OS RESULTADOS DO NOVO DJ MAG TOP 100
UMA DÉCADA DE HITS
GREEN VALLEY
O #1 DO MUNDO E SEUS SEGREDOS
RÉVEILLON 2018
AS FESTAS QUE PROMETEM
CAT DEALERS
CONQUISTANDO O PLANETA
KOLOMBO
50 PERGUNTAS PARA O BELGA
Giorgio Moroder, ADE, KVSH, Beowülf, Giorgia Angiuli, Tropkillaz, Planeta Brasil, JØRD, El Fortin, Make U Sweat, Manimal, Vinne, Tr3nds, D-Groov, Santti, Kiko Franco, Xxxperience, Acid House, Os Sons Vizinhos, Mix and Mastering e mais…
DJ Mag Brasil Avenida Embaixador Abelardo Bueno 600, Bloco Indic, Sala 303 Barra da Tijuca Rio de Janeiro, RJ
LATINOAMERICA Líder de projeto: BAN Diretor Internacional: Nicolas Barlaro Editor Internacional: Hernan Pandelo - hernanp@djmagla.com
Queridos leitores e seguidores, O ano está acabando, o verão chegando e a DJ Mag Brasil está de volta com esta nova edição impressa que está em suas mãos, ou na versão digital em nosso portal www.djmagbr.com. É com entusiasmo que dividimos com vocês uma importante novidade: a DJ Mag Brasil cresceu. Nossa operação passa a contar com novos sócios e estrutura remodelada para fortalecer ainda mais nosso compromisso de trazer o que há de mais novo no universo dessa cena que tanto amamos. Juntam-se ao time Kryssiam Lauria e Raphael Caracas. Além dos novos colegas, nossa equipe segue com os já conhecidos Rodrigo Vieira (Publisher), Ana Cavalcante (Assistente de Marketing) e a agência The BOREAL Agency, cuidando da nossa área editorial. Estaremos explorando com mais intensidade nossa ligação natural com nossa revistas irmãs e contaremos com o apoio sinérgico das DJ Mags Inglaterra, Latinoamérica e o mais novo membro da família, a DJ Mag Asia. Também estreiam nossos representantes internacionais Rodrigo Barreto (Miami, Estados Unidos) e Hugo Ribeiro (Porto, Portugal).
BRASIL DIRETORIA Publisher: Rodrigo Vieira - rodrigovieira@djmagbr.com Diretor de Operações e Eventos: Kryssiam Lauria - kryssiam@djmagbr.com Diretor de Marketing e New Business: Raphael Caracas - raphaelcaracas@djmagbr.com EDITORIAL / THE BOREAL AGENCY Editor: Rodrigo Airaf - rodrigoairaf@djmagbr.com Assistente Editorial: Jode Seraphim - jode@djmagbr.com MARKETING Assistente de Marketing: Ana Cavalcante - analuiza@djmagbr.com JURÍDICO MSDA Advogados
2019 trará muitas novidades. Estaremos repaginando nosso portal, lançando nossa record label e apresentando novos projetos como o DJ Mag House, para valorizar nossos talentosos artistas, e o DJ Mag Compact, cuja missão é descobrir novos talentos. Teremos também a volta da DJ Mag On Tour e apresentaremos duas novas edições internacionais da revista, em inglês, com lançamento em março (Miami Music Week) e outubro (Amsterdam Dance Event).
ARTE Diretor: Alejandro Ramos - aleramos@djmagla.com Layout: Sergio Aguirre Arte Brasil: Bruno Monteiro - brunomonteiro@bmdesign.art
Obrigado por seu apoio e fidelidade. aproveitem nosso conteúdo e fiquem ligados pois o ano novo promete muitas novidades aqui na DJ Mag Brasil, acompanhem em nosso portal e redes sociais.
REPRESENTANTES INTERNACIONAIS Rodrigo Barreto / Rod B. (Miami, Estados Unidos) Hugo Ribeiro (Porto, Portugal)
Abraços eletrônicos,
RODRIGO VIEIRA, KRYSSIAM LAURIA, RAPHAEL E PAULO
Contents
64 FELGUK
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Uma década de hits
Features
39 TOP 100 DJS 2018
A votação dos top 100 DJs mais populares do mundo…
48 ARTISTA DE ATITUDE
Vale se posicionar politicamente nas redes sociais?
50 GAME CHANGER: “I FEEL
LOVE”
A lenda da música eletrônica Giorgio Moroder fala sobre a produção deste clássico disco duradouro e revolucionário...
54 PULANDO ALTO
Como o Cat Dealers tomou o Brasil e o mundo
58 30 ANOS DE ACID HOUSE
Este ano marca o 30º aniversário do nascimento de um dos maiores movimentos da música eletrônica como a conhecemos.
62 O MUNDO SEGUNDO DJS
Uma jornada diferente em algum lugar do mundo…
8 Comin’ Up
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Festas de Réveillon, Beowülf, Green Valley, DOM, Manimal, Tropkillaz, JØRD, El Fortin, KVSH, TR3NDS, Vinne, Santti, D-Groov, Kiko Franco & Make U Sweat…
78 On The Floor Diynamic na Laroc, XXXperience, Amsterdam Dance Event…
86 Tech News
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Giorgia Angiuli in the studio, Dalton Jasper, Mix & Mastering…
92 Beatdrops O que os DJs ouvem nas horas vagas?; Novos lançamentos: Bruno Martini, Cat Dealers, Felguk, Evokings, Beowülf, Anhanguera, Lari Hi e mais…
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70 KOLOMBO 50 perguntas
74 CONCEPT: EXPORT
O atual momento dos brasileiros da cena underground no exterior.
75 ESPÍRITO RAVER
Conectando dance music às suas puras vibrações, à arte e à força de se expressar libremente.
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CONFIRA AS MELHORES FESTAS DE RÉVEILLON PARA VOCÊ CURTIR NO LITORAL BRASILEIRO Adeus ano velho... Feliz Ano Novo! Por ANA CAVALCANTE Todo fim de ano a mesma dúvida: onde passar o réveillon? Com a chegada do verão no dia 21 de dezembro, a expectativa é de muito calor e aquela praia para se refrescar. A DJ Mag Brasil preparou um roteiro com as melhores festas para você curtir a virada com os pés na areia. Desde a mais badalada até a mais tranquila, tem de tudo um pouco nas festas de Réveillon espalhadas pelo litoral brasileiro. Os preços variam entre R$ 3.000,00 a R$ 4.000,00 cada pacote com todas as festas, mas se a opção for de compra avulsa para uma festa específica, pode sair entre R$ 1.200,00 e R$ 2.000,00. Entre os serviços oferecido você pode encontrar itens importantes como um
open bar premium ou open food, por exemplo, e até alguns mimos como salão de beleza e massagem. Entre algumas facilidades interessantes, o Taípe oferece um voo fretado saindo de SP para os clientes que escolherem Trancoso como destino. Já quem quer chegar em Noronha ou Jeri precisa correr, pois os voos já estão com preços mais salgados, assim como vários hotéis. As festas de Pipa e Carneiros oferecem pacotes completos incluindo passagem + hospedagem + pacote de festas, um investimento que vale a pena para aqueles que querem curtir a virada nos locais mais paradisíacos do Brasil.
Réveillon Taípe Surgiu como uma festa de Réveillon pequena para reunir amigos de amigos, boa música eletrônica e um inesquecível nascer do sol na praia do Taípe. Os anos se passaram, a festa cresceu e se tornou um verdadeiro ícone, sempre com novos frequentadores de diversos lugares do Brasil e do mundo. Sempre mantendo sua programação musical em segredo, reúne cerca de duas mil pessoas na beira da praia, embaixo das falésias – cartão postal de Trancoso - BA. Embora não divulgue seu lineup, as festas confirmadas são: Corona Sunsets, We Love Trancoso, Saravá, Pré-Réveillon, Réveillon Taípe e Ressaca.
CRÉDITOS IMAGE DEALERS
Réveillon do Gostoso São Miguel do Gostoso, a uma hora do aeroporto de Natal, é conhecido por ser um dos palcos mundiais para o kite e wind surf, além da sua rica e surpreendente gastronomia, com mais de 10 deliciosos restaurantes à disposição do público. Além de ter como cenário um local paradisíaco, o Réveillon de Gostoso ainda reúne as melhores atrações, como Wesley Safadão, Matheus e Kauan, Vintage Culture, Sam Feldt e a festa carioca Esbórnia.
Mareh Reconhecido pelo Resident Advisor como uma das melhores festas de ano novo do Brasil, o Mareh atrai pessoas do mundo todo. Com uma proposta diferente, em meio à natureza e explorando sonoridades mais conceituais, a cidade escolhida para receber esta edição é Barreirinhas, no Maranhão. Lugares paradisíacos, pouco explorados e boa música são características que diferem o Mareh dos demais.
CRÉDITOS FELIPE GABRIEL
Réveillon dos Milagres As festas acontecem em São Miguel dos Milagres, Alagoas, pertinho de Maceió. Organizado pela agência Tamo Junto, são 5 dias de festas em um cenário paradisíaco, com uma galera muito massa e uma vibe que não tem igual. O ano novo por lá é cada vez mais conhecido e propõe melhorias a cada ano. Quando eles falam que é open bar premium, é open mesmo e não tem miséria! São muitas opções de bares e muitas bebidas boas durante toda a festa. A programação começa no dia 27 de dezembro e se estende até o dia 31 com a festa de Réveillon. Entre as atrações confirmadas estão Dennis DJ, Vintage Culture, Atitute 67, Xand Avião e Bruninho e Davi.
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Réveillon Carneiros A Praia dos Carneiros fica em Pernambuco, no município de Tamandaré. O lugar tem todos os elementos que se espera de um paraíso: coqueiros, piscinas naturais, águas claras, corais e Sol. As atrações já confirmadas são Claptone, Lee Foss & Anabel Englund, Rapha Fernandes, Lucas Borchardt, Natiruts, entre outros.
Réveillon Noronha O Réveillon em Noronha mistura várias propostas, mas uma só vibração: pé na areia, liberdade e sensação de conexão com o mundo. Há quatro anos, a agência pernambucana Carvalheira, em parceria com o projeto Amo Noronha e a Pousada Zé Maria, realiza a programação do Réveillon com eventos noturnos, luau, atividades nas praias e outras atrações. Este ano a programação começa com a Corona Sunsets, dia 28 de dezembro, a Benção, dia 29, a Borogodó, dia 30, o Réveillon Zé Maria, 31 de dezembro e a Galinhada, dia 2 de janeiro. Todas as festas (exceto a Galinhada) são open bar e misturam vários gêneros, do o samba ao eletrônico. No line up das festas, nomes como Bhaskar, Ralk, Pedro Almeida, Dudu Linhares, Pontifexx, Ari Bozza e Korossy.
CRÉDITOS I HATE FLASH
Caraíva dos Sonhos Caraíva, na Bahia, é o paraíso escolhido para receber o Réveillon dos Sonhos, com boas bandas e a melhor energia possível. O local escolhido é a tradicional pousada Coco Brasil. Serão 5 festas, entre 26 de dezembro e 03 de janeiro. Entre as atrações confirmadas estão Natiruts, Rodrigo Lampreia, Pete tha Zouk, Donavan Frankenreiter, Banda Eva, Elba Ramalho e os DJs Vavá, Jaka e Pablo Catão.
Sundance Festival Vai completar sete anos com 20 festas celebrando o verão da magia com a verdadeira e original “Dança do Sol”. Uma experiência única com grandes DJs. O festival acontece no UIKI, uma vila rústica de entretenimento à beira-mar, em meio à natureza e com múltiplos ambientes. Está situada na mística e paradisíaca Arraial d’Ajuda, vilarejo no Sul da Bahia, em um dos pontos mais charmosos do litoral brasileiro. Entre as atrações confirmadas estão Vintage Culture, KVSH, Cat Dealers,
CRÉDITOS: CB FOTOGRAFIA
Evokings e Dashdot.
John John Rocks A John John, marca do grupo Restoque, prepara um mega Réveillon em Jericoacoara, no Ceará. O John John Rocks Jeri 2019 é a escolha perfeita para quem busca atrações internacionais e nacionais misturadas a open bar. Entre os dias 27 de dezembro e 2 de janeiro o festival pretende ser referência mundial. Com capacidade para 4 mil pessoas, o John John Rocks Jeri recebe artistas como Anitta, Ivete Sangalo, os DJs Bakermat, Dennis, os duos eletrônicos Goldfish e Jetlag, Vintage Culture e nomes internacionais como Claptone e Lee Foss & Anabel Englund. Augusto Cruz, Fabio Serra, Joca Guarim, Morales, On’a Beat, Pedro Almeida, Pontifexx, RDT, Reezer, Sam Feldt e Sarah Stenzel completam as atrações.
Let’s Pipa Uma das festas de ano novo mais procuradas do país, acontece em Tibaú do Sul, no Rio Grande do Norte. Pipa é composta de paisagens deslumbrantes e será palco para os sete dias de festas pré e pós-Réveillon. Entre as atrações confirmadas estão Henrique & Juliano, Vintage Culture, Dennis DJ, Baile do Fica Comigo e
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ainda dois dos mais badalados DJs do cenário europeu: o israelense Guy Gerber e o holandês Bakermat.
Rio Dream Weekend Uma verdadeira experiência de descontração do início ao fim entre 29 de dezembro e primeiro de janeiro. A única preocupação será não perder a próxima festa. O local escolhido para celebrar a virada do ano no Rio Dream Weekend será novamente o Gran Mercure Rio Centro. As festas confirmadas são Carpe Vita, P12 Tour e Festa do DOM. Para compor o lineup, Illusionize, Rodrigo Vieira, Sharam Jey, Bhaskar, Alan Pinheiros, DOM, Zelig, Andressa Fleming, Leo Cruz, Galvik, Raphael Assad, Raul Mendes e Bahl.Co.
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Comin’ up Imagen: JOÃO PAULO PINHEIRO
APENAS
O COMEÇO
BEOWÜLF ESTÁ INSPIRADO COMO NUNCA Por ANNA CARLA DI NÁPOLI
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pós sua primeira aparição em outubro de 2016, o mascarado vem conquistando uma legião de fãs pelo Brasil. Com milhões de plays nas plataformas de streaming, Beowülf é um hitmaker nato, chegando a ter músicas tocadas por grandes nomes da música mundial, desde Martin Garrix e David Guetta até Vintage Culture e Alok.
Beowülf já havia começado em grande estilo, com sua estreia no Ultra Music Festival Brasil, em 2016. Este padrão continua altíssimo, já que ele toca nos principais clubes do Brasil, como Green Valley, El Fortin, The Garden, Matahari e Field. O DJ está neste momento em uma grande turnê que vem percorrendo o Brasil de norte a sul, e assim será durante todo o verão.
Outro ponto alto do Beowülf este ano foi o lançamento de duas faixas pela gigante Armada Music, selo do Armin van Buuren: “Infinity”, explosão feita com os Cat Dealers que já passou de um milhão de plays no Spotify, e um remix oficial para “Talk to Me”, do duo sul-africano Goldfish. Tudo isso além de outros dois lançamentos no irmão menor do grupo, a Armada Deep, onde Beo lançou “Plomo” e, mais recentemente, a divertida faixa groove “Back to School”.
Com produções detalhadas, bem construídas e com viradas inesperadas, o artista carioca chamou atenção de nomes respeitados na cena eletrônica brasileira, resultando em colaborações com Cat Dealers, KVSH, Felguk e JØRD. E assim, o DJ não para de crescer. Com seguidores engajados nas redes sociais, uma presença de palco marcante e um som de qualidade, o artista nos conta um pouco sobre sua trajetória e planos futuros.
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Vamos falar da escolha do nome e da identidade visual. De onde surgiu a ideia de nomear o projeto de Beowülf? E o anonimato? O nome do projeto vem da lenda do Beowülf, um guerreiro nórdico medieval que caçava monstros e dragões. Curto muito essa historia e me identifico com o espírito daquele guerreiro, foi bem a minha cara. Além disso, eu acho o nome Beowülf bem forte, tanto foneticamente quanto escrito. Como muitos sabem, eu tinha um projeto chamado Johnny Glövez, com o qual conquistei muitas coisas legais e toquei ao redor do mundo. Quando optei por abandonar o Johnny Glövez e fazer algo do zero eu achei que seria muito importante desassociar um projeto do outro, para que o Beowülf pudesse correr livre, sem que nada o prendesse. Não queria que fosse taxado como “o projeto novo do Johnny Glövez”, e sim como um projeto novo que as pessoas curtem as músicas pelo que elas são e não por quem eu era. Sua agenda em 2018 foi bem cheia, com gigs de Norte a Sul. Como foi a experiência? Foi incrível! Tive a oportunidade de conhecer lugares novos e voltar para lugares onde já havia tocado, mas agora como Beowülf. Foi muito bom poder tocar para a galera que realmente é fã mesmo. Também pude conhecer os fãs melhor, incluindo a galera dos fã-clubes, e até mesmo o pessoal que fez tatuagem do Beowülf... fico sem palavras para esse tipo de homenagem! Esse ano você lançou inúmeros hits. De onde você tira inspiração? Qual a diferença entre produzir collabs, como “Suavemente” e músicas próprias, como “Plomo”? Gosto de tirar minha inspiração de outros gêneros musicais. Escuto muito rock, rap, trap e outros estilos durante meu dia-a-dia e gosto de ser influenciado por isso para criar ideias novas e tentar pensar um pouco fora da caixa. As collabs geralmente são tracks mais “fáceis” de produzir, na minha opinião. Sempre chega um momento na produção em que você empaca e fica meio sem ideias, mas seu parceiro de collab e ele faz algo que renova as ideias, o que evolui os caminhos neste processo e geralmente resulta em algo surpreendente. Além disso, é bom receber feedbacks diretos, seja de um produtor mais experiente que você ou de outro que não tem tanto tempo de carreira. Quando faço tracks sozinho, eu tenho a oportunidade de produzir algo que é 100% minha essência e isso acaba sendo libertador e muito verdadeiro, mas também pode ser algo que te limita, muitas vezes você fica na dúvida se continua desenvolvendo algo ou não - eu sou uma pessoa muito indecisa quanto a produção, pois as possibilidades são literalmente infinitas e isso às vezes bloqueia minha criatividade.
Imagen: ANNE CAROLINE - ZOOE
Agora que você tem collabs com grandes nomes, músicas lançadas na Armada Deep e diversas tracks sendo tocadas pelos maiores DJs do cenário, qual é o próximo passo? Continuar fazendo o que estou fazendo: sempre produzir algo que seja minha verdade, fazer mais collabs com outros produtores e cantores e, é claro, tentar acertar a mão para ver se sai mais um hit! Para acertar uma música, você tem que fazer muitas... não tem jeito. Às vezes a música que você menos espera se torna um hit, enquanto aquela em que você trabalhou por meses acaba dando em nada. Essa é a vida de um produtor musical (risos). Quando você revelou sua identidade, retirando a bandana no Green Valley, todos ficaram surpresos ao ver que você era o homem por trás do Johnny Glövez. Algo mudou desde então? Qual a maior diferença entre tocar como Beowülf e como Johnny? Algumas pessoas já sabiam... muitos amigos DJs, alguns contratantes, e alguns dos fãs que haviam feito o “dever de casa” e comparado as tatuagens do braço (risos). Mas mesmo assim, todos ficaram surpresos pela revelação não-anunciada. O que mudou foi que agora tenho muito mais liberdade nos shows e nas redes sociais para mostrar quem eu realmente sou, sem ter que me preocupar em esconder minha identidade. A maior diferença tocando como Beowülf são os fãs, que são muito mais fiéis e realmente curtem muito o meu som, além de tocar em lugares onde o pessoal respira música eletrônica e está alí só para te ver. Quando eu tocava como Johnny, cheguei a tocar em eventos gigantes de até mais de 50.000 pessoas, ao lado de artistas como Wesley Safadão, onde você é apenas um coadjuvante para a maioria de um público que está ali para assistir outro artista e ouvir outro tipo de música. Não preciso nem falar que tenho muito mais tesão nos shows como Beowülf do que na maioria dos shows que fiz como Johnny. Cheguei a tocar em alguns eventos de música eletrônica como Johnny ao lado de big names e foi incrível sim, mas não eram tantos quanto eu queria, então de certa forma sentia como algo houvesse faltando,
como se houvesse um vazio dentro de mim. Esse vazio foi preenchido pelo Beowülf. Desde 2016, quando o projeto foi lançado, seu sucesso tem crescido exponencialmente. Ambos os anos que seguiram, 2017 e grande parte de 2018 foram recheados de hits, um atrás do outro. O que esperar de 2019? Se Deus quiser, muita música nova, mais hits e muitos shows grandes vindo pela frente. Sou muito grato a todos os envolvidos no projeto comigo, pois não poderia fazer tudo isso sozinho. Ao meu empresário e primo Rapha, que esteve desde o primeiro dia do Beowülf sendo meu braço direito, minha agência Nova, que está conseguindo várias oportunidades incríveis para mim, e também ao Ary, da Field, e todos os outros que de alguma forma fizeram parte dessa jornada doida que conquistou o coração (e ouvidos!) de muita gente em tão pouco tempo. Não esperava que o projeto ia ter esse sucesso tão rápido, mas eu prometo que é apenas o começo e o melhor ainda está por vir. n
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Santé vuelve a la Argentina con Sidney Charles y su sello AVOTRE. Una relación de amor que sigue su camino y está cada vez más fuerte...
AJA COMO O #1
GREEN VALLEY UTILIZA FÓRMULA DE SUCESSO PARA REALIZAR FESTAS INESQUECÍVEIS
Labels temáticas, cenografia eletrizante e paisagem natural são alguns dos elementos que mantêm o club do litoral no topo da cena Brasileira.
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Green Valley, eleito em 2018 pela terceira vez no Top 100 da DJ Mag como o Club número 1 do mundo, não deixa de se reinventar a cada festa. Sempre trazendo labels com destaques nacionais e internacionais, o club vem apostando cada vez mais na experiência da festa: cenografia impecável, decoração exclusiva para cada evento, investimento em equipamentos tecnológicos, além de novas pistas em meio à natureza. Consagrado há 11 anos em Santa Catarina, o club chancela um novo jeito de fazer festa, preparando mais uma temporada de verão inesquecível no Litoral Norte catarinense. Os greenlovers que vêm do Brasil e do mundo curtiram nos últimos meses festas como o Hallowgreen, a maior festa de Dia das Bruxas do país, que em sua 4ª edição contou com duas pistas e mais de 10 atrações; o Kaballah Festival, que comemorou 15 anos com atrações que esquentaram as pistas Mainstage, Underline_ e Psyco Roots; Green Valley Gramado Music Festival com 18 horas de festa na Serra Gaúcha; e o Winter Music Festival, que teve na 12
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sua 11ª edição cerca de 40 DJs divididos por quatro áreas. Uma das mais aguardadas ainda é a virada de ano do Green Valley, que ocorre na paradisíaca Praia do Estaleiro. Democrático, o Green Valley abraça os mais diversos perfis de público. Para o sóciofundador e CEO do club, Eduardo Philipps, “O Green Valley, nos últimos oito anos, vem ocupando posições de destaque nos principais rankings mundiais. Este fato chancela a consistência da marca e carinho do seu público, que é incansável. Pensamos no Green Valley como uma grande referência mundial cuidadosamente preparada para receber todos que curtem uma noite em nossa casa”. Para o diretor internacional, António Afonso, o Green Valley também é uma marca consagrada globalmente. “Ele representa o único club no mundo fora da Europa que conseguiu vencer o prêmio de melhor club do mundo - e por três vezes (2013, 2015 e 2018). Esta premiação torna inequívoco o reconhecimento da marca em toda a cena internacional, ainda mais
sendo reforçado o fato de estar no pódio do Top 100 DJ Mag há oito anos consecutivos, o único club a desfrutar desta proeza. Representa o mais alto nível na América do Sul”, pontua. O Green Valley segue buscando o equilíbrio entre ditar e seguir tendências, mesclando doses de novidades e doses de tradição. Levando até o público tanto os artistas já conhecidos e mais aguardados do mercado, quanto artistas inéditos e inusitados que oferecem uma nova experiência musical, cuja fórmula acaba resultando como uma espécie de mistura de contemporâneo com o que está vindo pela frente. Desta forma, o club pretende seguir por mais anos se posicionando como vanguarda, porém com uma forte ligação com sua história, proporcionando experiências marcantes e prezando pela felicidade dos frequentadores. PELO MUNDO O Green Valley alia toda a estrutura de festas no Brasil com outros eventos ao redor do mundo. Com a produção de turnês internacionais, a
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marca visa levar um pouco da experiência vivenciada em Santa Catarina para destinos mundiais, como Estados Unidos, Espanha, Portugal, Croácia, China ou mesmo Japão, onde as festas do club já marcaram presença.
A escolha dos locais se dá pelas necessidades de cada mercado. No caso da Ásia, onde todo o fenômeno da dance music estava praticamente no começo, e mais especificamente no mainstream, os clubes são muito bem equipados e isso facilita muito a entrega de uma boa festa. “Foram todas de asseverado sucesso, mostrando o bom momento que a marca atravessa e que promete manter por uma boa temporada”, completa Afonso.
A casa é presenteada ainda com cenografia natural, considerando sua localização no Litoral Norte catarinense. “É precisamente dentro de um “vale verde” que o club se encontra, fazendo jus ao seu nome. A combinação deste verde da natureza com os elementos icônicos, como a tenda tensionada, a distribuição das várias áreas com amplos espaços, caminhos entre elas e o contato direto com o ar puro, uma vez que é um club praticamente aberto, fazem do local com uma mágica única, difícil de igualar por casas concorrentes a nível internacional”, reforça o Afonso. Com isso, somam-se ainda as várias produções que a equipe faz especificamente a cada festa tornando a experiência audiovisual única e impossível de se repetir. “Cada evento tem um sabor próprio”, diz Afonso.
MÚSICA ELETRÔNICA FORA DA BALADA Quando o Green Valley surgiu em 2007, pretendia inovar não só na localização e na arquitetura, mas principalmente na música. Um dos projetos para a implantação dessa proposta foi criar um programa de rádio para, principalmente, mostrar o estilo do som e a qualidade de música que o club oferece ao público.
MAIS DO QUE CENOGRAFIA Um dos grandes, e talvez maiores, destaques de uma festa assinada pelo Green Valley é a sua cenografia. O produtor Leopoldo Kemmerich explica que, para produzir uma festa toda à caráter como os greenlovers estão habituados, é preciso em média 200 pessoas para trabalhar por sete dias para deixar a casa incrível. Da ideia à materialização da festa, a organização leva pelo menos três meses. Os efeitos especiais também são o grande mote da casa, que, segundo o diretor artístico Juba Jacomino, investe alto no ramo para trazer a melhor experiência.
“o Green Valley tem um nome de respeito na cena e causa muita curiosidade pelo mundo. Ásia, Oceania, Europa, Estados Unidos, não importa o lugar. Os DJs querem tocar no Green Valley e os amantes de música eletrônica sonham conhecer”.
Além do impacto turístico e econômico, outro fator muito importante é a movimentação da cena brasileira. Tudo isso aquece o mercado e valoriza os artistas nacionais que passam pelo superclub. “O Green Valley se tornou uma vitrine e todo mundo quer se apresentar lá”, afirma Rodrigo Vieira, DJ residente do clube e ex-executivo da Sony Music e Universal Music para a América Latina por mais de 10 anos. Com apresentações no mundo todo, ele atesta:
O programa já teve vários formatos, mas o principal objetivo nunca mudou: apresentar o som e os DJs que o Green Valley aposta para as pessoas que amam música eletrônica e querem estar sempre bem informadas com sua programação. Seja com entrevistas ou sets pré-gravados, o Green Valley Station, atualmente transmitido às 22h de sábado, na rádio Atlântida, já virou a trilha sonora oficial de quem está no esquenta para a balada ou para quem curte um som de qualidade onde quer que esteja.n djmagbr.com
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Imagen: URES
DJ E PRODUTOR DE EVENTOS,
A CARREIRA MULTITAREFA
DE DOM MUSIC Por ANA CAVALCANTE
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om Music é o projeto assinado pelo carioca Kryssiam Lauria. Com seu apurado senso musical e sua forte presença de palco, seus sets fazem um passeio por vertentes da house music, como o deep house e o que hoje alguns no Brasil chamam de lowbass. DOM passou pelo main stage dos festivais Ultra Brasil e Federal Music, além de apresentações na Argentina e no Uruguai. Como DJ residente, ele coleciona aparições em festas como Carpe Vita, P12 Tour RJ e House Boutique, além da sua própria label party, a Festa do DOM, que já reuniu mais de 15 mil pessoas em suas cinco edições. A próxima edição da Festa do DOM já está marcada e vai rolar durante o Rio Dream Weekend, o maior fim de semana de réveillon na capital carioca. Com uma aceitação do público cada vez maior e uma sequência de sold-out em todas as edições, a edição do final do ano promete ser a maior de todas, podendo atingir um público de 4 mil pessoas, em média.
“ESTAMOS ESTUDANDO ALGUMAS PROPOSTAS FORA DO RIO DE JANEIRO, NADA CONCRETO AINDA, MAS TENHO CERTEZA QUE EM 2019 TEREMOS A FESTA DO DOM EM VÁRIAS CIDADES.” Kryssiam Lauria. Um dos momentos mais marcantes na carreira de DOM com certeza foi sua apresentação no main stage do Ultra Brasil. DOM afirma que foi algo único e inacreditável, um frio na barriga ao olhar para uma multidão na pista e sentir uma vibe sensacional. DOM e Beowülf são parceiros de longa data. Um dos frutos dessa parceria é o single “Don’t You Know, que rendeu 4 milhões de plays nas plataformas digitais. Já para a faixa “Stay With Me” foram 2,5 milhões de plays. Ambas explodiram nas pistas de todo o Brasil. Em breve vem mais um super lançamento ao lado de Beowülf, além de 4 singles prontos que DOM está analisando por qual selo vai lançar. n 14
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TROPKILLAZ
E SUA RECEITA DO TRIUNFO Por ANA CAVALCANTE
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Tropkillaz surgiu em 2012 a partir da união de dois dos maiores produtores e DJs do Brasil: André Laudz e Zé Gonzales - ou Zegon. A dupla representa o melhor da música urbana no Brasil e no mundo. O resultado é um som único, misturando bass music e dance music aos mais diversos sons tropicais do país, como funk, samba, latinidades, até ritmos jamaicanos e o hip hop. Isso tudo resulta em sets autênticos e que agradam a todos os tipos de público e pistas de dança. Tendo seu pontapé inicial no hip hop brasileiro, Zegon é um dos mais experientes produtores nacionais. Fez parte da formação mais clássica do Planet Hemp e expandiu para o resto do mundo, trabalhando com gigantes como Kanye West, M.I.A e Jorge Ben Jor. Laudz vem de uma geração mais nova de produtores e DJs e também chamou a atenção de artistas internacionais, entre eles Snoop Dogg e Dr. Dre. Juntos, Laudz e Zegon já trabalharam em produções e remixes com artistas de enorme escalão: Major Lazer, Childish Gambino, DJ Snake e Justin Bieber, Jason Derulo, Sting, Anitta e Criollo são alguns deles. Nos últimos anos, entre singles autorais e remixes, o Tropkillaz lançou mais de 50 músicas, além de ter tocado nos principais festivais e clubs do Brasil e do mundo - mais de 300 shows em 30 países diferentes não é para qualquer um.
Em dezembro de 2017, o duo deu o seu primeiro grande salto no mainstream com “Vai Malandra”, parceria com Anitta. A faixa já possui mais de 300 milhões de visualizações no youtube e mais de 120 milhões de reproduções no Spotify. Mais ou menos em abril e maio de 2017, a cantora enviou uma mensagem para Zegon e Laudz falando que queria trabalhar com eles e lançaria “Vai Malandra”, que seria um funk em que ela queria misturar batidas de trap, além de fazer uma parte em inglês. Foi um trabalho feito com muita dedicação, pois ambos os artistas acreditavam que poderia ser um dos maiores hits do Brasil. Depois de muitas indas e vindas, a música foi lançada em dezembro do mesmo ano e se tornou o hit do verão. Em 2018 o Tropkillaz iniciou uma nova fase em sua carreira. Assinou um acordo global com a Universal Music e lançou mais dois sucessos: “Milk & Honey”, em parceria com o cantor americano Aloe Blacc, e “Loko”, com Major Lazer, Kevinho e Busy Signal. A indicação em duas categorias do prêmio MIAW, promovido pela MTV, foi reflexo do trabalho, dedicação e parceria dos artistas durante os últimos anos. O Tropkillaz foi indicado nas categorias Clipe do Ano, com duas produções diferentes – “Milk & Honey” e “Vai Malandra” – e na categoria Hino do Ano, com “Vai Malandra”. Eles ainda fizeram uma apresentação ao lado de MC Kevinho e Busy Signal, que veio diretamente da Jamaica.
Finalizaram a premiação com chave de ouro, levando para casa o prêmio de Hino do Ano, por “Vai Malandra”. No Brasil, Zegon e Laudz já marcaram presença nos palcos do Ultra Brasil, Lollapalooza Brasil, Rock in Rio, Tomorrowland Brasil, Planeta Brasil, EDC São Paulo e Planeta Atlântida. No exterior passaram pelos festivais Roskilde, na Dinarmarca, Showcase, em Paris, World Club Dome, na Alemanha, Mysteryland, nos Estados Unidos, e vários outros. Sua última turnê internacional foi pela Ásia em outubro e novembro desse ano, com apresentações nas cidades de Bali e Yogyakarta, na Indonésia, e Chengdu e Shanghai, na China. Em 2019 eles partem para a Índia para se apresentar no palco principal do festival Supersonic. A expectativa do duo para esta tour na Índia é grande, por ser um país diferente em inúmeros aspectos: o povo, a cultura, a gastronomia e claro, a música. “Esperamos ter um tempo na agenda para poder apreciar um pouco mais dessa cultura tão rica, apreciar alguns sons locais e poder samplear para futuramente produzir algo”, conta o duo. O festival Supersonic terá transmissão do canal VH1. Com isso, o Tropkillaz espera visibilidade mundial, rendendo assim novas parcerias para o futuro. n djmagbr.com
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Comin’ up Por ANA CAVALCANTE
SOM, IMAGEM,
MODA E SENTIMENTO A arte por trás de Manimal
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om bagagens únicas, Junior Lima e Julio Torres trazem experiências para a criação do Manimal, um projeto exclusivamente autoral e fruto de uma visão artística moderna. Unindo instrumentos musicais tradicionais com o que existe de mais atual da música eletrônica, a dupla dá forma à sonoridade singular do projeto. O Manimal surgiu através do projeto Collab, quando Junior e Julio registraram durante dois anos seu processo criativo musical numa espécie de “making of” em um canal do Youtube. O Collab acabou se transformando em um espaço cheio de experimentações, onde os dois produziram diversas sonoridades voltadas para a pista de dança. “A ideia era mostrar a complexidade do processo de criação das músicas para que as pessoas conhecessem a história de cada uma delas, também para que entendessem o porquê de cada nota ou cada “barulhinho”, conta Junior Lima. Antes de lançarem o Manimal em 2016, Junior e Julio integraram o Dexterz (em hiato desde 2014) ao lado de Amon Lima. Misteriosamente associando o homem ao seu animal interior, o nome Manimal é o resultado provocante de toda essa fusão artística. É um
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verdadeiro convite à essência lúdica de bases e timbres poderosos alinhados por uma cadência rítmica madura, profunda e progressiva. Com influências do funk e da disco music dos anos 70 e 80, que ganham vida nas mãos de Junior e sua guitarra, fica fácil reconhecer nas pistas quando algum DJ reproduz uma música da dupla. Recentemente participaram da sequência de lançamentos de remixes oficiais da banda mineira Lagum. A composição original da música “A Gente Nunca Conversou (Ei, Moça)” ganhou batidas leves e harmônicas, sem perder a essência original na voz de Pedro Calais, vocalista da Lagum. No início do projeto, a música “Think About It” ganhou um clipe, que foi lançado no escritório do Google, em São Paulo, num evento repleto de máscaras de animais, que conceituam o projeto. A letra de “Thinking About It” fala muito sobre como é melhor ser quem você é ao invés de tentar se adaptar a uma vida que não é real. Já o clipe apresenta a imersão em outro mundo através da música, onde um personagem enxerga a essência do outro. O clipe foi idealizado por Junior Lima e teve participação especial de Marco Luque e Carol Trentini.
“O clipe foi a maneira mais direta de podermos contar um pouco do conceito do projeto, o sentido das máscaras e todo o conceito lúdico envolvido. Acho que é totalmente necessário associar a música à imagem. Queremos que nossas tracks tenham essa conexão e tragam uma sensação para as pessoas.” - Julio Torres E quem disse que música e moda não se misturam? A convite do estilista João Pimenta, o Manimal participou de uma das edições do São Paulo Fashion Week, onde produziram a trilha sonora do desfile. É desta forma que o Manimal conecta imagem à música. Julio e Junior acreditam que a moda vem na sequência como fator fundamental de conexão. Além da música e da moda, o duo possui grande consciência social, e potencializa este aspecto através do projeto “Alma Batera”, que estimula e incentiva o potencial e a auto-estima de pessoas com deficiência por meio da música. O próximo lançamento será “Stay Close”, música que traz em sua essência a união, e estará disponível em todas as plataformas digitais no dia 30 de novembro. Já o clipe será lançado com exclusividade pelo canal do Youtube Pipocando Música. n
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EVOKINGS O SOM DO MOMENTO Por POLLYANNA ASSUMPÇÃO - Imagens: RENAN PIVA
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ma das maiores apostas do selo brasileiro HUB Records - a parceira oficial da Sony Music quando se trata de música eletrônica no Brasil - chamase Evokings. Se você não sabe do que se trata, deve estar sem sair de casa há muito tempo, pois basta procurar o nome da dupla no line up de várias festas do Brasil inteiro para descobrir que os rapazes estão requisitadíssimos. Uma das coisas mais interessantes que acontecem na música eletrônica brasileira é a ressignificação das vertentes. O produtor brasileiro olha a vertente gringa e pensa: “acho que posso mudar isso aqui e fazer do meu jeito”, vai lá e faz um som próprio. Graças a isso, os DJs brasileiros acabam ficando muito fortes na sua própria cena, ganhando fãs e até criando estilos extremamente brasileiros. O próprio criador da HUB Records, Felippe Senne, declarou recentemente o que ele nomeia como “nu house”, um novo tipo de som claramente inspirado no tech house e no house mais grave de artistas como Kyle Watson, Chris Lake e FISHER, mas com uma pegada mais comercial, sendo bom também para grandes gravadoras.
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Formado por Thiago Cymbal e Wagner Farias, o duo começou lá no curso de produção musical da Make Music Now e chamou a atenção da HUB Records, mostrando que os alunos podem rapidamente virar mestres. Os rapazes já colecionam alguns sucessos em seu currículo desde sua “formatura” e inclusive já gravaram suas próprias aulas pro curso para inspirar outros produtores que buscam todos os dias por mais dicas e segredos do sucesso. "Sabemos que esse lance de dar nome pra gênero de música é sempre controverso, porém muita gente vinha perguntar qual era o 'estilo' das tracks que estamos produzindo atualmente, daí surgiu a brincadeira de chamar de Nu House, e acabou que pegou. Honestamente não acreditamos que o tipo de som que fazemos seja um tech
house tradicional, daí veio o batismo pra essa sonoridade", comenta Wagner, em uma entrevista para o próprio Make Music Now, contando como chegaram a essa nomenclatura. Dentre as suas colaborações desde o início da carreira, destaca-se o hit “Gravity”, em parceria com o Cat Dealers, que foi lançada ali em 2017 e foi uma das músicas mais tocadas no Brasil desde então e uma das mais compartilhadas nas redes sociais, tendo lugar cativo no Top 200 do Spotify por semanas seguidas. Também encontramos o remix oficial de “Monday”, do Vintage Culture e Felguk, e a track “By My Side”, junto com o VINNE. Em 2018 a dupla não parou um minuto. Foram lançadas "Rock The Place", "On The Floor", "You Say", "WTF", "In The Air Tonight", "Barbra" e "My Feelings".
Sempre inspirados para criar músicas que são constantemente ouvidas nos sets das maiores festas eletrônicas ao redor do Brasil, Thiago e Wagner chamam a atenção de nomes internacionais, como Fedde Le Grand, e nacionais como Alok, Vintage Culture e Cat Dealers. Nas palavras do Thiago, “precisamos experimentar, buscar novas sonoridades, misturar elementos de diversos gêneros”. Ficou curioso para ouvir o som dos rapazes? Além das tracks oficiais que vocês acham em todas as plataformas digitais e no canal do YouTube da HUB Records, também tem muito material disponível pra você conferir o talento do duo lá no canal do Soundcloud que eles mantém ativo, incluindo sets completos e b-sides. n
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10 ANOS DE PLANETA BRASIL 10X MAIS ARTE, CONSCIÊNCIA, DIVERSIDADE, MÚSICA E GASTRONOMIA Por ANA CAVALCANTE
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Planeta Brasil foi construído com base na crença de que o entretenimento tem o poder de transcender barreiras sociais e culturais para levar a comunidade mundial à ação. O festival busca alavancar este poder por meio de eventos integrados, mídia e experiência ao vivo para incitar um movimento global com mensagens de amor, comunidade, evolução, felicidade e consciência social e ambiental, conectando assim o mundo, as pessoas e as marcas através da música. O festival realizou a sua primeira edição em 2009 com a promessa de ser o maior festival de música de Minas Gerais. Desde então, o Planeta Brasil vem colecionando momentos históricos a cada edição, sempre proporcionando ao público o contato com grandes artistas e um combo que torna qualquer festival interessante: música, arte e gastronomia. 20
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No dia 26 de janeiro de 2019, na Esplanada do Mineirão, em Belo Horizonte, será realizada a edição comemorativa dos 10 anos do festival. O objetivo é promover uma edição ainda mais inovadora e inesquecível. Durante esses 10 anos de história de Planeta Brasil, foram milhares de sorrisos, novas amizades, novas experiências, encontros musicais e muita arte. O festival já recebeu atrações de estilos variados, como Criolo, O Rappa, Lulu Santos, Monobloco, Guns N’ Roses, Natiruts, 3030, Vintage Culture, KVSH, Tropkillaz, Donavan Frankenreiter, Seu Jorge, Nando Reis, Teatro Mágico, Skank, Cypress Hill, Racionais, Citizen Cope, Racionais, Gabriel O Pensador, entre outros. Desde 2014, quando se instalou na Esplanada do Mineirão, o Planeta Brasil contou com três palcos (Palco Norte, Sul e Locals Only), pista de skate, live painting e área VIP assinada
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pelo #Secreto, além de uma pista de música eletrônica assinada pelo club Deputamadre. Já nas edições de 2017 e 2018, o palco de música eletrônica do festival cresceu e recebeu uma área bem maior. Outro espaço que também aumentou foi área de food experience, assim como a área VIP que conta com dois ambientes, um no Palco Norte e outra no Palco Sul. Entre os nomes confirmados estão duas grandes atrações internacionais: o rapper americano Wiz Khalifa e o DJ e produtor também americano Kaskade. Figurinhas já carimbadas no festival, as bandas Slightly Stoopid e Natiruts trazem o melhor do reggae, e os parceiros do Raimundos o melhor do rock nacional. Nosso mestre Seu Jorge não poderia ficar de fora da comemoração dos 10 anos do festival. Ao lado dele, Jorge Ben Jor, Milton Nascimento, Céu e Criolo completam o time. Entre os estreantes estão a banda Hotelo e a força do rap nacional com Djonga, Clau e Haikaiss. A música eletrônica será muito bem representada por Vini Vici, Tropkillaz, Illusionize, Elekfantz, Chemical Surf, Dubdogz e Bruno Martini. Para finalizar,
a banda mineira Lagum, Cynthia Luz, MC Zaac e Poesia Acústica também vão marcar presença no festival.
INFORMAÇÕES: FESTIVAL PLANETA BRASIL
Serão 4 palcos, mais de 30 atrações nacionais e internacionais, 40 metros quadrados de área construída, food market com diversas opções gastronômicas e 12 horas de festival.
10 ANOS
Partindo sempre do princípio de que a diversidade nos iguala, cada edição do Planeta Brasil é uma experiência que estimula os cinco sentidos e amplia a consciência de todos que vivenciam o festival. Reunindo artistas nacionais, internacionais e encontros inéditos entre os mais variados estilos, o Planeta Brasil constrói durante um dia aquele que acreditamos que deveria ser o mundo nos outros 364: um mundo pautado pelo respeito às diferenças, onde a felicidade é a regra e o amor é a atmosfera. Acima de tudo e abaixo de ninguém. Além de apoiarmos a sustentabilidade dentro e fora do festival através de diversas ações sociais, acreditamos que a música conecta as pessoas e o mundo de forma mais consciente. Somos todos iguais e absolutamente diferentes!
Horário: 12H às 0H
Data: 26 de janeiro Local: Esplanada do Mineirão (Av. Presidente Carlos Luz - São Luiz), Belo Horizonte – MG Ingressos: R$120,00 a R$ 400,00 (Lote 1) Setores: Pista, Pista Premium e Camarote Open Bar Classificação Pista: 16 anos Classificação Camarote: 18 anos www.festivalplanetabrasil.com.br
Confira o lineup, marque os amigos e garanta seu ingresso ;) n djmagbr.com
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COOL NEIGHBOURS Muito se fala do que acontece aqui no Brasil quando a questão é música eletrônica. Nosso país, embora seja o elo mais amplo da dance music na América Latina, não é o único pólo deste cenário. Países como Chile, Argentina, Colômbia e Peru obtiveram sucesso em fomentar uma cena com bons eventos e produtores musicais. A ebulição criativa para os nossos vizinhos já é algo rotineiro. Então, convidamos Hernan Pandelo, editor da DJ Mag Latinoamérica, para compartilhar conosco algumas de suas recomendações.
MARIANO MELLINO ARGENTINA Votado em segundo lugar na categoria Progressive House na pesquisa Best of Argentina, Mariano Mellino é um jovem talento que ultimamente se tornou uma das figuras líderes do mais puro som progressivo, seguindo os passos de seu ídolo principal, Hernán Cattaneo. Ele vem tocando ao redor do país com mais frequência, incluindo Bariloche, a costa atlântica e Córdoba. Recentemente passou a tocar também no exterior, com algumas turnês europeias nas costas e sua recente estreia no renomado club Womb em Tóquio, Japão. Em termos de produção, seu trabalho recebeu destaque em muitos dos maiores selos do gênero, entre eles Sudbeat, Global Underground, Darkroom Dubs, Manual e Plattenbank. Ele estará no Brasil em janeiro. Certifique-se de assisti-lo!
MUTER ARGENTINA Com uma vasta experiência na indústria depois de trabalhar com alguns projetos de sucesso, Kevin Muter decidiu tocar solo, como Muter, para continuar seu caminho sob o guarda-chuva do techno e do house, os sons que mais o divertem. Suas grandes habilidades como produtor o levaram a trabalhar com nomes interessantes na indústria, tendo algumas colaborações com Elio Riso, que acabaram sendo tocadas pelo big boss Carl Cox. Vivendo um momento agradável, seu corpo de trabalho agora está se expandindo com lançamentos em selos como Stereo Productions e Natura Viva, e ele também está dividindo palcos com alguns dos maiores nomes que chegam todas as semanas ao seu país natal, como Andhim, Santé, Sidney Charles, Victor Ruiz e Eats Everything.
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DIEGO INFANZON URUGUAY Considerado um dos maiores produtores jovens do Uruguai, Diego vem trabalhando duro para desenvolver uma grande cena musical em seu país de origem. Sua própria festa La Terraza tem sido anfitriã de grandes artistas, levando-o a dividir a cabine com alguns deles. Essa experiência foi uma das chaves que lhe deram a exposição a alguns dos maiores artistas do mundo do techno. Atualmente, sua discografia inclui lançamentos em selos como Intec Digital, de Carl Cox, Tronic Music, de Christian Smith e BlackFlag Recordings, de Stacey Pullen.
FRANCISCO ALLENDES CHILE Ativo desde o início da década passada, o Allendes, nascido no Chile e baseado em Ibiza, tem crescido ao longo dos anos, lançando músicas para alguns dos mais prestigiados selos do house e do techno, como Desolat, VIVa Music, Cadenza, Snatch e Crosstown Rebels. Seu status como produtor internacional deu a ele a oportunidade de figurar em quase todos os grandes festivais realizados em seu próprio Chile, incluindo Creamfields, Awakenings, Mysteryland e Love Parade. E isso não é tudo: ao longo dessas grandes aparições no Chile, ele tem muitos shows internacionais em todos os cantos da indústria, incluindo seu lugar como um dos residentes da marca Ants.
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SUNMINISTERS COLOMBIA Sunministers é um trio de DJs e produtores de Cali, na Colômbia, que criou um estilo com uma nova vibe no universo expandido da EDM colombiana. Jovem e inovador, o grupo composto por Juan Manuel Mondragón e os irmãos Pablo Andrés Morales e Juan Sebastián Morales está desenvolvendo uma marca com uma ampla gama de estilos musicais que movimentam multidões, desde dubstep e big room a trance e até hardstyle. Os três produtores partiram para uma expedição abrangente, a fim de explorar a selva interminável de sons até que eles alcançaram seu muito desejado som característico, aquele som distinto reconhecido por todos que diferenciam suas produções das de outros artistas. Graças aos bons resultados dessa jornada, o grupo ganhou o prêmio “Breakthrough DJ/ Producer” 2017, um prêmio de alto prestígio que foi concedido a grandes nomes da indústria eletrônica colombiana, como Ortzy, KhoMha, DJ Fronter e Moska. Se você ama novos sons e o toque refrescante de novos produtores, você deve ouvir a música deles e segui-los em suas redes sociais.
FUR COAT VENEZUELA Não há muitos artistas latino-americanos que lançaram músicas em todos os labels como eles fizeram. Nascidos na Venezuela, Israel Sunshine e Sergio Muñoz se mudaram para Barcelona há alguns anos para buscar novos horizontes com sua carreira já em ascensão. Depois de alguns anos, eles já ganharam a atenção internacional com lançamentos em selos como Crosstown Rebels, Watergate, Bpitch Control, Hot Creations e Last Night On Earth. No ano passado, eles decidiram dar um passo à frente, criando a plataforma Oddisey para expandir seus limites musicais e ajudar outros artistas a ganhar exposição entre todos os nomes envolvidos na cena da dance music. Seu som particular é reconhecido mundialmente e eles não têm planos de parar de espalhá-lo.
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THOMAS YOUNG PERÚ Thomas começou sua jornada musical combinando ritmos urbanos como hip hop, jungle e drum & bass, depois de alguns anos fazendo pinturas e esculturas. Desde então, ele é considerado um pioneiro desses gêneros em sua terra natal, o Peru. Com outros pseudônimos como Tommy Young ou Young-T, onde explora electro, new rave e glitch hop, sua carreira cresceu constantemente ao longo dos anos, levando-o a tocar em cidades de todo o mundo, de Barcelona e Londres a Miami e Montreal. Atualmente seu estilo é muito versátil e mistura diferentes estilos de música eletrônica onde os ritmos vocais e linhas de baixo se destacam. Ele faz parte da última edição do Road To Ultra Peru, ao lado de DJs como Axwell, Galantis e Heatbeat.
NICOLA CRUZ ECUADOR Há dois anos ele conquistou a cena da dance music com seu som particular, combinando as batidas eletrônicas com uma quantidade impressionante de sons locais tirados das paisagens de sua terra, o Equador. Nascido na França de pais equatorianos, Nicola foi criado no meio de um ambiente musical muito rico, algo que o levou a explorar antigas mitologias e tradições folclóricas da América do Sul para depois expressá-las em um ambiente moderno. Depois de seu aclamado primeiro álbum, “Prender el Alma”, ele está prestes a lançar um segundo álbum, “Siku”, no começo do ano que vem. Algo diferente vindo do coração do continente.
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ENTÃO, VAMOS FALAR SOBRE JØRD? Por POLLYANNA ASSUMPÇÃO - Imagens: RHONEY PERSIKE
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qui no Brasil as coisas caminham no seu próprio ritmo. Nossos DJs e produtores acabam representando um movimento e não apenas a si mesmo. Natural de Belém, cidade fora dos circuitos tradicionais, JØRD faz parte da nova geração de produtores que veio após o boom e o desgaste do dito Brazilian Bass e que contribuiu para as últimas mudanças que aconteceram na cena eletrônica brasileira. O movimento em questão é o do tech house brasileiro, mais palatável, mais nosso, e JØRD é um de seus principais representantes. “Senti que me identificava muito com aquele som. Gostava tanto, que passava o dia inteiro escutando várias músicas nessa linha. Foi então que decidi dar uma nova roupagem, adaptando esse estilo para o que tava acontecendo no Brasil.”, disse Jordan Malato que tem apenas 21 anos e já é nome cativo dos principais festivais do Brasil como o show inesquecível no Lollapalooza Brasil.
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JØRD sempre declara em entrevistas que suas inspirações são Vintage Culture, Skrillex, Swedish House Mafia e Kyle Watson e dá pra notar a alegria e orgulho que o jovem produtor tem de sua trajetória. Em um dia ele sonhava em ser ouvido pelo público e no outro estava trabalhando e fazendo parcerias com vários DJs brasileiros que até pouco tempo ele admirava. Perguntamos ao JØRD se ele tem algum conselho para outros jovens produtores que sonham com o sucesso e ele lembrou de um preconceito que os artistas sofrem: “Muita gente no início da carreira de produção tem medo de ter que saber tocar instrumentos, acham que tem que saber muita teoria musical, e eu não sei tocar nenhum instrumento. Eu sei tocar de ouvido, e meu pai e meus irmãos sempre tocaram algum instrumento, então isso me influenciou muito.” Seu talento como músico fica evidente em parcerias como as com o Cat Dealers em “Snoop” e “Blow Up”. As tracks somadas já têm quase 4 milhões de streams no Spotify. Outra parceria explosiva é a com o próprio Vintage Culture no remix de “Losing” que já ultrapassou 10 milhões de streams. Além de todo o sucesso nas pistas, JØRD também é uma das apostas da HUB Records, já conhecida por apostar alto em novos talentos que se mostram promissores, sendo um selo que acredita num trabalho 360º, cuidando dos lançamentos dos artistas, gerenciamento de carreira e bookings, e deixando no passado o medo dos DJs em se “amarrar” a contratos que podem tirar sua liberdade. A cena brasileira, que durante muito tempo foi principalmente underground e independente, finalmente bate suas asas e começa a mostrar pro mundo que é possível ter uma estrutura com moldes das grandes gravadoras gringas e apostar majoritariamente em talentos brasileiros. Todo esse novo cenário colabora para mais uma fase de ouro da música eletrônica nacional e conta com JØRD entre seus nomes de maior destaque. Só em 2018 ele lançou um hit atrás do outro, sozinho e em parcerias. “I Feel Love”, “My Body” e “Miracle” são alguns exemplos da fase criativa que JØRD está vivendo - e é apenas o começo. Você acha tudo do produtor nas principais plataformas digitais, no YouTube e no Soundcloud, onde o DJ mantém um programa chamado “The Journey”, mostrando um pouco de suas influências e técnica. Não vemos a hora de conferir o que JØRD prepara para 2019 :). n
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NO CAMINHO CERTO Como a inteligência de mercado, o carinho com o público e as constantes renovações mantêm o El Fortin mundialmente relevante mais de uma década após sua inauguração Por JODE SERAPHIM Imagens: RUDE RODRIGUES
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o começo dos anos 2000, quando o El Fortin foi idealizado, ninguém poderia prever o tamanho do sucesso que o club poderia fazer. Há quatro anos conquistando posições no ranking da Dj Mag britânica (neste ano ficou na incrível posição 26) o club sem dúvidas é um dos locais preferidos dos fãs de música eletrônica no Sul do país, principalmente quando falamos de festas que trazem diferentes estilos na mesma noite. Sempre dando muita atenção ao feedback do público, o El Fortin passou por várias reformas ao longo de mais de uma década de funcionamento, sempre se remodelando e modernizando, criando assim um ambiente cada vez mais amplo e com maior conforto para os frequentadores. Um dos fatores que mais impressionam na sua história é que o club sempre seguiu seus ideais desde quando foi construído. Hoje, com três pistas, o El Fortin continua apostando em trazer grandes nomes, mas utiliza de seu forte tino de mercado para “antecipar” o sucesso de talentos emergentes e valorizar também os artistas nacionais. Conheça mais sobre sua história nessa entrevista com Daniel Del Moral, sócio do El Fortin. 28
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Neste ano vocês comemoram 13 anos de funcionamento. Durante este período, quais adaptações o club teve que fazer para se adequar às mudanças no cenário eletrônico brasileiro?
Vocês estão em constante evolução, fazendo reformas e deixando o ambiente cada vez mais agradável. Contem um pouquinho mais sobre a estrutura e o estilo de cada uma das pistas.
O El Fortin sempre foi um club que valorizou muito o artista nacional, isso tudo muito antes de surgir essa atual geração de big names que hoje se destaca no mercado. A maior prova disso é o fato de que todos os principais artistas nacionais tiveram boas oportunidades no El Fortin no começo de suas carreiras. Nos preparamos e nos capacitamos para acompanhar as evoluções do mercado de uma maneira saudável e sustentável, valorizando os artistas, mas cuidando também do nosso patrimônio.
Temos a sorte de ter uma relação muito verdadeira com os diferentes públicos que frequentam o El Fortin desde o seu surgimento. Certamente o club é um dos mais ecléticos do país e isso é algo que nós não precisamos ficar falando, as pessoas sentem quando frequentam a casa.
Desde 2015 o El Fortin está na lista dos melhores clubs do mundo na votação da DJ Mag britânica, e neste ano chegou na posição 26. Como vocês explicam o sucesso nacional e internacional do club mesmo fora do eixo das grandes cidades? Porto Belo é uma cidade litorânea localizada em uma das áreas mais propícias para o desenvolvimento da música eletrônica no Brasil. As belezas naturais da região, somadas à tradição histórica de diversas cenas da dance music e o alto fluxo turístico são provas do quão importante a região foi para o desenvolvimento do club.
Nos últimos anos investimos muito no desenvolvimento do Main Stage. Ampliamos, melhoramos, tornamos o espaço mais preparado para receber o nosso perfil de público. Em 2018 fizemos a maior obra da história do club por ali. Na Black Tarj temos um público muito fiel, que realmente tem carinho e atenção especiais com o nosso trabalho, muito provavelmente porque o El Fortin é o único club que trabalha com a cena trance de forma legítima desde o seu surgimento. Nossa terceira pista, Origins, é um espaço dedicado aos novos talentos. Queremos muito que novos nomes surjam ali e que futuramente eles possam se tornar protagonistas nos demais palcos do club e do país. Vocês abrem de uma a duas vezes por mês e são conhecidos por trazer artistas de
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vários gêneros na mesma noite. Como foi a construção desse público misto no club? É um mix poderoso entre ouvir o que o público quer e entender para qual caminho o mercado está se posicionando. Acredito que o El Fortin tem um diferencial muito forte nesse sentido. Ao mesmo tempo em que há um apelo popular muito forte em nossa curadoria frente a diferentes públicos, há também a sensação de missão cumprida com relação a inovação, pois há estreias muito importantes em todas as temporadas. O El Fortin trouxe alguns nomes de peso nos últimos anos. Qual foi a apresentação mais marcante do club até hoje? Recentemente tivemos a estreia de Malaa e Tchami por aqui e ambos entregaram muito bem, com uma ótima resposta do público. Entre os mais marcantes eu destacaria o Boris Brejcha e, por fim, o Kolombo, que pelo segundo ano consecutivo comandou a nossa maior data do ano, o aniversário do club, e mais uma vez deu um show de simpatia, boa música e conexão com o público. Nesta data ainda tivemos a estreia do nosso novo Main Stage, foi uma explosão! Quais são os planos para 2019? Qual a ambição do El Fortin a longo prazo? Constante evolução, relacionamento sincero e próximo ao público, valorização dos nossos parceiros. Chegamos em um ponto em que nós já acertamos em muitas coisas, erramos em algumas e sabemos onde precisamos melhorar. Há um esforço gigantesco de todo o staff para que possamos encontrar um caminho de evolução mais rápido e assertivo. Sinto que, mais do que nunca, nós estamos no caminho certo. n djmagbr.com
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Como o KVSH subiu os degraus da sua carreira rapidamente até o topo Por ANNA CARLA DI NÁPOLI
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uciano Ferreira é um DJ e produtor mineiro de 25 anos que em pouquíssimo tempo conquistou o público brasileiro com seu projeto KVSH. Hoje é um dos grandes nomes da música eletrônica nacional, acumulando mais de 1.7 milhões de ouvintes mensais no Spotify e quase 200 mil seguidores no Instagram. Carismático e bem-humorado, KVSH consegue trazer leveza e alegria através do seu som único, mesclando estilos como brazilian bass, house, nu disco e tropical house com melodias marcantes e linhas de baixo pesadas, resumindo: tudo o que a pista quer escutar. Pessoas de todas as idades cantando a plenos pulmões é uma cena frequente para KVSH, uma vez que hits como “Sede Pra Te Ver” e “Cante Por Nós” conquistam desde os fanáticos por música eletrônica até aqueles mais por fora, contagiados por osmose. Com mais de 150 shows feitos em 2018, KVSH tocou em festivais nacionais importantes, como o Planeta Brasil, a Xxxperience e a Só Track Boa, além de ter levado seu som para o exterior, tocando na África do Sul, em Miami (na semana do Miami Music Week) e em Orlando. Para entender o sucesso do jovem mineiro, falamos com ele.
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Você é um artista que está vindo com tudo e que cresceu muito este ano. Ao que você atribui esta rápida ascensão? São as músicas e o engajamento online. Me conecto muito bem com o meu público, tanto nas pistas quanto nas mídias sociais. É um público muito híbrido, que vai de uma faixa etária bem jovem até uma galera mais velha. Fazer conteúdo que agrade essas duas galeras é um desafio, mas foi o que mais contribuiu para o meu crescimento esse ano. Suas músicas costumam bombar muito nas pistas, fazendo todo mundo cantar junto. Por que você acha que isso acontece? O que te inspira na hora de produzir? O principal é o início, é o pontapé da música. Quando é um remix, saber qual música eu vou remixar, se as pessoas já conhecem e o que sentem escutando a track. Quando é original, eu preciso ter 100% de certeza que a galera vai querer escutar, então é isso, é sempre sobre a música em si. Como foi a produção de seu último lançamento, “In Time”? A produção de “In Time” começou com o Malifoo. A gente foi tocar em uma festa no interior de Goiás e, enquanto estávamos na van para chegar lá, ele me mostrou no celular o que tinha da “In Time”. Era um drop meio tropical house e ela era bem mais lenta, indo a 112 bpm. Eu curti muito o vocal, mas ainda precisava dar alguma encorpada para deixar de ser tão tropical house, para deixar ela com a cara do que o pessoal curte ouvir no Brasil. Então, ele me mandou o material e eu comecei a trabalhar em cima dela, fomos testando diversos drops até que a gente acertou um que curtimos muito e que tivemos uma reação muito positiva de todas as
pessoas que mostramos. Assim, vimos que a música tinha potencial e decidimos lançar. Você assinou recentemente com a Sony. Como acha que isso vai auxiliar sua carreira? É um grande passo para minha carreira, pois eu sempre fui um artista independente, lançando as minhas músicas direto no Soundcloud, no YouTube e também no Spotify. Lembro que na época em que comecei não havia muitos artistas de música eletrônica na plataforma. O aplicativo cresceu muito, cheguei a ser o oitavo DJ brasileiro mais escutado no Spotify Brasil, contando com uma produção 100% independente. Agora com a Sony, posso chegar a algo muito maior, pensando até em uma entrega global. A KRUSH, sua festa autoral, vai ter sua primeira edição no final deste ano em Belo Horizonte. O que fez a capital mineira ser escolhida para receber o evento? Foi a cidade em que eu descobri a música eletrônica e que me deu todas as oportunidades possíveis para crescer. A maior parte dos meus fãs é de lá, é um lugar que sempre me acolheu muito. Eu me sinto muito feliz por ser mineiro, por ser de Belo Horizonte, podendo ajudar nas festas, ajudar a cena, inspirar artistas locais como exemplo de uma pessoa que saiu de lá e está tocando por todo o Brasil. Como você faz para manter uma relação de proximidade com seus fãs? Eu considero meus fãs como se fossem família. Sou uma pessoa muito simples, sempre encontro eles em aeroportos, voos e shows e converso com eles, realmente troco ideias. Também gosto muito do meu
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relacionamento online com eles, curto responder os memes, brincar com a galera, responder todo mundo sempre que possível. Os fãs são a base de tudo, sem eles eu não estaria onde eu estou. Então, são o que eu mais valorizo no meu projeto. Que outros artistas, de dentro ou fora da cena, você tem como referência? Os artistas que eu tenho como referência, não só musicalmente, mas também por postura de artista, como conversam com os fãs, são o Martin Garrix, que acho muito foda, e o Post Malone, um cara surreal. Dos brasileiros eu considero muito o Vintage Culture, brinco que ele é meu “pai”, porque acho que ele é um cara que tem uma visão muito foda da cena, um cara que não se vende, que tem um conceito no projeto. Só em 2018 você realizou mais de 150 shows. Quais foram as principais dificuldades por estar constantemente na estrada? A maior dificuldade é ficar sem dormir. O Brasil é um país muito grande, dependendo de onde você está acaba gastando 5h, 6h de locomoção até cidades do interior de carro. Então, somando com várias outras logísticas, isso cansa muito. A maior dificuldade de todas realmente é ficar sem dormir em função da logística. Mas isso é algo que eu costumo até brincar, a gente está cansado, morto, mas na hora que vai tocar e vê a galera se divertindo, você pode estar com a bateria nos 2% finais, mas acaba tirando uma energia de
dentro e você sai tão eufórico que esquece completamente o sono. Você já tocou em alguns dos maiores festivais nacionais, como Só Track Boa e XXXperience. Qual seria o festival dos sonhos pra você? Já toquei na maioria dos festivais brasileiros. Hoje meu sonho de tocar no Brasil é o Lollapalooza, que foi o primeiro festival que eu fui em toda a minha vida, eu tinha 16 anos. Fui ver o Porter Robinson numa edição que ainda era lá no Jóquei Club de São Paulo. Foi o primeiro festival que trouxe um artista que eu amava, cheguei cedo, estava lá quando os portões abriram, então é um festival que me lembra muita coisa, sinto muita nostalgia. O outro festival é o Rock in Rio, que dispensa comentários, é um festival muito forte mundialmente e que na última edição provou que a música eletrônica está muito forte no Brasil. Após um ano cheio de acontecimentos importantes para sua carreira, quais são suas expectativas e seus próximos passos para 2019? A expectativa para 2019 é enorme. É um ano que vamos começar já extremamente planejados. 2018 foi um ano de muitas mudanças na minha vida: saí do independente para trabalhar com mais 3 pessoas e para depois assinar contrato com a Boost/HUB/ Sony. Assim, com uma equipe muito maior, conseguimos planejar por muito mais tempo, 2019 é um ano que eu quero focar ainda no Brasil, conquistar todas as cidades que eu ainda não fui. O eletrônico é amado na Internet, mas vejo muitos lugares que ainda não têm acesso aos shows em si. Quero atingir o máximo possível de pessoas dentro do Brasil, continuar produzindo música e vivendo a vida do jeito que eu vivo. É isso. n
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Comin’ up M FISCHER
ANICIO
AGÊNCIA TR3NDS
CHEGA PARA SACUDIR O MERCADO DA MÚSICA ELETRÔNICA EM BELO HORIZONTE
A
TR3NDS surgiu de uma necessidade em dar oportunidades a novos produtores de música eletrônica. Os sócios identificaram uma leva de artistas de grande qualidade, mas que por inúmeras razões não obtiveram um certo suporte para dar impulso às suas carreiras. Além de agência de bookings, a TR3NDS também oferece serviço de management de carreira, ou seja, um universo 360 graus para o artista que fizer parte do seu casting. Entre os artistas que integram o time da agência, são novos talentos que passeiam pela house music e progressive house. Alguns já tiveram músicas lançadas por grandes labels como a HUB Records (Sony), Deepink e Reven Beats e atualmente têm suas músicas sendo reproduzidas nos sets de artistas consagrados na cena nacional e internacional. O objetivo de investir em uma agência de bookings em Belo Horizonte é dar oportunidade aos talentos da cena que predominam na cidade, além de estar fora do “eixo Rio-SP” e poder dar uma visibilidade nacional e internacional para o mercado, que sempre foi um celeiro com grandes produtores de música eletrônica. Recém-chegada no mercado, o próximo grande plano da agência para os próximos meses será o festival Planeta Brasil, que vai acontecer em janeiro de 2019, na Esplanada do Mineirão, em Belo Horizonte. Entre os artistas confirmados estão Anicio, Nuzb, RQntz e M Fischer. Além disso, podemos esperar da agência algumas gigs fechadas para o Réveillon e outras que estão em negociação para grandes festivais. n
NUZB
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CONSISTÊNCIA
COM FREQUÊNCIA
Vinne permanece entre os líderes do mercado de música eletrônica no Brasil Por ANA CAVALCANTE
E
m 2016, VINNE iniciou seu canal do Youtube postando somente músicas. Mas ele viu uma oportunidade de investir em vídeos mostrando um pouco mais da sua rotina de produção musical e dos seus shows. O primeiro vídeo que ele postou na plataforma foi sobre a sua estreia no Universo Paralello, contando um pouco mais sobre a sua experiência no festival. Apesar da pouca idade, VINNE vem mostrando que o seu talento para produção musical veio naturalmente e em um curto espaço de tempo, já que conseguiu grande destaque na cena eletrônica, produzindo e lançando faixas de grande visibilidade - algumas delas verdadeiros hits - e expressivas execuções não apenas nos serviços de streaming como nas rádios de todo o território nacional, além de suporte de renomados artistas internacionais. Em collab com Double Z, VINNE emplacou um dos hits do ano, o remix da música “O Sol” com Vitor Kley, com mais de 30 milhões de plays no Youtub, apenas seguindo o caminho prolífico que já vinha apresentando “Rock U” e “Bring It Back” com o Illusionize, “Free” ao lado de Alok e a faixa solo “Steady As She Goes”. Devido à sua relevância nas principais playlists dos serviços de streaming, VINNE foi capa das playlists Mint Brasil, Eletro BR e Novidades da Semana no Spotify. Arrastando multidões por onde passa, suas músicas abriram seus caminhos para se apresentar nos mais importantes
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festivais e clubes do Brasil, como Ultra Brasil, Tomorrowland Brasil, Universo Paralello, XXXPerience, Green Valley e Federal Music. Uma das apresentações mais marcantes em sua carreira, inclusive, foi no Ultra Brasil. Em 2016 ele se apresentou no palco UMF e em 2017 teve o prazer de ser um dos headliners brasileiros no main stage do festival. Para quem acompanhou o festival desde a adolescência, foi uma oportunidade de ouro e certamente ficará em sua memória. Embalando as conquistas de 2018, VINNE demonstrou mudanças no seu estilo de produzir, o que rendeu algumas parcerias e lançamentos importantes na sua carreira. Ao lado de CID emplacou a música “Take Your Place”, lançada pela Musical Freedom, gravadora de Tiësto, um som que foi reproduzido no mundo inteiro por Oliver Heldens, Don Diablo, Nicky Romero, Martin Garrix, Dimitri Vegas & Like Mike, Afrojack, Yves V, o próprio Tiësto e muitos outros grandes nomes. Para finalizar o ano com chave de ouro, VINNE celebrou também o marco de 100 mil fãs no seu canal do YouTube em 2018. Uma influência com este tamanho no YouTube é algo raro na nossa indústria. Mas não para por aí: a meta para 2019, segundo o artista, é de 250 mil fãs. n
Comin’ up
Por ANA CAVALCANTE
O ANO DE OURO DE SANTTI M úsico, compositor e produtor, Lucas Lorenzetti, ou
nome na música, "uma grande pena (rsrs)", lamenta o artista.
a faixa foi mais uma grande parceria com os meninos do Cat
Santti, vem conquistando as pistas brasileiras com
Para o remix oficial da música “Céu Azul”, Santti e Vintage
Dealers e também com o produtor mineiro LOthief.
seus vocais e batidas marcantes a cada lançamento.
Culture se uniram mais uma vez. A música que originalmente
Como uma das promessas de 2018, Santti assinou com
Ele deu seus primeiros passos na música muito cedo: aos 5 anos
foi sucesso na voz do cantor Chorão, ex-vocalista da banda de
a agência de bookings Plusnetwork e viu sua carreira
já arranhava alguns acordes de violão ao lado do pai. Aos 8 anos
rock Charlie Brown Jr., estourou como um dos hits do verão
alavancar rapidamente. Com a agenda cheia durante o ano
entrou em uma escola de música e acabou estudando bateria. E
em 2017. No mesmo ano, Santti conheceu através de RICCI os
todo, Santti cruzou o Brasil de Norte a Sul, em grandes
assim seguiu tocando em algumas bandas até seus 15 anos.
irmãos Lugui e Pedro, os Cat Dealers.
festas, festivais e clubes. Além da Plus, Santti faz parte
Um dia um amigo lhe apresentou um software onde Santti poderia produzir suas músicas sozinho, foi então que a música eletrônica começou realmente para ele. Em suas produções, Santti possui influências do rock dos anos 80 e 90, além do indie do Foster The People, o pop de Calvin Harris e Robin Schulz, e o techno do brasileiro Gui Boratto.
“Eu tinha uma música guardada e o Ricci mostrou para eles. Essa música era a “Sober”, eles também se amarraram, lançamos pela HUB Records/Sony Music como a primeira música do selo e deu muito certo.” - Santti -
do time da agência de management AMX, que gerencia sua carreira no modelo 360 graus. Para finalizar 2018 em alta, Santti acaba de lançar a música “Amanhecer”, collab com o produtor Turkez, uma das promessas entre os próximos hits de verão. Ainda estão por vir lançamentos ao lado da Banda Eva e do Jetlag. Como DJ e produtor, Santti sonha em produzir muita música boa e agradar a todos. Futuramente ele pensa em montar seu
Poucos sabem, mas Santti emprestou sua voz para a música “Wild Kidz”, sua primeira parceria de sucesso ao lado do fenômeno
Hoje a “Sober” possui mais de 16 milhões de plays no Spotify.
live set e mostrar que pode tocar violão, guitarra, bateria,
brasileiro Vintage Culture e do produtor RICCI. Na época Lucas
Mas foi com o sucesso de “Sunshine” que Santti atingiu o auge
teclado e até cantar em seus próprios shows. n
ainda não tinha o projeto Santti e acabou não assinando seu
de sua carreira. Com mais de 24 milhões de plays no Spotify,
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NAS BATIDAS
DO SUCESSO Conheça o duo D-Groov
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-Groov é um projeto musical idealizado e desenvolvido pelos DJs e produtores Daniel Ibeas e Rafael Waddington, que em pouco tempo de carreira já conquistaram milhares de fãs pelo Brasil, com uma energia carismática que se conecta imediatamente com o público, principalmente nos seus shows espetaculares e de grande produção. Tendo passado pelos principais festivais e clubs pelo Brasil como Privilège Juiz de Fora e Búzios, Park Art, Café de la Musique Barra Grande e Búzios, Rio ME, Deep Please, Brazilian Bass (dividindo cabine com Alok), Love Sessions, Silk Beach Club, D-Groove tem como sua maior apresentação em festival o Ultra Brasil em 2017, além do Rio Music Carnival em duas ocasiões. Seu single “Galaxy”, lançado pela Só Track Boa, que caiu na graça dos seus fãs em 2017, foi só o primeiro de muitos grandes passos na música, já que outros sucessos vieram pelo caminho, como “Lose Control” (com a participação do vocalista Magga, do hit “Gravity”, do Cat Dealers), o remix de “Se a Gente Pode Sonhar” (original por SoFly), ambos lançados pela Sony Music. A faixa “O Que Somos Juntos” também ajuda a demonstrar a grande habilidade em produção musical do duo, que já prepara grandes lançamentos para 2019.
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Brasil. “Em 2015, a cena carioca estava crescendo muito e enxergamos que era o momento de embarcar nessa onda. Quando começamos a produzir em 2012, nossa maior influência foi o Karmon, seguido pelo Vintage Culture, que estava iniciando um processo de revolução e desenvolvendo uma nova linha sonora”. Para eles, no início da carreira o principal obstáculo foi o rompimento da barreira familiar em relação ao preconceito com a carreira de um DJ. Porém, com o crescimento agressivo e com o aumento estratosférico de shows, despertou o interesse conceitual dos pais e o envolvimento maior dos amigos com a ascensão da música eletrônica nacional. Com foco em estrutura de carreira a longo prazo, agenciados pela empresa Braslive Entertainment, ambos vêm mantendo seu foco em músicas originais e aperfeiçoando sua qualidade de produção. “Os bootlegs são importantes, a grande maioria dos artistas prefere tocar músicas já conhecidas pelo público, mas decidimos perseguir outra estratégia, que claramente intensifica a autenticidade sonora do artista, isso é essencial. Além disso, é claro, contabilizamos o sucesso nas principais plataformas e ganhamos reconhecimento em grandes gravadoras” afirma Rafael. A dupla ainda afirma que um dos clubs mais queridos para tocar são o Privilège em Búzios e o Park Art.
Em outubro deste ano D-Groov foi convidado pela banda Skank a fazer um remix oficial da música “Algo Parecido”, também via Sony Music, com lançamento previsto para o fim de novembro, o que vai criar muita visibilidade a nível nacional.
“Acima de tudo, desde a hora que entramos no Privilège até a hora que saímos do palco, somos tratados como pessoas da casa, inclusive quando vamos curtir, nos tratam com o maior carinho do mundo, aquela pista é diferenciada. O Park Art é fora de série, cada virada é uma emoção, a galera de lá vibra mesmo”. Afirma Daniel.
“Como a maioria dos artistas, nossos primeiros contatos com a música começaram cedo e tudo parecia não passar de uma brincadeira”, contou o duo em 2017, em uma entrevista para a DJ Mag às vésperas do Ultra
Com grandes objetivos para o ano de 2019, D-Groov almeja tocar pela primeira vez em mais grandes clubs pelo Brasil, trabalhando sempre a evolução do projeto. n
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Por ANA CAVALCANTE
SAIBA MAIS SOBRE A CARREIRA DE KIKO FRANCO
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igurinha carimbada nas melhores festas e clubes do Brasil, Kiko Franco iniciou sua carreira bem cedo, aos 14 anos, brincando com as pick-ups em casa e na casa de amigos. Seu primeiro show foi no aniversário da irmã do seu atual empresário. Kiko conta que foi estudar inglês em Nova York e acabou fazendo um curso de discotecagem. Quando retornou para o Brasil, iniciou sua residência no beach club P12, em Florianópolis, e desde então não parou de tocar. Floripa foi o lugar onde ele absorveu grande influência dos artistas que passaram por lá, como Carl Cox, Erick Morillo, Mark Knight, Avicii, David Guetta e Swedish House Mafia. Um dos estilos musicais que Kiko carrega com ele diariamente é o hip hop. Seu primeiro remix
de sucesso foi para a música “Panda", do rapper americano Desiigner. Hoje a track passa de 10 milhões de plays nas plataformas digitais. Para Kiko, todas as suas apresentações no Green Valley foram bem marcantes, com uma energia indescritível, conta o DJ. Mas ele lembra que quando recebeu o convite do EDX para tocar em sua festa NO XCUSES, no Privilège em Ibiza, foi surreal e inesquecível, assim como a sua estreia no Universo Paralello, a convite do DJ e produtor Bhaskar. 2018 foi um ano de muitas conquistas para Kiko, que vem expandindo sua presença internacionalmente. Durante o verão europeu ele fez uma mini tour pela Croácia e pela França, onde se apresentou no club Vip Room, em Split e no The Central Club, em St. Tropez.
Logo no início do ano ele lançou o remix oficial de “Deixe-me Ir”, um dos hits do verão da banda de rap nacional 1Kilo. Já o remix oficial da música “Velha Infância” (original dos Tribalistas) foi fruto da parceria com a cantora Negra Li. Já ao lado do duo Chemical Surf, Kiko lançou o remix para música “Bella Ciao”, que virou febre depois do sucesso da série “La Casa de Papel”. O mais recente lançamento de Kiko foi o remix do hit “Amar Amei”, funk de maior sucesso do MC Don Juan. Por falar em hit, a track “In The Morning” foi uma collab com o Cat Dealers para o ZHU e é uma das queridinhas de Kiko. É ela que ele toca para finalizar seus sets. Para ele, ela tem uma vibe alto astral, ótima para tocar pela manhã nas festas. n
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Comin’ up Por ANA CAVALCANTE
O TRIO MAIS #PUTAFARRA DO BRASIL A história por trás do Make U Sweat
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ormado por Dudu Linhares, Pedro Almeida e Guga Guizellini, Make U Sweat surgiu em 2012, a convite de um amigo do trio que produzia a Festa Única, em Campo Grande. Os DJs, que já eram amigos e parceiros de trabalho antes de criarem o projeto, acabavam se cruzando frequentemente nos lineups de festas pelo Brasil. Nesses encontros ao longo dos anos, perceberam o potencial que tinham em levantar a pista em diversas situações; a partir daí, surgia a ideia de montar o trio que uniria a irreverência, amizade e a força dos seus integrantes em uma única apresentação. O trio está junto há 6 anos e já deixou sua marca no Réveillon Celebration, no palco principal do Ultra Brasil, na Festa do Patrão, na Surreal Brasília, no Camarote Salvador e no Camarote Número 1. Além disso, têm uma festa própria, a #PutaFarra, que já passou por São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Floripa e Fortaleza, reunindo mais de 15 mil pessoas para assistir diversas outras atrações da música eletrônica em mais de 11 horas de shows. O nome Make U Sweat surgiu depois de um aniversário de um dos integrantes do trio no D-EDGE. Naquele dia, Pedro Almeida, aniversariante da noite, tocou por 5 horas seguidas e estava um calor absurdo dentro
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da balada. Foi aí que os três se olharam e deram o nome de Make U Sweat - em inglês, significa “te fazer suar”. Entre as influências musicais do Make U Sweat estão Erick Morillo, Calvin Harris e David Guetta, além de algumas bandas de rock como Oasis, Guns N’ Roses e Rolling Stones. Pedro e Dudu, inclusive, já estiveram em banda de rock. Uma das marcas registradas do trio é o cocar de índio utilizado por Guga Guizellini, que sempre gostou de se fantasiar e já se apresentou vestido de Batman e outros personagens malucos. A história do cocar surgiu em Trancoso, onde Guga estava organizando uma festa e em um dia que chovia muito. Os portões da festa abririam às 18h, mas às 13h caiu uma tempestade. Naquele momento um índio passou pelo local e Guga o convidou para ficar na parte coberta da festa enquanto a chuva não passava. “Troquei uma ideia com ele, comprei colar, pulseira, saia, cocar, e fiz uma promessa de que se parasse de chover, eu iria me apresentar vestido de índio! E foi o que aconteceu”, conta. A chuva parou e a onda do cocar acabou pegando. Depois disso, Guga transformou o cocar numa marca registrada, e hoje em dia ele conta com uma pessoa que faz cocares sob medida.
Com uma performance marcante e um set recheado de músicas próprias, além de versões oficiais de músicas consagradas como “Tempos Modernos”, de Lulu Santos, e “Não Quero Dinheiro”, de Tim Maia, parceria com Jetlag e Tiago Abravanel, eles não param de crescer e conquistar espaço nas melhores baladas e festivais do Brasil. “A ideia de produzir o remix de ‘Tempos Modernos’ surgiu através da mensagem da música, que tem a nossa cara: viver tudo o que há para viver. Por isso não podíamos deixá-la de fora do nosso repertório”, conta Pedro Almeida. “Apesar da música já ter sido regravada por diferentes artistas, nós pensamos em algo para torná-la totalmente única e surpreendente. E, claro, foi uma grande alegria quando o mestre Lulu aceitou regravar a voz exclusivamente para o Make”, completou. O ano de 2018 foi realmente um ano de muito trabalho para o trio, já tendo lançado mais de 5 músicas com parcerias diversas. O Make U Sweat se prepara para o lançamento de mais uma grande versão: “Mulher de Fases”. Assim como em “Tempos Modernos”, esta produção é muito aguardada, pois será algo totalmente diferente da música original, mantendo contudo sua essência. Fiquem ligados! n
A VOTAÇÃO DOS TOP 100 DJS É NOVAMENTE A PAUTA DO MOMENTO. O RESULTADO EXPRESSOU A ESCOLHA DOS MAIS DE 1.2 MILHÕES DE VOTOS EM 2018. NAS PRÓXIMAS PÁGINAS VAMOS DESTACAR OS PRINCIPAIS PONTOS DOS DJS CONSIDERADOS COMO OS MAIS POPULARES DO MUNDO.
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TOP 100 DJS 2018
1.2
MILHÃO
DE VOTOS
MARTIN GARRIX É TRI! Pelo terceiro ano seguido a mesma imagem aparece no primeiro lugar da enquete Top 100 DJs da DJ Mag britânica. Martin Garrix, garoto prodígio de apenas 22 anos e um dos principais produtores do momento, ganhou novamente o prêmio de DJ mais popular do planeta. Sua estreia na votação foi em 2013, quando entrou em #40, e pouco tempo depois já estava entre os top 5.
Eric Prydz, que vem conquistando milhares de fãs com as projeções 3d do seu projeto inovador HOLO junto às suas épicas faixas progressivas, subiu 14 posições e conquistou o 20º lugar. O sueco encabeça os nomes que não tocam necessariamente o “som do momento”. Já entre os representantes do techno, apesar de ainda retraídos, vêm ganhando mais exposição neste ano, com a estreia de Marco Carola, #86, e Nina Kraviz, na Os belgas Dimitri Vegas & Like Mike 97ª posição, e com o retorno de Adam também não mudaram de posição, e Beyer, que não fazia parte dos 100 ocuparam o segundo lugar da votação, nomes desde 2007. Desta vez, o chefe da seguidos por Hardwell, Armin Van Buuren Drumcode entrou na 79ª posição. e David Guetta. Há algum tempo fora do ranking, quem Entre os nomes brasileiros, nenhuma voltou a despontar foi Swedish House novidade com relação ao ano passado. Mafia, em #63, e o trio promete ainda Alok, Vintage Culture e Cat Dealers mais triunfos para o ano que vem com não só cresceram sua base de fãs sua volta aos palcos. mundialmente com suas turnês internacionais como ganharam novas A maioria dos votos das regiões vieram posições. Alok conquistou a 13ª posição, dos Estados Unidos, seguidos por Reino enquanto Vintage Culture apareceu na Unido, Brasil, México, Itália, Alemanha, 19ª e Cat Dealers na 48ª. Bélgica, Holanda, França e Espanha. Avicii foi um dos nomes mais comentados, após ter chocado o mundo com sua morte prematura no início deste ano, e ganhou o voto de milhares de fãs que garantiram que seu legado não fosse esquecido.
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VEJA TAMBÉM O TOP #1 DJ POR REGIÃO: Europa: Martin Garrix América do Norte: Marshmello Américas Central e do Sul: Alok Ásia: Carta Austrália: Nervo
TOP 100 DJS 2018
01 MARTIN GARRIX País de Origem: Holanda Estilo: EDM/pop. Música favorita de 2018: Taska Black - ‘Forever’ DJ/Produtor de 2018: Osrin O holandês Martin Garrix conquistou novamente a coroa do Top 100 DJs, se comparando aos únicos DJs que atingiram o feito de ocupar três vezes seguidas o topo do ranking: Armin Van Buuren e Tiësto. Mais impressionante do que isso é o fato de que ele tem apenas 22 anos, três a menos do que Hardwell quando ele ganhou a votação pela primeira vez. Garrix, ou Martijn Garritsen, aprendeu a tocar violão cedo, e quando viu Tiesto tocando na abertura das olimpíadas de 2004 em Atenas, ele decidiu que queria ser DJ. Com total
suporte de seus pais, ele começou a tocar em eventos na escola e outros locais. Ainda cedo começou a produzir suas próprias músicas, e assinou com a Spinnin’ Records para começar a lançar tracks em clubs enquanto ainda estudava produção em Utrecht. A grande mudança veio quando “Animals” foi lançada e explodiu em 2013, o que tornou Garrix uma estrela. Cinco anos depois do lançamento de “Animals”, ele é um verdadeiro pop star, e não à toa está entre os principais DJs do mundo. Suas produções já tiveram colaborações de Dimitri Vegas & Like Mike, Afrojack, Tiësto, David Guetta e outros nomes da música pop como Dua Lipa, Usher, Ed Sheeran e Justin Bieber. Após o término de seu contrato com a Spinnin’, Garrix assinou com a Sony e começou também seu próprio selo,
STMPD RCRDS. “Está indo muito bem”, ele conta à DJ Mag. “Nós lançamos várias músicas no ano passado, de artistas estabelecidos e também em início de carreira.” Garrix lançou muitas músicas nos últimos 12 meses, foi headliner de grandes festivais e se apresentou em grandes eventos, como as olimpíadas de inverno na Coreia do Sul, além de tocar toda semana em sua residência no Ushuaia em Ibiza. Além de tudo, ainda protagonizou junto com Carl Cox o documentário “What We Started”, lançado durante o Miami Music Week em março, e acaba de lançar o livro LIFE = CRAZY, que documenta sua vida através de fotos. Martin Garrix é incansável. Incrivelmente pés-no-chão apesar de toda a sua fama, ele é merecedor do prêmio TOP 100 DJs novamente.
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TOP 100 DJS 2018
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DIMITRI VEGAS & LIKE MIKE
País de Origem: Bélgica / Grécia Música Favorita de 2018: Fisher - ‘Losing It’ e Travis Scott - ‘Sicko Mode’. DJ/Produtor destaque de 2018: Murda Beatz
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HARDWELL
País de Origem: Holanda DJ/Produtor destaque de 2018: KAAZE
05 DAVID GUETTA 06 TIËSTO País de Origem: França Música Favorita de 2018: Fisher - ‘Losing It’ DJ/Produtor destaque de 2018: Brooks
08 AFROJACK País de Origem: Holanda
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País de Origem: Holanda Música Favorita de 2018: Loud Luxury - ‘Body’ DJ/Produtor destaque de 2018: Louis Bell
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OLIVER HELDENS
País de Origem: Holanda Música Favorita de 2018: Calvin Harris & Dua Lipa - ‘One Kiss (Oliver Heldens Remix)’ e Enrico Sangiuliano ‘Astral Projection’ DJ/Produtor destaque de 2018: Zonderling, Enrico Sangiuliano e Fisher
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ARMIN VAN BUUREN
País de Origem: Holanda Música Favorita de 2018: Sunset Brothers x Mark McGabe - ‘I’m Feeling It (MaRLo Remix)’. DJ/Produtor destaque de 2018: Maor Levi
07 DON DIABLO País de Origem: Holanda Música Favorita de 2018: Logic feat. Alessia Cara & Khalid - ‘1-800-273-8255’ DJ/Produtor destaque de 2018: Big Pineapple
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MARSHMELLO
País de Origem: Estados Unidos Estilo: Pop / Dance Fave tune of 2018: Crankdat ‘Reasons To Run’ Breakthrough DJ/producer of 2018: Slushii
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STEVE AOKI
País de Origem: Estados Unidos Música Favorita de 2018: BTS - ‘Fake Love’ DJ/Produtor destaque de 2018: Riot Ten
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ALOK
País de Origem: Brasil Música Favorita de 2018: Fisher - ‘Losing It’ DJ/Produtor destaque de 2018: Vini Vici Sem dúvidas, esse foi o ano de Alok. Com várias músicas em parceria com grandes artistas e arrastando multidões para os seus sets em festivais pelo mundo, o brasileiro está pela quarta vez entre os DJs mais populares do mundo. “Neste ano fiz tours pela Ásia, América do Norte, Europa e América do Sul, em eventos e festivais surreais e inesquecíveis”. Por: Ben Murphy.
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19 R3HAB
País de Origem: Marrocos / Holanda Música Favorita de 2018: R3HAB x Mike Williams ‘Lullaby’ DJ/Produtor destaque de 2018: Waysons
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W&W
VINTAGE CULTURE
País de Origem: Brasil Música Favorita de 2018: Rüfüs du Sol - ‘No Place’ DJ/Produtor destaque de 2018: Camelphat Pela primeira vez entre os 20 DJs mais populares do mundo, Vintage Culture conta à Dj Mag: “Neste ano eu pude levar minha música para eventos incríveis como o Rock in Rio Lisboa (Portugal), Ushuaia (Ibiza), Mysteryland Festival (Amsterdam), EDC (Orlando) e Lollapalooza (São Paulo)”. Ele também foi convidado para participar da tour de Martin Garrix, com quatro shows pelo Brasil, e contempla o sucesso crescente da sua própria festa “Só Track Boa”, que levou milhares de pessoas para os quatro cantos de seu país. Por: BEN HINDLE.
País de Origem: Holanda Música Favorita de 2018: Armin Van Buuren ‘Blah Blah Blah’ DJ/Produtor destaque de 2018: Maurice West.
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DVBBS
País de Origem: Canadá
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AVICII
País de Origem: Suécia.
Nenhum acontecimento marcou mais o mundo da música eletrônica do que a morte de Avicii. O Dj e produtor sueco faleceu em abril, em Oman, depois de uma longa batalha contra seu vício e contra problemas de saúde mental. Este acontecimento deixou em evidência a pressão insana que a indústria da música coloca em artistas ainda jovens, particularmente os que repentinamente estão sob os holofotes da imprensa, com pouco suporte ou estabilidade. Apesar da natureza trágica de sua morte, a comunidade da música eletrônica se uniu para celebrar a vida de Avicii e sua criatividade na música, e muitos fãs votaram em seu favor na votação dos TOP 100 DJs deste ano.
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LOST FREQUENCIES
País de Origem: Bélgica Música Favorita de 2018: Chris Lake - ‘Turn Off The Lights’ DJ/Produtor destaque de 2018: San Holo
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KSHMR
País de Origem: Estados Unidos Música Favorita de 2018: Eminem - ‘Killshot’ DJ/Produtor destaque de 2018: Brooks
20 ERIC PRYDZ País de Origem: Suécia Música Favorita de 2018: Cristoph ‘Voice Of Silence’ DJ/Produtor destaque de 2018: Cristoph Este foi mais um típico grande ano para o DJ e produtor sueco Eric Prydz, que novamente teve sua residência no Hi Ibiza super bem-sucedida. Prydz conta à DJ Mag que uma das coisas favoritas da sua residência é a chance de tocar por mais horas que o habitual: “Estou tocando por três ou três horas e meia. Eu realmente gostaria que as pessoas sentissem que estão entrando em um mundo diferente, o mundo de Eric Prydz.” Não é só sua seleção musical que está trazendo os fãs em massa , mas também seu impressionante show de luzes. Suas apresentações épicas com lasers formando hologramas o transformaram em um dos principais nomes da atualidade. Por: CHARLOTTE LUCY CIJFFERS.
Por: CHARLOTTE LUCY CIJFFERS.
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TOP 100 DJS 2018
21
SKRILLEX
22
FEDDE LE GRAN
35
WOLFPACK
23
UMMET OZCAN
36
ALAN WALKER
25
QUINTINO
37
BLASTER JAXX
26 VINAI
38
DANNY AVILA
27
39
KURA
NERVO
24
DJ SNAKE
País de Origem: França. No ano passado vimos Snake definir novos padrões quando ele se tornou o primeiro DJ a tocar no Arco do Triunfo e teve sua apresentação transmitida para mais de 1.5 milhões de pessoas. Definitivamente 2018 foi um ótimo ano para o francês, que pôde focar em uma carga de shows reduzida enquanto investiu a maior parte do seu tempo em criações no estúdio. Tendo insinuado que um novo álbum pode estar à vista, nós não ficaríamos surpresos se colaborações com grandes nomes da música eletrônica estivessem para sair em breve. Por: DAVE JENKINS.
29 ANGERFIST 40 CALVIN HARRIS 30 BASSJACKERS 41 31
THE CHAIN MOKERS
AXWELL INGROSSO
42 DIPLO 43
NICKY ROMERO
33
TIMMY TRUMPET
44
ZEDD
34
VINI VICI
45
ALESSO
32
KYGO
46 TUJAMO 44
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HEAD HUNTERZ
País de Origem: Países Baixos. Poucos artistas têm a capacidade de mudar totalmente o estilo de produção e manter o mesmo nível de popularidade, mas é exatamente isso que Headhunterz (ou Willem Rebergen) fez no começo desta década. Tendo se estabelecido como uma das grandes estrelas do hardstyle, ele decidiu mudar algumas coisas em 2014, produzindo tracks mais próximas da EDM e do house. No final do último ano o DJ decidiu regressar às origens de seu hardstyle, voltando ao estúdio para fazer seu álbum “O retorno de Headhunterz”. Lançado no começo deste ano, foi sem dúvidas um dos mais comentados álbuns do estilo, o que ajudou a confirmar sua posição de um dos artistas mais populares de hardstyle. Por: MATT ANNISS.
TOP 100 DJS 2018
47 YELLOW CLAW 49 ATB
60 ROBIN SCHULZ
50 DIEGO MIRANDA
62 FLORIAN PICASSO
51
64 JAY HARDWAY
ABOVE & BEYOND
52
JEFRREY SUTORIUS
65
53
CARL COX
66 MIKE WILLIAMS
54
MARTIN JENSEN
67 ANDREW RAYEL
55
PAUL VAN DYK
68 MARIAN BO
56
WILL SPARKS
69 RADICAL REDEMPTION
57
CLAPTONE
70 BRENNAN HEART
58
STEVE ANGELLO
71
SWANKY TUNES
59
DEADMAUS
72
MATTN
73
MISS K8
CARTA
48 CAT DEALERS País de Origem: Brasil. A dupla formada por Luiz Guilherme e Pedro Henrique entrou na posição 74 no último ano, e começou a conquistar o mundo em 2016 com seu remix de “Your Body”, de Tom Novy, até chegar no grande lançamento deste ano, o remix de Guru Josh, “Infinity”, produzido com Beowülf. Depois de assinarem com a Sony Music eles ainda lançaram tracks mais melódicas, como “Hush” e “Keep on Loving”, que já tiveram milhões de plays no Spotify e no Youtube. Além disso, não podemos esquecer das incríveis performances em grandes festivais como o Lollapalooza Brasil e o Ultra México. Por: BEN HINDLE.
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SWEDISH HOUSE MAFIA
País de Origem: Suécia. O Swedish House Mafia está de volta! Depois de meses de rumores, negações, posters misteriosos, confirmações e mais rumores, o trio subiu ao palco do Ultra Music Festival em Miami para um show que foi transmitido mundialmente, 5 anos depois da pausa. Logo após o evento eles confirmaram que fariam uma tour em 2019 e estão aos poucos divulgando as datas. O trio, composto por Steve Angello, Axwell e Ingrosso, também revelou que vão deixar seus outros projetos pessoais parados para focar no SHM no ano que vem. Por: ROB MCCALLUM.
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TOP 100 DJS 2018
74 ALY&FILA 75
FERRY CORSTEN
88 MARLO
76 DA TWEEKAZ
89 DEORRO
77
90 ANDY C
BREATHE CAROLINA
78 DENIZ KOYU
91
80 DADDY´S GROOVE
& 92 LUCAS STEVE
81
MOSIMANN
93
SOLOMUN
MARKUS SCHULZ
82 TCHAMI
94 BOBINA
83
95
NGHTMRE
84 DJL
79 ADAM BEYER País de Origem: Suecia. O fundador do selo Drumcode e um dos arquitetos do techno sueco durante os anos 90 atravessou a Europa e os Estados Unidos neste ano, levando seu som para clubs e festivais como o Berghain, Cocoon na Pacha, Creamfields e Tomorrowland. Falando em festivais, o Drumcode organizou seu primeiro festival em agosto deste ano em Amsterdam. Em parceria com o Awakenings e com quatro palcos, o festival trouxe nomes como Beyer, Pan-Pot, Joel Mull e Dense & Pika dividindo espaço com novos talentos como Amelie Lens e Boxia. O evento esgotou com meses de antecedência. Por: RICHARD BROPHY.
PAUL
KALKBRENNER
96 ALISON WONDERLAND
85 WILDSTYLEZ 98 RAVE REPUBLIC 86 MARCO CAROLA
99 CARL NUNES
87 CEDRIC GERVAIS
100 SLANDER
97 NINA KRAVIZ País de Origem: Rússia. Sem dúvidas Nina Kraviz é uma DJ inspiradora. Ela surgiu na Rússia em 2009 e hoje se transformou em um dos maiores nomes do techno. Assim como a maioria de seus colegas que aparecem no ranking, Nina diz que também fez muitas tours neste ano, além do foco em produção. “Estou fazendo muitas músicas nesse momento, principalmente remixes. Fiz muitos neste ano, alguns já saíram e outros estão por vir. Falando em remixes, estou trabalhando atualmente em um remix muito interessante para um talentoso artista americano.” Por: RICHARD BROPHY.
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ARTISTA DE ATITUDE
HÁ QUEM DIGA QUE POLÍTICA E MÚSICA ELETRÔNICA NÃO SE MISTURAM. SERÁ? ENQUANTO ALGUNS ARTISTAS SÓ QUEREM FAZER MÚSICA, OUTROS SE POSICIONAM NAS REDES, UNS CRITICAM E MUITOS NÃO SABEM O QUE FAZER. DE QUAL LADO VOCÊ ESTÁ? Por: GABRIELA LOSCHI
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A
cabamos de passar por um momento bem estressante no Brasil. Uma das eleições mais conturbadas que já presenciamos no país impeliu boa parte das pessoas a se posicionar. Após amizades, natais e talvez até alguns contratos desfeitos, sobrou um grande desconforto e a polêmica: artistas de música eletrônica deveriam tomar posição nas redes sociais? Esse questionamento conturba tanto a vida dos mais engajados, que deixam claras suas convicções, quanto a dos mais cautelosos. Se de um lado o dever cívico intrínseco o chama para tomar um posicionamento, por outro a razão o adverte: cuidado para não falar demais e acabar fechando portas. É bom saber que isso pode mesmo acontecer, e não só na política. Qualquer posicionamento eventualmente afugenta uns e rompe laços com outros. Mas já dizia o ditado: “quem quer agradar a todos, não agrada a ninguém”. Até que ponto, então, vale a pena não expressar uma opinião com medo do que os outros pensarão? O que você pode ganhar ou perder com isso?. O maior problema de quem decide se posicionar é emitir opiniões sem embasamento, ou baseadas muito na emoção e não na razão. Portanto a primeira dica é: se optar por falar, saiba onde está pisando. Deixe os achismos pra lá e não fale sobre o que não sabe ou não tem certeza; reflita se é um sentimento seu criado por fake news (ou de repente até por preconceito) ou se há fundamentos realistas, pois se falar por falar já afeta um cidadão comum, imagina uma pessoa pública, um artista, alguém com visibilidade. É normal, portanto, o receio. Não faltam exemplos de falas infelizes (dentro e fora da música eletrônica, sobre política ou não) que culminaram num grande prejuízo para o artista. Exemplo clássico foi o Ten Walls, que no auge da carreira perdeu gigs importantes e contratos devido a um comentário homofóbico em seu Facebook, o que vai contra a origem da música eletrônica enlaçada com a comunidade LGBT. Aqui no Brasil recentemente o DJ carioca Joutro Mundo teve seu inbox exposto evidenciando comentários machistas que levantaram a fúria da comunidade e também o fez perder gigs. No caso dele não foi um posicionamento explícito, mas algo que ele falava nos bastidores. Porém, quando teve a chance de se posicionar, seu comunicado oficial também não convenceu, o que nos leva a mais uma questão: o artista deve estar preparado para saber falar as coisas certas nas redes sociais, independente da situação. Para isso acontecer o melhor conselho é praticar a empatia. Esse sentimento poderoso te coloca no lugar do outro, abre sua mente, tira o foco apenas das suas convicções e te faz pensar nos sentimentos de quem recebe a mensagem. Pelo que essa pessoa já passou? Como o mundo a trata? O que poderia magoá-la e o que poderia empoderá-la? Esse exercício ajuda a manter uma comunicação assertiva, inclusive quando você expõe um ponto de vista que contrarie algumas pessoas. A forma como você se expressa, muda tudo.
MAS POLÍTICA E MÚSICA ELETRÔNICA SE MISTURAM? Todo mundo lembra da enxurrada de “fãs” mandando o Roger Waters “parar de falar” e focar na música em sua última turnê pelo Brasil. E o tanto de gente
xingando o Zedd, quando o mesmo se posicionou contra o Trump? Até o Dave Clarke, quando disse que não tocaria mais nos Estados Unidos “por causa do presidente misógino e racista”, teve que aguentar comentaristas de internet exigindo que ele deixe o techno fora da política. É compreensível que alguns assuntos polêmicos inflamem o ânimo das pessoas, afinal a política pode mudar sua vida, mas o que você tem a ver com um casal de gays se beijando, por exemplo? Discutir com a emoção e não com a razão não vai te ajudar. E nem mudar o fato de que esse tipo de comentário “continue-fazendo-músicae-pare-de-se-meter-na-política” esquece que a arte é a própria expressão dos sentimentos e emoções do seu criador. Ela não só já vem ao mundo imbuída de significados como é impossível dissociá-la da política, no sentido etimológico da palavra. Desde o Antigo Egito registros mostram músicas sobre as conquistas das nações; que evidenciam o posicionamento do artista perante alguma questão. Da luta pela liberdade ao hedonismo, das desigualdades sociais aos direitos civis, o rock, a mpb, hip hop, jazz, são apenas exemplos de ritmos que já foram ou são utilizados para expressar opiniões diversas e protestar. Se a arte e a música sempre estiveram presentes em toda a sociedade, independente do poder aquisitivo, como dissociar que ela seja também uma forma de expressão democrática? E na música eletrônica, apesar de alguns afirmarem que ela foi feita apenas para dançar, não é diferente. Não precisamos nem só buscar a origem dela para ter certeza disso - mas conhecer sua história certamente coloca as coisas em perspectiva. Do house nascendo como linguagem de resistência, sendo os primeiros clubs de Chicago lugares de liberdade e expressão dos grupos oprimidos. Da comunidade negra abraçando o techno desde o começo. Do Underground Resistance transmitindo a luta contra a opressão através do seu som. Do Jeff Mills afirmando que “tentamos usar a música como um dispositivo para lembrar as pessoas que se sentem confinadas de que elas podem se libertar a qualquer momento. Que cada um de nós nasceu com o direito de ser livre”. Isso é política pura. Isso não significa que todos os artistas fazem música com contexto político, ou que precisem se expressar nas redes sociais. Mas significa que devemos respeitar e aceitar quem o faz. Que se suas convicções forem contrariadas pelo posicionamento do seu ídolo, você deve se perguntar: por que ele está falando isso? E não exigir que ele não o faça. Pois será em vão. O entrelaçamento da política com a música sempre existiu e é absolutamente inegável. Então mais do que saber se você deve ou não entrar em determinados assuntos “polêmicos”, é necessário saber COMO entrar.
NO FIM DAS CONTAS, EU DEVO OU NÃO ME POSICIONAR? Não há uma resposta mágica, pois é algo muito pessoal. Zedd, Dave Clarke, Roger Waters e tantos outros, seja do lado que for, têm suas causas e convicções e o fato de terem recebido comentários negativos não significa que não ganharam pontos com um monte de gente. “Fico feliz em ver que você não é insano <3” e “obrigado Zedd por ser uma pessoa que não tem
10 DICAS E CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS SOBRE O ASSUNTO 1. “Sou engajado, quero dar minha opinião, ou ser o próprio movimento”. Algumas portas irão se fechar? Provável. E outras se abrirão. 2. Seja assertivo! Pesquise antes de falar e procure falar de fatos, não de pessoas, mostrando que não é algo pessoal. 3. No Brasil e no mundo coletivos como Carlos Capslock possuem um posicionamento claro. Donos de clubs também têm suas preferências. Significa que se você faz parte de um núcleo com visão política, ótimo, vocês estão engajados na mesma causa. Se não, entenda que tipo de artista você quer ser, para quem gostaria de tocar e se você está sendo razoável, antes de formar seu posicionamento. 4. Estude bem a cena em que você quer entrar e se ela condiz com a sua forma de ver o mundo. 5. Pense na sua personalidade, nos valores que você carrega para a sociedade e no que você almeja para sua carreira e vida, para decidir se vale a pena ou não botar a boca no trombone. 6. Respire fundo e fale com inteligência, sem agredir outras pessoas. Construa um debate saudável. 7. Se você achar que está sendo muito agressivo ou ofendendo pessoas, releia, repense, dê o post para alguém ler antes. 8. Seja sempre profissional, não passional. 9. Cada pessoa percebe sua realidade de uma forma e sente necessidade ou não de se expressar. A música já é uma forma de comunicação, mas se o artista quer dizer algo com palavras e posts sobre assuntos diversos, ele tem o direito. Apenas respeite. Ganhar ou perder fãs por conta disso é a decisão de cada um. 10. Não seja mais um babaca no mundo. Crie e se comunique com verdade e solidez. Aceite as diferenças. Ninguém é igual a ninguém. Admita opiniões diversas. medo de dizer o que é certo e errado, mesmo que seja contra o presidente dos EUA”, também estão lá na caixa de comentários.Então depende da personalidade e do engajamento de cada um. Se você escolher se posicionar, saiba que, assim como a dualidade entre o conflito e a harmonia estão presentes na estrutura musical, também estão nas relações humanas - e nas redes sociais. presidente dos EUA”, também estão lá na caixa de comentários. Então depende da personalidade e do engajamento de cada um. Se você escolher se posicionar, saiba que, assim como a dualidade entre o conflito e a harmonia estão presentes na estrutura musical, também estão nas relações humanas e nas redes sociais. n djmagbr.com
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AGENTE DA REVOLUÇÃO: ‘I FEEL LOVE’, DE GIORGIO MORODER
DJ MAG FALA COM A LENDA DA MÚSICA ELETRÔNICA GIORGIO MORODER SOBRE A PRODUÇÃO DESTE CLÁSSICO DISCO DURADOURO E REVOLUCIONÁRIO...
U
m dos mais prolíficos e pioneiros compositores de música eletrônica dos anos 70 e 80, Giorgio Moroder nasceu na Itália e começou a tocar guitarra em uma banda de jazz aos 16 anos. “Eu era músico há mais de 10 anos com um pequeno grupo ”, ele conta à DJ Mag, nos bastidores da festa dos Top 100 DJs, onde ele estava apresentando o prêmio número 1. “Viajar como músico foi uma vida boa, mas achei que poderia terminar com 50 ou 60 anos e ainda tocar nos clubes, então pensei que deveria me tornar um compositor. Me ofereceram um emprego de engenheiro em Berlim e comecei a trabalhar em estúdios. ” Ele fez algumas coisas solo de sucesso moderado e começou a fazer seu nome como produtor, aprendendo a nova tecnologia e gravando muita música com sintetizadores. Giorgio conta como ele gastou o seu primeiro cheque de royalties como produtor “em uma grande noite de champanhe. Eu estava tão animado, de repente a conta estava em 10 mil e depois descobri que eu não seria pago por mais dois anos!”
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Ele conheceu um cara inglês chamado Pete Bellotte, que se tornou seu co-produtor, e em 1971 eles co-escreveram a música “Son of My Father”. “Essa foi a primeira música pop usando um sintetizador”, afirma Giorgio. “Eu dei as fitas para uma publicitária amiga minha, ela foi para a Inglaterra e a apresentou a um publicitário chamado Roger Easterby. Imediatamente, no mesmo dia, ele foi ao estúdio com um grupo chamado Chicory Tip, e a música se tornou o número 1. Basicamente, eles roubaram. Na América, minha versão entrou no Top 100, mas não foi muito bem. ” Imperturbável, Giorgio produziu mais um par de sucessos para Chicory Tip e, depois, conheceu um cantor americano que esteve em turnê com uma produção do musical Hair na Alemanha. “Eu usei Donna Summer e duas garotas inglesas para fazer os vocais de background no começo, e ela obviamente tinha uma voz bonita”, diz Giorgio. “Então, Pete Bellotte e eu tivemos uma ideia de fazer uma música chamada ‘The Hostage’. Donna foi extraordinariamente boa, ótima letrista.”
Este single de Donna Summer funcionou bem inicialmente, mas no momento em que eles estavam prestes a apresentá-lo em um grande programa de TV, diz Giorgio, o diretor do Deutsche Bank foi morto por sequestradores que o mantinham em cativeiro. “Então a música morreu. Mas então eu disse: “Sempre que eu tiver um grande cantor, eu deveria fazer uma música de sexo!” Ele continua, sorrindo. “Eu disse a Donna para aparecer com uma ideia, então ela veio uma semana depois com a ideia dela para ‘Love To Love You Baby’. Naquela época eu tinha um estúdio [Musicland, em Munique], mas eu o alugava e naquela época os Rolling Stones estavam lá - ou pode ter sido Deep Purple, um dos grandes. Mas aquele dia estava vazio, então fui ao estúdio com Donna e fizemos o básico. Eles gravaram o resto da faixa disco com músicos alguns dias depois e completaram a versão de três minutos. “Um amigo meu levou para o MIDEM e me ligou dizendo ‘todo mundo adorou’”, lembra Giorgio. “Depois fui para a América e apresentei a Neil Bogart na Casablanca, e
ele adorou”, continua Giorgio. “Uma ou duas semanas depois, ele me ligou uma noite e me disse que estava em uma festa - ele estava em uma orgia, é o que eu ouvi mais tarde - e as garotas queriam ouvir a música repetidas vezes. Ele me ligou às três da manhã e me disse para gravar a música estendida. E essa foi a primeira música estendida de todos os tempos. ” Um dos primeiros singles de 12 polegadas, com duração de 17 minutos, a orgásmica “Love To Love You Baby” foi um sucesso nas discotecas em 1975 e nas paradas pop em sua versão de três minutos. Mas como Giorgio conseguiu que Donna fizesse “o orgasmo sexy”? “No começo foi um pouco divertido, eu disse a ela: ‘Olha, nós não podemos apenas tocar a música’ Love love love baby ‘, você tem que me dar um pouco mais”, diz Giorgio. . “Daí, depois de meia hora, ela começou a gemer um pouco, mas não estava pronta. Então eu mandei todo mundo pra fora.” “O marido dela estava lá, Pete Bellotte, o engenheiro de som, um ou dois amigos, e eu disse ‘OK’. Nós desligamos todas as luzes e ela apenas fez isso. Eu acho que ela fez uma faixa, e ela gemeu por 10 minutos. Eu acho que ela teve um orgasmo! Eu não tenho certeza, eu podia vê-la, mas não tão bem assim. Então eu cortei isso.” A faixa foi um sucesso, mas ainda seguiu os princípios orquestrais da discoteca. Com seu próximo single com Donna, no entanto, Giorgio realmente mudaria o jogo. “Com ‘I Feel Love’, eu queria fazer um som do futuro”, explica Giorgio. “Como uma música poderia soar em 10 anos? Então fiz algumas pesquisas, olhei para a musique concrète e não consegui encontrar nada. Então eu escutei uma cena de Guerra Nas Estrelas, aquela em que os músicos estão na cantina e eu pensei: “Esta não é a música do futuro”. Então eu disse que a única maneira de fazer isso era usar apenas sintetizadores ” Giorgio explica como começou com um Moog Modular e colocou oito notas. “A afinação era
um inferno na época, depois de 20 segundos estava fora do tom, então eu tocava [canta metade da linha de baixo de ‘I Feel Love’] dunng-dunng-dunng-dunng-dunng-dunngdunng-dunng, e quando estava fora de sintonia eu começaria de novo.” Ele adicionou white noise, hi-hat, caixa, bumbo e teclado na faixa - todos usando um sintetizador. “Então, quando a mixamos em Nova York, o engenheiro - em vez de colocar reverb - fez um delay e, de repente, soou ‘duddle-luddle-hum-da-duddle-luddle-umm-da’. Foi uma revelação, era isso.” Mal sabia Giorgio que ele efetivamente deu o pontapé inicial na Eurodisco e ajudou a criar o modelo para trance, techno e boa parte da dance music moderna. Brian Eno, ouvindo o disco em Berlim no seu lançamento de 1977, no meio da gravação da ‘Trilogia de Berlim’ de álbuns com David Bowie, disse a Bowie: “Este single vai mudar o som da club music pelos próximos 15 anos”. O que estava mais ou menos certo. “Eu sabia que era definitivamente um som que nunca tinha sido ouvido antes”, diz Giorgio para a DJ Mag. “Eu só não sabia que isso teria tamanho impacto. Na verdade, nos Estados Unidos no começo, a música não funcionou bem. Mas começou a se dar muito bem na Europa, especialmente na Inglaterra, e depois voltou aos Estados Unidos. Nós fomos para No.2 ou No.3, enquanto na Inglaterra ela foi para o No.1 ” A maioria das faixas disco até 1977 foram feitas com orquestras ou com uma banda ao vivo como Chic and Earth, Wind & Fire, mas a partir de “I Feel Love” Giorgio estava apenas usando sintetizadores - sozinho. Os paralelos com DJs e produtores hoje são óbvios. “I Feel Love” tornou-se um hino duradouro nos clubes gays muito além de seu lançamento, e em meados dos anos 80 os synthpoppers britânicos Bronski Beat lançaram uma versão com Marc Almond, ex-integrante do Soft Cell. “Gostei da versão deles, Jimmy Somerville me
disse que ‘Love To Love You Baby’ foi a razão pela qual ele começou a cantar em falsete”, diz Giorgio. Leia praticamente qualquer cópia da DJ Mag hoje e algum revisor vai invariavelmente se referir a uma “linha de baixo Moroder” em uma faixa de trance, breakbeat ou nu disco. “Uma vez que você ouve, é difícil encontrar uma linha melhor”, diz Giorgio, modestamente. “I Feel Love” foi subsequentemente re-embalada, transformada em covers e relançada inúmeras vezes desde então, e vendeu mais de um milhão de cópias apenas no Reino Unido. Giorgio continuou a trabalhar com The Three Degrees, Sparks, David Bowie, Blondie, Japan e muitos outros artistas, e produziu trilhas sonoras premiadas para filmes como O Expresso da MeiaNoite, Gigolô Americano, Scarface, Flashdance, História Interminável, entre muitos outros. Depois de uma carreira solo de sucesso, Donna Summer, infelizmente, morreu no ano passado. Alguns anos atrás Giorgio estava principalmente jogando golf com sua esposa, semi-aposentado, mas depois ele almoçou com Daft Punk em Paris e eles pediram que ele fosse ao estúdio para contar sua história. Essa faixa se tornou ‘Giorgio by Moroder’, uma das faixas de destaque em ‘Random Access Memories’, e agora - além de produzir novamente, Giorgio começou a se apresentar como DJ, aos 73 anos de idade. “Eu aaaaamo isso”, ele ronrona. n djmagbr.com
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PULANDO ALTO COMO O CAT DEALERS TOMOU O BRASIL E O MUNDO Por POLLYANNA ASSUMPÇÃO - Imagens: BETO GARCIA
O
ano é 2016 e fazia alguns meses que ouvíamos falar do Cat Dealers. Surfando na onda de DJs mascarados, sabia-se pouco sobre eles. Apesar disso, não havia uma festa sequer que não se ouvisse a versão dos Dealers para “Your Body”, do Tom Novy. A sensação geral era, inclusive, a de que “Your Body” talvez tenha entrado na seleta lista de músicas cujo remix ficou mais famoso que o original - só no YouTube, o hit do Cat Dealers ultrapassou 86 milhões de visualizações. Eu estava viajando para um festival quando meus amigos me chamaram a atenção dentro do avião para o fato que o Cat Dealers estava em uma das fileiras atrás das nossas. Eu estava viajando justamente para o festival que eles seriam uma das atrações daquele 2016. Ainda num momento mais humilde, com um horário não muito bom, eu vi a dupla que hoje é um dos maiores projetos brasileiros na ativa, tocar de forma tímida abrindo um dos palcos dos artistas mais underground no festival. Será que alguém ali imaginaria que a dupla viria a se tornar um dos nomes mais famosos do Brasil no Top 100 da DJ Mag? Lugui e Pedrão desde então voaram tanto na cena que é até difícil
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especificar exatamente quando tudo mudou. Frutos do boom do Brazilian Bass, poderiam facilmente ter se perdido na mesma sonoridade que tantos outros DJs brasileiros copiaram e desgastaram nos últimos anos. Mas o Cat Dealers continuou trabalhando para apresentar algo novo para seu público. “A música eletrônica é universal”, eles garantem. Mas não basta arrasar só nas pistas, a dupla sabe que também precisa arrasar com o público mais pop que consome música aqui fora. E foi quando eles lançaram “Gravity”, em parceria com o Evokings, que rapidamente caiu no gosto dos fãs das
pistas e nos fones de ouvido do jovem consumidor. Era possível ouvir “Gravity” em todos os cantos da internet, e ela se tornou uma das músicas mais compartilhadas nas redes sociais. Também era possível ouvir a faixa nas principais rádios pop do país, alcançando a 24ª posição entre as mais tocadas. Ser conhecido pelo público mainstream é talvez o passo mais importante para um produtor de música eletrônica, principalmente em um país que torce o nariz para tantos eventos e artistas por puro preconceito com o estilo. Ao vivo, o Cat Dealers se mostrava cada vez mais forte, seguro e vacionado pelos fãs. Foi quando o nome da dupla apareceu pela primeira vez em 74º lugar no ranking da DJ Mag de 2017. Àquela
altura o Cat Dealers já havia começado sua excursão pelo globo, tocando no México, na África do Sul, China e muitos outros territórios, somando mais de 170 shows somente em 2018 e prestes a tocar nos 5 continentes. Além do tamanho que alcançaram em seu país de origem, afinal, numa lista de popularidade, ser um dos projetos mais queridos do Brasil conta muito! Seguindo sua nova linha mais pop, em 2018 o duo lançou junto com o Felguk o remix oficial de “Ai Ai Ai”, da Vanessa da Matta, acompanhando a tendência de finalmente colocar músicas em português entre as batidas eletrônicas. O que não faltou foi lançamento em 2018: “Sober”, “Infinity”, “Hush” e “Keep on Lovin´” são apenas alguns dos maiores hits recentes. “Infinity”, parceria com Beowülf, foi relançada pela Armada Music, a gravadora da lenda Armin Van Buuren e o sonho de carreira de muitos DJs. O resultado desse sucesso não podia ser diferente e a nova lista de 2018 da votação da DJ Mag refletiu o que os fãs brasileiros já desejavam: o Cat Dealers não só tinha continuado no cobiçado ranking como subiu para o 48º lugar, se tornando um dos maiores nomes do mundo. O duo segue com o buzz do último lançamento, “Keep on Lovin´”, que entrou de imediato no Top 200 geral do Spotify Brasil, mostrando que a música eletrônica do duo também não fica presa a barreiras de estilos. A música eletrônica pode sim ser pop e não apenas restrita às pistas. Conversamos um pouco com os produtores nesta entrevista.
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Oi, Pedro e Lugui, como vão? Existe um plano de carreira para o Cat Dealers? Olhando onde vocês estão agora, as metas foram superadas? As metas vivem sendo superadas e vivem surgindo novas metas. Esse é o grande negócio da indústria: não pode se acomodar nunca, tem que estar sempre buscando a próxima etapa! Existe um objetivo, e a partir dele os planos vão mudando e se adaptando. Foram muitas metas alcançadas: tocar em grandes festivais (Rock in Rio, Lollapalooza, Kaballah, XXXperience, Ultra Brasil, entre outros), entrar no Top 100 da DJ Mag mundial, tocar em outros países, levar nossa música para as rádios pop. Como funciona o ecossistema produtivo do Cat Dealers? Quem faz o que na equipe? Nós dois somos muito atentos em todos os aspectos dentro do projeto, desde a produção da música até toda a parte de marketing e vendas. A gente gosta muito do lado empresarial do negócio. Hoje em dia também contamos com diversas pessoas que trabalham junto da gente, equipe de marketing, bookers, etc, para que nós dois possamos focar nos principais, que são as músicas e os shows. Vocês disseram que estão sempre atentos à forma que sua equipe trabalha. Já houve algum tipo de divergência entre a visão que vocês têm de duas carreiras com a visão da equipe? O que prevalece nessa hora?
Temos muita sorte de trabalhar com uma equipe que tem tanta sintonia com a gente. Claro que às vezes rolam divergências, mas estamos sempre nos comunicando para um sempre entender o ponto de vista do outro e tem funcionado muito bem! O conselho que damos quanto a isso é sempre lembrar que sua equipe está trabalhando ao seu lado, buscando te ajudar, então acho que é essencial haver confiança e boa comunicação.
ASIA TOUR Quais são os três aspectos essenciais, na visão de vocês, para chegar longe nesse cenário e por que? Foco, persistência e vontade! Com certeza são esses três. Desde que começamos já tínhamos em mente onde queríamos chegar e fomos com tudo atrás do nosso sonho. Muita gente fala que somos prodígios pois conseguimos alcançar muita coisa em muito pouco tempo, mas isso não existe. Todas as pessoas são iguais, o que muda é a persistência de cada uma. Enquanto alguns ficam 2 horas por dia no estúdio, a gente desde o início fica de 10 a 16 horas. E é por isso que fomos mais rápidos que muita gente, foi tempo de voo. Quais são os principais obstáculos para ser bem-sucedido neste mercado? Acho que o mais difícil é passar pela fase “pré-acontecer”. Tem uma fase que você já está há muito tempo tentando e nada acontece, existe a pressão externa de família e amigos que já estão desacreditados e você começa a se questionar se é isso mesmo que você deve fazer. Se você supera essa fase, tudo acontece naturalmente, o importante é não desistir nunca! Mas claro, sempre se esforçando o máximo possível. Após superarem os obstáculos iniciais, quais são as dificuldades que vocês ainda encontram mesmo sendo um dos duos mais bem sucedidos da cena? Quais são os próximos passos? Dificuldades sempre vão existir, não importa em qual nível você esteja. Sempre que superar as atuais, vão surgir novas. No momento estamos focando em entender mais o cenário internacional e como nos posicionar dentro dele!
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Quais são os próximos lançamentos do duo a médio prazo? Fale mais sobre a parceria com a Spinnin’. É uma parceria de licenciamento com a HUB - sua atual gravadora - ou uma track exclusiva? A gente tem muita coisa legal pra lançar nos próximos meses, muitas parcerias com DJs internacionais que sempre fomos fãs, além de outras músicas muito legais com ótimos produtores. A parceria com a Spinnin´ é pro nosso próximo lançamento chamado “My Way” com o HIDDN, um artista belga que é assinado com a Spinnin´. Somos artistas assinados com a HUB Records/Sony Music Brasil, que entenderam que seria importante termos esse lançamento pela Spinnin’, e gentilmente toparam em nos deixar lançar essa collab pela outra gravadora. Qual sua parceria dos sonhos e por que? No momento, acho que seria incrível fazer uma parceria com a Dua Lipa! Adoramos a voz dela e suas músicas são muito boas! Outra parceria que amaríamos fazer é com o Skrillex, um sonho um pouco mais antigo. Ele sempre foi uma inspiração e um dos nossos DJs favoritos, seria demais ver ele trabalhando de perto e aprender com ele. Gostariam de deixar um recado a todos que votaram em vocês para o Top 100 deste ano? E gostariam de dedicar este marco a alguém? Queremos deixar o maior “obrigado” do mundo pra todos que tiraram um tempo do seu dia para votar na gente! É realmente muito animador saber que temos fãs tão engajados e que sempre podemos contar com eles. Podem ter certeza que a gente vai sempre se dedicar o máximo possível pra fazer os dias de vocês melhores! Dedicar à nossa família, pai e mãe, que mesmo com toda a insegurança acreditaram e apoiaram a gente. Isso é só o começo, ainda temos muita estrada pra percorrer na nossa carreira! n
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30
DE
ANOS
e s u o h d i ac
ESTE ANO MARCA O 30º ANIVERSÁRIO
DO NASCIMENTO DE UM DOS MAIORES
MOVIMENTOS DA MÚSICA ELETRÔNICA COMO A CONHECEMOS.
H
Por: MARTIN VANNONI & HERNÁN PANDELO
á trinta anos, neste verão, foi criada a acid house: um estilo de música eletrônica que influenciou praticamente todos os DJs no final dos anos 80 e início dos anos 90. Sem dúvida, foi um ponto de virada para a música eletrônica. Para celebrar a ocasião, decidimos olhar para trás e relembrar os artistas, faixas e selos que pavimentaram o caminho para esse incrível estilo musical. Mas vamos pelo começo: como o nome já sugere, o acid house é um subgênero da house music, um gênero que havia sido prevalente em clubes por alguns anos, com baluartes como Frankie Knuckles, Ron Hardy e Lil Louis, todos eles DJs residentes em vários clubes de Chicago. Mas isso é outra história. A verdade é que, com a decadência da disco music e do boom da house music -
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com colaboradores em estações de rádio, gravadoras e fabricantes de discos empurrando o estilo pra frente - um grupo de produtores experimentando estes gêneros começaram a incorporar o sintetizador Roland TB-303 ao seu trabalho. A partir de então, o estilo nunca deixou de se expandir, espalhando-se por diversos mercados internacionais como a Europa e se tornando um fenômeno na Grã-Bretanha. No final, foi a desculpa perfeita que levou toda uma geração a uma revolução juvenil.
O SEGUNDO VERÃO DO AMOR O clube londrino Shoom abriu em novembro de 1987. Sob a direção de Danny Rampling e sua esposa, foi um dos primeiros clubes a introduzir acid house na Grã-Bretanha e transformou
centenas de músicos talentosos no novo estilo musical. Era extremamente exclusivo, tinha uma fumaça espessa e, claro, acid house, criando uma atmosfera sonhadora. Este período começou o que alguns ainda chamam de ‘Segundo Verão do Amor’ - um movimento que leva o nome do famoso Verão do Amor nos EUA nos anos 1970s - creditado com uma redução do vandalismo no futebol: em vez de lutas, os fãs de futebol iam aos clubes e juntavam-se aos outros participantes sob efeito de algumas drogas. O Shoom foi o primeiro clube a introduzir acid house por toda a região e, para muitos, era um estilo de vida. Localizado em uma academia chamada Fitness Center, cabendo 300 pessoas, onde havia paredes de espelhos, o clube atraía uma mistura muito ampla de frequentadores, como Boy George e Paul Rutherford, de Frankie Goes To Hollywood. “Os clubes nos anos 80 poderiam ser difíceis na Inglaterra, cheios de idiotas que gostavam de beber e violência”, disse Pete Heller ao The Guardian. Heller tocou no clube Rampling quando reabriu no Busby.
Sleezy D - “I’ve Lost Control” Trax (1986)
Até onde se sabe, “I’ve Lost Control”, de Marshall Jefferson, foi a primeira faixa de acid house a ser lançada em vinil. Nós ouvimos um 303 sobre batidas de TR-808, com um vocal assustador. A coisa mais ácida já feita por Marshall Jefferson.
Armando - “Confusion’s Revenge” Westbrook Records (1987)
“Mas no Shoom não havia nada disso. Eles insistiram em uma vibração positiva, menteaberta e amigável. Se você não tivesse isso, não entraria. Era um grande compromisso. Não era um lugar onde você pudesse se sentar confortavelmente num canto. O Shoom era uma caixa de suor”.
EXPANSÃO Mais ou menos nesse tempo, no ano seguinte, o clube Trip abriu em junho, liderado pelo DJ Nicky Holloway, que tinha viajado para Ibiza em 1987 com Danny Rampling, Johnny Walker e Paul Oakenfold para celebrar o aniversário do Oakenfold. O quarteto voltou para casa inspirado no incrível som das Ilhas Baleares. O Trip ficava no West End de Londres e era voltado diretamente para a cena acid house. Era conhecido por sua intensidade e ficava aberto até às 3 da manhã, quando os clientes iam até as ruas gritando e muitas vezes atraindo a polícia. A má reputação que esse tipo de ocorrência criou com as rigorosas leis anti-clubes do Reino Unido começou a tornar cada vez mais difícil oferecer eventos na atmosfera convencional do clube. Por causa disso, e porque curtir clubs madrugada adentro foi considerado ilegal em Londres durante a década de 1980, os grupos de frequentadores de clubes começaram a se encontrar dentro de armazéns e espaços industriais em segredo para evitar invasões policiais, marcando os primeiros desenvolvimentos da rave. Dois grupos conhecidos neste momento foram o Sunrise, que realizou grandes eventos ao ar livre, e Revolution in Progress (RIP), conhecido pela atmosfera sombria e música hard de seus eventos. O grupo Sunrise produziu várias raves de acid na Grã-Bretanha que atraíram muita atenção da imprensa. Em agosto de 1988, eles jogaram o que é considerada a maior rave de acid de todos os tempos, perto de Reigate, Surrey. O evento foi realizado em campos adjacentes a uma escola e funcionou das 22 horas de sábado até a noite de domingo. Aproximadamente 20.000 pessoas compareceram, e as fileiras de carros ultrapassaram 5 quilômetros. Recebeu uma cobertura significativa da imprensa. A partir de então, o acid house andava com seus próprios pés e não dependia de ninguém para ser considerada um gênero.
Em 1987, Armando Gallop lançou um acid tempestuoso pela Westbrook Records intitulado ‘Land Of Confusion’. Mais uma vez o 303 foi o protagonista, mas desta vez a máquina de tambor era um TR-707 que dá vibe mais crua à batida, em contraste com a vibe mais analógica arredondada do 808. Em uma compilação de acid house de 1988 está o remake “Confusion’s Revenge”, que aumenta a viagem em alguns graus ao adicionar um grande vocal sobre a história do acid.
Bam Bam - “Where’s Your Child” Desire (1988)
A gravadora Westbrook Records, que lançou “Land Of Confusion”, de Armando, pertencia a um cara chamado Chris Westbrook, mais conhecido como Bam Bam. Esta faixa é o seu melhor momento, o som lento e obscuro, com vocais e sons satânicos em pitch baixo, tudo isso por cima de uma constante batida 808.
Charles B & Adonis - “Lack of Love” Desire (1988)
Outra faixa lançada no Reino Unido pela Desire. Tem um vocal real cantado em uma voz não afetada, a batida muda em seções diferentes, e há acordes de piano e faíscas de acid surpreendentes. É uma ótima produção de Adonis, que deu ao acid uma abordagem mais tradicional. É uma das muitas produções proeminentes lançadas pelo pioneiro nascido em Chicago.
Maurice - “This is Acid” Trax (1988)
Para muitos, essa é a música-tema do acid house - Maurice falando em cima de uma camada acid e funky, com o chocalho do 808 como ouvido em muitos discos da época. ‘This is Acid’ apareceu no mesmo EP com duas outras faixas incríveis de acid: ‘Feel The Mood’ e a sacana ‘I Got A Big Dick’.
Fast Eddie - “Acid Thunder (AA AACCID)” DJ International (1988)
Iconic artist Fast Eddie’s Jack To The Sound LP includes the original version of this track, a rather cheesy number with strings and vocals, but this version from a later vinyl release is pure acid. It features great 303 and 808 action and a theatrical ending that never loses the acid vibe. A timeless piece. O disco ‘Jack To The Sound’, do artista icônico Fast Eddie, inclui a versão original desta faixa, um som um tanto brega com cordas e vocais, mas essa versão de um lançamento posterior de vinil é puro acid. Possui grande ação do 303 e do 808 e um final teatral que nunca perde a vibe do acid. Uma peça atemporal.
Phuture - Acid Tracks Trax Records (1987)
O título original para esta música era ‘In Your Mind’. DJ Pierre, do Phuture, tinha dado uma fita da track para Ron Hardy para tocar no Muzic Box em Chicago, e Hardy a rotulou ‘Acid Tracks.’ Assim, o nome pegou e a música foi lançada sob este título. De acordo com DJ Pierre, o ‘acid’ no título da fita era uma referência ao LSD, já que era uma droga popular no club. Não foi uma referência ao som do Roland 303. Seja qual for o caso, acabou dando nome a todo o movimento. Com duração de 11 minutos repetitivos e, para muitos, é a música-tema do acid house. Ainda é tocada e todo mundo a considera um clássico à prova de tempo. djmagbr.com
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ORIGENS
Os primeiros exemplos registrados de acid house são assunto de debate. É geralmente considerado que o ‘Acid Trax’ do Phuture é o exemplo mais antigo do gênero, com seu som tipicamente ácido dado pelo TB-303. DJ Pierre, membro do Phuture, diz que a música pode ter sido gravada já em 1985, mas não foi lançada até 1987. Outros apontam ‘I’ve Lost Control’, de Sleezy D, lançada em vinil em 1986, era a origem, mas é impossível saber qual track foi criada primeiro ou qual delas foi precursora do gênero. A única certeza é que ‘I’ve Lost Control’ foi a primeira track lançada em vinil e que ambas as faixas foram importantes para o florescimento do gênero.
explosão social que ainda precisava estabelecer algumas regras básicas. “Ninguém sabia como se vestir. As pessoas se perguntavam: ‘Devo colocar uma camisa comum ou de botão?’ No início de 1988, ainda havia pessoas vindo para o The Hacienda com ternos e, de repente, eram jeans e camisetas”.
“A coisa toda não foi apenas com base em drogas, isso é um equívoco”, disse Danny Rampling para o The Guardian, em novembro de 2017. ‘Sim, havia uma música nova e revolucionária, acid house, e com isso veio um estimulante, ecstasy. Eles meio que andaram de mãos dadas e foi uma experiência muito positiva e profunda para muitas pessoas. Mas para mim, principalmente, era sobre a música”, disse ele, em defesa de um dos principais períodos da cena da música eletrônica e sua forte conexão com a sociedade britânica.
Em Londres, alguns DJs - como Maurice e Noel Watson na Delirium, Colin Faver e Eddie Evil Richards no Camden Palace, Jay Strongman e Mark Moore no Heaven e Dave Dorrell na RAW - foram os primeiros a tocar house music, mas em 1988 as coisas realmente explodiram. Uma nova geração de clubes como o Shoom, do Danny Rampling, Trip, do Nicky Holloway, e Espectro, de Paul Oakenfold, foram os principais locais da cena na capital, juntamente com o Hacienda em Manchester e o Jive Turkey em Sheffield. ‘Era tão novo e tão diferente de qualquer coisa que você tinha experimentado’, explicou Paul Roberts da K-Klass, que foi descrito como sendo dividido entre seu desejo de dizer ao mundo inteiro sobre isso e a necessidade de mantê-lo secreto e especial. Mas essa não é uma das batalhas internas que alguém tem que lutar quando se pertence a um movimento underground?
Dave Haslam, DJ no The Hacienda e autor com experiência em primeira mão do fenômeno, lembra aqueles tempos como uma verdadeira
Desta vez, não deu para manter em segredo. A velocidade com que a acid house explodiu no verão de 1988 pegou todos de surpresa. Em uma
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era pré-Internet, o fenômeno se espalhou de boca em boca e a vontade dos frequentadores de clubes em compartilhar suas experiências fez com que os números crescessem semana após semana. A revolução foi tão grande que saiu dos clubes. Aquelas pessoas que haviam sido tocadas pelo Segundo Verão do Amor se reconheceram quando passaram pela rua. Os sinais eram suas roupas, estilos de cabelo e seu sorriso distraído quando eles olhavam pela janela de ônibus, esperando o fim de semana para ir dançar em um daqueles clubes. Grupos de amigos começaram a ser divididos entre aqueles que tiveram sua revelação em um dos clubes e aqueles que ainda não tinham sido convertidos - embora, mais cedo ou mais tarde, eles tivessem. A partir daí, a acid house seguiu seu próprio caminho... u
O MUNDO SEGUNDO OS DJS A CADA EDIÇÃO, UMA JORNADA DIFERENTE EM ALGUM LUGAR DO MUNDO, CONTADA POR UM DJ DO CENÁRIO. NESTA ESTREIA, O NOSSO CONVIDADO É RODRIGO VIEIRA, QUE NOS CONTA BREVEMENTE A EXPERIÊNCIA DE ESTAR COM A ESPOSA KETRYN GOETTEN EM TÓQUIO, NO JAPÃO.
TOQUIO Aterrissar em Tóquio pela terceira vez já me dá aquela sensação de “chegar em casa”. Trata-se, sem sombra de dúvidas, de uma das cidades mais incríveis do mundo. Eu amo tudo aqui: a organização, a civilidade, o progresso, a cultura, a comida. Assim como no ano passado, vim representar a Green Valley em sua tour mundial, no club Camelot — este está entre os 100 maiores da DJ Mag britânica. Desta vez, tive o cuidado de chegar uma semana antes para poder aproveitar coisas novas, hospedado no intenso bairro de Akasaka, cercado de restaurantes e cafés. Iniciada nossa orgia gastronômica, obviamente baseada em peixes crus e suas incríveis variações, de cara achamos nosso restaurante preferido, o Tsukiji Sushiko, pra onde voltamos pelo menos 5 vezes atrás do sushi feito por mestres da área.
KYOTO
Rodrigo e seu filho Rafael no templo Ryoanji
Festa no club Camelot
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Além dos passeios tradicionais em Tóquio, como o bairro de Shibuya e vários dos templos espetaculares espalhados pela cidade, como o Asakusa, decidimos pegar o trem-bala — literalmente a 250km/h — até Kyoto, uma cidade a 2 horas de Tóquio, um lugar super tradicional, ainda fortemente conectado com a cultura antepassada e que nos trouxe muitas surpresas agradáveis e passeios inesquecíveis, entre eles o templo Ryoanji, o Ninja Museum — onde pudemos até nos vestir como samurais — e o famoso parque dos macacos, Arashiyama, com milhares dessas criaturinhas em uma montanha de 1000 metros de altura. Pelo menos a descida foi fácil!
TOQUIO 2
Time Green Valley e staff DJ Mag no Gonpachi
De volta a Tóquio, fomos jantar com o pessoal da DJ Mag Japan num restaurante típico chamado Gonpachi, onde foi filmada aquela famosa cena do filme Kill Bill, onde Uma Thurman deu cabo de centenas de ninjas. Outro imperdível passeio gastronômico foi o Tsukiji Fish Market, um dos maiores mercados de peixes do mundo, com aqueles atuns gigantescos que vão a leilão por preços exorbitantes. São centenas de barraquinhas e lojinhas para você se deliciar com criaturas marinhas tanto tradicionais quanto nãoconvencionais, além de comer sashimi de polvo vivo, com os tentáculos do bichinho se mexendo dentro da sua boca. Um aspecto importante de Tóquio também são os bares, muitos deles com DJs. São tantos que seria impossível conhecê-los em um ano, mesmo se você saísse todas as noites. Destaque para o Aoyama Tunnel e o Beat Cafe. Na noite da festa soldout Camelot, fomos tocar em uma after-party no Odeon, um barzinho com frequentadores apaixonados por techno. Fiz com prazer um B2B com o português Antonio Afonso (Full Duplex), apresentando nosso projeto Alter Echo, em um long set de 8 horas pelo segundo ano consecutivo.
Time GV na estrada de bambus em Arashiyama, Kyoto
A esta altura você já deve estar se perguntando: e as compras? Pra ser sincero, acho tudo muito caro no Japão. Só compro bugigangas de turista e itens de supermercado. Estes últimos são uma grande aventura, você nunca sabe o que está comprando. As lojas de eletrônicos são um espetáculo à parte, ali você encontra muitas coisas que só verá no ocidente em 2 anos. Recomendo ir até o bairro de Akihabara, o paraíse dos eletrônicos, com destaque para a loja de 9 andares Yodobashi Akiba. Para encerrar a turistagem, subimos a Tokyo Tower, uma réplica da Torre Eiffel que fica na parte mais alta da cidade. Não é um programa para os fracos, já que são mais de 600 degraus, mas ao chegar ao topo, com a língua pendurada, a vista de Tóquio é inesquecível. Naquela mesma noite, alugamos uns karts iguais aos do Mario Bros e dirigimos por Tóquio fantasiados de personagens como o próprio Mario, o Luigi, o Pikachu e companhia limitada. Bem lisérgico...
Time GV no Ninja Museum Kyoto
Por fim, fica uma dica simples: se você for a Tóquio, dá uma olhadinha na última revista Time Out Tokyo pra saber o que está rolando pela cidade. Arigato!
Time Green Valley em Kyoto (Rodrigo Vieira, Rafael Cardoso, Ketryn Goetten, Antonio Afonso, Hugo Ribeiro)
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UMA DÉCADA DE HITS “Criar uma identidade Felguk dentro de uma outra linguagem eletrônica é muito gratificante, te faz sentir mais artista, te amplia.” Por POLLYANNA ASSUMPÇÃO - Imagens: RENAN PIVA 64
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ual amante da dance music brasileira nunca ouviu falar do Felguk? É impossível gostar de música eletrônica, independente do seu estilo favorito, e não ouvir falar de alguns dos principais nomes do cenário. Há 10 anos Felipe e Gustavo fazem um trabalho consistente representando o Brasil pelo mundo. Foram eleitos cinco vezes pela DJ Mag como um dos 100 projetos mais populares do mundo numa época em que não era comum ter brasileiros na lista. Tiveram sua faixa “2nite” escolhida como música-tema do EDC em 2010 e passaram pelos maiores palcos do mundo. Nesses mais de 10 anos os DJs passaram por muita coisa. Se conheceram no trabalho que tinham em uma produtora, fazendo sonoplastia. Formados na área, não começaram sua trajetória de orelhada, sabiam o que estavam fazendo no estúdio. Felipe já tinha alguma experiência como DJ e o Gustavo já produzia música eletrônica. Assim decidiram se dedicar integralmente ao ofício, juntaram as iniciais de seus nomes e viraram o Felguk.
Para muitos jovens que sonhavam em viver produzindo música, Felguk virou referência. Foram um dos primeiros brasileiros a se apresentarem no Tomorrowland belga. Além disso, outras apresentações memoráveis fizeram parte de sua trajetória: Ultra Miami, Burning Man, Electric Daisy Carnival, e ainda turnês pelos Estados Unidos, Canadá, Europa, Ásia e Austrália. Recentemente passaram por algumas mudanças em sua rotina. Felipe resolveu se dividir entre Brasil e Portugal, e Gustavo ficou por aqui tocando sozinho durante boa parte do ano. Mas garantem que isso não afetou a produção, que anda mais forte que nunca. Dentre tantas mudanças, resolveram também mudar a sonoridade e deixar ela mais atual, de acordo com o cenário brasileiro, mas nunca sem perder a sua identidade. Após assinarem com a HUB Records e entrarem pro casting da Boost MGMT, levaram pra frente várias parcerias com os colegas de selo e agência. Veio daí um dos maiores sucessos atuais da dupla: o remix de Vanessa da Mata de “Ai Ai Ai” assinado em conjunto com outro duo gigante da cena: Cat Dealers.
A virada no som e nas parcerias parecia natural, todo mundo sabe que não dá pra fazer a mesma coisa o tempo inteiro. Renovação é algo necessário e eles sabem que é preciso ficar sempre atento às mudanças ao redor para conseguir manter o prazer na produção e na discotecagem. A cena eletrônica brasileira não é mais a mesma de quando os rapazes começaram e se manter relevantes. Quando ouvimos certas músicas conseguimos identificar rapidamente a quem pertence aquele som. É a famosa assinatura do artista. E quando vivemos ciclos dentro da música, é muito normal ver artistas copiando uns aos outros e reciclando fórmulas de sucesso. O Felguk, desde o começo da sua carreira, conseguiu fugir de fórmulas prontas e criar seu próprio estilo. Misturando batidas eletrônicas, melodias enérgicas, instrumentos musicais e um pouco de rock and roll, o duo chegou ao sucesso sendo fiel a si mesmo e sem medo de mudar quando fosse necessário.
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Quais são os novos talentos pra 2019 que o Felguk acha que vale a pena ficar de olho? Guk - Somos muito suspeitos nesse aspecto (risos). Mas de verdade, acreditamos muito no nosso time, dos DJs que também são empresariados pela Boost Management e estão diariamente em contato com a gente. Então ficamos com JØRD e Evokings. Vocês completaram 10 anos de carreira. Quais foram os festivais mais marcantes para vocês?
Com tantos destaques na carreira e com tanta história pra contar, chamamos Felipe e Gustavo para falar um pouco sobre o passado, presente e futuro. Como vocês se conheceram e com o que trabalhavam antes? Guk - Nos conhecemos em 2006 na produtora de áudio onde eu trabalhava. Eu era técnico de áudio numa produtora que gravava jingles, comerciais pra rádio, locuções, áudio pra comercial de tv, sonorizações, etc. O Fel veio ser meu estagiário. Logo descobrimos a nossa paixão mútua por música eletrônica e nos tornamos “irmãos” para toda a vida. Como surgiu de criar o projeto Felguk? Fel - O Guk já produzia música eletrônica como hobby e eu já estava começando a tocar como DJ em festas pequenas. Foi natural que juntássemos forças, cada um trazendo sua expertise à mesa. Decidimos fazer uma música como teste e ver no que dava, e ela acabou se tornando a primeira faixa do Felguk, “As Sample As It Is”. Quais são as suas maiores referências? Guk - Skrillex, deadmau5, Fatboy Slim, The Chemical Brothers, The Prodigy, Flume, Disclosure, e outros. Fel - Além desses mencionados pelo Guk eu particularmente adicionaria alguns de fora da música eletrônica, como Linkin Park, System of a Down e os Beatles. Por que se interessaram por produção musical e pela carreira de DJ? Guk - Pela paixão por música e pela paixão por computadores! Sempre gostei de videogame e jogos de computador, então sinto a produção de música eletrônica quase como um “audiogame”. E a parte do DJ é onde você sente a sua criação do estúdio em sua máxima potência, tocando para um público vibrante em caixas de som enormes. É uma experiência fantástica! Quais são os nomes da cena mundial que vocês mais admiram agora? Fel - Sempre Skrillex e Flume, pois eles são os melhores produtores, criadores e inovadores de música.
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Fel - Nossa, foram muitos. Burning Man sem dúvida foi uma experiência única que jamais vamos esquecer. Tocamos três vezes no Tomorrowland Bélgica e cada uma delas foi mais emocionante que a outra. Temos um carinho especial pelo EDC de Los Angeles e de Las Vegas, que foram os primeiros festivais internacionais enormes onde tocamos. E não podemos descartar os mega festivais em solo brasileiro: Tomorrowland Brasil, EDC Brasil, Lollapalooza, entre outros. Existe algum lugar que vocês ainda não tocaram, mas que seria um sonho realizado? Fel - Coachella! Pra quem não sabe, é um festival gigante anual de vários estilos no Sul da Califórnia, deve ser muita vibe. Tem algum sonho que vocês ainda gostariam de realizar na carreira? Guk - Realizamos muitos, mas os sonhos são infinitos. Tocar no Coachella, fazer uma collab com Skrillex, ou Coldplay, fazer uma música original com vocal da Florence Welch ou da Dua Lipa, remixar oficialmente Radiohead ou Drake. Enfim, dá pra continuar indeterminadamente, risos. Quais são os segredos para manter o projeto relevante por tanto tempo? Guk - Sem dúvida nenhuma é amar música eletrônica, amar produzir e amar tocar. Esse é o pré-requisito principal. Depois é importante se desafiar, se renovar, ficar atento e ouvindo sempre as inovações musicais que acontecem à sua volta, e buscando nelas um elemento que verdadeiramente te inspire. E por último e não menos importante, é ir pro estúdio cotidianamente, sentando o bumbum, e trabalhando (risos).
“ NUNCA PENSAMOS EM DESISTIR. ATÉ HOJE SUPERAMOS TODOS OS DESAFIOS QUE APARECERAM NO CAMINHO, E ATÉ AQUI TEM SIDO UMA AVENTURA INCRÍVEL” - FEL -
Quais são as coisas que vocês mais se orgulham na trajetória de vocês?
“ É MUITO GRATIFICANTE SER RECONHECIDO PELAS MÚSICAS, PELA ARTE, POR TER UM ESTILO PRÓPRIO QUE AS PESSOAS IDENTIFICAM, CURTEM E SE INSPIRAM ” - GUK -
Guk - Principalmente das músicas. É muito gratificante ser reconhecido pelas músicas, pela arte, por ter um estilo próprio que as pessoas identificam, curtem e se inspiram. Quando começamos fomos os responsáveis (junto com outros) de praticamente lançar um subgênero eletrônico, um electro-house melódico, feito no Brasil. O tempo foi passando e fomos surfando muitas ondas, mas sempre deixando a marca característica do Felguk. E disso vieram grandes conquistas, como as nossas 5 entradas no ranking da DJ Mag inglesa, o remix pra Madonna, os grandes festivais internacionais... Tem alguma track favorita dentre as suas? Fel - Pra mim a favorita sempre é a mais nova (risos), então as minhas favoritas atuais ainda não foram lançadas. Mas mal posso esperar pra que elas saiam, o que deve acontecer em muito breve! Das clássicas posso dizer “2nite”, e das novas fico com “Sometimes” e “Ai Ai Ai”. Como vocês analisam a mudança que ocorreu desde que foram os precursores da cena electro brasileira até a cena atual? Fel - Foi uma grande transformação. A cena cresceu absurdamente, se profissionalizou, saiu de nicho e foi pro grande público. Quando começamos não havia nem empresários de DJs, as mídias sociais engatinhavam, só os pequenos selos independentes lançavam música eletrônica. Hoje o DJ profissional tem equipe de marketing, assessoria de imprensa, fotógrafo, video maker, road manager, parcerias com marcas, com enormes empresas de eventos. As mídias sociais viraram obrigatórias e criou-se um business em volta delas. As músicas dos DJs nacionais tocam nas rádios terrestres, o teto dos cachês aumentou e DJs como Alok e Vintage Culture transcenderam o nicho eletrônico, viraram celebridades. Quais são as três dicas mais valiosas que vocês dariam a novos artistas? Guk - Primeiro é que aprendam e aperfeiçoem a produção de música eletrônica. Hoje em dia dá pra aprender a produzir bem apenas com vídeos do Youtube. É uma questão de determinação e paciência, mas a informação está lá, disponível a todos.
Segundo é ter um círculo de pessoas com quem você possa trocar ideias constantemente, com quem possa pegar opinião sobre as músicas que faz, de como se comportar nas mídias sociais, pessoas que podem te ajudar a tomar decisões na carreira. Pode ser outros DJs, produtores, produtores de eventos, pessoas ligadas à cena... Por último é dar a devida ênfase às mídias sociais, que é onde você consegue se comunicar com a maior parte do seu público. Quando vocês começaram a internacionalização do projeto Felguk, a cena brasileira ainda estava mais no underground e naturalmente não era tão conhecida fora do Brasil. Vocês sofreram algum preconceito por serem brasileiros? Como as pessoas de fora enxergavam o projeto? Fel - Nenhum preconceito. Muito pelo contrário, o fato de sermos brasileiros despertava ainda mais o interesse da galera. Comumente os DJs e produtores vêm de países desenvolvidos, então acho que sermos brasileiros era no mínimo atípico. O que vocês acham da cena eletrônica atual? Como vocês veem essa separação entre comercial e underground que o público e alguns produtores fazem tanta questão de manter? Guk - Acho que a cena eletrônica atual está precisando de uma nova transformação. No Brasil, o brazilian bass e o deep brasileiro estão começando a se repetir e dar pequenos indícios de saturação. Não acho que vá acontecer uma grande e repentina mudança como foi na ascensão e queda do EDM, mas acho que vão ocorrer pequenas evoluções dentro desses mesmos estilos, talvez com certas misturas e fusões. Acredito que tem parte da galera do “low” fazendo uma mistura com uma onda mais tech house, outra fazendo uma mistura com elementos de arena de EDM, e muita mistura com open format, sobretudo nas tracks feitas em português. Acho que essa tendência mais tech house pode acabar sendo o novo “low”, e as tendências open format e EDM vão se tornar o novo mainstream. Sobre underground e mainstream, mesmo que a gente particularmente não atribua valores a estas palavras, elas apontam pra cenas distintas, então entendemos essa diferenciação.
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E como você classifica o som de vocês agora? Guk - Difícil classificarmos em termos de gênero. Sempre tivemos uma identidade sonora forte, e à medida que incorporamos outras influências, mantemos essa característica “Felguk” na nossa linha. É um som com elementos de rock, de pop, com base no electro-house e influências do “low”. Foi muito prazeroso redescobrir o Felguk dentro da linguagem atual do eletrônico no Brasil. Vocês já enjoaram do tipo de show que estavam fazendo? Tem alguma música que gostavam muito de tocar no início da carreira e hoje em dia não veem mais sentido? Fel - Nunca enjoamos do tipo de show, mas até hoje existe uma variação desse estilo dependendo do lugar. Ás vezes fazemos um show mais energético, subindo na mesa, falando no microfone e interagindo muito com o público. Em outros lugares focamos apenas no som e ficamos mais low profile, curtindo a vibe de uma maneira mais introspectiva. Depende muito da situação, do lugar, do momento. Como lidam com as críticas? Guk - Trabalhar com criação é ter que saber lidar com críticas. Costumamos dividir as críticas em dois grupos: as construtivas e as destrutivas. Essa distinção não diz respeito ao teor da crítica, mas à intenção da pessoa por trás dela. Se a crítica tiver o intuito de te ajudar, deve sempre ser levada em consideração, e caso tenha o intuito de te diminuir, deve ser ignorada. Agora, mesmo as críticas de pessoas bem intencionadas podem ser duras, mas você tem que extrair o melhor que pode delas, sempre sabendo que apesar de honestas, não passam de uma impressão subjetiva de uma determinada pessoa. Muitas vezes é bom pegar opinião com muitas pessoas pra ter um campo maior de impressões.
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Quais foram os maiores desafios que vocês passaram durante esses 10 anos? Guk - Foram muitos. No começo não foi fácil se adaptar ao palco. Eu e Felipe somos tímidos (ou pelo menos éramos, risos) então era estranho se apresentar para públicos grandes, ficávamos um pouco perdidos. Outro desafio é a vida na estrada, tocando, virando noites, voando e repetindo tudo. Lógico que isso sempre foi o nosso sonho, mas viver nessa batida de maneira contínua cobra seu preço pro corpo e pra cabeça. E a constante adaptação a mudanças de som ou de paradigmas da carreira como, por exemplo, a “nova relevância” das mídias sociais - te obriga constantemente a sair da sua zona de conforto. Nesse ano de 2018 trabalhamos pela primeira vez separados. O Felipe divide seu tempo entre Brasil e Portugal e eu faço metade dos shows sozinho por aqui. É verdade. Temos notado que o Gustavo tem tocado sozinho em vários shows, por que? Fel - Na virada do ano, minha mulher e meu filho pequeno foram morar em Portugal, e desde então eu passo mais ou menos metade do tempo fora do Brasil. Passo algumas temporadas aqui e ali, que variam de duas semanas a dois meses. Como isso afetou o Felguk? Guk - Foi bem estranho tocar sem o Fel depois de tanto tempo. Ficava nervoso como nas primeiras apresentações do Felguk e me sentia seriamente “desfalcado”. Com o passar dos meses fui me acostumando e curtindo o lado bom de tocar sozinho. De certa maneira você fica mais livre quando está só, pode sair mais do protocolo, tomar decisões em cima da hora. Então essas idas e vindas do Fel parecem que deram até um sal especial pra mim, uma certa sazonalidade. Fico um tempo curtindo tocar sozinho e depois curto quando o Fel volta e a gente mata as saudades. E não só no show eu tive que me adaptar, também nas viagens e no dia a dia. Fel é um grande parceiro da vida, de todos os momentos.
Como vocês trabalham no dia a dia? Fel - Temos um formato bem interessante. Nossos computadores estão sincronizados por Dropbox, então assim q eu mexo em alguma sessão no meu estúdio em Portugal, essas alterações aparecem quase imediatamente no computador do estúdio do Guk no Brasil. Além disso nos mantemos sempre com o Skype ligado e vamos trocando ideias e mostrando um para o outro pequenos trechos de áudio do que estamos produzindo. Na verdade, de certo modo é melhor trabalhar assim, pois ambos estão em estúdio ao mesmo tempo, ao contrário de no Brasil, onde ficava um só. E a parte de shows a gente troca ideia antes de todas as apresentações e eu fico acompanhando tudo pelo grupo de Whatsapp que temos com a equipe. Como o público e contratante têm reagido? Guk - Muito bem! Quem sente um pouco são os fãs e contratantes mais antigos, mas isso passa rápido no show. A galera sente que a entrega é total. Na verdade esse formato é praticado por muitos duos de eletrônico no mundo todo: Vini Vici, W&W, Bassjackers, muita gente do trance também faz assim. O que os motivou a reinventarem a sonoridade? Guk - Sempre que o subgênero que vemos trabalhando ultimamente sai de moda, eu considero um problema bom. Sair da zona de conforto é uma oportunidade de se recriar e redescobrir artisticamente. Te obriga a inovar. Sempre é trabalhoso e dá um certo medo, mas os resultados dessa busca são sempre muito positivos. Criar uma identidade Felguk dentro de uma outra linguagem eletrônica é muito gratificante, te faz sentir mais artista, te amplia. Qual é o lado negativo de trabalhar como DJs? Fel - A vida corrida de festas e apresentações no fim de semana cobram seu preço. Envolvem sacrificar grande parte do tempo de estar com a
família e amigos. Além disso é exaustiva, tem horas que o corpo pede arrego, geralmente em forma de gripe ou virose (risos). Perdemos muitos aniversários e datas comemorativas de pessoas próximas. Apesar disso tudo, sinceramente não temos do que reclamar. Como vocês conciliam a vida de trabalhar como DJs com turnês e shows constantes com a vida em família e pessoal? Guk - Hoje em dia o Felipe, quando em Portugal, consegue se dedicar muito mais à família. Já eu tenho que fazer valer meus dias da semana. Muitos almoços e jantares, mas sempre acabo perdendo as viagens de família, a não ser quando tiro férias. Sem dúvida é um sacrifício, mas eles entendem. Vocês já fizeram remixes de diversos artistas icônicos, entre eles Madonna. Existe algum outro artista ou música de quem vocês gostariam de assinar um remix oficial?
Vocês já pensaram em desistir em algum momento? Se sim, por que? E o que fez vocês persistirem? Fel - Nunca pensamos em desistir. Até hoje superamos todos os desafios que apareceram no caminho, e até aqui tem sido uma aventura incrível. Depois de tantos anos tocando, vocês ainda gostam de frequentar festivais e festas? Fel - Sim, mas somos mais seletivos! Certos festivais e festas, em boa companhia, são sensacionais! n
5 MÚSICAS
Direto da playlist pessoal
Alok, Yves V - Innocent (feat. Gavin James) (Felguk Remix) Pendulum - The Island Pt.1 (Skrillex Remix) Flume - Say It Tiesto, Dzeko - Jackie Chan (feat. Preme & Post Malone) Fisher - Losing It
Fel - Muitos. Desde os grandes artistas pop da atualidade como Justin Bieber, Bruno Mars, Drake, Post Malone, Ed Sheeran, The Weekend, a artistas e bandas clássicas como Michael Jackson, Queen e Rolling Stones. Você acabaram de lançar o remix oficial da nova faixa do Alok, “Innocent”. Como foi produzir essa faixa? Como está sendo a repercussão dela? Guk - Essa música foi uma dessas que saem rápido e vai tudo dando certo. O Alok é nosso amigo de longa data e foi muito legal ele mandar a música pra gente remixar. Quisemos incorporar elementos nossos e dele no remix, então tem uma pegada de brazilian bass misturado com uma intensidade do electro, que funcionou muito bem. A galera tá curtindo muito essa.
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5Per0guntas:
o b m o l Ko
Por ANNA CARLA DI NÁPOLI
O belga Oliver Grégoire está na cena eletrônica há anos, bombando as pistas com sua capacidade única de criar sons que envolvem multidões e o fazem ser alvo dos holofotes mundiais, tocando nas melhores festas do Brasil e do mundo. Com turnês regulares em solo tupiniquim, Kolombo já é praticamente um cidadão brasileiro, sabendo até arranhar um pouquinho de português.
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Amante de cachorros e de boa música, Kolombo se juntou a LouLou Players e criou uma gravadora, a Loulou Records, que lança talentosos artistas do cenário internacional. A técnica exemplar de Kolombo — adquirida desde os 16 anos de idade, quando começou a mixar — a capacidade de misturar batidas de house, disco e hip-hop, e seu carisma o tornam único e inconfundível.
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Fã de carteirinha do Brasil, o artista nos respondeu 50 perguntas rápidas e aqui está o resultado: Onde você está agora? Na minha casa. Qual é a coisa mais legal que você tem em casa? Meu estúdio. Seu signo? Virgem. Se você fosse capaz de voltar para qualquer lugar agora, qual seria? Chicago. Pior coisa que aconteceu com você durante uma gig? Uma festa interrompida pela polícia. Melhor experiência como DJ? Tocar por 8 anos em um teatro.
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Pedido mais estranho que você já recebeu? Não me lembro de nenhum. Collab dos sonhos? Quincy Jones. Track favorita do momento? Andreas Henneberg - Skylls (Original Mix) - Systematic Recordings. Maior inspiração? Cultura hip-hop dos anos 80. Primeiro disco que você comprou? Kazino - Around my Dream. Bebida favorita? Cerveja. 2 itens que não podem faltar no seu camarim? Cerveja e toalhas. Uma coisa que você não consegue sair de casa sem? Beijar meus cachorros. Se você pudesse escolher somente um tipo de comida para comer pelo resto da eternidade, qual seria? Comida japonesa. Trabalho dos sonhos quando era criança? Cartunista. Já usou drogas? Sim. Fumou? Sim. Tocou bêbado? Sim. Clube favorito em que você já tocou? Warung. E festival? Tomorrowland. Festas ou festivais? Festas.
Um gênero musical que você não curte ouvir? Pop francês. Filme favorito? “De Volta Para o Futuro”. Tem animais de estimação? 2 cachorros. Batatas fritas ou wafles? Batatas fritas belgas. Ficar em casa ou ir a um bar? Ir a um bar. Rede social favorita? Instagram. Praia ou campo? Praia. Studio ou cabine de DJ? Studio. House ou disco? House. Tocar durante o dia ou à noite? Noite. Um lugar que você amaria visitar? Machu Picchu. Lugar favorito em que já esteve? Uma viagem pela natureza canadense. Sabe tocar algum instrumento? Bateria. Uma coisa para aprender antes de morrer? Falar português corretamente. Estação do ano favorita? Verão. Série favorita? The Big Bang Theory. O maior objetivo da sua carreira? Continuar fazendo música pelo maior tempo que eu conseguir. Algum arrependimento? Ter roubado comida porque estava falido. Algum conselho para seu eu mais novo? Continue acreditando em si mesmo. Música favorita que você produziu? Sarma - Systematic Recordings.
Se você fosse capaz de mudar qualquer coisa na sua vida, o que seria? Meu corte de cabelo. Já pensou em outros nomes antes de Kolombo? Sim, meu primeiro nome artístico foi Greg, mas já estava sendo usado. O que você mais gosta no Brasil? O público — pessoas festeiras. O que você faz nos seus dias de folga? Pizza & TV. Um hobby além da música? Snowboard. Tem alguma tatuagem? Sim, muitas. Pessoa favorita no mundo? Minha esposa, Cedrine. Algo a acrescentar? Brasil, eu te amo!
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CONCEPT
T R O EXP
Por ALAN MEDEIROS
O ATUAL MOMENTO DOS BRASILEIROS DA CENA UNDERGROUND NO EXTERIOR
O
mais recente Top 100 da DJ Mag manteve o Brasil em uma posição de destaque. Temos três projetos musicais entre os 50 mais populares do planeta. Criamos uma leitura própria da dance music, assim como fizemos com diversos estilos musicais, e finalmente o mundo está reconhecendo isso.
nacional quando o assunto é presença internacional. Assim como nos anos anteriores, temos artistas lançando produções em alto nível ao lado de figuraschave para o desenvolvimento da eletrônica mundial, e talvez a principal diferença desta temporada seja o número maior de turnês acontecendo com estes DJs e produtores.
Assim como acontece em outras partes do globo, um mainstream efervescente ajuda na captação de público para a cena eletrônica como um todo e, mais cedo ou mais tarde, até mesmo o underground acaba se beneficiando disso. Por aqui, a indústria eletrônica já está atingindo a grande massa há algum tempo - agora mais do que nunca - e por isso também há um fortalecimento dos nossos artistas mais conceituais, por mais que alguns pensamentos mais conservadores não concordem.
Alguns cases de sucesso desse cenário: Alex Stein está há praticamente dois meses em Berlim, cidade base para uma tour mundial que está passando por diferentes continentes; Alex Justino, que acaba de voltar de sua segunda tour internacional no ano - a primeira com 4 datas na China e essa segunda com passagens pela Índia e Alemanha; Leo Janeiro, que também viveu um momento especial durante o verão europeu, com gigs em Barcelona, Ibiza, Londres e Berlim.
2018, por exemplo, tem sido um ano de bastante crescimento para o underground
Além deles, vale destacar o trabalho do paulista Diogo Accioly, representado pela
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agência do Watergate na Europa, que esse ano o levou para uma tour intensa entre agosto e setembro; BLANCAh, cada vez mais presente no circuito europeu, acaba de voltar de uma tour na Ásia; e Eli Iwasa, que certamente foi a brasileira com maior relevância dentro da programação de festas do ADE, tocando na conceituada Straf_Werk - isso sem falar nos players super consolidados: ANNA, Gui Boratto, Victor Ruiz, Wehbba... a lista é longa. O momento é bastante oportuno e o trabalho desses artistas reflete um ensinamento importante para novos talentos: não são apenas os projetos de som mais acessíveis que possuem potencial de inserção no cenário internacional. O underground também pode cruzar o atlântico para capitanear grandes conquistas. O segredo, ao que tudo indica, está na consistência de trabalho em diferentes frentes. É clichê, mas 2019 promete. n
ESPÍRITO
RAVER CONECTANDO DANCE MUSIC ÀS SUAS PURAS VIBRAÇÕES, À ARTE E À FORÇA DE SE EXPRESSAR LIVREMENTEÀ Por RODRIGO AIRAF - Imagens: DANIEL MARINS
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Q
uando aconteceu uma explosão de festivais no Brasil desde 2015, como o Tomorrowland Brasil e o Ultra Brasil, bem como as turnês de grandes nomes por aqui - em especial os do trance europeu - a artista plástica, modelo, cantora, compositora, estilista, blogueira e mil outras coisas Ray Bachi chama a atenção com seus looks próprios e sempre coloridos e se tornou uma figura frequente em entrevistas em vídeo, textos em sites conhecidos do cenário e seus próprios canais online. Nas redes sociais, Ray apresenta ao seu público de quase 20 mil seguidores seu portfólio de moda raver, suas versões de canções famosas, seus pensamentos sobre espiritualidade, suas pinturas que frequentemente vão parar nas mãos de DJs famosos e, claro, compartilha de forma contagiante os valores da colorida e contagiante cultura P.L.U.R (dissecando para o português, a sigla vira “Paz, Amor, União e Respeito”), que ganhou nos últimos anos força total entre os amantes da dance music, principalmente lá fora. Na tentativa de inspirar os jovens sonhadores da nova geração, conversamos com ela, que transiciona tranquilamente entre perspectivas diferentes dentro do cenário - atualmente, de parte do público mais engajado da cena para uma nova profissional construindo uma carreira - levando sempre como base a arte, os sentimentos verdadeiros consigo mesma, o amor pela música e a animação por seguir a vida sorrindo e brilhando, encantando e encantada - daí seu nome predileto, Fada Raver.
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Oi Ray!! Só por curiosidade: quantas pinturas você já entregou aos top DJs mundiais? Já entreguei pinturas pro Hardwell (duas vezes), Tiesto, Alesso, Axwell, Afrojack e Dimitri Vegas & Like Mike. Me perdi aqui com todas as coisas que você faz atualmente. Consegue me explicar? Faço de tudo nessa vida! Modelo, customizo roupas (já tive uma loja online de customização de roupas ravers), pinto, danço, canto e componho. Cantar e compor são meus amores maiores, nos quais estou seguindo carreira. Quem você encontrou primeiro: a arte ou a música eletrônica? E como foi essa fusão entre os dois? A arte. Eu canto desde os 6 anos de idade. Fiz dança do ventre dos 13 até os 19 anos de idade, pouca gente sabe disso. Aos 14 comecei a modelar e não parei mais! Fiz parte do casting da 40 graus models, uma agência de referência no país. No meio de uma crise existencial, aos 18, descobri que pintava, investi nas pinturas e mais tarde, aos 20, ao conhecer a música eletrônica, entregaria os quadros aos DJs. Sobre compor, logo assim que decidi seguir carreira musical, comecei em inglês, pois queria retratar meu mundo e sentimentos dentro da minha arte. As coisas se fundiram logo após eu me encontrar na música eletrônica, percebi que eu poderia mesclar a arte com todas as coisas que já fazia e amava, principalmente cantar e compor. Por que a cultura do PLUR te encantou? A cultura do PLUR me encanta, pois para mim a música eletrônica não é apenas um estilo musical, é um estilo de vida, ir aos festivais e festas e sentir que você é parte daquilo. Seguir, tanto nas festas quanto na vida, em paz, amando, respeitando e se unindo às pessoas e às coisas ao redor. Música eletrônica, desenvolvimento pessoal e espiritualidade são três dos aspectos que você costuma relacionar. Como isso funciona? Tudo é energia. Espiritualidade está ligada à sua essência, à sua alma, àquilo pelo qual você vibra. Relacionar música eletrônica a ela nada mais é do que relacionar dois aspectos que dizem algo sobre meu verdadeiro eu. E seguir esse caminho intuitivo me faz evoluir, contribuindo para o meu
desenvolvimento pessoal, e também para que eu possa inspirar e influenciar pessoas a seguirem os seus caminhos, independentemente de quais sejam. Muitos festivais EDM, como o Ultra Brasil, o Tomorrowland Brasil e o EDC Brasil não rolam mais aqui. Como tem sido curtir o cenário sem esses grandes eventos? Existem novos lugares onde você pode se expressar como antes? Os festivais não estão mais no Brasil, mas abriu-se uma gama de oportunidades para outras festas, ainda que não das mesmas proporções. Tento olhar tudo por um lado positivo, afinal as questões econômicas e políticas que inviabilizaram os festivais foram as mesmas que forçaram o público e as empresas a investirem na cena nacional, que hoje está bem forte. Agora sobre a moda raver, existe um mercado para isto no Brasil? Sim, agora vem crescendo, conforme a música. Vejo muitas pessoas expressando sua criatividade em suas roupas e usando isso também como um negócio, principalmente online. Antes isso se via bem pouco. Fico feliz por estarem investindo e confiando em algo que ainda não se pode considerar muito popular, porém com muito potencial. O que você faz pra permanecer criativa, seja com as roupas, com a arte ou com a música?
Esvazio minha cabeça, medito, e me mantenho ativa, praticando e criando sempre. Musicalmente falando, quais são as coisas mais incríveis que você já ouviu no eletrônico? Tudo que se relacione com Above & Beyond. Não tem como descrever o que eu sinto ao ouvi-los. No Ultra de 2017 estive com eles no palco para fazer o push the button ao som de “Blue Sky Action”. Até hoje, toda vez que me sinto mal ou reclamo de algo, eu lembro desse momento e sei que tenho muito a agradecer na vida. Trance europeu no geral me faz me sentir em paz, é como um mantra para mim. Pra você, o que é ser livre? Ser livre é estar presente, é viver o agora sem me identificar com um falso eu, com o ego. Comecei a me sentir dessa forma nos festivais, pude perceber que quem estava ali era Eu. Hoje levo isso pra tudo na minha vida, todos os dias. O que você prepara pro futuro? Vem muita coisa boa para 2019. Esse ano foi um ano de conhecimento, estudo e preparo, para pôr tudo pra rua e em ação no ano que vem. Muitas tracks serão lançadas, entre parcerias e composições próprias. E vale ressaltar que não será somente na música eletrônica, mas também no pop. Aguardem! n
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ON THE FLOOR
Por ANA CAVALCANTE - Imagens: GUI URBAN
DIYNAMIC FESTIVAL, NO LAROC,
SUPERA EXPECTATIVAS N o sábado do dia 27 de outubro o superclub Laroc, em Valinhos, interior de SP, recebeu o Diynamic Festival, label do respeitadíssimo DJ e produtor Solomun.
Com os ingressos esgotados semanas antes, esperava-se em torno de 7 mil pessoas - a lotação máxima da casa - para curtir as 12 horas ininterruptas do som de um dos mais icônicos selos de música eletrônica do mundo. O que esperar de um lineup composto por Karmon, Lehar, Magdalena, Kollektiv Turmstrasse, H.O.S.H. e claro, Solomun?
Como era a minha primeira vez na casa, resolvi dar uma volta para conhecer a estrutura - e que estrutura! - e ver o palco de diversos ângulos, até encontrar um grupo de amigos que tinha uma mesa bem perto do palco.
trazia respostas positivas do público. O auge do seu set foi a música “Reaktor”, que também fez parte do set de Solomun no Théâtre Antique d’Orange para o label Cercle em maio deste ano.
Karmon e Lehar abriram a festa no nível ideal de energia e passaram o comando da cabine para Magdalena, aí onde começou a esquentar. Com um estilo de som despretensioso, porém elegante, a alemã soltou a mão em um set em que cada virada
Kollektiv Turmstrasse entrou em cena após Magdalena mas deixou um pouco a desejar, talvez por posicionamento no lineup, já que o grupo possui um som para momentos mais lúdicos, não focados somente em batidas que fazem dançar. Na sequência, já sabia que Hosh daria um jeito. E foi com o remix da música “Keep Control”, do Sono, que Hosh entregou encerrou uma apresentação brilhante e deu as honras para Solomun marcar de vez o Laroc. Com seu gingado, simpatia, “malemolência” e técnica, Solomun iniciou seu set meia-noite e o estendeu até às quatro da madrugada, horário limite da casa. Embalado por tracks como “Music Is The Answer”, “Late Night” e “Trinidad Dreams”, Solomun foi o maestro da noite, comandou a pista como sempre. Uma noite realmente histórica. Descansados desta noite, já olhamos para o futuro: vamos acompanhar, então, a jornada do AME Club, irmão mais novo do Laroc, nos próximos meses. n
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On the Floor
SÃO PAULO, BRASIL
22 ANOS DE XXXPERIENCE UM FESTIVAL QUE RESISTE DESDE 1996 Por ANNA CARLA DI NÁPOLI
A
XXXperience é aquele tipo de festival que, mesmo sem ter anunciado o line up, já gera expectativas. Há 22 edições fazendo história, a rave mais antiga do Brasil foi a escolha perfeita para ser meu primeiro grande festival. Ignorei todos os comentários negativos que já tinha ouvido logo ao entrar na festa — todo mundo na mesma vibe, com o intuito de curtir ao máximo. Que energia! Com 5 palcos de sonzeira constante, era difícil escolher pra onde ir. Comecei minha jornada no Union Stage com uma dobradinha frenética, Len Faki seguido de Dubfire. Na sequência o Love Stage foi o alvo. Com Claptone no comando do palco principal, eu arrepiei até a alma. Ouvir ao vivo aquela música que você escuta no celular todos os dias é sempre uma incrível sensação. A Arena Maeda é enorme e a troca de palcos mais parecia uma procissão do que uma simples caminhada, mas vejamos pelo lado
Imagem: SIGMA F
bom: não havia intervenção do som. Enfim, o percurso do Love Stage - nos fundos do festival - até o Joy Stage - o mais próximo da entrada - foi longo, mas justificado pelo set maravilhoso do Solardo. Não é preciso tomar nada para perceber a beleza do festival, a decoração dos palcos é milimetricamente pensada, assim como todas as instalações e stands publicitários. Mas posso dizer que, depois de algumas doses de gin, parecia mágica ouvir o set do Sesto Sento no Peace Stage, todo decorado em tons neons combinado a um dragão gigante no meio da pista, fazendo jus à psicodelia do trance. Em seguida, foi a hora de ver o produtor mascarado Malaa e acompanhar a pista inteira rebolando. Mas confesso, nada conseguiu me preparar pro som cavernoso do B2B-surpresa da DJ brasileira ANNA com o holandês Patrice Bäumell. Union Stage, você fez minha noite!
Pistinha Meu Amor! Que delícia de palco. Depois de comer muito na praça de alimentação - bem completa, por sinal - fui atraída pelo tech house e caí em um dos palcos mais charmosos que já vi. Soldera tocou um long set de 4 horas e parou contrariado. Format B também foi um que não queria largar a pista do Joy Stage, e só encerrou o set quando a equipe do festival desligou o som. Enfim, se você ainda não entendeu o sucesso da XXXperience, preste atenção nessa combinação: some a atenção aos detalhes a um line up eclético - repleto de nomes conhecidos e a conhecer - mais anos de história e de resistência. Coloque tudo isso sobre uma localização incrível onde pega celular (leia-se: um luxo quando se trata de festivais) e, como resultado, você terá um belo festival que movimenta multidões. n
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AMSTERDAM, HOLANDA
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AMSTERDAM DANCE EVENT Imagem: DAANVAN ZUYLEN
O Amsterdam Dance Event é a conferência de música eletrônica mais importante do mundo. A edição deste ano foi realizada entre os dias 17 e 21 de outubro. No total, 400 mil participantes de mais de 100 países diferentes fizeram parte dos mais de 1000 eventos espalhados pela cidade. Discussões sobre negócios da indústria musical, tecnologia, cultura de clubs e o futuro da cena eletrônica se mesclavam aos vários shows e festas que ocorriam praticamente 24 horas por dia. Com o intuito de entender melhor a importância do ADE e a representatividade do Brasil no cenário global, será apresentado neste artigo a opinião de dois nomes expressivos que participaram ativamente do evento em Amsterdam: Eli Iwasa e Juliana Cavalcanti.
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ELI IWASA
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Amsterdam Dance Event chegou à sua 23ª edição em 2018 com participantes de todas partes do mundo. Este é o meu terceiro ano consecutivo na cidade, desta vez com um objetivo bem especial: tocar na festa STRAF_WERK, em noite da Ipso, selo fundado pelo dinamarquês Kölsch. O ADE tornou-se ao longo dos anos o principal encontro de profissionais da música eletrônica e, claro, de apaixonados pelo estilo. Ele se consolidou não só pela conferência e os painéis interessantes que acontecem, mas principalmente porque criou um ambiente propício para reuniões e encontros que possivelmente geram negócios e oportunidades. É a chance de conhecer e encontrar pessoas com quem você troca e-mails há anos, como agentes, bookers, outros promoters e donos de clubs, além de fortalecer relações já existentes, discutir e entender o mercado, as mudanças, as tendências, e sim, ouvir muita música boa, novos artistas, grandes favoritos, observar novidades de produção, iluminação, som e, no meu caso, sempre voltar para casa me sentindo renovada e inspirada com tantas ideias e informações.
Sempre aproveito os dias em Amsterdam para curtir a cidade, sair para jantar com amigos, e tentar descansar (aham), coisa que nunca acontece, claro. Impossível não acabar em alguma das festas ou eventos especiais que acontecem nestes 5 dias - pessoalmente, eu adoro a Kompakt Records Pop Up, onde já vi sets maravilhosos de Rebolledo e Modeselektor em anos anteriores, para, pasmem, 50 pessoas no porão da loja. Este ano fui visitar o da Clone Records, onde vi Kittin tocando electro, ao lado de Roman Flügel, Danny Daze e David Vunk praticamente um lineup de festival dentro de uma loja de discos para algumas dezenas de pessoas. Nada mal para um final de tarde de sábado. Você pode ainda garimpar raridades na loja, comprar seus discos favoritos do Drexiya, Alden Tyrell ou Legowelt, ou os feltros da Clone para dar aquele tchan em seus toca-discos.
Muita gente encara maratonas de eventos por noite; eu prefiro escolher uma ou duas festas e aproveitá-las ao máximo do que ficar pingando em uma atrás da outra e acabar com a sensação de que não curti nenhuma delas do jeito que deveria. Na quinta-feira de ADE fui ao DGTL, um dos núcleos de eventos mais sólidos da Holanda, com quem tenho uma relação de muito carinho. Minha apresentação na edição de São Paulo, em 2017, permanece como uma das minhas gigs favoritas da vida, e faço questão de prestigiálos quando estou por lá. Cheguei no finalzinho do live do Bicep - e para quem me acompanha, sabe que o remix da dupla para “Higher Level” de Isaac Tichauer está presente em quase todos os meus sets, é daquelas que me emocionam quando toco, e cheguei bem na hora em que os vocais da música começaram. Em seguida, Nina Kraviz assumiu a cabine e entregou a pista com a energia lá em cima para Jeff Mills, mas de uma maneira incrivelmente respeitosa. Fico imaginando a sensação de tocar antes de um cara que é referência máxima para tudo que fazemos, o próprio
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On the Floor Purpose Maker, a pessoa que me vem à mente imediatamente quando se fala em techno, em Detroit, em história. Tem algo mágico em vê-lo em ação, o jeito que ele se move, que ele ajusta as músicas, em observar sua 909 ali e pensar em todas as tracks transformadoras que foram produzidas com ela. Sempre fico nervosa antes de gigs importantes - e esta do STRAF_WERK, pessoalmente, considero um das mais importantes no exterior até agora, por estar inserida na programação do ADE, por sua magnitude, pelo lineup com Kölsch recebendo Tiga, Recondite, Marcus Worgull, Anna, Denis Horvat… e eu. É desafiador encarar uma pista na Europa, porque eu nunca sei bem como o público vai reagir, que linha seguir, então o frio na barriga e o sentimento de responsabilidade são bem grandes. Abri a pista 2 do De Kromhouthal, um galpão industrial no norte de Amsterdam que foi uma fábrica de motores de navios originalmente, do jeito que sempre gosto de fazer: com BPM baixo, cadenciado, sexy, numa crescente até chegar no techno. Entreguei a pista cheia (e quente!) para Horvat, com sensação de missão cumprida. Fiquei para conferir os sets de Tiga, que foi incrível, e de Kölsch, com total controle sobre a pista, alguns de seus maiores hits levando a pista à loucura, afirmando seu lugar como anfitrião absoluto da noite. Sábado foi dia de ir à festa da Kompakt no club De Marktkantine, junto com Fernando Moreno, dono da agência Smartbiz e amigo de longa data, onde Gui Boratto e Anna representavam o Brasil entre outras estrelas do selo como: Michael Mayer, Patrice Baumel, Rebolledo e Barnt, um dos meus produtores favoritos - quem lembra de suas gigs no Club 88 e Mamba Negra? De lá seguimos para o Awakenings, mais um ano no prédio impressionante do Gashouder. Depois de ver Len Faki ano passado, fui a uma das noites com a curadoria de Joseph Capriati, que reuniu Henrik Schwarz, Gaetano Parisio - que eu não via há uns 15 anos desde a época que
Imagem: MARK RICHTER
Imagem: KIRSTEN VAN SANTEN
trabalhava no Lov.e Club - e Laurent Garnier ao lado de Scan X. Mais enérgico do que outros sets que vi de Garnier, mas ainda com a melodia e a carga emocional de sua música, Laurent e Scan X tocaram 30 minutos cada um em 3 horas de apresentação, com uma dinâmica que funcionou muito bem frente à pista gigantesca que encararam naquela noite. Se você ama música eletrônica, trabalha com isto, quer mergulhar profundamente neste universo durante alguns dias, o ADE é obrigatório. Se você simplesmente ama uma boa festa, se programe e vá. Tem para todos os estilos e gostos, afterhours inesperados e absurdos, alguns de seus artistas favoritos tocando em lugares minúsculos e pertinho de você, centenas e centenas de lineups e lugares grandiosos também. Vai ter a chance de interagir com um monte de gente que respeita e ainda estar em uma das cidades mais legais da Europa, que oferece não só uma baita estrutura para os turistas como uma série de ótimas opções de museus, restaurantes, coffee shops e lojas.
Nos vemos lá em 2019! djmagbr.com
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JU CAVALTANTI
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á foi na Disney? Sabe aquele lugar mágico onde todas as crianças realizam seus sonhos? Que elas podem ver todos os personagens que sempre acompanham pela TV ou pelo YouTube? Assim é o ADE, a Disney da música eletrônica. Durante 5 dias a cidade de Amsterdam se transforma em uma grande balada! São mais de 40 festas por dia e diversas palestras espalhadas por pontos no meio da cidade histórica. O maior deles é o Delamar Theatre, o foco da conferência. Todos os dias você pode ver um macrotema diferente, começando com o ADE Green na quarta, debatendo sustentabilidade nos eventos, o ADE dance and brands, onde você pode ver como as marcas se relacionam com a música eletrônica, entre tantas outras conferências com profissionais da área para debater sobre assuntos do dia-a-dia e passar experiências e aprendizados ao longo da carreira. Tem também um espaço todo dedicado à demonstração dos equipamentos mais novos. Você pode mexer em tudo, e se não souber como, tem gente pra explicar e mostrar como se faz. E o Brasil nisso, como fica? Estamos maiores do que nunca! São diversos brasileiros participando da conferência: artistas, promotores, agentes, label managers e curiosos que vêm para Amsterdam não só aproveitar a noite, mas fazer muitos negócios. Falo por experiência própria: vim pela primeira vez ano passado, 2017, para contactar agências internacionais para fazer bookings dos artistas que queremos em Recife, e desde então não deixo mais de vir! Tudo acontece muito mais fácil, mais rápido e faz total diferença quando você encontra o agente pessoalmente, depois de tantos e-mails trocados. Parece aquele amigo com quem você não se encontra há anos! E sobre aqueles que já conhecemos fica a alegria do reencontro, de botar o papo em dia, discutir a agenda do próximo ano e cada vez mais estreitar laços. Esse ano foi muito especial para mim, pois além dos contatos profissionais que fiz, fui convidada para palestrar sobre o mercado da música eletrônica no Brasil, apenas! Fui junto com Monique Dardenne, que participou do painel sobre management, a primeira brasileira
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a palestrar no ADE. E esse painel chamado “Country Focus: Brazil” foi a primeira palestra da conferência, imaginem o nervosismo e a responsabilidade? Passei uns 3 dias sem dormir direito, pensando se eu seria justa com todos os tópicos expostos, se não ia esquecer de ninguém. No dia parece que tudo se enrola! Fiquei no ponto do trem errado, não me deixaram entrar antes porque me confundiram com outra pessoa, a tela que ia passar os slides atrasou, a última atualização do meu power point estava baixando, esqueci meus cartões de visita no hotel, eu tremia mais que bambu verde, foi uma loucura! Mas no final, como o santo do brasileiro é forte, deu tudo certo, certíssimo! A sala BOMBOU! Além dos brazucas, tinha um monte de gente interessada em saber sobre o mercado brasileiro, como se promover lá, como distribuir música, como anda a economia, como tudo começou e pra onde vai. Foi muito produtivo. Depois disso começamos a maratona de reuniões. De quarta a sábado, das 15 às 19 horas, foram várias agências visitadas, muitas ofertas feitas e promessas para 2019 e 2020 - porque o povo aqui não perde tempo e quer aproveitar o hype do momento, ou seja, organização e planejamento fazem toda diferença aqui. Se você não é assim nem venha, ou então venha para curtir as festas. Acho que vir aqui pessoalmente
On the Floor faz toda a diferença, seja você um produtor, DJ ou apenas curioso. É uma imersão no que há de melhor e mais moderno na música eletrônica, tanto nas palestras quanto nas festas. Quando você vem ao ADE, tem a opção de comprar o ADE pass, que te dá direito a todas as festas durante todos os dias (mas tem que chegar cedo, porque muitas dão sold-out rapidamente) e também todas as conferências. Se você está vindo para curtir as festas e ver alguns painéis esta é a melhor opção, mas se você vai passar o dia em reuniões e fazendo contatos, você pode optar por comprar o dia específico com o macrotema do qual você deseja saber e as festas que você quer ir, so compre antecipado se for uma festa que você não quer perder de forma alguma, falo isso porque vais encontar e fazer muito amigos aqui e a grande maioria so decide a festa horas antes de sair.
a cada nova intervenção de luzes e lasers. Esse ano o Awakenings se superou em relação ao ano passado, fato que agora me fará ir ao Awakenings pelo menos uma vez em todo ADE. Ah, lembrando que todo dia tem um artista diferente e que são diversas opções por dia de festas de diversas labels mundiais, como DGTL, Elrow, Armada, Audio Obscura, dentre outros. Comprando o ADE pass ou apenas o dia, você terá acesso ao ADE delegate database, que é nada menos que a lista de contatos de todas as pessoas que estão inscritas no ADE, com informações de cargo, função, e-mail, telefone... então, se você é um DJ, por exemplo, vai encontrar diversos contatos de agências e labels para conversar e marcar reuniões para mostrar seu trabalho. Não é incrível? E as baladas? Como passo a semana em reuniões e fico bem cansada, não consigo ir a muitas. Este ano fui apenas em duas e uma delas foi bem especial, o Awakenings com Maceo Plex no Gasshouder. Chegar lá ja é uma aventura: você pode pegar o trem ou um táxi, dependendo do frio e do dinheiro que quer gastar. Chegando lá você anda dentro de um parque super frio até chegar na entrada da festa. Sabe aquela balada que você sente que está 50 anos à frente? Em termos de tecnologia, mapping e luzes, é tipo uma viagem para o futuro. Foi muito incrível, um dos shows mais maravilhosos que pude ir na vida! Parecia uma criança vibrando
Uma festa legal de ir é o AMF (Amsterdam Music Festival), o festival que acontece no estádio e onde são revelados os DJs do TOP 100 da DJ Mag. Aqui entre nós, quem não cresceu dando F5 no site da DjMag quando os djs eram divulgados? Se não foi seu caso eu entendo, mas a festa tomou uma proporção gigantesca, já que antes era privada e agora deu acesso a muitos fãs para acompanharem a divulgação da lista com uma superestrutura. Uma coisa é certa, todo mundo aqui está de olho no Brasil. Eles sabem de tudo que estamos passando, da crise, da desvalorização do real, do mercado aquecido com DJs nacionais e mesmo assim ainda querem continuar vindo, pois sabem que é um mercado que passa por ciclos, mas que vale a pena investir, pois a base de fãs é gigantesca e vale a pena ser mantida, e que muito em breve voltará a contratar os artistas internacionais.
Agora é hora de fazer as malas e voltar pra terrinha! djmagbr.com
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Tech News
Por RODRIGO AIRAF
DENTRO DA BOLHA CRIATIVA
No estúdio com Giorgia Angiuli
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iorgia Angiuli é uma artista completa. Produtora, cantora, compositora e multi-instrumentista, a italiana faz passeios entre as vertentes do pop, techno e house, diferenciando-se por trazer em suas apresentações ao vivo qualquer tipo de coisa que traga sons interessantes para suas músicas, como Theremins e brinquedos infantis.
Angiuli desenvolveu sua carreira experimentando novas técnicas dentro da música eletrônica e sua autenticidade impressiona. Somente neste ano ela já passou pelos quatro continentes, e tem feito um respeitoso trabalho nas redes sociais divulgando vídeos irreverentes que colecionam milhares de visualizações. Com o lançamento de seu novo álbum, “In a Pink Bubble”, pelo conceituado selo alemão Stil Vor Talent, Giorgia Angiuli acabou de passar pela América Latina, mais especificamente no Brasil, na Colômbia e no Porto Rico. Aproveitamos sua passagem por aqui para conversar e entender um pouquinho mais sobre como ela transparece sua personalidade nas músicas. Olá Giorgia, é um prazer conversar com você. Escolha qualquer coisa e quantas coisas quiser: o que mais te inspira? Eu me inspiro na relação entre os sons e as cores; como as cores podem influenciar os sons e vice e versa. Isso não é novo: Scriabin, Newton, Kandinsky já fizeram pesquisas sobre esse tema. Eu também 86
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acredito que objetos extraordinários podem criar sons extraordinários e eu sou fascinada pelo design dos instrumentos. Quais equipamentos você usa no seu estúdio e por quê? Eu acabei de criar um estúdio colorido e estou muito feliz por isso por causa de sua acústica. Acústica é o fator mais importante para um produtor, e eu sempre fiquei um pouco frustrada com o resultado final das minhas músicas! Eu decidi fazer um tratamento acústico no estúdio com painéis coloridos, pois eu acredito que há uma conexão muito forte entre os sons e as cores. O projeto foi feito pelo Studio Sound Service, e agora tenho os seguintes equipamentos no meu estúdio: Juno -106, Ob-6, Korg MS2000, Roland SH2, Peak Novation, Microbrute Arturia, DRUMBRUTE Arturia, Roland TR8, Boss Delay DM 100, Moog Sub37, Minibrute 2 Arturia, Arturia Beatstep Pro, mixer Allen & Heath Zed 10fx, Akg C414, Fireface UCX RME, Sylphyo (controlador MIDI por sopros), monitores Genelec 834 1A, UAD-2 Universal Audio, vários baixos e guitarras. E quais equipamentos você usa nos seus shows ao vivo? No momento estou tocando com os instrumentos abaixo, mas eu costumo adicionar novos equipamentos e mudar algumas configurações: Apogee Quartet Soundcard, Ableton Live, TC Helicon
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CONCEPT
“Eu me inspiro na relação entre os sons e as cores; como as cores podem influenciar os sons e vice e versa. Isso não é novo: Scriabin, Newton, Kandinsky já fizeram pesquisas sobre esse tema. Eu também acredito que objetos extraordinários podem criar sons extraordinários e eu sou fascinada pelo design dos instrumentos.”
Voice, Arturia Minilab, Moog Sub37, Luvas bluetooth da Specktr, Sylphyo Breath MIDI Controller, Novation Mini Controller, Shure sm58, Theremini Moog, Yamaha CS01, Allen & Heath Xone 92, e meus queridos brinquedos para crianças. Quais são as diferenças entre as músicas que você produz no studio e suas versões ao vivo? Eu sempre toco versões diferentes pois a abordagem nos dois casos são totalmente distintas. Quando eu me apresento ao vivo eu não perco muito tempo mixando ou fazendo arranjos, e eu trabalho nos loops via ableton. Eu tento focar no humor da pista de dança e eu pratico para performar ao vivo com brinquedos, sintetizadores, controladores... então eu crio minha música pensando em me apresentar e tocar os instrumentos ao vivo. Por exemplo, se eu quero colocar algum brinquedo no meio do set, sabendo que o som dele não é tão poderoso ou alto, eu tento tocá-lo durante alguns intervalos, que é quando apenas alguns sons estão tocando e eu posso ter certeza de que o público poderá escutá-lo. Quando estou produzindo uma faixa para lançá-la, eu uso muito tempo nos arranjos, nos detalhes e na mixagem, mesmo que eu ainda tenha que aprender muitas coisas ;) Como surgiu a ideia de usar brinquedos durante suas apresentações? Eu sempre colecionei brinquedos de crianças, essa é minha paixão-obsessão há muito tempo.
Eu sou uma musicista muito clássica e eu trabalhei no passado como artista em museus e teatros, então os brinquedos sempre foram parte da minha vida e dos meus shows. Você está lançando um novo álbum, “In a Pink Bubble”, pela Stil vot Talent. Quanto tempo você demorou nesse projeto e como foi o processo criativo? É um novo álbum de 12 faixas, de indieeletrônico, de dark techno melódico. Finalmente
EQUIPAMENTO: • Juno -106 • Ob-6 • Korg MS2000 • Roland SH2 • Peak Novation • Microbrute Arturia • DRUMBRUTE • Arturia • Roland TR8 • Boss Delay DM 100 • Moog Sub37 • Minibrute 2 Arturia
• Arturia Beatstep Pro • Allen & Heat mixer • Zed 10fx • Akg C414 • Fireface UCX RME • Sylphyo (Breath midi controller) • Genelec Monitors 834 1A • UAD-2 Universal Audio • Vários baixos e guitarras
as pessoas conseguirão ouvir todos meus diferentes estados de espírito. Eu o compus em 8 meses, enquanto estava em tour pelo mundo, então não foi fácil achar tempo para ficar em estúdio. Eu mantinha todas as minhas ideias no avião com o ableton e gravava tudo no estúdio quando voltava para casa. Eu usei: sons de guitarra, minha própria voz, rme sound card, UAD plugins, Dave Smith OB6, Juno 106, Moog Sub37, Korg MS2000, Roland SH2 e eu também gravei o som do contrabaixo do meu irmão, Francesco Angiuli, em uma música. Eu reparei que sua imagem é lúdica mas suas músicas são muito emocionais. Algumas vezes mais leves, outras mais obscuras, algumas vezes até agridoces. Como esses contrastes se relacionam com sua personalidade e como essa sua autenticidade se desenvolveu durante os anos? Sim, essa sou eu e essa é minha personalidade: Sou uma pessoa tímida, nostálgica e meditativa, mas ao mesmo tempo eu adoro ser bem humorada, irônica e fazer piadas. Sobre meu gosto musical, eu adoro música sagrada, new metal, indie-pop e techno - sim, gosto de vários gêneros diferentes! Estou muito feliz com a minha vida e acho que nós nunca devemos parar de estudar e aprender. Por exemplo, eu adoraria aprender mais sobre mixagem e masterização, e como finalmente tenho um studio com a acústica apropriada, é hora de investir energia em melhorar essas habilidades. n djmagbr.com
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AS CORES DOS SONS Entrevista com Dalton Jasper Por WELLINGTON FERRAZ
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alton Jasper começou sua carreira como DJ e produtor, mas foi no design gráfico que encontrou sua verdadeira paixão. Responsável por grandes projetos nacionais relacionados à música eletrônica, o designer está por trás dos logotipos, identidade visual e outros materiais de nomes como Hub Records, Nova Bookings , Cat Dealers, Felguk, e muitos outros DJs renomados da cena. Nessa entrevista Dalton conta mais sobre seu processo criativo, suas inspirações, sua rotina de trabalho e principais desafios.
Oi, Dalton! Há quanto tempo você atua e o que te levou ao design gráfico e à música eletrônica? Olá, primeiramente gostaria de agradecer essa oportunidade de falar um pouco de minha história e experiência com design em meio a cena da música eletrônica. Profissionalmente atuo há pouco mais de 3 anos. Sempre gostei de música eletrônica, mas percebi que não era aquilo que eu queria fazer, então me ofereci para começar a fazer materiais gráficos para uma pequena casa onde eu tocava como residente, pois os materiais feitos para aquela casa eram muito bonitos e aquilo me encantava, eu queria muito aprender a fazer. 88
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Sem conhecer programa de edição algum, fui atrás de tutoriais para aprender a usar o photoshop. Foi este o meu primeiro contato com o design gráfico na música eletrônica. Você tem portfólio com grandes nomes do cenário, em especial os artistas da Hub Records. Como se deu a progressão destas oportunidades na sua carreira? Procurando me profissionalizar ainda mais, iniciei no curso VA Online de design gráfico. Dentro desse curso participei de vários desafios e me destaquei, o que me levou a conhecer Felippe Senne, empresário de grande destaque no meio, à frente de projetos como Cat Dealers, Hub Records, Nova Bookings, entre outros. O primeiro trabalho foi um material produzido para o projeto MOSHE, antigo projeto do atual Cat Dealers. A partir daí formamos uma grande parceria que cresce a cada dia. Hoje trabalho com Cat Dealers, Felguk, JØRD, KVSH, Evokings, Hub Records, Sonzeira, Boost Mgmt, Nova Bookings, Gabriel Boni e Future Class. Além dessas parcerias, ainda desenvolvo trabalhos para outros artistas, como logotipo, identidade visual artística e material para tracks.
Um dos seus maiores expertises é a criação de logotipos. É um tipo de arte onde menos é mais, mas que ao mesmo tempo deve dizer muito sobre um artista. Como funciona o processo criativo desse tipo de trabalho? Eu dou tanta importância a um logotipo que costumo pensar que a escolha de um logotipo para um DJ é como escolher algo que vai representá-lo em uma nova vida. É a arte que vai traduzir visualmente a sua personalidade, que vai estar na frente de toda a mídia, que vai dar vida ao projeto. O processo criativo é simples: gosto de conhecer bem o artista, saber do que ele gosta além de produzir e tocar na noite. Através de uma conversa bem pessoal eu costumo pedir referências de identidade visual de outros DJs que ele admira - muitos acham que pedir referências é para copiar, mas para um designer entender do que o cliente gosta ele precisa ver alguma imagem, algum traço, cor, qualquer coisa, precisa começar com alguma referência visual. Após toda a conversa, desenvolvo apenas um modelo com base no briefing decorrente desta conversa. Levo sempre o pensamento comigo de que devo criar um logotipo por vez e não vários para escolher, pois cada um é exclusivo de acordo com o briefing. Caso o primeiro modelo não seja aprovado, a gente conversa e vê onde está o erro no briefing, achamos novas referências e conversamos sobre as mudanças até ficar perfeito. Alguns logotipos muito importantes que desenvolvi em minha carreira foram: Felguk,
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Jord, Evokings, KVSH, Sonzeira, Nova Bookings, Ownboss, entre outros. Onde ou de que maneira você costuma se inspirar para manter a cabeça sempre cheia de ideias das mais malucas até as mais pé-no-chão? A inspiração pode vir de qualquer lugar, mas como passo muitas horas online já tenho alguns sites que recorro quando preciso ter algum insight. O Pinterest é um dos melhores e dá para ir organizando em murais, o que facilita demais. Outros artistas e até marcas também são sempre bons para ficar de olho e se inspirar. Quais são as ferramentas, aplicativos, softwares e demais recursos essenciais no seu trabalho? Os principais softwares que uso são o Adobe Photoshop, Illustrator e After Effects. Para criação de elementos e animações em 3D, uso o Maxon Cinema 4D. Por curiosidade: muitos dizem que designers têm problemas com prazo. Mito? Verdade? Depende? Você que tem uma rotina de trabalho com muitos clientes diferentes, como fugir desse mal? Depende. O designer precisa ser responsável e o cliente precisa respeitar o prazo que o designer definir, pois apenas ele sabe o tempo e o trabalho que cada “job” precisa para ser concluído. Para fugir desse mal, precisa ter diálogo entre designer e cliente. Eu jamais prometo um prazo que eu não possa cumprir, e trabalho incansavelmente para entregar
tudo em ordem. Mas quando é muito apertado conversamos e chegamos a um acordo que fique bom para ambos. Tendo responsabilidade da parte do designer e respeito da parte do cliente, atrasos se tornam um mito. Hoje conto com uma ótima equipe que me ajuda a entregar tudo com qualidade e dentro dos prazos. Não os considero funcionários e sim parceiros de jornada, são eles: Kelysson (Designer e Motion Designer), Lucas Matheus (Motion Designer) e Gabriel (Designer). Como se manter atualizado com as tendências estilísticas, dos avanços tecnológicos e outros aspectos da sua profissão? Hoje é bem mais fácil encontrar um tutorial de algo que acho interessante ou perceber quando uma tendência já está ficando saturada, por exemplo. Fico muito de olho no que outros artistas, até mesmo fora da música eletrônica, estão fazendo para me manter atualizado nas tendências. E, felizmente, trabalhando com os artistas da Hub acabamos sendo uma vitrine muito grande também para ditar essas tendências no mercado e isso me motiva a estar cada vez mais e mais atualizado. Falando em tendências e avanços, a parte visual da carreira de um DJ tem se valorizado cada vez mais. Cada vez mais djs buscam identidade visual para suas musicas, lyric vídeos, clipe, um bom presskit com uma identidade visual característica e isso é muito bom para o profissional de design gráfico, motion design, fotógrafos e videomakers. Existe muito mercado para esse ramo, apesar de o designer ainda não ser tão reconhecido na
cena, como outros profissionais, acredito que isso ira mudar com tempo. Quais foram alguns dos seus trabalhos que mais te desafiaram até o momento e por que? Mas no meio de todos os trabalhos desenvolvidos diariamente sempre tem aqueles que marcam, por exemplo: a identidade visual do Cat Dealers, manter tudo em preto e branco, inovar sempre mantendo a comunicação característica deles é um grande desafio. O novo logotipo e Identidade visual do KVSH, que foi algo muito discutido entre toda a equipe até chegarmos ao resultado também é um trabalho que sempre estará em meu portfólio. O logotipo do Jord foi incrível por eu ter acertado de primeira, todos olharam o logotipo, o símbolo e simplesmente falaram “é isso”. Ainda entre os logotipos, todos para mim são um enorme desafio, em meio a todos que desenvolvi, um se destaca muito pela responsabilidade que tive em criar, que é o símbolo do Felguk. Eu era muito fã deles desde que o projeto surgiu, até que recebi a proposta de ser o designer do projeto. Já de cara o Felipe e o Gustavo me desafiaram a criar um símbolo para o FELGUK, pois desde o início da carreira eles tentaram inúmeras vezes e não conseguiam gostar de nenhum, então o nervosismo tomou conta. Mas com muita conversa, briefings, “faz e refaz”, chegamos aos rostos com olhos estrelados que, segundo eles, gostaram muito e que aquele era o símbolo perfeito para representá-los. n djmagbr.com
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TINO MUSICAL 6 tópicos para entender que mixagem e masterização devem ser levadas a sério
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m hit que explode nas pistas e nas rádios dificilmente é fruto do trabalho de uma única pessoa. Uma equipe é fundamental para que seja possível potencializar as ideias e transformá-las num produto final de qualidade. Grandes produtores normalmente trabalham com músicos multidisciplinares que participam da criação e execução artística de uma música. No entanto, em virtude do grande acesso a plugins e informações sobre o assunto, não raras vezes os próprios produtores realizam a mixagem e masterização em suas faixas. Não que haja algo de errado nisso, mas fazer tudo sozinho nem sempre é a melhor opção. Que profissional seria o mais indicado para conduzir a finalização de todo o material produzido? Um especialista!
É sabido que, para se evidenciar neste meio, um produtor deve ter um bom conhecimento sobre mixagem, caso contrário não teria condições de criar e moldar suas obras como deseja. E este conhecimento tanto pode fazer dele um profissional capaz de fazer a mixagem e masterização adequada quanto reconhecer a necessidade complementar de um profissional especializado para lapidar sua criação. Abaixo eu listo seis motivos que me fizeram, por experiência como produtor, DJ e, agora, engenheiro de mixagem e masterização, entender a importância de um especialista para que todo o processo tenha qualidade do começo ao fim.
SOBRE O AUTOR CONVIDADO:
BERNARDO SCHWANKA
Proprietário e engenheiro de Mixagem e Masterização do estúdio FABRIEK (www. fabriekaudio.com), com sede em Lisboa, Portugal. Formado em Mixing and Mastering Engineer pela Dubspot, USA. Atuou por mais de uma década como DJ e produtor, mais recentemente com o seu último projeto, Heiken. Hoje ele é engenheiro de artistas como Illusionize, VINNE, Gustavo Mota, Groove Delight, Woo2tech, Yves Larock e muitos outros.
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6 TÓPICOS PARA MIXAGEM E MASTERIZAÇÃO POR BERNARDO SCHWANKA
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SALA ADEQUADA E MONITORAMENTO Salas acusticamente tratadas e um bom sistema de monitoramento são aspectos essenciais para que se possa tomar as decisões corretas na hora em que está mixando e masterizando.
O EMOCIONAL FICA DE LADO O fato do engenheiro de mixagem e masterização não ter participado da composição e toda a emoção que envolve esta etapa do processo facilita para que suas decisões sejam técnicas e acertadas para cada caso.
OUVIDO TREINADO Assim como os produtores e profissionais de todas as áreas passam anos estudando e aperfeiçoando suas técnicas, nós engenheiros de mixagem e masterização fazemos o mesmo. É um longo e contínuo caminho de estudos e de busca por especializações e atualizações para alcançar as melhores técnicas. Por anos, o nosso ouvido se adaptou para ter a capacidade de identificar problemas, e soluções que muitas vezes passam despercebidas aos ouvidos dos produtores.
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UMA BOA MIXAGEM PODE SALVAR SUA MÚSICA
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UMA SEGUNDA OPINIÃO
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Uma boa mixagem pode fazer com que a música soe grande, potencialize todos os seus detalhes e alcance toda sua qualidade. Uma mixagem ruim, por outro lado, pode inibir seu potencial.
Ter uma segunda opinião técnica é um fator positivo e construtivo na busca do melhor resultado. Trata-se de um recurso que cotidianamente já usamos em vários setores da nossa vida pessoal para tomarmos decisões importantes. Então por que não pedir uma segunda opinião sobre a aposta de um hit?
ACHE UM ENGENHEIRO DENTRO DO SEU PERFIL No mercado há inúmeros profissionais talentosíssimos para prestar um excelente serviço, para todos os estilos. Por isso, vale buscar um profissional que conecte-se e identifiquese o máximo possível com o seu estilo de som, e tão importante quanto isso é criar um vínculo de confiança com este profissional, o que resultará num belo trabalho em equipe.
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Beatdrops
EFEITO DOMINร
O QUE OS DJS OUVEM NAS HORAS VAGAS? Por ANA CAVALCANTE
Major7
Sequence (Vegas Remix) X7M Records
Kvsh indica Vegas
Jean Bacarreza & Plastic Robots Machines
Lanรงamento independente
Vegas indica Plastic Robots
Gabe, Adam K
The Mask (Marcelo Fiorela Remix)
Lanรงamento independente
Plastic Robots indica Marcelo Fiorela
BUSHER, Luca Buzanelli, Rodrigo Ardilha Dirty - (Radio Edit) Sony Music
Marcelo Fiorela indica Luca Buzanelli
Deeft
Move (Original Mix) Baikonur Recordings
Luca Buzanelli indica Deeft 92
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Beatdrops
MONIC
Pérsia (original mix) Lançamento independente
Deeft indica Monic
Leo Lacerda
Dance Or Diez Klandestine
Monic indica Leo Lacerda
Nicolau Marinho
Keep Pushing On E.P Chutney Records
Leo Lacerda indica Nicolau Marinho
RUN
(Tough Art Remix)
Lançamento independente
Nicolau Marinho indica Tought Art
Deeft
Just (Original Mix)
Lançamento independente
Tought Art indica Deeft djmagbr.com
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Beatdrops Por: TIAGO MELCHIOR
BRUNO MARTINI & SHAUN JACOBS – YOUNGR Aftercluv
Universal Music Pop da mais alta qualidade, a nova do Bruno Martini tem uma ficha técnica de respeito: é uma co-produção com ninguém menos que o norte-americano Timbaland, foi produzida em Los Angeles no mesmo estúdio em que Michael Jackson gravou “Thriller”, e tem os vocais do cantor sul-africano Shaun Jacobs.
CAT DEALERS & BIAN WANTING YOU
FELGUK & SUBB – CALIFORNIA DAYS (FEAT. MAGGA)
LAGUM – BEM MELHOR (KVSH REMIX)
Hub Records Sony Music
Hub Records Sony Music
Sony Music
A parceria dos irmãos contrabandistas de gatos mais estourados do Brasil com a talentosa BIAN mistura o lado bem melódico da cantora e compositora a um drop poderoso e cheio de personalidade. Ótima para ouvir no Spotify e, ao mesmo tempo, uma bomba nas pistas.
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Misture o lado pop do Felguk com algumas summer vibes, uma melodia bem catchy e o inconfundível bass do SUBB. Tudo sem perder a energia. O vocal fica por conta do Magga, a voz por trás do hit “Gravity” (parceria entre Cat Dealers e Evokings), ajudando a transformar “California Days” em uma track atual e super gostosa. E como estamos falando de California, tenho licença poética para exagerar nas palavras em inglês, right?
O mineiro KVSH está certamente na sua melhor forma, lançando um remix oficial para uma das banda mais promissoras do país. Toda moderna e com vibe boa, “Bem Melhor” tem como marca registrada certos assobios — daqueles que você vai se pegar reproduzindo quando menos se der conta. Aliás, vale notar que foi justamente após “Eu Não Valho Nada”, outra parceria com o KVSH, que a Lagum passou a aparecer ainda mais no cenário eletrônico.
Beatdrops
LOTHIEF – MISIRLOU
Hub Records Som Livre
É Tarantino vibes, que fala? “Misirlou” — famosa como trilha sonora do filme Pulp Fiction, aos cuidados de Dick Dale — é originalmente uma canção folk popular de origem grega, composta por Michalis Patrinos. Na versão de LOthief, que já vem se aventurando por essa vibe gypsy em seus últimos lançamentos, a música ganha um drop poderoso e cheio de personalidade.
RIVAS (BR) & FLAKKË – BEATHOVEN
ERIC PRYDZ - CALL ON ME (EVOKINGS REMIX)
Deepink
Lançamento independente
Tanto o Rivas quanto o Flakkë representam um belo respiro criativo em nossa cena. Enquanto o primeiro não abandona a energia da house e da disco music, Flakkë consegue trazer um som étnico, à la KSHMR, numa sonoridade nova e sob medida para as pistas brasileiras. Em “Beathoven”, eles brincam com a clássica “Für Elise”, de Ludwig van Beethoven, numa versão inusitada e que parece ser ligada nos 220.
Que tal uma versão tech house modernosa do Evokings para a clássica “Call On Me”, do Eric Prydz? Eric, por sua vez, se baseou em um sample de “Valerie”, música de 1982 de Steve Winwood. A faixa extremamente dançante faz parte de uma maratona de lançamentos free download do duo carioca.
BHASKAR, ALTERNATIVE KASUAL & LOWDERZ – LOVIN’ YOU (FEAT. ENKODE) Austro
Som Livre
Muito vem se falando do desgaste do Brazilian bass e do deep house brasileiros. Me arrisco a dizer que “Lovin’ You” traz o que esses estilos que estouraram no Brasil de uns anos para cá têm na essência, mas de um jeito que, sutilmente, consegue fugir do óbvio e entregar uma belíssima faixa.
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LUCAS FREIRE - LIGHT IT UP EP Devotion Records
Com seu último EP de 2018, Lucas Freire prova por que ele é uma dos mais passionais produtores de techno atualmente na Espanha. Contendo 2 faixas, “Light it Up” e “Crossroads”, Freire explora a energia catártica do seu estilo techno mais reto e pulsante, com synths vorazes e atmosfera clubber em uma jornada a 132 BPMs. Explosivo!
NATO MEDRADO - FEEL LONELY (REMIX)
DANNE, BRAZYLEROS, NEILA KADHI – NÃO VÁ EMBORA
DOUBLE AGENT – COME ALIVE (RROTIK REMIX)
Medrado Music
Lançamento independente
Medium Rare Records
Após uma sequência de lançamentos mais próximos do new pop, Nato Medrado promove um resgate de suas raízes melódicas que o levaram a ser o primeiro brasileiro a lançar um álbum pela Armada, label do gigante Armin van Buuren. Feel Lonely (Remix) marca o retorno de seu label Medrado Music e apresenta um trabalho em alto nível do brasileiro, que na ocasião remixa um dos principais sucessos de sua gravadora - faixa original do russo Safinteam. Uma lançamento com sentimentos crus e bastante reflexivos. ALAN MEDEIROS 96
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Brasilidade: temos. “Não Vá Embora” é uma homenagem à faixa do baiano Carlinhos Cor Das Águas, o que mostra o senso de curadoria e o cuidado de DANNE e dos Brazyleros em buscar e dar vida nova até mesmo aos MPBs mais inusitados. Com direito a instrumentos como reco-reco e ganzá, a música tem o perfeito contraste entre a doçura da voz de Neila Kadhi e o drop sem massagem.
Um dos primeiros a produzir o que muitos no Brasil hoje chamam de low bass, Rrotik é tido como um dos mais habilidosos produtores da cena. A qualidade do som som é evidente, mas o algo a mais vem quando você percebe que a música entrega um feeling muito sujo e muito elegante – ao mesmo tempo.
Beatdrops
PUMP GORILLA & SEVEK FT. JOSEPH FEINSTEIN – SPOTLIGHT
LOUD LUXURY FEAT. BRANDO BODY (LIVA BOOTLEG)
Assim Que Rola
Lançamento independente
“Spotlight” é linda: tem toda a energia do house sueco (aquele tipo de EDM que foi popularmente chamado de progressive house), mas com um bass que a traz para a sonoridade atual das pistas brasileiras.
Olha só quem está de volta! Depois de explodir sua versão para “Deixe-me Ir”, do 1Kilo, o cearense LIVA tirou um tempo para tramar coisas grandiosas em seu estúdio. O começo disso tudo é um bootleg cheio de energia, intensidade e com seu lead bass marcante, só para deixar claro que vem mais um monte de boas tracks por aí.
BRANNCO, LEDUR – FREEDOM
Fire
Quem diria que eu falaria de Tarantino duas vezes numa única edição do Beatdrops? Brannco e Ledur escolheram “Freedom”, de Anthony Hamilton & Elayna Boynton, música que faz parte da trilha de Django Livre, para criar uma versão dançante, com direito a um drop com um quê de future house com Brazilian bass.
BEOWÜLF, SKULLWELL, BLANDO – QUE SE DANE (FEAT. RAFAEL SADAN)
Hub Records
Deixando mais ampla sua característica sonora, Beowülf faz, em parceria com Skullwell, Blando e com os vocais do MC Sadan, um drop atual, com harmonização de violinos e uma letra com um objetivo em especial: te deixar despreocupado e sabendo viver a vida no agora. RODRIGO AIRAF
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BANZOLI - I’M BUSY Deep Bear
Dois anos de carreira já foram suficientes para Banzoli chamar atenção da cena eletrônica dentro e fora do país. A promessa do tech house brazuca já recebeu suporte de grandes nomes, lançou o EP “This B” pela LouLou Records e assinou um podcast da mesma label a convite do Kolombo. Desta vez, o DJ e produtor lança o EP “I’m Busy” pela DeepBear com três faixas: “Nine Nine”, “Recharge” e a faixa-título “I’m Busy”. Com números altos de streams em suas tracks, ele garante que o segredo é “prato que voa”, seu bordão. RODOLFO REIS
LARI HI, PUMP GORILLA - ACALMA A ALMA (FEAT. LEANDRO BUENNO)
Warner Music Brasil
Lari Hi, DJ e produtora paulista de 22 anos, em colaboração com os amigos Pump Gorilla e Leandro Buenno (ex-finalista do The Voice Brasil) lançou um poderoso som, “Acalma a Alma”, uma faixa para mexer no estado de espírito de cada um que a ouve. Para atingir tal desejo, a artista não ficou parada: foi às ruas de São Paulo conversar com as pessoas e descobrir lindas histórias que motivaram cada detalhe para a campanha de lançamento da track. RODOLFO REIS
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LIVIT & ROYAL INC – WANDERLUST
ANHANGUERA - VA THIS AIN’T DISCO
Braslive
Glitterbox
“Wanderlust” vem do alemão wandern (caminhar’, ‘vagar’) + lust (‘desejo’). Ou seja: o desejo de conhecer o desconhecido, ver novos rostos, lugares, pessoas e culturas. Uma canção tão verdadeira para o LIVIT e o Royal Inc, que eles meteram cara e foram parar em Punta Del Leste, no Uruguai, para gravar o clipe. A música tem no drop um violão que por si só incita a vontade de desbravar o mundo, além da gaita característica das músicas do LIVIT, que ainda canta e compõe suas próprias canções. RODRIGO AIRAF
Lançado originalmente pela Maracujá Recordings, label que é comandado pelo próprio duo Anhanguera, Cirandisco foi um sucesso absoluto de vendas em Janeiro deste ano. O release logo chamou a atenção da Defected e através da curadoria de Melvo Baptiste os brasileiros foram convidados a lançar na Glitterbox, sub label da lendária gravadora britânica. A faixa foi relançada em Junho, na compilação This Ain’t No Disco, um dos grandes destaques do verão europeu. ALAN MEDEIROS