REVISTA DE COMUNICAÇÃO VISUAL
VERÃO | EDIÇÃO 07 € 9,95 | Verão | 2010 | EDIÇÃO 07
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yves callewaert Da Flandres até Lisboa gabriel garcia O Contador de Fábulas gémeo luis A Arte de Recortar edward de bono MÉTODOS DE CRIATIVIDADE
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índice
exposição
08 Joana Lobo Anta – Da pintura ao Jazz 16 Gabriel Garcia – “O lado divertido das artes”
entrevista
24 This Is Pacifica – Apostar na qualidade e marcar a diferença
passaporte
32 Yves Callewaert – Fotógrafo sem fronteiras
portfólio
54 Gémeo Luís – “Ilustrar… um exercício para além do desenho” 62 Catarina Pestana – “Encontrar a estética própria de cada cliente”
artigo
70 Edward De Bono – Métodos de Criatividade “6 Chapéus” 74 Criatividade… – Manuel Pessoa 76 A procura pela obra de arte fotográfica – Vanessa Rodrigues 78 ArtElection – Arte democratizada
novos talentos
80 António Freitas – Design 84 Pedro Matos – Pintura / Street art 88 Sérgio Santos – Fotografia
tutorial
94 Digital Art – Do pigmento ao pixel, por Luís Lobato
Capa – Yves Callewaert “Eu uso a fotografia principalmente para traduzir visualmente uma emoção ou estado de espírito, ou para simplesmente estabelecer um conceito visual”. “...quando me pediram para sair (UCLA), o reitor da faculdade de cinema disse: “Não te preocupes Yves, até o James Cameron foi expulso desta escola.” Acho que estou em boa companhia.”
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editorial
Uma vez mais estou impressionado com o talento que existe neste pequeno país… Esperem um pouco, eu escrevi “pequeno”? Antes de continuar deixem-me pensar no assunto por um momento… Quão pequenos somos nós realmente? Áustria, Dinamarca, Suíça, Holanda, Taiwan e Israel são geograficamente mais pequenos que nós. Em termos populacionais, a Suécia, a Noruega, a Nova Zelândia e a Suíça ficam atrás de nós. Então por que fazemos sempre este reparo fútil aos estrangeiros e mesmo entre nós, da nossa “pequenez”, implicando uma suposta insignificância e inferioridade?! Claro, comparando com a Rússia, a China e os EUA nós somos pequenos em diferentes aspectos, mas quem não o é? Acho que a nossa ideia preconcebida de que um país tem de ser “grande” para ser importante e relevante é uma presunção de derrota. Isto só nos leva a fazer comparações internacionais que, na verdade, não têm legitimidade. Não ouço os suíços ou os suecos lamentarem-se a propósito de limitações geográficas. Pelo contrário, ambos enquanto povo são orgulhosos dos seus feitos domésticos e globais, fazendo questão que o resto do mundo os reconheça. Os holandeses, quando viajam para fora, estão mais preocupados em absorver a nova cultura que encontram do que a perder tempo com comparações entre os feitos e estatuto social do país anfitrião com o seu próprio país. Então, porque continuamos nós a recorrer a este conceito para nos descrevermos? Quase nos desculpamos por sermos portugueses e agimos como subordinados na presença de um alemão ou japonês, por exemplo. Nas páginas deste número voltamos a provar que aquilo que criamos é bom e tem qualidade em comparação, não com o exterior mas sim com nós proprios. A razão de não sermos mais reconhecidos internacionalmente deve-se ao facto de não promovermos suficientemente o nosso produto além fronteiras e igualmente ao facto de não reconhecermos com uma frequência saudável o trabalho do próximo. É por isso que continuamos pequenos num panorama global. A razão não é a dimensão do nosso território ou o número populacional, é a dinâmica da nossa atitude. Somos tão talentosos e proactivos como qualquer outro país, a nossa única culpa é não demonstrarmos mutuamente e ao mundo… Neste número trazemos-lhe a si e ao mundo o talento de Gabriel Garcia no mundo das artes plásticas, This is Pacifica na publicidade, Gémeo Luís no universo da ilustração com uma abordagem sobre o tema no mínimo diferente, os artigos técnicos de Luís Lobato e Vanessa Rodrigues, uma entrevista com Yves Callewaert, um fotógrafo belga (a Bélgica é muito mais pequena que Portugal) que escolheu Portugal porque é fantástico viver e trabalhar aqui. Manuel Pessoa, que dedica cinco páginas ao conceito da criatividade e mostramos muitos mais talentos de artistas e profissionais portugueses. Uma vez mais, nós na Directarts demos o máximo para lhe trazer o melhor. Nós achamos que todos eles são bons. Se é que podemos dizê-lo… sem que ouçamos: “- A sério, acreditas mesmo no meu trabalho?!” Que tal começarmos a proclamar e emanar esta energia positiva para o mundo?
Carlos Duarte
CMAD – CENTRO DE MEDIA ARTE E DESIGN, LDA. Rua D. Luís I, Nº6 1200-151 Lisboa, Portugal Telefone: 213 942 548 - Ext.250 Direcção Editorial/Criativa Carlos Duarte carlos_duarte@directarts.com.pt Direcção Adjunta Editorial/Criativa Lia Ramos lia_ramos@directarts.com.pt Direcção de Arte Alexandre Santos santos.alexandre.design@gmail.com Edição/Jornalismo Catarina Vilar catarinav.directartspt@gmail.com Direcção Publicidade Ana Mafalda Almeida amafalda_almeida@directarts.com.pt Direcção Marketing Raquel Vilhena raquel_vilhena@directarts.com.pt Direcção Comercial rv_comercial@directarts.com.pt Direcção Financeira www.fsconsultores.com tiago.palmacarlos@fsconsultores.com Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas Rua Consiglieri Pedroso, nº90, Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena - Portugal Tel: +351 21 434 54 00 Fax: +351 21 436 Distribuidora Logista Distribuição Edifício Logista, Expansão da área Industrial do Passil Lote 1 A - Palhavã, 2894 - 002 Alcochete Telm.: +351 91 725 04 91 Telef.: +351 21 926 78 00 Fax: +351 21 926 78 10 www.logista.pt Tiragem: 8000 exemplares Preço (IVA incluido): € 9,95 Periodicidade: Trimestral Registo de Publicação: nº 436566 Registo ERC: 125893 Depósito Legal: 312662/10
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info@directarts.com.pt anunciantes@directarts.com.pt Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações, sob quaisquer meios e quaisquer fins, inclusive comerciais. Os artigos assinados são da inteira responsabilidade dos autores.
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Fórum
É designer, fotógrafo, criativo de qualquer uma das áreas que encontra na directarts?
Então temos uma proposta a fazer. Que tal uma visita ao nosso site para deixar comentários, opiniões ou críticas (nós aguentamos!). Está a dar os primeiros passos na profissão? Esperamos pelo portfólio. Somos uma revista que pretende divulgar os trabalhos dos leitores e talentos, os novos e os já estabelecidos. Contacte-nos em: www.directarts.com.pt ou info@directarts.com.pt
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exposição Joana Lobo Anta
Joana Lobo Anta
“Sempre me interessei muito pela figura humana, principalmente o olhar.” Entrevista por Catarina Vilar/ Pesquisa por Lia Ramos
Pinta desde que se lembra de existir. Passou pelo design, aprimorou a arte do desenho em Itália e experimentou diferentes estilos e técnicas. Joana Lobo Anta considera-se uma privilegiada por poder fazer exactamente o que sempre quis. Pinta em casa, inspira-se com a calma, mas também recorre ao caos para o materializar em algumas pinceladas. A par de tudo isto, canta. Também aqui passou por vários estilos, até descobrir o jazz. Vive num limbo entre as duas formas de arte, um equilíbrio com o qual se sente completa profissionalmente. Gosta essencialmente de pintar mulheres, e são elas o elemento explorado na sua série mais recente. Apaixonou-se pelas suas Poupeès, e não teme ter de as explorar ainda mais.
Como começou a pintar?
to bem, porque pintei imenso, como nunca tinha pintado. Claro que
A pintura foi a coisa mais inata em mim, aos 3 anos já dizia aos meus
viajei muito, visitei muitos museus, conheci muitas pessoas, mas tive
pais que queria ser artista plástica. À minha irmã, que sempre foi muito
momentos de clausura. Pintava até de manhã! Itália tem arte a cada
mais intelectual, os meus pais ofereciam livros, e a mim lápis, pin-
esquina e fez-me muito bem.
céis… Aos 7 anos tive o meu primeiro cavalete, paleta, tela e tintas. Mesmo na escola, quando me perguntavam o que queria ser, eu dese-
Chegou a trabalhar em design?
nhava-me atrás de um cavalete e de cabelos compridos, como tenho
Fiz algum design gráfico, mas nunca trabalhei numa empresa. Trabalho
agora. É engraçado, porque nessa altura as meninas queriam ser médi-
muito, mas sempre foi por conta própria. Agora já não faço nada de
cas, bailarinas, professoras, e eu já dizia que queria ser artista plástica.
design, mas tenho a estética, isso ficou.
E ao longo dos anos nunca deixou de pintar?
Qual é o seu estilo na pintura?
Nunca. Acabei por seguir design de comunicação, porque não conse-
É difícil catalogar-me num determinado movimento mas, sem dúvida
gui entrar em Belas Artes por meia décima. Por isso entrei no curso
alguma, aquele com que mais me identifico é o pop. Acho que tenho
do IADE e fui fazendo pintura por fora. E até há muitas disciplinas
uma grande influência pop. E sempre adorei pintar pessoas, acho que
semelhantes entre os dois, mas depois de acabar o curso fui para Itália
nunca pintei uma natureza morta. Sempre me interessei muito pela fi-
ter com uma amiga e fiz um curso de desenho e pintura de um ano, na
gura humana, principalmente o olhar. E acho que as mulheres têm uma
Escola Pietro Vannucci, em Perugia.
inteligência emocional e uma sensibilidade muito mais profunda que os homens. Enquanto artista, pintar uma mulher é muito mais agradável
Como foi essa experiência em Itália?
que pintar o homem. Eu sempre fui muito etérea, muito feminina nestas
Quando lá cheguei virei eremita, fechei-me em casa e isso fez-me mui-
coisas, e isso puxa ao máximo por mim. Sou uma buscadora incessante
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“Acho que as mulheres têm uma inteligência emocional e uma sensibilidade muito mais profunda que os homens.”
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exposição Joana Lobo Anta
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do sublime, procuro-o em todos os cantos da vida. Para isso é preciso
Como surgiu esta ideia?
calma para observar, mas somente com essa intenção de sublime, por-
A minha primeira Poupeè pintei quando tinha acabado de ter uma filha
que sou uma pessoa muito acelerada!
e estava grávida do segundo. E a minha sensibilidade levou-me para um quadro com uma grande carga erótica, que estas pinturas têm! Eu
Daí as Poupeès, pinturas de mulheres…
adoro ser mãe, faz-me feliz, mas não consigo ser só mãe, para me sentir
Estou contente com este trabalho porque com as Poupeès consegui de-
completa tenho de ser muitas outras coisas: ser mulher, ter um bom nú-
finir um estilo. Sempre quis experimentar, pintar de formas diferentes,
cleo familiar, ter festa, cultura, tenho de pintar, estar sozinha… Penso
e consegui concentrar-me num só estilo. Aqui um quadro não se dis-
que a primeira Poupeè surgiu para colmatar esse lado de apenas mãe.
socia do outro, e tenho muito por onde explorar. São mulheres muito
Essa é mais estilizada que as outras, e um ano depois voltei a pintá-las.
bonitas, com ar de bonecas, com uma grande expressividade nos olhos.
Desde que os meus filhos foram os dois para a creche comecei a pintar
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com grande força e pude dedicar-me completamente à pintura, ter tem-
assim uns dez anos com várias bandas. Lá fui acalmando, treinando
po para mim. Aí acelerei e consegui ter uma linha coerente.
a voz, e agora estou muito mais calma, na onda do jazz, e algumas coisas de house. A música não nasceu comigo como a pintura, mas não
Quer continuar com este projecto?
consigo escolher apenas uma delas. Completam-me porque sou muito
Sim, quero continuar esta linha e tentar não me dispersar para outros
transparente, tenho tendência a dizer tudo o que me vai na alma, tenho
estilos enquanto achar que por aqui ainda há caminho a percorrer.
uma necessidade extrema de mostrar o que tenho cá dentro, e a música ajuda-me a canalizar, acalma-me imenso e faz-me bem. E a pintura é o
E além de pintar também canta…
regurgitar de uma série de sentimentos que estão cá dentro. Na minha
Pois, e não consigo dissociar uma da outra. Quando era miúda eu não
assinatura (tanto no Myspace como no site de pintura) vem a expressão
fazia ideia que tinha jeito para cantar, tinha a voz muito rouca. Com 16
unlabeled artist. Isto porque não sou somente a pintora ou a cantora,
anos comecei a cantar, um estilo punk, o mais pesado possível, e estive
sou isso e o que vier, não gosto de ser catalogada apenas com uma pro-
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exposição Joana Lobo Anta
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01) “La Poupeè Odysseè Mystère” Óleo sobre tela - 150 x 120 cm - 2009. 02) “La Poupeè Odysseè Bijou” Óleo sobre tela - 150 x 120 cm - 2010. 03) “Pin Up” Óleo sobre tela - 90 x 90 cm - 2010. 04 ) “Fen” Óleo sobre tela - 73 x 92 cm - 2006. 05) “La Poupeè Odysseè” Óleo sobre tela -150 x 120 cm - 2008. 06) “La Poupeè Odysseè II” Óleo sobre tela -150 x 120 cm - 2009. 07) “Strong and needy” Óleo e purpurinas sobre tela - 150 x 120 cm - 2010.
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fissão, acho que há sempre uma que é deixada de parte, como a menina
Esse isolamento é necessário para se inspirar, ou também procu-
que fica de castigo ao cantinho da sala! Uma não vive sem a outra, e
ra o caos da cidade?
posso vir a fazer muita coisa na área das artes.
Já fui muito mais urbana do que sou agora, até porque tenho dois filhos pequenos. E também me tornei mais anti-social, preciso de momentos
E como se divide entre essas duas formas de expressão?
sozinha. Não tenho excentricidades como alguns artistas, até sou bas-
Eu pinto em casa e a música está sempre presente. Pelo meio claro que
tante equilibrada, mas gosto de me isolar. No entanto, algum caos tem
tenho de fazer muito trabalho de relações públicas, responder a mails,
uma grande influência na minha pintura. É preciso um equilíbrio, no
actualizar o portfólio, fazer contactos, para as duas artes. Mas não ando
fundo. Um pouco de tudo!
em stress. E nunca me conseguiria ver a trabalhar num escritório como muitos amigos meus, que entram às 9 da manhã e depois não têm hora
Consegue manter simultaneamente a pintura e o canto?
de sair. Um trabalho assim iria corroer a minha criatividade, e eu não
Há alturas complicadas, mas tento organizar-me. E raramente canto
quero isso para mim. Tenho humildade para reconhecer que a vida que
enquanto pinto, se for um trabalho mais minucioso nem pensar! Nessas
tenho é fantástica, mas tudo tem a ver com a personalidade de cada um.
alturas não quero que estejam ao pé de mim, nem um rebuçado como! Mas se for algo mais mecanizado cantarolo e dou um passinho de dança.
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exposição Joana Lobo Anta É perfeccionista?
quadros. Brincava com a iluminação… Mas não quero stressar com
Completamente! Até as coisas ficarem como eu quero é complicado. Às
isto, a ideia está cá e é bom ter esta série estruturada. Vou procurando
vezes olho para o que fiz e já não gosto muito, e aí tenho de me men-
o sítio com calma. Quero uma exposição multissensorial, brincar com
talizar que não posso mudar, senão ainda faço pior. Antes de vender os
cheiros, com uma sonoplastia feita por mim, em mais um desafio…
meus quadros, eles decoram a sala, e é à noite, quando estou sentada a
Queria trabalhar os cinco sentidos, a cabeça não pára! Mas tem de ser
relaxar, que ganham outra dimensão. Nas Poupeès, sinto que as foto-
com calma, porque é um grande projecto.
grafias não lhes fazem jus, porque são quadros com grandes dimensões, há pormenores que se perdem, e é uma questão de luz. Uma luz de vela
Isso vem no seguimento das emoções que os quadros transmi-
ou um candeeiro baixo faz toda a diferença. A luz crua não me agrada
tem.
tanto… É engraçado que de cada vez que olho para eles descubro coisas
Sim, porque estas mulheres são inalcançáveis, complexas, com capri-
novas que me surpreendem.
chos.
Tem alguma exposição em perspectiva? Estou a pensar numa individual. Tenho participado em algumas colectivas, mas agora quero uma individual. Tenho uma ideia da exposição que gostava de fazer com as Poupeès, que é numa casa antiga, muito
Joana Lobo Anta – www.joanaloboanta.com (site de pintura ainda em construção) www.artistlevel.org www.myspace.com/joanaloboanta
glamourosa, dos anos 20, uma altura que serviu de inspiração a estes
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exposição Gabriel Garcia
Gabriel Garcia O Contador de Fábulas
Entrevista por Catarina Vilar/ Pesquisa por Raquel Vilhena
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Uma fábula moderna, uma figuração da realidade, um acto de inspiração surrealista, uma conotação bem portuguesa… Podíamos perder-nos em conceitos, significados e interpretações da obra de Gabriel Garcia, gerados por cada olhar que recai sobre as suas telas, desenhos ou instalações. Mas aqui o objectivo é outro. Propomos uma viagem aos bastidores da arte deste jovem promissor artista nacional.
Para começar, vamos perceber o que tem em comum a obra de Gabriel
surgiu a partir de uma imagem que encontrei no livro Anita na Quinta
Garcia e uma menina nascida na Bélgica. Ela chama-se Martine, tem
que comprei num alfarrabista, para oferecer ao meu filho Guilherme.
mais de três décadas de existência, vive num mundo muito seu mas que
No fundo transformei-a em algo com uma conotação mais tradicional
gosta de partilhar com os outros e agrada a miúdos e graúdos dos mais
e acrescentei-lhe um lado mais satírico e burlesco, bem à imagem da
diversos destinos – em Espanha chama-se Martita, nos Estados Unidos
nossa sociedade portuguesa. Acabei por fazer um quadro com duas per-
é Debbie e Tini na Indonésia, um verdadeiro camaleão. Gosta de viver
sonagens que não liguei a ninguém em especial, mas inesperadamente
diferentes experiências e de explorar novos mundos, e há muito chegou
há quem encontre semelhanças com duas figuras políticas nacionais…
a Portugal. Já passou pelo zoo, andou pelas montanhas e teve aulas de
” Não se alongando em análises sociológicas, quis fazer uma crítica à
desenho. E acabam aqui as semelhanças entre os dois percursos, que
actualidade nacional com a sua arte, recorrendo a uma interpretação
ainda assim se cruzam, em prol da arte. Esta menina nasceu com os
livre e partindo de referências comuns a todos. “Recorro a referências
textos de Gilbert Delahaye e as ilustrações realistas de Marcel Marlier,
muito portuguesas, como o avental com a Nª Sr.ª de Fátima, os leitões
e por cá mudou o nome: é a Anita. É ela a grande inspiração da úl-
ou uma escola tradicional antiga. Houve uma vontade clara de fazer
tima criação do artista açoriano, responsável por “Anita no País dos
ligações com a nossa realidade e sociedade portuguesa. O nosso “rec-
Mentirosos”, um trabalho recentemente exposto na Galeria de São
tângulo” é pequeno e difícil, mas é o meu, é ele que a maioria das vezes
Bento, em Lisboa. Mas há outra menina curiosa que entra neste pre-
me inspira e o qual gosto de explorar”, assume.
lúdio, Alice de seu nome. Se dúvida houvesse, ouçamos o criador: “A inspiração para a Anita no País dos Mentirosos é ao mesmo tempo pre-
Uma tela em branco
meditada e espontânea. Por um lado, vem ao encontro do último filme
As dimensões por detrás de um quadro de Gabriel Garcia são muitas,
do Tim Burton, que é um realizador que gosto bastante, refiro-me ao
de tal forma que um olhar menos atento poderá não passar da interpre-
Alice no País das Maravilhas. Por outro, emerge a Anita, porque a ideia
tação mais óbvia. No entanto, esta obra está longe de ser pretensiosa, é 02
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exposição Gabriel Garcia
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sim descomplexada. “Quis trazer alguma alegria através do meu traba-
Gabriel Garcia deseja, a ideia é que eles se soltem e um dia andem por
lho figurativo. Em Portugal ainda existe algum preconceito com a figu-
ai, que venham ao nosso encontro. “Quero espalhar estas figuras em
ração, mas na subtileza do desenho tento sempre colocar mensagens e
grande escala pela cidade, pô-las a brincar com o público. Sou um fã da
uns pequenos trocadilhos.”
cultura japonesa do ponto de vista da arte contemporânea porque não
Nem só do universo infantil o artista retira elementos que dão azo a
há preconceito de a “bonecada” estar nos grandes centros de arte e que
novas interpretações. Ele explica: “Tenho um banco de imagens mental
depois saia das galerias ou museus e seja exposta na rua.” E conclui:
onde vou buscar inspiração para desenhar ou pintar. Outras vezes co-
“Acredito que a arte tem um lado lúdico. Faço parte desse grupo de
meço a trabalhar directamente na tela em branco, sem nenhum estudo
artistas que procura o lado divertido das artes.”
prévio. Nesse caso é uma conversa automática entre mim e a tela, o pa-
Interessa-lhe a reacção das pessoas e a sua interacção com a (sua) arte,
pel ou a instalação.” E nas suas exposições gosta de fazer instalações;
daí querer libertar as suas personagens, transformá-las em bonecos de
em Anita no País dos Mentirosos (onde não faltam uns narizes alusivos
grande dimensão e pô-los na rua. De que tamanho? “Podem rivalizar
à historia do menino de madeira) tinha umas figuras presas dentro de
com a estátua do D. José! Claro que Lisboa é uma cidade com muita
umas garrafas que estavam suspensas no tecto. Se tudo correr conforme
luz e alegria, mas quero contribuir ainda mais para esses factores com a
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01) Anita no País Dos Mentirosos - Acrílico s/Tela 165x130cm - 2010. 02) Conseguia Ler Os Pensamentos Dos Homens - Aguarela e tinta da China s/Papel - 25,5x71,2 cm -2008. 03) A limpeza do líder - Acrílico s/Tela - 100x120cm - 2010. 04 ) Em Terras Desconhecidas - Oleo s/Tela - 140x100cm 2009.
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05) No Extra Time - Acrílico s/Tela - 81x116cm - 2010.
09) Sem Titulo - Técnica Mista s/Cartão - 20x20cm - 2009.
06) A Pressurosa Formiga - Acrílico s/ Cartão - 43,2x32,4cm - 2009.
10) O Chapeleiro faz Promessas sem Nexo - Acrilico s/ Tela 120x150cm - 2010.
07) Breakfast From Heaven - Acrílico s/Cartão - 43,3x32,5cm - 2009. 08) Sem Titulo - Técnica Mista S/Cartão - 16x16cm - 2009.
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exposição Gabriel Garcia
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minha arte.”Aguardamos com expectativa poder tocar este projecto do
dos anos e os prémios não se fizeram esperar. Em 2004 recebeu uma
artista que gosta de explorar a sua imaginação e as dos demais.
Menção Honrosa pela autoria da obra God! Save América, no Concurso
Agrada-lhe a liberdade no traço que a aguarela lhe dá, uma vez que lhe
de Pintura e Escultura Artur Bual (Amadora). Já em 2010 uma gravura
permite lançar tinta para o papel e trabalhar a partir daí. “O desenho
sua editada pelo Centro Português de Serigrafia, em que utilizou a
flui de outra forma”, salienta. Não sai sem o seu caderno de desenho,
técnica de água-forte e água-tinta, foi também distinguida com uma
para registar cada nova ideia, pois a vivência é a sua melhor fonte de
Menção Honrosa Fine Papers Papies, atribuída pela Revista Do Papel,
inspiração. “Desde que terminei a faculdade tive muitas experiências
que visa premiar os melhores trabalhos gráficos do ano. Quem quiser
de vida, desde trabalhar em restaurantes ou em televisão, lia muito, via
ver o seu trabalho, este encontra-se agora em duas exposições colec-
muita arte e fui-me descobrindo a mim mesmo, tentando apurar o meu
tivas: até 31 de Outubro na 5ª Bienal de Gravura do Douro e na Sala
trabalho. Ia ver exposições e queria ver os meus quadros naquelas pa-
do Veado do Museu Nacional de História Natural, em Lisboa, até 3 de
redes, até que um dia decidi dedicar-me totalmente à pintura. Todas
Outubro.
essas experiências passam inevitavelmente para o desenho, para uma
É natural da ilha do Pico, mas foi no Liceu Antero de Quental, em
tela ou até uma instalação. Como também tenho uns “monstros” presos
São Miguel, que amadureceu a sua vontade de seguir as artes plásticas.
no meu imaginário, quis soltar alguns deles e de algum modo dar vida
Entre 1994 e 1995 frequentou o ateliê de expressão plástica – desenho
a estas personagens, partilhando-as com os outros através da minha
e pintura – da Academia das Artes de Ponta Delgada. Em 2005 ter-
forma de expressão!”
minou a licenciatura em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e destacou-se em 2000 na biblioteca José
O viajante
Saramago – em Beja – com uma exposição individual de desenhos ba-
Participou em diversas exposições colectivas e individuais ao longo
seados na obra do Nobel, O Conto da Ilha Desconhecida. Expôs em di-
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versos locais, como Paris, Madrid ou na Trienal de Praga (ITCA 2008),
abençoado, no que respeita à sua representação e gestão de carreira.
a sua obra faz parte de diversos acervos e colecções privadas mas é
A propósito do seu trabalho A Teoria do Buraco Negro, considera: “A
exclusivamente representada pela galeria Artelection.
minha obra resume-se a uma confusão de mensagens e de grafismos
Gabriel Garcia é filho único e desenha desde pequeno, acabando por
que afunilam num só ponto central, onde tudo está remetido ao sonho
criar desde cedo um mundo dentro do papel. “Quando era miúdo queria
e à fantasia. Imaginem Brueggel no séc. XXI.” Podemos de facto fazer
ser marinheiro, para poder viajar, e no fundo acho que a minha viagem
esse exercício, mas optamos por encarar o trabalho de Gabriel Garcia
é esta: a da pintura.” Nesta sua jornada pela arte tem um estilo próprio,
por si só. É a reinvenção de uma série de diferentes narrativas, que vão
recusando a identificação com uma só corrente ou estilo. “Os ismos,
da banda desenhada e da street art a referências como o expressionismo
como o surrealismo e o expressionismo, deram muita força à arte, mas
alemão, com referência às narrativas de Bosh e às máscaras de Ensor.
hoje quase não existem. De qualquer forma, não me via enquadrado
Irreverente, crítico, divertido, realiza o casamento ideal entre a fantasia
numa única referência: pinto com cavalete, o que é muito clássico, mas
e o humor para expressar o que lhe vai na alma.
tenho uma temática muito ilustrativa e gosto da figuração de um certo surrealismo… Por isso, tenho muitas referências no meu trabalho.” Desta forma, gosta de navegar livremente, conseguindo resultados coesos mas muito próprios. Porque a imaginação flui, já está a explorar outro elemento muito português: “Pegando na ideia das mantas de retalho tradicionais, estou a trabalhar elementos e personagens com estes padrões.” Não é nada conformista e considera que há ainda muito a fazer
Gabriel Garcia – www.artelection.com
pela arte e pelos artistas em Portugal, apesar de se sentir um artista
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a ão d ntaç % de e s re 20 a ap e de com enefici essão , o çã r ts, b pr a omo e im e Pr a Direct r viço d 0. d n Gra o #7 d o no se 09/201 t ã !!! 30/ ediç descon e já até veit o r p A
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entrevista This is Pacifica
This is Pacifica
“A nossa motivação é sempre o próximo projecto” Entrevista por Catarina Vilar / Pesquisa por Alexandre Santos
Chegaram ao mercado há apenas 3 anos, mas já mostraram que sabem como bem-fazer comunicação integrada. O colectivo This is Pacifica trabalha o design gráfico, editorial, branding, new media, ambientes, advertising e interactividade. Apostam na qualidade e gostam de marcar a diferença em tudo o que fazem. Filipe Mesquita, Pedro Serrão e Pedro Mesquita dividem este estúdio criativo do Porto, e já contam clientes de destaque e inúmeros prémios e distinções no percurso. O trabalho fala por si, mas quisemos entrar no mundo Pacifica.
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entrevista This is Pacifica
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Como surgiu a This is Pacifica?
Qual é a vossa imagem de marca, a identidade?
A Pacifica surgiu no inicio de 2007, os seus co-fundadores são o Filipe
O projecto. Somos um atelier de projectos, cada projecto exige uma
Mesquita, Pedro Serrão e Pedro Mesquita. O nome veio de uma capa de
resposta diferente e diferenciadora (uniqueness), é com as limitações
vinil que vimos em Barcelona quando andávamos literalmente à procu-
que elaboramos a força do projecto. Quer este seja de Newmedia, Print
ra de algo que nos inspirasse, que fizesse sentido e que no representasse.
ou um outro qualquer desafio.
De que forma apostam na comunicação integrada?
São novos no mercado, com apenas 3 anos, mas já lhes foram
Nós apostamos em comunicação, a forma como ela se desdobra e em
atribuídos mais de uma dezena de prémios. Sentem que estão
que peças, faz tanto sentido quanto for relevante ao projecto. O projecto
no bom caminho?
com uma comunicação integrada reflecte-se no utilizador/cliente como
Sentimos que os prémios não garantem nada, a não ser o reconhecimen-
um conceito perspectivado de uma forma holística.
to do que já foi feito. A nossa motivação é sempre o próximo projecto.
Faz sentido, faz-se sentido.
O bom caminho é-nos indicado pela qualidade e quantidade de novos desafios que nos são propostos, e isso é um reconhecimento pelo que ainda podemos fazer.
E o que vos distingue da concorrência? O que nos distingue (ou não) é o desejo pela diferença. Pensamos que a afirmação de uma filosofia de trabalho e metodologia, ainda que de uma forma implícita, devem marcar (e marcam seguramente) o resultado final.
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Já trabalharam com clientes como a Nike, Optimus ou Diário de
Qual foi o vosso primeiro cliente?
Notícias. Procuram as marcas, ou já são procurados?
A Sisley, concebemos a imagem do primeiro evento Sisley em Portugal.
Não temos departamento comercial ou de contacto. A angariação de novos clientes surge do trabalho que temos desenvolvido. Damos muito
E já trabalharam com o tipógrafo Hugo D´Alte, no uso de algu-
valor a quem nos procura, porque sabe o que quer e com quem.
mas das suas fontes no festival OFFF. Acham que devia haver uma maior colaboração entre os talentos nacionais?
O que está na base de uma boa campanha ou projecto?
Sim, claramente. Temos bastante prazer em colaborar com diferen-
Um bom briefing, um orçamento justo e vontade de inovar.
tes talentos portugueses, já trabalhamos com inúmeros como: Filipe Carvalho, André Tentúgal, João Sousa, Hugo D´Alte, Raul Arfwedson,
Actualmente qual é a área em que mais trabalham?
Pedro Cruz, Rui Abreu entre outros. O próximo que gostaríamos de
Neste momento funcionamos a 360 graus, mas numa perspecti-
colaborar é com o Pedro Villas-Boas.
va de projectos com diferentes objectivos e características únicas. Desenvolvemos muito trabalho de branding, comunicação e new me-
Têm cães no atelier, a praia ao pé e o skate a postos. Conseguem
dia, onde estamos a desenvolver bastantes site e aplicações interactivas,
manter o ambiente de uma empresa familiar apesar de terem
estamos também a desenvolver equipamento, ambientes. É habitual
tanta responsabilidade?
apresentarmo-nos como um atelier que desenvolve trabalho de agência.
De uma forma Pacifica. A “boa vida” é uma forma que acresce à responsabilidade, não acreditamos que retire algo que seja.
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passaporte This is Pacifica
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Como é um dia de trabalho habitual na Pacifica?
O que consideram um trabalho inspirador?
O melhor é mesmo ver o vídeo, em: http://www.flickr.com/photos/
Os que nos levam à inveja.
thisispacifica/3522617110/in/photostream/ E como olham para este vosso percurso curto e tão preenchido? Como é a vossa dinâmica em termos de equipa?
Com orgulho, com alguma surpresa e com o desejo de seguir o nosso
Existe uma estrutura assente num núcleo criativo que desenvolve o con-
caminho.
ceito global de comunicação. Após a definição de critérios e de declinação do conceito, integra-se na equipa, caso seja necessário, colaborado-
O que esperam do futuro próximo?
res que em cada área desenvolvem em equipa aplicações ou meios de
Muitos desafios e recompensas.
interacção, tendo como premissa uma comunicação integrada e global. Também mantêm parcerias com empresas em Inglaterra. Gostam de quebrar as fronteiras do mundo da comunicação? Sim, gostamos de integrar e apreender novos processos de metodologia e criação. A interacção com novos mercados permite uma postura fle-
This is Pacifica – www.thisispacifica.com
xível e inovadora.
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01) Poster “Non-Linear Process” - Criado com uma tipografia experimental (e que pode ainda ser usada em www.thisispacifica.com/freefont). 02) Indíce do Daily OFFF Jornal - Este ano foi premiado com Prata na categoria Editorial no Clube de Criativos de Portugal). 03) Paginação do Daily OFFF Jornal - Com entrevista aos criadores do OFFF: Hector Ayusso e Oriol Rossel). 04 ) Rua Aberta At LX Factory - Cartazes com imagem do evento. 05) Poster para o TEDxEdges - Poster que foi premiado com Ouro na Meios&Publicidade e Clube de Criativos de Portugal na categoria Poster). 06) Open Titles” (motion design) - Para o TEDxEdges com a participação de Filipe Carvalho e Raul Arfwedson. 07) Pormenor da Homepage do site DN.PT - Projecto de re-estruturação e webdesign (recentemente premiado como melhor site de informação em Portugal pela revista Meios&Publicidade). 08) Identidade para a banda The Nature Sounds. 09) Imagem e Poster - FITEI 33ª Edição (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica).
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passaporte Yves Callewaert
Yves Callewaert Fotógrafo sem fronteiras
Entrevista por Directarts
É belga mas vive em Portugal. A vida trouxe-o até cá, e aqui ficou, mas para este fotógrafo o trabalho não tem fronteiras. Faz das viagens uma das suas paixões e gosta especialmente da arte de fotografar por esta lhe permitir imortalizar uma emoção. Eis a sua visão.
O que o desafia na fotografia?
What is it about photography that challenges you?
Bem… que forma de começar. É mais sobre a imagem do que a fo-
Wow… what a way to start. Well it’s more about the image, than pho-
tografia em si. O meu primeiro interesse em miúdo era pintar, depois
tography itself. My first interest as a kid was painting, and then I deve-
interessei-me pelo cinema, o que me levou à fotografia, da qual hoje
loped an interest in film, which then led me to still photography where
vivo. Eu simplesmente tenho paixão por criar imagens. O desafio para
I make my living today. I simply have a passion to create images. The
mim na fotografia é a liberdade que me dá de criar uma imagem ex-
challenge for me in photography is the freedom it gives me to create
citante com menos planeamento logístico que por exemplo o cinema.
an exciting image with less logistical planning than say film. In pho-
Em fotografia as equipas de trabalho são mais pequenas, o que também
tography the support crews are smaller which also gives me more ma-
me dá mais margem de manobra. Talvez agora o cinema exija equipas
neuverability. Maybe now film might be less team intensive because
menos intensivas devido às novas tecnologias e dá mais liberdade indi-
of newer technologies where it gives you more individual freedom, but
vidual, mas há dez anos era orientado para as equipas. É isso que gosto
ten year ago it was more crew oriented. That’s what I like about still
na fotografia; é o desafio de criar uma imagem excepcional com uma
photography; it’s the challenge of creating an exceptional image with a
quantidade de talento de suporte envolvido. É muito mais individual.
reduced amount of talent for support. It’s much more individual.
É um fazedor de imagens?
You’re an image maker?
Sim. Eu uso a fotografia principalmente para traduzir visualmente uma
Yes. I use photography mostly to translate visually an emotion or a
emoção ou estado de espírito, ou para simplesmente estabelecer um
mood or simply to establish a visual concept. I’m also technically skil-
conceito visual. Também tenho capacidades técnicas, não apenas com
led not only with the camera but also in post-production. You have to
a câmara mas também com a pós-produção. Temos de ser tecnicamente
be technically competent to use the tools effectively in order to achieve
competentes para usar todas as ferramentas com eficácia, de forma a
the required results. So after the actual photography the other half
alcançar os resultados desejados. Por isso, depois da fotografia em si,
of the work begins in post-production. Digital manipulation today is
a outra metade do trabalho passa pela pós-produção. A manipulação
much like lab work used to be, only with an infinite amount of appli-
digital actualmente é muito como o trabalho de laboratório costumava
cations.
ser, mas com uma quantidade infinita de aplicações.
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“Comecei na pintura, o que me levou a experimentar o processo fotográfico, e depois fui para o cinema.”
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Faz a sua pós-produção?
Do you do your own post-production?
Sim, mas para o meu trabalho em publicidade subcontrato-a, apenas
Yes, but for my advertising work I’ll subcontract the post-production
devido aos prazos e principalmente pela colaboração criativa. Eu não
just because of the time demands and mainly for the creative collabo-
tenho tempo para me sentar ao computador depois de uma sessão de
ration. I simply don’t have the time to sit down at the computer after
fotografias porque normalmente tenho de planear o trabalho seguinte.
the photo session because I’m usually planning the next job. A good
Uma boa empresa de pós-produção é muito organizada e responde ra-
post-production company will be very organized and respond quickly
pidamente para cumprir os prazos da publicidade. É muito importante
to meet advertising deadlines. The operator that works with me is very
que o profissional que trabalha comigo esteja em sintonia e perceba o
important as we have to be synchronized and understand my final ob-
meu objectivo final. No meu trabalho pessoal e projectos editoriais tiro
jective. For my own work or editorial projects, I’ll take the time and
algum tempo e faço eu a pós-produção. Também gosto desse aspecto
post-produce it myself. I like that aspect of the creative process as well.
do processo criativo. The post-production services you use are in Lisbon or do you Os serviços de pós-produção a que recorre estão em Lisboa ou
send it out of the country?
manda os trabalhos para outros países?
I know some very experienced and professional post production people
Conheço algumas pessoas com muita experiência e profissionalismo
here in Lisbon. At their level you can call them creative retouchers sin-
em pós-produção aqui em Lisboa. A este nível podemos chamá-los de
ce they are strongly involved in the process to develop the final image;
manipuladores criativos, uma vez que estão bastante envolvidos no
although the choice in Lisbon to work with such talented people is
processo de formar a imagem final; no entanto a escolha de trabalhar
very limited compared to other countries. I also know some very good
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com essas pessoas talentosas em Lisboa é muito limitada compara-
post-producers in Belgium, but I prefer to be next to the technician
da com outros países. Também conheço óptimos pós-produtores na
and verbally point out the changes right there and then. Having to
Bélgica, mas prefiro estar próximo do técnico e verbalmente apontar
communicate over the internet by FTP sometimes can be impractical
as diferenças na hora. Ter de comunicar na internet pelo FTP por vezes
and time consuming. For the 3D I work mainly with Illusive studios
pode ser nada prático e exige muito tempo. Quanto ao trabalho de 3D
here in Lisbon.
trabalho essencialmente com a agência Illusive Studio. Where in Belgium are you from? De onde é na Bélgica?
I was born in Flanders. Grew up in Ghent until I was fourteen, than
Nasci na Flandres. Cresci em Ghent até aos 14, depois mudei-me para
moved to Brussels; from there went to England and eventually to the
Bruxelas; daí fui para Inglaterra e Estados Unidos. Após dois anos na
United States. After two years in California I moved back to Brussels
Califórnia voltei para Bruxelas, mas agora a minha base e onde estou
but now my base and where I’m at home is Lisbon.
em casa é em Lisboa. Why did you go to England? Por que foi para Inglaterra?
I went to study art at Heatherley School of Fine Art in Chelsea and the
Fui estudar na Heatherley School of Fine Art in Chelsea e na Chelsea
Chelsea Art School, London. But after two years I left. I was 19 or 20
Art School, em Londres. Mas dois anos depois fui embora. Tinha 19 ou
years old and restless. I wanted to travel and experience different things
20 anos e queria viajar e experienciar diferentes coisas, por isso desisti
so I dropped out of the five year program. I also got kicked out of the
dos cinco anos de curso. Também fui expulso da escola de cinema da
UCLA film school in California after two years as well.
UCLA, na Califórnia, depois de dois anos lá. 35
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“Gosto de fotografar pessoas e paisagens. Na publicidade todos os trabalhos são diferentes, o que me agrada, especialmente em Lisboa, onde o mercado não é suficientemente grande para especializações”. DirectArts_07.indd 37
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Parece que o seu limite na educação é dois anos.
It seems your limit is two years in formal education.
Parece que sim. (risos)
It seems that way (laughs).
Foi expulso da UCLA?
You got kicked out of UCLA?
Sim… Quando me pediram para sair, o reitor da faculdade de cinema
Yes… When they asked me to leave, the Dean of the film faculty said,
disse: “Não te preocupes Yves, até o James Cameron foi expulso desta
“Don’t worry Yves, even James Cameron got kicked out of this scho-
escola.” Acho que estou em boa companhia.
ol.” I feel that I’m in good company.
Então desistiu de várias formações nas artes visuais.
So you have quite a lot of formal training in the visual arts.
Sim. Comecei na pintura, o que me levou a experimentar o processo
Yes. I began in painting, which led me to experiment with the photogra-
fotográfico, e depois fui para o cinema.
phic process, and then went on to film.
Na UCLA?
At UCLA?
Sim. Para que se saiba, a UCLA é uma óptima escola, com professores
Yes. Just for the record. UCLA is a great school, with fantastic tea-
fantásticos. Foi um local fabuloso para experimentar novas ideias. É
chers. It has a fabulous environment to try out new ideas and expe-
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uma escola cool e liberal, onde diferentes culturas se encontram para
riment. A very cool liberal school, where different cultures meet to
trocar informação e ideias. Não quero dizer a razão de ter sido expulso,
exchange information and ideas. I don’t want to say why I got kicked
mas posso adiantar que não era muito feliz na altura. Por isso fui para
out, but I will say that I was not very happy when I left. So I went to
a Índia durante seis meses.
India for six months to relax.
Bollywood depois de Hollywood?
Bollywood after Hollywood?
Não, fui para Rishikesh com o meu amigo Charlie Case, que é um ar-
No, I went to Rishikesh with my friend Charlie Case who is also a very
tista visual muito bom, e construímos uma jangada com barris e madei-
good visual artist and we built a raft out of wood and oil barrels to sail
ra para descer o Ganges. Comprámos uma câmara de filmar eléctrica
down the Ganges. We bought an electric Bolex 16mm film camera,
Bolex 16mm, contratámos um técnico de som e alguns habitantes lo-
hired a sound technician and some local Indians to guide us down the
cais para nos guiar pelo rio. Navegámos durante três meses e filmámos
river. We drifted for three months along the river and filmed places
locais a que poucas pessoas têm acesso. E fomos à cidade sagrada de
where very few people have access. We eventually made our way to
Varanasi, que era o nosso objectivo.
the holy city of Varanasi which was our goal.
Foi você que financiou este projecto?
Did you finance this project yourself?
Financiei parte dele, mas também tive um investidor privado. Já pas-
I financed a part of it, but also had a private investor. It has been ten
saram dez anos desde essa viagem, gostava muito de voltar a essas fil-
years since that trip, I would very much like to go back to the stock
magens e reeditar, pois na altura não tinha consciência de que tínhamos
footage that we shot and re-edit because at the time I didn’t realize that
excelentes coisas em mãos.
we had shot some really great stuff.
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Por que decidiu seguir artes?
Why did you decide to go into the arts?
Para mim foi um talento natural. Em miúdo estava sempre a desenhar,
For me it was a natural talent. As a kid I was always drawing, then I
depois comecei a pintar. Quando estava em Heatherley já tinha de-
began to experiment with painting, by the time I enrolled in Heatherley
senvolvido as capacidades e a paixão como artista. O meu primeiro
I had already developed the skills and the passion as an artist. So my
ano em Heatherley levou-me a experimentar a fotografia e vídeo e um
prep year at Heatherley introduced me to experimenting with photogra-
novo mundo abriu-se para mim visualmente. Depois da minha viagem
phy and video where a whole world opened up to me visually. After
à Índia mudei-me para Bruxelas e fiz algum trabalho de edição em
my India trip I moved back to Brussels and did some editing work
AVID, que me levou a fazer mais filmagens e acabei por conseguir tra-
with AVID, which led me to do some more filming and eventually got
balhos de realizador, a fazer pequenos anúncios. Claro que isso serviu
me some directing jobs shooting small commercials. Of course that
de incentivo para fazer pequenos filmes. Na Bélgica temos uma comis-
became the incentive to make small films. In Belgium we have a very
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são de cinema muito boa, onde a cada dois meses um jovem realizador
good film commission where every two months a young filmmaker can
pode submeter um projecto e ter apoios até €75.000. Agora é capaz de
submit a project and get funding up to €75.000,00. It might be a bit
ser um pouco diferente devido à economia, mas eles ainda têm uma
different now because of the existing economy, but they still have one
das melhores estruturas de apoio para o cinema. Então eu entreguei um
of the best support structures for the film arts anywhere. So I submitted
projecto e tive uma bolsa de €75.000. Mas devido às burocracias e à
a film project and got the €75.000,00 grant. But because of bureaucra-
imposição de ter de trabalhar com um produtor não escolhido por mim,
cies and the imposition of having to work with a producer not of my
nunca iniciei o projecto. É isso que gosto na fotografia, dá-me essa
choosing, I never began the project. That is what I like about photogra-
liberdade. Não significa que não volte a fazer um filme, se a oportuni-
phy, it gives me that freedom. It doesn’t mean I won’t do a film again.
dade surgir agarro o desafio.
If the opportunity arises I will be up to the challenge.
O que o fez vir para Portugal?
What made you come to Portugal?
Bem, eu tinha amigos como o Manuel Gomes da Costa, um fotógra-
Well I had friends here including Manuel Gomes da Costa, a travel
fo de viagens que me levou em alguns dos seus trabalhos, por isso
photographer who took me along on a couple of his photo travels so
Portugal tornou-se uma paragem para mim como fotógrafo. Outro ami-
Portugal became a regular stop for me as a photographer. Also another
go de Bruxelas ia entregar um barco a Portugal e perguntei se podia ir
friend of mine from Brussels was going to deliver a sailboat to Portugal
com ele. Como tive de comprar um bilhete de ida e volta, tive de voltar
and asked if I wanted to come along. The difference was that I usually
mesmo a Lisboa. Quando voltei a Portugal comecei a ter trabalho, e
bought a return ticket from Brussels to Lisbon and back. This time I
claro que o tempo é excelente e eu adoro o país. Não é o centro do
would have to buy a return ticket from Lisbon to Brussels, so I would
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mundo para cinema e fotografia, mas há aqui uma qualidade de vida
have to always come back to Lisbon. So once I returned to Portugal I
de que gosto.
started to get work and of course the weather is great and I really like. the country. It’s not the booming centre of the world for film or photography but there is a quality of life here that I like.
Onde está a fotografia a eclodir? Não sei… boa pergunta. Não estou a trabalhar em Nova Iorque, Londres, Brasil ou China, mas pelo que ouvi apenas metade dos fo-
Where is photography booming?
tógrafos de topo trabalham em qualquer lado, porque a competição é
I don’t know… good question. I’m not working in New York, London,
muita. Lisboa, devido à sua localização geográfica, torna-se um pouco
Brazil or China, but from what I’ve heard only half the top photo-
isolada, por isso pode ser mais difícil encontrar clientes internacionais.
graphers are working anywhere because the competition is so tough.
Por exemplo, em Bruxelas, estando quase no centro da Europa, há
Lisbon because of its geographic location becomes a bit more isolated
melhor acesso à maior parte das cidades onde os mercados são muito
so it can be a bit harder to get international clients to look this way. For
maiores. Claro que ter um web site ajuda muito. Há duas semanas ter-
example, Brussels being almost at the center of Europe, we have easier
minei um trabalho com um cliente belga (Dirk Domen, director criativo
access to surrounding major cities where the markets are much larger.
da Germain) onde fiz o briefing, pré-produção e a pós-produção pela
Of course having a web site helps a lot. Just two weeks ago I finished
internet. O Dirk apenas veio para os dois dias de trabalho e partilhámos
a job for a Belgium client (Dirk Domen creative director for Germain)
a fotografia em tempo real pelo Skype com o cliente. O tempo de via-
where we did the briefing, pre-production and the post-production all
gens ainda é um factor quando se planeia um trabalho, por isso é bom
through the internet. Dirk only came for the two day shoot where he
estar perto do seu mercado. Mas voltando à pergunta, eu diria que a
shared the actual photography in real time via skype with the client.
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área asiática do Pacífico é (pelo que ouvi) um bom local para trabalhar
Travel time is still a factor when planning a shoot. So it’s good to be
agora. No entanto o pagamento de fotografia não é aquilo que era há
near your market. But back to the original question, I would say the
dez ou cinco anos, e os clientes não negoceiam muito. Sendo assim,
Asian Pacific rim is (from what I’ve heard) a good place to work right
aqui na Europa, cidades como a de Londres é onde a maior parte do
now. Still the photo fees are not what they were ten or even five years
trabalho está a ser feito. As melhores marcas, agências e fotógrafos
ago and clients are short term negotiating. That being said; here in
estão lá
Europe cities like London is where much of the work is being done. The best brands, agencies and photographers are located there.
Cobra ao dia ou ao trabalho? Normalmente cobro ao trabalho, porque ao dia tenho de ter em consi-
Do you charge by the day or by the job?
deração o tempo variável na pré e pós-produção. Por isso pode haver
I usually charge by the job. Because by the day I have to take into
um dia em que estou a mandar e-mails e a telefonar, a fazer um casting,
consideration the variable time spent on the pre and post producing.
encontrar-me com estilistas, tudo isso é tempo gasto, e justificar essas
So there might be a day that I’m emailing and telephoning, doing a
despesas ao cliente pode ser difícil. Alguns clientes acham que a foto-
casting, meeting with stylists, all that takes time and justifying those
grafia apenas acontece quando eles vêem o fotógrafo atrás da câmara,
expenses to the client can be difficult. Some clients feel that photogra-
e há muito mais coisas no processo.
phy only happens when they see the photographer behind the camera, and there is so much more to the process itself.
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Pratica preços portugueses ou internacionais?
Do you practice Portuguese or international prices?
Tem de ser preços portugueses.
I have to use Portuguese prices.
Para um cliente belga que escala de preços usaria?
For a Belgian client what price scale would you use?
A Bélgica também é um mercado pequeno, por isso os preços seriam
Well Belgium is also a small market so the prices might be the same.
iguais. Também depende muito do uso nos média e dos direitos. Se a
It also depends a lot on the media usage and rights. If my photography
minha fotografia aparecer por todo o país, do tamanho de Espanha ou
appears all over a country, say the size of Spain or France, my final in-
França, a minha conta seria muito mais elevada do que para um traba-
voice would be much higher than for a job for the Lisbon market. I try
lho no mercado lisboeta. Tento ser competitivo mas justo e adaptar-me
to be competitive but fare and adapt quite well to any market.
a qualquer mercado. Do you have an agent? I have an agent in Spain (The Lift). Not here in Portugal.
Tem um agente? Tenho um agente em Espanha (The Lift), mas não em Portugal.
Do you use a producer? E trabalha com um produtor?
Right now I’m working with a freelance German woman producer that li-
Actualmente apenas trabalho com uma produtora alemã que vive em
ves here in Portugal. I like the flexibility of working with freelance talent.
Portugal. Gosto da flexibilidade de trabalhar com talento freelance. 45
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Ela fala português?
She speaks Portuguese?
Fluentemente.
Fluently.
Também faz styling?
Does she do styling as well?
Não. Ela percebe de publicidade e é muito criativa nessa área.
No. She understands advertising and is very creative in that way. I trust
Encarrego-a do planeamento e logística dos meus trabalhos. Se for um
her with the planning and logistics of my shoots. If it’s a small job she
trabalho pequeno ela assiste-me me com as luzes porque também per-
will assist me with the lighting because she also has a good understan-
cebe de fotografia.
ding of photography.
Prefere grandes produções ou trabalhar sozinho?
Do you prefer the big productions or the one-man jobs?
Depende. Às vezes precisamos de grandes equipas e de orquestrar a
Depends. Sometimes you need the big team and orchestrate the pro-
produção para conseguir a foto que o cliente nos pede. Outras, apenas
duction to get the photo that the client requires of you. Sometimes the
exige que eu chegue ao local e fotografe, o que claro que posso fazer
work calls for me to just go out and shoot a location, which obviously
sozinho. Quando faço um retrato gosto de manter as coisas simples,
I can do alone. When I shoot a portrait I like to keep it simple, it helps
ajuda a trazer a espontaneidade. A simplicidade é a coisa mais difícil
in bringing out the spontaneity. Simplicity is the hardest thing in pho-
em fotografia.
tography.
Acha que os fotógrafos são mais contratados pela sua visão ou
Do you find that photographers are hired more for their vision
pelas capacidades técnicas?
or for their technical skills?
É pela visão. Esperam que sejamos criativos. As capacidades técnicas
It’s for their vision. We’re expected to be creative. The technical skills
são importantes, mas são um meio para atingir um objectivo. Agora os
are important, but it’s a means to reach an end. Clients are now very
clientes são muito exigentes, por isso há muito pouco espaço para erros
demanding so there is very little room for technical mistakes. Not
técnicos. Não é como há 30 anos, quando o fotógrafo era o artista e
like thirty years ago where the photographer was the artists and had so
tinha muita liberdade.
much freedom. 46
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Por que é que os clientes o escolhem em vez de a outros fotó-
Why do clients choose you as opposed to another photogra-
grafos?
pher?
É uma boa pergunta… Gostava de saber. Acho que é pela minha diver-
That’s a good question… I wish I knew. I guess it’s for my diversity.
sidade. Gosto de fotografar pessoas e paisagens. Na publicidade todos
I like to shoot people and I like to shoot landscapes. In advertising
os trabalhos são diferentes, o que me agrada, especialmente em Lisboa,
every job is different which I like, especially here in Lisbon, where the
onde o mercado não é suficientemente grande para especializações.
market isn’t big enough for specializations.
Quando mostra o seu trabalho a potenciais clientes, é num só
When you show your work to potential clients, do you show one
livro ou tem portfólios temáticos?
mixed book or different theme portfolios?
Eu mostro um só livro.
I show one book.
É físico ou digital?
Is it a physical book or digital?
É digital, normalmente um DVD, e tenho o meu site. É curioso que o
It’s digital, usually a DVD and of course I have my site. Interestingly
cliente internacional quer ver um livro físico. Para eles o portfólio tem
the international client wants to see a physical book. They want a real
muito do fotógrafo.
book. For them the portfolio is very much part of the photographer.
Qual é a reacção ao seu trabalho?
What’s the reaction to your work when you show it?
Gosto de me sentar com o cliente, mostrar o meu trabalho e falar sobre
I like to sit down with the client when showing my work and talking
as fotos individualmente. É importante que o cliente perceba a minha
about the photos individually. It is import for the client to understand
forma de pensar, trabalhar e de abordar o processo técnico e criativo.
the way I think, work and approach creative and technical process. In
Em publicidade quase todos estão sob pressão, por isso é importante
advertising almost everyone is under pressure, so now it is important to
descansar o cliente e a agência ao longo do processo. Afinal, todos
assure the client and the agency at anytime of the process. At the end
estão a fazer o seu trabalho.
of the day everyone is doing their job.
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Qual seria o seu cliente de sonho?
What would you consider to be your dream client?
TEMPO, TEMPO, e mais TEMPO! A sério… seria bom o cliente ter
TIME, TIME, and more TIME! Really… for the client to be cons-
consciência do tempo que demora a tirar uma boa fotografia. Às vezes
cience of the time it takes to make a good photograph. Sometimes the
o dinheiro nem é um problema. Claro que ter liberdade de fazer o que
money is not even an issue. Of course the freedom for what I want to
quero num projecto também é importante. (risos)
do on a project is important (laughs).
Qual o tipo de fotografia de que mais gosta e que ficaria feliz de
What type of photography do you enjoy the most and would be
ser pago para fazer?
happy getting paid for it?
Retratos e paisagens, duas áreas que adoro.
Portraits and landscapes. Two areas that I love.
Pode viver delas?
Could you make a living doing just that?
Acho que sim, depende do mercado. Conheço fotógrafos que fotogra-
I think so. It depends on the market. I know photographers that photo-
fam o que gostam e vendem bem.
graph what they like and sell it well.
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Encontra muita concorrência em Lisboa?
Do you have a lot of competition here in Lisbon?
Não como em outros mercados. Somos mais pequenos aqui. A concor-
Not has in other markets. We’re smaller here. The competition I find
rência que encontro aqui é o preço. Há fotógrafos a trabalhar por quase
here is in the pricing. I find there are photographers working for almost
nada, o que por um lado é mau para o negócio. Assim como pode o
nothing. Which in a way is bad for business because how can the ma-
mercado oferecer o preço justo por trabalho de qualidade? Sei que isso
rket recuperate to fare pricing again for quality work. I know that it’s
não acontece só em Lisboa. Outras cidades estão e enfrentar o mesmo
not limited to Lisbon alone. Other major cities are also experiencing
fenómeno. As escolas também estão a saturar um mercado que parece
the same phenomena. Also the schools are saturating a market that
estar a tornar-se muito pequeno, com muitos fotógrafos talentosos. A
seems to be getting smaller with more talented photographers. So the
concorrência também vem dessa direcção. Não é um negócio fácil de
competition is also coming from that direction. It is not an easy busi-
se entrar.
ness to get into.
Que conselho dá aos alunos que saem das escolas de fotografia?
What advice do you give to students coming out of photography
Têm de ter paixão pela arte. Têm de perguntar a vocês mesmos “é isto
school?
quem realmente quero?”. Não vão triunfar em dois anos, exige tempo e
You have to have a passion for the art. You have to ask yourself, “is
muito trabalho, e têm de ser versáteis e persistentes.
this what I really want”? You’re not going to make it in a couple of years. It will take time and a lot of work, and you have to be versatile and persistent.
O equipamento é importante? Sim e não. Pode-se fazer boas fotografias com equipamento básico, mas às vezes precisamos de dominar realmente muita tecnologia dife50
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rente para fazer uma boa fotografia. Tudo depende do que se pretende
Is the equipment important?
do resultado final.
Yes and no. You can make great photos with basic equipment, but sometimes you need to really dominate a lot different technology to
Que câmaras usa?
also make a great picture. It all depends on what you want your final
Uso um back digital AFi Leaf Aptus que adapto câmaras de médio ou
result to be.
grande formato. Qualquer sistema, seja Hassalblad, Mamiya ou Sinar, tem um adaptador para o Leaf Aptus. É um excelente sistema. O que
What cameras do you use?
também é bom é que se ele der problemas, eles emprestam outro en-
I use an AFi Leaf Aptus digital back that I adapt to medium and large
quanto o nosso está a arranjar. Tem um representante aqui em Lisboa,
format cameras. Every system, be it Hassalblad, Mamiya or Sinar has
o que é muito conveniente.
an adapter to accommodate the Leaf Aptus. It’s an excellent system. What is also great about it is that if the back malfunctions, they will re-
A maioria do seu trabalho é em médio e grande formato?
place it while your back is being repaired. Also there is a representative
Sim. Para publicidade trabalho com grande formato, com os backs di-
here in Lisbon which makes it very convenient.
gitais, o que torna a pós-produção mais simples, devido à alta resolução e definição. Uso pequenos formatos como a Canon na maioria para
Most of your work is in medium and large formats?
trabalhos editoriais.
Yes. For advertising I work with large format where I use digital backs, which makes the post production easier because of the high resolution and sharpness. I will use small formats like Canon for editorial work mainly. 51
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O que pensa dos fazedores de imagem que usam, por exemplo,
What do you think of image makers who use, let’s say, an iPhone
um iPhone para fotografar um trabalho?
to shoot a job?
Acho óptimo, mas tem de ser um artista especial cuja reputação lhe
I think it’s great. But it has to be a special artist whose reputation will
confira essa flexibilidade. Muito poucas agências confiam numa pessoa
give him or her that flexibility. Very few agencies will trust a photo-
que faça isso.
grapher to do that.
Se não estivesse no negócio da imagem, o que estaria a fazer?
If you weren’t in the image making business, what would you be
Estaria na indústria do sexo! (risos)
doing? I would be in the sex industry (laughs).
Como actor ou realizador? Teria um bordel… (risos) A sério, faço exactamente o que gosto, não
As an actor or director?
consigo pensar em outra coisa. Gosto de viajar, talvez fizesse fotografia
I would own a bordello (laughs)… seriously; I’m doing exactly what I
de viagens, mas não a trabalhar para uma revista que limita a criativi-
want to do. I can’t think of anything else. I like traveling. Maybe tra-
dade. Seria óptimo ir e fazer as minhas fotografias de viagem à minha
vel photography. But not working for a magazine which limits the cre-
maneira.
ativity of the travel photography that is shot. It would be great to just go and shoot my own travel pictures in my own way at my own pace.
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Uma vez que vai casar com uma portuguesa em breve, isso signi-
Since you will be marrying a Portuguese woman in the near futu-
fica que vai ficar em Portugal?
re, does that mean you’ll be staying here in Portugal?
Não sabemos. Gostava de ter algumas raízes aqui; temos uma casa
We don’t know. I would like to maybe lay down some roots here. We
no Alentejo onde gostamos de estar. Sou europeu e sinto-me em casa
have a little place in the Alentejo where we like to spend time. I’m
em qualquer lado na Europa. Gostava de experimentar o Brasil e a
a European, so I’ll feel at home anywhere in Europe. I would also
Argentina, que talvez seja um mercado excitante para a fotografia.
like to try Brazil and Argentina that might be an exciting market for photography.
Onde se vê daqui a cinco anos? A trabalhar muito para manter a minha carreira num mercado difícil.
Where do you see yourself in five years?
Tenho 34 anos, por isso há muita energia e tempo para investir no meu
Working hard to maintain my career in a difficult market. I’m 34 so I
nome.
still have a lot of energy and time to make a name for myself.
Yves Callewaert – www.yvescallewaert.com
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Gémeo Luís
“Ilustrar tem que ser um exercício para além do desenho” Entrevista por Catarina Vilar / Pesquisa por Raquel Vilhena
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Corta o papel como se de uma cirurgia se tratasse. Gémeo Luís é o pseudónimo de Luís Mendonça, o artista / ilustrador / designer / editor (se houvesse um só conceito que aglomerasse todas estas actividades seria mais sucinta a denominação) tem um irmão gémeo. Já em pequeno gostava de desenhar, como quase todas as crianças, sem na altura saber o que isso era ou por que razão o fazia.
o”
“Presumo que desenhava para me divertir, para explicar coisas, para
O primeiro corte
brincar com os mais velhos, para mostrar a minha habilidade… porque me pediam”, relembra. E acrescenta: “Na verdade, eu e o meu irmão
Durante os três anos que passou em Macau para implantar o curso de
gémeo éramos uns traquinas, não posso dizer que tinha consciência do
Design, a convite do Instituto Politécnico de Macau, desenvolveu di-
que andava a fazer. Devo com certeza muito à paciência e ao afecto com
versos trabalhos de design e também de ilustração. Usava guache, tinta
que me trataram… talvez isso me tenha permitido manter a vivacidade
acrílica e recorria ao suporte informático, no vectorial. Mas foi mais
que hoje sinto imprescindível naquilo em que a aplico.”
tarde, já em Portugal, que experimentou e enveredou pela técnica do recorte, passando a usar o x-acto nas suas imagens em papel kraft, no
É um sonhador, mas daqueles que conseguem manter o pragmatismo.
fundo a fazer ilustrações recortadas. “Foi por razões principalmente
“Quando fui estudar para a Faculdade de Belas Artes, naturalmente não
técnicas, porque estava interessado em contornar com um limite rigo-
pensava como penso hoje, fui mudando de opinião sobre o desenho e
roso, porque gostava mais do resultado deste desenho ao transpor para
não só. Tive bons professores e colegas interessantes, com quem convi-
o OFFSET, a impressão reproduzia o original com maior rendimento…
vi e aprendi a ver de outro modo, a formar outras opiniões… Hoje uso
E esta simplicidade, esta economia acabou por me seduzir em muitos
o desenho com objectivos muito mais válidos e úteis.” Olhando para
aspectos.”
a infância, os interesses era outros, “as minhas paixões da altura eram por exemplo jogar futebol ou desmontar e montar bicicletas”, mas a li-
Em todo o processo, agrada-lhe o facto de desconstruir o conceito de
berdade que sentiu ao ter de tomar decisões ajudou a formar o carácter.
ilustração. “Ilustrar tem que ser, de uma ou de outra forma, um exer02
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cício para além do desenho, de desconstrução. E se desconstruímos
ponto de partida de inspiração, que ajudasse a partir para a acção. Mas
o trabalho, seja ao nível das possibilidades de dialogar com o texto
o que tem de sentir ao agarrar cada projecto é apenas uma coisa: “É o
ou a ideia, seja ao nível da técnica, logo desconstruímos também o
click em relação ao texto, tenho que gostar dele… Depois, o desafio é o
conceito.”
de um programa, tal como acontece nos projectos de design. Tenho-me concentrado na parceria que faço, desde há uns anos, com o escritor
Expôs na livraria de Serralves, na Mostra de Ilustradores de Bolonha,
Eugénio Roda (um dos pseudónimos de Emílio Remelhe), tem sido um
no Centro Cultural de Belém, na Ilustrarte, na Bienal de Cerveira, em
desafio para ambos.”
inúmeros locais, como bibliotecas ou escolas. Descentraliza a sua arte e leva-a até quem a aprecia. O reconhecimento pelo seu trabalho nos
Paixão e técnica de mãos dadas
livros que ilustra já chegou nomeadamente através de prémios. E a sua forma particular de ilustrar está incontornavelmente nos olhos do pú-
Todo o percurso de Gémeo Luís é uma grande paixão. Mas esta não é
blico, mas não é marcar a diferença o que mais o preocupa em tudo isto.
impossível, como a imortalizada por Shakespeare em Romeu e Julieta.
“Se acreditamos no que fazemos e há quem o reconheça, quem acre-
A paixão deste autor é bastante real e realizada. Enquanto professor
dite também, é gratificante. Por outro lado, estamos sempre a marcar
na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto e na Escola
diferenças naquilo que fazemos, é o que torna única a nossa maneira
Superior de Artes e Design de Matosinhos, divide-se entre ilustração e
de ver e de fazer.”
design. Mas como ensinar paixão e técnica? “Quem se apaixona, move mundos e fundos, cria condições até onde não as há, para fazer o que
Já assinou trabalhos para autores como Alice Vieira, João Pedro
quer que seja. Então a técnica ou qualquer outro encargo não consti-
Mésseder, Matilde Rosa Araújo, Ana Saldanha, António Torrado ou
tui problema nenhum, aprende-se, insiste-se, melhora-se… Imagine o
Francisco Mangas. Em cada um deles poderia estar em comum um
contrário, dominar a técnica sem paixão…? Mas acredito também na
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descoberta da paixão através de uma teimosia que à partida parece ser
mas significa fazer o que acho que tem que ser feito, com exigência e
apenas uma obrigação sem consequência.”
convicção. Há tempos, num depoimento pedido pela Casa da Leitura para um seminário na Gulbenkian, eu e o Eugénio Roda falávamos de
Podíamos ser levados a pensar que há uma enorme separação entre
fazer livros como quem os lê. Quero dizer que há qualquer coisa deste
ilustração e o design, mas talvez não seja tanto assim depois de ouvir-
desejo no que fazemos… fazer as coisas como gostaríamos de as ter.”
mos quem recorre a ambos. “Fazer ilustração é, para mim, fazer design.
Concluindo: “A editora permite-me fazer o que, regra geral, nenhum
O que quero dizer é que uma ilustração não é só um desenho. Ilustrar é
editor acha viável. Por isso é que não dependo dela para viver.”
trabalhar de forma comprometida com um programa. Quando estou a fazer um recorte, ele está de tal maneira relacionado com tantas coisas
Fazer os livros é assim uma extensão do seu trabalho, mas não enquanto
que já tive que decidir em que página, qual a composição, que sequên-
complemento, faz mesmo parte dele. “Fazer ilustração sem saber como
cia, sobre que papel… Ilustrar é fazer design.” Fica a visão do artista/
vai ser editada, sem calcular o produto final, o livro, o objecto, pode
designer.
ser com fazer para deitar fora. Que interessa cuidar por um lado se um descuido pelo outro deita tudo a perder? É um cansaço desnecessário”,
Além de tudo o que faz, ainda gere a editora Edições Eterogémeas,
remata. O livro com texto de Eugénio Roda O Quê Que Quem, Notas
onde se fazem livros que não são fechados num público-alvo. São para
de Rodapé e de Corrimão recebeu o Prémio Nacional de Ilustração em
crianças, ou serão antes para adultos? São para quem quiser usá-los.
2005, atribuído pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas e
Os livros que daqui saem são pontos de partida, e pronto. Entre os
pela Associação Portuguesa para a Promoção da Literatura Infantil e
títulos editados estão A Boneca Palmira, O Piano de Cauda, Berlinde,
Juvenil. Aqui cada página é preenchida por curtas definições poéticas
Acidentes, e muitos, muitos mais. Para Gémeo Luís, ilustrar não é ape-
de graus de parentesco, começando com os “primos” e a acabando na
nas fazer os desenhos, a produção dos livros, acaba por ser uma exten-
“mãe”. Uma espécie de dicionário? Eventualmente, mas é preciso ver
são natural. “Permite-me fazer exactamente o que quero, como quero…
antes de se ser tão sucinto na catalogação.
Este querer não tem nada de caprichoso no sentido de concorrência,
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tensa interacção resulta num grande prazer de todos: “O prazer de ver
Recolhendo sensações
estas coisas a progredir não foi diferente para mim do que terá sido para Nomes como Siza Vieira, Leonor Riscado, Rui Veloso ou Alberto
os autores… o prazer de um diálogo diferente.”
Pimenta já participaram na colecção Curto-Circuito, da Edições Eterogémeas. Em cada livro conta-se sempre com três autores: intro-
Os seus desenhos em papel andaram sempre acompanhados por outras
dução, texto e imagem. Mais do que um projecto vencedor, Gémeo
formas de produção: desde sempre surgiram esculturas – entre elas,
Luís olha para esta colecção como lutadora, em que os livros vão sendo
recentemente, uma para o Futebol Clube do Porto, na cidade que adop-
construídos. “Aqui não havia estratégia senão ir fazendo uma espécie
tou para viver. As marcas são idênticas, o desafio é outro. “Embora
de tertúlia… As pessoas foram sendo desafiadas. Havia sempre alguém
seja designer de formação, sempre alimentei uma relação forte com as
desafiado a fazer um conjunto de imagens, com elas desafiava alguém
artes plásticas, com a arquitectura… Sinto necessidade de insistir, de
da literatura a produzir o texto, por fim este material era alvo do último
limitar, de aprofundar uma coisa, mas isto é tão forte como o contrário,
desafio, o de uma introdução. Foi sendo um exercício para abrir, cruzar,
variar, experimentar, recolher sensações que só coisas diferentes nos
manter diálogos entre pessoas que não se conheciam, entre trabalhos
podem oferecer, materiais, texturas, cores, temperaturas…” Acredita
que só aqui se encontraram, neste espírito, diria, informal.” Esta in-
que trabalhar em três dimensões o desafia, proporciona outras percep-
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01) Capa - Revista Artes e Ofícios nº27/28.
06) O papel da tradição - Revista Mãos.
02) Transparências Fevereiro - Revista Search. 07) Lembranças de Papel - Revista Mãos. 03) Pai Natal Armário, Montra Pause - Alcatifa, madeira e papel. 04) “Brrrr’r” - Exposição em Famalicão.
08) Os Direitos da Criança, Texto de Matilde Rosa Araújo - Exposição Promovida pela associação VERPRALER.
05) Centro Cultural de Belém - Entrada da exposição “Poesia com Papel”.
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ções, não só na maneira como vemos o objecto mas também como o
coisas como estímulos apenas para a sua criatividade, prefiro não lhe
concebemos. “Só uma escultura, uma construção, pode desafiar a gra-
diminuir essa necessidade, não lhe tirar esse privilégio, prefiro dar me-
vidade, por exemplo… O desenho não provoca isso. E viver é desafiar
nos.” Então e qual seria o desenho que podia ilustrar a sua paixão pelo
a gravidade não é?”
traço? “Não sei, gostava até de demorar muito a saber… Mas como não faço assim as coisas, acho que seria um desenho que tivesse tantos,
Quando se conhece a obra de Gémeo Luís fica-se com a ideia de que
mas tantos constrangimentos na encomenda, que gostaria de ver como
“menos é mais”. E o artista concorda. “É um exercício mental impres-
me desenrascava.”
cindível, de uma ou de outra forma é mais ou menos assim que todos temos que pensar, para organizar o melhor possível o mundo. É uma questão de economia, de criatividade. No caso do livro, se sabemos que o leitor e o observador completam, que prolongam, que partem das
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Gémeo Luis – www.gemeoluis.com
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portofolio Design
Catarina Pestana “Cada marca tem um ADN próprio e deve ser tratada com esse respeito” Entrevista por Catarina Vilar/ Pesquisa por Lia Ramos
Extrovertida, comunicativa e pró-activa. Começou a aventura no mundo profissional a trabalhar com o guru Peter Saville, e agora é directora criativa da Dasein, um estúdio de design que conseguiu adaptar à sua imagem. Em 2009 a peça que concebeu para uma das exposições da bienal Experimenta Design causou polémica, por integrar um vibrador, e foi retirada. Catarina Pestana gosta de usar a ironia e o humor nas suas peças, mas estava longe de pensar que o convite da Coca-Cola iria terminar desta forma. Desenvolver ideias para criar um projecto é a sua missão na Dasein, mas também mostrar que há grandes ideias a sair de uma estrutura pequena.
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Esteve dois anos na ESBAL e depois foi para Londres estudar. Foi
Essa visão mais prática foi aprendida em Londres?
uma aposta no exterior?
Em Londres, assim que entrei para a faculdade, um dos primeiros tra-
Eu tinha muita vontade de ir para o estrangeiro, tinha curiosidade de
balhos que me deram foi sobre um designer. A mim calhou-me o Peter
ver o que se fazia lá fora. Se calhar foi uma aposta impulsiva, mas que
Saville, e achei que seria interessante entrevistá-lo, até porque era uma
me correu bem. Nas Belas Artes aprende-se muito o lado académico,
boa desculpa para o conhecer! Ele é um guru, e uma das razões que me
teórico, mas o contraponto londrino é muito prático e directo ao assun-
levou a ir para design foi precisamente trabalhar música. E acabei por
to. Essa mistura fez-me bem, e aplico-a agora no meu trabalho. Se por
ir trabalhar com ele pouco depois… No fundo ele foi a minha escola.
um lado quero sempre arranjar uma base conceptual para os projectos
Tive muita sorte porque era um estúdio muito pequeno e não havia
que faço, por outro não quero que quem os vê tenha que ler vários
uma hierarquização muito definida. Por exemplo, uma capa de um CD
livros para perceber o que se pretende comunicar. É verdade que essa
ia a votação e púnhamos na parede as nossas propostas, o cliente ia lá
experiência faz com que eu pense nas coisas de uma forma não decora-
e escolhia uma.
tiva, e o resultado estético advém também do exercício que faço, que é tentar pôr-me na pele do utilizador.
Isso dá aos designers juniores a oportunidade de mostrar logo o que valem.
E isso é aplicado na sua função como directora criativa da
Claro, quando os trabalhos estão colados com fita-cola numa parede
Dasein?
somos todos iguais! Essa é a grande prova de fogo. Fiquei lá três anos
Eu faço sempre a ligação entre o cliente e o designer, tento manter
e pude experimentar muita coisa, como o design editorial, que me in-
uma certa frieza nesse aspecto. E penso sempre nas pessoas que vão
teressa bastante. É engraçado ver que uma pessoa como o Peter tinha
consumir ou, se por exemplo fizermos o rebranding de uma empresa,
paciência para ao fim do dia me estar a explicar o que é o Pantone; ele
nos trabalhadores que lidam com o logótipo todos os dias. A nível da
de facto puxava muito por nós. Arrogância não faz parte do vocabulário
comunicação existe uma grande miscelânea de tendências, e a partir
dele. Acredito que essa proximidade humana traz um retorno muito
do momento em que aparece uma delas, parece que se desdobra e é
melhor.
usada em todo o lado. Na Dasein o que tento fazer é encontrar a estética própria de cada cliente. Cada marca tem um ADN próprio e deve ser tratada com esse respeito.
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Ainda ficou em Londres depois dessa aprendizagem de três
falar directamente com o cliente sobre cada projecto. Faço questão de
anos?
perceber quem nos está a chamar. Apesar de agora ter uma ajuda co-
Sim, estive a redesenhar a Intersection magazine sob direcção criativa
mercial, na recepção do briefing, a apresentação do projecto e a defesa
de Yorgo Tloupas, fui fazendo trabalho freelance para o Saville e para
do mesmo faço questão de estar presente. Na Dasein não trabalhamos
outros designers que tinham feito parte do grupo Pentagram. E acabei
em estilo agência, é tudo bastante personalizado. Acho que ao fazer a
por voltar a Portugal para formar a Dasein com um grupo de amigos.
direcção criativa faz sentido estar presente, claro que não durante todo
Estava em Londres e recebi um e-mail de um colega de faculdade, que
o processo, mas em momentos chave.
foi um dos sócios fundadores, a propor-me este projecto. Vim e criouse um núcleo interessante, criativo, muito cool e rico em termos huma-
No fundo, a Catarina esteve sempre ligada a esta vertente na em-
nos, mas não havia a pretensão comercial. Havia a ideia de fazer uma
presa.
Dasein, que seria a mistura de design de equipamento e comunicação,
Quando começámos não tínhamos fundos, e a única coisa que consegui
sendo eu a pessoa desta última. Tinha 23 anos e nem sabia o que era o
dar à Dasein foi um computador Mac antigo, que já não funciona e está
IVA, o IRC… Mas achei fantástico abrir uma empresa. Registámos a
no escritório em exposição… Tive sempre componente comercial e tem
empresa, fizemos o logo, e um mês depois um dos sócios, o Samuel, fa-
sido tudo um crescendo; conseguimos chegar já a determinadas marcas
leceu num acidente e foi uma loucura, não estávamos preparados para
e temos alguma credibilidade a nível de mercado. Apesar disso quero
aquilo. Mas continuámos e no fim de 2006 começámos a ter objectivos
manter o posicionamento que temos agora, não quero uma estrutura
diferentes, o que faz parte de qualquer sociedade. E agora cada um
grande. A dasein no fundo desenvolve conteúdos e faz delineação de
individualmente está a trabalhar bem na sua área. Para mim, a Dasein
conceitos. Muitas vezes desenvolvemos a estratégia, e toda a comunica-
tem um percurso e um colorido que me agrada.
ção, mesmo que seja executado exteriormente com o nosso acompanhamento. Alocar recursos é simples porque o mercado é mínimo!
Agora assume a liderança sozinha. É a sua visão que está reflectida?
Como encara a concorrência?
Assumi a liderança e reuni uma equipa. Logo quando nos juntámos em
Isso é o que dá pica! Sou muito competitiva, mas vejo a concorrên-
2004 eu assumi a parte comercial, se calhar porque tinha um ar mais
cia como um aspecto positivo da questão. Até porque grande parte dos
velho que os outros! E sempre gostei de fazer isso. Acho fundamental
meus amigos está na concorrência! Acho que ainda há tanto por fazer
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que há espaço para todos. O importante é sabermos quem somos e o
E paralelamente à Dasein também desenvolve projectos pesso-
que podemos fazer em determinado sítio.
ais. São outra face sua? Tenho feito e pretendo ir lançando e expondo peças da minha autoria.
Agrada-lhe a ideia de serem uma empresa pequena?
Isso não colide em nada com a Dasein. Eu sendo uma única pessoa
Bastante! Um dos objectivos que tenho na vida é ter um estúdio como
consigo ter um perfil Catarina Pestana para trabalhar determinado tipo
este, com mais ou menos pessoas, que ronda uma dúzia. Acho muito
de peças, que até podem ser antagónicas para a Dasein, onde sou di-
mais possível a criação de novas marcas paralelas à Dasein do que
rectora criativa. Tenho esse discernimento e consigo distinguir muito
transformar o que temos numa agência de maior escala. O projecto
bem tudo isso.
Dasein é este, tal e qual como se vê. É um projecto de design, mas de tal forma personalizado que é completamente ‘taylor made’. Isso não
O projecto que fez sobre Fernando Pessoa para a Vista Alegre foi
põe de parte eu poder juntar-me a alguém e fazer uma agência, ou en-
pessoal. Como correu?
trar noutro tipo e projectos que me permitam fazer outro tipo de coisas
Correu muito bem e já estou a fazer novas colecções para eles. O
na área da comunicação. A criação de marcas agrada-me e, enquanto
Fernando Pessoa e o fado têm sido um sucesso de vendas, pelo que
criativa, muitos clientes recorrem a mim nesse sentido. No fundo, des-
consta, e tenho sido solicitada nesse sentido. A primeira proposta foi
de que se saiba o espaço que se quer ocupar, desde que este esteja bem
fazer umas chávenas sobre fado e vender no exterior, e depois foi o
definido, é uma questão de imaginação, de criatividade porque criar
Fernando Pessoa. É preciso apostar, arriscar, e tem surgido a oportu-
uma marca é criar um sonho que vai ter vida
nidade de propor peças para empresas como a Vista Alegre, Atlantis
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01) Waste Of Time · Experimenta Design’09 - Mude · Museu do Design e da Moda @ Dasein. 02) Humanos – CD e CD Single - EMI Music Portugal - 2004 - Direcção de Arte , Produção e Design @ Dasein. 03) Heterónimos - 2009 - Ilustrações de Catarina Pestana @ Dasein. 04) Jazz em Agosto 2008 · Fundação Calouste Gulbenkian · 2008 Direcção de Arte, Produção e Design @ Dasein. 05) Light my fire - Peça a convite da ExperimentaDesign no decorrer da campanha ‘coca-cola light gosta de ti’ - twist comunicacional ao slogan manequim enverga t-shirt: ‘coca-cola light gosta de mim’. 06) Philip Glass · 2007 - Ilustração de Catarina Pestana @ Dasein. 07)Senhor do Adeus - Realidade Aumentada - Difmag · Frame do vídeo de ‘augmented reality’. Fotografia by Miguel Sales Lopes. 2010. 08) O Papa veste Prada · 2010. Acção de recepção à vinda de Bento de XVI a Portugal - Fotografia by Francisco Seco.
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e Bordalo Pinheiro. São três tipos de indústria com as quais me sinto
da Dasein. Muitos dos nossos clientes abordam-nos para produtos pre-
muito à vontade e onde me dão liberdade de criar.
mium, acções e formatos ‘fora da caixa’, edições especiais... Se querem uma coisa que ainda não sabem bem o quê lembram-se de nós!
E são marcas nacionais. Sim, e isso deixa-me muito orgulhosa. Eu tenho como objectivo em
Já têm uma carteira de clientes diversificada…
qualquer peça que faça para eles: gosto que sejam acessíveis a nível
Há uma grande aposta de risco na Dasein. Faço boas apostas a nível
de preço de venda. Claro que a Vista Alegre tem peças para públicos
de gestão mas são um risco, como por exemplo fazer parcerias com
diferentes. Eu identifico-me muitíssimo com estas marcas e com a for-
clientes que estão em fraca posição financeira, mas que são marcas
ma como se pode fazer algo contemporâneo dentro da sua história. E
com um potencial em que acredito. Não trabalhamos apenas com casos
claro que vendem produtos a que muita gente não chega, mas eu prefiro
de sucesso, e é um galardão conseguir reposicionar uma marca, espe-
apostar em produtos mais acessíveis. Claro que posso fazer uma peça
cialmente trabalhando com um budget limitado. Isso é um desafio, e no
única, como ‘artista’ em que comunico também uma mensagem.
cenário actual faz todo o sentido. Cria-se uma fidelização por parte de vários clientes por este motivo. Isto é mais um reflexo de toda a perso-
Que projectos da Dasein acha que a representam melhor?
nalização na direcção criativa e contacto directo com o cliente que faz
Um conceito tem de se resumir a uma linha, uma frase, uma palavra.
toda a diferença.
Não gosto de ser muito explicativa. Acho que as produções representam muito o lado de sonho e glamour que a Dasein tem. Numa produção o que está em causa são as ideias que modificam a nossa maneira de ver os objectos. Que lhes dão um estar diferente e mais sedutor. Baseiase muito em fotografia, tem uma componente de ilustração, mas é a
Catarina Pestana – www.dasein.pt dasein@dasein.pt
síntese dessa composição que é muito presente em quaisquer trabalhos
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Edward De Bono Lateral Thinking (Pensamento Lateral) Editado por Manuel Pessoa
Não há nada mais excitante… que pensar numa nova ideia. Não há nada mais recompensador…que ver uma nova ideia resultar. Não há nada mais útil… que uma ideia ajudar a alcançar um objectivo.
ATENÇÃO! O Pensamento Lateral O Pensamento Lateral é: • Tentar resolver problemas através de meios aparentemente ilógicos. • Um processo de querer olhar para as coisas de uma forma diferente. • Uma forma relativamente nova de pensar que complementa pensamento analítico e crítico que não faz parte da nossa educação normal – ainda. • Uma rápida e eficaz ferramenta usada para ajudar indivíduos, empresas e equipas a resolver problemas difíceis e criar novas ideias, novos conceitos, novos processos e novos serviços. • Um termo que é usado como sinónimo ou substituto de criatividade. • Uma forma de pensar que procura uma solução para um problema difícil através de métodos pouco ortodoxos ou elementos que normalmente seriam ignorados pelo pensamento lógico. O processo do pensamento é dividido em dois métodos. O primeiro é chamado ‘pensamento vertical’ que é, usando os processos da lógica, o método tradicional-histórico. O segundo é o ‘pensamento lateral’, que envolve interromper uma sequência aparente e chegar à solução por um outro ângulo.
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vai mudar a forma como pensa .
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artigo Informação
Six Thinking Hats
(Seis Chapéus do Pensamento) Olhar para a Decisão por Todos os Pontos de Vista
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Six Thinking Hats é uma técnica ponderosa que o ajuda a olhar para decisões importantes por muitas perspectivas diferentes. Ajuda-o a tomar melhores decisões por levá-lo para fora das suas habituais formas de pensamento. Assim, ajuda-o a perceber toda a complexidade de uma decisão e a encontrar temas e oportunidades em que de outra forma poderia não reparar. Muitas pessoas bem sucedidas pensam de uma forma muito racional e positiva, e esta é parte da razão de serem bem sucedidas. Normalmente, no entanto, podem falhar ao olharem para os problemas de um ponto de vista emocional, intuitivo, criativo ou negativo. Isto pode querer dizer que subestimam a resistência à mudança, não dão passos criativos e falham a fazer planos de contingência essenciais.
Como usar a ferramenta: Para usar o método Six Thinking Hats para melhorar a qualidade da sua tomada de decisão, encare cada decisão “usando” cada um dos chapéus. Cada “Thinking Hat” é um estilo diferente de pensamento. São explicados a seguir: Chapéu Branco: Com este Chapéu foque-se nos dados disponíveis. Veja a informação que tem e o que pode aprender com ela. Procure frestas no seu conhecimento e tente preenchê-las ou tê-las em conta. É aqui que analisa temas antigos e tenta extrapolar a partir de dados históricos. Chapéu Vermelho: Usando o Chapéu Vermelho olha para a decisão usando a intuição, o instinto e a emoção. Tente pensar como as pessoas vão reagir emocionalmente, entender as respostas intuitivas daqueles que não entendem totalmente o seu raciocínio. Chapéu Preto: Quando usar o Chapéu Preto do pensamento olhe para as coisas de forma pessimista e defensiva. Tente ver o porquê de as ideias e abordagens poderem não resultar. Isto é importante porque realça os pontos fracos num plano ou rumo. Permite-lhe eliminá-los, alterar a sua abordagem ou preparar planos de contingência para contornar os problemas que surjam. O pensamento do Chapéu Preto ajuda-o a tornar os seus planos mais fortes e resistentes. Também o pode ajudar a encontrar erros fatais ou riscos antes de embarcar num certo caminho. Este pensamento é um dos verdadeiros benefícios desta técnica, pois muitas pessoas bem sucedidas tendem a pensar de forma tão positiva que, regra geral, não vêem os problemas a surgir, deixando-os pouco preparados para as dificuldades.
Da mesma forma, os pessimistas podem ser excessivamente defensivos, e as pessoas que estão habituadas a uma abordagem muito lógica na resolução de problemas podem falhar ao recorrer à sua criatividade ou seguir a sua intuição. Se olhar para um problema usando a técnica Six Thinking Hats, está a recorrer a todas estas abordagens para desenvolver a sua melhor solução. As suas decisões e planos combinarão ambição, capacidade na execução, sensibilidade, criatividade e um bom plano de contingência. Esta ferramenta foi criada por Edward de Bono no livro “Six Thinking Hats”.
Chapéu Amarelo: O Chapéu Amarelo ajuda-o a pensar positivamente. É o ponto de vista optimista que o ajuda a ver todos os benefícios da decisão e do seu valor, e a encontrar as oportunidades de a explorar. Este chapéu ajuda-o a seguir em frente quando tudo parece difícil. Chapéu Verde: O Chapéu Verde é a criatividade. É aqui que pode desenvolver soluções criativas para um problema. É uma forma livre de pensar, em que há pouco criticismo. Toda uma série de ferramentas criativas podem ajudá-lo aqui. Chapéu Azul: O Chapéu Azul é para o controlo do processo. É o chapéu usado por pessoas em reuniões. Quando surgem dificuldades porque as ideias estão a faltar, podem direccionar a actividade para o Chapéu Verde do pensamento. Quando são necessários planos de contingência, passam para o Chapéu Preto, e assim por diante. Pode usar estes Six Thinking Hats em reuniões ou sozinho. Em reuniões tem a vantagem de desvanecer discussões, que podem surgir quando pessoas com diferentes estilos de raciocínio discutem o mesmo problema. Permite que a emoção necessária e o cepticismo surjam naquilo que de outra forma seriam decisões puramente racionais. Abre uma oportunidade à criatividade na tomada de decisões. Também ajuda, por exemplo, as pessoas sempre pessimistas a serem positivas e criativas. Planos desenvolvidos usando a técnica dos Six Thinking Hats são mais sólidos e resistentes do que o costume. Esta técnica também pode ajudá-lo a evitar erros e a encontrar boas razões para não seguir um rumo antes de se comprometer com ele.
O Dr. Edward de Bono é reconhecido como a autoridade internacional de topo no campo do pensamento criativo, inovação e no ensino directo do pensamento como capacidade. Nascido em Malta, Edward de Bono era Rhodes Scholar em Oxford e fez palestras nas universidades de Oxford, Cambridge, Londres e Harvard. É médico, com doutoramento em psicologia e fisiologia. O seu background em sistemas de informação biológica inspirou e possibilitou não só que ensinasse pensamento mas também que desenhasse métodos de pensamento.
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artigo Informação
O segredo da criatividade Texto por Manuel Pessoa
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O segredo do pensamento criativo é começar com bons problemas. Depois tem de transformar esses problemas em grandes desafios. A seguir, excelentes ideias vão surgir quase espontaneamente. Quase todas as ideias criativas são uma solução potencial para um problema. A Teoria da Relatividade de Einstein era sobre resolver a discrepância entre o electromagnetismo e a física. Os Post-its eram sobre encontrar um outro uso para a cola. As pinturas cubistas de Picasso eram sobre resolver o problema de representar o espaço tridimensional numa tela de duas dimensões. Etc, etc.
safio é escrevendo-o no centro de uma folha de papel. Agora desconstrua-o. Pergunte: “Por que é isto um problema?”, “O que o provoca?”, “O que está por trás?”, “ Que outras questões estão envolvidas?”, e assim por diante. Pergunte “porquê?” até não encontrar mais respostas. Escreva todas as suas respostas na folha de papel. Neste ponto, o problema central, assim como outros assuntos relevantes, irá surgir. Vamos chamar-lhe o grande problema. O próximo passo é transformar esse grande problema em um ou mais
Antes de sequer pensar em ter ideias, precisa de transformar o seu problema num desafio. Porque se começar a gerar ideias para resolver o problema errado, pode ter óptimas ideias, mas elas serão provavelmente más soluções.
pequenos, simples desafios. Os desafios normalmente começam com: “De que formas posso eu/nós...?” “Como posso eu/nós...?” “Que tipos de... posso eu/nós...?” Mantenha os seus problemas o mais simples possível. Evite:
Uma empresária por conta própria anda a ver as montras e encontra um lindo vestido. Lembra-se de que seria perfeito numa festa onde ela espera impressionar potenciais clientes. Infelizmente, o vestido custa €3000 e a sua conta bancária está quase vazia. Pensa então: “Como poderia ganhar €3000 de forma a comprar o vestido?” Assim ela poderá ter excelentes ideias.
Critérios restritivos bloqueiam a livre criatividade. Deixe-os fora do desafio, mas use esses critérios mais tarde quando se tratar de avaliar ideias. Combinar dois ou mais desafios num só (“como podemos ganhar mais e trabalhar menos?”) tende a confundir os brainstormers e resulta em ideias que falham na resolução do problema. O melhor é dividir desa-
Mas a verdade é que o seu problema nada tem a ver com o vestido. O seu problema é que ela precisa de desenvolver novos negócios. Uma forma de o conseguir é arranjando novos clientes. Usando um vestido fenomenal num evento poderá ser uma forma de resolver o seu problema. Mas há muitas soluções – e muitas delas provavelmente custarão muito mais que um vestido de €3000, principalmente se ela não tiver muito dinheiro.
fios, tornando-os individuais e fazer um brainstorm para cada um deles. Comece pelo desafio mais importante. Desafios ambiguos como “preciso de dinheiro” não é muito claro e facilmente resulta em ideias que também não o são. Torne os seus desafios claros para toda a gente. Quando encontrar o seu desafio verá que é muito fácil ter ideias que o solucionem. Mas antes de começar com o brainstorming, há algumas
Pelo contrário, ela devia interrogar-se: “De que forma consigo angariar novos clientes para o meu negócio?” ou melhor ainda, “De que formas devo desenvolver mais negócios?”
coisas que precisa de ter em mente. Gerar ideias primeiro. Nada mais. Apenas depois de terminar de ter ideias deve pensar em revê-las e decidir quais implementar.
A última questão ou desafio pode levar a ideias como oferecer a clientes já existentes novos produtos ou serviços; aumentar os seus preços; pedir recomendações ou outras actividades que têm muito pouco a ver com novos vestidos e tudo a ver com desenvolver o seu negócio. Muitas pessoas são como a mulher da história anterior. Quando têm problemas imediatamente procuram soluções, dando na verdade pouca atenção ao problema em si. As pessoas criativas fazem melhor. Começam por examinar o problema e transformam-no num desafio criativo.
Quando tiver ideias, sozinho ou em grupo, proíba qualquer crítica. Mais, é essencial que tome nota de cada ideia, independentemente de parecer parva, absurda ou impossível. As ideias mais disparatadas por vezes são as mais criativas e muitas vezes as mais inspiradoras. Não pare na primeira boa ideia que surgir. Essa não é de todo a mais criativa – principalmente porque é quase sempre a mais óbvia. O melhor é ter muitas ideias e depois decidir quais delas escolher. Desta forma, o segredo para ter excelentes ideias é começar com um excelente desafio.
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A melhor forma de começar por transformar o seu problema num de-
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artigo Informação
A procura pela obra de arte fotográfica Texto por Vanessa Rodrigues - Conservadora / Restauradora
A Sotheby`s é a leiloeira mais antiga, fundada em 1674 e com um prestígio inquestionável, tem estado sempre presente na matéria de transacção das mais prestigiadas obras de arte nas suas várias vertentes: na escultura, pintura, desenho, gravuras e outras técnicas impressas, ourivesaria e joalharia, obras literárias, audiovisuais, arquitectura e claro na Fotografia.
Nos dias 21 e 22 de Junho, a Sotheby`s marcou uma etapa na História da Fotografia. Na cidade de Nova Iorque, levou a leilão uma colecção fotográfica, a maioria da segunda metade do século 20, com mais de 1.200 exemplares originais desses grandes Senhores da Fotografia – Ansel Adams, Chuck Close, Lucas Samaras, Robert Frank, William Wegma, Andy Warhol, David Levinthal, Robert David Hockney, Robert Mapplethorp, Dorothea Lange, entre outros. Mas há um detalhe que faz toda a diferença neste grande evento, na relação entre a grande leiloeira e os autores representativos do expoente máximo do mundo fotográfico há um outro ingrediente, a tecnologia utilizada: a POLAROID. A colecção fotográfica faz parte do espólio da Polaroid, marca da revolução tecnológica que deu “asas” aos mais arrojados e que permitiu a libertação do artista e da sua obra. Denise Bethel, directora do departamento de fotografia da Sotheby`s refere que “pela primeira vez na história oferecemos uma colecção a baseada numa tecnologia, e não num artista ou tema. Os materiais da Polaroid, nas mãos de inúmeros artistas que redefiniram a estética da segunda metade do século 20”. A venda da extraordinária colecção deve-se contudo, não à vontade do coleccionador mas sim há imposição da lei e do tribunal americano do Estado do Minnesota que condenou o empresário Tom Petters a 50 anos de prisão e a pagar uma indemnização que vai muito além do que aquilo que poderia suportar. Tom Petters foi um dos homens fortes da Polaroid Corporation e é devido ao seu gosto pela obra de arte fotográfica que se consegue reunir aquele que é já considerado o mais rico espólio fotográfico de sempre. Rico pela diversidade, pela temática, pelos autores e pela qualidade com que esta magnífica colecção se encontra
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conservada. Há um enorme cuidado de trabalho de conservação e preservação que permitiu a sobrevivência das imagens até aos nossos dias em excelente estado de conservação. O resultado superou todas as expectativas, houve procura para todos os autores e as obras magníficas do homem que registou a natureza tal como ela é, sem efeitos especiais ou artefactos adicionais, Ansel Adams (1902-1984), foi o fotógrafo mais solicitado com a venda de cerca de 400 obras. Pela primeira vez na história, um lote de obras fotográficas atingiram o valor máximo do leilão: $722.500 USD. Sobre o elemento que une todos estes artistas, pode acrescentar-se que a Polaroid Corporation foi fundada nos EUA em 1937 por Edwin H. Land mas tornou-se verdadeira e mundialmente conhecida em 1948, devido à invenção e consequente comercialização da primeira câmara fotográfica instantânea. Este tipo de equipamento foi um enorme sucesso, com imensa procura por parte de profissionais, amadores ou simples curiosos (talvez como aconteceu com as nossas câmaras digitais) e acabou por derrotar a “gigante”concorrente Kodak que em 1986, acabou por se afastar do mercado de câmaras instantâneas. A empresa ainda tentou manter-se no mercado mas, devido ao surgimento no mercado do revolucionário mundo digital, não conseguiu sobreviver e a Polaroid Corporation anunciou, no dia 9 de Fevereiro de 2008, o fim da produção da fotografia instantânea. Hoje restam os amantes da fotografia instantânea para continuar a divulgar e a mostrar ao mundo, as capacidades desta máquina como instrumento artístico.
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artigo Informação
Arte democratizada Artigo por Catarina Vilar/ Pesquisa por Raquel Vilhena
A arte não é elitista; o conceito de galeria reinventa-se e ultrapassa o espaço físico. Com a Artelection as obras de mais de 220 artistas nacionais e internacionais estão no mundo sem fronteiras: a internet. Se pensa que muitos precisam de ver a obra de perto antes de a comprar, engana-se. E se não resistir a um quadro mas as suas finanças estiverem em contenção, pode pagá-lo em prestações. Eis uma aposta vencedora e que em um ano já provou ser uma fórmula de sucesso. Esta galeria de arte on-line está disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, porque a vontade de investir numa obra ou o facto de bastar olhar para ela e se apaixonar – consoante a motivação da compra – pode acontecer a qualquer altura. Assim, pode tornar-se proprietário à distância de um clique. No projecto Artelection nada foi esquecido: há a possibilidade de se escolher de imediato no site a moldura mais indicada, e até simular como fica com o tom da parede lá de casa… A entrega é gratuita e se pagar a pronto há um desconto imediato de 20%. E não terá de se preocupar com o seu investimento, pois é oferecido um seguro durante 1 ano sobre todas as obras adquiridas. Todos os artistas são criteriosamente seleccionados, e entre os representados estão nomes como como Antonio Seguí, Arman, Bernard Rancillac, Erró, Ivan Messac, Jan Voss, Luis Feito, Peter Klasen, Carlos Farinha, Clara Martins, Cruzeiro Seixas, Gabriel Garcia, Inês Marcelo Curto, João Murillo, Mariana Gillot, Mendes de Almeida, Noronha da Costa, Paula Rego, Telmo Alcobia, entre tantos outros consagrados ou jovens artistas. Uma das grandes inovações desta galeria é o facto de oferecer uma diversidade de modalidades e planos de pagamento personalizados, podendo pagar a obra até 24 meses sem juros, mas as novidades não se ficam por aqui: também se pode fazer uma espécie de “conta poupança” para adquirir arte. Para quem quer investir, mas com tempo, inscreve-se como coleccionador e pode criar um fundo a partir de uma mensalidade mínima de 50 euros, que depois converte em obras de arte. O montante acumulado é descontado na compra ou convertido inteiramente numa obra, caso atinja o seu valor. Uma ideia tão eficaz quanto bem recebida por diversos coleccionadores, e com a particularidade de ir ao encontro de um nicho de mercado mais jovem, que assim pode fazer a sua colecção de arte sem preocupações.
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Ideias com arte Foi em Junho de 2009 que a Artelection chegou ao mercado, uma aposta inovadora como galeria de arte online, mas não só. O seu criador e director é António José Prates, que deu assim mais um passo numa vida dedicada ao mundo das artes. Recorde-se que foi em 1984 que inaugurou a Galeria de São Bento, e um ano depois chega o Centro Português de Serigrafia, dedicado à obra gráfica original. Inicia assim o percurso de democratização do mercado de arte. O ano de 1996 marca o aparecimento da Galeria António Prates e em Julho de 2007 abre a Fundação António Prates. Uma nota constante no seu percurso é o facto de já ter realizado exposições com alguns dos principais nomes da arte contemporânea nacional e internacional e de apostar cada vez mais em jovens artistas portugueses, defendendo que os jovens de hoje, serão os consagrados de amanhã. Agora quis, mais do que nunca tornar a arte acessível a todos, com obras originais a partir dos 150 euros. Nem só a internet é o palco desta galeria, também tem um espaço físico onde os coleccionadores se podem dirigir (na Rua dos Industriais, nº6, Lisboa), não só para adquirir arte como para uma tertúlia com diversos artistas. Um dos objectivos é que os artistas que representa tenham parcerias e sinergias com galerias de outros países, para que a arte circule livremente, proporcionando-lhes uma maior projecção e reconhecimento internacional. António Prates defende que o processo evolutivo de um artista é por vezes mais moroso, porque este se limita ao seu país, mas que assim que passa além fronteiras, tudo pode começar a acontecer. Como se já não faltassem novidades, porque nem todos aqueles que pensam investir são conhecedores, a Artelection proporciona ainda um serviço de consultoria, que elucida sobre artistas, investimentos, mercado, tudo o que envolve este mundo, que não é novo, mas foi assim reinventado.
ArtElection – www.artelection.com
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novos talentos
Design
António Freitas - Aka Kierlisbon Designer / Artista Gráfico (Lisboa) Idade: 28 anos Contactos: http://www.behance.net/Kierlisbon
kierlisboa@gmail.com
Nasceu em 1981 e é um designer e artista gráfico que vive e
designer. Estudou no IADE, em Lisboa, e um ano depois de ter-
trabalha em Lisboa. Grande parte do seu trabalho divide-se em
minar a sua formação académica em Design, em 2006, começou
duas áreas: Design de Paredes e Design para Motion. Começou
o seu percurso na Arqui300, onde ainda hoje trabalha. Enquanto
na arte do Graffiti em 1999 e foi este o início da sua caminhada
freelancer envolve-se em projectos de Motion, Fotografia, De-
pelo Design. Kier 1999 é o seu tag como writer (Graffiti), e Kier-
sign e Graffiti.
lisbon o pseudónimo de António Freitas desde 2006 enquanto
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01) Wall_Arqui300_OpenSpace Cliente / Arqui300 Localização / Lisboa Design Gráfico; Pintura. 02) Wall_We_Luv_NY Cliente / Ana Varão(Particular) Colaboração / Arquitecta Sofia Rivas Localização / Lisboa Design Gráfico; Pintura.
03) Experimenta Design Cliente / Experimenta Design (concurso) Colaboração / Nuno Alberto(Camera); Salvador Martinha(Actor) Localização / Lisboa Realização; Fotografia; Motion Design. 04) MixTape Cliente / Sic Radical Colaboração / Realizador Nuno Alberto Localização / Lisboa Descrição / Design Gráfico ; Motion Design.
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Design
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novos talentos
Pintura / Street Art
Pedro Matos Pintor / Street Artist (Lisboa) Idade: 21 anos Contactos: www.pedromatos.org
info@pedromatos.org
Pedro Matos nasceu em Santarém em 1989 e actualmente vive e
ais em galerias em Sydney, São Francisco, Londres, Los Angeles
trabalha em Lisboa. Começou a pintar aos 16 anos, tanto na rua
e na feiras Sydney Art Fair e Miami Basel. Actualmente é repre-
como no circuito internacional de galerias. Já expôs o seu tra-
sentado pela White Walls & The Shooting Gallery em São Fran-
balho nas ruas e galerias de Lisboa, Londres, Bristol, Zaragoza,
cisco, Art-el Gallery em Bristol e Thinkspace Gallery em Los
Roma, Barcelona, San Diego, São Francisco e Los Angeles. Os
Angeles. O Pedro é também co-director da Yellow Pants Gallery.
seus projectos futuros incluem exposições colectivas e individu-
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01) “Marlyn” Óleo, Acrílico e spray sobre tela. 100 x 100 cm - 2010.
04) “Therefore the King” Óleo, Acrílico e spray sobre tela. 100 x 80 cm - 2010.
02) “Nunca mais é sabado” Óleo, Acrílico e spray sobre tela. 100 x 80 cm - 2010.
05) “Sem título” Carvão sobre papel e spray em intervenção urbana. Santarém - 2009.
03) “Sem título” Carvão sobre papel em intervenção urbana Roma - 2009.
06) “How Many Rivers” Óleo, Acrílico e spray sobre tela 30 x 30 cm - 2010.
07) “Não tenho onde cair morto mas também sou filho de Deus” Óleo, Acrílico e spray sobre tela 30 x 30 cm - 2010.
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Pintura / Street Art
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novos talentos
Fotografia
Sérgio Santos Fotógrafo (Lisboa) Idade: 25 anos Contactos: www.sergiosantosphoto.com
www.boldcreativestudio.com
www.flashead.com
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Não se preocupe com as borbulhas ou com as imperfeições. Fla-
que o faz vestir a pele de Flashead, e a fotografia mais ligada à
shead apanhará o seu melhor ângulo no momento em que menos
moda, onde desempenha o papel de assistente de Mário Príncipe.
espera. Flashead é o alter-ego de Sérgio Santos, nascido e criado
Aqui é Sérgio Santos, fotógrafo e pós-produtor. As duas activi-
em Aveiro, com o percurso académico traçado em Coimbra (Co-
dades são simbióticas, um dom especial e muito investimento em
municação e Design Multimédia) e com a coragem de ter deci-
formações para actualização constante fazem de Sérgio Santos
dido que queria vingar neste mundo ao ir viver sozinho para a
um Flashead. Sempre atento, pronto a disparar no momento mais
capital. A sua actividade divide-se em dois segmentos principais:
oportuno. No seu site encontramos o resultado. A moda está sem-
a fotografia em festas nos locais mais in de diversão nocturna,
pre lá. Ver para crer.
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09 01) Filipa Oliveira - WSProject. 02) Ashley Sherril + Ana Filipa Parq Magazine. 03 - 04 ) Fania Bissing Neo2 Magazine.
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05) Patricia Zhu LeCool Mag. 06) Kateryna Savchenko Pure Magazine. 07 - 12) Flashead.
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tutorial Digital art
Do Pigmento ao Pixel Texto por Luis Lobato - luis.lobato@netvisao.pt
A Directarts Art inicia neste número um capítulo dedicado ao Multimédia, onde as artes e as tendências se misturam numa metáfora tecnológica. Numa época onde as técnicas se confundem com as funcionalidades, onde as tendências não têm de responder às necessidades, existe uma panóplia de áreas de intervenção no que respeita às tecnologias new media, a interactividade multi-toque e multi-superfície, a realidade aumentada e o “air flow”, o 3D com a estereoscopia: anaglifica, activa, passiva e a auto-estereoscopia, as “caves”, a holografia e a proto-holografia.
Alguns ainda de carácter experimental, mas que visa a curto espaço a
volvê-se um conceito e uma estética muito própria da autora das obras.
comercialização de produtos ou serviços para a interacção de e para os
Deu uso e um olhar de uma outra prespectiva das ciências envolvidas,
utilizadores, num meio de comunicação mais versátil, para uma repre-
numa representação muito própria e carismática. Desprendeu-se de pro-
sentação do real ou hiper-real. De uma forma análoga podemos afirmar
tagonismos, e comparações artisticas, ganhou o seu espaço e mérito
que a pintura está para a fotografia, assim como a escultura está para a
pelas suas obras.
holografia, que na minha análise será (é), o “next step” da comunicação vídeo, o futuro da emissão e visionamento “real 3D”. O mix das enge-
Elas vivem por si sem receios ou referências às pessoas envolvidas no
nharias e tecnologias, aplicado às ciências e às artes,
processo, saltam de mostra em mostra de festival em festival, gerado pelo interesse do ser diferente ver diferente, mostrar-se indiferente à
Numa tentativa de mostrar o que não é hábito se ver, abro esta janela
catalogação e rótulos da sociedade consumidora.
para um olhar mais atento para “a dualidade dos PP’s”. Tendo como objectivo inicial levar a pintura e a escultura para lá da tela, Em 2004 iniciei, a convite da artista plástica Anabela Costa*, uma série
transportar a cor e a forma para um novo conceito, utilizar o monitor, o
de filmes de imagem de síntese, onde se conjugam as técnicas de repre-
espaço de projecção, como uma janela onde a forma se mistura com a
sentação analógica com a plástica da irreverência digital.
geometria e a ciência dos dados, as coordenadas e valores volumétricos se diluem com subtileza em formas ricas de texturas coloridas. O outro
Deu-se início à adaptação da técnica às exigências do conceito artistico,
lado da representação digital, uma pintura inacabada, em progressão,
a uma abordagem muito para além da estética, onde as técnicas digi-
em constante mutação, em contraste com o rigor e rigidez formal a que
tais se fundiam com a necessidade da representação gráfica científica.
o digital tanto nos habituou. Esta é a observação interior da também
Despoletando o interesse da comunidade cientifica face à representação
fusão técnica e artística da equipa envolvida.
plástica da ciência, com uso de matérias orgânicas na base dos elementos gráficos criou-se uma estética elaborada e ao mesmo tempo
Passou-se como que por mero acaso, da mostra de peças concebidas
pseudo-formal.
por processos analógicos, com recurso a materiais orgânicos, para a representação dos mesmos em suporte digital, onde este tem um papel
A recolha de imagem real em laboratório, as experiências com misturas
fundamental na concepção e intervenção estética.
de materiais e a transformação digital deu campo para que se desen-
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04 01) 2008 - Vortex Room – 5´53” | animação - HDV Sinopse - “Vortex é um ensaio sobre o movimento. O que sobrou do movimento em animação? É ilusão? O movimento animado de todos é a sua poesia. Vortex Room é um caminho para uma estética e poética vertigem.” Créditos - Criação / Produção / Direcção: Anabela Costa # Edição / Fotografia: Anabela Costa # Música / Design Som: André Neto (YellowBobRecords.com) # Animação 3D / FX: António Santos, Anabela Costa # Camera: Alexandre Garrett, Ivone Aleixo, Ricardo Borges.
03 - 04) 2008 - LIQST_liquid state - 11’40’’ | animação - HDV Sinopse - Entre o estúdio do artista e o laboratório do cientista, enfrentamos dois mundos que se unem para um mesmo estado líquido. Esses mundos de pintura e de química são os que distante? As cores, as texturas do movimento dos mundos vai encher a tela num diálogo poético e estético. Créditos - Criação / Produção / Direcção: Anabela Costa # Edição / Fotografia / Pintura: Anabela Costa # Música / Sound Design: Inês Duarte # Animação 3D / FX: António dos Santos, Carla Nascimento, Anabela Costa # Camera: Alexandre Garrett, Ivone Aleixo e Ricardo Borges.
02) 2005 - NUMERUS - 21´35’’ | animação Sinopse - Viagem entre algarismos do 0 ao 9. Esta viagem torna-se um pretexto para uma abordagem de noções matemáticas, algébricas, geométricas, cosmo-lógicas. Entrecruzando conhecimento nas variadas áreas da ciência, ciências humanas mas também das religiões e da filosofia. Créditos - Criação / Produção / Realização: Anabela Costa # Animation / VisualFx / Edição de Som: Luís Lobato # Pós Produção: Anabela Costa, Luís Lobato # Sonoplastia: Inês Duarte, Luís Lobato, Alberto Rodrigues.
Sentiu-se a necessidade de apresentar as obras analógicas numa pla-
Onde a imagem aconchega o consciente, o peso do som estremece o
taforma tecnológica, onde a representação fosse em suporte digital e
corpo, onde o movimento preenche o vazio tornando-o num turbilhão
de grande formato, como que se a tela estivesse exposta num espaço
de sensações e emoções audiovisuais que agitam a mente.
virtual, com o intuito de quem assiste se sentisse parte daquele cosmo virtual.
Estas obras levam-nos numa viagem para lá da mensagem estética, para lá do campo da ciência dissimulada por componentes audiovisu-
É aqui que o pigmento mix’a com o pixel, o analógico com o digital,
ais. Abrem-se a um mundo virtual, “mundo possível” um espaço do
se tocam na simplicidade e complexidade da representação, quase me-
“imaginar” transformando o Imaginar num acto de liberdade.
ramente estética, num contexto de viagem, de abordagem aos sentidos.
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destaques A nova Coca-Cola Light A nova campanha de Karl Lagerfeld é para a Diet Coke, ou Coca-Cola Light. O estilista redesenhou a garrafa, incluindo a sua silhueta e uma carica cor-de-rosa. Também foi ele o responsável pelas imagens de promoção, protagonizadas pela manequim Coco Rocha. Uma edição limitada da garrafa de Lagerfeld, com um saca-caricas especial, é vendida por €64.
Xbox 360: menor e melhor A Microsoft já apresentou o seu mais recente modelo: Xbox 360. A edição Slim, com 250 GB de disco rígido, é mais leve, fina, silenciosa e tem compatibilidade total com o novo Kinect, o dispositivo que capta os movimentos do jogador. Já começou a ser vendida no mercado norteamericano, por $299.00 (€243,00).
Mac Mini, agora em versão monobloco Havia boatos de que veríamos uma versão actualizada do Mac Mini, e a Apple lançou algo além das expectativas. O Mini agora é monobloco (unibody), além de ter porta HDMI e entrada para cartão SD. O sistema operacional do Mac Snow Leopard também não foi esquecido. Tem uma performance gráfica melhorada em dose dupla, baixo consumo de energia e um preço mais em conta: $ 699.00 (cerca de € 572,00).
Design português na Communication Arts A revista Communication Arts dedicou especial atenção ao design de comunicação português na sua edição de Maio/Junho de 2010. Ao longo de dez páginas, Robert L. Peters escreve sobre o que de melhor se faz por cá. Nas suas visitas ao país conta que se foi apercebendo da crescente importância e qualidade nesta área. E nestas páginas não falta a bandeira nacional, um pouco de história do país e da evolução do design, assim como exemplos do bom design de comunicação, onde não são poupados elogios aos artistas. Entre eles, destaque para trabalhos de Mário Belém, Gonçalo Cabral ou Diogo Potes. E o artigo termina com uma nota de reflexão para o papel da nova geração de designers. Mais uma prova de que o nosso talento se faz notar.
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Jorge Colombo Traz todo um novo significado à pintura com as mãos.
Se vir este português pelas ruas de Nova Iorque a mexer no seu iPhone,
Recorrendo à aplicação Brushes, uma das milhares disponíveis para o
pensará que ele está a mandar uma mensagem a um amigo ou um mail
iPhone e o iPod Touch, ele pintou digitalmente dezenas de perspectivas
à mulher.
icónicas de Nova Iorque, incluindo a Grand Central Terminal, delica-
Mas se chegar um pouco mais perto verá outra coisa.
tessens clássicas da cidade e o Empire State Building.
Ruas apinhadas. Silhuetas graciosas. Arranha-céus nova-iorquinos a
Os seus desenhos alcançaram um local cobiçado por artistas de Nova
romper as nuvens.
Iorque e pelo mundo fora: a capa da revista The New Yorker.
Tudo isto captado através de um dedo a dançar pelo visor de um iPhone.
Jorge Colombo foi entrevistado no segundo número da Directarts.
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Próxima Edição Outono
Portfólios, artigos, novos talentos e muito mais... A não perder, tudo o que espera da directarts... Especial Segundo Aniversário
Nestes ultimos dois anos sentimos que conseguimos oferecer aos nossos leitores uma publicação prestigiada onde apresentamos os mais variados talentos. Na proxima edição de Outubro da Directarts, vamos celebrar o nosso segundo aniversário mostrando mais talentos mas também ampliando o nosso conteudo editorial. Pretendemos abranger uma maior variedade nas artes e parece-nos que os nossos leitores pretendem o mesmo. Assim vamos dar as boas vindas a arquitectura, televisão, moda entre outros topicos que pretendemos apresentar e explorar no mundo das artes. Temos a certeza que os nossos leitores vão achar a proxima Directarts ainda mais excitante. Aguarde pacientemente enquanto nos preparamos para lhe colocar o Mundo das Artes a seus pés...
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