4 minute read

ENERGIA FOTOVOLTAICA: UMA ALTERNATIVA A SER CONSIDERADA

A geração de energia através de placas solares ainda tem muito a crescer nos condomínios. Os sistemas de energia fotovoltaica trazem desafios para os gestores – a busca de informação sobre o tema é importante para avaliar a viabilidade para cada caso

Por Luiza Oliva

Advertisement

Fazendas de geração distribuída de energia: o condomínio pode fazer parte de um consórcio alugando cotas relativas ao seu consumo

HOUVE um tempo em que os caminhos para se chegar a tão sonhada economia de energia elétrica nos condomínios eram poucos. As opções se resumiam a buscar modelos de lâmpadas econômicas para as áreas comuns e sensores de presença para iluminar garagens e escadas, por exemplo.

Atualmente, quando se trata de buscar eficiência energética, economia para o caixa do condomínio e respeito ao meio ambiente, a energia fotovoltaica é a bola da vez. “O sistema fotovoltaico gera energia aproveitando a luz solar”, explica a engenheira civil Rita Carrara, assessora em sustentabilidade para condomínios e profissional acreditada Life do Green Building Council (GBC) Brasil. Rita esclarece que os painéis solares geram energia de corrente contínua, que não pode entrar nos aparelhos das nossas casas. “Precisamos da corrente alternada e para isso são instalados inversores, que transformam a corrente contínua em alternada”, resume Rita. A geração de energia fotovoltaica é utilizada pelo condomínio para alimentar as áreas comuns, como salão de festas, elevadores, portões, academia, sauna, iluminação de jardins, entre outros. Segundo mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o Brasil possui atualmente mais de 1,8 milhão de sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede, trazendo economia e sustentabilidade ambiental para cerca de 2,4 milhões de unidades consumidoras e ultrapassando a marca de 20 gigawatts (GW) de potência instalada. Apesar da expansão, nos condomínios a tecnologia ainda é incipiente. Há prós e contras na instalação dos sistemas. A engenheira Rita cita a valorização dos imóveis com painéis fotovoltaicos, “por ser uma energia limpa e um sistema sustentável”, diz. A facilidade de financiamento é vista como outro ponto positivo. Hoje há empresas do setor e financeiras facilitando o pagamento em longos prazos.

Já o engenheiro civil Eduardo Zangari, diretor de Relações Institucionais da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC), cita alguns pontos entre as dificuldades para difusão da energia fotovoltaica: áreas insuficientes nos topos dos prédios ou superfícies irregulares que não favorecem a instalação das placas, problemas de incidência solar (como sombras vindas das caixas d´água ou de edifícios vizinhos, ou mesmo ocasionadas pela topografia da região) e o alto investimento para instalação do sistema.

Zangari completa, no entanto, que o sistema fotovoltaico pode sim ser viável: “O síndico não deve se aventurar só porque esse tipo de solução está em alta. Tudo é possível calcular e com boa precisão: em quanto tempo o condomínio irá recuperar o investimento, quanto de energia será produzida, a quantas horas de sol as placas estarão expostas. Enfim, a pergunta que se deve fazer é se será uma solução inteligente para o condomínio, se o sistema será eficiente.” que visam economia de energia tanto elétrica como térmica. Com a cogeração aumenta o consumo de gás no condomínio, mas com economia, já que a tarifa da Comgás é mais baixa para esse tipo de sistema”, complementa.

Para entender qual a melhor solução para cada caso, a engenheira Rita Carrara recomenda que o condomínio solicite a avaliação de um engenheiro civil ou elétrico. Adalberto Ferro, empresário do setor, concorda com Rita e percebe que ainda há muito desconhecimento por parte de síndicos e conselheiros sobre sistemas de geração de energia para condomínios. “Existe a ideia de que o sistema solar serve apenas para aquecimento de água. Na verdade, o sistema fotovoltaico é um compartilhamento com as concessionárias de energia. Quando o condomínio estiver gerando mais do que consome, o excedente será compartilhado na rede da concessionária”. Mas o mercado dispõe de várias outras opções além do sistema fotovoltaico. Até recentemente, Adalberto foi síndico do condomínio Il Terrazzo, na Vila Clementino. Lá, em breve será instalado um sistema de cogeração de energia, com gás natural para aquecer a piscina e para geração de energia para as áreas comuns (placas fotovoltaicas também podem vir a ser instaladas no topo do prédio completando a energia para os espaços comuns).

Flávio acredita que os síndicos precisam ficar atualizados sobre o tema: “Há lacunas nos condomínios, dado que as contas de consumo são a parte mais pesada do orçamento normalmente. Hoje temos várias soluções possíveis.” O síndico profissional tem razão, há pelo menos mais duas alternativas quando se trata de eficiência energética. Conheçam outras duas opções:

O síndico profissional Flávio Pierobon: projeto de cogeração de energia para estúdios com central térmica a gás natural

Flávio Pierobon, atual síndico do Il Terrazzo, acredita nas vantagens da cogeração: eficiência energética sem investimento inicial por parte do condomínio. “Quando o condomínio está aberto ao debate de maior eficiência energética, como no caso do Il Terrazzo, fica mais fácil apresentar a importância desse tipo de projeto”, pondera Flávio que, como síndico profissional, já apresentou um projeto para cogeração de energia. Trata-se de um condomínio situado na Vila Madalena, com 205 unidades do tipo estúdio, que possui uma central térmica (caldeira) a gás natural, proporcionando água quente para todas as unidades. “Esse é um tipo de configuração que tem se replicado muito para empreendimentos de estúdios, pois observamos normas técnicas que impedem canalização de gás diretamente nesse tipo de imóvel", explica Flávio. “E a cogeração se aplica muito a condomínios

- Geração distribuída: quando a produção de energia é realizada fora do local de consumo. O próprio condomínio pode ter uma usina (também denominada fazenda fotovoltaica) ou fazer parte de um consórcio (geração compartilhada), alugando cotas relativas ao consumo necessário. As dificuldades para os investidores de fazendas fotovoltaicas em São Paulo são encontrar terrenos viáveis (onde a Enel não precise realizar um reforço de rede, o que teria um custo extremamente alto), e que estejam na área de concessão da Enel.

- Mercado livre de energia ou Ambiente de Contratação Livre: nessa modalidade, o condomínio faz um contrato de compra de energia com uma empresa comercializadora de energia. Para que entre nesse tipo de mercado, a exigência é que o condomínio receba energia em alta tensão (possuindo um transformador dentro do condomínio que transforma a energia para baixa tensão) e que tenha uma demanda de pelo menos 500 kw.

This article is from: