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PRATICIDADE NOS CONDOMÍNIOS
Síndicos aderem aos serviços que facilitam a vida dos moradores, como minimercado e lava-rápido; estacionamentos acomodam padaria e açougue sobre rodas, e espaços ociosos da edificação abrigam de coworking a cantinho da beleza
Por Isabel Ribeiro
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SERVIÇOS que facilitam a vida dos condôminos são bem-vindos e os síndicos estão atentos à demanda. Além de promover conforto aos moradores, esse movimento reverte recursos para o condomínio por meio de taxas percentuais, valores preestabelecidos ou aluguel pago pelos fornecedores. “Em 2022, nossa receita foi de R$ 83 mil, e a incorporamos às contas ordinárias”, conta Paulo Fontes, síndico orgânico do Domínio Marajoara, condomínio-clube na zona sul. “Mas o ganho maior está em trazer comodidade ao morador”, avalia o gestor, que acrescenta um benefício indireto: a socialização entre condôminos na feira-livre ou nas noites de food-trucks.
De acordo com Paulo, é difícil escolher o serviço que mais agrada aos moradores. “Destinamos duas vagas grandes de garagem para o lava-rápido a seco, que é sucesso porque é de uma comodidade extrema. Temos o salão de beleza que as mulheres adoram. Já o minimercado é tão prático – acabou o creme de leite para a receita, basta descer para comprar”. O síndico cita ainda uma oficina de costura no estacionamento e um ponto de coleta e entrega de uma lavanderia à disposição dos condôminos.
Mercado e lava-rápido, entre outros, agregam valor ao condomínio, porém Paulo faz um alerta. “Antes de se amarrar num contrato, é preciso que o síndico se questione se o condomínio tem perfil de consumo condizente ao que deseja implantar. Deve ser uma relação ganha-ganha, ou seja, que oferece comodidade ao morador e lucro para a empresa”. Paulo pondera que itens de minimercados custam um pouco mais que nas lojas convencionais, portanto é preciso analisar se teriam saída. Na incerteza, melhor começar pela feira-livre. “Acho um ótimo benefício porque todo mundo precisa dos itens de uma feira”.
Luiz Carlos Teixeira é síndico orgânico do Espaço Raposo, condomínio-clube na zona oeste, mas acredita que, se houver potencial de consumo, condomínios menores podem investir em açougue, padaria e pet shop móveis. “Esses serviços são fornecidos em vans. O condomínio cede vagas por algumas horas e beneficia muito os moradores”, observa. “A vida em São Paulo é corrida, há insegurança e violência, então tudo o que pudermos oferecer para o morador não ter de sair do condomínio é positivo”.
Nas vagas de visitantes do Espaço Raposo aportam semanalmente vans de marcas conhecidas vendendo carnes, pães e queijos, fora o pet shop móvel, com banho e tosa. Dentre as outras facilidades, Luiz aponta a feira-livre, que ocorre há cinco anos, às segundas-feiras, das 17 às 21 horas, com hortifruti diversificado, ovos, massas frescas, pastéis e lanches. “É realizada no único dia em que o bar-restaurante do condomínio não abre, assim não há competição pelo público”, explica.
O condomínio da zona oeste dispõe também de minimercado e salão de beleza. “O salão anuncia promoções na mídia de elevador, sempre tem gente”, constata Luiz. Ele menciona que a convenção do Espaço Raposo estipula validade de até três anos para os contratos. “Temos de abrir licitação para outros fornecedores, e os condôminos votam, mas se gostam do serviço, optam por quem já está no condomínio. Acho saudável esse processo, serve para o fornecedor não se acomodar”, afirma o síndico Luiz.
O síndico Piero Menezes Fioretti e a máquina de gelo do Blend Vila Mariana, equipamento sugerido por moradora
No Blend Vila Mariana, na zona sul, a sala de jogos original do prédio entregue em 2016 foi ressignificada e hoje coabitam minimercado e coworking – este, muito utilizado por médicos para teleconsulta. O acesso se dá por uma porta de vidro após o condômino informar sua senha. Uma câmera do condomínio mais cinco do mercadinho fazem a vigilância eletrônica. Cuidado similar existe no recém-implantado centro de encomendas. O morador acessa o ambiente com biometria e há câmera de segurança. “Esse espaço fica na garagem, era um quartinho em que a construtora guardava sobra de materiais. Criamos 68 nichos, um para cada apartamento, pusemos arara para entregas da lavanderia, e frigobar para remédios que precisam de refrigeração, por exemplo”, conta o síndico morador Piero Menezes Fioretti.
Outro lugar modificado é a antiga casa do zelador. Na cozinha, há dois anos foi instalada uma máquina de gelo, investimento que custou cerca de R$ 8.000,00. “Uma moradora deu a ideia, tínhamos verba e aprovamos a compra em assembleia. Teve quem nem era muito a favor, mas depois foi só elogio”. Já no quarto do zelador, funciona o espaço da manicure, que atende às sextas-feiras e aos sábados. “Os horários são muito disputados, é um sucesso absoluto”. Há planos para transformar parte da casa do zelador em uma área completa de beleza e o projeto arquitetônico está em andamento. “Como síndico, o bem-estar do morador é minha primeira motivação; a segunda é a valorização patrimonial, e os investimentos em praticidade e comodidade se conectam a esses dois pilares”, resume Piero.