidenta da República: Dilma Vana Rousseff Ministra da Cultura: Ana de Hollanda FUNARTE - Fundação Nacional de Artes Presidente: Antonio Grassi Diretora Executiva: Myriam Lewin
Curadoria: Crica Rodrigues & Nelson Rodrigues, filho Pesquisadora: Marcia Nemer Cenografia e Direção de Arte: Ronald Teixeira Cenógrafo Projetista: George Bravo Cenotecnia: Humberto Silva e Humberto de Oliveira Silva Caligrafias: Cláudio Gil Conservadora e restauradora: Heloísa Montezuma Programação Visual: Espalhafato Comunicação
Centro de Artes Cênicas Diretor: Antonio Gilberto Coordenação de Teatro Coordenadora: Heloísa Vinadé Coordenação de Comunicação Coordenadora: Camilla Pereira
Arte: Diogo Tirado Iluminação: Aurélio de Simoni Seleção de Repertório: Nelson Rodrigues, filho e João Schmid Som Ambiente: João Schmid Assessoria de imprensa: Trevo Comunicação Direção de Produção: delCast Assessoria (Claudia Gutierres e Denise del Cueto) e Diga Sim Produções (Miçairi Guimarães e Sandro Rabello) Produção Executiva: Mariana Serrão Realização: Vulpeculae Produções
AGRADECIMENTOS Antônio Serrão Clovis Mello Denise Mendes Dr. Gustavo Cahú Domingues Dra. Beatriz Veiga Salomão Dra. Brigitta Lang Fernando Pessanha Heloísa Montezuma Jaderson Fialho Jo e Eduardo Martins João Schmid Jorge Corsino Joyce Dayane Laura Guimarães Lucas Corsino Lucia e João Curvo Luiza Curvo Margarida Serrão Paulo Guimarães Pedro Corsino e Gabrielle Felipe Zezé Corsino Zulma Mercadante Servidores do CEDOC/Funarte: Auriel de Almeida Martins Denise Portugal Joelma Neris Ismael Maria da Glória Ferreira Brauniger
“Minha temática é baseada na observação pessoal, em certa visão do homem e no que eu próprio sei de mim mesmo. Eu começava a escrever e de repente parava e me perguntava: eu vou por isso? - me fazia sofrer que os personages fizessem isso ou aquilo. Mas como ao escrever sou o sujeito mais puro do mundo e faço o que devo fazer, e não o que acho que devo fazer, eu escrevia tudo.”
100 Anos do Anjo Pornográfico
inaugurada em 31 de janeiro de 2012
ESPALHAFATO| Diogo Tirado
Teatro Glauce Rocha / Sala Aloisio Magalhães
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Apoio:
Assessoria:
Trevo
Comunicação