Revista Piapuru

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Revista do Programa de Iniciação Artística – PIÁ

Trajetórias Poéticas

1ª edição/2013

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Uma publicação do Programa de Iniciação Artística - PIÁ Projeto da Secretaria Municipal de Cultura em parceria com a Secretaria Municipal de Educação Ano 1 - número 1 São Paulo, Novembro de 2013

A arte do pássaro Piapuru foi criada por Adriano Castelo Branco

Tiragem - 3 mil Impressão Esta revista foi impressa no papel Off Set 90g nas fontes Akzidenz-Grotesk, DaisyWheel e Times New Roman Formato 25 cm x 33 cm 72 páginas Gráfica Serrano Programa de Iniciação Artística - PIÁ Av. São João, 473 - 6ºandar 01035-000 - São Paulo - SP Tel. 11 33970166 / 11 33970167 pia@prefeitura.sp.gov.br www.cultura.prefeitura.sp.gov.br

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PIAPURU: Substantivo abstrato; Pássaro imaginário que transmuta constantemente seus timbres, cores e formas. Com seu canto, o PIAPURU espalha boas novas e carrega em seu bico sementes raras da flora poética infantil. Possui o dom de não deixar-se engaiolar e seu gorjeio sutil pode ser percebido cada vez que uma ou mais crianças brincam em estado de rito. Reparando bem, o PIAPURU está em tudo que é lugar. Por Fabiana Prado – Coordenadora/AE do PIÁ


piapuru Revista do Programa de Iniciação Artística – PIÁ Prefeitura de São Paulo Fernando Haddad

Secretaria Municipal de Cultura Secretário João Luiz Silva Ferreira - Juca Ferreira Secretário Adjunto Alfredo Manevy Chefe de Gabinete Rodrigo Savazoni

Departamento de Expansão Cultural

Protocolo Reinilda Maria Mamédio

Diretor Rodrigo Marx Matias Cardoso

Divisão de Formação

Assistência Técnica Branca Lopez Ruiz Maria Rosa Coentro Assistência Jurídica Silvia Gomes da Rocha di Blasi Divisão Administrativa Marcelo Rugério Bianchi

Diretor Amilcar Ferraz Farina Coordenador Administrativo Ilton Toshiaki Hanashiro Yogi Equipe Gilmar China Kane Bueno de Souza Leite Mercedes Cristina Rocha Sandoval Beatriz Salles Lima Isabella de Souza Rodrigues

Coordenação de Assessoria Técnica Guilherme Varella

Divisão de Formação Amilcar Ferraz Farina

Assessor Especial João Brant

Divisão de Produção Sulla Andreato

Secretário Antonio Cesar Russi Callegari

Assessores Airton Marangon Aurélio Nascimento Eduardo Sena Fabio Maleronka Ferron Karen Cunha Thais Ruiz

Divisão de Programação Rafael Nascimento da Cunha

Assessora Especial Marta de Betânia Juliano

Núcleo de Contratação de Natureza Artística Giovanna de Oliveira Gobbo

Assistente Técnico de Educação Daniela do Nascimento Rodrigues

Coordenador de Políticas Culturais Ricardo Musse Assistente Patricia de Sales Veiga Sanches Assessoria jurídica Thomas Américo de Almeida Rossi Assessoria de Comunicação Giovanna Longo

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Contabilidade Cláudio da Silva Martins Compras Fabio Eneas Magri Departamento Pessoal Luiz Peres Informática Lorelei Gabriela Castro Lourenço Manutenção Cid Carlos de Souza

Secretaria Municipal de Educação

Comissão Editorial e Curadoria de Imagens Bruno César Tomaz Lopes Isabelle Benard Karin Virginia Rodrigues Giglio Ricardo Dutra Projeto Gráfico Editora Mínimas Maria Lutterbach Odilon Queiroz Revisão Suzanna Ferreira


Índice 1. Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira – Editorial

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Bruno César Lopes, Isabelle Benard, Karin Virginia Giglio e Ricardo Dutra - Equipe de Coordenação Regional

2. Apresentação da Secretaria Municipal de Cultura Horizontes em processo

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Juca Ferreira

A Vocação da Formação: Por uma Política Municipal de Formação e Iniciação Artística e Cultural

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Mica Farina

Respeitável Público, bem vindos à EMIA

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Andréia Marques Carvalho, Cintia Zanco, Francisco Luiz Carvalho, Liseti Bonamin, Márcia Maddaloni e Mônica Olivetti

3. Trajetória do PIÁ – Programa de Iniciação Artística Bruno César Lopes, Isabelle Benard, Karin Virginia Giglio e Ricardo Dutra

No descomeço era o verbo – Histórico Desexplicar, pois escurecer acende os vaga-lumes O que é o PIÁ? O maior apetite do homem é desejar ser - Objetivos Amor aos despropósitos - Princípios do PIÁ Pelo encantamento que a coisa produz em nós Poética Pedagógica Aqui a gente gira - Formação Continuada Água que escorre entre pedras – Ação Cultural

Pôster Ludocidade Bruno César Tomaz Lopes, Isabelle Benard, Karin Virginia, Rodrigues Giglio e Ricardo Dutra 4

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4. Percursos Poéticos do PIÁ

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A aranha a piá...

Territórios do Sul Pensamentos sobre o corpo e suas possibilidades expressivas

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PIÁ Circense CEU Três Pontes - Daniel Freitas, Kelly Santos, Recy Freire e Rogerio Amorim

Sementebotãoflorimaginação 28

CEU Guarapiranga - Carolina Chmielewski, Fábio Pupo, Lia Mandelsberg e Luis Vitor Maia

Nuvens no Ceu: Ocupação Crítico-poética

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Encantamento das ideias mirabolantes

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Primeiros Passos

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No centro da roda tinha um “si viver”

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Biblioteca Padre Anchieta - Cristiane Madeira, Eduardo Bartolomeu, Inajá Tetembua e Silvani Maria da Silva

CEU Jardim Paulistano - Adriana Aragão, Ayune Namur, Barbara Freitas e Laura Salvatore

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Territórios do Centro 38

CEU Sapopemba - Alexandre Mandu, Bruna Rodella Soares, Janete Menezes Rodrigues e Marcia Gonzaga de Jesus Freire

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Jornal do PIÁ

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CEU Quinta do Sol - Andrea Rocha, Bia Campos, Jacqueline Oshima e Samara Costa

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Biblioteca Narbal Fontes - Daniela Alves, Liliana Olivan, Ruy Borba e Verônica Pereira

Centro Cultural da Penha - Dodi Leal e Guilherme Almeida

5. Outros olhares sobre o PIÁ

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Biblioteca Érico Veríssimo - Ana Maria Sacramento, Beatriz Aranha Coelho, Luci Savassa e Val Lima

Biblioteca Hans Christian Andersen - Antonio Siqueira, Henrique Ávilla, Juliana Rosa e Telmo Rocha

A metáfora da borracha

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Biblioteca Álvares de Azevedo - Cintia Harumi, Adriano Castelo Branco, Eliane Weinfurter e Zina Filler

Territórios do Leste I

OITP - Ordem Investigativa das Tampinhas Plásticas

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Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes Renata Casemiro e Solange Moreno

Sobre nascimento e fantasias

Tudo aquilo que me habita

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Territórios do Norte

CEU Pq. Bristol - Ana Paula Moreira, Leonardo Cunha, Robson Ferraz e Rodrigo Munhoz

Quatro por Quatro

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CEU São Mateus - Fafi Prado, Jônatas Barbosa, Robertha Mano e Silvana de Jesus

CEU Cantos do Amanhecer - Camila Duarte, Carmem Soares, Maria Cecília Amaral e Júlio Machado

Ilha da Vila Piá Guarapiranga

CEU Lajeado - Andressa Francelino, Cléia Plácido, Fabiana Ribeiro e Suzana Akemi

Para jogar com o PIÁ

Biblioteca Marcos Rey - Ana André, Ana Cristina Anjos, Priscilla Vilas Boas e Rose de Oliveira

Pesquisa e ação: primeiros contornos sobre os caminhos percorridos

Territórios do Leste II

Um pouco do PIÁ da Monteiro Lobato

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Biblioteca Monteiro Lobato - Elizabeth Belisário, Simone Lima, Suzana Schmidt e Vanessa Biffon

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6. Programas Artísticos da Divisão de Formação

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Laura Sobenes

Editorial 6

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Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira Bruno César Lopes, Isabelle Benard, Karin Virginia Giglio e Ricardo Dutra - Equipe de Coordenação Artístico-pedagógica Regional

Após cinco anos de existência, o Programa de Iniciação Artística ganha sua própria Revista. O que representa o início de um espaço para refletirmos sobre nossas práticas, expor nossas pesquisas, traçar paralelos com o dia a dia junto as crianças e materializar nossa história. Foi com imenso prazer, alegria e muito trabalho que elaboramos cada página e cada palavra dessa primeira edição. Buscamos fazer de nossa revista um material que abarcasse um conteúdo para pesquisadores da infância, da arte e da educação, mas sobretudo, que pudesse também ser voltada para os pais, as mães e todos os familiares, que levam e trazem nossas crianças-piás1 uma vez por semana; para as comunidades periféricas da cidade de São Paulo, e, também, para os coordenadores de equipamentos (CEU’s, Bibliotecas e Centros Culturais). Nesse sentido, essa revista obteve como conteúdo o que chamamos entre nós de Material Difusor, uma série de textos que relata o histórico do PIÁ, os objetivos, a estrutura de funcionamento, os princípios, a poética pedagógica, a formação continuada e nosso conceito de ação cultural. Por isso, entendemos esta Revista não apenas como uma oportunidade de reflexão, mas também de difusão do Programa, que tem como vontade e horizonte uma ampliação cada vez mais arraigada nas bordas de nossa cidade. Além disso, nesta primeira edição proporcionamos um espaço para que cada equipe pudesse representar de alguma maneira a pesquisa que está sendo realizada na comunidade e no equipamento em que atuam.

Piás – Do tupi pyã (coração). Forma utilizada pelas mães para chamarem carinhosamente seus filhos. Comum nos linguajares para7 e gaúcho piapuru2013 naense para identificar criança do sexo masculino.

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Assim, cada uma das 18 equipes elaborou uma forma de expor seus processos e inquietações. Cada grupo escolheu a melhor maneira de representar forma e conteúdo nestas páginas. A seguir, é possível acompanhar textos, artigos, frases, imagens, poesias e colagens de quatro regiões da cidade: Zona Sul, Zona Leste, Zona Norte e Centro. Podemos dizer que a linha poética que une a todos é a própria experiência de PIÁ nos equipamentos. Nesse sentido, tais processos criativos, tão autônomos e cheios de características próprias, ao serem colocados lado a lado, formam a “cara” e o corpo deste Programa. O olhar para a diversidade de expressão que por si só revela o jeito como escolhemos apresentar o PIÁ. Ainda nessa visão, não poderíamos deixar de escrever sobre a capa dessa revista, onde apresentamos uma colagem com as fotos de infância de todos os “fazedores” desse Programa: os artistas-educadores. Essa foi a maneira como buscamos presentear os leitores, expondo um pouquinho de nossas memórias quando criança, numa brincadeira que permeou uma investigação de cada um para revelar que os adultos, inclusive nós artistas-educadores, temos e já tivemos um pouco de piá em nós. Por fim, esperamos que esta seja a primeira de uma série de Revistas. Que ao longo dos anos possamos aperfeiçoar cada vez mais a feitura de nossa publicação, sem nunca perder a capacidade de se renovar e de se colocar em questão. Vida longa a Revista do PIÁ. Boa aventura!


Luís Vitor Maia

Apresentação da Secretaria Municipal de Cultura 8

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Horizontes em processo Juca Ferreira

O desejo de instaurar um “novo tempo” para a política pública e cultural da cidade de São Paulo impulsiona a Secretaria Municipal de Cultura a fortalecer e consolidar os seus programas de formação e iniciação artística. Por meio do pensamento de articulação, compartilhamento, difusão e descentralização cultural, amplia-se a oportunidade de reflexão e produção de conhecimento nas diferentes linguagens artísticas em todas as regiões da cidade. Os programas artístico-pedagógicos da Divisão de Formação Artística e Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, o Vocacional, o Aldeias e o Programa de Iniciação Artística (PIÁ), que lançam neste ano de 2013 suas publicações, apresentam números consistentes. O Programa Vocacional está presente hoje em 74 equipamentos públicos espalhados por toda a cidade, com 179 artistas contratados, atendendo mensalmente cerca de 3700 jovens e adultos. O Programa Aldeias consolida-se num processo de emancipação iniciado com o Projeto Vocacional Aldeias. Atualmente este projeto abrange 4 aldeias Guarani, com 10 artistas contratados, sendo 4 deles provenientes das comunidades indígenas atendidas. O PIÁ integra 18 equipamentos, com 72 artistas contratados, atendendo mensalmente cerca de 1700 crianças de 5 a 14 anos. Em 2013 foram investidos pela Secretaria Municipal de Cultura cerca de R$ 3 milhões nestes programas que recebem também investimentos da Secretaria Municipal de Educação numa parceria celebrada pelos seus resultados.

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Para os próximos anos queremos promover a ampliação da área de Formação e Iniciação Artística e Cultural, num processo constante de valorização dos artistas, qualificação do atendimento à população e democratização do acesso aos programas. O fortalecimento dos programas de formação traz também a oportunidade de reflexão e irradiação da pedagogia artística de cada Programa que, para além de suas especificidades, baseia-se na descoberta dos processos criativos como veículos potentes de reflexão crítica, de aprendizado e de liberdade. Por meio da iniciação artística contínua e diversa, em que os processos criativos e as experiências artísticas configuram os meios e os fins, amplia-se o direito coletivo à participação, ao pertencimento e à apropriação dos bens culturais das comunidades e da cidade. Desta forma, é com imenso prazer que lançamos a 3ª edição da revista VOCARE e a 1ª edição da revista PIAPURU. Estas publicações vêm com o intenso sabor da experiência artística, com o propósito de aproximar um pouco mais o público do que é a complexidade do trabalho artístico, educativo e poético desenvolvido nos programas e reunindo esforços e disposição para compartilhar saberes, viabilizar e fomentar as diferentes manifestações artísticas coletivas dos mais diversos atores sociais. Com estes valores e diretrizes buscamos a construção de uma cidade democrática, expressiva e simbólica para o desenvolvimento dos cidadãos, desde a infância, como real possibilidade de desenvolvimento da autonomia e cidadania cultural.


A Vocação da Formação: Por uma Política Municipal de Formação e Iniciação Artística e Cultural Mica Farina

Inicio desta forma, como jogo-desafio: instrumentalizar-se na emancipação, emancipar-se na instrumentalização. Uma hipótese de conciliação utópica entre duas tensões, por meio da experiência artística e a partir de necessidades e vocações, corpóreas e anímicas, prosaicas e poéticas. Como iniciar-se artisticamente a cada dia nos infinitos ritos de passagem de uma vida? Como assegurar liberdade de ideias, sentimentos, pensamentos num espaço comum? Apologia de uma formação artística e cultural desejada. Uma formação de vocação e iniciação, do chamado individual e do instante poético. Nesta cidade continental, de longas distâncias em espaços estreitos e restritos, de um caos asfaltado, carecemos de dar formas mais significativas as nossas existências comprimidas num “sinal fechado”. Quem sabe se escutarmos uma outra canção, o canto de um pássaro imaginário ou um outro verso deste mesmo Paulinho - “uma pausa de mil compassos para ver as meninas”. O conceito de formação cultural, amplamente e longamente refletido na tradição do pensamento ocidental, na dimensão ético-estética da sua origem grega no conceito de paideia, ao conceito emancipatório de Bildung, desdobra-se em novos sentidos no contexto da sociedade líquida, fragmentada e especializada, aquela mesma da informação e do conhecimento. A transformação do significado do trabalho, a nova função do saber, a disfunção das instituições de formação e os processos de individualização são exemplos de paradigmas atuais desta nova complexidade. Esta condição torna tarefa constante a ressignificação das identidades e diferenças das culturas de formação. Combalidos por um histórico de colonizações, dominações, formatações e de uma dinâmica de padronização e condicionamento do pensamento, em sua errância, os processos formadores, educativos e culturais tiveram seu caráter libertador deturpados e evanescidos pelo fetiche e a ilusão da informação para a distração, conformando os modos de convivência modernos. A formação no longo curso da vida, preconizada neste século pela UNESCO, e dentro deste mesmo arcabouço, o conceito de formação biográfica que compreende, para além das suas formas institucionalizadas, a complexidade de experiências vividas

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cotidianamente e seus episódios de crise e transição, incita os governos ao desenvolvimento de políticas públicas de formação integradas e transversais. Nesta reformulação conceitual, a perlaboração individual, as condições objetivas de criação de significados e os diversos contextos de aprendizagem são valorizados problematizando o esquema de vida urbano composto pela linearidade das fases de preparação, atividade e repouso. Este esquema orientou o crescimento econômico de inúmeras cidades durante, pelo menos, dois séculos, dedicados a um ideal de sociedade do trabalho. Esta perspectiva rotulou e postulou a experiência cultural, o ócio e o lazer, no plano individual e coletivo, como supérfluos e inoportunos, reduzindo consideravelmente a experiência criativa individual e a simbiose das relações sociais. A cidadania cultural, no seu âmbito artístico e do devir poético, enraíza a existência pulsante do processo criativo, numa formação processual que busca romper com as dimensões temporais pré-determinadas por esta lógica estreita e massivamente repercutida. É na experiência artística também que se configura a essência da capacidade autopoiética pretendida pela formação biográfica, dando oportunidade ao indivíduo de atribuir um sentido à sua história de vida e a conduta de sua ação. O Estado, como ente político supremo, na sua Constituição e outras normas, busca, como no caso brasileiro, instrumentos de garantia e promoção dos direitos culturais à diversidade, fruição, criação e memória cultural, atualizados pela visão tripartite e plural da política cultural, na sua dimensão simbólica, cidadã e econômica. Uma política de formação e iniciação artística e cultural, em sua plenitude, deve então, assumir as exigências sociais e culturais contemporâneas, reconhecidas na promoção de diferentes modos de convívio, numa cidade inclusiva que contemple a vida de seus habitantes e visitantes. Desejamos com as iniciativas duradouras impressas e expressas nestas folhas, “no longo curso da vida”, e com a grandeza da experiência dos artistas: vocacionados, piás, indígenas, crianças, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres, celebrar e fortalecer a formação de uma cidade de artes – uma artisticidade.


Laura Sobenes

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Sylvia Masini

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Respeitável Público, bem vindos à EMIA Andréia Marques Carvalho, Cintia Zanco, Francisco Luiz Carvalho, Liseti Bonamin, Márcia Maddaloni e Mônica Olivetti

A EMIA, Escola Municipal de Iniciação Artística, tem a honra de compartilhar um pouco do que somos. Em sua breve existência de 33 anos, enfrentamos o desafio da Iniciação Artística, tornamo-nos precursores em uma metodologia que integra quatro linguagens: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro. As infâncias habitam nossa escola a partir dos cinco anos e seguem até os doze anos quando nos despedimos já na intensa juventude. Esse percurso de oito anos segue marcas, momentos, melodias, poesias, olhares, cheiros, histórias, narrativas coletivas e individuais que se registram no imaginário de cada criança. Confiamos que deixamos mais do que um querer ser artista e uma iniciação artística, afirmamos em cada jovem a existência de pensamentos mais sensíveis, criativos, generosos, despojados, curiosos e solidários, promovendo a formação de um público consistente e participativo. A EMIA prioriza que seus artistas/professores sempre trabalhem em duplas e/ou quartetos nos quais as linguagens artísticas se encontram, complementam-se, ganham potência criativa e força artística,uma vez que são protagonizadas por artistas/professores, crianças e suas famílias. A beleza de nossos encontros tem como cenário principal o Parque Público Lina e Paulo Raia. Habitamos três casas preservadas desde a década de 40, duas delas a antiga CINEMATECA. Com uma demanda de mais de 2000 vagas, organizamos nosso atendimento em turmas do Curso Regular: com 05 (cinco), 06 (seis) ou 07 (sete) anos, a criança entra em contato com duas linguagens artísticas aleatórias, tendo dois professores de áreas diferentes concomitantemente até os 08 (oito) anos, uma vez por semana no contra turno da escola regular. Aos 09 (nove) e 10 (dez) anos, ela vivencia as experiências de trabalhar sob a orientação de quatro professores, um de cada linguagem. Aos 11 (onze) e 12 (doze) anos, os alunos optam por um curso em uma linguagem específica, concluindo seu percurso na escola. Contamos ainda com os Cursos Optativos: paralelos ao Curso Regular, têm como objetivo levar o aluno a aprofundar seu conhecimento em uma determinada linguagem artística de sua escolha. Neste curso, a criança tem a possibilidade de freqüentar aulas específicas de Artes Visuais, Dança, Música e Teatro em dia diferenciado do curso regular. Com o intuito de ampliar, diversificar e aprofundar os conteúdos do currículo básico, a EMIA oferece Oficinas complementares a alunos(as), ex-alunos(as) e comunidade.

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Nosso universo artístico é composto por: Orquestra, Danças contemporâneas e populares, Oficina Multimídia, Bandas, Corais, Grupos de Cordas Coletivas, Baião de Pífaros, Ateliê Artístico com diferentes técnicas, Teatro clássico (grego), commedia dell art (italiano, de rua e com máscaras), de revista (Brasil), teatro de formas animadas (bonecos e sombras), teatro de rua, teatro de arena, teatro de palco italiano, teatro de mamulengo (bonecos nordestinos) de improviso e constituído como grupos. Para que todos possam se conhecer e permear outros fazeres, a EMIA organiza eventos internos e externos, que são acontecimentos, visitas e imersões artísticas que visam sempre a provocar reflexões de nossas crianças. Alguns exemplos são: Super Semana, que acontece sempre no segundo semestre de todos os anos, a EMIA promove uma exposição de processos de sala de aula para outras turmas da escola. A integração amplia seus fazeres e compartilha com outros da escola suas experiências. Também no segundo semestre acontece a Mostra de Instrumentos, promovendo uma exposição de instrumentos durante uma semana inteira de aula. Como contamos com mais de um Coral são realizados anualmente dois encontros entre eles. O Encontro Criança Criando Dança foi criado e é dedicado somente às crianças, que passam o dia juntas e realizam atividades de integração por meio de vivências e jogos corporais, criados e dirigidos pela área de Dança da EMIA. Este Evento conta com a participação de outras Instituições de ensino da dança, no qual o trabalho desenvolvido tem filosofias semelhantes à da EMIA. Contamos ainda com a EMIAGaleria, espaço de artes visuais que apresenta durante todo o ano exposições de obras dos alunos, professores e convidados. Dessa forma, nós fazemos presente com um passado constituído a partir de olhares curiosos, desafiando condutas e fazeres, existindo empolgados como desbravadores de certa iniciação artística. Quem somos? “Emianos”, em busca de um futuro inspirador. Deixamos aqui o agradecimento com uma leitura de nós. Aguardamos sua presença para contemplar e constatar nosso espetáculo, nossas experiências. Respeitável público, sejam sempre BEM VINDOS à EMIA.


Ricardo Dutra

Trajetória do PIÁ -

Programa de Iniciação Artística 14

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No descomeço era o verbo - Histórico Bruno César Lopes, Isabelle Benard, Karin Virginia Giglio e Ricardo Dutra

O PIÁ - Programa de Iniciação Artística – é um programa da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, cuja proposta artístico-pedagógica se destina a iniciar e a despertar o interesse das crianças e adolescentes pelas linguagens artísticas: artes visuais, dança, música e teatro. Neste programa trabalhamos com interlinguagem promovendo experiências artísticas com foco na criança e no desenvolvimento de seus processos criativos.

3. A coordenação pedagógica regional auxilia e preserva uma visão ampla da atuação das equipes do PIÁ, exercendo o papel de orientador-provocador de pesquisas e estudos a fim de proporcionar uma experiência formativa que atravesse os processos artístico-pedagógicos de toda a equipe, além de intermediar as várias relações entre as equipes e a coordenação geral do programa.

Inspirado na experiência da EMIA (Escola Municipal de Iniciação Artística), no segundo semestre de 2008, o programa surge da parceria entre as secretarias municipais de cultura e educação. Atualmente está em vários espaços públicos da cidade, entre eles: bibliotecas municipais, CEU’s (Centros de Educação Unificados) e centros culturais. A cada ano ampliamos nossa atuação dentro da cidade e hoje ocupamos 18 equipamentos. Nosso trabalho é construído a partir de encontros semanais com duração de três horas, junto a turmas de crianças entre cinco e catorze anos, que se dividem por faixa-etária, nos quais dois artistas-educadores de linguagens distintas desenvolvem processos criativos coletivamente.

Nossa proposta artístico-pedagógica visa a criação de procedimentos próprios em constante diálogo com as diversas realidades das crianças. A iniciação artística no PIÁ é resultado das trocas de experiências entre os artistas-educadores, as crianças, a comunidade e seu entorno. Pretendemos preservar o caráter dinâmico do processo artístico, para o “vir a ser”, favorecendo cidadãos que tem em si o sentimento de potência criativa, expressiva e crítica na fruição ou no próprio fazer arte.

A estrutura de funcionamento do PIÁ articula-se diretamente com seus objetivos e princípios, portanto prevê constante reflexão, avaliação e diálogo, cuja flexibilidade é fator que garante a potência de nossa complexidade. Atualmente temos como estrutura de ação e organização a seguinte forma: 1. Cada equipamento possui uma equipe de quatro artistas-educadores (AE’s) de linguagens distintas que em duplas estão em diálogo direto com as turmas de crianças, iniciando e instigando a criação de processos criativos em arte. 2. Dentro de cada equipe há um artista que atua também como coordenador/AE, pois conhece e partilha das necessidades, conquistas e questionamentos dos AEs e das crianças. Sua função é oferecer suporte pedagógico nas questões ligadas ao gerenciamento e administração do projeto no equipamento em que atua, fazendo interface direta com a equipe de coordenação pedagógica regional.

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Em 2010 criamos a Carta de Princípios do PIÁ, fruto do pensamento coletivo das equipes. Ela norteia e estimula a atuação e a conduta dentro do programa em suas relações com a criança, pais, parceiros, artistas-educadores e comunidade. Os princípios são: iniciação, ludicidade, interlinguagem, processo criativo, tempo de experimentar, diálogo, ritmo do encontro e pertencimento. A coordenação pedagógica regional estabeleceu desde a edição de 2012 os seguintes eixos artístico-pedagógicos: - Poética Pedagógica – Reflexão, ampliação e aprofundamento da Carta de Princípios. - Ação Cultural - Instauração de processos criativos no campo da arte e da cultura. - Formação Continuada - Ações que possibilitam a continuidade do programa por meio da reflexão constante acerca de suas práticas.


Desexplicar, pois escurecer acende os vaga-lumes O que é o PIÁ?

O maior apetite do homem é desejar ser Objetivos

O embasamento da pedagogia no PIÁ surge além do conhecimento científico e da prática artístico-educativa de todas as pessoas relacionadas com o Programa. Isto se mostra fundamental e nasce das constantes trocas e experiências transdisciplinares. O desejo principal do PIÁ é propiciar espaços-laboratórios para a criação através da brincadeira e ludicidade, abrindo possibilidades de expressão artística, oferecendo e inventando recursos. Como num quintal onde as crianças criam cenários invisíveis, histórias de faz-de-conta, personagens e se utilizam de materiais representativos para dizer algo. As atividades e outros espaços poderão transformar-se neste cenário ou apenas o espaço onde tudo será recriado. Assim os recursos não se tornam a ação central, mas sim a representação do imaginário. O importante são as inspirações, a escuta e o espaço do possível, onde as linguagens artísticas se misturam de maneira cuidadosa e orgânica.

Iniciar-se na arte, o que seria? O começo das coisas parece ser um ponto bastante importante na trajetória que irá se seguir. Portanto, iniciar algo ou em algo, determinará alguns caminhos possíveis. Em se tratando de crianças e do trabalho com a arte, o PIÁ ao longo do tempo conseguiu delinear mais claramente alguns pontos determinantes.

“Vestidos com suas capas de invisibilidade, as crianças percorrem o espaço da biblioteca. Com a certeza de que não foram notadas pelos funcionários, chegam ao jardim. – ‘Ufa! Chegamos na floresta’!”. 1

No PIÁ o principal objetivo é redescobrir um modo de ser e estar perante a atividade lúdica (potencialmente criativa) das crianças na criação de uma ação poética para o brincar, considerando-o e delineando o espaço do sonho e da fantasia. O desejo é descobrir com as crianças e adolescentes a dimensão poética do conhecer, vivenciar esteticamente os encontros e os afetos, trabalhar juntos a sensibilidade, criatividade e singularidade das relações que criamos com o mundo.

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O trabalho com a arte possibilita à criança criar compreensões diversas do mundo, assimilando-o a partir do próprio ponto de vista. Com a arte é possível transformar essa realidade no imaginário da criança, recriando o que ela vê e sente, aguçando sua criatividade e sentidos. A experiência artística estimula a criança fazendo-a crescer em autonomia e por meio da ludicidade apreende diversas noções de interação com o seu mundo. Na experiência artística a criança amplia sua percepção desenvolvendo sensibilidade e senso estético, podendo desfrutar, apreciar, pensar e produzir arte. Ela está inteira na sua própria subjetividade, tornando-a, de forma orgânica, seu instrumento de criação. No PIÁ acreditamos no potencial da arte de educar por ela mesma, no sentido da educação refletir e resignificar o reconhecimento de si e da vida no mundo. Nele cria-se um espaço favorável para o desenvolvimento e expressão do imaginário da criança. Cria-se também um tempo próprio que se dilata na medida de cada um, de cada processo e experiência artística e que assim, pode não apenas ser ensinado, mas principalmente experienciado, percebido e reverberado de forma ampla e significativa. “Eu sou a Raquel e participo do PIÁ. Nunca fui ao mar, mas aqui eu conheço baleias, golfinhos e peixes, entro em florestas escuras. Aqui a gente faz coisas que ninguém no mundo faz”.2


Amor aos despropósitos Princípios do PIÁ

- Iniciação: por meio da experiência artística estimula-se de forma singular a descoberta da criança em sua potência criativa e sua livre expressão. Promover experiências estéticas de forma a reconhecer e ressignificar os processos, a criação dos seus modos de vida no mundo, inscrevendo na memória dos corpos o encantamento possível da arte. - Ludicidade: o brincar é a cultura da criança, um lugar sem fronteira, uma forma legítima e inata de se relacionar, de “ser e estar”. A brincadeira, em sua espontaneidade, articula os relacionamentos e possibilita a significação e apreensão do mundo, criando um território de experiências simbólicas e poéticas, onde a criança desenvolve de forma ampla e vigorosa, a ideia de processo, criação e diálogo. - Interlinguagem: experienciar a arte de forma ampla, integral e múltipla, apontando e possibilitando novos caminhos de fruição e criação artística dentro da nossa contemporaneidade. - Processo criativo: instaurar coletivamente processos capazes de instigar a pesquisa e a experiência criativa em arte, dentro de um espaço e tempo que permite ser em si o principal fim e objetivo. Como um modo de conceber e entender arte que é processo, possibilidade e reflexão intrínseca do cotidiano. - Tempo do experimentar: a necessidade de criar um fluxo de tempo-espaço do experimento que se dilata na proporção da criança. Fazer-se presente para que a experiência do criar seja livre e plena em possibilidades, permitindo os constantes desdobramentos e novos significados. - Diálogo: desenvolver um espaço de circulação e inter-relação entre pessoas, ideias e linguagens artísticas. Ampliar a escuta e o olhar em todas as direções a fim de possibilitar horizontalidade e flexibilidade na troca de conhecimentos entre adultos e crianças, cultivando o respeito e a confiança. Estar disponível para a convivência entre as singularidades e criar redes fortalecendo vínculos e relações de sentidos e significados. - Ritmo do encontro: o respeito à individualidade das crianças, perceber os ritmos e encontrar a pulsação capaz de abarcar as diferenças num espaço coletivo comum. Estabelecer rituais, reencontros, afetos, partilhas e trocas artísticas significativas e contínuas. - Pertencimento: viabilizar o acesso à cultura e difundir os conceitos de apropriação e ocupação dos espaços públicos, estimulando a participação ativa das crianças na comunidade. Desenvolver o entendimento do direito coletivo à criação e à fruição dos bens simbólicos e de diferentes manifestações artísticas.

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Pelo encantamento que a coisa produz em nós Poética Pedagógica “Apesar dos anos que temos a mais que os pequenos, para nós também, aquilo que se apresenta é matéria-prima para nossa criação. Estamos inventando, estranhando, conhecendo também.” 3

A construção da poética pedagógica no PIÁ nasce das experiências artísticas mediadas pela brincadeira e pelo jogo. É brincadeira? Sim, é brincadeira e séria, porque entendemos que na brincadeira somos quem somos, quem sonhamos e quem descobrimos que podemos ser. Brincar é uma experiência natural do ser humano e é mais intensamente vivida na infância, daí sendo sua linguagem principal, ela nos remete a origem de todas as atividades culturais dos adultos e por isso a escolhemos, pois brincar é o caminho. No PIÁ criamos o mundo ao brincar, instauramos um ambiente de fantasia e entramos no reino da imaginação, onde quase tudo pode acontecer. A criança sabe, há uma lógica interna que conduz “o faz de conta que…”, tem noite, tem dia, tem o que funciona e o que não faz sentido, tem o que se deseja e o que não se quer. Temos acordos e combinados, alguns papéis definidos, outros mutáveis: este processo não tem fim, acaba e logo recomeça. Toda descoberta, novidade, experiência, toda vida tem sabor de brincadeira. Toda palavra tem rima, tem verso e reverso. E no PIÁ o universo é tão grande que cabem todas as brincadeiras… Brincamos com os recursos que as linguagens artísticas oferecem e eles são praticamente infinitos, propícios para enriquecer o nosso imaginário e transformar a realidade que experienciamos. É através da dança, música, artes visuais e teatro juntos, que inventamos a brincadeira, o processo de criação e nos conectamos com o outro, conosco e com o mundo. E a pedagogia do PIÁ é também poesia? Para isto utilizamos da proposição do educador Paulo Freire que nos afirma que ensinar e aprender não pode se dar sem procura, sem boniteza, sem alegria. É na arte do encontro que vivemos o encontro com a arte, com o outro e instauramos o diálogo. Escutar e falar com igual intensidade. Olhar, perceber-se, ouvir, se expor, propor, experimentar e compartilhar são movimentos-ações que devem estar sempre presentes em nossas práticas e rituais. A cada semana os desafios desta prática se renovam, criando uma linha invisível que nos conecta ao centro, ao processo criativo, ao nosso contorno e à nossa ação, a qual definimos como uma proposta artística, política e pedagógica de ocupação de espaços públicos na cidade de São Paulo.

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Com oito pés e oito mãos4 Brincar é uma coisa séria Balança nossa matéria Desperta a visão etérea Bambolê, bola e pião Corpo, tinta e violão Pintando com melodia Dançando com poesia Com oitos pés e oito mãos Criar a atividade Dentro da simples cidade Buscando a nova idade Pra compor uma canção Com luz e afinação Tem acetato e crepom Cores que dançam no som Com oito pés e oito mãos


Aqui a gente gira - Formação Continuada 1

A construção de conhecimento no PIÁ acontece e se estabelece além de suas práticas e encontros com as crianças, e na investigação e reflexão constantes acerca de questões sobre a infância, arte e educação que possibilitam nossa ação e continuidade. Para tanto, o calendário de ações do PIÁ compreende e considera as reuniões artístico-pedagógicas semanais e uma reunião geral mensal, parte da proposta de formação continuada de seu coletivo.

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As referências que nos inspiram são inúmeras, diversas e transdisciplinares. Pertencem a diferentes campos científicos, teóricos e práticos, como por exemplo: Ana Mae Barbosa, Edgar Morin, Gilles Bougère, Ilo Krugli, Jens Qvortrup, Jorge Larossa, Luiza Lameirão, Manuel de Barros, Manuel Jacinto Sarmento, Paulo Freire, Renata Meirelles, Rubem Alves, Teixeira Coelho, Walter Benjamin e Winnicott. Com suas incríveis ideias e olhares sensíveis, eles e muitos outros provocam e corroboram para a construção das visões e questões do PIÁ.

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As reuniões são momentos ricos em troca de experiências artísticas, pedagógicas, humanas e sociais que instigam e fomentam essencialmente os encontros com as crianças e a integração do Programa na comunidade. Tais trocas se realizaram até então de várias formas e, inclusive, entre nós artistas-educadores do PIÁ e outros profissionais convidados a contribuir com seu conhecimento, enriquecendo nossas questões e pesquisas. Foram alguns deles: Berenice de Almeida, Jorge de Albuquerque Vieira da Silva, Marina Marcondes Machado, Márcia Lágua, Moacir Carnelós Filho, Suzana Schmidt.

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“O espaço-tempo PIÁ se constitui no encontro onde as trocas de referências, vivências e experiências se encontram num terreno fértil onde geminam flores, espinhos, frutas. Às vezes não germina e temos que cuidar mais da terra...”6

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Água que escorre entre pedras – Ação Cultural “...o PIÁ vai de mansinho se espalhando pelas estruturas, pela fisicalidade do espaço, no desvão e se faz manifestar de forma marcante, ora despertando graça, ora desconforto.” 7

A ação cultural no PIÁ é realizada por sua equipe juntamente com as crianças, todos os envolvidos no programa e as comunidades onde está implantado, visando proporcionar a experienciação artística pensada em longo prazo. O impacto dessas ações é acompanhado na mediação da criança com a obra ou processo artístico, tanto na sua fruição quanto na sua criação. E nosso foco de ação não está nos resultados, mas em instaurar processos investigativos que possam causar atravessamentos no cotidiano, gerar reflexões significativas a respeito da arte, da sociedade e de si mesmo. Essas dimensões também são desenvolvidas nos encontros semanais com as turmas de crianças, fazendo-nos compreender o conceito do Programa como uma contínua e ampla ação cultural. A ação cultural no PIÁ, diferentemente de uma ação educativa, prima pela possibilidade e abertura ao lugar de estímulo à criação autônoma e a condição da experiência estética como principal dimensão. Esta ação nasce do desejo de elaboração de quebras e rupturas dos fluxos cotidianos. Ao dar a possibilidade de sair de si mesmo, de seu contexto habitual, para além, para a amplitude e diversidade de sentidos e das inúmeras relações entre o corpo e seu entorno. Esta ação está intimamente ligada a um processo criativo imerso em complexidade e portanto, sujeito às alterações e mutabilidade. Seu público alvo há de ser visto e entendido como os inventores e criadores principais deste espaço-tempo distinto e único que será a ação cultural como lugar da ruptura para deixar-se atravessar, entrar um, sair outro, entradas e saídas em relações de passagem. Os fins sãos próprios do indivíduo e serão muitos, diversos... A criança ao ser estimulada a exercer sua capacidade inventiva, se percebe criadora de culturas, podendo romper alguns paradigmas e formas ao se confrontar com os comportamentos estabelecidos pelo mercado cultural.

Realizadas na maioria das vezes em espaços públicos, seja externamente ou nos próprios equipamentos, as ações culturais possibilitam desenvolver um dos princípios do PIÁ, o sentimento de pertencimento a esses espaços, a essas culturas. São diversas as formas destas ações, desde acampamentos, interferências em espaços públicos, idas a espetáculos, circos, museus, salas de concerto, exposições, parques, etc. É importante ressaltar que a intenção é mediar a experiência artística que não deseja o simples entretenimento, mas, antes de tudo, dialogar com as pesquisas e processos desenvolvidos nos encontros. Acreditamos que outra fundamental maneira de promover a ação cultural no programa é através das reuniões-encontros de pais e responsáveis. Neles as famílias vivenciam momentos artisticamente lúdicos com as crianças, possibilitando-os ampliar suas relações junto à família e à comunidade, além de compreender e participar da poética pedagógica do PIÁ. Os subtítulos desta seção são livremente inspirados nas poesias de Manoel de Barros 1

Fragmento do ensaio da artista-educadora Cintia Harumi

Raquel (criança da turma de 08 a 10 anos) da Biblioteca Álvares de Azevedo.

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Fragmento do ensaio do coordenador/artista-educador Eduardo Bartolomeu.

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Quadrão de Ricardo Dutra, coordenador regional do PIÁ.

Criança de 9 anos explicando para a mãe o que ela faz no PIÁ – extraído do ensaio da coordenadora/artista-educadora Zina Filler.

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Fragmento do ensaio da coordenadora/artista-educadora Barbara Freitas.

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Fragmento do ensaio da coordenadora/artista-educadora Beatriz Coelho.

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Bruno César Lo

Percursos Poéticos do PIÁ 21

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Isabelle Benard com colaboração de Ricardo Dutra


Territórios do Sul Pensamentos sobre o corpo e suas possibilidades expressivas O presente texto é uma reflexão sobre os corpos na sociedade contemporânea. A partir da experiência vivida durante o primeiro semestre de 2013, atuando como artistas-educadoras do Programa PIÁ na Biblioteca Marcos Rey, sentimos o desejo de discutir sobre as relações existentes entre os corpos e o espaço-tempo que ocupam. Temos percebido uma dificuldade de crianças e adolescentes em lidar com o próprio corpo que habitam. Sucessivas demonstrações de inibição diante de proposições que estimulam o movimento expansivo, o toque e a expressividade do corpo, nos intrigam e estimulam a refletir sobre esta questão.

Desse modo, para que um corpo ocupe o espaço de maneira plena e autêntica, é preciso que o indivíduo perceba seu espaço-corpo próprio de maneira sensível e consciente, que conheça seus contornos, que perceba seus processos respiratórios, que entenda seus limites, que enxergue suas possibilidades expressivas.

A pesquisadora Christine Greiner, autora do Livro “O corpo: pistas para estudo indisciplinares” define o corpo como um sistema complexo que penetra o mundo e é penetrado por ele, um sistema que troca o tempo todo informações com o ambiente que ocupa. Desta forma, o corpo influencia e é influenciado pela cultura, pelo contexto social em que está imerso.

Considerando a transformação importante que corpos adolescentes sofrem e a dificuldade em lidar com tais mudanças, questionamos se seriam aqueles corpos impermeáveis ao diálogo ou eles nos mostravam uma forma de dialogar com o espaço-tempo com a qual não estávamos habituadas? Que corpos eram aqueles que nos instigavam a pesquisar formas de comunicar as proposições de modo que os estimulassem ao movimento, à expressividade, à performatividade e à busca da ampliação das capacidades sensíveis, criativas e imaginativas?

Assim, se olharmos sob este ponto de vista, é importante pensarmos que o ambiente em que os corpos dos quais estamos tratando habitam está no século XXI, hemisfério Sul, Brasil, estado de São Paulo, cidade de São Paulo, Programa PIÁ- Secretaria Municipal de São Paulo, Zona Sul, Biblioteca Marcos Rey. Quando chegamos, em meados de abril para ocupar o espaço que nos foi designado pelo Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, nos deparamos com algumas restrições de uso do mesmo devido ao fato de que a sala que ocupamos na biblioteca é um espaço multiuso e não tem portas. Muitas pessoas desenvolvem ali estudos de naturezas diversas e, muitas vezes, necessitam de silêncio para fazê-lo. Assim, percebemos que seria preciso evitar ruídos excessivos. Sob tais condições espaço-temporais, sobretudo as duas turmas de pré-adolescentes com idades entre onze e quatorze anos nos surpreenderam devido ao modo como lidam com seus próprios corpos e com a expressividade deles. Eram, em sua maioria, corpos curvados sobre si mesmos, retraídos, pouco permeáveis à troca de experiência com o ambiente e com outros corpos. Para atribuir densidade à construção de nossa reflexão, citamos Marina Marcondes Machado, que em seu texto “Fazer surgir anti-estruturas: abordagem em espiral para pensar um currículo em arte”, nos diz:

“Corporalidades e espacialidades são experiências gêmeas. O espaço corpo próprio, meu “eu”, vai ao encontro do mundo e do outro: a espacialidade revela minha relação com tudo que me rodeia, de modo concreto, material, sensível-sensorial”. (Machado, 2011, p. 18) 24

Observamos que os pré-adolescentes demonstravam intensa inibição para se abrirem ao diálogo com outros corpos e o espaço, que se inibiam até mesmo quando estimulados a olhar para si, a tocar a si próprios, a sentir seus próprios ossos e músculos.

Havia uma menina, por exemplo, que vinha para aula com fone de ouvido, impedindo sua comunicação com os outros corpos. Tentamos ser sensíveis à sua maneira de ser e estar no mundo e, durante as primeiras aulas permitimos que ela usasse o fone. Em certo momento do semestre pedimos para que tirasse o fone de um dos ouvidos e explicamos que possibilitaria a potencialização da comunicação do grupo. Em outro momento pedimos para que guardasse seu aparelho sonoro no armário da Biblioteca e a partir deste dia a aluna deixou o Programa PIÁ. Foi difícil lidar com sua desistência, pois nosso objetivo era facilitar a criação de vínculos entre os integrantes do grupo, potencializar a presença do indivíduo no espaço-tempo ocupado por ele e ampliar os canais de comunicação. Em alguns momentos, propusemos que a jovem compartilhasse o que ouvia com todo o grupo e suas músicas foram utilizadas como estímulo durante as propostas. Contudo, em certo momento, percebemos que seria importante que o grupo pudesse ter acesso a outros estímulos sonoros e que outros integrantes do grupo pudessem se manifestar em seus desejos e gostos. Mas esta decisão provocou possivelmente o interesse da jovem que se desligou do Programa. Durante discussão sobre o assunto, concluímos que uma criança ou jovem que não se habituou a explorar as possibilidades físicas e expressivas do corpo de maneira plena, muitas vezes, demonstra certo estranhamento ao chegar ao PIÁ. Percebemos em algumas crianças e jovens, vergonha demasiada, falta de disposição e dor para alongar o corpo e indisposição para a pesquisa de movimentos. Ao refletirmos sobre este modo de comportamento apresentado por algumas crianças e jovens, tentamos elaborar algumas possíveis causas deste fato.


Percebemos que algumas crianças e jovens demonstram certa preocupação com o certo e o errado. Como provavelmente estão expostas a este modo de educação em sua vida cotidiana, no início, têm resistência em se envolver na pesquisa estética com liberdade. Outra possibilidade é de que a criança ou o jovem tenham receio de ser observados expressando-se de modo incompatível com a imposição estética da cultura de mídia, além de sentirem receio em não serem aceitos e admirados pelo grupo. Para continuarmos a refletir sobre o contexto no qual os corpos de nossos jovens e crianças estão inseridos, podemos pensar o que significa ser criança e um adolescente no Século XXI. Um ponto importante a ser mensurado é o fato de vivermos em uma sociedade de consumo compulsivo, que age como eixo organizador do modo de viver nas sociedades de hoje, um eixo modelador de corpos. A ditadura disciplinar vivida hoje impede a criança de aprender a ler e dialogar com as linguagens presentes nos gestos, no indizível, no invisível. Peter Pál Pelbart, em seu texto “Biopolítica” publicado na Revista Sala Preta, nos fala sobre “o corpo que não aguenta mais o adestramento civilizatório” e pontua que:

Para que os corpos desses jovens e crianças sejam despertados, é preciso construir para e com eles, um ambiente seguro, em que suas inquietações, limitações e virtudes sejam observadas e respeitadas; criar um espaço-tempo em que a troca de gostos e desejos seja compartilhada, sem a hierarquização de saberes. A escuta e o acolhimento deste universo pode nos dar pistas para as inquietações de nossas almas e potencializar novas expressões dos corpos contemporâneos. Percorrer os níveis alto, baixo e médio, levantar, abaixar, sentar, deitar, pular, rastejar, sussurrar, cantar, gritar, representar, desenhar no ar com linhas, pintar, ler, escrever, cortar, rasgar, compor, desfazer... sem ser possível deletar o indesejável, o estranho e o imperfeito é um desafio para as crianças e principalmente, para os jovens contemporâneos. Há muito receio de se expor e por isso, alguns fogem, não retornam aos encontros. Contudo, muitos outros aprendem a se posicionar, arriscar, esticar, alongar, rolar, falar de outras formas, caminhar, questionar, propor, criar, expressar-se de modos não usuais e inusitados. Aprendem com a surpresa e se divertem, brincam, confiam e se entregam. Vivem o presente e o tempo voa nesta partilha do sensível.

Para Pelbart, nossos corpos deixaram de se deixar afetar, de se

“(...) seria precisde o retom ar contaminar o corpo naqui lo que lhe é que mais deixar comover, se deixar pelo espaço-tempo própri o, na suaPorém, dor, no os envolvem. alémencon de estimularmos recuperação deste tro com aaexterio ridade , na sensível, é preciso aceitar o que suacorpo condiç ão de corpoescutá-lo, afetadocompreendê-lo, pelas forças do mundo nos propõe. tanto,o desenvolver percepções e romper com e capaz de serPara afetad por elas. Seria preciso retom convenções e certezas é fundamental como parte do processo.ar o corpo na sua afectibilidade, no seu poder de ser afetado e de afetar”. (Pelbart, 2007, p. 62)

Referências Bibli ográficas BOURRIAUD, Nico las. Estética Relacion al. São Paulo: Martins Fo ntes, 2009. GREINER, Christine. O corpo: pista para estudos indiscipl inares. São Paulo: Annablume, 2008. MACHADO, M. “Faz er surgir antiestruturas : abordagem em espiral para pensar um currículo em arte”. Re vista e- curriculum. V.8, n.1. São Paulo: Po ntifícia Universidade Católica, 2012. PELBART, P. “Biopolí tica”. Revista Sala Preta. São Paulo, 2007 . RANCIÈRE, J. A pa rtilha do sensível: Es tética e política. São Paulo : Editora 34, 2009.

Biblioteca Marcos Rey Ana André Ana Cristina Anjos Priscilla Vilas Boas

Rose de Oliveira Fotos: Equipe Bilbioteca Marcos Rey

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l u S o d s o Territ贸ri

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Karin Giglio

27 Fotos: Karin Giglio


Territórios do Sul Ilha da Vila PIÁ Guarapiranga Num oceano de possibilidades existe uma ilha chamada Ilha da Vila Piá Guarapiranga. Esta ilha é de formação recente e suas placas tectônicas ainda estão em fase de estabilização. Poucas pessoas sabem de sua existência, mas aqueles que conhecem não querem mais sair de lá. Estudam-se políticas de imigração para povoar mais a ilha. A primeira vida que lá surgiu é uma árvore enorme chamada Árvore da Criatividade. Dela vem toda a vida que existe na ilha, principalmente os rios. Suas raízes se transformam no Rio da Vida, no Rio do Processo Criativo e no Rio da Memória. O Rio da Memória carrega toda a história da humanidade e o tempo todo está se renovando. Quando alguém decide mergulhar nele, precisa estar preparado para passar por emoções muito fortes. Em suas margens ficam a Aldeia da Lenda (onde mora a tribo indígena Ticuna), a Toca da Onça e o Lago do Passado. Perto deste lago existe uma árvore muito antiga, com tronco forte e folhas escuras. Esta é a Árvore Genealógica, que conta àqueles que subirem em seus galhos qual é a origem de sua família. Se seguir mais um pouco verá o Porto dos Limites, que dá fácil acesso à Ponte com os Pais, uma das saídas da ilha. Entre o Rio da Memória e do Processo Criativo existe a Morada dos Deuses. Lá mora a deusa Colorir, que é a deusa da brincadeira e que adora se esconder; o deus Susto, que gosta de dar sustos nas crianças e brincar com a Colorir; o Zóião, que não sabe brincar, mas gosta muito de observar; e o deus Tum-Tum, que é o deus da música e sabe fazer música com seu cabelo. Eles são vizinhos da Aldeia da Ludi-cidade. O Rio do Processo Criativo é o que tem a correnteza mais forte, mas ninguém tem medo de navegá-lo, pois sabe que será sempre uma aventura. Nele há uma bifurcação onde começa o Rio da Interlinguagem, de onde se formam quatro igarapés, nomeados de Igarapé Dança, Igarapé Música, Igarapé Teatro e Igarapé Artes Visuais. Existe uma tradição na ilha de que as crianças devem brincar sempre mais perto do rio e só algumas curiosas chegam a visitar os igarapés. Depois este rio irá desaguar no Mar da Poética, um mar profundo e cheio de animais interessantes. Pertinho dali você pode sumir no Monte da Observação e ver praticamente toda a ilha. Este é o lugar preferido do Zóião – ele pode passar dias lá em cima sem que veja o tempo passar. De lá se tem uma visão privilegiada do Jardim Pedagógico e da Praia da Ação Cultural. A praia é aberta a todos e quem vem de fora pode chegar pela Ponte com a Sociedade ou pelo atalho, que se chama Ponte com o CEU. Na outra margem do Rio do Processo Criativo, existe a Aldeia da Improvisação e o Vale Material para Transformação. Várias crianças passam primeiro no vale, recolhem o que encontraram pelo caminho e seguem para a aldeia, onde sempre constroem coisas incríveis. Mas algumas pessoas têm medo de ir para estes lados da ilha, uma vez que fica perto do Deserto Cinza, um lugar muito árido onde a areia é toda cinza. Existem duas dunas mais famosas, a

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Duna dos Obstáculos, onde as crianças mais corajosas decidem se aventurar, e a Duna dos papéis, que é constantemente alimentada por doações vindas da Ponte da Burocracia, uma ponte que poucas pessoas têm coragem de atravessar... Talvez por ficar perto demais da Baia das Tormentas, talvez porque entre a Ponte com a Sociedade e a Ponte da Burocracia existem Fossas Abissais da Sensibilidade, porção de mar muito profunda onde moram peixes nunca vistos. Outro lugar temido é o Mar da Política, que fica entre a Ponte com o Futuro e a Ponte da Burocracia. No entanto, é preciso que todos os moradores da ilha aprendam a navegar neste mar, para que ele não os engula com suas tormentas e tsunamis. Entre a Árvore da Criatividade e a Duna dos Obstáculos moram dois holandeses que se mudaram para a ilha recentemente. Eles inspiram os habitantes a brincar de coisas novas e a ousar. Eles gostam de desenhar mapas, fazer poesia e criar novas ilhas. Toda a ilha é cercada pela Cordilheira da Cobra, que é a guardiã e protetora da ilha. Todos que entram, seja pelas pontes ou pelo mar, devem falar “Dá licença, Dona Cobra” para que estejam protegidos lá dentro. Na cabeça da cordilheira existe uma pequena ponte chamada Ponte da Comunicação, onde muitos se reúnem para trocar experiências. Entre a Ponte do Cotidiano e a Ponte com a Sociedade existe o Mar da Poética, onde os navegantes e marinheiros gostam de permanecer por dias a fio. Do Rio da Vida nasce o Igarapé Eware, onde mora a Árvore Ngewane (ou Árvore dos Peixes). Esta árvore é a que dá vida a todos os seres que habitam a ilha, todos nasceram desta árvore. Quando o igarapé está baixo surgem ovos em suas raízes, de onde nascem lagartas. Estas sobem o tronco, alimentam-se das folhas e fecham-se em casulos. No período de chuvas, quando o igarapé enche, os animais saem do casulo. Dele nascem os peixes, as queixadas, os tatus, os tamanduás, as crianças e todos os seres da ilha. O Rio da Vida deságua no Mar do Afeto, que fica entre a Ponte com os Pais e a Ponte com o Futuro, outras saídas da ilha. Ao lado desta última fica o lindo Pomar dos Frutos, também apelidado carinhosamente de Jardim das Frutas. Qualquer um pode entrar e colher os frutos da Árvore da Escuta, da Árvore dos Desejos, da Árvore da Reflexão, da Árvore da Experimentação, da Árvore do Prazer ou da Árvore dos Saberes. Como a Aldeia das Crianças fica bem ao lado do pomar, muitas recolhem os frutos e vão direto ao Bosque do Piquenique para lanchar, seguindo para a Aldeia da Brincadeira ou para a Aldeia da Improvisação, onde passam horas e horas... Voltando à Aldeia da Ludi-cidade, lá perto existe o Vulcão das Sensações. Ele está sempre em atividade, tendo algumas pequenas erupções por dia, mas com pouca lava saindo. No entanto, todo fim de ano, em dezembro, ele tem uma erupção fortíssima que varre toda ilha com sua lava. Tudo o que foi construído é apagado do mapa, mas o solo fica fertilizado para um novo recomeço. A Árvore da Criatividade e seus rios e igarapés permanecem aguardando os novos habitantes da ilha.


CEU GUarapiranga * Inspirado nos livros Organização Geral dos Professores Ticuna Bilingues/ organizadora Jussara Gomes Gruber. Livro das Árvores. 4 ed. Benjamin Constant, AM; São Paulo: Global; 2000 Swaaij L. van e Klare J. Atlas da Experiência Humana: Cartografia do Mundo Interior. [tradução Celso Campos Jr. e Isa Mara Lando]. São Paulo: Publifolha, 2004

Carolina Chmielewski Fábio Pupo Lia Mandelsberg Luis Vitor Maia

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Territórios do Sul Nuvens no CEU: Ocupação Crítico-poética

Ao usarmos a metáfora das nuvens para introduzir nossas inquietações artístico-pedagógicas nos encontros desenvolvidos com as crianças do CEU Pq. Bristol traçamos como desejo intervir na relação espaço-temporal do CEU. Como se estrutura o espaço-tempo do CEU e do seu entorno? É possível intervirmos enquanto tempo, nesse lugar? Qual a relação que estabelecemos entre os acontecimentos que ocorrem na cidade de São Paulo com o nosso próprio cotidiano de artistas-educadores? Como eles se inter-relacionam na construção de um pensamento artístico-pedagógico com crianças? Nuvens no CEU ou “Pia Cloud” é um fio condutor para uma reflexão que nos permita dialogar com o labirinto institucionalizado que nos cerceia, sem que nos percamos em críticas estabelecidas a priori ou em um deslumbramento equivocado, mas que mapeie nossas possibilidades e limitações de atuação. Entendemos que a maneira de ser do PIÁ abre caminhos para uma escritura-leitura não linear, à maneira das histórias de As 1001 Noites, onde cada história contada pode ser o elo para novas histórias e novas imagens, ou mesmo para uma nova história sobre o mesmo assunto, sob outro enfoque. Deste modo, infinitas narrativas se articulam em código aberto, como nuvens que se juntam e se dissipam, ora se organizam como imagens, ora despencam do céu como chuva. Ações próprias de uma ocupação crítico-poética que se modula a medida em que acontece, aquelas que se aproximam da sabedoria do brincar infantil, do seu universo poético indisciplinar. As razões que direcionam nosso interesse para este tema se relacionam a uma tomada de posição crítica ao nosso tempo e ao nosso cotidiano, sobretudo, nos espaços públicos em que nossa ação poética tangencia algumas vezes interesses divergentes, problemas e limitações estruturais. Falar, agir ou escrever sobre o mundo contemporâneo é verificar que, ao lado de um progresso material impressionante, de descobertas e inovações tecnológicas a que alguns chegam a atribuir poderes quase mágicos, grande parte da população do globo permanece no mais completo estado de subdesenvolvimento e abandono, ao qual podemos adicionar os efeitos perversos da globalização e da mundialização da economia e do mercado, geradores de uma nova forma de exclusão social, representada pela multidão de

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desempregados e famintos. Esta constatação nos coloca numa situação de angústia e perplexidade frente ao que vemos, de maneira que podemos descrever, tentamos compreender e coexistir por meio de um infindável desejo de estranhar. A noção de nuvem excede os contornos, hackeia uma série de lógicas que não se sustentam nesses tempos e lugares, uma vez que a percepção sensível responde em dígito sob a urgência dos apelos. “Olho pro lado e vejo um Gabriel que me solicita pra uma parceria em performance... porque precisa brilhar sem parar... e olho pro outro e vejo um Apolo incandescente que mistura uma série de coisas apenas para misturar... e dessa mistura nasce o mistério... então eu vejo a Julia em sua interminável busca por ações e percebo o quanto ela é feliz e o quanto todos eles se parecem com essa barra sólida de manifestações que estão além dos interiores das pessoas, das criações ou criatividades... o quanto estão em comum acordo com o fluxo, com o que já está posto nesse tempo-lugar.” “Vejo os irmãos Caio e Gustavo diante do fogo: olham para a vela e param, percebem que o fogo exige respeito, diante deles os barulhos deixam de existir, as recomendações dos professores não são mais tão importantes, quem ensina é o flamejar das chamas. O silêncio nasce na relação entre o menino e o calor, sozinho ele descobre que ao queimar a madeira cria-se o carvão e com sua nova máquina de escrever o menino “picha” a parede e como seus ancestrais o menino representa seu ser em símbolos sobre a pedra”. E além do muro do CEU vemos crianças também levantando seus muros, delimitando seu terreno. Elas trabalham, batem e encravam estacas na terra. Esticam a fita e criam uma cerca. Conversam umas com as outras dando ordens e funções. Batem estacas, mas se distraem. Um menino leva à boca um pedaço de fita e ao soprá-la... emite o canto de um pássaro. Já não há mais trabalho, já não existe muro nem cerca. O menino sopra novamente...


CEU Parque Bristol Ana Paula Moreira Fotos: Equipe CEU Parque Bris

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Robson Ferraz

Leonardo Cunha

Rodrigo Munhoz 31


Territテウrios do Leste I Quatro por quatro

Fotos: Juliana Rosa, Telmo Rocha, Henrique テ」illa e Antonio S. F. Junior

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Biblioteca Hans Christian Andersen

Antonio S. F. Junior

Ant么nio S.F. Junior Henrique Avilla Juliana Rosa Telmo Rocha

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Territórios do Leste I Tudo aquilo que me habita

Bloco 1 Objetivos Entendemos como criação coletiva a atividade realizada como horizontalização da criação. O objetivo da criação em conjunto com o artista, artistas-educadores-orientadores e participantes afins. Aprofundar essa investigação como fonte coletiva e buscar a partir do ímpeto criativo do participante a relação do seu corpo (casa) em relação ao lugar onde vivem/frequentam (tempo/espaço). Importante ressaltar a possibilidade de um novo tipo de comunicação que se estabelecerá entre nós adultos, crianças, pessoas com mobilidade reduzida e a memória do lugar. Aprofundando o significado dos vínculos entre indivíduos e do sentido de pertencimento de todo o processo de criação.

Bloco 2 Da visitação dos cômodos, ao processo criativo: a construção do olhar poético CORPO, A CASA DA MEMÓRIA... investigação e visitação do corpo (EU). O participante ARTISTA vivencia e concebe um processo criativo com experimentações e reflexões criadas ao longo do percurso. Um apelo cultural e político. Lugar de muitas passagens evoca o participante as memórias de um cenário, um lugar de muita potência a ser ocupado e explorado corporalmente na cidade. Fazendo e trazendo a relação do EU (corpo). O espaço (casa) e a MEMÓRIA, (bairro/comunidade). (Guilherme de Almeida)

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Fotos: Dodi Leal


Bloco 3

Fotos: Alexa

ndre Mandu

“Quando inscrevi minha filha no Projeto, não tinha nenhuma informação sobre o conteúdo do curso, apenas que seria um curso de dança e teatro para crianças. Interessei-me por gostar dessa linguagem e achei que seria uma boa oportunidade para a minha filha trabalhar a sua timidez e ter contato com outras crianças; logo no primeiro dia, nos sentimos bastante acolhidos pelos educadores Guilherme e Dodi, que solicitaram aos pais que participassem do encontro. Deu para perceber de cara, que o Projeto PIÁ é muito mais do que um curso de teatro e dança, é a oportunidade das crianças terem uma iniciação artística, desenvolvendo suas vocações naturais. Fiquei bastante feliz ao perceber que os métodos utilizados fogem dos padrões tradicionais das escolas, onde tudo é proibido e muito estático, engessado. A criatividade e a espontaneidade típicas da idade. No PIÁ os professores estimulam todos os sentidos da criança, através do contato com vários elementos artísticos.” Relato de Rogério Scabar (dentista) pai de Ana Clara (turma de 08 a 10 anos de quinta-feira das 10h às 13h)

Bloco 4 Chegança de criança. Na Penha não tinha Piá. Mas tinha. O que chegou de novo foi o programa, aí então colaram lá as crianças. Era o programa recém-chegado na Penha. Vento que vira páginas Tire-me uma foto agora Você me quer já na página amarela? Esta aqui é rosa! (Dodi Leal)

Bloco 5 “É no brincar e talvez apenas no brincar que a criança ou o adulto fluem a sua liberdade de criação e podem utilizar sua personalidade integral e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o EU” (D. W. Winnicott)

Centro Cultural da Penha Dodi Leal

Guilherme de Almeida 35


Territ贸rios do Leste I

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CEU Quinta do Sol Andrea Rocha Bia Campos Jacqueline Oshima

Samara Costa

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Territórios do Leste I A metáfora da borracha “Ah, professora, eu errei! Me empresta a borracha? Não tem borracha, não! Por que não usamos a borracha?” O diálogo acima, natural entre os artistas-educadores – AEs, é só mais um dos pontos/aspectos que mostram, como costumamos dizer, que o PIÁ está na contramão de todos os programas, oficinas, workshops, etc., oferecidos nos equipamentos da Secretaria da Cultura e Educação, nos últimos cinco anos (tempo de vida deste Programa). A questão acima pode parecer corriqueira a primeira vista, mas um olhar atento assinala mudanças na forma com que a criança/adolescente, começará a enfrentar o “erro”. Ao afirmarmos que não temos borracha, sugerimos em seguida que busquem possibilidades de transformação, então se vêem compelidas a parar, encarar e pensar, o que fazer com o “erro”, ou enfrentá-lo de forma natural como mais uma possibilidade, pois deverão continuar com a proposta, o que as leva, a ter outro olhar diante do episódio: encontrar caminhos, a partir deste novo fato. A postura do não uso da borracha, ou melhor, da inclusão do “erro” como mais uma possibilidade, tira um peso enorme das costas das crianças, esta mudança de atitude é aplicada também no trabalho com o corpo ou com o som, e assim vamos criando espaço para a transformação do olhar, gerando uma aceitação, para o diferente, o novo. No artigo – Lugar do outro na Educação Artística – olhar como eixo articulador da experiência: uma proposta didática, Marián López afirma:

de “não “... a educação artística criadora – não aquela da senpintar fora da linha” - , além de uma educação enta as sibilidade estética, individual e coletiva, que fom ade, poscapacidades individuais ajustando-as à comunid encaixa se sibilita, também, um modo de pensamento que to do exna tolerância à ambiguidade, no enriquecimen a junto terno, do desfrute do processo e em sua coerênci ea Cona sua finalidade”. (Arte/Educação Contemporân sonâncias Internacionais pág. 194)

“Não pintar fora da linha”, o certo e errado, seguir modelos – Estas são algumas das imposições do ensino tradicional e tecnicista da arte, onde a expressão pessoal é o ultimo ponto a ser abordado, quando o é (pois nessa concepção ele só pode ser desprendido após a apreensão de uma gramática expressiva). No PIÁ acreditamos ser a expressão pessoal o ponto de partida para chegarmos às linguagens artísticas. Contudo isto não é tarefa fácil, já que nos deparamos com crianças cujos hábitos ou formatos ditados pela escola já estão profundamente enraizados. Estão condicionadas a seguirem regras, exemplos, temem atuar fora deles, temem a pergunta, querem agradar para serem notadas, têm medo de se expressar, não sabem ouvir, não são ouvidas, esperam ordens. No artigo – “Desafios da Arte Contemporânea e a Crítica de Processos Criativos”, Cecília Almeida Salles afirma: Classificações, modelos e modos de olhar conhecidos oferecem certa segurança, mas normalmente atuam como formas teóricas que rejeitam tudo aquilo que nelas não cabe.” É com esse pensamento “distorcido” que as crianças chegam até nós, mas à medida que vão se conhecendo melhor, durante os encontros, vão percebendo o PIÁ como o lugar do novo, do diferente, vão se apropriando de si e de suas questões. Porém diante deste panorama nos perguntamos: como provocar a autonomia artística da criança se a nossa mal foi provocada? Quantas vezes pronunciamos discursos tão libertadores e as dificuldades concretas da nossa prática, nos imprimem uma postura destoante das nossas intenções primeiras. Talvez, pensar no PIÁ como este espaço tão sonhado de encontro, de autonomia, de livre expressão artística e outros termos tão belos enquanto ideais, seja um trabalho de educação para nós mesmos, além para com as crianças. Então vamos construindo juntos um lugar onde ao entrar, a criança pode reconhecer prontamente a liberdade de expor e criar, onde interagir e sonhar são permitidos, e válidos, onde a desconstrução é necessária, e surge como aspecto de quebra de “vícios” e ampliação da autonomia criadora. É absoluto o prazer de pensar arte e criação quando o assunto é a fertilidade do imaginário infantil e o campo de realizações pode se tornar bastante amplo se tatearmos as possibilidades e identificarmos qual caminho tomar. Mas nem sempre esse caminho é ditado pelo AE, pois o trajeto muda completamente o rumo, quando quem dita as normas são as crianças, ou a criança... e

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Fotos: Ale

xandre Man

du

isso significa mudar o foco, desviar a visão e acolher uma imaginação que vai além de uma ideia. Assim a abordagem da arte nesse caso, passa pelo sujeito, através do filtro de suas vivências e sensibilidade pessoal, então propõe outros olhares, provoca, instiga e questiona. Ana Mae Barbosa no livro “Arte Educação Contemporânea – Consonâncias Internacionais” em pesquisa feita sobre o que pensam arte-educadores:

“...só uma falou de sensibilidade como desenvolvimento dos sentidos... A arte como linguagem aguçadora dos sentidos transmite significados que não podem ser transmitidos por meio de nenhum outro tipo de linguagem, tal como a discursiva ou a científica.” “A arte como linguagem aguçadora dos sentidos”, talvez esteja aí a resposta a todas as questões do PIÁ. Mas o que é o PIÁ – Programa de Iniciação Artística? Como funciona, o que fazem? Explicar o que se faz no PIÁ, pergunta chave de quem entra, não parece ser tarefa fácil de esclarecer, por mais que as crianças tentem. Elas “sentem”, “vivenciam” o PIÁ, seja no corpo, ou na imaginação, e para elas isso tem um significado, mas não é simples de explicar com palavras... O artista-educador fala: “- PIÁ é um Programa de Iniciação Artística que se dá através da interlinguagem.” Mas mesmo nós, adultos, artistas, educadores, temos dificuldade para escrever ou exprimir em palavras tudo aquilo que vivenciamos e sentimos quando estamos com as crianças, durante os encontros do PIÁ. Assim como as crianças, pais/responsáveis, NAC e Gestão sempre perguntam: O PIÁ ensina o quê? Muitas vezes nos fazemos esta mesma pergunta. E nossa equipe chegou neste momento à conclusão de que, não ensinamos nada às crianças, isso por que a palavra ensinar nos lembra técnica, regras, passar um conhecimento. Não que o Ensino, não seja necessário na vida de uma pessoa, por exemplo, aprendemos a escrever, alguém nos ensina onde moramos, qual é o nosso país, planeta, entre outros milhares de conhecimentos e informações. Entretanto, acreditamos que, propiciamos um espaço para experimentar, para testar, improvisar e descobrir junto, onde a troca de saberes se dá a todo instante, onde o sujeito do conhecimento tem voz e é reconhecido, através do jogo/brincadeira entre os dois artistas-educadores e as crianças, sem carregar o peso de acertar sempre. Sabemos que existe um prazer de estar ali, e mesmo com dificuldade de trabalhar em grupo, de esperar para o ano começar, ou variados problemas que venham a surgir, seja enquanto criança ou enquanto AE, mesmo sem saber explicar muito bem o E é neste lugar que acontece o PIÁ do: Sapopemba, da Narbal Fontes, do Centro Cultural da Penha, da Monteiro Lobato, citando apenas uns poucos, cada um destes guardando um universo, que a cada ano se modifica, devido às mudanças de AEs, crianças ou dos gestores e Coordenadores de NAC, como está acontecendo este ano. Por tudo isso, acreditamos que estar no PIÁ é ter a fé de que tudo pode acontecer e realmente acontece, é estar aberto ao novo ao imprevisto e eles existem aos montes, é estar preparado para se rever e se avaliar sempre.

Referências Bibliográfic

as BARBOSA, Ana Mae (org.). Arte/Edu cação Contemporânea Consonâncias Internac ionais. 3ª. Ed. Editora Cortez, 2010 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autono mia – Editora Paz & Terra, 2007 LARROSA, Jorge Bondía. Artigo: Not as sobre a Experiência e o Saber de Exp eriência. Revista Brasileira de Educação. Jan/ fev/mar/ abr, 2002. SALLES, Cecilia Almeida – Artigo: Desafios da Arte Contemporânea e a Crítica de Processos Criativos - Congresso Inte rnacional da Associação de Pesquisadores em Crítica Genética, X Edição, 2012

CEU Sapopemba Alexandre Mandu

Bruna Rodella Soar es

Janete Menezes Rodrigues

Marcia Gonzaga de Jesus Freire 39


Territórios do Leste II A aranha a piá... “PIÁ ” que Meni r dize n o com Enca r: índ os olh ntam io jov os vo ento em, m de co ltado enino s para res, d . e son o novo s, de , p ara o corpo É pro encan s, de grand d t e tamen o linha ns, de e e pr to. s , t o d r a e peque ços, Pra q curva uem n s e te o. gosta ias. de br i n Pra q car. uem cria e comp lica. Pra q uem sabe aprov eitar. A Aranha a piá... Cada fio de uma teia se une em pontos do encontro , o encontro com as crianças se faz de fio em fio, num tear infinito de ideias... O fio estica e volta, tem esse poder, o poder de errar e consertar. Resiste a quem tenta rompê-lo, para os mais distraídos, gruda se fazendo ver, antes sente, de seda, quase transparente,

mas no seu todo, vê- se renda.

s,

elaçõe

o de r ranhad

a um em . . m . o h n mo, so is, bertava i e l m v u í e s m abis s e i u v v e i a n u t i i q v u s s a e sh nha nte Mas ando li s de po o de nó fi o x i h s a n a b e ç s n l de e em de cria o pape por qu e o r d b u o t s , ade ndo ionalid o, traça s d n es, e n a m ç i n osidad trid tra i r . o u d c n s a tra er jeito u u eis, o ganh q , l a o u d e q agináv e m d m s i o o s d m o a a os fi tro l s sentí o olhar aram n m r do ou r a o b t i c s l às veze i e u u o e qu e eq pass hamos utros s ro me n o t í t , n e o s t c a n n o m a. ap do e infânci am pel nheira r a a o cia, h f p n s i m n . o r m c a sa a infân s n h Algu e n u v i e a r m minha a t er a ar a stav a vó, e oi visit ara pod f h p , n i ó a ç v m n o, a a ra minh rua d incand a a r a segu d n b a i u e u e r u lá, tava ntin i na l, estava ora, co sim, es nho, fo h , a o o s d a d n um go n u i a e l a o o l d i a o m r n u n t o a q o u n am iá, a da form Do o ei cont ro do P linhas pé de m t d s .. o n ê e , o r t ã c m l n e rt om por lá. o não Oe c a h o h e d n d a a t r iro pin ma a o o che vizinho ia ter u o v e d d o sentind r s ma o mu não vi, 40


a, dult ia, r a ó e d em a de m ior que r o t a u cond é bem m o fi e ça ; dess rian o c o dá h o d n i n m r a a o c c qu a, com eriência ulta r i d u e a d r , , b exp ncia ros, e ma uitinho lem â a u f ã q e n h i q ei e an do idad mos os d banh u ente d De m minha i s o c l s s ! o e e mn nte, dol s ap inho a r e a u e na c a c e s u s s fi i s q m a le ue pa ei dos fui m nha, ado os q não fui m pens h u n i a ra in a er iá... ou a ia, quen r... aind nho s e p i e t t , i p o a a s u oa os em um aind e mosq o, p eu v es b eita h l nça f a e v n r a i i é e u e s t r u c aq os ud incl sou eu já o, p ua n os fi t d g o i n á fi u a r m a vo iro s de ime a jog vê- los a r v p a M r o ado ara só p

Qual é o n osso lugar Será que é A ? q ue mundo da noção p e rtencemos de pertenc ou é da au ? imento qu tonomia, d e tanto ne a conquista c essitamos de uma m , aioridade e d o li v r e arbítrio? A experiê ncia com a criança, com o esp aço que cir o espaço c cunda ess ultural, so a criança, cial, artísti O process co-pedagó o de troca gico. de experiê ncias entr e culturas e visões d e mundo.. . A pro que v voca ção q i são d que d ue su e infân urant rgiu d c i e a , e esta r São f de ar stes c eflex t orma inco eed ão é: s de o e edu anos de vi cação lhar p d ara a aed na co e estr crian ntram ada t ç que c a ã e o omou seu p ada e dos i o deais O qu quipe form tenci e a no a t tem p ecnic l cria nos p PIÁ? i ara re ossib dor stas v ilita i fletir i g Cada e n tes. r além e ada ambi ptar a propõ é a au e n t e ação e um , pais tonom cultu agem desafi ia e c ral qu , arqu ooq riativ eéo ue ge itetur idade PIÁ e ra a d a, ge o m escob grafia sua r erta d sócio egião e . cultu nova es ás an ai Gu r s o ad al possi CEU Laje bilida des de te mpos Cléia Plácido e flux Andressa Francelino os. Fabiana Ribeiro

Suzana Akemi

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Territórios do Leste II Para jogar com o PIÁ

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CEU S茫o Mateus Fafi Prado

J么natas Barbosa

Silvana de Jesus

Robertha Mano 43


Territórios do Leste II PIÁ Circense

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Fotos: Daniel Freitas e Rogério Amorim


CEU TrĂŞs Pontes Daniel Freitas

Kelly Santos Recy Freire

Rogerio Amorim 45


Territórios do Leste II Sementebotãoflorimaginação Imaginar, inventar, criar, descobrir, trocar, compartilhar, conviver, se descobrir e mudar não deveria ter idade, nem hierarquias. A brincadeira, o jogo e a arte, favorecem tudo isso. Através deles podemos colocar em prática emoções, questões, críticas, soluções, reflexões e mudanças. Estar no PIÁ é descobrir a cada dia uma nova brincadeira, ter as surpresas da vida, da imaginação e criação do outro e da gente mesmo. É voar no desconhecido, é arriscar, se aventurar nos universos profundos, rasos, comuns e desconhecidos. É ter o prazer de ver modificações, de ver maturar. De sentir e vivenciar as transformações. É ter limites e descobrir que o limite existe pra gente superar, criar e inventar. É brincar de ser cientista, de experimentar, de jogar, ter prazer, de se relacionar, de revolucionar, de fazer novos amigos e descobrir que amigos não tem idade. É poder apreciar, se surpreender, observar, respeitar, se divertir e participar da imaginação do outro, compartilhando a sua. É poder viver na realidade e na poesia. É poder abrir portinhas na nossa alma e entrar por essas portas na alma do outro. É poder viver o desconhecido poeticamente...

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A Flor Pede-se a uma criança : desenha uma flor! Dá-se-lhe papel e láp is. A criança vai sentar-s e no outro canto da sa la onde não há mais Passado algum tempo ninguém. o papel está cheio de linhas. Umas numa direção, outras noutras; umas mais carregadas outra umas mais fáceis, ou s mais leves; tras mais custosas. A criança quis tanta fo rça em certas linhas qu e o papel quase não res Outras eram tão delic istiu. adas que apenas o pe so do lápis já era demais. Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: uma flor! As pessoas não acha m parecidas estas lin ha s com as de uma flor! Contudo a palavra flo r andou por dentro da cri ança, da cabeça para e do coração para a ca o coração beça, à procura das lin ha s com que se faz uma criança pôs no papel flor, e a algumas dessas linha s, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as lin que Deus faz uma flo has com r!

Ao ler o poema “A flor” do dramaturgo, poeta e artista plástico “Almada Negreiros”, me emocionei, ao refletir sobre a pureza e até mesmo sobre a simplicidade com que o poeta revela o interior, a imaginação, o percurso e talvez a forma de realização, sobre o desenho de uma criança. Imediatamente remeti “A flor” a experiência vivida em um encontro com as crianças da turma de 5 a 7 anos.

Almada Negreiros

As crianças foram convidadas a desenhar, criar personagens em cartolina e depois estes se tornaram fantoches e foram manipulados. Foram criados vários personagens tais como princesa cor de rosa, bruxa azul, robô Rex, menino “cabeçudo”, sorvete, borboleta, dinossauro, entre outros. Ao perguntar a um menino: - Que personagem é o seu? - Esta é a “Pedra guarda-chuva”. Olhei para o personagem, e tentei imaginar aquele universo no qual o menino mergulhou para encontrar sua “pedra guarda-chuva”. No exercício de ser uma AE (artista-educadora) no PIÁ posso presenciar, vivenciar, a cada encontro esse jogo da imaginação, deste brincar com as “formas” e de “formas” diferentes. Em cena – “Pedra Guarda-Chuva” e o “Robô Rex”.

Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes Renata Casemiro

Solange Moreno

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Fotos: Adriano Greg贸rio


Territ贸rios do Norte

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Ana Maria Sacramento 50

Biblioteca Érico Veríssimo

Kallu Whitaker

Beatriz Coelho

Luci Savassa

Val Lima


Territórios do Norte

Fotos: equipe Biblioteca Érico Verís

simo

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Territ贸rios do Norte


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Territ贸rios do Norte Primeiros passos

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Biblioteca Padre Anchieta

Cristiane Madeira

Eduardo Bartolomeu

Inajรก Tetembua

Silvani Maria da Silva

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viver� No centro da roda tinha um “si

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Territ贸rios do Nort e

Fotos: equipe CEU Jardim Paulistano

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Territórios do Centro Um pouco do PIÁ da Monteiro Lobato

Apresentando nosso local de trabalho Estamos o tempo todo escrevendo história. Somos seres históricos e a partir desse pressuposto podemos pensar o ser humano como alguém que pode mudar sua história. “O mais importante e bonito do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam”, disse uma vez Guimarães Rosa. Ao longo dos anos, percebemos o quanto muitas das histórias são ocultadas ou mal contadas: certa estratégia do esquecimento... Existe uma estrutura construída socialmente ao longo da história. Essa estrutura permeia e media todas as nossas relações, em todos os âmbitos, desde nossas relações pessoais com a criança que ainda nem nasceu, até pessoas de outras nações que nunca conheceremos na vida. Relatamos aqui um pouco da história e estrutura onde estamos inseridas no ano 2013, no Programa de Iniciação Artística, como artistas-educadoras contratadas pela Secretaria Municipal de Cultura. Na Biblioteca Infanto-juvenil Monteiro Lobato, localizada na região central da cidade de São Paulo, existem mais de 50 anos de história. É a mais antiga biblioteca infanto-juvenil em funcionamento no Brasil e começou com atividades para atrair o interesse das crianças para o livro e a leitura, tais como: coleções de selos e moedas antigas, sala de jogos, sala de revistas, o jornal A Voz da Infância (feito pelas crianças), a hora do conto e sessões de cinema sonoro. O próprio escritor Monteiro Lobato vinha à biblioteca contar histórias para as crianças! Hoje os funcionários, muitos já se aposentando, sentem falta de ter mais crianças frequentando aquele espaço. “As crianças não se interessam mais por livros, só querem saber de internet”, dizem uns. “A biblioteca deixou de ser atrativa, as pessoas não se sentem convidadas a entrarem aqui”, reconhecem outros. Lá na Monteiro Lobato também tem o TIMOL - TEATRO INFANTIL MONTEIRO LOBATO, um grupo de teatro formado por adolescentes e jovens que tem como objetivo a montagem de um espetáculo teatral no final do ano. Já completou 48 anos e tem nesse ano como orientadora artística a Valéria Lauand, uma das primeiras integrantes do grupo quando ela ainda era criança, que também já foi artista-educadora no Programa de Iniciação Artística. O PIÁ e o TIMOL atuam como projetos parceiros e, por meio de suas atividades artísticas e de ação cultural, procuram trazer de volta para a Biblioteca esse movimento infantil: o corre-corre, as brincadeiras, o interesse que se desperta pelos espaços, livros, filmes, histórias e atividades da Biblioteca.

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Um pouco das nossas gicas inquietações artístico-pedagó Ao investigar a relação da criança com o mundo enquanto relação estética é preciso compreender a sua maneira particular de ser e estar na vida que compartilhamos. Buscamos assim trabalhar não de maneira hierarquizada, a partir do adulto para a criança, mas como singularidades de existência em relação. Ao propor se fazer arte COM e PARA crianças, investigando o conhecimento que se cria a partir disso, buscamos tornar possível a sua experiência lúdica e estética. Observamos e dialogamos com elas a partir do seu próprio modo de viver e significar estas experiências e compreendemos assim o seu brincar como linguagem específica da infância. Proporcionar assim um espaço estético e lúdico em sala de aula é em primeiro lugar proporcionar a temporalidade e o ambiente facilitador para que a brincadeira aconteça. Na primeira infância, o estímulo trazido por toda materialidade que afete os cinco sentidos convida a criança a penetrar o espaço e descobri-lo, inventá-lo, reformulá-lo visualmente, sonoramente, textualmente, possibilitando a sua existência na plenitude da sua corporalidade. Cabe então aos facilitadores - professores e artistas - o convite a inventar esse espaço e esse tempo com a criança, ao instalar os materiais e COM ela brincar, aceitando as suas iniciativas, propondo caminhos e amparando os limites, para que ela se sinta à vontade para se expressar criativamente naquele espaço, desenvolvendo aos poucos seu próprio domínio sobre os materiais que explora e ampliando sua capacidade de expressão. Sabemos que todas essas ideias e propostas são também caras ao PIÁ, mas re-colocamos essa reflexão para ampliar esse pensamento não apenas para o trabalho com as crianças, mas para relembrarmos dos nossos caminhos enquanto artistas, criadores que trabalham e criam para e com crianças. Pensamos aqui nas inúmeras tarefas que nos são colocadas, exigidas, no perigo de transformar o nosso trabalho em um cumprimento de tarefas, ao invés de um abrir espaço onde a instituição não seja mais importante que a capacidade de abrir brechas no projeto social que nos toma como disciplina-corpo e disciplina-saber.


Fotos: Elizabeth Belisário

Investigações e Inquietações, palavras de eternas buscas A cultura das crianças é imaginária? É um acervo de liberdade e de criatividades? Partindo dessas questões chegamos a uma frase do Manoel de Barros que diz assim: Tenho o privilégio de não saber quase tudo. E isso explica o resto. Durante nossos processos de criações artísticas com as crianças, acreditamos ser importante para eles colocarem suas próprias ideias, fantasias e serem autores das suas próprias obras. O que cabe a nós? Buscar formar alternativas, lúdicas e adequadas ao universo infantil. Os temas propostos vêm no sentido de construir um processo criativo e coletivo tanto para nós como pra eles (as). Assim focamos e pesquisamos, porque antes de tudo a pesquisa não é algo pronto e acabado, é algo que pode ser contínuo e durador. Propusemos o caderno das memórias de infância dos pais como norteador, para conhecer nossos alunos e estabelecer uma relação entre suas famílias e os nossos trabalhos artísticos. E assim utilizamos esse conhecimento para trabalhar com as crianças durante as nossas vivências artísticas. É importante que o artista-educador esteja sempre atento ao que desenvolve com seus alunos, bem como no registro dos procedimentos e resultados das suas produções artísticas com as crianças. Esta pode ser uma forma de se auto avaliar e repensar as estratégias, quando necessário, ao fazer, construir e transformar porque estamos trabalhando com seres participativos e atuantes, pois, novamente, como diz Manoel de Barros: “Invento para me conhecer.”

Ainda estamos no labirinto. Já enfrentamos o Minotauro? na parede? Como andar sem bater tantas vezes a cabeça im dentro dele. Podemos imitar os franceses e construir um jard O que você colocaria dentro deste jardim? Eu começaria com uma flor de lótus. (Labirinto: referência ao projeto desenvolvido 2012) com as turmas do PIÁ no segundo semestre de

Biblioteca Monteiro Lo bato Elizabeth Belisário

Suzana Schmidt

Simone Lima Vanessa Biffon 59


Foto: Equipe Biblioteca Padre Anchieta

Outros olhares sobre o PIĂ


Isabelle Benard



Isabelle Benard


Isabelle Benard



LudoCidade: a Cidade PIÁ Além de apresentar as trajetórias poéticas do PIÁ, incluímos na Revista PIAPURU um jogo que chamamos de LudoCidade. O tabuleiro está disponível no pôster quem vem junto da revista. As regras e os dados você pode conferir nas páginas a seguir. Junte os amigos e divirta-se! Como jogar? - Recorte o molde do dado e em seguida pinte como quiser. - Para representar os pinos, procure, na sua mochila, na estante da sua casa ou nas gavetas de onde você estiver, objetos diferentes. Pode ser tampa de garrafa, tampa de caneta, anel, chaveiro, pedra, folhas, enfim, o que você achar mais legal! - Cada pino representa uma equipe, que pode ser feita com duas ou mais pessoas. Não há limite de pessoas para cada equipe. Qual o objetivo? Cada equipe deve se reunir e decidir qual será o seu ponto de partida, os pontos de paradas e o ponto final. O objetivo é fazer o trajeto desejável para conhecer os equipamentos públicos da Cidade PIÁ. Em seguida cada equipe apresenta seu trajeto em voz alta. Por exemplo: “Somos da equipe do pino tampinha amarela, sairemos do CEU Sapopemba e vamos passar pelo CEU Lajeado, CEU Guarapiranga, CEU Três Pontes, CEU Parque Bristol e por fim pela Biblioteca Marcos Rey”. Em cada um dos pontos de parada a equipe deve realizar a brincadeira proposta pelo equipamento. Atenção 1: Cada trajeto deve conter no mínimo quatro pontos de parada, além do ponto de partida e do ponto final. Atenção 2: No ponto de partida não é preciso necessariamente realizar a brincadeira proposta. Atenção 3: Várias equipes podem sair do mesmo lugar e/ou chegar no mesmo lugar. Atenção 4: Além dos pontos de paradas, vocês podem também conhecer os outros lugares disponíveis na cidade. Ele não precisa estar no seu trajeto, basta entrar e participar. Atenção 5: Começa a equipe que tiver o integrante com a menor idade de todos. E assim sucessivamente. Atenção 6: Não há vencedores nessa brincadeira. O objetivo principal é passear pela Cidade PIÁ e brincar com as ideias propostas. Boa viagem!!!

LEGENDA: A cabou a luz na Cidade PIÁ. Aguentem aí uma rodada até que a luz volte a funcionar e vocês voltem a caminhar. Atenção senhores passageiros. Com o metrô PIÁ vocês têm o direito de caminhar mais três casas! Uau que sorte!!! Vocês têm o direito de voar direto para o próximo ponto de parada. Quem tem sorte tem tudo! Xiii, acho que vocês esqueceram um dos amigos lá atrás. Voltem duas casas para buscá-lo. Aqui na Cidade PIÁ as bicicletas têm vez! Portanto, pule duas casas.

RECORTE DOBRE

PONTOS DE PARADA: HA - MOSTRE E CONTE e ser CENTRO CULTURAL DAa PEN pessoa qualquer, que pod

A equipe escolhe um ida ipe. Esta pessoa escolh ou não da sua própria equ so a Ca to. dile pre do que deve “mostrar” o seu brin que mãos, ela pode explicar pessoa não o tenha em deve “contar” ela r” stra “mo de ois Dep brinquedo é esse. la funciona, o que faz, qua sobre o brinquedo. Como dele. Em seguida as to tan ta gos que por e especialidade soa fazer perguntas para a pes outras pessoas podem ? ido olh esc o á Quem ser sobre o seu brinquedo.

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piapuru2013

CEU SAPOPEMBA - CACHORRO SEM DONO

Atenção! A cachorrada está solta. Todas as pessoas, de todas as equipes, participa m dessa brincadeira. Em roda, metade do grupo fica em pé e a outra metade fica agachada em frente a outr a que está em pé. Quem está agachado é o cachorro e quem está em pé é o dono. Uma pessoa fica no mei o. Ela será o cachorro sem dono! Coitada! Disfarça damente o cachorro sem dono deve piscar para algum cachorrinho com dono. Em seguida eles devem trocar de lugar, mas um bom dono que se preze não deixa seu cac horro fugir. O cachorro sem dono vai tentando até que algum dono distraído perca seu cachorrinho. Assim vai acontecendo. Depois de alguns minutos todos pod em trocar. Quem era dono vira cão e quem era cão vira dono! A brincadeira acaba quando o cansaço chegar!

CEU QUINTA DO SOL - ABISMO

Uma certa vez, o dia e a noite resolveram que nunca mais iriam se encontrar. O sol estava cansado de ao ir embora dar boa noite pra Lua e a Lua cansada de dar bom dia. Decidiram que nunca mais iam se cruzar. Isso causou um abismo enorme no mundo! As pessoas ficaram enlouquecidas e confusas. Mas o Sol e a Lua disseram que voltariam a se cruzar com uma condição: “Que todas as pessoas do mundo chegassem a uma conclusão sobre o que elas jogariam fora!”. Escolha uma outra equipe para jogar com vocês. Vocês devem dizer uma coisa que jogariam fora no mundo e a outra equipe diz se concorda ou não. As duas equipes devem explicar o porquê da decisão. Caso não cheguem em um acordo, é preciso escolher outra coisa para jogar fora. Assim que chegarem num acordo, o Sol e a Lua voltam a se cruzar. Caso não cheguem a um acordo nunca, todos vão para o abismo! Boa sorte.


ERSEN - VÍRUS BIBLIOTECA HANS CHRISTIANgosAND o contamina crianças

“Extra extra extra! Vírus peri !”. Preparem-se para e adultos na região do Tatuapé brincadeira. É preciso sa correr. Todos participam des com meia. Todos em feita ser e pod que de uma bola s pessoas serão os Dua . aço pé espalhados pelo esp os outr precisam correr dos primeiros contaminados. Os mão e não pode correr, na bola a com dois. Um ficará o pé está “colado” outr o apenas movimentar um pé, a pode correr inad tam con soa pes a outr no chão. A taminar alguém con para Mas as. atrás de todas as outr brando que Lem . mão é preciso estar com a bola na diatamente. ime er corr de pára bola a quem está com outro quando o para um bola Esta dupla poderá jogar a encostar a bola em dois dos um ndo Qua r. nde bem ente taminada e junto com a alguém, esta pessoa está con do cada vez mais. Só vale dupla continuará contaminan e não arremessando. O bola a ndo osta contaminar enc ndo até que todos enta aum time de contaminados vai os. inad tam estejam con

BIBLIOTECA MARCOS REY - ESCADA

Aqui na Biblioteca Marcos Rey para chegar no espaço do PIÁ é preciso subir uma escada muito atrevida! Toda vez a escada pede para que as pessoas subam de um jeito diferente. Enquanto as pessoas não fazem esse jeito, ela não deixa ninguém subir! Por isso, sua equipe deve construir coletivamente e com o próprio corpo, uma escada para que um integrante suba de um jeito bem esquisito e diferente.

CEU SÃO MATEUS - DESAFIOS

Para entrar no CEU São Mateus é preciso passar por alguns desafios. Respire fundo e boa sorte, você vai precisar: 1) Fiquem em silêncio por um minuto e percebam quantos sons vocês conseguem escutar; 2) Procurem o menor objeto que vocês puderem encontrar; 3) Prestem atenção onde vocês estão e digam quantos passos vocês devem dar até a porta.

BIBLIOTECA PADRE ANCHIETA - EU ME LEMBRO DE...

Vocês têm boa memória? Chegou a hora de exercitála! O jogo funciona assim: uma pessoa da equipe diz em voz alta uma palavra qualquer. A primeira que vier na cabeça. O segundo precisa dizer: “Quando (diz o nome da pessoa) diz (fala a palavra dita) eu me lembro de (diz outra palavra)”. O próximo continua o jogo repetindo a frase. Quando chegar no último da equipe é preciso fazer o caminho de volta relembrando as palavras já faladas.

CEU GUARAPIRANGA - DÁ LICENÇA COBRA

Cuidado! Muito cuidado! Aqui no CEU Guarapirang a existe uma lenda que todos juram de pé junto que é verdade. Perto de um bambuzal existe uma Dona Cobra que mora e vive lá. Vira e mexe ela está de mal humor . Para que ela não pegue vocês é preciso fazer algum as coisinhas. Todos da equipe devem procurar a árvore mais próxima, dar três voltas e cantar bem alto “Dá licença cobra!”. Assim, estarão todos salvos!

CEU CANTOS DO AMANHECER - CONTORNO

Qual é o formato das coisas? O tamanho? O volume? As dimensões? Os sentidos? Você já desenhou o contorno do seu próprio corpo? O desafio aqui é o seguinte: toda sua equipe deve contornar com o dedo os participantes de todas as equipes. Com um detalhe, isso deve ser feito em 20 segundos. Quem vai cuidar do tempo? Valendo!

CEU TRÊS PONTES - E O PALH

AÇO O QUE É? Sempre tem alguém na turma que faz tod o mundo rir. “Fulano é mesmo um a piada!”. No CEU Trê s Pontes a alegria e a gargalhad a tem cadeira cativa nesse picadeiro. Escolha um a pessoa da equipe. Vocês devem usar roupas e objetos que estiverem perto para transformar essa pesso a em um palhaço. Em seguida, para terminar, é precis o batizá-la (dar um nom e) e esperar que ela faça uma palhaçada.

Vamos ver agora se a, façam a difícil encontrar um uma bolinha. Caso sej as meias com ou el amassado com uma folha de pap em pé em uem Fiq e. uip eq da de algumas pessoas os a a bola para outra. Tod roda. Uma pessoa jog ando disserem Qu . ta!” cor s, trê is, contam: “Um, do deve cortáestiver recendo a bola “corta” a pessoa que do sai da rta ace for uém. Quem la tentando acertar alg conseguir o alv o for e qu a sso brincadeira. Caso a pe ito cuidado sai é quem cortou! Mu segurar a bola, quem ir! ert o é sempre se div com todos. A intençã

TCHIBUM!

Aqui na região sul da Cid ade PIÁ existem duas gra ndes represas. Que tal dar um mergulho nelas? Fique por aqui uma rodada inteira e aproveite o sol do dia!

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CEU PARQUE BRISTOL - JAM

Você já ouviu falar em JAM? Alguns dizem que palavra vem do inglês jam qu e significa geleia, em alusão à mistura de estilos qu e esta prática proporcio na. Outros também acred itam que vem das inic iais da expressão “jazz afte r midnight” (jazz depo is da meia-noite). Aqui no CEU Parque Bristol brincamos muito de fazer JAM. Qu e tal fazermos uma ago ra? Cada um deve escolh er algo para improvisa r, um som, um movimento, um texto ou uma ima gem. Todos participam dessa imp rovisação.

S CENTRO DE FORMAÇÃO CULTURAL CIDADE TIRADENTE - PULA CORDA! cado!

CEU LAJEADO - A ARANHA ARRANH

morre enfor Aqui na Cidade Tiradentes ninguém lado. Sim! Isso seu ao aí está que a cord esta Pegue ela com todo e Pegu vel. invisí mesmo, é uma corda r corda enquanto cuidado. Duas pessoas devem bate saladinha, bem os outros pulam e cantam. “Salada, inho, fogão!” temperadinha, sal, pimenta, fogo, fogu a! cord na çar trope não pra Cuidado

BIBLIOTECA ALVARES DE AZEVEDO - RODA PEÃO!

- ESCORREGA COM CORPO Bem vindos ao Caste lo da Narbal Fontes. Vocês todos acabaram ficando pre sos nesse Castelo mis terioso. Todas as portas estão trancadas e para ir em bora há apenas uma saída: um escorredor maluco. Fiq uem todos de pé em fileira. Cada um deve fazer um escorredor com seu próprio corpo. Assim que o último fizer todos estarão livr es do Castelo.

A! A Dona Aranha está solt a e você caiu na teia do CEU Lajeado. Construa com todos participantes uma grande teia de aranha usa ndo as partes do corpo. Todos precisam cantar a música da Dona Aranha . Se você não conhece essa canção invente uma! Um dos participantes precisa pas sar pelo meio dessa gra nde teia. Sejam rápidos para não virarem mingau de ara nha!

Agora chegou a hora de perder as estribeiras. Roda, roda e roda! Formem duplas nas equipes. Uma pessoa será um peão e a outra deve enrolar uma corda imaginária em volta do peão. Puxe com toda força. O peão por sua vez deve rodar por todo o espaço até cair ao chão. Só cuidado pra não ficar muito tonto!

PINTANDO AS PAREDES ANO CEU JARDIM PAULISTvoc guem ês têm jogo rápido. Pe

BIBLIOTECA MONTEIRO LOBATO - PEGA-PEGA SACI

Todos de pé! Ou melhor num pé só. Não é que o saci veio fazer suas traquinagens e suas confusões aqui em nossa cidade?! Todos participam dessa brincadeira. A equipe escolhe uma pessoa para começar. Ela fará o conhecido pega-pega com todos. Maaaas, com o Saci tudo é diferente. Vocês deverão fazer o pega-pega num pé só! Estão prontos? Já!

Num certo dia, um pessoal muito atrevido resolveu juntar todo o pessoal da comunidade para pintar e desenhar nas paredes e nos degraus de uma escadaria muito perto do CEU Quinta do Sol. E você, já desenhou na parede? Vá até a janela mais próxima de onde você estiver e procure uma parede com algum desenho. Descreva o que vê e diga a todos o que você pensa sobre isso.

BIBLIOTECA NARBAL FONTES

BIBLIOTECA ERICO VERÍSSIMO - DANÇA DAS CADEIRAS

Aqui na Biblioteca Érico Veríssimo não tem perded or! Sempre tem espaço para mais um. Façam uma fileira com cadeiras preparando para a famosa dança das cadeiras. Escolham uma música ou escolha alguém para cantar! Maaaas aqui na Biblioteca a regra é diferente. Quando a música parar quem sai é a cadeir a! Em cada rodada todos precisam dar um jeitinho pra se sentar, mesmo que tenha menos cadeira. O jogo vai acontecendo até que a última cadeira saia. E atençã o todos terão que sentar. Mesmo sem cadeira! Como ? Vocês é que vão mostrar!

ERA UMA VEZ...

FABRICA DE CIMENTO

Aqui no bairro de Perus existiu a prime ira Fábrica de Cimento do Brasil produzindo em grand e escala! Essa Fábrica foi um grande acontecim ento na região causando às vezes tristeza para os funci onários que lutavam por melhores condições de traba lho. Atualmente ela está desativada, deixando apenas suas histórias. Escolham agora uma pessoa da equip e. Esta pessoa se aventurou dentro da Fábrica de Cime nto de Perus e infelizmente caiu dentro de um poço cheio de cimento! Ela deverá ficar durinha feito estátua duran te uma roda inteira. Fiquem de olho, não pode mexe r nadinha!

Hans Christian Ande rsen foi um escritor din amarquês que escreveu muitas , mas muitas, histórias infantis. Sabe aquela história do patinho feio? Pois foi ele mesmo quem fez! Ele ficou muito conhecido como um escritor de contos de fadas. Pois bem, o de safio agora é que uma pessoa da equipe invente de imp roviso um conto de fadas em que os personagens sejam as pessoas da própria eq uipe. Pode ser com fina l triste, final alegre ou até sem final! Bote a imaginaçã o pra funcionar. 1... 2... 3... e já!


Adriano Greg贸rio



Karin Giglio

Programa de Iniciação Artística 70

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Divisão de Formação 2013 Diretor Amilcar Ferraz Farina Coordenador Administrativo Ilton Toshiaki Hanashiro Yogi Equipe Gilmar China Kane Bueno de Souza Leite Mercedes Cristina Rocha Sandoval Beatriz Salles Lima Isabella de Souza Rodrigues

PIÁ - Programa de Iniciação Artística Coordenadores Artístico-pedagógicos Regionais Bruno César Tomaz Lopes Isabelle Benard Karin Virginia Rodrigues Giglio Ricardo Alessandro Dutra Garcia Coordenadores Artistas-Educadores Antonio Francisco da Silva Junior Barbara Alves Gondim de Freitas Beatriz Aranha Coelho Carmen Pinheiro da Silva Daniel Fonseca de Freitas Edicléia Plácido Soares Eduardo Henrique Bartolomeu Fabiana Kleufer Adamo Prado Fábio Amadeu Pupo Janete Menezes Rodrigues Liliana Elisabete Olivan Priscilla Vilas Boas Robson Batista Ferraz Samara Aparecida Costa Suzana Schmidt Viganó Zina Filler Artistas-Educadores Adriana Freires Aragão Adriano Gregório Castelo Branco Alves Alexandre Mandu da Silva Ana Cristina Simão Nonato da Silva Anjos Ana Maria Dubraz da Costa André Ana Maria Sacramento Targino Ana Paula Moreira de Souza Andrea Lucia Rocha Andressa Carolini Francelino Ayune Maisano Namur Beatriz Campos Faria Bruna Rodella Soares Camila Silveira Duarte Carlos Rogerio Eustachio da Silva Cupertino Amorim Carolina Chmielewski Tanaka Cintia Harumi Sauer Matsuda Cristiane Madeira Motta Daniela Alves Pereira Douglas Tavares Borges Leal

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Eliane Weinfurter dos Santos Elisabeth Belisario Fabiana Barbosa Ribeiro Henrique Ramos Ávilla Inajá Tetembua Jacqueline Oshima Franco João Luiz Pereira dos Santos Jônatas Dias Barbosa José Guilherme Carlos de Almeida Juliana Rosa de Sousa Júlio César Lopes Machado Kallu Barbosa de Campos Whitaker Kelly Cristina Santos Laura Marques de Souza Salvatore Leonardo da Cunha Barros Lia Mandelsberg Monteiro Lucilaine Maisa Savassa Luis Vitor Maia Márcia Gonzaga de Jesus Freire Maria Cecilia Amaral Pinto Maria Eugenia Blanques De Gusmão Recy Michelle Cruz Freire Renata Cristina Casemiro Robertha Mano Rosângela Gomes de Melo Rodrigo Munhoz Roselene Domingues de Oliveira Ruy Paiva Borba Silvana de Jesus Santos Silvani Maria da Silva Simone Laiz de Morais Lima Solange de Souza Camargo Suzana Akemi Fujise Telmo Rodrigues Rocha Valdilania Santana de Lima Vanessa Biffon Lopes Veronica Silva Pereira

Pontos de Atuação 2013 Biblioteca Alvares de Azevedo Biblioteca Cassiano Ricardo Biblioteca Érico Veríssimo Biblioteca Hans Christian Andersen Biblioteca Marcos Rey Biblioteca Monteiro Lobato Biblioteca Narbal Fontes Biblioteca Padre José de Anchieta Centro Cultural da Penha Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes CEU Cantos do Amanhecer CEU Guarapiranga CEU Jardim Paulistano CEU Lajeado CEU Parque Bristol CEU Quinta do Sol CEU São Mateus CEU Sapopemba CEU Três Pontes


CULTURA

EDUCAÇÃO


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