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CULTURA
Sexta-feira, 17 de julho de 2009
MAURICIO 50 ANOS
Mônica, heroína nacional arafraseando Paulinho da Viola: “Foi um gibi da Mônica que passou em minha vida, e meu coração se deixou levar”. A minha primeira lembrança, sólida, com um gibi da Turma da Mônica, foi aos seis anos. Era meados da década de 1980 quando meu irmão mais velho me deu um exemplar. Lembro até hoje da capa temática de natal. Também recordo da preguiça de ler e de achar a escola muito chata. A agonia de estar em uma sala de aula me acompanhou até o ensino médio (2º grau, na minha época). Mas a Literatura era um alento entre a confusão objetiva da Matemática. Sempre amei ler, e essa fagulha surgiu com um gibi da Mônica. Como toda criança, adorava olhar os desenhos. Mas não lia as historinhas. Tinha preguiça. Achava que as tramas “complexas” de minha imaginação eram muito melhores. Até que meu irmão (11 anos mais velho) passou a ler as revistinhas comigo, me estimulava a ler os balões. Quando menos percebi, passei a apreciar mais os enredos e a enrolar menos. Hoje, tenho milhares de gibis do Mauricio de Sousa. É uma coleção de anos, cheia de edições nº1, de colecionadores. Os exemplares que mais gosto estão embrulhados em um plástico para melhor conservar. Houve uma época, adolescência, em um momento de rebeldia, que quis doar tudo. Recuei no último suspiro ao realizar a dor que seria me separar deles. Se o tivesse feito, hoje carregaria esse remorso. Não tem jeito. A Mônica faz parte da minha vida e ela é tão importante quanto uma pessoa “real”, próxima. Posso passar cinco, dez anos, sem ler um exemplar. Mas quando o faço, a memória de todas
P
as historinhas vem de imediato. E como elas são boas. A Mônica é uma super-heroína. Ela tem a capacidade de salvar a sua turma dos perigos, de levantar coisas muito pesadas com a sua força sobre-humana. Mas sua melhor habilidade é de preencher alguns de nossos vazios, nos livrar de situações ruins ou nos fazer pensar melhor. Mônica pode ser um respiro, um lampejo de humor que ajuda a contornar uma situação de stress. Não é incomum encontrar pessoas que dizem que, não fosse por ela, coisas ruins teriam acontecido. Lembro que a Mônica me fez companhia pela milésima vez, dia desses. Estava a esperar um amigo para juntos aproveitarmos o cinema. Sou pontual. Fico angustiada quando as coisas não estão no horário. Não vou brigar, mas no fundo, fico chateada. Ele estava atrasado. Foi quando comprei um gibi da Mônica e o li. Ri alto das presepadas da dentuça. Chamei a atenção de algumas pessoas que passavam. Elas achavam graça da cena de um adulto se esbaldando com literatura infantil. Eu também acharia. O tempo passou. Levei bolo, mas o meu espírito estava leve. Assisti o filme sozinha, curti e voltei para casa. Mônica salvou meu dia. Que bom! (D.A.)
Jornal de Brasília