Revista 48

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Nº48 | 2017 | Distribuição Gratuita www.celiacos.org.pt

DC e Aleitamento materno - fator de proteção?

VII Campo de Férias sem Espiga IDEIAS PARA UM NATAL SEM GLÚTEN

Sem Glúten

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INDICE

Editorial

Mafalda Carvalho

INICIATIVAS 04 VII Campo de Férias Sem Espiga

06 46º Encontro Nacional de Celíacos no Porto 08 Festas de Aniversário Workshop Algarve Parece um lugar comum, mas é verdade que o tempo voa e, quase sem nos apercebermos, estamos a finalizar mais um ano. De todo o trabalho realizado, destaco como principais objetivos atingidos a descentralização dos nossos serviços, que permitiu uma maior proximidade e satisfação das necessidades dos sócios que não residem na região de Lisboa e a reentrada da APC na organização europeia AOECS, que nos dá acesso a uma enriquecedora partilha de boas práticas entre todos os países membros, ao mesmo tempo que contribuímos para o reforço da posição dos celíacos junto das instancias europeias. Aproveitámos também a transição entre o fim de um ano e o começo do próximo para refrescar a imagem da APC e de todas as suas peças de comunicação, das quais esta revista é um excelente exemplo. Queremos que a nossa imagem reflita a modernidade e o dinamismo que imprimimos às nossas ações. Esperamos que gostem. Para além deste trabalho mais visível, houve como sempre uma intensa e diária atividade de bastidores, que consiste na constante sensibilização, formação, esclarecimento e mobilização de todos os interlocutores que possam ter algum impacto positivo na qualidade de vida dos celíacos e no diagnóstico precoce da DC e que vão dos profissionais de saúde, à industria alimentar, passando por órgãos governamentais, restauração, estabelecimentos de ensino, media, entre muitos outros. É desse esforço permanente que resultam muitas das conquistas entretanto alcançadas e que permitem aos celíacos terem uma inserção social plena e sem outras restrições que não sejam o escrupuloso cumprimento da DIG. Para 2018 temos um conjunto de projetos de consolidação dos progressos alcançados e outras tantas novas ideias, que nos permitirão responder cada vez melhor aos desafios que nos são colocados. Como sempre, precisamos de todos e só com todos seremos mais fortes e teremos maior poder de intervenção. Por isso, contamos consigo na divulgação da APC junto de outros celíacos. Estamos a entrar num período de celebração que desejo possa ser vivenciado por todos. Boas Festas e um 2018 grandioso

“Massas para todos” Dia mundial da alimentação no Colégio Príncipe Carlos APC e El Corte Inglês

09 Sessão de acolhimento no espaço Workshops Pop Up Check-Up ao Verão

10 DC nos medias

O consumo de glúten em discussão nas II Jornadas pela Segurança da SCML

NOTÍCIAS

12 Comer fora de casa em segurança 13 Panidor certificada pela APC/ BIOTRAV PERGUNTAS CELÍACAS 14 Perguntas Celíacas, Respostas sem Glúten NOVIDADES

16 Doctor Gummy

Produtos Saloinha

DA ÉPOCA 18 Natal com Tradição RADAR 19 Psicologia para Adultos Celíacos FIQUE A SABER

20 Doença celíaca e saúde oral 22 DC e Dieta Sem Glúten em Crianças Portuguesas 23 DC e aleitamento materno - Quais as evidências? ESPAÇO SÓCIO

24 Gluten Free Life Style e a Célia Celíaca 25 Ser celíaco em Kiev

O Regresso à AOECS

26 Plano de Atividades APC 2018

APC dinamiza formações em escolas Rubrica Celeiro - Nova loja Celeiro no Mar Shopping Loulé

CRÓNICAS & VIAGENS

28 Praxe sem Glúten

FICHA TÉCNICA

RECEITAS

APC morada Av. Júlio Dinis, n.º23, 1.º Esq, 1050-130 Lisboa (Junto ao celeiro da Avenida da República) telf. 217 530 193 | telm. 919 213 496 / 918 139 511 site www.celiacos.org.pt e-mail apc@celiacos.org.pt | nutricionista@celiacos.org.pt facebook http://www.facebook.com/APCeliacos

29 Aletria

Bolo de Arroz

30 Peru de Natal com Salada de Espinafres Baby, Clementinas, Pinhões e Amêndoas

FICHA TÉCNICA título Sem Glúten | periodicidade Quadrimestral | tiragem 2000 exemplares propriedade APC - Associação Portuguesa de Celíacos diretora Mafalda Carvalho | edição APC redação Daniela Afonso, Rita Jorge design Ana Franco | impressão Dilazo - Artes Gráficas SA AVISO LEGAL · A APC divulga informação generalizada direcionada aos seus associados e demais interessados na doença celíaca. Os conteúdos da revista Sem Glúten (incluindo artigos, receitas, anúncios publicitários e outro tipo de informação) não têm a intenção de dar um parecer médico, dietético ou legal, pelo que a leitura dos seus conteúdos não dispensa o aconselhamento médico especializado. · A APC não pode ser considerada responsável por eventuais modificações de fabrico que surjam após divulgação dos artigos/anúncios publicitários, nomeadamente no que respeita a alterações nos ingredientes dos produtos divulgados como isentos de glúten, uma vez que essas alterações são da responsabilidade dos fabricantes/produtores.

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INICIATIVAS //

VII Campo de Férias Sem Espiga Entre os dias 3 e 9 de setembro, decorreu mais um Campo de Férias Sem Espiga, a VII edição, que regressou pelo segundo ano consecutivo ao My Camp, na Quinta da Broeira, Cartaxo. O dia iniciava-se pelas 9h com um pequeno-almoço animado, tal como todas as refeições, com música e diversão à mistura. Neste campo de férias, as refeições foram um dos pontos fortes, com deliciosos pratos e uma variada oferta de produtos sem glúten. Tal só foi possível, graças ao apoio dos seguintes parceiros, a quem deixamos o nosso agradecimento: Continente e Gergran| Alpro, A Saloinha, Celeiro/ Schar, Dacsa Atlantic – Ceifeira, EAV – Vimeiro, Fruut, Garcia&Filhos, Germen, Glutamine, Gullón, Iglo, Mandarin, McDonalds, Museu do Pão, Nestlé, Nobre, Pato Real, Pescanova, Pingo Doce, Sovex/Noglut | Boca de Leão, Primor e Pronatural. No âmbito das questões alimentares, o acompanhamento foi realizado pelas nutricionistas da APC, com o apoio da Nutricionista estagiária Juliana Francisco, que em parceria com os responsáveis pela cozinha garantiram uma alimentação saudável, variada e isenta de glúten. Esta experiência foi tranquilizante para os participantes, que de acordo com um testemunho partilhado, mas refletindo certamente a opinião geral dos celíacos, refere que «podia estar descansado em relação à comida.» Baloiço 3G, escalada, equitação, tiro ao alvo, slide e piscina com escorregas foram algumas das muitas atividades ao ar livre que os participantes puderam realizar. Um dos dias mais aguardados, foi o dia de Valada, pelas atividades diferentes e sempre divertidas a serem realizadas dentro de água, como foi o caso da canoagem e da bóia.

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«Adorei a experiência! Volto de certeza!», «Foi muito divertido e com muita adrenalina tal como esperava» e «Divertido e atividades super.» foram algumas das mensagens partilhadas entre os 33 participantes desta semana. Um destaque para o papel fundamental dos monitores, pelo seu apoio, dedicação, promoção da alegria e entreajuda entre os participantes. A semana do campo de férias conta sempre com experiências culinárias. Houve workshops de pão e de Muffins e a oportunidade dos participantes confecionarem o seu próprio jantar, no âmbito da dinamização de um workshop de pizzas. Com a criatividade ao máximo, o workshop foi um sucesso e o resultado final não podia ser melhor - pizzas deliciosas. A última noite ficou reservada à gala final que mais uma vez foi um êxito, não só pela animação e música constante mas também pela sobremesa bastante aguardada, os gelados em cone de baunilha. São os bons momentos, as experiências incríveis e as atividades desafiadoras que fazem a despedida do campo de férias e dos novos amigos o momento mais difícil da semana. No entanto, fica sempre a alegria de um futuro encontro e a expetativa do próximo campo de férias sem espiga.

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// INICIATIVAS

INICIATIVAS //

MAIS DE 250 PESSOAS JUNTAM-SE NO 46° ENCONTRO NACIONAL DE CELÍACOS NO PORTO O Hotel Vila Galé, no Porto, foi o palco do 46.˚ Encontro Nacional de Celíacos que decorreu a 11 de novembro, dia de S. Martinho, reunindo mais de 250 pessoas de várias regiões do País com um objetivo comum: a partilha de informação sobre a Doença Celíaca (DC). Organizado pela APC, a celebrar 25 anos, tentou “ir de encontro dos recém-diagnosticados com a abordagem da doença celíaca na criança e no adulto” salienta Susana Tavares, vogal da APC e uma das organizadoras. O programa foi vasto e atravessou vários assuntos. A Dra. Eunice Trindade, gastroenterologista pediátrica do Hospital S. João, no Porto, abriu as conferências com a abordagem sobre “A doença celíaca na criança” salientando a importância do rastreio, os grupos de risco e, entre outros temas, lembrando os sintomas “atípicos” que se têm vindo a verificar com o diagnóstico da DC. Já a Dra. Margarida Marques, gastroenterologista de adultos, do Hospital de S. João do Porto, alertou para o facto de a DC se tratar “de uma doença de todas as idades e que atinge ambos os géneros”. Presença já habitual nesta iniciativa, a nutricionista Dra. Diana Silva, do Hospital de S. João, alertou para “A importância da dieta isenta de glúten na DC” que deve ser feita, no entanto, “de uma forma nutricionalmente equilibrada”, apostando nos vegetais, na fruta e em alimentos mais saudáveis. “Uma bolacha, mesmo isenta de glúten, não deixa de ser um doce. E hoje, como é dia de S. Martinho, não se esqueçam da castanha que não tem glúten”, aconselhava a nutricionista, considerando ainda a prática desportiva “fundamental”. “A doença

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celíaca e a dermatite herpetiforme” foi debatida pela Dra. Ana Margarida Barros, da Clínica Epidermis – Instituto CUF. A Dra. Joana Queirós, endocrinologista do Hospital de S. João, terminou as conferências com uma abordagem sobre “A doença celíaca e as doenças autoimunes”. Na sessão da tarde, foi ainda lançado o livro “O homem que soltava pum e outras histórias” e o site Célia Celíaca (http://celiaceliaca.com), um projeto de glúten free style, da ilustradora brasileira Eve Ferretti (também ela celíaca) e do realizador Pedro Mota Teixeira. Um livro e um projeto de ilustração que, sublinha Susana Tavares, “veio mostrar como nos podemos divertir mesmo após este diagnóstico”. O 46º Encontro encerrou com a apresentação do plano de atividades da APC para 2018, ano em que, entre outras atividades em todo o País,

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será inaugurado um gabinete no norte, no Porto (edifício Mota Galiza), com atendimento permanente para consultas de nutrição e outros apoios a celíacos no Norte do País. No final do Encontro, Susana Tavares, uma das organizadoras, fez “um balanço muito positivo” desta iniciativa. Também os nossos associados e suas famílias saíram satisfeitos depois de um dia de partilhas. Mariana, 10 anos, veio de Coimbra com a família, e confessou-nos ter adorado “ter tantas coisas para comer”. “Só gostava que, em Coimbra, se vendessem as tortas dos irmãos Garcia”, pedia a jovem, a sorrir. Também a família Graça, que se deslocou propositadamente do Algarve, saiu satisfeita deste Encontro Nacional. “É positivo para toda a família. Consigo levar daqui mais conhecimento do que aquele que já tenho”, afirmava a mãe. E, para o ano, há mais.

Os nossos parceiros Como tem sido habitual, o Encontro foi acompanhado pela presença de várias empresas parceiras que, além da degustação de produtos, nos apresentaram algumas novidades que se encontram a chegar ao mercado. A Sovex apresentou novidades da Santiveri (como as tostas de tomate, de cebola e de quinoa), da Noglut (caso das tostas de cacau e de coco) e ainda a nova linha de chocolates belga Wiloco (biológico e sem lactose) adoçados com flor de coco e leite de arroz. Henrique Sobral, gerente da Sovex, considerou “ser uma oportunidade única para o público consumidor estar em contacto com estes produtos” cujo segmento de negócio “tem tido um crescimento sustentado”. Também a Dambert Nutrition, de origem belga, acaba de chegar a Portugal pelas mãos da educadora de

infância, Carla Ferreira, após ter sido diagnostica a doença celíaca a um familiar. A marca ainda não tem pontos de venda, mas está a lançar a loja online onde pode encontrar farinhas (para pão, crepes, panquecas, muffins), bolachas, caldos ou massas. Do Museu do Pão, vieram as diferentes propostas sem glúten (pão rústico, com sementes, mistura, multicereais) além de biscoitos, queques e bolos como o bolo-rei e bolo rainha. A Genius apresentou a sua gama de pão (clássico, rustico e de 4 sementes) – agora com um prazo de validade maior – muffins de limão e sementes de papoila, e de chocolate com pepitas. O pão com chouriço e o bolo de frutas foram as novidades da empresa Garcia & Filhos, além do pão (branco, mistura com alfarroba e cereais), das tortas e dos muffins. Outros parceiros associaram-se à APC nesta iniciativa como a cerveja sem glúten DauraDamm, A Colmeia do Minho, Arroz Pato Real, Celeiro/Shar, Germen – Eyra, Glutamine, Mar Ibérica, Nestlé e Primor. Mãe da Bárbara Pedro (sócia)

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// INICIATIVAS

INICIATIVAS //

Festas de Aniversário Workshop Algarve Perante o desafio de preparar uma festa de aniversário 100% sem glúten e igualmente saborosa, Almerinda Nascimento, mãe de uma menina celíaca e membro dos órgãos sociais da APC, “arregaçou as mangas”. Preparou uns deliciosos cones de gelado, demonstrado a versatilidade de recheios possíveis, bolinhos de coco e um bolo de aniversário feito a partir de pequenos bolos de laranja, decorado com pasta de açúcar, sem glúten mas com toda a inovação. Tudo isto serviu no dia para celebrar o aniversário de Carmem Soares, membro dos órgãos sociais da APC. Momento de partilha que decorreu na manhã do dia 23 de setembro, nas instalações da Quinta do Peral, em Faro, com o apoio dos Apolónia Supermercados.

Sessão de acolhimento no espaço Workshops Pop Up Workshop “Massas para todos” No dia 28 de outubro, pela manhã, realizou-se no espaço Workshops Pop Up do Porto, o workshop de culinária “Massas para todos”, com o apoio da Milaneza. Esta iniciativa dinamizada pela Rita Mendes Correia da Gluoff – Bolos sem Glúten, teve como objetivo partilhar algumas receitas bem saborosas de massa sem glúten, com sugestões do seu livro “Coma à Vontade”. As receitas confecionadas foram Lasanha de espinafres e requeijão, Esparguete com Bivalves e Espirais com frango e molho cremoso de coco. Estavam deliciosas! Aceda às receitas no portal da APC e experimente em casa.

Check-Up ao Verão A APC esteve presente, pelo segundo ano consecutivo, na iniciativa Check-Up ao Verão, que decorreu no dia 21 de julho, na Praça da Figueira. Com o apoio de associações e sociedades médicas, foram realizados vários rastreios gratuitos a diferentes doenças. No stand da associação, a equipa APC, juntamente com os voluntários Paulo Pinto e Sofia Crisóstomo, desenvolveu uma ação de sensibilização para a doença celíaca e para o subdiagnóstico da mesma. A maioria da população abordada demonstrou interesse, realizando os testes qualitativos de rastreio para a doença celíaca disponibilizados no stand.

APC e El Corte Inglês juntos na sensibilização da doença celíaca

Dia mundial da alimentação no Colégio Príncipe Carlos Para celebrar o dia mundial da alimentação, no dia 16 de outubro, a APC promoveu, a convite da escola, uma iniciativa no Colégio Príncipe Carlos, nas Laranjeiras, sobre a doença celíaca e alimentação isenta de glúten. De forma bastante interativa, os alunos do 1ºCiclo mostraram curiosidade e interesse pela temática abordada nas palestras ministradas pela presidente da APC, Mafalda Carvalho. Como parceiros desta atividade, contamos com o apoio do Celeiro na oferta de produtos para o cabaz de alimentos saudáveis isentos de glúten assim como da Garcia & Filhos na oferta de pão isento de glúten. A pastelaria Choco & Mousse foi outro dos parceiros que esteve presente com um stand de divulgação dos produtos.

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Decorreu no dia 28 de outubro, no espaço Workshop Pop Up, no Chiado, um workshop direcionado aos recém-associados da APC, desenvolvido no âmbito das sessões de acolhimento. O desenvolvimento desta iniciativa, que contou com o apoio da Glutamine, pretendeu ir ao encontro das principais dúvidas e questões associadas a um diagnóstico recente de doença celíaca. Foram feitas três receitas de produtos específicos sem glúten (pão, bolo e pizza) que por norma são as que suscitam maior dificuldade na elaboração por parte dos celíacos. Com o limite máximo de participantes, a iniciativa revelou-se muito dinâmica, permitindo momentos de exposição de questões e partilha de experiências.

No dia 30 de junho, a APC desenvolveu duas formações para os colaboradores do El Corte Inglês, sensibilizando para os cuidados na manipulação dos alimentos e para os perigos de contaminação cruzada que podem ocorrer. Ao final da tarde, foi desenvolvido um Showcooking no Supermercado El Corte Inglês, pela presidente da APC, que preparou um bolo de laranja e um paté de legumes, duas receitas sem glúten que foram muito apreciadas pelos presentes.

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INICIATIVAS //

Revista Viver Saudável

DC nos Media Noticias Magazine

A publicação intitulada «Glúten: a quem é que faz mal?» contou com a participação da nutricionista da APC, Rita Jorge.

Lidl Portugal | Dica da semana 24 agosto

A APC participou na Dica da Semana, com o intuito de esclarecer e sensibilizar para a doença celíaca, uma publicação com 1,85 milhões de exemplares distribuídos gratuitamente em todo o país, juntamente com o folheto Lidl.

Porto Canal | Programa «Consultório»

No passado dia 14 de julho, foi abordado o tema «Doença Celíaca», no programa «Consultório», no Porto Canal, com a participação especial de Mafalda Carvalho, Presidente da APC, e da Dra. Eunice Trindade, gastroenterologista pediátrica.

RTP1 | Programa «A Praça»

A doença celíaca foi tema no programa «A Praça», da RTP1, no dia 5 de setembro. Emissão onde esteve presente a Dra. Henedina Antunes para ajudar a perceber a doença, formas de diagnóstico e os cuidados a ter, Vânia Monteiro, celíaca e associada APC, a partilhar o seu testemunho, e ainda a autora do livro «Coma à vontade» - Rita Mendes Correia, da Gluoff – Bolos sem glúten.

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A edição de outubro da revista Viver Saudável, dirigida aos profissionais de nutrição, contou com a colaboração da nutricionista da APC, Daniela Afonso, na abordagem ao tema de destaque da edição «Intolerância Alimentar – Uma questão de saúde que virou moda».

O consumo de glúten em discussão nas II Jornadas pela Segurança da SCML A convite da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), a APC esteve presente nas II Jornadas pela Segurança para abordar a temática do consumo de glúten. Inserida nas questões da segurança alimentar, a palestra destacou a importância da sensibilização para as doenças associadas ao consumo de glúten e da escassez de evidências para a exclusão do glúten em indivíduos saudáveis.

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// NOTICIAS

NOTICIAS //

PANIDOR CERTIFICADA PELA APC/BIOTRAB

Comer fora de casa Em segurança é cada Vez mais simples O projeto Gluten Free, fruto de uma parceria entre a APC e a Biotrab, foi lançado em setembro de 2012 e conta até agora com 26 estabelecimentos e outras empresas certificadas. O número de estabelecimentos e empresas da indústria agroalimentar a aderir à certificação da APC/Biotrab tem vindo a crescer. Isto resulta da sensibilização da APC e da colaboração de todos os que divulgam este projeto ajudando a associação a chegar mais longe. Este é um projeto que tem vindo a crescer, havendo agora uma maior oferta a celíacos, inclusive nas ilhas. Como resultado, os celíacos beneficiam hoje de um leque de escolha consideravelmente maior, facilitando a sua participação em ocasiões de convívio e partilha com familiares e amigos fora de casa.

Boca de Leão: Pastelaria certificada na Póvoa de Varzim

A Panidor dedica-se à produção de padaria e pastelaria ultracongelada e é agora certificada no âmbito do projeto Gluten Free da APC/Biotrab.

Gluten’ Out: Primeira padaria certificada na Margem Sul

A Boca de Leão é uma pastelaria com fabrico próprio, na linha do saudável e de consumo universal, em que se pretende que os produtos sejam aptos para todos os clientes, incluindo celíacos, diabéticos e intolerantes à lactose. O projeto surgiu da vontade de criar um espaço onde todos os consumidores pudessem partilhar as suas refeições com familiares e amigos, sem preocupações relativamente à saúde. BOCA DE LEÃO encontra-se certificada no âmbito do projecto Gluten Free da APC/BIOTRAB. Rua Dr. Manuel Monteiro, n. º27, r/c 4490-624 Póvoa de Varzim Telefone: 252177996/918100286 | E-mail: bocadeleao@sapo.pt

Rice Me: Novo restaurante certificado em Lisboa O Rice Me é um restaurante onde o arroz é, como o nome indica, o ingrediente principal. Todos os pratos, sobremesas e snacks têm o arroz como base e têm o propósito de explorar todo o potencial deste cereal. Tal como é divulgado pelo restaurante, a «ementa é diversificada para agradar a veganos ou carnívoros, a rotineiros ou “experimentadores”, apresentando opções vegan, biológicas, sem glúten e sem lactose». Todas as opções no menu são pensadas para uma alimentação saudável e, paralelamente, todos os alergénios estão identificados. Os clientes da Rice Me podem encontrar vários tipos de pão, panquecas, empadas e doces; ou refeições como wraps, risottos e noodles de arroz; várias sobremesas e menus infantis. Aderiu recentemente ao Projeto Gluten Free, da APC/Biotrab, sendo mais um local seguro para fazer as suas refeições fora de casa.

A Gluten’ Out abriu portas em novembro de 2016, mas o seu percurso começou dois anos antes, quando os responsáveis pela loja tomaram conhecimento das numerosas alergias e intolerâncias alimentares existentes, nomeadamente a intolerância ao glúten. «Descobrimos que a maioria da oferta existente é importada, e na sua maioria à base de açúcares, hidratos de carbono, corantes e emulsionantes não naturais», afirmam. Foi assim que este projeto teve início, com o objetivo de criar «uma loja que atendesse as necessidades dos intolerantes, uma cozinha que fabricasse de forma saudável e tradicional, uma cozinha que aproximasse os sabores e as texturas dos alimentos». Na Gluten’ Out é possível encontrar vários tipos de pão, como bolinhas de batata-doce, pão de alfarroba, pão de milho e pão com chouriço; vários rissóis e pastéis de bacalhau; bolachas de vários sabores, como amêndoa e manteiga de amendoim; bolos e tartes, entre eles tarte de amêndoa, muffins e cupcakes de sabores variados; e ainda bolos de aniversário decorados. Da oferta fazem parte produtos sem ovos e sem leite, e também produtos vegan. Os bolos podem ser feitos por encomenda com ingredientes à escolha. As encomendas podem ser feitas por telefone, e-mail ou através da página de Facebook.

No mercado há 23 anos, a Panidor decidiu inovar e apostar na produção de produtos sem glúten com o intuito de alcançar uma nova faixa de consumidores. Entre as opções isentas de glúten incluem-se os muffins simples, de chocolate e de limão com sementes de papoila (formato de 80 g), bem como a baguete artesana (65 g). Os produtos estarão disponíveis no canal Horeca (hotéis, cafés e restaurantes) e nas lojas da grande distribuição.

Morada: Travessa Outeiro dos Cepos n.º 44, 2425-618, Monte Redondo, Leiria Telefone: 244689050 | Site: www.panidor.pt E-mail: geral@panidor.pt

Mercado Municipal do Seixal, Av. Vasco da Gama, 53, loja 2, 2840-754 Seixal Telefone: +351 927 314 762 | E-mail: geral@glutenout | Site: www.glutenout.pt Horário de funcionamento: Na loja: terça-feira a sábado – 10h00 às 13h30 Entregas ao domicilio Margem Sul – terça a sexta-feira (18h00 às 20h00) Entregas ao domicílio Oeiras, Sintra, Massamá, Amadora e Lisboa – uma vez por semana das 16h30 às 20h00 Entregas para todo o país (produtos sob consulta) – terça a sexta-feira via transportadora

Rua Carlos Testa, n.º 18ª, 1050-046 Lisboa (junto ao El corte Inglès) Telefone: 914770741 | Site: www.riceme.pt | E-mail: eat@riceme.pt Horário de funcionamento: das 12h00 às 24h00 de segunda-feira a sábado

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PERGUNTAS CELÍACAS //

Perguntas Celíacas Respostas Sem Glúten Envie-nos as suas dúvidas e questões relacionadas com a doença celíaca. Neste espaço serão publicadas, seguramente, respostas sem glúten. Dr. Paulo Oliveira Ratilal, responsável por esta rúbrica, é médico gastrenterologista, exercendo a sua atividade clínica e endoscópica no Hospital Cuf Descobertas, em Lisboa. Tem especial dedicação à Doença Celíaca, interessando-se por uma abordagem global, nas suas vertentes de diagnóstico, acompanhamento e tratamento. Contacte-o através do e-mail perguntas.celiacas@celiacos.org.pt

Sou celíaco. No ginásio que frequento aconselharam-me a tomar suplementos vitamínicos e minerais, bem como batidos de proteínas. Posso fazê-lo? LD, Guimarães Atenção… A doença celíaca, sendo uma doença que causa má absorção intestinal, pode cursar com deficiências nutricionais. Faz parte da investigação inicial – no momento do diagnóstico – e da rotina – ao longo do tempo – o pedido de um conjunto de análises de sangue que se destinam a investigar se há alguma deficiência que deva ser suplementada. Assim, alguns celíacos orientados pelo seu médico e após realizar alguns exames beneficiarão realmente de suplementos vitamínicos e minerais (como, por exemplo, cálcio, ferro, vitamina B12 ou ácido fólico). Esses suplementos deverão ser prescritos na consulta e ser especificamente livres de glúten. Não esquecer que nunca deverão ser utilizados como substituição de uma dieta saudável, equilibrada e adequada. Os produtos à base de proteínas (batidos), actualmente tão aconselhados na prática do exercício físico, têm que ser utilizados com cuidado e, a primeira questão a colocar é acerca da sua real vantagem para o tipo de treino e face ao objectivo que se tem com essa prática. Seguidamente, há que considerar que os produtos a consumir: a) têm de estar especificamente rotulados como livres de glúten; b) têm geralmente substâncias acrescentadas para dar paladar, como edulcorantes ou açúcares artificiais (nomeadamente sorbitol ou aspartame) que, por si só, são causadores de alguns sintomas gastrointestinais; c) podem ter na sua composição outros componentes porventura lesivos ou tóxicos para outros órgãos como o fígado ou o rim. Não esquecer que é possível, no contexto da prática desportiva e de ginásio, cumprir uma dieta reforçada em proteínas utilizando alimentos comuns… E que há, como exemplo, receitas variadas para desportistas, como por exemplo barras energéticas (com reforço de carbo-hidratos e proteínas) que se podem fazer em casa com toda a segurança com alimentos naturalmente isentos de glúten.

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Tinha sintomas suspeitos de doença celíaca e consultei o meu médico. Fiz análises ao sangue, teste genético (que deu positivo) e endoscopia com biópsias do duodeno (que não foram normais). Mesmo assim, o médico diz-me que não consegue que doença tenho… O que devo fazer? SR, Sintra A doença celíaca nem sempre é fácil de diagnosticar. Nos casos em que tudo encaixa bem e o puzzle se compõe, o diagnóstico pode ser muito linear: alguém que tem queixas típicas (diarreia, dor e distensão abdominal e emagrecimento), com análises sugestivas (sinais laboratoriais de má absorção), serologia positiva (nomeadamente anticorpos anti-transglutaminase IgA elevados) e biópsias duodenais mostrando atrofia. Contudo, são cada vez mais frequentes os casos de adultos que se queixam, sem dúvida, de sintomas relacionados com a ingestão de glúten e que recorrem a uma consulta médica para investigação e que, após investigação completa, não é possível estabelecer o diagnóstico de doença celíaca. São pessoas geralmente com predisposição genética (genes positivos), sem alterações nas análises sanguíneas e com anticorpos negativos. As suas biópsias duodenais não são conclusivas porque não mostram inequivocamente atrofia (que é necessária para o diagnóstico de um celíaco) mas também não são totalmente normais (por terem linfócitos entre as células intestinais)… Como estes indivíduos se queixam repetidamente de sintomas quando ingerem glúten, acabam por fazer uma dieta dele isenta pois é assim que se sentem melhor. Podemos especular que pessoas com estas características têm “hipersensibilidade ao glúten não celíaca” – uma nova doença, ainda pouco estudada, sem critérios diagnósticos definidos mas também relacionada com os cereais (com o glúten ou com outras proteínas dos cereais, ainda não caracterizadas). Até que o conhecimento científico nos revele mais, estes indivíduos – com sintomas relacionados com o glúten mas sem diagnóstico de doença celíaca – devem cumprir a dieta com a qual se sentem melhor, mantendo ainda uma vigilância médica regular.

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NOVIDADES //

DOCTORGUMMY: Gomas mais saudáveis sem glúten

PRODUTOS SALOINHA Com logótipo da APC

A DoctorGummy comercializa gomas sem açúcar, sem lactose e sem glúten, com aromas e corantes naturais, promovendo um consumo mais saudável de guloseimas pelas crianças e respetivas famílias e amigos. As guloseimas da marca DoctorGummy foram pensadas no contexto de uma alimentação equilibrada. A marca assume que as gomas são mais saudáveis, mas continuam a ser guloseimas, e, como tal, devem ser consumidas depois de garantida uma alimentação completa. As gomas são confecionadas com o intuito de oferecer uma experiência «sem culpa». São utilizados aromas naturais de fruta, corantes naturais de vegetais (como espinafre, cenoura e abóbora) e edulcorantes naturais (xarope de maltitol e stevia). Neste momento, estão disponíveis as referências: Aviões, Bolas de Futebol, Frutas, Likes, Minhocas, Tubarões e Ursos. Os produtos foram pensados para que a textura, sabor e aspeto fossem iguais aos das gomas comuns, embora mais saudáveis. Para já, a venda é feita online (www.doctorgummy.com) e em farmácias e parafarmácias. A DoctorGummy e a APC colaboram desde junho de 2017.

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A Saloinha – Produtos Alimentares, Lda. é uma empresa familiar que se dedica ao fabrico, embalamento e distribuição de batatas fritas e pipocas, numa vertente tradicional. Localizada em Barril, uma pacata aldeia do concelho de Mafra, foi fundada em 1987 e conta actualmente com cerca de 40 colaboradores, todos residentes na região. A experiência adquirida ao longo dos anos tem permitido à empresa acompanhar as constantes evoluções do mercado e dar resposta às necessidades dos consumidores. Os produtos da Saloinha são tradicionais e de receita caseira, livres de alergénios e com base em ingredientes produzidos sem recurso a conservantes artificiais ou atmosferas protectoras. Neste sentido, toda a gama de batatas fritas da marca A Saloinha (Rodelas 45 g, Rodelas 90 g, Rodelas 200 g, Rodelas 400 g, Palha 200 g, Palha 400 g) é isenta de glúten, passando agora a ostentar nas suas embalagens o logótipo da APC para a fácil identificação por parte do consumidor celíaco. As batatas fritas A Saloinha podem ser encontradas na grande distribuição (hipermercados Continente, Pingo Doce, Jumbo, Intermarché [este último, localmente]), bem como no pequeno comércio (minimercados, supermercados, restaurantes, bares, churrasqueiras e máquinas de venda automática).

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DA ÉPOCA //

// RADAR

Natal com Tradição

Os estabelecimentos certificados, parceiros da APC, desenvolveram e oferecem-lhe doces típicos da época natalícia, para a celebração de um Natal Tradicional sem glúten.

Choco & Mousse

Museu do Pão

Para este Natal, a pastelaria disponibiliza as iguarias:

Por mais um ano, a marca Museu do Pão assinala esta época festiva com a sua

Sortido húngaro de Natal (vários sabores)

receita especial de Bolo Rei Sem Glúten. Para completar a oferta, surge ainda

Bolo-rei Sem Glúten | Bolo Rei Sem Glúten/Sem Lacticínios

acompanhado do Bolo-rainha Sem Glúten, uma receita para quem prefere os frutos secos às frutas cristalizadas.

Tronco de Natal Sem Glúten | Tronco de Natal Sem Glúten / Sem Lacticínios Mini tarteletes de maçã com especiarias Sem Glúten / Vegan

Os dois artigos estarão disponíveis nos locais habituais, nomedamente lojas Continente, El Corte Inglés, Jumbo, Intermarché, entre outros.

Bolo de cenoura Sem Glúten / Vegan Chocolates: Caixa de 6 bombons Especial Natal | Caixa de 12 bombons Especial Natal

PSICOLOGIA PARA ADULTOS CELÍACOS

Para encomendar, contacte diretamente a pastelaria 926 784 109 chocomousse.delicias@gmail.com @chocomousse.delicias

Gluoff Para o Natal 2017, a Gluoff tem a oferta de 2 packs, com desconto de cerca 10% em relação ao preço normal: Kit sem glúten composto por: 1 bolo de chocolate com mousse (26 cm) 1 cheesecake de framboesa (26 cm)

Gluten out «Da Consoada ao presente de baixo da árvore, a Gluten’Out está presente no seu Natal.»

Bombons lego, de chocolate branco

Este Natal vai encontrar:

bolachas, bombons e compotas

Bolo-rei e Bolo Rainha de fermentação

1 papo de anjo (26 cm)

lenta, natural e artesanal

Kit vegan sem glúten composto por:

Bolo de canela e gengibre

1 bolo de chocolate com ganache de chocolate (26 cm) 1 tarte crumble de maçã (23 cm) 1 bolo de laranja com calda de manga (26 cm)

Tarte de amêndoa e tarte de maçã

E os salgados que completam a mesa: Rissóis de pescada Rissóis de camarão Rissóis de carne Coxinhas de frango

com laranja, coco, ou simples

Pastéis de bacalhau Para encomendar: 927 314 762; geral@glutenout.pt; https://www.facebook.com/glutenout.pt/ Encomendas de Natal até dia 20/12.

Zarzuela Os doces tradicionais que pode encontrar: Bolo-rei, Bolo-rainha, Sonhos, Filhós, Sortidos de Natal, Tronco de Natal, Castanhas Broa Castelar, Bolo de Natal, Lampreia, Bolo de chocolate, Bolo de laranja etc.

Bolo rei/ escangalhado/ de chila/ de chocolate, bolo rainha, pão de ló,

A Zarzuela estará aberta no sábado (23.12) com o horário normal: 08.00 – 19.00 horas e Domingo (24.12.) 09.00 – 16.00 horas.

pão de ló húmido, rabanadas, pudins, tronco de natal, fios de ovos.

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Cabaz Natal Gluten Free, com granola,

Bombons de chocolate negro,

Entre os produtos já habituais, pode ainda encomendar:

Encomendas até dia 15 de dezembro, através de mensagem privada no facebook, e-mail HYPERLINK "mailto:bocadeleao@sapo.pt" bocadeleao@sapo. pt, ou dos telefones: 252177996 e 918100286.

e sem conservantes

Para oferecer:

As encomendas podem ser feitas através de mensagem privada na página Facebook, por email: gluoff.orders@gmail.com ou por telefone 91.730.15.20 até ao dia 18 de dezembro. As encomendas: -podem ser levantadas na fábrica em Cascais ou em Lisboa na mercearia Saloia nos dias 22 e 23 de dezembro. No dia 24 até às 13h apenas é possível levantar na fábrica. - entregues ao domicilio em Lisboa, Cascais e Sintra

Boca de Leão

Caixa composta gourmet, artesanais

Encomendas via email: info@zarzuela.pt, telefone 213 426 263 ou via Facebook: https://www.facebook.com/zarzuelapt, até às 12h (sexta-feira) de dia 22/12. Lista de produtos para a época natalícia completa disponível no Facebook: https://www.facebook.com/zarzuelapt/

Sem Glúten

Helena Correia Psicóloga Rocha, S. et. al. (2016). Os impactos psicossociais gerados pelo diagnóstico e tratamento da doença celíaca. http://dx.doi.org/10.1590/ S0080-623420160000100009

Quando um adulto é diagnosticado com doença celíaca, a dieta isenta de glúten, que é o tratamento prescrito, parece um grande NÃO, sobretudo ao convívio em torno da mesa. Mas se há quem evite o glúten por opção, será assim tão problemático excluí-lo por ordem médica? Simplifique. A dieta isenta de glúten é um tratamento não invasivo, que dispensa medicamentos. E as marmitas e a comida saudável continuam na moda, certo? A mudança pode parecer enorme, mas os alimentos naturalmente isentos de glúten já faziam parte do seu regime. Agora terá apenas que substituir algumas matérias-primas e evitar a contaminação cruzada. Nem tudo é perder, vai ganhar maior consciência em relação à qualidade daquilo que come. Quando der por si, sentir-se-á muito melhor e já estará a cumprir a dieta porque quer e não por obrigação. Vá mais além. Depois de saber que é celíaco, já não pode não sê-lo. Abrace a causa, informe e forme as pessoas à sua volta sobre estas questões. Não ceda à pressão nem vá em cantigas, pois não é por ser mais velho que as consequências de uma ingestão de glúten serão menores do que numa criança. Mesmo que tenha a doença controlada, não significa que esteja “curado”, que possa deixar de seguir a dieta ou ingerir paralelamente glúten, nem que seja “só um bocadinho”. Se tudo isto lhe parecer demasiada informação ou emoção em tão pouco tempo, procure a ajuda de um psicólogo. Vai sentir-se menos afetado pelo impacto do diagnóstico e mais apoiado neste processo de aceitação. A intervenção psicológica pode ser a chave para mudar de perspetiva e enfrentar o desafio da doença celíaca como algo que condiciona, mas que não define a pessoa na sua totalidade. Este pequeno artigo procurou mostrar como alterar comportamentos e pensamentos, para se sentir mais feliz. Não deu por isso? É porque ir ao psicólogo não dói nada.

Descomplique. Não é preciso deixar de fazer absolutamente nada, a não ser ingerir glúten. Sair, conviver e viver plenamente são imperativos – pode e deve sem restrições!

Sem Glúten

Neste espaço, serão abordados temas de atualidade em artigo de opinião da autoria de profissionais de diversas áreas, com temas relacionados com saúde e bem-estar, na perspetiva de um especialista na matéria.

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FIQUE A SABER //

Doença celiaca e saúde oral: o que os dentistas precisam de saber

POR STEFANO GUANDALINI, Médico e EDGARDO RIVERA, Médico Para estarmos sempre atualizados relativamente aos avanços científicos mais relevantes na investigação sobre a doença celíaca, a APC estabeleceu uma parceria com um dos centros de excelência nesta matéria: The University of Chicago Celiac Disease Center. Em resultado desta aproximação, estamos autorizados a incluir na nossa revista artigos produzidos pelos seus investigadores.

Os efeitos da doença celíaca (DC) na saúde oral são uma manifestação que tende a ser negligenciada. Na realidade, a DC pode levar à erupção dentária retardada, anomalias do esmalte dentário e aftas orais recorrentes. Este artigo incide sobre os sintomas orais da DC, por definição extraintestinais, mas geralmente menos comuns e menos discutidos na literatura.

MANIFESTAÇÕES ORAIS DA DOENÇA CELÍACA A longa lista de sinais e sintomas clínicos associados à DC inclui manifestações orais como hipoplasia do esmalte dentário, úlceras aftosas e erupção tardia dos dentes. A hipoplasia do esmalte dentário, uma anomalia do esmalte relacionado com a nutrição, expressa-se de forma variável, como através de cavidades, linhas e sulcos nos dentes. A sua prevalência variou de 10% a 97% (Pastore et al., 2008, Wierink et al., 2007, Avsar & Kalayci, 2008, Acar et al., 2012) e parece ser mais prevalente em crianças celíacas, em comparação com adultos. Esta anomalia, mais comum em pacientes com DC em comparação com a população em geral (Rashid et al.), é considerada secundária face a deficiências nutricionais e distúrbios imunológicos durante o período de formação de esmalte nos primeiros sete anos (Cheng et al.) de vida. Outra anomalia do esmalte que pode ser associado à DC é a perda parcial ou completa do esmalte. De facto, um grande estudo epidemiológico em crianças italianas (Martelossi et al., 1996) descobriu que os defeitos do esmalte dentário podem às vezes ser o único sintoma da DC em crianças. Portanto, estas irregularidades podem ser uma ferramenta de triagem útil. Os dentistas devem ser sensibilizados e referenciar um pediatra ou gastroenterologista pediátrico para seguimento. As úlceras aftosas, assim como as aftas, também podem estar presentes em crianças e em adultos com DC. Neste momento, não é claro se estes estão associados a malformações de esmalte - é necessária mais pesquisa sobre o tema - e a sua prevalência posterior em pacientes com DC é variável (Campisi et al., 2008).

celíacos, essas úlceras geralmente regridem quando os pacientes cumprem uma dieta isenta de glúten (Campisi et al., 2007). Outra manifestação oral da DC é a erupção dentária retardada. Este sintoma foi reportado em até 27% dos pacientes com DC (Campisi et al., 2007). No entanto, este é um sinal não específico, possivelmente relacionado com a desnutrição. Este sintoma precisa de ser avaliado em conjunto com o resto do exame oral, o dentista deverá estar desperto para e desconfiar sobre a possibilidade de DC. Um estudo em Israel avaliou a saúde oral, a colonização bacteriana e a capacidade de retenção salivar de crianças com DC no diagnóstico e numa dieta isenta de glúten (Shteyer et al., 2013). Todas as crianças foram examinadas por dentistas pediátricos, e foram recolhidas amostras de saliva para análise bacteriana e de pH. Foi encontrada uma maior prevalência de hipoplasia do esmalte (66%) nas crianças celíacas. No entanto, o índice de placa era significativamente inferior nas crianças celíacas a fazer uma dieta isenta de glúten, que se correlacionou com o comportamento de saúde oral relacionado com a escovagem dos dentes e a frequência com que comiam entre as refeições. Verificou-se que as crianças celíacas a fazer uma dieta isenta de glúten escovaram os dentes e usaram fluoreto significativamente mais frequentemente do que outras crianças no estudo.

DIAGNÓSTICO DA DOENÇA CELÍACA Os sintomas dentários acima discutidos não são certamente adequados para diagnosticar a DC. O diagnóstico de DC deve abranger a apresentação clínica, marcadores sorológicos e outros dados relevantes. No entanto, como os sintomas orais podem ser tão pronunciados, é vital educar dentistas e higienistas orais sobre eles. Ao detetar aqueles sintomas em pacientes, sejam eles crianças ou adultos deverão sugerir a consulta de um médico, idealmente um gastroenterologista, para uma avaliação posterior.

As úlceras orais não são nem características nem específicas da DC, uma vez que as úlceras aftosas também podem estar associadas a outras condições médicas, como doença inflamatória do intestino e doença de Bechet. No entanto, deve referir-se que, em pacientes

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FIQUE A SABER //

// FIQUE A SABER

Doença celíaca e dieta sem glúten em crianças portuguesas Evolução de marcadores antropométricos É consensual a adoção de uma dieta isenta de glúten (DIG) nos indivíduos com doença celíaca (DC), apresentando-se como o único tratamento para esta condição. No entanto, sabemos que a mesma deve ser saudável, diversificada e adequada às necessidades nutricionais de quem a pratica. Na última década, a indústria colocou no mercado uma grande diversidade de alimentos projetados especificamente para dietas sem glúten, proporcionando maior escolha e também um aumento na ingestão desses alimentos. Por outro lado, o aumento da permeabilidade intestinal induzida pelos aditivos alimentares industriais, explica o aumento observado nas doenças autoimunes gerais, incluindo a DC. Como tal, paralelamente ao efeito benéfico já descrito, a adequação nutricional da DIG tem sido questionada, uma vez que pode levar a desequilíbrios nutricionais, aumentando as deficiências causadas pela má absorção intestinal. A evolução dos marcadores antropométricos em crianças com DC tem sido avaliada e, em alguns casos, as crianças com peso normal

no momento do diagnóstico evoluem para um estado de pré-obesidade ou obesidade durante o seguimento da DIG. A ausência de dados equivalentes/similares em Portugal, motivou a realização deste estudo. Trata-se de uma avaliação descritiva, observacional e transversal da progressão de marcadores antropométricos em 61 crianças (5 aos 18 anos) portuguesas celíacas cumprindo a DIG. O desenvolvimento e implementação de um questionário on line divulgado na página da Associação Portuguesa de Celíacos entre fevereiro e abril de 2015, permitiu a recolha dos dados fornecidos por pais/cuidadores das crianças. Através dos marcadores antropométricos peso e altura e das curvas de crescimento utilizadas pela Direção Geral de Saúde foi calculado o percentil de Índice de Massa Corporal das crianças no momento do diagnóstico e na data de realização do estudo, revelando a possibilidade de um aumento de peso que pode cruzar várias linhas de percentil com significância estatística para crianças do sexo masculino e feminino (p = 0,008). A realização de um questionário de frequência alimentar permitiu comparar carac-

terísticas de ingestão destas crianças com as recomendações de ingestão da DGS, assim como avaliar a percentagem que representam na ingestão diária destas crianças os alimentos especificamente projetados para dietas sem glúten.

Patrícia Soares, Piedade Sande Lemos, Ana Maria Pires, Ana Cláudia Cavaco de Sousa, Celiac Disease and Gluten-free Diet in Portuguese Children– An Anthropometric Marker Contribution Assessment, International Journal of Celiac Disease. 2017, 5(2), 62-68. DOI: 10.12691/ijcd-5-2-5 Poderá consultar na integra este artigo recentemente publicado em: International Journal of Celiac Disease, 2017, Vol. 5, No. 2, 62-68

Doença celíaca e aleitamento materno Quais as evidências? Juliana Francisco - Nutricionista Estagiária (2070NE)

O leite materno constitui o alimento completo e natural adequado para a maioria dos recém-nascidos, salvo raras exceções.(1) Inúmeros benefícios estão descritos, desde o ponto de vista nutricional, imunológico ou psicológico, graças à sua composição única em determinados nutrientes.(2) De acordo com a evidência, sabe-se que o leite materno confere proteção contra várias doenças e proporciona uma nutrição de alta qualidade para a criança, auxiliando o seu crescimento e desenvolvimento.(2) Apresenta uma ação positiva em vários fatores de risco, como por exemplo na obesidade, diabetes mellitus tipo 2, hipercolesterolémia ou resistência à insulina, estando descrita em inúmeras publicações.(3,4) Desempenha ainda um papel benéfico como fator de desenvolvimento do sistema imunitário do recém-nascido assim como protetor de diversas infeções, tais como gastrointestinais, urinárias e respiratórias.(1,5). Estes benefícios proporcionam uma alta credibilidade para a interpretação do possível efeito protetor sobre a doença celíaca (DC).(6) Sabendo que a predisposição genética e a ingestão de glúten desempenham um papel no desenvolvimento da doença, mas não suficiente, acredita-se que existe um estímulo ambiental que desencadeia o sistema imunológico, tornando-o propenso ao desenvolvimento subsequente de DC.(7) Como alvo de estudo dos fatores de risco ambientais, têm sido discutidas as práticas de alimentação infantil precoce, nomeadamente o papel do leite materno como fator de proteção, a introdução do glúten no período de amamentação e a idade em que o glúten é introduzido na alimentação.(8) Vários são os mecanismos relatados por associarem a amamentação à prevenção de DC, entre os quais, por exemplo: • A amamentação continua no momento desmame a limitar a quantidade de glúten recebido pelas crianças, diminuindo assim as hipóteses de desenvolver sintomas de DC.(7) • A proteção do leite materno contra infeções gastrointestinais, que na fase inicial da vida podem levar a uma maior permeabilidade da mucosa intestinal, permitindo a passagem do glúten o que desencadeia o processo de DC em indivíduos suscetíveis.(9) No entanto, o mecanismo real através do qual o leite materno pode conferir proteção ainda não está definido.(7) Os resultados incompatíveis dos vários estudos realizados demonstram que ainda não há evidência conclusiva de que a amamentação prolongada e a amamentação no momento da introdução do glúten fornecem prevenção a longo prazo contra a DC. (9,10) As diretrizes mais atuais, disponibilizadas pela ESPGHAN, indicam que a prática da amamentação quando comparada com a ausência de amamentação não constitui um fator preventivo no desenvolvimento de DC durante a infância.(8) Esta informação não deve de todo sobrepor as recomendações sobre o AM, que não deve ser modificado devido aos inúmeros benefícios oferecidos pelo leite materno. Considerado pela Organização Mundial de Saúde como o melhor alimento para o bebé, o leite materno é recomendado, de forma exclusiva, até

aos 6 meses de idade, como forma de garantir um ótimo crescimento e desenvolvimento do recém-nascido.(11) A partir dessa idade, deve assegurar-se a manutenção do aleitamento materno conjuntamente com alimentos complementares até, pelo menos, aos 2 anos de idade.(11) A idade de introdução do glúten na alimentação infantil ou a prática de introdução do glúten durante a amamentação não parecem reduzir o risco de doença celíaca em lactentes de risco.(8) Assim, introduzir o glúten enquanto a criança está a ser amamentada não pode ser recomendado como uma medida de redução do risco de DC.(8) As recomendações indicam que a introdução na alimentação infantil deve ser feita entre os 4 – 12 meses, uma vez que não parece influenciar o risco absoluto de desenvolver DC durante a infância.(8) Relativamente à quantidade de glúten que deve ser introduzido na alimentação, ainda não está estabelecido o valor real que leva ao risco de desenvolvimento de DC. No entanto, as recomendações não aconselham o consumo de grandes quantidades de glúten durante os primeiros meses após a introdução do glúten.(8) Estas indicações não invalidam a realização de mais estudos sobre esta temática pois torna-se necessário clarificar se é realmente o aleitamento materno que confere a proteção ou simplesmente é responsável pelo encobrimento dos sintomas clínicos e pelo atraso no aparecimento da DC.(12) Referências Bibliográficas: 1. Levy L, Bértolo H. Manual de aleitamento materno [Internet]. Lisboa: Comité Português para UNICEF; 2008 [citado 4 de Outubro de 2017]. Disponível em: http://novo.chpvvc.pt/imagens/servicos/sclinicos/obstetricia/Manual_do_Aleitamento_Materno.pdf 2. Anatolitou F. Human milk benefits and breastfeeding. J Pediatr Neonatal Individ Med JPNIM. 23 de Outubro de 2012;1(1):11–8. 3. Ravelli A, van der Meulen JHP, Osmond C, Barker D, Bleker O. Infant feeding and adult glucose tolerance, lipid profile, blood pressure, and obesity. Arch Dis Child. Março de 2000;82(3):248–52. 4. Horta BL, Loret de Mola C, Victora CG. Long-term consequences of breastfeeding on cholesterol, obesity, systolic blood pressure and type 2 diabetes: a systematic review and meta-analysis. Acta Paediatr Oslo Nor 1992. Dezembro de 2015;104(467):30–7. 5. Kramer MS, Kakuma R. The optimal duration of exclusive breastfeeding: a systematic review. Adv Exp Med Biol. 2004;554:63–77. 6. Silano M, Agostoni C, Sanz Y, Guandalini S. Infant feeding and risk of developing celiac disease: a systematic review. BMJ Open. 1 de Janeiro de 2016;6(1):e009163. 7. Akobeng AK, Ramanan AV, Buchan I, Heller RF. Effect of breast feeding on risk of coeliac disease: a systematic review and meta‐analysis of observational studies. Arch Dis Child. Janeiro de 2006;91(1):39–43. 8. Szajewska H, Shamir R, Mearin L, Ribes-koninckx C, Catassi C, Domellöf M, et al. Gluten Introduction and the Risk of Coeliac Disease: A Position Paper by the European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 1 de Março de 2016;62(3):507–13. 9. Henriksson C, Boström A-M, Wiklund IE. What effect does breastfeeding have on coeliac disease? A systematic review update. Evid Based Med. Junho de 2013;18(3):98–103. 10. Vriezinga SL, Auricchio R, Bravi E, Castillejo G, Chmielewska A, Crespo Escobar P, et al. Randomized Feeding Intervention in Infants at High Risk for Celiac Disease. N Engl J Med. 2 de Outubro de 2014;371(14):1304–15. 11. WHO | Global strategy for infant and young child feeding [Internet]. WHO. [citado 4 de Outubro de 2017]. Disponível em: http://www.who.int/nutrition/publications/infantfeeding/9241562218/en/ 12. Pereira F, Ferreira A, Tavares M, Canedo P, Costa A, Trindade E, et al. Doença celíaca e Aleitamento materno: evidências epidemiológicas. Revista da SPCNA. 2006;12(1):29–35.

Já marcou a sua consulta de Nutrição? O nutricionista tem um papel essencial na implementação e monitorização da dieta isenta de glúten. Assim, aconselhamos que marque a sua consulta com as nutricionistas da APC através dos contactos 918 139 511 | 217 530 193 | nutricionista@celiacos.org.pt e beneficie dos preços especiais para sócios e amigos da APC: Sócio: 15 € a primeira consulta e 10 € as consultas subsequentes. | Amigo APC: 20 €. Sugira temas que gostasse de ver abordados nesta rubrica, dê-nos a sua opinião através do email nutricionista@celiacos.org.pt ou do telefone 98139511. A sua sugestão é bem vinda.

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ESPAÇO SÓCIO //

// ESPAÇO SÓCIO

Gluten Free Life Style e a Célia Celíaca

Hoje vamos conhecer a história de Eve Ferretti, autora da Célia Celíaca, personagem que vem chamando atenção nos últimos tempos nas redes sociais - @cceliaca. Eve nasceu em Curitiba, no Brasil, tendo também nacionalidade Italiana vive atualmente no Porto, cidade que a acolheu há um ano. Escritora e ilustradora, já ganhou vários prêmios importantes na área de literatura e animação. Eve foi diagnosticada celíaca em 2012, apenas na idade adulta mesmo apresentando sintomas clássicos desde criança. Em 2015, viu-se confrontada com a dura realidade da doença celíaca, ano em que recebeu a notícia de um tumor benigno no estômago acrescido de outros problemas subsequentes. Este agravamento do seu estado de saúde só aconteceu porque o médico que a acompanhava não a alertou sobre os riscos da contaminação cruzada. Foi apenas quando começou a ser acompanhada da forma adequada pelo Dr. Paulo Costa Claro, reconhecido especialista da doença celíaca no Brasil, que o seu estado de saúde melhorou. Conversando com outros celíacos percebeu que a grande maioria também recebera um diagnóstico tardio e pouquíssimos eram acompanhados de forma adequada. A falta de divulgação, a quantidade de pessoas com as mesmas perguntas e problemas era perceptível. Eve decidiu então pôr mãos à obra, assim que nascia o projeto “Célia Celíaca Glúten Free Lyfestyle”. O projeto visa apoiar e incentivar a mudança de hábitos, produzindo conteúdos e divulgando informação de uma forma bem disposta, repleto de humor falando sobre a celíaca, outras desordens, alergias e intolerâncias alimentares, incentivando todos a levarem um estilo de vida saudável, cuidando do corpo e da mente. No dia 11 de novembro inaugura o site do Projeto, o link é www. celiaceliaca.com. No site os visitantes poderão conhecer a Célia Celíaca e suas divertidas histórias, conhecer mais sobre a autora

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Ser celíaco em Kiev Aproveitando uma deslocação a Kiev, por razões profissionais conjugadas com umas pequenas férias, não quisemos perder a oportunidade de contactar a Associação Ucraniana de Celíacos, no intuito de percebermos um pouco da sua dinâmica. Fomos recebidos pela presidente da Associação Dra. Olga Naumova (médica alergologista e dietista) ela própria celíaca e mãe de duas jovens, também elas celíacas. A associação existe há cerca de 10 anos, não tem sede própria e, qualquer um dos colaboradores exerce as suas funções em regime de voluntariado. Dada a situação económica do país, também não existe quotização o que torna mais difícil quer a divulgação da associação, quer os apoios aos celíacos e seus familiares. Mesmo assim a associação procura promover ações de sensibilização junto de algumas estruturas da sociedade, nomeadamente escolas e restauração, possibilitando a identificação e certificação dos produtos isentos de glúten. Tem também produzido material didático e pedagógico para explicação da doença celíaca. Relativamente ao número de celíacos diagnosticados não tem sido possível fazer uma estimativa até porque os indivíduos só são considerados doentes durante os dois primeiros anos. Após a remissão da sintomatologia saem dos registos do hospital como celíacos. Os apoios do estado são parcos e estão restritos ao período do diagnóstico, contrariamente ao que se passa em Portugal em que é possível acedermos, até

à idade dos 24 anos, a uma bonificação. Relativamente aos produtos específicos para celíacos, não existe política de alergénios, o que dificulta a leitura dos rótulos. A título de exemplo e, para os mais gulosos, uma das fábricas de produção de chocolates, (Lviv Handmade Chocolat) tem chocolates sem glúten (fomos agraciados com uma caixa, pela Presidente da Associação) e, embora seja certificada pela Associação, não faz menção à isenção. Relativamente à aquisição de produtos de marcas específicas destinados a celíacos é possível encontrá-los em algumas superfícies comerciais, mas também a preços significativamente superiores aos seus congéneres para não celíacos. Se em Portugal nos queixamos do preço dos produtos, para o rendimento de Kiev, os preços praticados tornam o acesso a esses mesmos produtos bastante difícil para uma grande parte da população. Quando comparámos o preço dos mesmos produtos em Kiev e em Portugal, a diferença de valores flutuava entre os 80 cêntimos a um euro, a menos do que os praticados em Portugal, representando isso um valor bastante alto para a maioria da população ucraniana, cujo poder de compra médio se situa a cerca de um quinto do da população portuguesa. Em resumo, muito há ainda a fazer quer no campo legislativo, quer no campo da saúde e na divulgação da doença celíaca nesse país. Os apoios do Estado Ucraniano são escassos e limitados no tempo, a prevalência da doença, subdiagnosti-

cada pelos motivos apresentados, e por tudo isto a doença não tem merecido a atenção que lhe é devida.

O Regresso à AOECS

do projeto, sobre celíacos no mundo, sobre como é possível viver sem glúten e vida saudável em geral! Eve, também escreveu um livro de literatura no estilo nonsense, inspirado na celíaca. No livro a autora criou personagens engraçadíssimos, e cada um deles traz um sintoma diferente, a abordagem é mesmo hilariante, a começar pelo titulo da obra ”O homem que soltava pum e outras histórias”. O livro será publicado aqui em Portugal pela editora Blue Book, com aval da APC. O lançamento está agendado para o dia 11 de novembro no 46.º Encontro Nacional da APC e pode ser adquirido através do site do projeto.

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A AOECS é a organização que congrega as associações de celíacos europeias, reconhecidas pelos governos dos respetivos países. É por excelência um fórum de partilha permanente de boas práticas e também um fator de influência, designadamente junto das estruturas da UE e da industria alimentar, resultando da sua atuação muitos dos progressos que se têm registado no âmbito da qualidade de vida dos celíacos. Neste contexto, a participação ativa da APC é por demais necessária e por isso resolvemos solicitar a nossa reintegração e estar presentes, através da Mafalda Carvalho e da Susana Tavares, no último encontro anual, que decorreu em Belgrado, Sérvia, nos dias 15 e 16 de setembro. Para voltarmos a ser membros de pleno direito tivemos que sujeitar o nosso pedido à apreciação

dos restantes países, fazendo em assembleia geral uma apresentação da representatividade e principais atividades da APC em Portugal. Esta suscitou o maior interesse da parte dos presentes, que reconheceram a amplitude da nossa intervenção e o pioneirismo de muitas das nossas atividades (exº o programa de formação Celiac, único entre todas as associações) e por isso a nossa reentrada foi aprovada por unanimidade. Aproveitando a nossa presença no evento, encetámos contactos com as outras associações e especialmente com as nossas congéneres espanholas (FACE e Celiacos da Catalunha) e de Andorra, com quem, por razões óbvias de proximidade geográfica e afinidade cultural perspetivamos poder realizar eventos conjuntos.

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É sempre galvanizador perceber que, sendo Portugal um país tão pequeno e ainda para mais com uma cultura de associativismo tão pouco enraizada (temos pouco mais de 10% do número de sócios potencial), a APC é capaz de impressionar as suas congéneres europeias e destacar-se de forma significativa como das mais empreendedoras. Agora que somos de novo membros de pleno direito da AOECS, trabalharemos intensamente para valorizar a APC e para contribuirmos ativamente para aumentar o seu poder de intervenção junto dos diferentes interlocutores.

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ESPAÇO SÓCIO //

Plano Plano de de Atividades Atividades APC APC 2018 2018 17 Fevereiro

Sessão acolhimento com WS pão e bolo, Lisboa

17 Março

Workshop Páscoa – Porto

24 Março

Encontro Nacional, Algarve Mês do Celíaco

16 Maio

Dia do Celíaco Ações de sensibilização

19 Maio

APC dinamiza formações em escolas A APC, no âmbito das ações de formação, dinamizou três sessões formativas para sensibilizar os cuidadores de jovens celíacos para a doença celíaca e capacitar para a garantia de uma dieta isenta de glúten num contexto escolar. As ações decorreram no Colégio Os Cartaxinhos, no Centro de Helen Keller e na Associação São João Deus, através da iniciativa de mães de celíacos associados na APC. O contacto direto estabelecido com os profissionais das escolas permite o esclarecimento de diversas questões não só relacionadas com a doença mas também sobre a abordagem especifica a ter sobre os alimentos considerados perigosos e às contaminações cruzadas.

Almoço de celebração do Dia do Celíaco, local a definir

16 Junho

RÚBRICA CELEIRO

Sessão acolhimento com WS pão e bolo, Porto

14 e 15 de Julho

Celiac Teen (Curso de Especialização para Jovens Celíacos), Lisboa

26 de Agosto a 1 de Setembro (a confirmar) – Campo de Férias

17 Novembro

Encontro Nacional, Coimbra

15 Dezembro

Workshop de Natal – Lisboa

Nova loja Celeiro no Mar Shopping Loulé O Algarve contará com mais uma loja Celeiro, que se irá juntar às lojas do Fórum Algarve e do Algarve Shopping. A nova loja, situada no Mar Shopping, em Loulé, contará com a habitual oferta das lojas Celeiro: suplementos, cosmética biológica, produtos frescos biológicos e uma vasta oferta de produtos sem glúten. Não deixe de visitar este novo espaço!

* Plano de Atividades sujeito a alterações

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CRÓNICAS & VIAGENS //

// RECEITAS

Praxe Sem Glúten, é possível. Nos dois últimos anos a minha vida sofreu várias alterações, sendo a principal a minha entrada para a universidade o ano passado. Como era de esperar, houve uma grande mudança tanto na rotina como no ambiente em meu redor. No entanto, apesar do nervosismo normal que seria de esperar nas semanas antes de me tornar universitária, era a PRAXE que me deixava mais receosa. Não tanto pelo que era divulgado pela comunicação social (felizmente nunca me deixei afetar por tal) mas sim por saber que havia uma grande probabilidade de estar envolvida farinha. Não foi esta possibilidade que me fez não arriscar, porque de facto era algo que eu queria vivenciar para poder ter a minha própria opinião, avisando sempre qual era a minha situação. Resultado? Nunca me senti tão respeitada como me senti (e continuo a sentir) ali. Já passou um ano e eu continuo a viver cada momento ao máximo.

Nada tem que ser impeditivo de fazermos o que queremos fazer porque somos ou deixamos de ser de alguma forma. A praxe é sem dúvida uma fonte de união e não importa a forma como é vivida mas sim vivê-la independentemente de qualquer outra coisa.

Ingredientes 300 ml de água 150 gr de aletria sem glúten 250 ml de leite magro ou meio-gordo 150 gr de açúcar 6 gemas 1 pau de canela 1 pitada de sal Casca de 1 limão Preparação Coloque um tacho no lume com a água, a casca de limão, o sal e o pau de canela. Deixe ferver durante 2 a 3 minutos e retire a casca de limão e o pau de canela. Adicione a aletria partida aos pedaços e deixe ferver mais 5 minutos, mexendo com um garfo para não pegar. Retire do lume, coloque num escorredor e reserve. Leve o leite e o açúcar ao lume. Quando começar a ferver, junte a aletria e continue a mexer até embeber o leite. Retire do lume. Desfaça as gemas com um pouco de leite frio e junte ao preparado anterior ainda fora do lume. Leve novamente ao lume para cozer as gemas. Coloque no prato, decore a gosto e sirva.

Sempre que os jogos envolviam farinha, bolachas ou papas em pó, os Pastranos, Doutores e Veteranos arranjavam soluções para mim pondo-me em posições em que não era necessário entrar em contacto com estes alimentos, trocavam-nos por água, ou diziam para ser a primeira a jogar para depois, com os meus colegas, poderem usar os mesmos. Nas atividades em que os vários cursos se juntavam, eram muitas vezes os meus colegas que me ajudavam a expor a minha condição, chegando até a serem os primeiros a dar o passo em frente e dizer “Olhem que ela assim não pode jogar”. Ao fim de um ano a ser praxada, com jantares de curso, actividades e jantares em conjunto com mais cursos e jogos com farinhas, posso dizer que foi das melhores decisões que tomei. Hoje visto o traje com todo o orgulho possível e não vivi nem vivo menos que os restantes por não poder participar numa ou outra situação da mesma forma.

Aletria

Receita e foto facultadas por Maria Adelaide Oliveira, sócia da APC.

Deixe-nos o relato da sua melhor experiência em viagens sem glúten. Desperte a curiosidade e potencie a confiança dos leitores da Sem Glúten.

Bolos De Arroz Ingredientes 150 gr de açucar + q.b para a superfície 100 gr de margarina amolecida 3 ovos 3 colheres de sopa de leite temperatura ambiente 100 gr de farinha sem glúten 100 gr de farinha de arroz 1 colher cha de fermento 1 colher de chá de goma xantana raspa de limão aros para bolo de arroz tiras de papel vegetal para bolo de arroz 15 cm por 6 cm Preparação Bata a margarina com o açúcar. Junte os ovos, a raspa de limão e o leite até obter uma mistura homogénea. Peneire as farinhas junto com o fermento, a goma xantana e adicione aos poucos ao preparado anterior batendo sempre. Pre-aqueça o forno. Prepare os moldes e coloque-os dentro dos aros e disponha em cima de um tabuleiro forrado de papel vegetal. Por fim coloque duas colheres de sopa em cada aro com um montinho de açúcar por cima e levar ao forno por 20/30 minutos. (vá vigiando pois depende do forno)

Sabe onde fazer refeições em segurança? Não se esqueça de consultar os estabelecimentos certificados pela APC/Biotrab em: http://www.celiacos.org.pt/alimentacao/fora-de-casa/ category/fc-certificados.html

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© Célio Cruz

Receita facultada por Carla Silva, mãe do Bernardo, sócio da APC.

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RECEITAS //

Peru de Natal com Salada de Espinafres Baby, Clementinas, Pinhões e Amêndoas Tempere a carne com sal e pimenta. Numa tigela, misture a mostarda, o molho inglês e os alhos esmagados. Barre a carne com esta mistura.

Para 6 Pessoas Ingredientes Para o peru: . 750 gr rpeito de peru . 3 dentes de alho . 2 colheres de sobremesa de molho inglês sem glúten . 1 colher de café de mostarda sem glúten . 50 gr + 1 colher de sobremesa de manteiga ou margarina . 1 chávena de chá de leite . 1 chávena de chá de natas . 1 colher de chá de amido de milho . Sal q.b. . Pimenta q.b. . 1 placa de massa folhada sem glúten da marca Croustipate . 1 receita de patê de fígado de galinha (receita no livro “Coma à Vontade!”)

Para a salada: . 200 gr de espinafres baby . 1 clementina . 25 gr de amêndoa . 25 gr de pinhões . 45 gr azeite . 15 gr vinagre de cidra . 6 gr de mel

Coloque 50 gr de margarina numa panela e cozinhe a carne, em lume baixo, virando-a regularmente. A carne demorará cerca de 20 minutos a ficar no ponto. Deixe arrefecer. Estenda a massa folhada, barre com o paté de fígado de galinha e embrulhe nela o peito de peru. Leve ao forno pré-aquecido a 180º durante 20 minutos. Agora, prepare o molho. No tacho onde cozinhou a carne, deite o leite e leve ao lume até levantar fervura. O leite vai absorver os sabores da carne. Passe o leite por um passador e num tacho limpo leve de novo ao lume com as natas e o amido de milho. Mexa com uma vara de arames até engrossar. Retifique o sal. Já fora do lume, junte uma colher de sobremesa de manteiga. Para preparar a salada, comece por tostar os pinhões e as amêndoas numa frigideira. Descasque e corte as clementinas em gomos. Na saladeira onde vai servir, misture os espinafres, as clementinas e os frutos secos. Junte o azeite, o vinagre de sidra e o mel e tempere a salada com este molho. Receita e fotos facultada por Rita Mendes Correia, autora do livro “Coma à Vontade!”

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