Kitesurf

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Esporte

Por: Djenane Arraes | Fotos: Victor Hugo Bonfim

Raphaela Christina

Não precisa de

gasolina Prática do kitesurf cresce em Brasília embalada pela boa publicidade e beleza plástica do esporte

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uando você estiver está à beira do Lago Paranoá, Lagoa Formosa, localizada em Planaltina de Goiás (GO) observe linhas escuras se formando no espelho a 80 km de Brasilia. De acordo com Leonardo Porto, os d’água. Numa época em que a temporada de ven- ventos que passam por ali no período de julho a setembro tos ainda está por vir – período este que vai de julho a são tão fortes quanto os de Fortaleza, o que proporciona a setembro –, observar essas linhas é uma dica importante aliança da técnica com manobras radicais. O kitesurf é um esporte patenteado pelos irmãos franceses para os que praticantes o do kitesurf. Estes são sinais que indicam que está se aproximando a força essencial Legaignoix em meados dos anos 1980. Não demorou a ganhar para erguer as imensas pipas que mais parecem para- milhares de adeptos e importância em todo globo. Hoje, ele quedas. “Nesta época, existem muitas rajadas de ventos atingiu status de honra para qualquer modalidade: tornou-se olímpico. Vai estrear em 2016, no Rio característicos”, disse Josué Victor, de Janeiro. Os kitesurfistas invadiram o mais antigo instrutor do esporte Brasília há 12 anos, época em que na cidade. “Você precisa ser muito pessoas como o preparador físico técnico para praticar este esporte Cristiano Montes foram às praias em Brasília, e saber ler esses sinais é de Florianópolis (SC) e do Nordeste importantíssimo: eles servem tanto aprender as técnicas do esporte com no lago quanto no mar.” instrutores estrangeiros. O Google Quando o vento vem, a “pipa” também teve parcela importante no é empinada. São geralmente enorprocesso. “A gente pesquisou bastante mes, com mais de cinco metros, na internet sobre equipamentos e por causa das características locais. tudo mais que poderia nos ajudar a “Tudo é uma questão de configuraentender melhor o kite. Depois coção”, explicou Josué. “Pouco vento, meçamos a viajar mais para o litoral kite grande. Se você usa um desses a fim de ganhar mais experiência”, em Fortaleza, onde venta muito, vai lembrou Cristiano. decolar. Nas condições de lá, o kite Pelas estimativas de Cristiano, precisa ser pequeno.” Para se ter a cerca de 300 pessoas foram formasensação do que é velejar em ventos fortes, como no litoral, o melhor Leonardo Porto garante que os ventos na Lagoa das pelos instrutores mais antigos de Brasília: ele próprio e Josué ponto, segundo os praticantes, é a Formosa são tão bons quanto os de Fortaleza

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são alguns deles. Existem outros mais que treinaram nos litorais do País. Foi o caso de Leonardo Porto, que integra o Movimento dos Sem-Praia, que existe há 12 anos e agrega vários outros esportes, como wakeboard e surf . “De todos, o kitesurf é o mais viciante e mágico”, disse Leonardo. “Envolve a água, o ar e não precisa de gasolina, só da força da natureza.” A teoria de que o kite é um esporte sedutor é corroborada por Josué. “Vicia tanto que tenho alunos de 60 anos que não conseguem largar. É um ótimo refresco para a cabeça. Até porque quando você levanta o kite, não há espaço para pensar em mais nada. Todos os problemas ficam do lado de fora.” Ainda não existe um campeonato profissional organizado na cidade e não há um atleta de alto-desempenho que se formou nas marolas do Paranoá. Mas os kitesurfistas promovem juntamente com empresários da cidade pequenos eventos amadores. O mais tradicional, no entanto, ocorre a pouco mais de 2.400 km daqui. Trata-se do Downwind da Independência, realizado no feriado de 7 de setembro. Neste evento, os brasilienses percorrem cerca de 70 km do litoral cearense em três dias de velejo com o kite. “Existe uma equipe de apoio que acompanha por terra para qualquer eventualidade e paramos para descansar em determinadas praias”, explicou Leonardo. “Mas é um circuito muito complicado de se concluir. Com o tempo, os braços não respondem mais, os olhos ardem. Das 30 pessoas que participaram no ano passado, apenas 12 concluíram.”

Josué Victor é o instrutor de kitesurf mais antigo de Brasília

Princípios do kite Os pré-requisitos para a prática do kitesurf são relativamente simples: é recomendado que se tenha mais de 40 kg e saiba nadar. O curso para colocar a prancha nos pés e sair por aí é de, no mínimo, 6 horas/vento. “Cobra-se por hora/vento, porque este é um esporte que depende das previsões climáticas. Não adianta fazer um calendário com dia e hora fixos, se não houver vento para fazer a aula”, explicou Josué. Quem também ouviu essas palavras foi Leonardo Miranda – jovem corretor de imóveis que estava interessado em aderir ao novo esporte. Ele que é ciclista, atleta amador do montain bike, conheceu o kite na internet. “O crescimento dele me chamou a atenção. Entre os esportes radicais daqui de Brasília, este foi o que mais chamou a minha atenção.” O corretor de imóveis também ouviu palavras mais assustadoras de Josué. “Este é um esporte que mata.” As palavras não são para assustar, mas sim para alertar sobre a necessidade de respeitar certas condutas e normas de segurança, como o uso de colete e do capacete. “Você pode perder o controle do kite, por exemplo, e vir a bater contra uma árvore. Não é difícil o impacto provocar lesões como um traumatismo craniano”, alertou Josué. Outro ponto que o instrutor chama atenção é para

o que ele chama de “etiqueta do kite”. Nada mais do que a necessidade de se ter boas maneiras e ser polido e cordial no trato com curiosos e outras pessoas. “Muitas vezes, numa conversa com um local, por exemplo, você pode obter dicas de pontos de rocha, corais, troncos e até mesmo de picos de vento”, disse. “A questão é que você costuma estar em posição vulnerável e em risco. Daí a necessidade de se ter etiqueta. É preciso manter a calma até com a pessoa que vem ao seu resgate, tamanhas são as peculiaridades do equipamento.” No mais, o bom é aproveitar os ventos e velejar pelas águas do Lago Paranoá. E quando a força da natureza não aparece: “A gente faz wakeboard ou anda de skate”, finalizou Leonardo Porto.

Serviço Kite Brasília www.kitebrasilia.com.br Instrutor Josué Victor Preço: R$ 200 hora/vento

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