carl rohde “MR. COOL”
pedro brito CONTADOR DE HISTÓRIAS
filipe rebelo E A MÁQUINA INVISÍVEL
10000
€ 6,95 | OUT/NOV/DEZ 2008 | EDIÇÃO 00
5 601073 005784
índice
exposição 11 Luís Paulo Costa convida João Seguro
entrevista 16 Directores Criativos: Pedro Ferreira e Judite Mota
passaporte 22 Marketing: Carl Rohde, Mr. Cool 32 Marketing: Maria Piscopo, Estratégias globais para seu portfólio artigo 40 Procura de talentos por Carlos Duarte 63 IP Solutions: Propriedade Intelectual 66 Design: Nuno Ribeiro, A História do Design em Portugal 76 Som:José Fortes 78 “E se não houvesse mais TV?” por Phillippe Meunier
portfólios 44 Fotografia: Filipe Rebelo 56 Desenho Animado: Pedro Brito
tutorial 72 Photoshop: Lobo Com Pele de Cordeiro, por Alberto Plácido novos talentos 80 Fotografia: Diana Ramos 84 Ilustração e Design Gráfico: Pedro Arroja 88 Design Gráfico: Susana Reis
novidades 92 Gadgets 93 Novo Hardware 94 Green
Capa por Pedro Brito Com 33 anos divide-se entre a Ilustração e o Cinema de Animação. Criou o Fanzine “Mesinha de Cabeceira” com Marcos Farrajota e foi sócio da editora Edições Polvo. E não fica por aqui: “Aos poucos estou a estruturar uma banda desenhada que espero conseguir editar daqui a dois anos.”
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DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
editorial
Propriedade CMAD – CENTRO DE MEDIA ARTE E DESIGN, LDA. Rua da Boavista, Nº102 – 2º Piso 1200-069 Lisboa, Portugal Telefone: 932 530 139 Ext.508 Direcção Editorial/Criatividade Carlos Duarte carlos_duarte@directarts.com.pt Direcção-Adjunta Editorial/Criatividade Lia Ramos lia_ramos@directarts.com.pt
Bem-vindo à directarts Se tomou a decisão de abrir o número zero desta revista terá certamente interesse na indústria das artes aplicadas. Pode ser um designer gráfico, anunciante, criativo ou director de arte, ilustrador, fotógrafo, designer interactivo, de multimédia, consultor de marketing, director de vídeo ou cinema, estudante de artes, ou então faz parte de inúmeras outras disciplinas relacionadas com as artes aplicadas. O que é a directarts? Trata-se essencialmente de uma mostra criativa. Trará o melhor da indústria criativa portuguesa e de determinados talentos mundiais que, de uma ou outra forma, estiveram directamente envolvidos cultural e profissionalmente na nossa sociedade. É uma credível publicação trimestral que tem em vista estabelecer o intercâmbio da informação da comundidade criativa com o seu mercado. O outro objectivo da directarts é divulgar no mercado profissional português os novos talentos, aqueles já estabelecidos e as últimas novidades de vanguarda no mundo das artes aplicadas. É o elo de ligação no entusiasmo de uma visão jovem e recémformada, aliada à experiência dos profissionais. Irá mostrar imagens, fazer experiências com design e tipografia, explorar novas tecnologias e tendências e mergulhar profundamente nas questões da criatividade empresarial. O último objectivo é muito importante. Enquanto a directarts tem uma forte identidade visual, é também um produto escrito, destinado a estimular o pensamento, o debate e, acima de tudo, dar aos seus leitores informações úteis que podem aplicar nos seus próprios negócios. A mesma atenção será dada à aparência externa da revista. Tentaremos usar somente os melhores papéis e as mais avançadas técnicas impressão. A directarts é feita para ser guardada. Acreditamos que esta revista vem preencher um nicho no nosso mercado, e a nossa maior esperança, claro, é que você considere que ela vale a pena. Para isso agradecemos o seu contributo, ideias, imagens e críticas. directarts é, afinal de contas, a aplicação prática de um elemento efémero – a criatividade. A criatividade prospera com a colaboração; esta publicação é feita por nós e para nós, e deve auto-alimentarse. Diga-nos o que pensa. Carlos Duarte
Direcção Comercial Rita Santos rita_santos@directarts.com.pt Direcção de Marketing Luís Rasquilha luis_rasquila@directarts.com.pt Edição/Jornalismo Catarina Vilar Fotografia Samuel Almeida Paginação Pedro Álvares Cabral Impressão Fernandes & Terceiro, S.A. Rua Nossa Sra. da Conceição, 7 2794-014 Carnaxide Tel.: +351 21 425 92 00 Fax: +351 21 425 92 01 www.f3@fterceiro.pt e-mail: f3@fterceiro.pt Distribuidora Logista Distribuição Edifício Logista, Expansão da área Industrial do Passil Lote 1 A - Palhavã, 2894 - 002 Alcochete Telm.: +351 91 725 04 91 Telef.: +351 21 926 78 00 Fax: +351 21 926 78 10 e-mail: diogo.homem@logista.pt www.logista.pt
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RMD
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fórum
POR NÓS,
PARA NÓS!
É designer, fotógrafo, criativo de qualquer uma das áreas que encontra na directarts? Então temos uma proposta a fazer. Que tal uma visita ao nosso fórum para deixar comentários, opiniões ou críticas (nós aguentamos!). Está a dar os primeiros passos na profissão? Esperamos pelo portfólio. Somos uma revista que pretende divulgar os trabalhos dos leitores e talentos, os novos e os já estabelecidos.
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Contacte-nos em: www.directarts.com.pt ou info@directarts.com.pt
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Assinaturas 9
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João Seguro
exposição
LUÍS PAULO COSTA
convida JOÃO SEGURO
O artista plástico Luís Paulo Costa convida outro artista para apresentar o seu trabalho nas páginas da directarts. Em cada número da revista o artista convidado seleccionará uma série de imagens representativas do seu trabalho e um texto, inédito ou anteriormente publicado, que estabeleça uma relação de aproximação ou referência aos interesses do artista. O texto e as imagens que se seguem correspondem à livre escolha do primeiro artista convidado: João Seguro. Luís Paulo Costa – luis.paulo.costa@sapo.pt
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João Seguro nasceu em Cascais em 1979. Fez a licenciatura em Pintura na Faculdade de Belas Artes em Lisboa, em 2003, e o mestrado em Belas Artes no Chelsea College of Art & Design, em 2004. Em 2005 ganhou o Prémio BES Revelação. As mais recentes exposições singulares incluem Empty Cube, Lisboa (2007), C.G.P.B. Bordéus (2007), Centro de Artes Visuais, Coimbra (2005), entre outros. “Uma parte da produção de Seguro literaliza a perspectiva como uma abstracção da realidade, ‘realidade’ como a nossa realmente subjectiva impressão óptica. Quando vemos, não vemos com um único olho fixo, mas com dois olhos que se deslocam constantemente, resultando num campo de visão esferoidal. Quando escolhemos representar algo de acordo com a perspectiva, estabilizamos e ignoramos as distorções que as formas e linhas sofrem na retina. Seguro assume a discrepância entre a ‘realidade’ e sua construção e a hegemonia da perspectiva como assunto de uma significativa parte do seu trabalho.” Trechos de Nancy Dantas, 2008
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exposição
João Seguro
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01) Untitled (casting out nines), 2007 Provas cromogéneas montadas sobre alucolic Sequência de 6 fotografias, cada 23 x 29,5 cm 3 + 1 P.A.
03) x, y, z,…, 2005 190x190x190 cm Ferro, cunha de porta e tintas 04) Untitled (heart of glass), 2007 120X30x30 cm Madeira lacada
02)
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05) Untitled (SPLIT SCREEN), 2008 Madeiras, plinto, vidro pintado, 150 x 150 x 60 cm 06) Six degrees of separation, 2007/08 2 de 5 grupos de desenhos, cada 100x70 cm Grafite sobre papel Fabriano / Cortesia Marz – Galeria
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exposição
João Seguro
Six Degrees of Separation #A, 2007 / 100 x 70 cm (cada / 6 partes) / Grafite sobre papel Fabriano / Foto: Francisco Soares / Cortesia Marz – Galeria
Six Degrees of Separation #B, 2007 / 100 x 70 cm (cada / 6 partes) / Grafite sobre papel Fabriano / Foto: Francisco Soares / Cortesia Marz - Galeria
Six Degrees of Separation #C, 2007 / 100 x 70 cm (cada / 6 partes) / Grafite sobre papel Fabriano / Foto: Francisco Soares / Cortesia Marz - Galeria
Six Degrees of Separation #D, 2007 / 100 x 70 cm (cada / 6 partes) / Grafite sobre papel Fabriano / Foto: Francisco Soares / Cortesia Marz - Galeria
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João Seguro – segurojoao@gmail.com
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entrevista
Pedro Ferreira & Judite Mota
Pedro Ferreira & Judite Mota Directores Criativos Entrevista por DirectArts
Conheceram-se há vinte anos e trabalham juntos há quinze. São directores criativos e formam uma dupla coesa na Young & Rubicam. Nem sempre estão de acordo, mas é na diferença que surgem as grandes ideias. E eles já tiveram várias.
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entrevista
Pedro Ferreira & Judite Mota
“A fórmula matemática de trabalharmos juntos é irrepetível”
DirectArts - Quais são as vantagens de trabalhem juntos há tanto
J.M. - E eu posso ter uma ideia visual, só não sei maquetizá-la depois.
tempo? Judite Mota - Uma vantagem é que precisamos de falar muito menos,
D.A. - Qual foi a última vez que trocaram?
não nos zangamos tanto, e quando estamos em desacordo sabemos como
P.F. - Não me lembro, porque é feito de uma maneira orgânica.
lidar com o outro. Pedro Ferreira: A desvantagem é que é menos surpreendente.
D.A. - Quem pensa mais com o lado direito e com o lado esquerdo do cérebro?
D.A. - Quando entram em confronto?
P.F. - Eu não sou nada lógico…
J.M. - Por acaso não entramos muito, sabemos negociar muito bem, quan-
J.M. - Pois, eu costumo puxá-lo para a Terra, extravasa demasiado!
do um recua o outro avança. Às vezes basta olharmos um para o outro. P.F. - Nas duplas criativas é sempre bom que um recue e o outro avance,
D.A. - Trabalham sempre no escritório ou vão para um café, para a
em caso de conflito
praia…
J.M.: Sabemos que quem está mais seguro deve avançar e o outro recuar,
P.F. - Posso ter ideias no trânsito e quando chego aqui materializo, mas
mas é muito intuitivo.
o acto de parar para pensar não tem muito a ver comigo. Não sou muito apologista do brainstorming.
D.A. - E como têm evoluído?
J.M. - Não temos aquela ideia de ter de pôr o pé no mar para pensar.
J.M. - Nos primeiros cinco anos era às turras, fiquei traumatizada para D.A. - São apologistas da máxima que diz que a arte é 90%
sempre! (risos)
transpiração e 10% inspiração? D.A. - Trocam por vezes as funções de cada um?
P.F. - Não, isso são frases feitas que um dia calhou bem alguém responder.
P.F. - Sim, penso que agora já não há essa divisão. Claro que há pessoas
Essa é uma pergunta que se faz muito em publicidade, e acho que é mais
que têm melhor aptidão para direcção de arte e outros para copy. Posso
uma questão de conveniência, mais para justificar os fins a quem nos
perfeitamente fazer um headline…
paga do que como uma verdade. Um cliente não aceita se dissermos que
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tivemos a ideia em dois minutos.
ative Review Blog do que a revista, apesar de ela ser de consulta mais
J.M. - Há ideias que aparecem assim, em segundos, mas requerem traba-
fácil. Acho que a importância do suporte físico ainda é muito relevante.
lho antes e depois. Até chegar a esses segundos de inspiração houve de certeza muito trabalho anterior.
D.A. - A crítica é importante para vocês?
P.F. - Uma vez perguntaram a um belga quanto tempo ele levava a ter
J.M. - Sim, é sempre um termómetro. Podemos concordar mais ou me-
uma ideia. Ele respondeu que se a ideia fosse mais ou menos, era em
nos, mas é sempre importante.
quinze dias, se fosse boa um dia, e genial em três segundos. Isto do genial
P.F. - Acho que é importante termos as nossas convicções, sobretudo em
não acontece muitas vezes na vida…
áreas em que a explicação racional não chega. A base do “eu gosto”, “isto é muito giro”, não serve para muito. O que faço é ter um grupo de pessoas
D.A. - Como ficam a par das tendências do momento?
online a quem peço para serem críticos, peço que digam a verdade mes-
J.M. - Eu consumo muita informação, mais do que às vezes preciso! Para
mo que doa. Eu depois decido se faço ou não, mas por vezes estamos tão
um publicitário o melhor é olhar à sua volta na rua, para ter informação
embrenhados nas coisas que é bom ter um distanciamento.
da realidade.
J.M. - E às vezes aquilo que achamos genial passa totalmente ao lado
P.F. - A Judite faz uma coisa que eu não faço. Chega de manhã antes de
das pessoas para quem trabalhamos, ou o que achamos muito mau é um
mim, liga o computador e passa duas horas a ver tudo: jornais, publi-
sucesso estrondoso.
cidade… Muitas vezes os publicitários fecham-se no seu circuito e só vêem revistas sobre publicidade. Agora temos uma série de pessoas que
D.A. - Estão a par do que se faz pelo Mundo?
entraram há muito pouco tempo na agência, uma nova geração, e a infor-
J.M. - Vemos tudo, mas conhecemos é a realidade portuguesa. O que é
mação que consomem online é muito maior que a nossa. Os sites que eles
verdade em Inglaterra, às vezes em Portugal não faz o mínimo sentido.
frequentam não são necessariamente os mesmos que nós.
P.F. - A inspiração pode ser global, mas depois a materialização não. Eu
J.M. - Há uma coisa boa nesta nova geração, que é a partilha. Sempre que
pessoalmente gosto de ver coisas mais estranhas e bizarras, mas às vezes
encontram alguma coisa mandam para toda a gente,
não me leva a nada, é apenas pelo prazer de ver.
P.F. - Partilham sem medo. Neste momento acho mais interessante o Cre-
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entrevista
Pedro Ferreira & Judite Mota
D.A. - Como vêem a criatividade em publicidade?
D.A. - E como está o mundo criativo em Portugal neste momento?
P.F. - Londres já não é o que era, já não é o centro criativo. Claro que
P.F. - Está mal… mas não é só cá, está mal globalmente. Aqui se calhar
existem lá excelentes publicitários, agências e trabalho, mas muito dele
há mais liberdade.
já não é feito por empresas. Há muitos argentinos e brasileiros a traba-
J.M. - Sim, mas a dimensão do mercado ainda faz com que seja sempre
lhar lá. A chamada escola inglesa de publicidade hoje em dia está muito
tudo muito difícil e limitado
mesclada.
P.F. - Culturalmente, e na parte da educação visual, as coisas estão um
J.M. - Quem está em decadência e derrapagem é os Estados Unidos. Não
bocadinho atrasadas. Há pessoas que não percebem do assunto e têm uma
receberam as influências de outros mercados. Já o facto de as agências
influência directa. As pessoas acham que se têm o Corel Draw e uma
em Amesterdão fazerem questão de terem pessoas de outras culturas a
máquina digital já são artistas, ou publicitários.
trabalhar com eles pôs as coisas a ferver na Holanda. D.A. - Sentem-se na obrigação de dar essa educação ao cliente? D.A. - Já vos aconteceu um adorar e o outro odiar uma ideia?
J.M. - Às vezes tentamos…
P.F. - Não, os nossos padrões são semelhantes.
P.F. - Era bom perceber-se que nós sabemos o que estamos a fazer, e
J.M. - Se isso acontecer é porque aquela ideia tem qualquer coisa, se é
quando não sabemos também assumimos. Ou se confia nos criativos ou
polarizadora é interessante, temos é de ver o que se passa ali.
não.
D.A. - E é melhor ou pior serem uma dupla homem-mulher?
D.A. - A dupla criativa tradicional pode estar frágil?
P.F. - Para mim é mais agradável! (risos)
J.M. - O que está frágil é o trabalho das agências. Se a agência não é
J.M. - É melhor que um casamento porque não tenho de o ouvir resso-
respeitada como especialista em comunicação, estamos mal. Toda a
nar!
gente tem direito à sua opinião, mas a prepotência que se começou a
P.F. - Num casamento há um desgaste, é uma coisa mais intelectual.
generalizar é muito estranha.
Conheço melhor a Judite do que a minha mulher.
P.F. - Não questionam os advogados, já os criativos… Uma grande per-
J.M. - Neste tipo de trabalho tão emocional é natural que as pessoas se
centagem de alterações que fazemos é totalmente irrelevante para o pro-
disponham e demonstrem a sua personalidade de uma forma aberta, so-
duto final, só desgasta e desmotiva. Ao longo de vinte anos de carreira
bretudo há tanto tempo.
tenho visto isto a agonizar-se, pelo Mundo fora.
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D.A. - Conseguiam trabalhar com outras pessoas?
D.A. - O Brasil ainda influencia muito a publicidade portuguesa?
P.F. - Eu acho que as pessoas são insubstituíveis, a fórmula matemática
J.M. - Pela dimensão, quantidade, e até uma questão cultural, há-de ter
de trabalharmos juntos é irrepetível. Não quer dizer que seja melhor ou
sempre importância. Se calhar o Brasil está a ficar um bocadinho para
pior, mas é diferente. Há uma questão química dentro das agências e das
trás. Neste momento é mais a Argentina.
duplas que criam equilíbrios, nem sempre as duplas funcionam bem.
P.F. - O povo brasileiro é positivo, nós somos mais cinzentos. Portugal não é culturalmente um país de artistas, mas sim de poetas, mais introver-
D.A. - O que faz um bom cliente?
tidos. Hoje em dia temos uma cultura muito mais visual.
P.F. - Saber ouvir é importante.
J.M. - Tem de ser tudo muito rápido, ninguém quer esperar por nada.
J.M. - Quando falamos de clientes, referimo-nos aos directores de marketing, os nossos interlocutores directos. Para mim, actualmente os depar-
D.A. - Tirando a Internet, vêem meios que venham por ai onde o
tamentos de marketing são pontos de passagem. Muitas vezes os que vão
vosso trabalho se aplique?
ficando não são os mais qualificados, e devem saber respeitar o trabalho
J.M. - Muito misturado, com conteúdos e entretenimento… é o que vai
que compram.
acontecer a seguir.
P.F. - As pessoas mudavam muito de sítio em publicidade, hoje em dia estão mais estagnadas. Em marketing não. J.M. - Os clientes desta agência para quem mais gosto de trabalhar são aqueles com quem eu consigo discutir. D.A. - E quem seria o vosso cliente de sonho? P.F. - Posso dizer o que 90% da população criativa responderia: a Nike. Vêm muitas vezes recém-licenciados com anúncios da Nike no portfoPedro Ferreira – Pedro_ferreira@pt.yr.com
lio.
Judite Mota – judite_mota@pt.yr.com
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CO passaporte
Carl Rohde
MISTER
Descobrir o que está por detrás da definição de “cool” é o objectivo deste académico holandês. Trabalha para as melhores marcas e diz-lhes quais as tendências futuras. Não é astrólogo nem adivinho, mas analisa a realidade com um método inovador. Entrevista por Carlos Duarte
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OL Conhecido como Doctor Cool, é um sociólogo especialista em consumo.
Mais do que uma análise empírica, Carl Rohde encarrega-se de lhes
Responsável pelo sistema de pesquisa que denominou “cool hunting”,
atribuir valor académico. Sem segredos na manga, explica à directarts
com ele analisa, antecipa e aponta o que por aí vem nos mais variados
como torna as marcas vencedoras, transformando o senso comum em
segmentos. Os seus colaboradores enviam-lhe os seus exemplos do que
estratégias eficazes de marketing.
é “cool” e ele trabalha-os. O processo já ajudou marcas como a Adidas, MSN, Coca-Cola ou Nestlé.
CARL ROHDE O caçador de tendências
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passaporte
Carl Rohde
DirectArts - Antes de mais, bem-vindo ao número zero desta revista.
DirectArts - First of all welcome to our pilot issue of directarts, and on
Quando e por que começou “Science of the Time”?
that starting note, when and why did you start Science of the Times?
Carl Rohde: Foi há quinze anos, apesar de termos passado por fases dife-
C.R. - Fifteen years ago now, though we went through different stages, of
rentes, claro. Nós somos definitivamente uma das agências de tendência
course. We are definitely one of the oldest trend agencies. Fifteen years
mais velhas. Há quinze anos advertimos a Levi’s que a ganga e a sua série
ago we warned Levi’s that denim and their 501 series of pants were rap-
de calças 501 estavam rapidamente a perder a atracção. Nós descobrimos
idly losing attraction. We discovered that in London first. Levi’s did not
isso primeiro em Londres. A Levi’s não nos ouviu – ainda éramos jovens
listen then - we were still young as a trend agency - and Diesel, more
como agência de tendências – e a Diesel, mais na moda que a Levi’s por
fashionable than Levi’s by nature, took over a substantial part of the mar-
natureza, assumiu uma parte significativa do mercado. Também fomos
ket. Also we were one of the first to warn Coca Cola that the future was
uns dos primeiros em advertir a Coca-cola que o futuro não estava em
not in bubbling drinks but in health drinks and energy drinks. We spotted
bebidas com gás mas em bebidas saudáveis e energéticas. Nós identificá-
the upcoming health drink trend for the first time in New York, ten years
mos a tendência futura das bebidas saudáveis pela primeira vez em Nova
ago now. All of a sudden on the streets appeared lots of vendors with
Iorque, há dez anos. De repente nas ruas apareceram muitos vendedores
healthy juices.
com sumos saudáveis. D.A. - …and why?
D.A. - E porquê?
C.R. - Basically I started it all purely out of interest regarding where we
C.R. - Basicamente eu iniciei tudo puramente pelo interesse em perceber
all together as a planet are heading for - from environmental pollution to
para onde nós todos como um planeta nos encaminhamos – da poluição
globalisation, from the Internet revolution to the rise of the Experience
ambiental para globalização, da revolução da Internet ao crescimento da
Economy. Only later on it became clear to me that it is also a highly
Economia de Experiência. Só mais tarde ficou claro para mim que tam-
commercial activity. We work with 500 “cool hunters” all over the world
bém é uma actividade altamente comercial. Nós trabalhamos agora com
now. We have a magnificent network of the best Trend Filters worldwide,
500 caçadores de tendência – “cool hunters” – no mundo inteiro. Temos
and believe me, with real celebrities in it. Also we are working together
uma rede fantástica dos melhores “trend filters” no mundo, e acredite,
more and more with universities, proving that trend watching or cool
com as verdadeiras celebridades incluídas. Também estamos a trabalhar
hunting is not a profane, shallow or superficial activity; that there is a
cada vez mais com Universidades, provando que “trend watching” ou
highly studious side to it.
“cool hunting” não é uma actividade profana, fútil ou superficial; há nisso um lado de estudo muito elevado. D.A. - Quem recorre aos seus serviços? C.R. - A Levi’s e a Coca-Cola foram as primeiras grandes empresas. Também a Lee, Wranger, e Eastpak estão connosco desde o primeiro momento. Estamos satisfeitos que a Heineken, Microsoft, Unilever, o International Council for Shopping Centres estejam a usar e trabalhar com
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“... Lisboa uma das cidades da Europa mais underground.”
os nossos serviços. Claro, também trabalhamos com agências de publici-
D.A. - Who uses your services?
dade, mas mantemos o low profile; eles querem brilhar e nós ajudamos.
C.R. - Levi’s and Coca Cola were the first big companies. Also Lee,
E cada vez mais organizações governamentais estão a chegar.
Wranger, Eastpak has been with us from the first days on. We are also glad that Heineken, Microsoft, Unilever, the International Council for
D.A. - O que é “cool”?
Shopping Centres are using and working with our services. Of course, we
C.R. - A nossa definição é: atractivo e inspirador com potencial de cresci-
also work with advertising agencies, but we keep that low profile; they
mento futuro para grupos alvo específicos. Temos imensos “cool hunters”
want to steal the show and we help them. And more and more govern-
no grupo etário mais novo (17- 35). No entanto também trabalhamos
mental organisations are coming in.
com caçadores de tendências com 50 ou mais anos. Temos de explicar o conceito aos grupos mais velhos com mais tempo, sobre o que queremos
D.A. - What is “Cool”?
dizer com “cool”; não pura moda, mas atractivo e inspirador com futuro
C.R. - Our definition is: attractive and inspiring with future growth poten-
potencial de crescimento para o seu grupo alvo (50 - 70). Quando final-
tial for specific target groups. We, of course, have many cool hunters in
mente eles percebem e os treinamos, são geralmente “trend watchers” e
the younger age group (17- 35). But we are also working with 50+ cool
“cool hunters” muito empenhados e disciplinados.
hunters. You have to explain the concept to the older ages groups a little bit longer what we mean by “cool”; not hip or painfully hip, but attractive
D.A. - De onde vêm as tendências?
and inspiring with future growth potential for their target group (50 - 70).
C.R. - Nós pedimos a todos os nossos “cool hunters” que nos enviem
But when they finally understand and we trained them, they are often
material que pensem ser “cool”, de acordo com a nossa definição. Por
very devoted and disciplined trend watchers and cool hunters.
exemplo: pessoas “cool”, locais “cool”, produtos “cool”, marcas, rapazes, raparigas, celebridades, calçado desportivo, sites na Internet, pro-
D.A. - Where do trends come from?
gramas de televisão, anúncios, designs, etc. E pedimos que nos digam
C.R. - We ask all our cool hunters to send us all the material that they
por que todo esse material é “cool”. Ensinamo-los a fazer isso. É aí que
think is cool, according to our definition. For example: cool people, cool
o nosso processo de conhecimento aprofunda. Porque uma apresentação
places, cool products, cool brands, boys, girls, celebrities, sport shoes,
brilhante com gadgets “cool” é uma coisa, saber como interpretar esses
internet sites, television programs, advertisements, designs, etc. And we
gadgets, saber sobre a mentalidade “cool” por detrás deles, é isso que
ask them to tell us why all the collected material is cool. We instruct
realmente interessa. Uma das propostas de venda únicas de http://www.
them to do so. That’s where our learning process deepens. Because a
scienceofthetime.com é que nós comparamos todos os resultados destes
glittering presentation with cool gadgets is one thing, knowing how to
estudos “cool hunting” com os melhores livros académicos disponíveis.
interpret these gadgets, knowing about the cool mentality behind these
Temos muitos estudantes a trabalhar connosco, a escrever dissertações,
gadgets, that is what really counts. One of http://www.scienceofthetime.
elaborando uma ou mais das nossas “cool mentality trends”.
com unique selling propositions is that we compare all the outcomes of these cool hunting studies with the best academic books available. We have many students working with us, writing dissertations, elaborating one or more of our cool mentality trends.
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passaporte
Carl Rohde
*Carl Rohde cedeu gentilmente um dos seus artigos para melhor
*D.A. -Carl Rohde has graciously provide at the end of this interview,
explicar a “cool mentality behind”, que se encontra no final desta
one of his articles to better explain the “cool mentality behind”.
entrevista. D.A. - So there is an important academic element to cool and trend
D.A. - Então há um forte elemento académico na observação do que
watching?
é “cool” e das tendências?
C.R. - Next to leading http://www.scienceofthetime.com, I am professor
C.R. - Logo a seguir a dirigir http://www.scienceofthetime.com, eu sou
at Fontys University, in the Netherlands, where I am head of the Aca-
professor na Fontys University, na Holanda, onde sou o presidente da
demia for Quality Concept Developments. There we train students to do
Academia for Quality Concept Developments. Lá treinamos estudantes
proper trend watching and cool hunting. To digest all the material in an
para fazer adequadamente observação de tendências e “cool hunting”.
academic and methodological sane way. AND… to translate the trend
Para digerir todo o material num modo académico e metodologicamente
into quality concept in several markets, from food to sports, from leisure
são. E… para traduzir a tendência em conceito de qualidade em vários
to retail, from the virtual world to travel.
mercados, da comida ao desporto, do lazer ao retalho, do mundo virtual às viagens.
D.A. - Who is manipulating what the market needs or wants… businesses or consumers?
D.A. - Quem manipula o que o mercado precisa ou quer: empresas
C.R. - We help businesses to listen more careful to the needs of their (po-
ou consumidores?
tential) clients and consumers. Of course we do many focus groups, both
C.R. - Nós ajudamos as empresas a escutar com mais atenção as necessi-
in real life and on the Net, with consumer groups. The interesting thing
dades dos seus (potenciais) clientes e consumidores. Claro que fazemos
to work with trend watchers and cool hunters is that they are walking a
muitos debates, na vida real e na Net, com grupos de consumidores. O
substantial bit in front of the masses, while, at the same time, they are
interesse de trabalhar com observadores de tendências e “cool hunters” é
connected to these masses.
que eles estão uns passos valentes à frente das massas, estando, ao mesmo tempo, ligados a elas.
D.A. - With increasing globalization is culture a factor in determining what’s “Cool”?
C.R. - Very much, we do worldwide research on cool and we see how the world is converging. For instance, the rise of the Experience Economy (the marketing of the memorable experience) is a world wide phenomenon in all developed and developing parts of the world. The rise of the “metrosexual” male is another worldwide trend, though of course it looks different in London, Shanghai or Rio. Mark Simpson, the brilliant guy who came up with the concept of “metrosexuality”, is one of out Trend Filters; by the way, I am very proud of him being in our network, and for choosing us.
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DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
D.A. - Com a crescente globalização, a cultura é um factor a ter em
D.A. - Are we now more educated and in tuned to tendencies and
conta para encontrar o que é “cool”?
fads?
C.R. - Bastante, nós fazemos pesquisa mundial no que é “cool” e vemos
C.R. - We are not so much in the fads & gagdet business. We are in the
como o Mundo se encaminha. Por exemplo, o nascimento da “Experien-
cool mentality business. Cool mentality of course changes over time as
ce Economy” (o marketing da experiência memorável) é um fenóme-
well, but more slowly. It is more solid to apply the coolness of your brand
no mundial em todas as zonas desenvolvidas e em desenvolvimento do
strategy, your communication and your concept development, by using
Mundo. O aparecimento do homem metrosexual é outra tendência mun-
cool mentality trends. They go deeper, are less superficial, have more
dial, apesar de parecer diferente em Londres, Xangai ou Rio de Janeiro.
substance over time. This is the stuff we do work shops on all over the
Mark Simpson, o homem brilhante que surgiu com o conceito de metro-
world.
sexualidade, é um dos “Trend Filters”; a propósito, tenho muito orgulho que esteja na nossa network, e por nos ter escolhido.
D.A. - Are we more vulnerable to trends now than we were twenty years ago?
D.A. - Estamos agora mais educados e alerta para tendências e
C.R. - Yes. Trends now come in from all over the world. So we are
modas passageiras?
more vulnerable, though I do not think “vulnerable” is the correct word.
C.R. - Não tanto nas modas passageiras e no negócio dos gadgets, mas
Trends, when they really fit you, can also empower you to express better
sim na matéria da mentalidade “cool”. Claro que ela muda com o tempo,
who you are and what you desire.
mas mais lentamente. É mais seguro aplicar a “coolness” da nossa estratégia de marca, comunicação e desenvolvimento de conceito, recorrendo
D.A. - Will Cool personalization dominate the power of the brand name?
às tendências da mentalidade “cool”. Vão mais fundo, são menos super-
Or will we be seeing Armani for John Smith labels on suites or individual
ficiais, têm mais substância com o passar do tempo. É o material com que
personalized finishes on the Smart car?
nós trabalhamos as lojas de todo o mundo.
C.R. - I cannot answer this question in short. Is it a problem for the long run.
D.A. - Estamos mais vulneráveis agora a tendências do que há vinte anos?
D.A. - How does “cool” affect advertising?
C.R. - Sim. As tendências agora chegam do Mundo todo. Por isso esta-
C.R. - Advertising generally speaking is not cool at all; although there
mos mais vulneráveis, apesar de achar que “vulnerável” não é a palavra
are exceptions to this rule and general statement. Our cool hunters hardly
correcta. Tendências, quando elas de facto se ajustam a nós, podem tam-
ever mention a TV commercial as cool. Which is not weird, because they
bém ajudar-nos a expressar melhor quem nós somos e o que desejamos.
are from the computer game generation and not from the television generation anymore. Online campaigns are more often considered cool, it is more their thing. But also the consciousness of attention that advertising is paid stands in painful contrast with the upcoming desire for honesty, transparency and even a more basic element: human, human, human please.
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passaporte
Carl Rohde
“Estamos a trabalhar agora no nosso relatório para 2010 com tendências novas como HUMANO, HUMANO, HUMANO.”
D.A. - Irá a personalização do “cool” dominar o poder do nome da
D.A. - How does “cool” affect commercial design/imagery, ie: Corporate
marca? Ou vamos ver fatos Armani para marcas John Smith ou per-
branding, packaging, multimedia, graphics; creative services in gener-
sonalizações dos carros Smart?
al?
C.R. - Não consigo ser breve nesta questão. É um problema a longo pra-
C.R. - Big question short answer. Design often in the past was perceived
zo.
as something superficial, as working in the artificial surface. That is over now. Cool design - and on http://www.scienceofthetime.com we collect
D.A. - De que forma o “cool” afecta a publicidade?
worldwide examples - inspires and attracts, appeals, enlightens and un-
C.R. - A publicidade, de um modo geral, não é de todo “cool”; no entanto
derlines a mentality. And mentalities are never on the surface. They are
há excepções a esta regra e ao geral. Os nossos “cool hunters” raramente
at the heart of things.
mencionam um anúncio de televisão como sendo “cool”. O que não é estranho, porque eles são da geração dos jogos de computador e já não
D.A. - Which are the “Coolest cities”? Where do most trends come
da televisão. As campanhas online são mais frequentemente considera-
from?
das “cool”, é mais o género deles. Mas também é a consciência de que a
C.R. - We really can’t point to one city. Take Europe for instance. When
publicidade é paga, no doloroso contraste com o próximo desejo de ho-
it comes to above-the-ground cool go to London for the North of Europe
nestidade, transparência e até mesmo mais um elemento básico: humano,
and to Barcelona for the South of Europe. When, however, it comes to
humano, por favor humano.
underground cool, the hidden precious “cool” pearls, then go to Madrid for the South of Europe and to Berlin for the North. Berlin is a relatively
D.A. - De que forma o “cool” afecta o design comercial, ou seja, o
poor city; many of the most interesting upcoming artists flock to Berlin.
corporate branding, packaging, multimédia, gráficos, serviços cria-
The same goes, to a lesser extent for Lisbon. Lisbon should work on
tivos em geral?
that. That would be my advice. Make Lisbon one of the most intriguing
C.R. - Boa pergunta, resposta curta. O design muitas vezes no passado
(underground) cities of Europe. Berlin adequately plays the card of be-
era visto como algo superficial, como um trabalho na superfície artificial.
ing the bridge to the east of Europe. Lisbon could be the bridge to South
Isso agora acabou. O design “cool” – em http://www.scienceofthetime.
America, Brazil in particular. And speaking of Brazil; there is no city
com nós coleccionamos exemplos mundiais – inspira e atrai, apela, ilu-
with more cool food trends then São Paulo. For new developments on the
mina e realça uma mentalidade. E as mentalidades nunca estão na super-
Net and the mobile industry, go to South Korea. For the wellness trend
fície. Elas estão no coração das coisas.
go the Northern Atlantic west coast, go to the Australian beaches and Rio. (Not Los Angeles or San Francisco, people are working to hard there).
D.A. - Quais são as cidades mais “cool”? De onde vem a maioria das tendências?
D.A. - From about 1450 to 1895 we have tried to harness and under-
C.R. - Não podemos apontar apenas uma cidade. Na Europa, por exem-
stand the power of the word. From 1895 to 1943 we have come to terms
plo, o que toca a “above-the-ground cool” temos Londres para o Norte da
with the speed of electric/electronic communication. From 1945 to now,
Europa e Barcelona para o Sul. No que toca a “underground cool”, as pé-
especially in the last ten years we are in the middle of communications
rolas preciosas “cool” escondidas, então é Madrid para o Sul da Europa
revolution with computer/digital technology. How are we coping psycho-
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DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
e Berlim para o Norte. Berlim é uma cidade relativamente pobre; muitos
logically, philosophically, intellectually and socially? Are we buying too
dos mais interessantes novos artistas estão lá. O mesmo acontece, com
much into “Cool”?
menos peso, em Lisboa. Lisboa devia trabalhar nisso. Este seria o meu
C.R. - We are hardly coping. We need solid frames of references. Social
conselho. Lisboa é uma das cidades da Europa mais underground. Berlim
networking sites are places that might deliver in this are. Brands always
adequadamente tem o papel de ser a ponte para a Europa de Este. Lisboa
try to do the same, but they are often in trouble now. Many people believe
podia ser a ponte para a América do Sul, Brasil em particular; não há
them less than say ten years ago.
cidade com maior tendência de comida “cool” que São Paulo. Para novos desenvolvimentos na Net e indústria de telemóveis vá para a Coreia do
D.A. - Have we become are own “island”? Will the “working nomad”
Sul. Para a tendência bem-estar vá para a costa Oeste do Atlântico Norte,
alter our perception of our need for the collective?
as praias australianas e Rio de Janeiro. (Não para Los Angeles ou São
C.R. - Oh, yes, we more and more have become our own islands, more
Francisco, as pessoas lá estão a trabalhar muito.)
complex islands at the same time, more complex qua infrastructure and more complex qua meaning of life questions. It is an island with geo-
D.A. - Desde cerca de 1450 a 1895 tentámos compreender o poder
graphical depths and with virtual spaces as well. It would very exciting
da palavra. De 1895 a 1943 encaramos a velocidade da electricidade/
to make it all a whole as well. At the same time, exactly because we have
comunicação electrónica. De 1945 até hoje, essencialmente nos últi-
become such an island the desire to connect is overwhelming. To connect
mos dez anos, estamos no meio da revolução da comunicação com a
24-7-365 all over the world. Notice all of the younger generations who
tecnologia digital. Como estamos a lidar psicologica, filosófica, inte-
cannot live anymore without their mobiles and their social networks on
lectual e socialmente? Estamos a entrar demasiado no “cool”?
the Net.
C.R. - Estamos a lidar mal. Precisamos de enquadramentos sólidos e referências. As redes sociais da Internet são locais que podem funcionar
D.A. - Work spaces, transportation, leisure, infer structure and housing.
como tal. As marcas tentam fazer o mesmo, mas estão frequentemente
How would the existing system of a city adapt to the needs of the “work-
em dificuldades. Muita gente acredita menos nelas do que há dez anos.
ing nomad”?
C.R. - Virtually connected 24/7/365 we have the capacities and the desire D.A. - Tornámo-nos a nossa própria “ilha”? O “nómada trabalha-
to be wherever we want to be and therefore to work wherever we want
dor” vai alterar a nossa percepção da nossa necessidade do colecti-
to. Offices will change dramatically. We need less room, there are the
vo?
“McStarbucks” of this world that give us more relaxed, more efficient
C.R. - Sim, cada vez mais nos tornamos a nossa própria “ilha”, ilhas mais
and more cool places to work. It is not only McDonald’s and Starbucks
complexas simultaneamente, infra-estruturas mais complexas e questões
that go along with this trend. Many more leisure places will adapt and
complexas do sentido da vida. É uma ilha com profundidades geográ-
focus on this. The future is to the Urban Nomads who mix fun and plea-
ficas e com espaços virtuais também. Seria muito interessante tomá-la
sure, creativity and working discipline more and more - and who demand
como um todo. Ao mesmo tempo, precisamente porque nos tornámos
places that live up to their standards.
uma ilha, o desejo de nos conectarmos é avassalador. Ligar-nos 24-7-365 pelo Mundo. Repare nas gerações mais novas, que já não podem viver sem os seus telemóveis e as suas redes sociais na Net. 29
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passaporte
Carl Rohde
D.A. - Local de trabalho, transporte, lazer, infra-estruturas e alo-
D.A. - What are your priorities today? Where are you currently focusing
jamento. Como é que o sistema existente nas cidades se adapta às
your energy?
necessidades do “nómada trabalhador”?
C.R. - I simply continue with what I’ve been building for more than a
C.R. - Virtualmente conectados 24/7/365 temos as capacidades e o de-
decade now. This years we want to build the best trend watching website
sejo de ser o que quisermos e portanto trabalhar onde quisermos. Os es-
at http://www.scienceofthetime.com. The Top 15 of the Coolest World-
critórios mudarão dramaticamente. Precisamos de menos espaço, há os
wide, that we publish every month, will be translated in Portuguese and
“McStarbucks” deste mundo que nos dão locais de trabalho mais “cool”,
in Chinese. I expect even more traffic from that. We will also get more
relaxados e eficientes. Não é só o McDonald’s e o Starbucks que acompa-
and more easily interactive. Besides that, I am as a professor at Fontys
nham essa tendência. Muitos mais lugares irão adaptar-se e concentrar-se
University, building a university and academia network worldwide to do
neste assunto. O futuro é para os “nómadas urbanos” que misturem pra-
Cool City Hunt research with. It is fascinating to do studious cool hunts
zer e diversão, criatividade e cada vez mais disciplina de trabalho – e que
with students from Belo Horizonte, Shanghai, Istanbul. Sao Paulo, Am-
exijam lugares que estejam à altura das suas exigências.
sterdam and more cities. Hopefully Lisbon too!
D.A. - Quais são hoje as prioridades? Em que está agora a focar a
D.A. - What are the next trends… what’s going to be cool; hypotheti-
sua energia?
cally?
C.R. - Eu simplesmente continuo com o que tenho construído em mais
C.R. - We are working now on our report for 2010 with new trends
de uma década. Nestes anos queremos construir o melhor observatório
like HUMAN, HUMAN, HUMAN; we see through all the old and new
de tendências em http://www.scienceofthetime.com. O “Top 15 of the
commercial communication tricks. Not only the younger generations
Coolest Worldwide”, que publicamos todos os meses, vai ser traduzido
but also the 50+ generation. Actually, even more so the 50+ generation.
em português e chinês. Espero ter ainda mais trabalho daí. Também nos
After all this generation has been exposed about twenty years longer
tornamos interactivos mais facilmente. Além disso, como professor na
to the tricks of commercial communication than the 30somethings. In
Fontys University, construir uma rede mundial para fazer uma pesquisa
this context the desire for honesty and transparency is growing pretty
universitária e académica da “Cool City Hunt”. É fascinante fazer “cool
much worldwide. Add to the new digital empowerment to make this
hunts” com estudantes de Belo Horizonte, Xangai, Istambul. São Paulo,
honesty and transparency possible and these words are key to the fu-
Amesterdão e mais cidades. Esperemos que Lisboa também!
ture. However, if you think through what real honesty and real transparency mean, you end up with three times the same word; HUMAN,
D.A. - Quais serão as próximas tendências, o que será “cool”, hipo-
HUMAN, HUMAN. Other trends we are working with for our clients
teticamente?
- from Unilever to Foot Locker, from Heineken to Microsoft - are (1)
C.R. - Estamos a trabalhar agora no nosso relatório para 2010 com ten-
NEW SENSES OF LUXURY, (2) COOL RECESSION, and (3) CITY
dências novas como HUMANO, HUMANO, HUMANO. Nós vemos
LOVE; though I am not entitled to talk much about these brand new
através de todos os antigos e novos truques comunicação comercial. Não
mentality trends.
só as gerações mais jovens, mas também os 50 +. Na verdade, até mais a geração dos 50 +. Apesar de tudo, esta geração tem sido exposta vinte anos mais aos truques da comunicação comercial do que os trintões. Neste contexto, o desejo de honestidade e transparência está a crescer bastante em todo o mundo. Adicione o novo poder digital para tornar esta honestidade e transparência possível, e estas palavras são a chave para o futuro. No entanto, se pensar no que a honestidade e a transparência real significam, acaba com três vezes a mesma palavra: humano, humano, humano. Estamos a trabalhar outras tendências com os nossos clientes – desde a Unilever à Foot Locker, da Heineken à Microsoft – são os novos sentidos do luxo, a recessão “cool” e o amor urbano; mas não estou autorizado a falar muito sobre estas inteiramente novas tendências da mentalidade.
Carl Rohde - www.scienceofthetime.com
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* É A MENTALIDADE POR DETRÁS, ESTÚPIDO
Sim, eu propus seriamente quando abrimos este site renovado que puséssemos um autocolante virtual no canto direito, avisando NÃO É PARA GADGETS. MAS PARA A MENTALIDADE QUE ESTÁ POR DETRÁS. Por haver uma série de bons sites que mostram uma selecção impressionante dos últimos gadgets, designs e outras manifestações-do-novo. É tudo muito “cool” e todos têm as suas razões para existir, mas nós não queremos estar no mesmo grupo. Na verdade, queremos ir mais fundo. Queremos traçar e interpretar a mentalidade por detrás das aparentes superfícies do “cool”. Sim, coleccionamos e seleccionamos muitas coisas “cool” em http://www.scienceofthetime.com. -São-nos enviados pelos “cool hunters”, de cerca 500 cidades de todo Mundo. -Pelos estudantes da network de 40 Universidades com as quais temos uma ligação através da nossa própria Universidade, com os estudantes que participam nos nossos projectos mundiais de pesquisa. -Pelo crescente número de voluntários, muitos deles que desejam tornar-se “science-of-the-time cool hunters” oficiais. -Pela fina-flor dos melhores observadores de tendências, analistas académicos e especialistas. Muitos deles já ganharam fama mundial ou são aquilo que chamamos Heróis Continentais. Juntamente com eles nós publicamos de seis em seis semanas o “Top 15 of the Coolest Worldwide”; uma selecção que todos os meses atrai mais visitantes pelo Mundo. Todos estes participantes da nossa comunidade www.scienceofthetime.com têm três coisas em comum. Primeiro, onde quer que estejam neste planeta, têm uma sólida ligação ao mundo do “cool”. Segundo, eles compreendem, apreciam e respeitam a nossa definição de “cool”: “atractivo e inspirador com potencial de crescimento futuro”. E terceiro, dão-nos sempre os motivos pelos seus exemplos de “cool”, as manifestações do novo que nos enviam são “atractivo e inspirador com potencial de crescimento futuro”. Qual é a mentalidade por detrás? Isto é crucial. Porque se não formos mais fundo, ficamos cegos com a superfície do “cool” em constante alteração. É um mundo fascinante, brilhante, mas não nos dá pistas suficientemente sólidas do que de facto é importante por detrás de tudo. Quer um exemplo? Aqui está um. É um antigo – porque os nossos clientes não gostam quando partilhamos com o mundo o que pesquisámos para eles num nível de mentalidade “cool”. No entanto, vale a pena contar… Berlim é uma das cidades europeias mais excitantes. Relaciona com o Oeste e o Este. É uma cidade reativamente pobre, atractiva por essa razão para muitos artistas ainda pobres. É uma das culturas “underground” europeias
mais criativas. Perguntei à Angelika, uma das nossas principais “cool hunters” lá, quais são os locais mais “cool” na cidade. “Um die Ecke Elf” (Ao virar da esquina às onze), respondeu. Perguntei-lhe se tinha tirado fotos do local, porque poderiam ser relevantes para algumas marcas para quem estamos a trabalhar. Ela disse que não, porque eles queriam manter o local um dos segredos mais bem guardados de Berlim. (É isto que conseguimos na cidade com uma das culturas “underground” mais criativas da Europa). Pedi-lhe então para me dar a morada completa do sítio – ao virar da esquina às onze não diz propriamente tudo. Ela gentilmente recusou novamente. O local devia ser um dos segredos mais bem guardados de Berlim. Até agora (nem) tudo bem. Em Amesterdão, ao ler todos os novos relatórios das cidades dos nossos “cool hunters”, descobrimos que também Estocolmo, Antuérpia, Paris, Madrid e Roma tinham o seu “Um die Ecke Elf”. Perguntámos aos nossos “cool hunters” o que exactamente é tão “cool” nesses locais. Qual é a mentalidade “cool” por detrás deles? Eles responderam unanimemente que precisam de um perfeito mas secreto local para eles com a paisagem normal da cidade. Digerimos isto e resumimos numa nova “Cool Mentality Trend”: “Segredo, por favor”. Apresentámos “Segredo, por favor” à Foot Locker Europe, um dos nossos clientes na altura e ainda agora. Juntos traduzimos esta nova “ Cool Mentality Trend” “Segredo, por favor” à marca Foot Locker e mecado de retalho com uma ênfase nas edições limitadas e pares de ténis exclusivos. Agora é um velho truque. Na altura foi um enorme sucesso, e nós temos orgulho de fazer parte dele. É uma luz em duas coisas. Primeiro, na importância do “cool hunting” com finalidade e aprofundamento metodológico. Segundo, na importância de cavar mais fundo, ir além da superfície brilhante, na importância de procurar a “Cool Mentality Behind”. Isto é como um vendedor de ténis pode aprender uma lição lucrativa de um lugar “cool” e “underground” em Berlim! No final decidimos não pôr o autocolante virtual “NÃO É PARA GADGETS. MAS PARA A MENTALIDADE QUE ESTÁ POR DETRÁS” no canto direito. As pessoas que visitem o site e não apreciem o aprofundamento metodológico, o rigor académico do que estamos aqui a fazer, bem, desejamos-lhes felicidade e sorte. Talvez voltem quando quiserem perceber mais. Muitos outros que nos visitem vão ficar presos pela nossa abordagem – apesar de tudo estamos a praticar aqui a “Science of Cool” e somos únicos nisso. É isso que desejamos e esperamos. Se for um destes muitos outros, subscreva, e se já o fez, deixe-nos saber o que pensa e o que faz. Esperamos que este se torne mais um site seu que nosso.
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* IT IS THE MENTALITY BEHIND, STUPID Yes, I have seriously proposed when we opened this renewed website to put a virtual sticker at the top right, proclaiming NOT FOR GADGETS. BUT FOR THE MENTALITY BEHIND. Because there are plenty of good sites which show an impressive selection of the latest gadgets, designs and other manifestations-of-the-new. It all is very cool and they all have their reasons to exist but we do not want to be in their league. Actually, we want to delve deeper. We want to trace and interpret the mentality behind the sparkling surfaces of cool. Yes, we collect and select much cool stuff at http://www.scienceofthetime.com. -It is sent to us by our cool hunters, from about as many as 500 cities around the world. -By the students from the network of 40 universities we have a connection with via our own university with the students who participate in our worldwide research projects. -By the growing amount of volunteers, several of them aspiring to become official science-of-the-time cool hunters themselves. -By the fine de fleur of the best trend watchers, academic researchers and branch experts. A substantial portion of them really have gained worldwide fame or are what we call Continental Heroes. Together with them we list every six weeks the Top 15 of the Coolest Worldwide; a hit parade that every month attracts more visitors worldwide. All these participants of our www.scienceofthetime.com community have three things in common. First, wherever they are located on this planet, they have a solid connection to the world of cool. Second, they understand, appreciate and respect our definition of “cool”: “attractive and inspiring with future growth potential”. And third, they always give us the reasons why their examples of cool, the manifestations of the new that they send us, are “attractive and inspiring with future growth potential.” What is the mentality behind? This is crucial. Because if you do not delve deeper, you get blinded by the ever changing surface of cool. It is a fascinating, glittering world but does not give you sufficient and solid clues of what is really important behind it all. You want an example? Here is one. It is an old one – because our clients do not like it when we share with the world what we researched for them on a cool mentality level. Yet it is worth telling... Berlin is one of Europe’s most exciting cities. It connects the West with the East. It is a relatively poor city, attractive for that reason for many aspiring yet still poor artists. It has one of the most creative underground culture of Europe. So I asked Angelika, one of our leading cool hunters there, what are the coolest new places in town? “Um die Ecke Elf” (around the corner at eleven) she answered. I asked her whether she had taken pictures of the place, because these pictures might be relevant to some of the brands we were working for. She said no, because they wanted to keep the place one of Berlin’s finest secrets. (That is what you get in the city with one of the most creative underground cultures of Europe). I asked her to give me then the full address of the place – around the corner at eleven does not really tell it all. She gently refused again. The place should be one of Berlin’s best kept secret. So far (not) so good. Back in Amsterdam, reading all the new
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city reports by our cool hunters, we discovered that also Stockholm, Antwerp, Paris, Madrid and Rome had their own “Um die Ecke Elf”. We asked our cool hunter what exactly is so cool about these places? What is the cool mentality behind it? They unanimously answered that they need a perfect but secret place for themselves within the usual city landscape open to all. We digested this and summarized it in a new Cool Mentality Trend: “Secrecy, please”. We presented “Secrecy, please” to Foot Locker Europe, one of our clients back then and still now. Together we translated this new Cool Mentality Trend “Secrecy, please” to Foot Locker’s branding and retail business with a intensifying emphasize on limited editions and exclusive pairs of sneakers. By now, it is an old trick. But then it was hugely successful, and we are proud to be part of that success. It sheds a light on two things. First, on the importance of cool hunting with focus and methodological depth. Second, on the importance to delve deep, to go beyond the glittering surface, on the importance to search for the Cool Mentality Behind. That is where sneaker retailer can learn a lucrative lesson from a cool underground place in Berlin! In the end we decided not to put that virtual sticker “NOT FOR GADGETS, BUT FOR THE MENTALITY BEHIND” at the top right. People who flock to the site and do not appreciate the methodological depth, the academic thoroughness of what we are doing here, well we wish them happiness and luck. Maybe they come back by the time they want to understand more. But many others who visit us will get hooked by our approach – after all we are practicing here the Science of Cool and we are unique in that. That is what we hope and expect. If you are one of these many others, please, subscribe and if you have already done so; let us know what you think of what we are doing. We hope this will become as much your site as ours. Carl.Rohde@scienceofthetime.com Interested in more articles about the importance of The Mentality Behind? Subscribe here. We have a Coca Cola case and a Levi’s one.
passaporte Marketing / Maria Piscopo
MARIA PISCOPO
Brad Christopher
Maria Piscopo é Consultora de Serviços Criativos de artistas, designers e fotógrafos. Nascida em Nova Iorque e a viver no Sul da Califórnia, trabalha como representante de arte, design e fotografia há vinte e cinco anos. Entrevista por Carlos Duarte
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A Maria sabe vender Estratégias globais para promover o seu portfólio Maria Piscopo é Consultora de Serviços Criativos de artistas, designers e fotógrafos. Nasci-
MARIA KNOWS HOW TO SELL! Global strategies for promoting your portfolio
da em Nova Iorque e a viver no Sul da Califórnia, trabalha como
Maria Piscopo is a Creative Services Consul-
representante de Arte, Design e
tant for Artists, Designers and Photographers.
Fotografia há vinte e cinco anos.
Born in New York, now living in Southern Cali-
Fez workshops e deu aulas a
fornia, Maria has been working as an art, design
artistas, designers e fotógrafos
and photography representative for twenty five
no internacionalmente reconhe-
years. She has taught workshops and classes
cido Art Center College of De-
for artists, designers and photographers at the
sign em Pasadena, no Dynamic
internationally renowned Art Center College
Graphics Training e diversas
of Design in Pasadena, for Dynamic Graphics
escolas locais. Intervém em conferências da
Training and at various local colleges.
indústria e escreveu artigos em revistas des-
Maria has been speaking at industry confer-
de1989, em publicações como “Dynamic Gra-
ences and writing magazine articles since 1989
phics Magazine”, “HOW Magazine”, “Digital
for industry publications such as Dynamic
Output”, “Rangefinder”, “Step Inside Design”,
Graphics Magazine, HOW Magazine, Digital
“Shutterbug & Communication Arts”.
Output, Rangefinder, Step inside design, Shut-
O reconhecimento de Maria Piscopo inclui
terbug & Communication Arts.
a distinção “WOMAN OF THE YEAR” pela
Recognition of Maria Piscopo’s achieve-
Women In Management e “WOMAN OH THE
ments includes WOMAN OF THE YEAR by
DECADE” pelo Coastline Community College
Women In Management and WOMAN OF
District.
THE DECADE by Coastline Community Col-
O
seu
primeiro
livro,
“THE
lege District.
PHOTOGRAPHER’S GUIDE TO MARKE-
Her first book, THE PHOTOGRAPHER’S
TING AND SELF-PROMOTION”, foi pu-
GUIDE TO MARKETING AND SELF-PRO-
blicado em 1988. Seguiu-se “MARKETING
MOTION, was published by Writer’s Digest
& PROMOTING YOUR WORK”, publicado
Books in 1988. Maria’s second book, MAR-
pela NorthLight Books na colecção Graphic
KETING & PROMOTING YOUR WORK
Design Basics. “GRAPHIC DESIGNER’S &
was published by NorthLight Books in their
ILLUSTRATOR’S GUIDE TO MARKETING
Graphic Design Basics Series.
AND PROMOTION” é o mais recente. A Tur-
The
3rd
Edition
PHOTOGRAPHER’S
ner Communications produziu a sua série de
GUIDE TO MARKETING AND SELF-PRO-
quarto vídeos com seminários e workshops.
MOTION, was published by Allworth Press (New York NY) and they are also the publishers of her newest book, GRAPHIC DESIGNER’S & ILLUSTRATOR’S GUIDE TO MARKETING and PROMOTION.
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passaporte Marketing / Maria Piscopo
Esta consultora é membro da “Society of
Turner Communications produced Maria’s
Photographers and Artist’s Reps” e do “Oran-
series of four videos on her seminars and con-
ge County AD Club” e trabalhou no Advisory
ference workshop topics.
Board da Universidade da Califórnia, no Long
Maria is a member of Society of Photogra-
Beach Arts & Humanities Board, Visual Artists
phers and Artist’s Reps and the Orange County
Association, Women In Management, Orange
AD Club (an AAF affiliate) and has served
Coast College, Women In Photography, The
on the Advisory Boards for the University of
VICOM Conference e The PHOTO Plus Con-
California at Long Beach Arts & Humanities
ference Advisory.
Board, Visual Artists Association, Women In
Uma representante veterana de fotógrafos
Management, Orange Coast College, Women
revela como encontrar mais clientes e ganhar
In Photography, The VICOM Conference and
mais dinheiro.
The PHOTO Plus Conference Advisory.
Esta terceira edição foi totalmente actua-
A veteran photographer’s rep reveals how
lizada para reflectir as tendências do presente
to find more clients and make more money. This
mercado de Fotografia e as técnicas para recor-
newly revised third edition has been brought
rer à Internet.
completely up-to-date to reflect current photo
O livro explica como construir um plano de marketing que inclua auto-promoção, pu-
market trends and the latest techniques for using the Internet.
blicidade, marketing directo, relações públicas
The book explains how to build a market-
e a Internet. Promoção, portfólios, pesquisa e
ing plan that incorporates self-promotion, ad-
conquistar clientes, negociar preços, encontrar
vertising, direct marketing, public relations,
e trabalhar com representantes, computadores e
and the Internet. Promotion pieces, portfolios,
as boas éticas do bom negócio são apenas al-
researching and winning clients, negotiating
guns dos tópicos focados.
rates, finding and working with reps, comput-
Experiente especialista em marketing e promoção, Maria Piscopo realizou um guia
ers, and the ethics of good business are just a few of the topics covered.
aprofundado das últimas tendências, tecno-
Veteran marketing and promotion expert
logias e segredos de negócio para designers e
Maria Piscopo has crafted an in-depth guide to
ilustradores.
the latest trends, technologies, and business se-
O livro apresenta instruções passo-a-passo
crets for designers and illustrators.
para o sucesso a logo prazo em tópicos como:
The book provides step-by-step instructions
implementar uma estratégia de venda bem
for long-term success on such topics as: imple-
sucedida; criar uma base de dados de marke-
menting a successful sales strategy; creating
ting para novo desenvolvimento de clientes;
a marketing database for new client develop-
apresentar um portfólio inspirador; distribuir
ment; presenting an inspiring portfolio; distrib-
material promocional eficaz; utilizar uma rede
uting effective promotional material; utilizing
viável de oportunidades; desenvolver preços
valuable networking opportunities; developing
proveitosos; criar publicidade eficiente, direct
profitable pricing and negotiating techniques;
mail, e campanhas de relações públicas; tirar o
creating efficient advertising, direct mail, and
melhor partido da Internet e do marketing por
public relations campaigns; making the most of
e-mail.
the Internet and e-mail marketing. We at DIRECTARTS were fortunate to
A DIRECTARTS fez uma entrevista exclu-
get an exclusive interview with one of North
siva à influente representante de artistas e estra-
America’s if not the world’s most influential
tega de marketing.
artist representative and marketing strategist.
34
DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
DirectArts - Quando foi a última vez que esteve em Lisboa e quem foi
DirectArts. - When was the last time that you were in Lisbon and who was
o seu anfitrião?
your host?
Maria Piscopo - O meu anfitrião foi o Studio8a – www.studio8a.pt – e o
Maria Piscopo - My host was Studio8a www.studio8a.pt and Pedro Reis which
Pedro Reis, que são os mais importantes e proeminentes promotores de
are the most important and preeminent photo workshops, and photo related
workshops de fotografia e organização privada de eventos culturais rela-
cultural events private organization in Portugal. They have been organizing
cionados com a fotografia em Portugal. Têm organizado workshops com
workshops with the most important names in the world of photography such as
os nomes mais importantes no mundo da fotografia como Greg Gorman
Greg Gorman (1999), Arthur Meyerson (2000), Joyce Tenneson (2002), Kevin
(1999), Arthur Meyerson (2000), Joyce Tenneson (2002), Kevin Lynch
Lynch (2003), Douglas Kirkland (2005), among many others ( Steve McCurry,
(2003), Douglas Kirkland (2005),
2001/2002, David Alan Harvey,
entre tantos outros (Steve McCur-
2002). My program for them
ry, 2001/2002, David Alan Harvey,
was November 17 and 18, 2006
2002). O meu programa para eles
in Lisbon, Portugal and the pro-
foi em 17 e 18 de Novembro de
gram was a full day workshop
2006, em Lisboa, e foi um primeiro
on marketing and self-promo-
dia de workshop sobre marketing e
tion and a second day of Indi-
auto-promoção e o segundo dia de
vidual Portfolio Reviews.
análise de portfólios individuais. D.A. - How did you get in-
D.A. - Como entrou nesta área?
volved in this business?
M.P. - Óptima história! Eu estava
M.P. - Great Story! I was
a trabalhar num laboratório de fo-
working in the photo lab busi-
tografia – como gerente de atendi-
ness and – as the manager of
mento ao cliente – os meus clientes
customer service – my clients
eram principalmente fotógrafos co-
were mostly commercial pho-
merciais. Um deles, Marvin Wolf
tographers. One of my custom-
(um maravilhoso fotógrafo edito-
ers, Marvin Wolf (a wonderful
rial) insistiu que me juntasse a ele
editorial photographer) insisted
numa associação local de publici-
I join him at a local Ad Club
dade com os tais representantes de
Association meeting featuring
fotógrafos. Como apresentação, eles
these “photo reps”. As a panel
descreveram o que fazem para aju-
presentation
dar a vender os trabalhos dos seus
what they do to help photog-
fotógrafos e para ajudar os clientes a
raphers sell their work and
comprar serviços de fotografia. Isso
help clients buy photography
soou como o trabalho perfeito para
services. It sounded like the
mim, porque o meu conhecimento é
they
described
perfect job for me because my
de marketing é o meu amor é a fotografia. No dia seguinte dei duas sema-
background is marketing and my love is photography. Next day I gave two
nas de aviso no meu trabalho e saí para começar a definir o meu próprio
weeks’ notice to my job and set off to start my own business as an art/photo rep.
negócio como uma representante de arte/fotografia. Comecei a dar aulas e
I added teaching and giving workshops to my repPing business after writing my
fazer workshops sobre o meu negócio após escrever o meu primeiro livro
first book and it has been a ‘world tour” every since!
e desde então tem sido uma tournée mundial! D.A. - Your from N.Y. why move to L.A. one would think there would be enough opportunities for business on the East coast? M.P. - AH, I was born in New York but grew up in California so all my career opportunities began on the west coast of the United States. When I travel to New York now, it would be to work with our East Coast rep-Ina Kramer, a great professional and long time friend.
Imagem acima: Erik Sandberg
35
DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
passaporte Marketing / Maria Piscopo
James Jean
D.A. - É de Nova Iorque, porquê mudar para Los Angeles? Acredi-
D.A. - What makes a designer, photographer, or illustrator succeed in
tava que não haveria oportunidades de negócios suficientes na costa
today’s market?
leste?
M.P. - First, you need a strong passion for the work. There is always a market if
M.P. - Eu nasci em Nova Iorque mas cresci na Califórnia, por isso todas
you love what you do and you glow with pride when you show your portfolio.
as minhas oportunidades de carreira aconteceram na costa Oeste dos Es-
Second, you need to be objective enough for the strongest commitment to know
tados Unidos. Agora quando viajo para Nova Iorque é para trabalhar com
what to show, how to edit your work and where to look for business. These two
a nossa representante Ina Kramer, uma óptima profissional e amiga de
factors sound like a contradiction but they are not. The most successful creative
longa data.
professionals I have ever met have both – strong passion for their work and deep commitment to their business. You cannot – I repeat you cannot – depend
D.A. - O que faz um designer, fotógrafo ou ilustrador ter êxito no
on any rep or consultant or business manager to do create these things for
mercado de hoje?
you. They can do the work but you need to be the foundation for a successful
M.P. - Em primeiro lugar, precisa de ter uma forte paixão pelo trabalho.
business.
Há sempre mercado se gostar do que faz e brilhar com orgulho quando mostrar o seu portfólio. Em segundo lugar, precisa de ser objectivo o sufi-
D.A. - How relevant is globalization for today’s artists?
ciente para saber o que mostrar, como editar o seu trabalho e onde procu-
M.P. - Wow, I just finished an article on this exact topic for Communication
rar negócio. Estes dois factores soam como uma contradição, mas não são.
Arts magazine December issue! The short answer is yes, it is highly relevant.
Os profissionais criativos mais bem-sucedidos que conheci têm ambos os
Internet marketing has leveled the playing field and taken down many barriers
aspectos – forte paixão pelo seu trabalho e profundo compromisso para
to global clients.
com os seus negócios. Você não pode – repito, não pode – depender de qualquer representante ou consultor ou gestor comercial para criar estas
D.A. - How does an artist choose his/her market?
coisas. Eles podem fazer o trabalho, mas o que você precisa de ser o ali-
M.P. - I get asked this question a lot and have developed a very specific
cerce para um negócio bem sucedido.
way of helping creative people find their market. I call it your “Marketing Message” and you make your choice by asking the right question. Most
D.A. - De que forma é relevante a globalização para os artistas de
would ask the question, “What do I want to do?” That is the wrong ques-
hoje?
tion when marketing your creative services. Always market for what you
M.P. - Uau, acabei agora mesmo um artigo sobre este tema para a edição
want to do, not necessarily what you do every day just to pay the rent.
de Dezembro da revista “Communication Arts”! A curta resposta é sim,
When you ask the question, “What do I do?” the answer is, for example,
é extremamente relevante. O marketing da Internet tem nivelado a regras
design or illustration, and that will be too broad a marketing message. To
do jogo e derrubado muitas barreiras aos clientes globais.
choose a more focused and targeted marketing message, you must ask yourself the question, “What do I want to do more of?” When you answer
D.A. - Como é que um artista escolhe o seu mercado?
this question, it will guide you to your new clients and target market.
M.P. - Fazem-me esta pergunta muitas vezes e desenvolvi uma forma
muito específica de ajudar pessoas criativas a encontrar o seu mercado.
D.A. - Should the artist have different portfolios for different clients?
Eu chamo-lhe a sua “Mensagem de Marketing “, e faz a sua escolha ao
M.P. - I divide portfolios four ways to approach different types of clients:
colocar a questão certa. A maioria ia fazer a pergunta: “O que quero fa-
by style, by the subject of the photo or illustration, by industry or by the
zer?” Essa é a pergunta errada quando está a fazer o marketing dos seus
way the work is used by clients. For example, you want to do more food
serviços criativos. Aponte sempre para o que você quer fazer, e não ne-
photography.
36
DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
James Jean
cessariamente o que faz todos os dias apenas para pagar a renda. Ao fazer
By targeting the subject (food), you will find great diversity of jobs out
a pergunta, “O que faço?” a resposta é, por exemplo, design ou ilustra-
of this one portfolio based because clients will range from advertising to
ção, e isso será espalhar uma mensagem de marketing. Para escolher uma
editorial and everything in between. Yes, you need different portfolios for
mensagem de marketing mais directa, você deve perguntar a si mesmo o
each different marketing message.
seguinte: “O que eu quero fazer mais disto?” Quando você responder a esta pergunta, ela irá guiá-lo até aos seus novos clientes e mercado-alvo.
D.A. - How many pieces of work should a portfolio have? M.P. - I think it depends on the attention span of the type of client: I
D.A. - Deve o artista ter vários portfólios para clientes diferentes?
recommend 10 to 12 images for the advertising clients – they can tell
M.P. - Eu divido portfólios de quatro formas para abordar diferentes tipos
right away if your work is suitable for their ad clients and their needs
de clientes: por estilo, pelo tema da foto ou ilustração, pela indústria ou
are more limited (one or two images per ad). Then there are the editorial
pela forma como o trabalho é utilizado pelos clientes. Por exemplo, você
clients and their needs are for a greater number of images as well as they
quer fazer mais fotografia de alimentos. Identificando o assunto (alimen-
look at your work in “story “ form so you can show many more images
tação), encontrará uma grande diversidade de trabalho com base neste
as long as they are grouped into little stories, say 4 to 5 images of 5 or 6
portfólio porque os clientes irão de publicidade a editorial e tudo mais
stories. Other clients fall in between these two!
pelo meio. Sim, você precisa de diferentes portfolios para cada mensagem de marketing.
D.A. - How important is self promotion?
D.A. - Quantas peças de trabalho dever ter um portfólio?
developing your technical and creative skills.
M.P. - In today’s world economy? I would say equally important to
M.P. - Eu acho que depende da atenção do tipo de cliente: eu recomendo
10 a 12 imagens para clientes publicitários – eles podem dizer de ime-
D.A. - In three quick ideas that would be effective as self promotion?
diato se o seu trabalho é adequado para os seus clientes e as suas neces-
M.P. - At the moment, these are my top three: 1st Review your web site
sidades são mais limitadas (um ou duas imagens por anúncio). Depois
and portfolios to add “back story” copy (text) for more interest and
há os clientes editoriais, e as suas necessidades são de um maior número
then re-use images as promo pieces-these can be emailed or printed and
de imagens, eles olham para o seu trabalho em estilo “história”, por isso
mailed. 2nd Use your personal work as fine art for creating practical pro-
pode mostrar muitas mais imagens, desde que sejam agrupados em pe-
motion pieces such as calendars, boxed set of blank cards, sticky notes.
quenas histórias, umas 4 a 5 imagens de 5 ou 6 histórias. Outros clientes
3rd, each month run a report of last year’s invoices at this time so you
ficam entre estes dois!
have a good reason to call clients for the perfect follow-up to ask about work you did “this time last year”
D.A. - Qual a importância da auto-promoção? M.P. - Na economia do mundo de hoje? Eu diria que tão importante como
D.A. - When should the designer, photographer or illustrator consider
o desenvolvimento das suas habilidades técnicas e criativas.
getting and agent and why?
D.A. - Em três rápidas ideias, o que seria eficaz como auto-promo-
their work to ad agencies and design firms. So if your marketing message
ção?
is one that is marketable to the design or adverting clients then you
M.P. - Reps work primarily with photographers and illustrators and sell
M.P. - No momento, estas são as minhas três principais: primeiro reveja
o seu website e portfólios para acrescentar enquadramento (texto) para maior interesse e, em seguida, voltar a utilizar imagens como peças de
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DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
passaporte Marketing / Maria Piscopo
promoção – podem ser impressos e enviados por e-mail. Segundo, use
are in the right place. Also, you should have a very strong business and
o seu trabalho pessoal como belas artes para criar peças de promoção
marketing plan for the rep to work with. Reps are not business managers
prática, como agendas, caixas ou cartões, post-its. Terceiro, fazer um
and usually nit business partners so they can only reflect (represent) your
relatório mensal da facturação do período homólogo, tendo assim uma
business as strong as it is now.
boa razão para ligar aos clientes para actualização ao perguntar sobre o trabalho que você fez “nesta altura no ano passado”.
D.A. - Is one on one presentations of work with potential clients still an
D.A. - Quando deve o designer, fotógrafo ou ilustrador considerar
M.P. - Again, depending on the clients. It still is common enough for con-
ter um agente e porquê?
sumer clients (wedding and portrait) but less and less commonplace for
M.P. - Os representantes trabalham prioritariamente com fotógrafos e
commercial clients. Often the client will visit your web site FIRST then
ilustradores e vendem os seus trabalhos a agências de publicidade e em-
contact you for a one-on-one of you have something they need.
option?
presas de design. Portanto, se a sua mensagem de marketing é comercializável com clientes de design e publicidade, então está no lugar certo.
D.A. - With all the new technologies at our disposal, what’s the best sup-
Além disso, você deve ter um forte plano de negócios e de marketing
port to show the work to potential clients?
para o representante trabalhar. Representantes não são gestores empre-
M.P. - If what you mean is a new tech marketing tool then – no question
sariais e, geralmente, nem parceiros comerciais, pelo que eles só podem
– it is an email marketing campaign run by an ESP, an Email Service
reflectir (representar) o seu negócio tão fortemente como ele está agora.
Provider. They are the next level]
D.A. - As apresentações do trabalho cara-a-cara com os potenciais
clientes ainda são uma opção? Imagens acima: Lorne Resnick
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DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
M.P. - Uma vez mais, depende dos clientes. Ainda é bastante comum
para clientes consumidores (casamento e retrato), mas cada vez menos comum para clientes comerciais. Muitas vezes o cliente vai visitar primeiro o seu website, depois contacta-o para uma reunião se tiver algo de que necessitam. D.A. - Com todas as novas tecnologias ao nosso dispor, qual é o me-
lhor meio possível para mostrar o trabalho a potenciais clientes?
“…uma atitude positiva e profissional fará alguém subir ao topo do sucesso e permanecer lá.”
M.P. - Se se refere a uma nova ferramenta tecnológica no mercado então,
sem dúvida, que é um e-mail de marketing dirigida por uma ESP, um
D.A. - What qualities do you look for in talent you’re going to repre-
operador de serviços de e-mail. Eles são o próximo nível!
sent?
D.A. - Que qualidades procura em talentos que você vai represen-
communication and the willingness to spend time, money and energy to
tar?
help me get them the work they want to do more of!
M.P. - Strong business understanding, good people skills, patience, good
M.P. - Forte compreensão do negócio, boas qualidades pessoais, paciên-
cia, boa comunicação e vontade de gastar tempo, dinheiro e energia para
D.A. - How often do you get to Europe and which countries?
me ajudar a obter-lhes o trabalho que querem fazer!
M.P. - I have presented workshops in Norway for Grafill three times and
am going back again in February 2009 for another program on marketD.A. - Com que frequência vem à Europa e a que países?
ing. Grafill is the Norwegian Graphic Designers and Illustrators associa-
M.P. - Apresentei workshops na Noruega para a Grafill três vezes e vou
tion and a direct extension of Norwegian Graphic Designers, founded
voltar novamente em Fevereiro de 2009 para outro programa em ma-
as the Association for Professional Designers (Yrkestegneres Forening)
rketing. Grafill é uma associação norueguesa de designers gráficos e
in 1937 and the Norwegian Illustrators Federation (Norsk Illustratørfor-
ilustradores e uma extensão da Norwegian Graphic Designers, fundada
bund), founded in 1983.
como Association for Professional Designers (Yrkestegneres Forening)
I presented “Managing Creative Services” in Germany on the U.S. base
em 1937 e Norwegian Illustrators Federation (Norsk Illustratørforbund),
there for the department heads of the graphics divisions from Germany,
fundada 1983.
France and Italy. Of course because of the closer proximity, I have pre-
Apresentei na Alemanha “Managing Creative Services” na base america-
sented many programs in Canada for CAPIC (Canadian Association of
na para os chefes de departamento gráfico da Alemanha, França e Itália.
Photographers and Illustrators in Communications).
Evidentemente, devido à proximidade, tenho apresentado muitos programas no Canadá para a CAPIC (Canadian Association of Photographers
D.A. - Give us your opinion on the differences between North American
and Illustrators in Communications).
talent and European? M.P. - The level of professionalism I have encountered in my workshops
D.A. - Dê-nos a sua opinião sobre as diferenças entre talentos norte-
outside the U.S. is outstanding. The program itself tends to bring in a
americanos e europeus?
special type of creative professionalism – people that are motivated and
M.P. - O nível de profissionalismo que tenho encontrado nos meus
willing to learn how to be better in marketing and business and not afraid
workshops fora dos E.U.A. é impressionante. O próprio programa ten-
to try new techniques. They have a technical and creative talent that tends
de a trazer um tipo especial de profissionalismo criativo – pessoas que
to be above average and so they are very similar to my workshop attend-
estão motivados e dispostas a aprender como ser melhor em marketing e
ees here in the U.S. so I see more similarities than differences.
negócios, e não tem medo de experimentar novas técnicas. Eles têm um talento criativo e técnico que tende a ser superior à média e por isso são
D.A. - What makes a good photographer, illustrator or designer…is it
muito semelhantes aos meus participantes no workshop nos E.U. Assim,
technique, talent, attitude?
eu tendo a ver mais semelhanças do que diferenças.
M.P. - There are many talented creative people with good technique so I
would say a positive and professional attitude will cause someone to rise D.A. - O que faz um bom fotógrafo, ilustrador e designer: é a técnica,
to the top of success and stay there.
talento, atitude? M.P. - Há muitas pessoas com talento criativo, boa técnica, por isso eu
diria que uma atitude positiva e profissional fará alguém subir ao topo do sucesso e permanecer lá.
Brad Christopher – www.bradchristopher.com Erik Sandberg – www.eriksandberg.net James Jean – www.jamesjean.com Lorne Resnick –www.lorneresnick.com Maria Piscopo – maria@mpiscopo.com – www.mpiscopo.com
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DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
artigo
Informação / Carlos Duarte
A PROCURA DE TALENTO Como contratar a pessoa certa Texto por Carlos Duarte
Em boa ou má altura económica, a capacidade de uma empresa recrutar e reter talentos criativos com sucesso baseia-se em princípios estabelecidos e actividades. Entender as necessidades do negócio e como os novos funcionários irão enfrentá-los não é suficiente, a compreensão da mentalidade e das necessidades dos novos funcionários é igualmente importante.
40
DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
A
ntes de contratar novos funcionários, pergunte a si mesmo se realmente precisa deles. A resposta pode ser afirmativa se você e seus colaboradores trabalharem pelo menos 60 horas por semana, ou se é forçado a rejeitar trabalho. Contratar não deverá ter lugar até esta situação durar, no mínimo, seis meses. Se não quiser recusar trabalho e estiver desesperado por ajuda, considere as alternativas não permanentes: freelancers, ajuda temporária e estagiários. Pode ter de pagar mais e não alcançar os benefícios do empregado permanente, mas irá evitar um compromisso a longo prazo e riscos associados.
RECRUTAR FUNCIONÁRIOS NÃO PERMANENTES
signers como as empresas para as quais trabalham. Estagiários ganham uma exposição valiosa no mundo real em projectos e um papel na empre-
Freelancers: Contratar um freelancer é ideal quando precisa de um
sa de design. Você beneficia de uma assistência adicional, acessível. Em
designer experiente, de nível sénior, que possa colaborar num período de
projectos que requerem uma grande quantidade de rotina ou de simples
tempo limitado para trabalhar habilmente e de forma independente, sem
produção de trabalho, um estagiário pode digitalizar e formatar fotos,
precisar de supervisão. Quando precisar deste tipo de ajuda, provavel-
verificar a exactidão das informações, tais como números de telefone ou
mente não terá tempo para avaliar, escolher e treinar os candidatos ade-
códigos postais em layouts, e fazer re-size de layouts para satisfazer as
quados. Pode querer contactar freelancers quando o volume de trabalho é
especificações de uma variedade de publicações.
médio, então tenha uma lista de potenciais disponíveis antes de surgirem
Acesso à mão-de-obra barata é a razão a mais óbvia para contratar um
necessidades críticas. Para além disso, as tácticas usadas para localizar
estagiário. No entanto, se quiser avaliar as competências de gestão de
e entrevistar freelancers são essencialmente as mesmas que as utilizadas
pessoal de um designer com baixo risco, deixe-o gerir os trabalhos do
para pessoal permanente. Bem sucedidas relações de trabalho com free-
estagiário. Pode observar e avaliar os seus potenciais sem uma promoção
lancers são baseadas num contrato detalhado/acordo, forte comunicação
oficial, que poderia ser difícil de desfazer.
e definição precisa de expectativas antes de cada etapa de um projecto.
A maneira mais fácil de encontrar e contratar estagiários é através de
De uma forma geral, no contrato ou acordo deverá referir-se a entrega
uma escola. Muitas escolas profissionais com programas de design grá-
e prazo associados ao projecto. Mais especificamente, deve identificar o
fico exigem estudantes para passar um semestre ou mais num programa
seguinte: honorários; entregas (incluindo tudo para o qual o designer é o
de cooperação no decurso do ano escolar. De um modo geral, o objectivo
responsável, como as tarefas, e o número de revisões na estrutura tarifária
desses programas é o de permitir que os alunos utilizem as habilidades
existente); definição de revisões versus grandes alterações no trabalho,
adquiridas em aula num ambiente de trabalho. Entre em contacto com o
para ajudar a diferenciar entre revisões incluídas no âmbito original e al-
coordenador do programa da universidade ou escola técnica local para
terações que terão um custo extra; custos associados (materiais, taxas de
saber mais. Se não houver design nas escolas das proximidades, os poten-
entrega, etc.) direitos/usos; e honorários (o que você vai pagar ao freelan-
ciais estagiários podem ser encontrados de muitas formas, como através
cer se o projecto estiver atrasado ou for cancelado, quanto, e quando).
de designers experientes: através de associações de design, contactos da
Estagiários: Contratar estagiários pode beneficiar tanto os jovens de-
41
indústria e contactos boca-a-boca.
DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
artigo
Informação / Carlos Duarte
RECRUTAR EMPREGADOS PERMANENTES Web sites de empresas: Hoje, muitos empregadores devem colocar
Referências do empregado: Alguns dos mais bem sucedidos resul-
vagas de emprego na secção de carreiras do seu Web site. Os sites podem
tados de recrutamento podem vir através dos actuais trabalhadores. Ao
ser uma ferramenta eficaz se alguém, ao pesquisar a empresa, verificar os
estabelecer uma estratégia nos funcionários existentes, transforma os
lugares disponíveis.
seus mais bem informados advogados em potenciais recrutadores. Os
Publicidade: Existem várias formas de anunciar vagas de trabalho,
seus funcionários podem também fornecer às potenciais contratações as
incluindo sites comerciais, jornais, revistas e publicação empresarial. É
ideias principais e informações sobre o que é trabalhar na sua empresa.
importante reunir o máximo de informações possível sobre os locais que
Com este método de recrutamento, o seu pessoal tem de ter uma atitude
está a considerar. Especificamente, tentar entender como foram bem suce-
positiva.
didos na sua área geográfica e com profissionais de design em particular.
Não importa quão grandes são as compensações, um empregado cria-
Se uma publicação ou site tem muitas vagas de emprego, provavelmente
tivo infeliz ou insatisfeito a trabalhar na sua empresa não irá recomendá-
é visitado por muitos criadores. Se não tiver a certeza por onde começar,
la.
pergunte a que fontes os colegas recorreram e os resultados alcançados.
A “cunha” pode funcionar em certa medida, se a pessoa em questão é
O que deve incluir um eficaz anúncio de trabalho? Embora não
talentosa, competente, profissional e um jogador de equipa. Se não for
exista uma verdadeira e comprovada fórmula, quanto mais pertinente
esse o caso, então isso torna-se embaraçoso para a “cunha”, o candidato
for a informação, maior é a probabilidade de você atrair os candidatos.
em questão e, em parte, para o empregador. No final, se a pessoa que
Se as informações sobre o salário, incluindo benefícios, são omitidas,
solicita a posição tem todas as qualidades necessárias, então ela não pre-
os candidatos qualificados podem presumir que não está a oferecer uma
cisaria de “cunha”.
compensação adequada. Aqui estão outras categorias de informações que podem ajudar os potenciais candidatos a fazer uma avaliação: descrição
Agências de recrutamento/recrutadores profissionais: uma agência
da empresa (se sua empresa não é conhecida local ou nacionalmente,
de recrutamento oferece os mesmos benefícios em recrutar trabalhadores
deve explicar o que você faz); título de posição, exigências do cargo,
a tempo inteiro como para ajuda temporária. Estas e seus profissionais
responsabilidades, as competências, educação e experiência (incluindo
regularmente lidam com um grande grupo de indivíduos e empresas e
o número de anos); compromissos especiais necessários do pessoal, tais
gastam um tempo significativo a conhecer ambos. A profundidade e am-
como viagens ou horas de trabalho.
plitude dos seus conhecimentos sobre cada empresa e candidato ajuda-o
Passa-palavra: O passa-palavra também é uma boa forma de iden-
a si e ao candidato a tirar o melhor partido para uma decisão o mais infor-
tificar potenciais empregados, porque a informação geralmente vem de
mada possível. Como a maioria dos recrutadores são contratados e pagos
uma fonte que você conhece e respeita. Uma forte e positiva reputação,
pela consultoria de design, eles também devem representar os interesses
baseada não só na qualidade do trabalho mas também no ambiente de
do candidato, a fim de garantir que se faça um bom negócio.
trabalho e nas políticas de emprego, pode ajudar uma empresa nos seus esforços de recrutamento. A reputação negativa pode limitar o sucesso de contratação. Os designers devem fazer investigação sobre os locais onde gostariam de trabalhar e os que não considerariam.
42
DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
A entrevista: Determinar que um candidato será a adequação perfeita para uma empresa é tão importante como determinar as suas qualificações e experiência. Veja alguns dos melhores desempenhos ou performances dentro da sua empresa e compare-os com o que você percebeu durante as entrevistas aos candidatos. Isto pode aumentar significativamente a probabilidade de fazer uma nova contratação de sucesso. As perguntas seguintes irão ajudá-lo a começar. Geral
“Antes de contratar novos funcionários, pergunte a si mesmo se realmente precisa deles.”
1. Na sua experiência profissional, quais foram as suas responsabilidades? Quais são as suas principais responsabilidades agora? 2. Alguma vez geriu outros designers ou pessoal de produção? OrçamenIniciativa e Confiança
tos? Prazos de produção? 3. Já alguma vez teve autoridade criativa final? Em caso afirmativo,
1. Descreva uma situação em que teve de lidar com uma significativa
quantas vezes teve a palavra final sobre o desenho ou a aparência de um
mudança de último minuto num projecto. Como lidou com ela?
projecto antes de ser apresentado ao cliente?
2. Diga-me uma altura em que melhorou um processo ou sistema quando
4. Que experiência tem tido ao trabalhar directamente com os clientes? Já
trabalhava num projecto.
participou em reuniões com eles ou serviu como um ponto de contacto?
3. Já assumiu um papel de liderança a meio de um projecto? Em caso
5. Já contratou ou geriu fotógrafos ou ilustradores? Já foi director de
afirmativo, como é que isso aconteceu e qual foi o resultado?
fotografia em sessões fotográficas?
4. Diga-me o que fazer para continuar a aprender e melhorar as suas
6. Como desperta ou aguça a sua criatividade?
habilidades. 5. Como garante que os seus projectos estão no caminho certo e preci-
Atitude
sos?
1. Como lida com conflitos e pessoas difíceis? 2. Como lida com um projecto que parece confuso, ou não tem as infor-
Valores
mações completas?
1. O que o motiva?
3. Quando os prazos ou prioridades parecem ser coincidentes entre vários
2. Fale-me sobre a melhor equipa com quem já trabalhou. O que fez essa
projectos, como pensa reagir e o que faz?
experiência positiva?
4. Dê-me um exemplo de um problema que chamou a sua atenção mas
3. Qual foi o evento mais importante para a sua vida profissional? O que
não era da sua responsabilidade. O que fez?
tornou tão importante?
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portfólio
Fotografia / Filipe Rebelo
Máquina Invisível
“... o essencial é a cultura visual e a forma como se olham as coisas... ”
Filipe Rebelo Conversámos com Filipe Rebelo, um dos melhores fotógrafos em Portugal, no seu estúdio, da Máquina Invisível, no Beato. Ainda que bastante agradável e acolhedor, não perde o look hi-tech. Talvez devido à vertente musical de Filipe, encontrámos baterias, amplificadores para guitarras e muito material fotográfico em redor do ciclorama onde foi feita esta entrevista. Entrevista por DirectArts
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portfólio
Fotografia / Filipe Rebelo
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DirectArts - Porquê Fotografia? O que o fez entrar para este meio? 01) Cliente Da Weasel / Agência TBWA
Filipe Rebelo - Na verdade comecei em Arquitectura, mas a Fotografia
02, 04 e 05) Cliente-Caixa Geral de Depositos / Agência Young & Rubicam
eu nasci no meio das máquinas fotográficas. A certo ponto a Fotogra-
sempre esteve presente na minha vida, o meu pai era fotógrafo e portanto fia acabou por se sobrepor à Arquitectura e acabei por ir para Londres um ano onde fiz uma pós-graduação em Fotografia, no London Institute,
03) Cliente Quinta Aveleda / Agência LOWE
L.C.P. (London College of Printing).
Próxima página 06 e 07) Cliente Sonae / Agência Fuel
D.A. – Então já tinha tirado um curso de Fotografia em Portugal? F.R. – O que aconteceu foi que eu soube que havia uma pós-graduação em Londres para estudantes que já tinham um curso superior de Fotogra-
08) Cliente Sagres / Agência Fisher
fia. Na altura organizei um portfólio e basicamente fui bater-lhes à porta, para tentar entrar mesmo sem curso, porque a minha formação era em Arquitectura. Chateei-os tanto que acabei por entrar sem curso superior de Fotografia e através de portfólio. 03
D.A. – Sendo assim, já tinha terminado o curso de Arquitectura? F.R. – Não estava finalizado, mas já estava numa fase bastante avançada. Mesmo na Faculdade de Arquitectura, a certo ponto a minha grande paixão era a Fotografia. Estive ligado a algumas acções de Fotografia e aos laboratórios de preto e branco.
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D.A. – Acha que a influência veio do seu pai, Orlando Rebelo? F.R. – A influência veio do meu pai…? Estas coisas não se conseguem explicar muito bem, não são racionais. Isto é estranho, mas há um “bichinho” na minha família por artes visuais: o meu avô pintava e o meu pai começou por ser pintor, estando muito ligado às artes desde a sua juventude em África. Enfim, eu queria ser arquitecto e hoje sou fotógrafo. D.A. – Visto que há diversos ramos de Fotografia, porquê publicidade? F.R. – Porque a publicidade é um ramo extremamente interessante da Fotografia. É como na Arquitectura, é um processo racional de comunicação dentro da Fotografia. Nós, enquanto fotógrafos de publicidade, estamos ligados a um briefing, a uma intenção, somos técnicos de comunicação, não somos só fotógrafos, somos comunicadores. No fundo é um desafio constante. Eu comparo muito a fotografia de publicidade à Arquitectura, há um briefing, uma intenção, há um projecto que se vai construindo com um fim específico, que no caso da publicidade é vender produtos. No entanto, o maior desafio é sempre ter o melhor trabalho e que as coisas funcionem o melhor possível. D.A. – Há quantos anos está no meio da Fotografia como profissional? F.R. – Comecei por trabalhar como assistente de vários fotógrafos, assisti alguns em Londres. Acho que há uma grande vantagem em ser assistente, aliás consegue-se aprender imenso a trabalhar em conjunto, em equipa com outros fotógrafos e com profissionais da mesma área. Há sempre
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pontos de vista e formas de funcionamento que nos escapam e é uma aprendizagem constante. D.A. – Sem ser como assistente, exerce há quantos anos enquanto profissional? F.R. – Desde 1998, por isso há 10 anos. D.A. – Na sua área da publicidade, qual é a parte mais negativa e a mais positiva da indústria, do mercado e da profissão em si? F.R. – A parte positiva é que realmente é um desafio constante, a procura da qualidade e de conseguirmos cumprir o nosso objectivo e o do nosso cliente. Esse processo dentro da fotografia publicitária é realmente o mais aliciante, a própria busca da perfeição. A parte negativa está adjacente a isto, que é a falta de tempo e, às vezes, as dificuldades em termos de condições próprias de um mercado nacional, o mercado português. D.A. – O que é que Filipe Rebelo traz para o mercado que lhe confere esta credibilidade, sucesso e profissionalismo? F.R. – É complicado, não consigo fazer a análise por esse lado. Eu e a minha equipa damos sempre o nosso máximo na procura da qualidade e de chegarmos ao melhor resultado possível, dentro das limitações de cada projecto.
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portfólio
Fotografia / Filipe Rebelo
D.A. – Portanto, conscientemente não pensa que vai marcar a diferença? F.R. – Não, conscientemente acho que a existir diferença, não pode ser construída, ou seja, não pode ser uma predefinição de diferença. Eu não tenho uma predefinição de diferença. Em cada trabalho tento dar o meu melhor, depois, desse esforço pode eventualmente nascer alguma diferença, mas eu não sei quantificar. Cada fotógrafo tem o seu ponto de vista e é muito relativo comparar qualidade em termos fotográficos. A nível técnico é possível, mas em termos estéticos e de concepção é outro âmbito, é muito relativo. D.A. – Considera-se um fotógrafo mais técnico ou intuitivo? F.R. – Isto é interessante… A partir do momento em que há um conhecimento técnico mais aperfeiçoado, a técnica passa para segundo plano, acaba por ser uma espécie de fio condutor que permite chegar, neste caso, a uma imagem que já visualizei. Eu, quando vou fotografar, normalmente tenho como predefinição a imagem onde quero chegar. As minhas sessões fotográficas são uma luta constante da procura da imagem que eu já tenho pré-definida como conceito… O que não quer dizer que no meio de um processo tudo mude, agora se é mais intuitivo ou mais técnico… Não se pode quantificar. Há tipos de trabalhos em que se tem que ter uma componente técnica muito grande para atingir determinado objectivo. O controlo da luz, que é sempre intuitivo, na minha opinião tem a ver com o sentir a luz, com a forma como os objectos estão a ser modelados por ela, e isso é em tudo intuitivo. A técnica entra em background como um gerador de flash que nos mostra números, ou como uma lente que dá profundidade ou uma velocidade porque queremos parar um
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objecto. D.A. – Quando aborda um tema de uma
gens. O input a esse nível é muito importante para um fotógrafo de publicidade.
agência, qual a percentagem de criatividade que põe na campanha? Ou a parte criativa é
D.A. – Portanto, tem sempre uma certa influência em tudo o que faz?
somente da agência? Quanto de Filipe Rebe-
F.R. – Sim, acho que tudo o que sejam factores de potencialização e de melhoramento de trabalho
lo está na campanha ou na fotografia?
devem entrar no processo criativo. Aliás, idealmente o fotógrafo devia estar no início dos proces-
F.R. – Em 10 anos de trabalho como fotógra-
sos, na fase de maquetização… Não sendo assim, tentamos, agarrando os processos já quase no fim,
fo publicitário é natural que vá ganhando um
dar o nosso input de forma a que as imagens funcionem o melhor possível, sejam o mais directas
ponto de vista publicitário sobre as minhas ima-
possível.
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D.A. – Lembra-se de alguma campanha que tenha sido um desafio ou que à partida não conseguisse explorar o projecto? F.R. – Por exemplo, o primeiro carro que eu fotografei foi um desafio imenso. Acontece muitas vezes pensar “não sei como é que vou resolver isto”, até porque isso é o switch para a procura de como é que se vai resolver. Quem procura caminhos mais difíceis encontra sempre essa questão, e aí a experiência e a técnica é que nos ajudam a escolher o caminho para lá chegarmos. Recordo essa situação do primeiro carro que fotografei, que foi para uma campanha para a Renault, uma Renault Espaço, em que tive 32 horas a iluminar a carrinha. D.A. – E no fim, correu tudo bem? F.R. – No fim correu bem, correu bem… Foi interessante, foi um desafio incrível. Além disso, quando já tinha a luz feita, finalizada, desmontei tudo e voltei a montar outra vez porque ainda não estava satisfeito, portanto… D.A. – Isso é uma vertente perfeccionista da sua parte? F.R. – Sim. D.A. – Neste momento estamos a passar por uma revolução em termos técnicos fotográficos, com alterações e inovações do material fotográfico que sai para o mercado todos os anos. Nos últimos 10 anos, o que é que para si foi crucial para o desenvolvimento da Fotografia tecnicamente? F.R. – Acho que o aparecimento do digital foi o nascer de uma nova etapa
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para a Fotografia, sem dúvida. Eu comecei a fotografar em película, a revelar os meus grandes formatos, e o aparecimento do digital veio mudar tudo, com grandes vantagens e também com desvantagens associadas. D.A. – Sente que o processo agora é mais acessível? F.R. – O processo agora permite mais o erro, e quem começou a trabalhar com a película sabe que não havia muita margem para errar, portanto o processo fotográfico era diferente. Acho que os fotógrafos construíam mais imagens antes de as fotografar com a película, quando faziam as medições de luz. Quando punham uma luz sabiam exactamente aquilo que iam ter depois na película. Era um trabalho diferente, menos visual e mais cerebral do que hoje, em que o processo acaba por ser mais espontâneo. Pode parecer um bocado estranho dizer que o processo não é visual, mas a verdade é que com a película a Fotografia rodava mais à volta da imagem, neste momento é mais directa, temos o objecto à nossa frente, aparece no monitor… D.A. – Hoje em dia quando fotografa vê um pequeno erro e pensa: “Eu retoco isto em pós-produção, não vou corrigir agora”? Já lhe aconteceu? F.R. – Assim não. Hoje em dia fotografa-se muito para pós-produção, mas isto não é deixar de fazer algo no set fotográfico para depois compensar em pós-produção, isto é fotografar com o intuito de pós-produzir a imagem, aquela imagem.
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portfólio
Fotografia / Filipe Rebelo
D.A. – Portanto, neste momento não estipula o tempo que demora a fotografar e o de pósprodução? F.R. – Não, não há isso do resolver depois em pós-produção. Há um projecto, uma imagem que se quer no final, uma dinâmica de trabalho em que se tomam decisões sobre o que é fotográfico e o que é pós-produzido. Sendo que, na minha opinião, quanto melhor o trabalho de base, melhor o produto final. D.A. – Já teve como assistentes alunos de Fotografia? Acha mais importante virem preparados com o domínio da técnica da Fotografia, ou com uma base bastante forte em pós-produção? F.R. – Sim. Eu acho que o essencial é a cultura visual e a forma como se olham as coisas, porque tudo o que é técnica se aprende, é um processo em que todos os dias surgem novas tecnologias, novos métodos de trabalho e novas luzes, portanto a aprendizagem é constante. A capacidade de visualização é o que eu considero ser o mais importante na formação de um fotógrafo. D.A. – Portanto, aprender a ver? F.R. – Aprender a ver e a pensar uma imagem. D.A. – E a tecnologia, quer seja material fotográfico ou de pós-produção, é só um componente para atingir o que se quer? F.R. – A tecnologia é um acessório que não se pode sobrepor à nossa capacidade de visualização.
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D.A. – Qual foi a última vez que usou película a nível profissional? D.A. – Ainda usa película?
F.R. – Eu entrei tarde no digital, deve ter sido em 2004.
F.R. – Tenho um rolo preto e branco na minha D.A. – Já trabalha como fotógrafo há 10 anos e já lhe passaram muitas fotografias pelas mãos.
mala lá em casa.
Neste momento como se auto-promove? Como é que Portugal sabe de Filipe Rebelo? D.A. – A nível profissional pode dizer-se
F.R. – Eu não me auto-promovo.
“não”? D.A. – Ainda pega no telefone quando encontra uma agência com campanhas engraçadas e
F.R. – A nível profissional não.
diz que gostava de ir lá para mostrar o portfólio, ou isso já não lhe interessa muito? D.A. – Tem clientes que ainda pedem para
F.R. – Não, não é a questão de não me interessar. Eu não tenho tido sequer tempo de organizar o
receber alguma coisa em película?
meu portfólio, porque felizmente tenho sempre trabalho. E, felizmente também, o meu trabalho
F.R. – Não.
tem sido reconhecido, portanto os clientes têm vindo até mim. No entanto, é diferente de me autopromover, a proximidade entre o cliente e o fornecedor é importante até para o bom funcionamento dos projectos, essa proximidade não se deve perder.
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D.A. – Então não tem um portfólio físico?
D.A. – O que considera o cliente perfeito? Há um cliente perfeito?
F.R. – Neste momento não.
F.R. – O cliente perfeito é aquele que joga em equipa como eu jogo com ele, é só isto. É quando o meu esforço e a forma como me envolvo nos
D.A. – Isso às vezes é bom sinal. Se tivesse um portfólio seria de pu-
projectos são acompanhados e reconhecidos.
blicidade, trabalhos pessoais ou outros? O que gostaria de mostrar aos seus potenciais clientes?
D.A. – Está a par da parte criativa de mercado de publicidade além-
F.R. – O trabalho publicitário é muito pessoal, pela energia e pelo esforço
fronteiras?
que dou.
F.R. – Sim.
D.A. – Apesar da ideia vir de outro criador?
D.A. – Neste momento está a faltar algo em Portugal? O que pode-
F.R. – Sim, mas a partir do momento em que estamos inseridos na equi-
mos melhorar na parte da criação?
pa abraçamos aquela ideia como se fosse nossa também e trabalhamos
F.R. – Na parte de criação… A publicidade também é um fenómeno cul-
aquilo como nosso.
tural e a publicidade lança desafios, modas e ajuda a construir uma sociedade. Talvez a publicidade devesse estar mais direccionada para estar à
D.A. – Então o seu portfólio iria mostrar o trabalho no mercado pu-
frente da sociedade e não para acompanhar os mercados. O que acontece
blicitário?
é que a publicidade hoje em dia é muito directa, é muito pouco, e cada
F.R. – Sim, provavelmente sim, o que não quer dizer que não possa even-
vez menos, conceptual, por medo dos clientes investirem em ideias mais
tualmente mostrar as minhas coisas, mas se calhar essas guardo-as para
arrojadas.
mim.
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portfólio
Fotografia / Filipe Rebelo
D.A. – Estamos a falar do mercado nacional ou além-fronteiras? F.R. – Mais o mercado nacional. D.A. – Significa que somos mais convencionais, que não arriscamos? F.R. – Não há nem vontade nem tempo. D.A. – Há muita influência do que vem de fora? F.R. – Isso existe, mas a grande diferença entre o mercado nacional e internacional é que existe mais tempo, existe um processo de construção
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mais elaborado. D.A. – Talvez mais dinheiro também? F.R. – Mais dinheiro também, mas a questão não é o dinheiro, é a vontade. Tem que haver mais investimento e não é financeiro, é a vontade da busca da qualidade, e para isto tem que haver tempo e, em última instância, mais dinheiro. D.A. – Neste momento há algum fotógrafo que o influencie, português ou estrangeiro? Há alguém que seja uma referência para si? F.R. – Não. D.A. – E quando andava a estudar, tinha algum? F.R. – Não. Quer dizer, tenho muitas referências, mas ninguém que… Acho que há grandes fotógrafos, assim como há grandes pintores.
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D.A. – Sem ser em Lisboa, há outro sítio onde gostasse de trabalhar? F.R. – Em Londres, porque, da pouca experiência que tive em Londres, pareceu-me um mercado muito mais organizado e maior, com um grau de profissionalismo extremamente elevado, muito exigente. D.A. – Alguma vez considerou ter um agente, alguém para o representar? F.R. – Já. D.A. – E quais seriam os benefícios que isso lhe poderia trazer? F.R. – O maior benefício é poder estar focado naquilo que é importante,
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que são as imagens. D.A. – Algum agente aqui em Portugal, no nosso mercado? F.R. – Nos moldes do que há cá, penso que não. D.A. – Nunca teve nenhum? F.R. – Não, essencialmente porque não há mercado e os valores são completamente diferentes. D.A. – Como recebe um briefing para uma fotografia? Como orçamenta um trabalho? F.R. – O processo de orçamentação? Varia muito de projecto para pro13
jecto. 52
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Página anterior 09) Cliente- Compal / Agência Young & Rubicam 10) Cliente MEO / Agência Partners Nesta página 11) Cliente Vodafone / Agência JWT 12) Cliente Mercedes / Agência BBDO 13) Client Comité Olimpico / Agência Young & Rubicam 14) Cliente United Nations / Agência Patners Próxima página 15) Cliente Vodafone Agência JWT
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D.A. – Mas tem alguma tabela de preços pela qual se segue?
D.A. – E aí vem o acréscimo…
F.R. – Existem tabelas de preços a nível de direitos de imagem, já ao
F.R. – Acho que é importante que o sector da Fotografia seja bem pago,
nível de execução do trabalho fotográfico depende da complexidade do
essencialmente pelo investimento constante que está inerente a esta acti-
trabalho, do tempo que ele vai exigir por parte do fotógrafo, do tipo de
vidade. Para termos qualidade, temos que investir.
produção… D.A. – Há algum desafio, algo que tenha em mente que gostasse de D.A. – Portanto uma agência não sabe se Filipe Rebelo leva x por dia
fazer a nível profissional ou artístico?
fora as despesas de produção e pós-produção?
F.R. – Acho que há uma selecção natural, de certa forma intuitiva, do tipo
F.R. – Não, porque isso é um molde de orçamentação internacional. Cá
de trabalho com que me sinto melhor a fazer, portanto isso é uma afe-
em Portugal dificilmente conseguimos implementar esse tipo de proces-
rição que vai acontecendo naturalmente, também pelo meu contributo,
so, portanto faz-se um apanhado de valores daquilo que aquela imagem
pela mais-valia em determinadas áreas. A especialização acontece natu-
na nossa opinião vale, e do tempo que vai ocupar. Um trabalho fotográ-
ralmente. Aqui em Portugal acabamos por ter que ser muito polivalentes,
fico não é só a sessão fotográfica, é todo o trabalho de pré-produção, de
e na área da publicidade é onde há o expoente máximo da polivalência,
estudo, preparação e, logicamente, isso é tempo que é roubado ao fotó-
porque os fotógrafos acabam por ter que possuir um conhecimento e uma
grafo e que deve ser cobrado.
actividade em imagem completamente diferentes. Em termos de projectos pessoais… tenho os meus projectos pessoais, mas são coisas que não
D.A. – Acha que ganha bem para o que faz?
têm a ver com o mundo da publicidade. Claro que há marcas e campa-
F.R. – Prefiro não falar sobre isso (risos).
nhas que são bem mais interessantes que outras, e o objectivo é sempre trabalhar com aquelas com que nos sentimos melhor e com as quais nos
D.A. – Há fotógrafos que assumem que, a seguir aos actores, são os
identificamos.
mais felizardos do mundo: fazem o que gostam e são muito bem pagos. Consideram-se realizados em todos os aspectos. F.R. – O que eu posso dizer é que faço Fotografia porque gosto de Fotografia.
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portfólio
Fotografia / Filipe Rebelo
“…fotografia publicitária consegue englobar todos os sectores da Fotografia…”
D.A. – Como vê o mercado português da fotografia publicitária neste momento? F.R. – Acho que de há 10 anos para cá estamos a atravessar o pior período em relação ao mercado e à classe dos fotógrafos. Essencialmente devido à falta de união… Nem é à falta de união, é à falta de criação de processos de produção e de regras. É um sector de actividade que não está regrado, o que acaba por ser muito prejudicial, essencialmente para quem começa. Existem novos talentos, fotógrafos que começam a sua carreira e que não estão minimamente preparados para enfrentar o mercado e suas regras, que seriam positivas para toda a gente. 15
D.A. – Há 10 anos havia mais criatividade no mercado português?
D.A. – Quantos prémios já ganhou, mais de
D.A. – Então, para além de fotografia publi-
F.R. – Não quer dizer que houvesse mais cria-
6, mais de 12...?
citária não haveria outra opção?
tividade a nível das agências, existia era talvez
F.R. – Já ganhei alguns… menos de 12. Todos
F.R. – Não, não porque a fotografia publicitária
uma aposta da parte dos clientes na própria
importantes.
consegue englobar todos os sectores da Foto-
agência, um incentivo e uma maior liberdade
grafia, e esse é o motor pelo qual eu estou nessa D.A. – Se não fosse fotógrafo publicitário,
área. É um desafio constante. Não me via a fazer
que tipo de fotografia faria?
o mesmo tipo de fotografia, a fazer só moda, ou
D.A. – Por que acha que isso aconteceu?
F.R. – Aí talvez fosse arquitecto e fazia as mi-
a fotografar só carros ou copos de cerveja…
F.R. – Acho que foram essencialmente factores
nhas ampliações a preto e branco em casa.
a nível criativo.
de mercado. A comunicação hoje é muito directa, mais agressiva, pretendem-se resultados
D.A. – Fotografia de arquitectura?
imediatos na comunicação. E também pela ve-
F.R. – Não necessariamente.
locidade como as coisas acontecem. Hoje trabalham-se marcas a curto prazo, não se pensa uma Filipe Rebelo – filiperebelo@maquinainvisivel.pt
marca a médio/longo prazo.
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portfólio
Desenho Animado / Pedro Brito
Pedro Brito “Considero-me um contador de histórias” Aos seis anos descobriu o prazer de desenhar e não mais parou. Aos 33 e muitas obras depois, continua a passar a realidade que o inspira para o papel. Entrevista por Catarina Vilar
Acima: ilustração para Edições Polvo 2007
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portfólio
Desenho Animado / Pedro Brito
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Pode-se dizer que para Pedro Brito desenhar começou por ser uma brincadeira de crianças.
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01) Ilustração inédita 2007
Começava a aprender a ler e a sua atenção foi desviada para outro tipo de traços. “Havia um
02) Ilustração para poster inlay de vinil 10’’ - “The Jam Messenger – Rob K & Uncle Butcher” – Groovie Records 2007
colega que eu achava que desenhava muito bem e impulsionou-me a fazer o mesmo. Ele desenhava com histórias, conceitos, um conteúdo definido e fez-me começar a estruturar uma nar-
São as pequenas coisas que o inspiram, não
rativa dentro do desenho. Aos poucos fui evo-
os grandes feitos. “Até hoje o que me cativa é
luindo. O universo era dos piratas ou cowboys,
o que está relacionado com uma narrativa mais
mas com histórias”, explica. Aos 17 anos já fa-
mundana. Não sou muito dado a ficção cien-
zia as suas primeiras bandas desenhadas, quan-
tífica ou terror. Inspiro-me no dia-a-dia, nas
do descobriu que havia autores portugueses a
pessoas, situações. Às vezes uma boa história
dedicar-se a esta arte. Conhecendo profissionais
não precisa ter as regras básicas da narrativa.
do meio, entusiasmou-se e descobriu um mun-
Pode apenas ser um bom diálogo numa mesa
do novo: a BD mais intimista francesa e a ame-
de café”, explica. E por dar tanta atenção às re-
ricana alternativa. “Normalmente conhecemos
lações humanas e suas interacções, Pedro Brito
os super-heróis americanos, o Asterix ou o Tin-
adianta: “Considero-me um contador de histó-
tin. Descobri que havia outras formas de contar
rias, e não um desenhador de banda desenhada,
histórias.” Na companhia de Marcos Farrajota
ilustrador ou realizador de cinema de anima-
criou o fanzine “Mesinha de Cabeceira”, que se
ção.” Isto apesar de se enquadrar em todas estas
manteve até 1996.
categorias.
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03) Ilustração para Mostra Jovem 07 – Cascais Submerso - 2007 04 e 05) Imagens da curta-metragem “Sem Dúvida, Amanhã” – 2006
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Desenho Animado / Pedro Brito
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Animação: os primeiros passos Quando acabou o secundário tirou Design de Comunicação no IADE, porque foi o que lhe pareceu mais próximo do que queria como formação académica. Trabalhou em Design e durante sete anos foi sócio de uma editora, com Rui Brito e Jorge Deodato, as Edições Polvo, que publicava banda desenhada portuguesa e alguma estrangeira. “A minha função era mais de composição gráfica, direcção artística. Com 22 anos fui sócio de uma editora e tenho saudades desse tempo, mas agora estou mais ligado à animação.” No mesmo ano que entrou para o IADE tirou um curso de animação, não começou logo a praticar, mas o bichinho ficou. Uns anos depois percebeu que a animação era mais uma maneira de poder contar histórias.
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Acabou por ser assistente de story board, assistente de animação, animador, e fez o meu primeiro filme de animação, para crianças, “A Estrela de Gaspar”, em 2000. Colabora com a produtora de cinema de animação Animanostra e já realizou também curtas-metragens como “O Paciente” (2002), “Sem respirar” (2004) e “Sem Dúvida, Amanhã!” (2006). Modesto, não põe os olhos no que já fez, mas naquilo que lhe falta alcançar. “Penso que fui aos sítios certos, tive sorte. Não me considero um grande desenhador, sou muito normalzinho, mas faço tudo com gosto e há cuidado, primor no que faço. Não acho que tenha a habilidade, sou mais visual.” No panorama português acredita que a banda desenhada já esteve melhor, mas na ilustração estão a surgir propostas muito interessantes, “pessoas com valor e algo para contar. Não se pode ter só jeito”.
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Desenho Animado / Pedro Brito
06) Ilustração para Colecção Mozart – Sinfonias vol.04 – Público – 2006 07) Projecto de animação – “Fado do homem crescido” – 2008 08 e 09) Projecto de animação – “Meu Amor, Minha Morte” – 2007 10) Ilustração para LeCool books – A Weird and Wonderful Guide to Lisbon 2008
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A boa e velha BD
O ciclo criativo
Pedro Brito acha que em Portugal estamos
Aos 33 anos está a ter a sua primeira expe-
Já pensou sair de Portugal, mas nunca chegou
muito bem servidos de bons ilustradores, mas
riência como professor, na etic_. “Estou a dar
a dar esse passo. Recorda quando era criança e
esta é a área em que menos se exprime. Já a
aulas de Animação e é muito interessante. No
via – “primeiro com estranheza e depois com
animação infantil é algo em que aposta, porque
início estava muito nervoso, mas agora está a
interesse” – o programa do Vasco Granja sobre
“se conseguirmos contar uma história engraça-
correr muito bem. É gratificante. Estou a assi-
animação. “A cultura era diferente de agora, em
da, com cuidados pedagógicos, é muito bom.
nar o que sei, como sei, como quase autodidac-
que se aposta nas novelas de consumo rápido.
É preciso ter cuidado na mensagem, mas gosto
ta.” Quando toca a consumir banda desenhada,
Um programa de animação agora ia passar às 3
muito. Até porque me faz pensar rápido, são
Pedro Brito não tem dúvidas: “Há coisas que é
da manhã.”
coisas geralmente com prazos curtos”.
necessário ver. Se conseguir ver tudo do Nor-
Eterno insatisfeito, sente que ainda está para
Apesar da aposta do cinema de animação,
man McLaren, melhor. Tudo o que conseguir
vir o seu trabalho realmente bom. Mas isso não
não deixou na gaveta a paixão pela BD: “Aos
arranjar da República Checa vejo. Pode ser es-
o impede de já ter alcançado diversos trunfos.
poucos estou a estruturar uma banda desenhada
tranho, mas é importante que se veja. Costumo
Em 2002 viu ser reeditado um dos seus pri-
que espero conseguir editar daqui a dois anos.”
dizer aos meus formandos que não se restrinjam
meiros trabalhos de BD, “Franco, o Trolha”,
Desde cedo marcou presença nas grandes expo-
ao que estão habituados a ver na televisão. Não
de 1994. E há mais projectos do passado que
sições de banda desenhada, tendo sido o autor
podem ser fechados.”
até estão a voltar, como o livro de 1992, “Tu
português convidado do Festival de Banda De-
és a Mulher da Minha Vida, Ela a Mulher dos
senhada da Amadora em 2003.
Meus Sonhos”, em que escreveu o argumento e João Fazenda ilustrou. Este ano foi lançado em França e em Novembro será na Polónia. “É estranho voltarmos a ele, mas a vida é um bocado cíclica.”
Pedro Brito – pedrobrito23@gmail.com www.tomalabonecos.blogspot.com
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Consultoria / IP Solutions
artigo
O PROBLEMA DE ALGUMAS COISAS É QUE ELAS PURA E SIMPLESMENTE ACONTECEM. Texto por IP Solutions
A conversa agora agrada-te. Não sorris com o humor, mas com o tilin-
E quando assim é, é deixar que aconteçam? Ok. Vejamos: roubam-te o carro. E agora? Ficas quieto ou agarras no
tar. Vês como te entendemos!
telefone e chamas a polícia? Pronto, se calhar o exemplo é exagerado.
Olha, e há muito, muito mais!
Admitamos isso mesmo.
Mas desculpa a rudeza e a falta de modos. Não nos apresentámos.
Estás em casa à noite. Compraste o plasma, o leitor DVD novo, a PS3. Saiu-te do bolso e antes disso saiu-te do corpo. Ah pois… custa não é? Entretanto alguém entrou lá dentro enquanto dormes… coisas que acontecem, não é? Pois… e lá se vai o teu plasma, e acabaram-se os jogos da
Somos a IP SOLUTIONS™ - Consultoria em Propriedade Intelectual, encantados! E perguntas tu: e quem são estes tipos? Então, vamos ver se explicamos sem sermos chatos.
Selecção em alta definição, a seguir o teu novo leitor de DVD, sim aquele
Somos uma empresa sedeada em Lisboa especializada em Propriedade
que até os divx lê, também ganha asas… depois a PS3… e os serões com
Intelectual e oferecemos soluções para as indústrias culturais, criativas e
os putos…
de conteúdos, com uma ideia sempre presente: criar Valor.
E agora o que fazes? Ficas calado, ou agarras no telefone e chamas a
Comparativamente ao Universo somos muito novos. E não é bom? Mas trabalhamos numa ideia de proximidade, pensamos nas vossas reais
polícia? É assim, o problema de algumas coisas é que elas pura e simplesmente
necessidades. Mais que qualquer outra coisa, somos vossos parceiros. Interessa-te, não é? …então, dá-nos mais umas linhas. Queremos di-
acontecem! O teu trabalho reflecte-se no teu salário? Ou o teu trabalho também ele
zer-te mais umas coisas: Criamos e acreditamos na criação de Valor. É aqui que entramos: pro-
se reflecte na criação que originas? E que tem isso a ver com Propriedade Intelectual? …Tudo.
curamos soluções para vos garantir uma real criação de Valor. Que a vos-
A tua criatividade é a tua ferramenta de trabalho. É o escritório onde
sa cabeça continue a criar. Que durmam descansados à noite. Que não se
o teu cérebro se senta para criar coisas. As tuas Obras são o fruto do teu
sintam pilhados. Que vos respeitem. Que ganhem os 450 em vez dos 10.
trabalho. A partir delas e com elas recebes o teu “salário”. E se alguém
Não queremos ser tudo para todos, pelo que na IP SOLUTIONS™
entrasse na tua mente e as roubasse? Pior, e se alguém entrasse na tua
dedicamo-nos àquilo que fazemos bem e conhecemos melhor: soluções
casa e as roubasse?
para as indústrias audiovisual e cinema, publicidade, música e design.
Ah, e não é bom quando alguém fica com os méritos pelo teu trabalho
E tu?
bem feito? Não te apetece pura e simplesmente… sei lá… gritar? A Propriedade Intelectual dá-te segurança, dá-te rendimentos, dá-te protecção. Põe as trancas na porta e deixa-te ir para a cama mais descansado à noite. Dá-te Direitos. Dá-te o reconhecimento e mérito. Presumimos que seja isso que todos querem, não é? Agora que já sorriste um pouco, vamos falar de dinheiro. Grande sor-
IP SOLUTIONS™ Consultoria em Propriedade Intelectual geral@ipsconsultoria.com www.ipsconsultoria.com
riso esse… gostas, não é? Pois, toda a gente gosta! E se nós te dissermos que tens uma mina de ouro no que crias? E se te contarmos muito mais? Então pensa nisto que te vamos dizer (faz as contas connosco): Por cada Obra que metes no papel, na película, na pendrive, podes ganhar 10. Por cada direito dessa Obra que venhas a licenciar, podes ganhar mais 20. Se contares com um máximo de 4 direitos ganhas 80. Se colocares esses direitos em exclusivo para Portugal ganhas mais 40… já ias em quanto? 150… Bom, não é? Então agora alarga isso a Espanha mas imagina o dobro. Tens 300. Ou seja, um total de 450.
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olhar Respire fundo. Estão 1.282 palavras nesta página. É menos que a média dos artigos da directarts. Mas desta vez não temos nada que lhe chame a atenção para as ler. Sem legendas. Sem fotos grandes. Sem cores bonitas. De fato, as hipóteses de você ler até ao fim da página são praticamente nulas. Você está biologicamente desfavorecido, para começar. “Os seres humanos não têm evoluído para a leitura”, explica o psicólogo visual Arnold Wilkins, da Essex University, Inglaterra. “Estamos habituados a usar os dois olhos para agarrar ferramentas, mas ler não é natural. O texto está por cá há relativamente pouco tempo.” Os seres humanos estão mais habituados à paisagem, uma árvore, por exemplo, ou a uma visão do horizonte, que contém diversas pistas naturais para orientar o cérebro em torno dela. Os especialistas chamamlhe diferenciação especial. Significa que quando olha para uma cena consegue identificar um determinado ramo, em virtude da sua posição sobre a árvore, talvez, ou pelas suas características individuais que o tornam diferente de outros ramos. (Felicito-o por ter chegado até aqui.
A maioria das pessoas tem apenas oito segundos de atenção.)
O texto, em contrapartida, é “auto-similar” – é tudo basicamente a mesma coisa. Nada salta à vista para agarrar a sua atenção. Para o ler, o seu olho direito passa por toda a linha, caminhado até à terça parte de cada palavra. O seu olho esquerdo segue-o uma fracção atrás. Juntos, eles andam os outros dois terços da palavra antes de passar à próxima. Às vezes pulam uma palavra e têm de andar para trás. Em suma, ler não é simples. Depois há a apresentação do texto em si. À distância, as linhas horizontais formam riscas. Provavelmente você não está consciente disto mas, para os seus olhos, texto “despojado” (como num livro) brilha, contribuindo para o stress da leitura. E por que deve ler esta história, afinal? Milhares de outras coisas estão a chamar a sua atenção: o total de todo o conhecimento impresso duplica a cada oito anos. A 13 de Novembro de 1987, o jornal New York Times tinha 1612 páginas, contendo mais de 12 milhões de palavras e pesando 5,4 kg, o tamanho de dois gémeos recém-nascidos saudáveis. Não é só imprimir: “Há algo na história que as pessoas têm sido treinadas para compreender em mordidas visuais e de som”, explica Arnold Wilkins. “A informação é apresentada em breves pedaços, por isso as pessoas não estão preparadas para se concentrar por um longo período.” Nos anos 1960, um minuto de um anúncio televisivo tinha de oito a doze imagens por frame. Um recente anúncio a refrigerantes dirigido aos jovens tinha 30 imagens num período de 30 segundos – cerca de uma imagem por segundo. O telespectador médio de TV com um controlo remoto muda de canal 35 vezes numa hora. Não é de admirar que os anunciantes tenham percebido que não devem usar frases de mais de quatro palavras, diz o psicólogo americano Dr. Bernard Luskin. (“Just do it!”) A questão é que há tanta coisa que pode atrair a sua atenção, que as probabilidades de chegar ao fim de um artigo são más mesmo antes de começar. Então, jornais e revistas perdem uma quantidade considerável de tempo a tentar captar o seu interesse. Para fazer isso precisam de saber como você lê. Pegie Stark Adam conduziu há uns anos um estudo para o Poynter Institute na Flórida, E.U.A. “Usámos duas câmaras minúsculas que localizam exactamente onde os olhos se movem na página, regista onde o olho pára, o tempo que fica num determinado local, onde viaja primeiro, segundo, terceiro e quarto, e assim por diante”, explica. Assim, 95% dos leitores olha para fotografias em primeiro lugar. Isso não surpreende o psicólogo visual Arnold WiIkins. “Como as paisagens naturais, o conteúdo espacial de uma fotografia varia com a sua escala espacial.” Mesmo se for um licenciado, há uma hipótese de se sentir (649 palavras até agora – vai a meio) confortável com apenas um quinto do seu vocabulário. Então aqui vai uma citação do professor Wilkins: “As fotografias são mais variadas do que texto.” Consequentemente, a informação é mais fácil de assimilar. Depois das fotografias, você pode ler as suas legendas, mas os seus olhos provavelmente irão pular para os títulos. Quanto maior melhor? Não necessariamente. Segure esta página afastada do seu rosto. Seja o que for que sobressai à distância é o que atrai os seus olhos a moverem-se em toda a página. Texto a bold capta mais atenção do que texto grande, embora este também resulte, mas deve ser usado com moderação na manchete: “Se usar sempre um título muito grande”, diz Simon Esterson do britânico The Guardian, “o que vai fazer quando a III Guerra Mundial rebentar? E mesmo assim, uma página cheia de enormes títulos fica chata.” Em vez disso, os designers criam uma hierarquia de títulos para dizer ao leitor o quão importante é uma história. “Desenvolver um título é uma habilidade extraordinariamente desenvolvida”, continua o Dr. Luskin. “É projectada para captar a sua atenção de passagem e caminhar para um nível mais elevado de interesse. Se houver pelo menos um fragmento de atenção, já é qualquer coisa. Então você simplesmente usa a repetição.” Estudos têm mostrado que para remeter algo para a memória tem de percorrê-lo em quatro ocasiões distintas. Funciona da mesma forma com a Imprensa. Quanto mais ler um género, mais fica familiarizado com ele e mais fácil é de lê-lo. De facto, a familiaridade é uma das armas mais fortes que os designers dos jornais podem ter. “Nós temos todo um vocabulário de títulos que compreendemos e que esperamos que nossos leitores compreendam subliminarmente”, diz Tom Bodkin, designer chefe no New York Times. “Se você ler o jornal durante algum tempo, tem uma sensação para o que é importante baseado no estilo do título, a posição na página, todas aquelas pequenas pistas. É uma linguagem muito complexa.” Colunas ajudam a ordenar a informação. Há muitas coisas a incluir; todo o texto de meia hora de telejornal teria de caber em uma página de um jornal. E a cor e torna-o mais atraente. “Os leitores disseram-nos que gostam de cor numa página”, diz Stark Pegie Adam, “porque sentiam que as páginas com cor tinham mais informações, e eles liam mais. Na verdade, quando estudámos as cassetes, eles não lêem mais, apenas imaginam que sim por causa da cor, o que é realmente interessante.” (Você leu essas 54 palavras, sem pular nenhuma?) Dispositivos tais como parágrafos, inter-títulos ou travessões têm como objectivo facilitar a sua leitura, quebrando o artigo e incentivando a atenção do leitor para ficar concentrado. (Devia haver um parágrafo aqui, por exemplo.) Então porque é que algumas pessoas lêem jornais que visualmente parecem chatos, mas não lêem revistas que parecem interessantes? O verdadeiro segredo do porque você ainda está a ler esta história é o CONTEÚDO. “Design é sobre conteúdo”, afirma Ally Palmer do Herald Tribune. “Se não tiver conteúdo, então não tem nada.” O objectivo dos media é fazer a passagem da atenção periférica (quando percebe algo de passagem) para a atenção focada (quando pára e lê ou olha para ela). O mais certo, a prova cabal mais certa de o conseguir, é oferecer aos leitores algo que lhes interesse. O estudo do Poynter Institute descobriu que as pessoas geralmente só lêem 25% de um jornal. Uma das histórias que o grupo do teste leu não tinha fotos, inter-títulos e nenhuma cor. Em suma, nenhum dos dispositivos usuais. Mas 95% das pessoas leu-o do início ao fim. Porquê? Era sobre as dificuldades de encontrar uma baby-sitter. Então, se você chegou até aqui, é porque quis. E agora vamos voltar aos truques do Design.
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artigo
Design / Nuno Ribeiro
Será o Design de Comunicação Português devidamente conhecido e reconhecido? Texto por Nuno Ribeiro
Inicio com o lançamento desta publicação a divulgação da obra e contextualização histórica de quatro marcos do design de comunicação em Portugal, nos primeiros números desta revista, que se apresenta como alternativa e pioneira no contexto editorial do nosso país. 66
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Nuno Ribeiro Nuno Ribeiro, licenciado em Design Visual, frequenta actualmente o Mestrado em Design e Produção Visual do IADE, fundador da etic_escola técnica de imagem e comunicação, onde exerceu funções de responsável da área de Design e Multimédia e professor durante os últimos 16 anos, para além de ter ministrado nas escolas, CECOA, INEPI, CIDEC e Escola Bento Jesus Caraça. Como designer gráfico trabalhou na Puratos, Apadil, MD-serviços e em regime de freelancer desenvolveu promoções de marketing directo para, IBM, DHL, Citroen, Centro Delgado Espinosa, Fundação Calouste Gulkenkian, entre muitas outras empresas e instituições. Nas suas habilitações conta ainda com curso de Modelo da S.N.B.A. e de Fotografia para além da participação em seminários e workshops de Design e Comunicação, sendo também Apple Distinguished Educator.
100 anos de Design de Comunicação em Portugal A história do Design de Comunicação português, dos últimos 100 anos, ainda não parece ter dado os passos que permitam conhecer alguns dos seus autores marcantes. Urge assim iniciar-se o processo de divulgação da sua obra através do estudo sistemático da sua produção, catalogação das obras e análise do seu enquadramento no contexto da sociedade portuguesa nas vertentes cultural, ideológico e social. O contexto cultural português tem ignorado os designers portugueses que, pela qualidade e dimensão da sua obra, deveriam merecer uma maior divulgação e reconhecimento, quer em ambiente académico quer em termos sociais, excluindo duas excelentes exposições da Fundação Calouste Gulbenkian, Sebastião Rodrigues em 2000 e Daciano da Costa em 2001. O presente trabalho pretende ajudar a suprir as dificuldades detectadas e contribuir, deste modo, para trazer para o seu lugar alguns dos criadores mais significativos. O foco é feito em quatro designers/ateliers, isto porque os exemplos escolhidos atravessam todo o século XX, permitindo assim uma contextualização mais fundamentada através das influências e formas de trabalho.
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artigo
Design / Nuno Ribeiro
E são eles: 1- ETP – Escritório Técnico de Publicidade de Raul Caldevilla 2- Sebastião Rodrigues 3- Carlos Rocha 4- Novo Design de Carlos Coelho É importante que se entenda que o universo de designers nacionais é de uma enorme dimensão, as quatro referências escolhidas são puramente contextualizadoras e não exemplares ou estanques. Estes quatro “pilares” escolhidos servirão para criar núcleos que irão atravessar todo o século XX. Como objectivo geral desta tese de mestrado pretende-se divulgar parte da história do Design de Comunicação português, através da análise do trabalho, das técnicas e dos percursos de designers nacionais, materializado em exposição itinerante que percorra os estabelecimentos de Ensino Superior com cursos de Design. Isto numa primeira fase, embora considere desde logo vital que uma exposição com estes objectivos deva também servir o público em geral. Como professor e profissional de Design, e nestes cerca de 20 anos de actividade, sempre senti uma enorme escassez no estudo e divulgação dos actores fundamentais do design de comunicação português. Esta é a razão principal que me move na realização deste projecto. 02
De seguida apresento breve bibliografia dos 4 “pilares” referidos anteriormente:
1 - ETP – ESCRITÓRIO TÉCNICO DE PUBLICIDADE. Mais do que um estúdio, foi uma marca desenvolvida por Raul de Caldevilla (Porto, 21 de Novembro de 1877 – 28 de Agosto de 1951). É considerado o criador em Portugal do filme de publicidade. Tornou-se depois produtor e realizou documentários promocionais. Escreveu o argumento do primeiro filme de temática sobre o fado, realizado por Maurice Mariaud (O Fado - 1923). ETP, Escritório Técnico de Publicidade, fundado no Porto em 1914 por Raul de Caldevilla, revela-se nos detalhes das representações e nos temas evocados, em simultâneo com um discurso apelativo, sensato e fantástico, que criava o impacto necessário à sedução dos consumidores.
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artigo
design / nuno ribeiro
2 - CARLOS ROCHA (1943-
)
Frequentou o Liceu e a Escola de Artes Decorativas António Arroio. Em 59/60 estagiou em Londres, trabalhando em design de montras e de stands industriais. Em 1972 fundou o gabinete LETRA – Estúdio Técnico de Comunicação Visual, especializado nos campos do Design Gráfico, imagem de empresas, design de embalagem, design industrial, design de exposições e design de interiores, onde tem exercido a sua actividade. Sócio fundador da Associação Portuguesa de Designers em 3
1976. Contam-se entre outros a execução de logos para EDP, Fisipe, BANIF, Sotinco, Câmara Municipal de Sintra, Avigal, Bolsa de Valores, BCP, etc.
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01 e 02 ) ETP / 1919 03) Bolsa de Valores 04) BCP 05) EDP 06) Fisipe 07) Banif 08) Cartaz 25 de Abril Secretaria de Estado da Cultura, 1977, 680 x 480 mm Casa Portuguesa 09) Capa, Revista Almanaque, Abril de 1960, 170 x 250 mm, Casa Portuguesa. 7
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artigo
Design / Nuno Ribeiro
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3 - SEBASTIÃO RODRIGUES (1929 – 1997)
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Sebastião Rodrigues foi antes de tudo um designer à escala humana e à escala da cultura portuguesa. Os seus objectos gráficos nasciam de um trabalho intenso que tinha como ponto de partida a investigação, que era tomada como exercício fundamental para a criação de objectos. Nascido e criado no Dafundo, Sebastião Rodrigues exerceu sempre o seu ofício em Lisboa. Desde muito cedo aprendeu o ofício com o pai, executando pequenas tarefas gráficas para o serviço de publicidade do jornal “A Voz”. Em 1945 vai trabalhar para o Atelier de Publicidade Artística (APA) onde veio a conhecer o seu futuro companheiro de trabalho, Manuel Rodrigues, que o acompanhou durante 30 anos. Quer estivesse acompanhado ou sozinho, Sebastião Rodrigues trabalhava sempre em equipa com todos aqueles que faziam parte do vasto processo de produção gráfica, e com todos eles trocava conhecimentos e experiências. Além da pesquisa de fundo que fazia, Sebastião Rodrigues era um perfeccionista. O domínio de todo o processo de design, desde a concepção ao produto final, era feito com todo o rigor. Conseguia combinar as poten-
4 - NOVO DESIGN
cialidades das novas tecnologias (impressão em offset) com inspiração de raiz popular e tradicional e ainda com influências tão vastas que vão desde o Design americano (Alvin Lustig) ao nacional (Victor Palla). Depois da revista “Almanaque” participou em vários outros projectos com as editoras Sá da Costa e Arcádia (primeiro projecto em 1961) e Editorial Verbo (primeiro projecto em 1979).
A Agência de serviço global, Novo Design surge em 1985 e vem preencher uma lacuna no universo das agências e ateliers da altura, por oferecer um serviço completo e ampliando a oferta existente até então. Fundada por Carlos Coelho e Paulo Rocha, ganha rapidamente notoriedade trabalhando marcas de enorme importância no contexto económico
A imagem gráfica, desde os cartazes, desdobráveis, livros, catálogos, da Fundação Calouste Gulbenkian, foi projectada desde a década de 60 por Sebastião Rodrigues.
português. Esta Agência marca nitidamente um ponto de viragem na oferta de serviços de Design de Comunicação, esboçando já nesta altura aquilo que
Recebeu vários prémios e menções honrosas ao longo da vida, incluin-
mais tarde vem a ser conhecido como branding.
do o “Award of Excellence” pelo ICOGRADA (International Council of Graphic Design Associations), em 1991 e a Medalha de “Grande Oficial” da Ordem de Mérito, atribuída pelo Presidente da República, em 1995.
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Nuno Ribeiro – nribeiro@mac.com
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tutorial
Photoshop / Alberto Placido
ALBERTO PLACIDO PHOTOSHOP - LOBO COM PELE DE CORDEIRO Texto por Alberto Plácido - albertoplacido@mac.com
A palavra Photoshop tem, nos tempos mais recentes, um grande poder. Desperta nas mentes de grande parte das pessoas conotações que transformam um meio de grande credibilidade de registo da realidade – como é a Fotografia – em algo que se alimenta de sentimentos contraditórios. Este programa está associado a um misto de admiração e desconfiança.
Permite olhar para a Fotografia
uma fotografia, de forma a reflectir aquilo que imaginamos ser o resulta-
com uma dúvida em mente: será real?
do ideal para essa imagem. Como resultado, em nada se deveria diferen-
Liberta a Fotografia da sua eterna
ciar de todas as fotografias que encontramos ao longo da história deste
sombra, a credível representação do
meio, nem das imagens que recolhemos diariamente, seja em férias ou
objecto fotografado, para se tornar
em trabalho. O meio fotográfico, tanto analógico como digital, no que diz
numa fotografia, que pode ser apre-
respeito à técnica de tomada de vistas, pouco se alterou com a introdução
ciada como imagem e apenas como
das máquinas digitais. O que alterou, significativamente, foi o suporte.
tal. Esta deixa ao autor a liberdade
Isto poderia significar que, em termos gerais, pouco mudou, o que na
individual de se referir de uma forma
realidade se pode considerar correcto no que diz respeito à imagem final
mais ou menos “honesta” em relação
e nas alterações (correcções) que se podiam realizar numa imagem antes
ao objecto fotografado, levantando
da era digital. Ora, o sharpen já existia, correcção de cor também, reti-
questões de ética que não são tema deste artigo.
rar elementos de uma imagem, alterar proporções, corrigir perspectivas,
Adobe Photoshop é um programa que se destina a uma grande diversidade de tarefas que, de alguma forma, utilizam a imagem. Isto quer dizer
utilização de máscaras, etc. Todas estas técnicas existiam na fotografia analógica e foram muito exploradas com o crédulo rolo de fotografias.
que o programa em si não se destina exclusivamente à Fotografia (em-
O que a imagem digital através do uso do computador nos permite
bora esteja normalmente associado a ela), mas associa-se a uma prolífera
é acelerar o processo e, via programas como o Photoshop, tornar a sua
quantidade de funções: Arquitectura, Design, Ciência, Engenharia, etc.
utilização mais abrangente em termos técnicos e, não menos importante,
Tomando a Fotografia como exemplo – sendo esta a minha actividade – o resultado pretendido na utilização deste programa é o de melhorar
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dando também acesso a um maior número de utilizadores muitas técnicas que antes eram apenas acessíveis aos especialistas.
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photoshop / alberto placido
tutorial
Como programa de tratamento de imagem,
Por exemplo, o caso do Hue/Saturation. À
ções simples quando utilizadas isoladamente,
e falando apenas do Photoshop, este tem a ca-
primeira vista a ferramenta apresenta-se com
e mais complexas quando usadas em conjunto.
pacidade de nos levar até ao limite da nossa
uma configuração simplificada, sugerindo,
Independentemente de serem bastante podero-
imaginação. Indo desde a simples correcção de
para quem já tenha alguma noção de controlo
sas no controlo da selecção, raramente chegam
uma fotografia até à mais complexa das tarefas
de cor, alterações simples, como modificar a
a um resultado satisfatório em termos de uma
que possamos imaginar no que toca à alteração
matiz, saturação e luminosidade de uma ima-
boa selecção. Para isso penso que se poderá ti-
e criação de imagens digitais.
gem. Discretamente esta vai-se desmontando
rar grande proveito de outras funções que, mais
Como podemos perceber, o resultado final
em funções cada vez mais complexas, mal se
uma vez, à primeira vista nos escapam. Falo
nada tem que ver com o software em si, a não
inicie uma exploração das suas funções menos
por exemplo da utilização de Alpha Channels
ser através do seu controlo técnico, mas com
óbvias.
e Quick masks (bem como do Layer Mask). A
Basta sair do Master para se abrir perante os
um nível intermédio poderemos tirar proveito
nossos olhos um novo mundo. Podemos esco-
da excepcional abrangência e controlo destas
O próprio Photoshop está construído de for-
lher uma das cores primárias ou secundárias
ferramentas mas, na minha experiência pessoal,
ma a apresentar uma primeira “pele”, à vista
do RGB, trabalhando individualmente cada
penso que é de grande vantagem compreender
desarmada simples, tornando-se cada vez mais
uma destas zonas de cor; podemos deixar o
a fundo a forma como o Photoshop cria e gere
complexo conforme se vão desmultiplicado as
Photoshop escolher a cor dominante da área da
esta linguagem (através do principio dos Alpha
ferramentas base e, mais do que isso, conjugan-
imagem onde se fizer o click com o rato e alterar
Channels). Aqui um outro mundo se abre, man-
do ferramentas. Capacidade esta que, quanto a
apenas esta zona de cor; podemos ainda alterar
tendo este mesmo princípio de que o programa
mim, o torna num dos softwares mais podero-
a área de influência desta alteração, através dos
se vai desmultiplicando e tornando cada vez
sos no tratamento de imagem.
handles cinzentos na roda de cores; etc.
mais complexo, quanto mais se exige dele.
quem o utiliza, dando ao utilizador meios para que se aproxime do resultado que pretende.
Assim sendo, para além das ferramentas base
Como se pode constatar, uma ferramenta que
Assim, e depois de explorarmos uma ínfima
que nos oferece que, em si, têm uma capacida-
à partida nos parece ser relativamente simples e
parte das capacidades deste tão célebre progra-
de individual de aplicação na imagem incrível,
limitada na sua utilização, transforma-se numa
ma, espero que fique perceptível a capacidade
é na sua conjugação que se mostra todo o po-
poderosa forma de realizar correcções em zo-
deste se adaptar às infinitas solicitações que
der do que este programa nos permite realizar.
nas específicas da imagem, sem que com isso
dele são exigidas e de se desmultiplicar em fun-
Poderia dizer que, a partir de um certo nível, o
nos obrigue a recorrer a processos bem mais
ções cada vez mais complexas, respondendo à
programa se torna uma ferramenta individual.
complicados para chegar ao mesmo fim (como
exigência específica de cada utilizador e das ne-
Cada utilizador, independentemente do nível de
seria o caso de utilização de máscaras, por
cessidades de cada trabalho. Não é de estranhar
conhecimento de Photoshop, acabará por utili-
exemplo).
as imensas capacidades deste software se tiver-
zar soluções individuais para chegar ao mesmo
Este é apenas um exemplo simples, mas efi-
mos em consideração o espectro de utilizações
fim (já que há uma infinidade de variantes na
caz, para explorar as potencialidades de uma
a que se propõe responder, sabendo que tem
conjugação das várias ferramentas). Embora se
única ferramenta que se vai desmultiplicando
que responder com grande exactidão às tarefas
possa ter um conhecimento profundo das fer-
em novas funções por forma a responder a ne-
exigidas pelos fotógrafos (onde cada imagem é
ramentas e funções do Photoshop, dificilmente
cessidades cada vez mais complexas e, deste
uma imagem e exige uma abordagem especí-
se consegue chegar ao seu limite. Na realidade,
modo, evitar o uso de outras técnicas que torna-
fica para cada uma delas), designers, gráficos,
nunca se poderá dizer que se conhece o progra-
riam esta edição (no caso específico do exem-
arquitectos, cientistas, etc.
ma a 100%.
plo aqui dado) muito mais complexa.
Se pensarmos na capacidade que tem para
Em termos práticos podemos explorar um
Outra das grandes vantagens no uso do Ado-
responder a uma tal proliferação de meios e
exemplo para melhor ilustrar a forma em como
be Photoshop é a sua capacidade de criar másca-
necessidades, é dantesca a complexidade que o
o Photoshop nos é apresentado, aparentando
ras. Também aqui o factor de desmultiplicação
software é capaz de responder. Não se deixem
uma utilização simples quando se olha pela pri-
das ferramentas se aplica com grande intensi-
enganar pela aparente simplicidade que nos é
meira vez, mas abrindo mão dessa simplicidade
dade. O programa oferece uma variada escolha
apresentada quando abrimos o programa, por
conforme se vai explorando cada uma das suas
no que toca a ferramentas de selecção básica: o
debaixo dessa aparente gentileza, esconde-se
ferramentas individuais.
Magic Wand, marquee Tool, Quick Selection,
um monstro capaz de responder às maiores exi-
Polygon Lasso Tool, entre outras. Cada uma
gências com uma precisão surpreendente.
desta ferramentas destina-se a realizar selec-
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tutorial
Photoshop / Alberto Placido
Hue/Saturation
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A alteração nos verdes da imagem permitem alterar radicalmente a fisionomia des-
ta, como podemos ver neste exemplo em que os verdes foram alterados em Hue (que define cor dominante de uma zona que preten-
menos intensa) e, através de valores negativos
Hue/Saturation. Esta está acessível a partir do
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a cor), foi retirada Saturação (tornando a cor
1
damos alterar. Basta sair do “Master” (escolher
no Lighness, tornaram-se os verdes mais escu-
menu “Image / Adjustments / Hue/Saturation”
qualquer das cores disponíveis) e, com a pipe-
ros (permitindo aumentar o contraste na zona
(ou através dos Adjustment Layers).
ta, fazer click nessa zona.
dos pastos da imagem em questão)
2
5
Uma das ferramentas menos entendidas no que diz respeito ao seu potencial é
À primeira vista esta ferramenta parece bastante básica em termos de utilização.
Podemos deixar o Photoshop escolher a
A cor escolhida, neste caso os amarelos, corresponde à cor dominante dessa zona,
No “Master” esta apenas permite a alteração
embora possa partilhar outras cores, neste
de Hue, Saturation e Lighness em toda a ima-
caso também tem verde (fica no amarelo, ape-
gem, linearmente (altera a roda de cores).
nas porque é a cor dominante). As alterações de Hue, Saturation e Ligtness aplicam-se apenas às cores seleccionadas.
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Por fim, para se saturar o azul do céu, escolhem-se os azuis em “Edit” e aumenta-
se a saturação para +30, que altera apenas o azul do céu, respeitando as cores da imagem não alteradas, bem como as que já foram editadas nesta acção.
3
Quando saímos do “Master”, um novo mundo se abre. Podemos escolher ma-
nualmente uma das cores disponíveis (entre as primárias e secundárias do RGB) e alterar apenas essa cor na imagem, sem afectar nenhuma outra.
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Podem-se acrescentar cores à selecção, neste caso, escolhendo a cor pretendida
(os verdes)
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antes
depois
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artigo
Som / José Fortes
JOSÉ FORTES Eu, técnico de som. Texto por José Fortes
Trabalho em som há muitos anos e sempre me interroguei sobre o que é a minha actividade. Não é minha pretensão ensinar, modificar conceitos implementados por instituições credenciadas na área do som ou do áudio, ou sequer contradizer ou corrigir publicações existentes. Como autodidacta que sou e, para complicar, bastante antigo, tive de me organizar de uma forma simples e objectiva. É só esta, e apenas esta vivência empírica e simples de alguns anos de observação e constatações, que pretendo transmitir. Nada mais. Comecei por querer saber o que é o som na perspectiva do técnico de som. Concluí que me era suficiente, para entender o meu trabalho, que sejam compressões e rarefacções da atmosfera. Fiquei assim com a convicção de que o meu trabalho, objectivamente, se baseia em pôr o som (as compressões e rarefacções da atmosfera) que está no auditório o mais agradável possível na sala onde o vou ouvir, através dos altifalantes. Som igual ao que está no auditório nunca será possível, por razões que só mais tarde percebi. Tentarei, a seu tempo, explicar esse meu problema.
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Assim, constatei que numa captação de som posso intervir na acústica e na
Em qualquer destes processadores eu só posso intervir na amplitude:
electrónica.
•
•
quências seleccionadas, ou conjunto delas. Este procedimento altera a am-
Na acústica trabalho com a posição do microfone - no compri-
Nos de qualidade, só posso alterar a amplitude na banda de fre-
mento de onda.
plitude apenas em parte do conjunto de frequências que tipificam o timbre
•
das fontes sonoras. É óbvio que o som é alterado, no entanto o equilíbrio
Na electrónica trabalho com a amplitude - na frequência.
Este facto é redutor, concordo, mas é um facto. Senão vejamos:
conseguido é apenas eficaz nas frequências captadas pelo transdutor, e isso é
•
influenciado pela posição do microfone.
No auditório temos uma mistura acústica do equilíbrio das di-
versas frequências produzidas pela fonte sonora, assim como o equilíbrio
•
resultante das trajectórias diferentes de propagação sonora, consequente das
dar mais ou menos amplitude, aos sons que foram produzidos com timbre
caixas, exponenciais, formas físicas dos instrumentos, etc. Vamos fazer um
“forte” ou timbre “piano”, ou seja, não posso alterar a pressão e a velocidade
exercício simples:
que foi produzida pelo músico. O efeito de máscara provocado pela am-
•
Nos de dinâmica não posso alterar entre forte e piano, mas apenas
Temos uma frequência pura de um pouco mais de 100 c/s, que
plitude, alterando a nossa percepção auditiva, faz com que ouvidos menos
terá um comprimento de onda de 3,2 m, para facilitar as contas. A maior
experientes confundam “alto” e “baixo” – volume sonoro, com “forte” e
energia estará nos 1º e 3º quartos de comprimento de onda, ou seja, a 80 cm
“piano” – dinâmica de execução. De facto não é a mesma coisa, mas consi-
temos uma crista e a 1,6 m um nulo, a 2,4 m uma nova crista e a 3,2 m um
dero compreensível a confusão!
nulo. Concluímos assim que após os primeiros 80 cm teremos uma crista em
•
Nos de espaço estou sempre a relacionar a amplitude do sinal di-
cada 1,6 m. Façam agora
recto, com ө a amplitude do
as contas para 1 kc/s, 10
sinal reflectido ou processa-
kc/s, etc. Verifica-se então
do.
a importância da posição
Ao longo da minha vida pro-
do microfone. A distância
fissional
definirá o equilíbrio de am-
que, cada vez mais, o equipa-
plitudes nas várias frequên-
mento tem menos influência
cias e entre elas. Sabemos
no resultado final do som.
que o desgaste no espaço
Melhor dizendo, a electrónica
não é igual em todas as fre-
cada vez mais influencia me-
quências. A distância não
nos a acústica.
altera a frequência do som,
Considero que foram dados
mas sim as amplitudes e a
passos enormes e espanto-
relação das amplitudes en-
sos na recriação da acústica
tre as diversas frequências
por processos electrónicos
existentes no som. Dentro
apoiados na informática. Hoje
deste conceito, temos tam-
consegue-se concretizar o que
tenho
constatado
bém que considerar que a altura é igualmente determinante para a qualidade
há uns anos era utópico, é fantástico!... Considero-me um privilegiado por
pretendida. Não podemos nunca esquecer que a relação entre o sinal directo
viver este tempo de inovação e perfeição. Desculpem-me os saudosistas,
e o sinal reflectido, (efeito de sala, reverberação), é também influenciada
mas prefiro os defeitos e erros do digital a qualquer justificação defensora do
pela posição do microfone.
analógico. Como muito bem diz o meu amigo Engº Augusto Gonçalves da
•
Silva: “Nunca ouvi analógico nem digital. Ouvi sempre som.”
Na minha mesa de mistura, (electrónica), só tenho a possibilidade
de misturar sinais eléctricos fornecidos pelos transdutores, ou pelas fontes
Esta é a verdade que aceito. Quantas vezes não fomos enganados com for-
sonoras electrónicas de síntese e de amostras (sintetizadores e samplers).
matos, processos e equipamentos? Por mim, continuo, ao fim destes anos
Aqui só me é possível manipular a amplitude, vejamos:
todos, sem saber o que é o bom som. Sei de que som gosto e, para mim, é
Os processadores que tenho disponíveis para trabalho numa mesa de mistura
esse o bom som, no entanto também sei que muitos não gostam desse mesmo
são três tipos:
som, sendo o bom som para eles outro tipo de som. Esta subjectividade é
•
real, embora eu considere que a objectividade da subjectividade do som é um
De qualidade - equalizadores e filtros, nos seus mais variados for-
facto, numa perspectiva de profissional de som – técnico de som.
matos. •
De dinâmica - compressores, limitadores, expansores e suas com-
Espero não ter sido maçador, para poder continuar a conversar convosco.
binações com os mais variados nomes, ou alcunhas, como por exemplo, ex-
Um abraço,
citer, maximizer, etc.
Zé Fortes
•
De espaço - reverberação, echo etc. José Fortes – fortesom@netc.pt
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artigo
Phillippe Meunier
E SE NÃO HOUVESSE MAIS TV? Texto por Phillippe Meunier
Phillippe Meunier é director criativo da Sid Lee, em Montreal, Canada. (www.sidlee.com).
Ao misturar diferentes ingredientes criativos, as agências podem oferecer aos seus clientes um soufflé verdadeiramente único, em vez do mesmo velho bolo televisivo. A mudança é inevitável, e a nossa indústria não é uma excepção para o presente. Há alguns anos, a publicidade foi rei – uma indústria em que se poderia fazer bastante dinheiro. Oh, e quem pode ignorar a veneração da Santíssima Trindade do director criativo, copywriter e director de arte, os principais ingredientes para alcançar a verdadeira televisão, anúncios de Imprensa e rádio que tanto desejávamos? Mas e se, amanhã, televisão e rádio deixassem de existir? Poderíamos ainda ser criativos? Na Sid Lee já nos fizemos esta questão, tendo desde então banido as tradicionais fronteiras que existiam entre as disciplinas de marketing. Orgulhamo-nos de ser uma organização impulsionada pela criatividade e artesanato. E, como verdadeiros artesãos e comerciantes, fazemos grandes esforços para aproximar as nossas criações da perfeição. Temos a Criatividade como marca comercial, e vivemos com esse processo e atitude.
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“… publicidade na TV está a tornar-se cada vez mais ineficiente.” As necessidades dos clientes não mudaram tanto como nós mudámos a
Outra marca mundialmente famosa, viva, a que aplicamos a nossa
nossa abordagem. Nós ajudamos os clientes a alcançar os seus objectivos
abordagem Criatividade Comercial, é a Adidas. Quando cozinhamos
empresariais, alavancar a criatividade em todas as suas formas comer-
ideias para a Adidas, pomos a marca em cima da mesa e rodeamo-la de
ciais: Branding, Arquitectura retalhista, Publicidade, Design Industrial,
muitas formas de criatividade: branding, design 3D, publicidade, design
Design Gráfico, interactivo e Marketing experiencial. Quando os clientes
gráfico, e de marketing interactivo e experiencial. Isso coloca mais ênfa-
dizem que querem algo diferente, o que eles realmente precisam é uma
se em cada momento do consumidor.
coisa única. Combinando todas estas disciplinas criativas num grande caldeirão, transformar a forma tradicional de alimentarmos os anseios
Se olhar para aquilo que foi processado na indústria da publicidade ao longo dos anos, é bastante surpreendente. Estamos a reproduzir as mesmas receitas ligeiramente modificadas,
dos nossos clientes. Acreditamos que a criatividade deve ser saboreada após cada mordi-
mas no final de contas é só fazer um bolo. Às vezes é a variedade da ce-
dela do processo comercial. É por isso que muitas vezes o nosso pensa-
noura, outras vezes pode ser banana (se tivermos sorte de ser chocolate),
mento criativo começa por ajudar os nossos clientes a desenvolver novos
mas é apenas um bolo. No entanto, ao misturar as diferentes disciplinas,
produtos, serviços ou até mesmo antes de implantação de empresas no
estamos a descobrir novas formas de experiências de criação de marca.
mercado global e comunicações holística que as suportam. Ela coloca-
Cuidadosamente fundindo cada ingrediente, com pensamento e cuida-
nos na posição única de ser um parceiro criativo/fornecedor para a comu-
do... agora estamos a fazer soufflés. Saborosos, soufflés únicos, que são
nidade empresarial.
um pouco mais difíceis de alcançar, mas valem bem a pena o esforço.
Isso é como se define Criatividade Comercial.
Nós não estamos necessariamente a tentar distanciar-nos das outras
Os nossos planeadores estratégicos, escritores, directores de arte, ar-
agências ou a revolucionar a indústria; estamos simplesmente a evoluir
quitectos, programadores, designers e animadores trabalham como uma
como uma empresa, quando confrontado com os desafios e pedidos que
única e coesa unidade – como uma equipa. Em vez de lançar ideias dife-
nos batem à porta.
rentes, cada um especializado em uma disciplina, na Sid Lee todos estão
Claro que a TV estará sempre por perto, mas a publicidade na TV está
no mesmo patamar criativo, como uma força criativa, com um objectivo
a tornar-se cada vez mais ineficiente. Com a consciência ecológica e am-
comum: criar marcas fortes.
biental dominando mais e mais, imprimir publicidade não é tão verde
Consideremos o nosso parceiro e cliente criativo Cirque du Soleil. O
como gostaríamos que fosse. Agora é a altura ideal para se habituar as
Cirque foi capaz de reinventar o seu produto na base. Quando pensamos
nossas paletas criativas a diferentes gostos e plataformas. Olhe para aqui-
Cirque du Soleil, não nos parece normal ou apenas um tipo diferente de
lo que mais agrada os consumidores: cinema, teatro, questões globais,
circo, pensamos num género ímpar. Tão único, na verdade, que a Santís-
etc. Precisamos de os alimentar com algo de novo.
sima Trindade da publicidade não funciona aqui. Eles não precisam do
Agora é hora de reprogramar os nossos cérebros para viver, respirar e
spot televisivo de 30 segundos, você tem que viver o show. Eles sabem
ser criativo como se não existisse TV – o resultado final pode apenas ser
como se expõem ao consumidor por incumprimento das normas de uma
um conjunto de ferramentas mais eficaz que nos ajudem a gerar experi-
tal maneira excepcional, que faz tudo o que eles fazem parecer magia.
ências verdadeiramente saborosas ao consumidor.
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novos talentos
Fotografia / Diana Ramos
DIANA RAMOS Fotógrafa-Freelancer (Lisboa) Idade: 23 Clientes: Bioalvo Contacto: electricityscapes@gmail.com
Diana Ramos nasceu em Lisboa, em 1986. Depois de andar “perdida” durante alguns anos, a estudar Economia, encontrou a sua paixão noutro sítio. De 2005 a 2008 esteve a tirar um curso profissional de Fotografia na etic_, em Lisboa. Trabalhou com um fotógrafo de publicidade, mas agora está por conta própria, fazendo trabalhos de freelance sobretudo para empresas privadas. As suas inspirações revolvem à volta da sua paixão por cinema e viagens, mas muitas vezes incorpora os seus outros interesses e actividades como a música, moda e literatura. No futuro gostaria de se tornar uma fotógrafa de música, pois esta é uma das suas maiores paixões, capturar pessoas e momentos é o que ela melhor faz.
“Ok, this sounds so wrong in portuguese man.” 80
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novos talentos
Fotografia / Diana Ramos
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O SEU ESPAÇO PUBLICITÁRIO
novos talentos
Ilustração / Pedro Arroja
PEDRO ARROJA Ilustrador e Designer Gráfico-Freelancer (Lisboa) Idade: 37 Clientes: UHF, Movimento Educação para os Media, Grupo Cerbere, UTM, Sombra Mágica, Keytech Contacto: pedro_arroja@gmail.com
“É uma profissão fascinante, muito envolvente e onde se podem fazer coisas fantásticas” 01
Entre a Ilustração e o Design Gráfico Apesar da paixão pela Ilustração – que é um trabalho viciante e de grande gozo, principalmente na fase de criação – não menosprezo o Design Gráfico. É uma profissão fascinante, muito envolvente e onde se podem fazer coisas fantásticas, criativas, úteis e inovadoras. Acredito que é uma profissão vital para o bom funcionamento da sociedade, quer no tratamento visual da comunicação quer no desenvolvimento de novas soluções e equipamentos. Só tenho pena que muitos dos pequenos empresários portugueses não dêem o devido valor à imagem das suas empresas, recorrendo muitas vezes ao trabalho do “amigo jeitoso que até dá uns toques no Photoshop” em detrimento dos profissionais da área. Não é bom nem para eles nem para os designers, principalmente os freelancers, que têm assim uma concorrência bizarra mas implacável. Mas 02
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com o tempo isto vai lá!
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01) UHF 02) capa sinais 03) logo Drakkar 04) viking 05) perigos vários 06) piso escorregadio 07) sentido proibido
05
03
04
06
Pedro Arroja é um apaixonado por Ilustração – especialmente cartoon – e nasceu em Lisboa em 1971, junto ao Castelo de S. Jorge. Trabalhou 15 anos como autodidacta na área gráfica para o grupo Auchan, até inscrever-se na etic_, em 2002. Fez o curso de Design e Comunicação Gráfica e, no ano seguinte, o Curso de Design e New Media. Com 2007 chegou uma nova etapa. Teve a oportunidade
de frequentar o curso de Técnicas de Ilustração, que adorou, e reacendeu a sua vontade de ser ilustrador. Estava mais perto da sua realização.
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novos talentos
Ilustração / Pedro Arroja
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08) linha cereais 09) caixa 10) warrior
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novos talentos
Design Gráfico / Susana Reis
SUSANA REEDERS DOS REIS Designer Gráfico-Freelancer (Lagos) Idade: 24 anos Projectos/clientes: Vanja’s Salon, Restaurante “O PIrata“, Rangel Lagos, JMGomes Contactos: 967984983 / susana.reeders@hotmail.com
01) Cartaz “ Perfume Índigo” (trabalho da universidade – publicidade a um perfume fictício) 02, 03 e 04) Tríptico “Concurso Cria a tua T-shirt” (trabalho da universidade) 01
Comecei como freelancer em 2005, após uma experiência numa agência de publicidade. A minha inspiração vem um pouco de todo o lado, não me limito apenas a um estilo ou grafismo. Os meus trabalhos passam pelos variados ramos do Design Gráfico, do logotipo ao flyer, passando pelo packaging. Todo o trabalho criativo passa por um processo de conhecimento, análise e investigação. Procuro encontrar, em cada trabalho, o equilíbrio entre o objectivo do trabalho e a sua força estética. Estes mesmos trabalhos caracterizam-se pelos espaços vazios, que permitem deixar respirar as imagens e as formas dando protagonismo ao que é central para a compreensão das mensagens.
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tema livre
irt D
eco
prémio 500€
estudantes
tema livre
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prémio 500€
estudantes
Nome|Tema da tua t-shirt: ...........................................................................................................................................................................
Escola: ........................................................................................................................................................... Ano|Turma: ............................
Telefone: .......................................................... Telemóvel: ........................................... E-mail: ..................................................................
Morada: ...........................................................................................................................................................................................................
Nome: .............................................................................................................................. Data de Nascimento: ..........................................
ficha de inscrição
cria
Nome|Tema da tua t-shirt: ...........................................................................................................................................................................
Escola: ........................................................................................................................................................... Ano|Turma: ............................
A TUA t t-shir
Telefone: .......................................................... Telemóvel: ........................................... E-mail: ..................................................................
Morada: ...........................................................................................................................................................................................................
Nome: .............................................................................................................................. Data de Nascimento: ..........................................
ficha de inscrição
t-sh
regulamento t-shirtDeco
njrhfuerhe+fnjndewrheuhndklsjcnasodewrvnitghoenºvnjadhwiehweurhcnalsjwijrf.
Júri:
nfierjierjfcnciewrjeihehodncdodhweifherofnlcnw.
Calendarização:
ndjewrhieworscnswefj3irfewioncakjdnqjwehiqworhwoeidanxasniqpeuwer3hvnjlcnieewru.
Destinatários:
Objectivos:
ndwefhncsjcdidhwcnsnsjcd jbfsdcsdkcwjbcfwe jewfbsdbcskjcb fbscsknc sdncw d ffwefffc fs ffhhcjscnjfdw c bcdjcb jbcjdsbfcsb djcsjdcbbasjbna ccbskdcbbcabb hcbsdbkbdasb hdbbff cbnjfhufhw c hbdfguewfhudfefughefuguewfgwebficbfhhfdjcbsfweufwf.
t-shirt Deco
Av. Miguel Bombarda n.º 15 8500-508 Portimão Tel. 282 450 430 Fax 282450 435
02
03
“Procuro encontrar, em cada
trabalho, o equilíbrio entre o objectivo do trabalho e a sua força estética.”
04
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novos talentos
Design Gráfico / Susana Reis
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07
design
DK
08
05) Logotipo “D-Zine” (trabalho da universidade – publicidade a uma revista de design) 06 e 07) Logotipo “Loja dos Sabores” (trabalho da universidade – criação de um logotipo para uma loja de sumos naturais e gelados) 08) Flyer “Produtos Alessi” (trabalho da universidade – publicidade a um produto da marca Alessi) 09) Logotipo “Genius” (trabalho da universidade – publicidade a um centro de explicações)
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09
novidades
gadgets
Sony Bravia, a experiência do cinema em casa Relógio Average Day
A Sony Electronics introduziu dois projectores 1080p BRAVIA com ainda mais alta definição,
Average Day
como o VPL-VW70 e o VPL-HW10, elevando ainda mais as escolhas para o consumidor que quer mas nada menos que o melhor quando se
Este relógio Average Day (€ 145,00) muda a divisão con-
trata de desfrutar de uma experiência de home
vencional de um dia em 24 horas, em vez disso divide-o
theater. Estes projectores progressivos 1920 x
em unidades da rotina normal do quotidiano. Foi projectado
1080 Silicon X-tal Reflective Display (SXRD)
por Crispin Jones. O relógio é produzido como uma edição
possuem tecnologia 24p True Cinema que faz
limitada assinada de 100 peças, cada um tem o seu número
tudo parecer surreal, como se estivesse no cine-
de edição gravado na parte de trás.
ma graças à semelhança de uma experiência cinematográfica. Qualquer entusiasta de home theater devia estar contente com o VPL-VW70 visto os modelos virem com um contraste dinâmico 60000:1 e um brilho de 800 ANSI lumens. Podem ter
Voice Stick
uma lente anamórfica externa (vendida separadamente) que pode ser combinada com o zoom da Sony anamórfico Mode. Quando isso acontece, permite que os utilizadores tirem pleno partido da dimensão do painel de resolução e do tamanho
O Voice Stick é projec-
do ecrã quando assistir a um filme de rácio 2.35:1. Caso se decidam pela escolha
tado para os cegos. Pode
de zoom anamórfico, através do telecomando, o VPL-VW70 irá accionar automa-
ajudar os invisuais na
ticamente um sinal de saída que pode ser usado para activar a lente e a transição
leitura. Desenhado por
do ecrã opcionais para maximizar a experiência com um filme 2.35:1.
Sungwoo Park.
Aqueles que não querem deixar escapar um home theater HD completo e que
“O Voice Stick é um
ainda não têm muito dinheiro de sobra, podem sempre aguardar o modelo da
avançado
Sony VPL-HW10, que vem com metade do rácio de contraste dinâmico do VPL-
reconhecimento
VW70 a 30000:1 ANSI lumens e 1,000 ANSI Lumens, que irá funcionar bem
de caracteres, concebi-
mesmo em quartos luminosos. Estes projectores foram especialmente concebidos
do para tornar todos os
com instalação personalizada em mente, e são acompanhados por uma função de
livros disponíveis para
ajustamento do painel de alinhamento, que alinha cada pixel vermelho, verde e
os deficientes visuais. À
azul para imagens precisas. Ambos os modelos vêm também com mecanismo de
medida que passa a va-
processamento de sinal de vídeo digital completo BRAVIA Engine 2, completo
reta sobre uma página,
scanner
de
óptico
o texto é traduzido e lido
com algoritmos únicos para a redução do ruído e melhoramento de cor para originar imagens nítidas, vibrantes.
por uma voz simpática. Pode ser usado para converter
Você poderá adquirir os projectores VPL-VW70 e VPL-HW10 por € 5800 e
todo o texto a partir de livros, jornais, contratos, e-mail,
€ 2500, respectivamente.
cartões de visita, em informação de voz. “
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DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
novo hardware
Tal como caneta no papel
Por Frank Lenk
Dois novos computadores têm grande apelo para os artistas gráficos, permitindo-lhes desenhar, rabiscar ou pintar directamente nos seus ecrãs. Enquanto a Apple faz ondas com novos modelos
Danawi relata que usa quase inteiramente a caneta no
como o ultra-fino MacBook Air, há um outro novo
seu próprio trabalho. A Cintiq permite-lhe trabalhar
Mac que é ainda mais intrigante. O Modbook, da
digitalmente, com revisões rápidas e partilha fácil do
Axiotron, de El Segundo, na Califórnia, é o culminar
trabalho em curso. “A Cintiq é a solução óbvia”, diz.
de uma tendência de décadas, marcando a entrada da
Naturalmente, Cintiq é meramente uma ferramenta
época do estilo Tablet no mundo das artes gráficas.
de desktop; é grande e exige uma fonte externa de
Os computadores Tablet permitem formas criativas
energia. Entra no Modbook, permitindo que os
de aproveitar a espontaneidade de desenho, escrever
artistas e designers usem as suas novas ferramentas
ou pintar em contacto directo com um poderoso
electrónicas de desenho na estrada. “Estamos muito
computador gráfico.
focados em artistas e profissionais criativos”, diz Mark
A Wacom Co., praticamente com a entrada do Tablet,
Perlstein, director de marketing da comunicação na
lançou a sua primeira caneta Tablet sem fios em 1984.
Axiotron. “É uma maneira de ter um bloco de notas
Desde então, o Tablet passou grande parte da sua vida
digital, que possa levar consigo para qualquer lugar.”
com uma má relação com o rato, tendo sucesso em
O Modbook (a partir de € 1650) é o bebé prodígio
algumas aplicações para certos usuários, mas nunca
do CEO da Axiotron, Andreas Haas, que trabalhou
o suficiente para marcar posição no campo de jogos.
no projecto Newton na Apple. É essencialmente
Isso certamente não irá prejudicar a sua carreira;
Mohamed Danawi, professor no Departamento
uma
Apple,
em muitos mercados gráficos, o Tablet é cada vez
Ilustração no Savannah College of Art & Design
mantendo o processador, software OS X Leopard,
mais comum. Passa por áreas tão diversas como
(SCAD), em Savannah, foi um dos suplentes. “Eu
o reconhecimento de caligrafia Inkwell, a câmara
storyboards para cinema e de animação, design de
usei o Tablet da Wacom e realmente odiava-o”,
iSight e drive óptica. O teclado e o ecrã LCD são
automóveis e até mesmo para criar tiras de banda
relembra.
substituídos por uma caneta integrada Wacom. A
desenhada. Danawi acrescenta que o cartão de visita
O grande problema tem sido sempre a desconcertante
sensibilidade é um pouco menor do que com a Cintiq:
empresarial também se tornou fortemente dependente
necessidade de desenhar na sua secretária enquanto vê
512 níveis em oposição a 1024. Mas o ecrã de 13.3
da tecnologia Tablet para possibilitar rápidas
os resultados no ecrã. A solução óbvia foi combinar
polegadas é espaçoso para um bloco de notas 5.5-lb,
alterações no trabalho artístico.
Tablet e display. Mas isso teve de esperar pela grande
e as duras superfícies ForceGlass imitam a textura do
Para além de facilitar as tradicionais racionalizações
disponibilidade de ecrãs LCD mais baratos. O avanço
papel. Para escrever, um teclado pode ser ligado via
dos gráficos e simular tradicionais meios de
veio em 2001, com o lançamento da linha Cintiq da
USB ou Bluetooth.
comunicação, as novas tecnologias Tablet devem
Wacom.
Perlstein reforça ainda que se pode instalar o Windows
encorajar o desenvolvimento de novas técnicas
Esse primeiro modelo foi promissor, mas condicionado
Vista via Boot Camp, permitindo que o Modbook
criativas. E sendo tão fácil como lápis e papel, permite
pelo seu tamanho e resolução. Depois, em 2005, o
trabalhe como um Tablet PC. Os primeiros Modbooks
que artistas se concentrem em ser criativos, em vez de
Cintiq 21UX (€ 1450) de 21 polegadas afastou essas
foram lançados no final de 2007 e estão disponíveis
agir como técnicos.
limitações. “Desde então é que realmente disparou”,
no Canadá através da Carbono Computing (www.
“Cada geração tem a sua própria maneira de se
diz Douglas Little, director de relações públicas da
carbonation.com).
manifestar,” diz Danawi. Na década de 1980, por
Wacom.
Quando Danawi começou a dar aulas, há onze anos,
exemplo, foi o airbrush, era a coisa in do momento.
Isso é certamente verdade em SCAD. O laboratório
apenas uma minoria dos seus estudantes usava o
Definir o look do século XXI, vai ser a arte digital,
que Danawi usa para ensinar foi actualizado há alguns
scanner para digitalizar os seus trabalhos. Hoje,
criada num computador Tablet.
meses dos Tablet Wacom para displays Cintiq, e fez
observa, os estudantes são levados no domínio digital;
uma enorme diferença tanto para os estudantes como
acabados de sair do secundário e já são veteranos no
Frank Lenk é um jornalista especialista em
professores, permitindo-lhes manter uma tradicional
Photoshop. Embora ainda tenham aulas em meios
tecnologia
sensação “caneta no papel” ao mesmo tempo que
tradicionais na SCAD, a maioria prefere o digital.
flenk@rogers.com
modificação
do
MacBook
da
tinham acesso aos poderosos recursos do computador.
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DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
novidades
green
Botão Kill-A-Watt
Telemóvel Atlas Kinetic
Kurt Maclaurin – Estados Unidos
Ricardo Baião - Portugal
É um gadget muito simples, que suplica que as
Da mentalidade do abastecimento energético
O Atlas Kinetic usa o movimento diário de um
pessoas lhe toquem enquanto poupam energia.
ilimitado para o entendimento de que os nossos
telemóvel para gerar electricidade. É um tele-
O Kill-a-Watt é um lindo botão grande sem fios,
actuais recursos são limitados e temos de estar
fone construído para durar, tentando intervir
que deve estar em cima da secretária. Uma vez
conscientes das coisas que consumimos, o Kill-
no ciclo comum de vida deste tipo de produtos
pressionado, o Kill-a-Watt desliga o seu com-
a-Watt apela àqueles que não podem sair da sua
como uma nova solução mais ecológica. É uma
putador em segurança, salva automaticamente
maneira de poupar energia, mas querem ter um
peça toda feita de alumínio, caixa e botões, o
quaisquer documentos não salvos e armazena-
gadget sexy na sua secretária.
que lhe confere uma maior resistência e dura-
os no local apropriado. O gadget leva o usuário
O Kill-a-Watt deseja apelar a todas as pesso-
bilidade. O vidro central de safira revela a uni-
para um desejado papel de poupança de energia
as que utilizam um computador. Não importa
dade geradora e de carga. O sistema de energia
no local de trabalho ou em casa, onde muitas
quais são os nossos postos de trabalho ou a fase
deste telefone é semelhante à cinética/relógios
vezes as pessoas deixam os computadores liga-
da vida em que estamos, podemos todos, de al-
automáticos, e tem um peso que oscila e pro-
dos durante a noite.
guma forma, participar nos esforços desenvol-
duz energia. A central de potência transforma o
O Kill-a-Watt aborda a questão das pessoas que
vidos para consumir menos energia. É uma bela
movimento em electricidade e distribui energia
não têm tempo para desligar seus computadores
forma, à prova de tolos, de nos encorajar a des-
por todos os componentes electrónicos. Quan-
à noite quando deixam o trabalho. Devido aos
ligar o computador. Não existe nenhum softwa-
do o rotor pára, o movimento cinético, por se
inúmeros programas que têm instalados, muitas
re com este produto. Ligue-o e comece a usá-lo.
deixar o telefone parado por um longo período
vezes leva tempo a fechar todas as diferentes
Os materiais usados vão de acrílico reciclado a
de tempo, rodando o dispositivo lateral duas
aplicações informáticas e as pessoas têm de es-
PLA e a luzes traseiras dos automóveis. O gad-
vezes dá-se poder à mola principal, que vai li-
perar que se desligue. Apesar de a espera não
get utiliza uma pilha para dar energia ao LED e
gar o telefone novamente. Leve o seu telemóvel
ser um período longo de tempo, não parece que
deve durar toda a vida útil do produto.
para qualquer lugar e pare de se preocupar com
se encaixe na nossa hora de apanhar o comboio,
recarregar. Ligue à sua mãe ou envie-lhe uma
de ir ter com os nossos amigos e colegas, ou de
mensagem, agora não pode dizer o seu telefone
ir buscar as crianças. No final, muitos de nós
não tinha bateria!
deixamos os nossos computadores ligados toda a noite para que possamos prosseguir com nossa rotina diária, e consequentemente consumindose horas desnecessárias de quilowatts quando ninguém está a usar a máquina.
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DIRECTARTS | REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
Próxima Edição Jan/Fev/Mar
entrevista: Artist’s Group - produtores
passaporte: Angola - mercado
anglo/canadianos, que vendem bem
emergente nas artes aplicadas.
Portugal. artigo: Nuno Ribeiro - história do
novos talentos, novidades, exposições e muito mais.
design em Portugal: 2ª Parte.
portfólio: Ivo von Renner - fotógrafo Alemão, com paixão por Portugal.
Agradecimentos A equipa desta revista quer agradecer a todos aqueles que colaboraram, emprestando (e arriscando) o seu profissionalismo e reputação a uma ideia como a directarts. Luís Paulo Costa / Pedro Ferreira / Judite Mota / Carl Rohde / Filipe Rebelo / Maria Piscopo / Pedro Brito / José Fortes / Nuno Ribeiro / Alberto Plácido / Diana Ramos / Pedro Arroja / Susana Reis
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