#01 Abril/2019
ESTRANHO NO E NINHO
ST NO R A NI NH NH O O
os desafios do profissional ligado à inovação nas grandes corporações brasileiras
as principais aplicações da IA no dia a dia da sua empresa
guia com os principais eventos de inovação no Brasil e no mundo
transformando executivos em mentores de startup
CHATBOTS
EVENTOS
MENTORSHIP
ABRIL, 2019 | 1
2
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
NESTA EDIÇÃO Conheça aqui o que você encontrará ao folhear as páginas desta edição da The Funnel Brasil
SXSW: a tecnologia centrada no ser humano
entrevista com Jay Samit
37
24
guia The Funnel de eventos de inovação 34
aprendendo a guiar 07
crônicas de um projeto real de inovacão corporativa 27
porque um designer pode ser sua contratação mais importante 32
C A P A
estranho no ninho 16
destrinchamos a realidade dos executivos de inovação de algumas das maiores empresas brasileiras
falando aqui com meus bots 12
ABRIL, 2019 | 3
COLABORADORES
Hilton Menezes
Ahi Gvirtsman
Co-fundador e CEO da Kyvo. Tem especializa-
Autor do livro “The PEAK Innovation Principles”
ções em Negócios e em Design Estratégico, além
e membro do conselho da Duco. Já foi vice-
de um mestrado em Computação. Nos últimos
presidente e chefe de inovação global da divisão
anos, tem atuado diretamente com o ecossis-
de software da HP e é considerado um guru de
tema empreendedor, como na coordenação
inovação organizacional. Seus métodos estão
dos programas de aceleração de startups Visa
sendo implementados em diversas empresas,
e do Merkaz. Além da Kyvo, é co-fundador da
inclusive no município de Tel-Aviv, no Banco
Service Design Network Brazil.
Nacional Federal de Israel, Leumi Bank, IDF e IAI (Indústria Aeroespacial de Israel).
Guilherme Manechini
Israel Lessak
Jornalista especializado em Economia e
Especialista em Human-Centered Design e
Negócios, já trabalhou nas principais redações
co-fundador da Kyvo, lidera o Labs, frente que
da área no Brasil (Valor Econômico, Revista
atua na estruturação de novas parcerias, projetos
Exame, Portal iG, jornal DCI e Agência Dinheiro
e programas da consultoria. Também está
Vivo). Entre 2014 e 2018 foi editor da revista GQ
envolvido ativamente na liderança de iniciativas
Brasil. Atualmente, é Head de Comunicação da
locais de fomento ao ecossistema de inovação
Kyvo e um dos curadores do Wired Festival.
por meio do design (Service Design Network e Global Service Jam).
Dubes Sônego
Pedro Carvalho
Jornalista com 20 anos de experiência como repórter
Jornalista de Economia e Negócios na maior parte
e editor de Economia e Negócios. Passou por Gazeta
de sua carreira. Escreve para veículos como Veja,
Mercantil, Valor Econômico, Meio&Mensagem,
Veja SP, Época Negócios, GQ, Trip, Pequenas
Revista Foco, América Economia, Brasil Econômico,
Empresas & Grandes Negócios e Estadão. Participou
iG e Época Negócios. Foi vencedor da edição 2016
de coberturas de Jogos Olímpicos (2012), Copa
do prêmio da Associação Brasileira de Private Equity
do Mundo (2018), Festival de Cannes (2011), Intel
& Venture Capital (ABVCAP), com reportagem sobre
Challenge (2011), EY Entrepreneur of the Year (2013)
economia compartilhada, na revista Capital Aberto.
e outros eventos internacionais relevantes.
The Funnel Brasil Diretor-executivo, Hilton Menezes - hilton@thefunnel.com.br | Editor-chefe, Guilherme Manechini - guilhermem@thefunnel.com.br Projeto gráfico e direção de arte, Israel Lessak - lessak@thefunnel.com.br | Editor, Dubes Sônego - dubes@thefunnel.com.br | Reportagem, Melissa Rossi - melissa@thefunnel.com.br Colaboradores desta edição: Ahi Gvirtsman, Pedro Carvalho e Talya Vaish. Redação e correspondência: redacao@thefunnel.com.br | Av. Rebouças, 1585 - Pinheiros, São Paulo - SP, 05401-200 Comercial: comercial@thefunnel.com.br
Sobre: a The Funnel é uma revista criada pela plataforma de inovação israelense Duco e, no Brasil, é publicada trimestralmente pela Kyvo. A distribuição é gratuita e restrita a um mailing selecionado de executivos ligados à area de inovação em empresas do país. Além das versões israelense e brasileira, a The Funnel é publicada na França.
4
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
EDITORIAL
UM BRINDE AOS “ESTRANHOS” Aviso aos leitores: o texto a seguir contém spoilers. Mas, ao contrário da frustração evidente de quem fica sabendo o desenrolar da trama de uma série da Netflix pelo colega de trabalho, o objetivo aqui é convidá-lo a revisitar um dos maiores clássicos do cinema mundial. Desta vez, muito provavelmente, sob a ótica de quem é protagonista de roteiro parecido na vida real. Mais especificamente na vida corporativa. Sem delongas. Acredito que o nome Randle McMurphy signifique nada ou quase nada para 99,5% das pessoas – os 0,5% restantes ficam para os cinéfilos de excelente memória. Já a atuação de Jack Nicholson em “Um Estranho no Ninho” é daquelas que nos fazem voltar ao cinema em busca de uma sensação de satisfação minimamente parecida. Quase um vício. Se fosse para resumir em poucas linhas o filme lançado em 1975 que consagrou Nicholson e companhia (foram 5 Oscars), diria que se trata de liderar a quebra de regras de um ambiente extremamente opressor e antiquado, para dizer o mínimo, incentivando a criatividade e liberdade individuais. No caso, os pacientes de um manicômio. A atriz Louise Fletcher interpreta a enfermeira Mildred Ratched, basicamente a encarnação de uma estrutura rígida e incapaz de lidar com atitudes fora do script. 180 minutos depois é fácil supor quem se impõe na disputa. E como é na vida real de um líder de inovação de uma empresa tradicional? Certamente a maioria do mailing selecionado pela The Funnel vive ou já passou por este tipo de conflito. Se fosse para arriscar um palpite, diria que mais de 80% lidam diariamente com embates para quebrar a estrutura engessada das corporações. A principal diferença são os meios que dispõem para isso. The Funnel chega ao Brasil com o objetivo de reunir a crescente comunidade de profissionais encarregados pela inovação nas empresas país afora, intuito semelhante ao que originou a revista em Israel. Em um levantamento exclusivo com dez das 50 maiores empresas brasileiras, constatamos que nove delas já contam com um profissional totalmente dedicado a liderar a área de inovação. Na revista, abriremos espaço para a discussão de temas comuns ao dia a dia do executivo de inovação, como fazemos nesta primeira edição, ao tratar da popularização dos programas internos de preparação de executivos em mentores, do crescimento das soluções de chatbots e, claro, da atual situação de carreira deste profissional cada vez mais conhecido como Chief Innovation Officer. Convidamos a todos para enriquecer este debate. Isso vale tanto para os executivos e suas empresas, como para consultorias e plataformas de inovação, atores importantes na promoção desta pauta no mercado. Só assim, e talvez até sendo mais transgressor diante das atuais estruturas, como fez o personagem de Nicholson, é que as estratégias do CIO e sua equipe irão para as prioridades dos tomadores de decisão. A curva é favorável e o crescimento do número de programas de aceleração e projetos internos de inovação são evidências disto. O desafio agora é qualificar, pois inovar exige cocriação e investimento de longo prazo, e impulsionar ainda mais o mercado. Só assim o executivo de inovação deixará de ser visto com desconfiança e receberá mais apoio de seus pares. Algo bem lembrado pelo americano Jay Samit, autor do best seller “Seja Disruptivo” em sua entrevista para a The Funnel: “A primeira regra da vida corporativa é a autopreservação, e você é uma ameaça.” Nicholson ganhou a simpatia e cumplicidade de seus pares. Os resultados tendem a ser promissores. Um brinde aos “estranhos” (com aspas, pois somos para lá de normais)! Hilton Menezes Diretor Executivo da The Funnel no Brasil e CEO da Kyvo
ABRIL, 2019 | 5
EDITORIAL
BEM-VINDO, BRASIL Caro leitor, É com grande satisfação que escrevo esse texto para a primeira edição da The Funnel Brasil. Como editor-chefe da versão israelense da The Funnel e ex-vice-presidente global de inovacão de uma das 50 maiores empresas da Fortune, nos últimos anos sou testemunha do crescimento e desenvolvimento do executivo de inovação, mais espeficamente do Chief Innovation Officer. Não se trata de uma mudança simples. Há 40 anos, marketing requisitava uma habilidade específica dentro das empresas e era executado por diversas outras áreas não especializadas. Hoje, é praticamente impossível falar de uma empresa sem esse perfil de executivo. Da mesma maneira, estamos iniciando uma fase inédita de perceção por um número crescente de empresas de como a promoção da inovação é essencial para a sobrevivência das mesmas, ainda que o risco e o retorno sobre o investimento sejam incertos num primeiro momento. Digo inicialmente, pois a definição de entregas e responsabilidade é algo cada vez mais perceptível nas empresas. Isso significa que a função deste executivo seja menos sobre ser visionário e com grandes ideias e tenha mais a ver com execução de habilidades para o entendimento profissional de tudo o que representa um ecossistema de inovação. Continuando com a analogia ao departamento de marketing, ser um CEO que presta atenção ao tema não significa trabalhar com a ideia de que “já que todos estão falando nisso, vamos fazer algo”. Assim como não vejo isso acontecendo no marketing hoje em dia, na área de inovação é evidente que processos e gestão requerem recursos específicos, atenção dos tomadores de decisão e comprometimento da empresa. Também é claro que organizações devem entender a inovação como investimento de longo prazo. A inovação não é algo com que você se envolve. Tem que ser implementado em escala. Da mesma maneira que requer uma figura sênior com acesso aos principais executivos, recursos e influência para gerar cooperação com o restante da força de trabalho, clientes e parceiros, o executivo de inovação tem como missão tangibilizar seu drive e crescimento. É uma função fascinante que tem elementos de empreendedorismo, desenvolvimento humano e de tecnologia. Demandas tão distintas que requisitam executivos ambidestros em seus skills. Nesta edição e nas próximas da The Funnel, vamos falar sobre executivos que estão em sintonia com este mindset e fazendo com que as mais importantes empresas pensem e atuem com inovação nos mercados brasileiro e internacional. Vocês leitores terão acesso ao que há de mais recente em termos de ferramentas e técnicas para desempenhar com primor essa função. Estou honrado em ser parte do time da The Funnel e trilhar essa jornada com a Kyvo. Desejo a todos uma excelente leitura. Ahi Gvirtsman Editor-Chefe da The Funnel em Israel e Global Partner da Duco
PARTICIPE DOS DEBATES SOBRE INOVAÇÃO!
Compartilhe seus pensamentos e experiências com a gente por meio de nossos canais: redacao@thefunnel.com.br
6
|
THE FUNNEL
|
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
@thefunnelbr
Aprendendo a guiar RH
MENTORIA
STARTUP
Conheça os programas de mentoria de algumas grandes empresas que estão preparando seus executivos para orientar startups e equipes internas na busca por inovação por Dubes Sônego
A transformação digital é uma necessidade iminente. Mais do que isso, hoje é questão de sobrevivência. Pesquisa recente da Harvard Business Review Analytics, com executivos de 783 empresas, de diferentes áreas, no mundo todo, mostrou que 84% acreditam que suas indústrias já atingiram, ou vão atingir até 2020, o ponto de ruptura digital. É um ponto a partir do qual torna-se impossível competir usando o modelo empresarial analógico, baseado na lógica de comando e controle, com longos ciclos de tomada de decisão e pouco ou nenhum espaço para erros e experimentações. Os caminhos para a adaptação cultural a um jeito radicalmente novo de pensar e fazer negócios não são nem fáceis, nem óbvios. Mas muitas grandes companhias têm encontrado em programas de mentoria uma forma de preparar seus executivos para guiar startups e equipes internas na busca por inovação. Assim como a cultura de cada empresa é diferente da de outra, também não há uma fórmula pronta, um programa de mentoria que possa ser aplicado em qualquer caso. O que há são diretrizes, como a seleção dos participantes entre colaboradores e executivos interessados e comprometidos com o tema. Ou modelos conceituais mais gerais, como a mentoria de startups e a mentoria reversa, que aproveitam os conhecimentos dos mais jovens, nativos digitais, para oxigenar a mentalidade dos executivos mais velhos de empresas tradicionais. O mais importante, no entanto, independente do modelo, dizem os envolvidos, é a disseminação da cultura digital. “Os programas de mentoria de startups, em particular, são uma oportunidade para ambos os lados”, diz Guilherme Horn,
ABRIL, 2019 | 7
líder de inovação da Accenture.
gerente de inovação da Visa,
dando orientações e acesso a
Para os executivos de empresas
conta que a empresa já havia sido
seus contatos. Mas, além deles,
aprenderem um pouco sobre a
patrocinadora de dois programas
os empreendedores passaram
mentalidade do empreendedor
do gênero, um voltado a startups
a contar com apoio de outros
e, por outro lado, para os
mais maduras e, outro, a iniciantes.
executivos e especialistas da Visa.
empreendedores entenderem
E, com o aprendizado gerado pela
como as coisas funcionam dentro
experiência, resolveu montar o
Para os mentores iniciantes,
de grandes empresas, afirma. “São
próprio -- com apoio da Kyvo.
foi criada uma série de três
mundos muito diferentes, que
workshops. Um de introdução
usam linguagens distintas e têm
Foi uma iniciativa que despertou
ao universo das startups, com
seus próprios modos de agir.
em muitos colaboradores
conceitos básicos, como o
Os programas de mentoria
curiosidade em relação ao
que é uma startup, o que as
ajudam a colocar os dois na
mundo do empreendedorismo,
diferencia umas das outras
mesma página”.
diz a executiva. Do outro lado,
e seus diferentes estágios
a empresa percebeu que havia
de desenvolvimento. Outro,
A Visa, por exemplo, tem um
demanda das startups por maior
dedicado ao papel e às
programa de mentoria que
acesso às suas equipes internas.
responsabilidades de mentor
está indo para o segundo ano
Daí surgiu a ideia, para 2018, de um
e mentorado, para alinhar
e já capacitou 56 executivos,
programa de mentoria de startups
expectativas. E, o terceiro, com
o equivalente a um terço da
aberto a todos os empregados.
pitches - os breves discursos de
empresa no país. O programa
Altos executivos, diretores, vice-
apresentação característicos
foi criado a partir da experiência
presidentes e o presidente no
do universo digital -, startups
com a aceleração de startups,
Brasil, continuaram a participar,
e mentores experientes, para
iniciada em 2017. Beatriz Montiani,
como já faziam na edição anterior,
simular a realidade da mentoria.
Funcionários da Visa no Innovation Studio da companhia realizando uma simulação de mentoria como parte do workshop de capacitação para o programa de aceleração.
8
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
“O objetivo foi aproximar a
que a configuração das startups,
cultura de empreendedorismo
“que normalmente começam com
da cultura da Visa”, conta Israel
um cara bom de tecnologia, um
Lessak, co-fundador da Kyvo e
de negócio e um de produto”,
líder do Labs que desenvolveu o
é interessante e ágil para lançar
projeto para a companhia.
novos produtos e serviços, diz. E criou um programa,
“o objetivo foi aproximar a cultura de empreendedorismo da cultura da Visa”
com mentoria restrita aos altos escalões, que a permitisse abrir novas frentes de negócios.
Mesmo com pouco tempo de
“Trazemos executivos que estão
existência, Beatriz diz que o
acima da visão operacional
programa já gerou resultados
do dia a dia e buscam novas
interessantes. O número de
oportunidades, sejam de negócios
projetos de Mínimo Produto Viável
ou de sofisticação de produtos ou
(MVP) fechados com as startups
processos”, diz.
do programa de aceleração aumentou de quatro para doze,
Com o tempo, conta, os diretores
de 2017 para 2018, e as equipes
também começam a perceber
internas passaram a incorporar
que grupos pequenos, orientados
práticas da economia digital.
a um objetivo e dentro da lógica
“Trabalhamos cada vez mais
digital, funcionam melhor do que
com MVPs. E não só na área
grandes projetos, diz Martinez.
de inovação”, diz. “Mudamos
“Há três anos, projeto era projeto.
bastante a cultura da empresa e a
Você chamava um gerente da
forma como nos relacionamos
área, colocava todo mundo em
com o ecossistema”.
uma sala e a coisa levava meses. Hoje, temos especialistas em
Na Porto Seguro, o programa
design sprint e conseguimos ter
de aceleração de startups tem
uma iniciativa definida e modelada
papel semelhante. O Oxigênio,
em uma semana”, diz.
como é chamado, foi criado para que a companhia aprendesse
Aprendendo com os mais jovens
a inovar a partir das redes de
A disseminação interna de novas
empreendedorismo, diz Mauricio
tecnologias, e de formas de
Martinez, gerente de pesquisa
pensar e organizar o trabalho,
e desenvolvimento e digital da
não precisa necessariamente ser
seguradora. A empresa entendeu
feita através do contato externo
ABRIL, 2019 | 9
com startups. Algumas grandes
pelos executivos mais velhos
simples, como a metodologia
companhias optam por usar os
dos temas nos quais precisam se
de trabalho para um projeto. Ou
próprios recursos e talentos para
aprofundar. Outro, foi a melhoria
como canais de comunicação
trazer a cultura de agilidade e
da comunicação entre diferentes
sobre eventos e treinamentos do
experimentação própria da
níveis hierárquicos. Já os mais
programa de inovação. Ou, ainda,
nova economia.
jovens ampliaram a rede de
como radares. “Eles acabam
contatos, receberam conselhos de
sendo um canal de retorno sobre
A Schneider Electric, desde
carreira e aprenderam mais sobre
como a gente pode ajudar a
2017, prepara os altos executivos
negócios e estratégia empresarial.
equipe a inovar”, diz.
para navegar no processo de
“O que foi sensacional foi
transformação digital por meio de
justamente a troca
um programa de mentoria reversa.
entre gerações que
A edição piloto, encerrada no
têm um conjunto
ano passado, contou com a
de habilidades
“a troca entre gerações que têm um conjunto de habilidades tão diferentes e complementares
participação de sete executivos.
tão diferentes e
foi sensacional”
Cada um foi apresentado a um
complementares”,
empregado Millenial, entusiasta
diz Osório.
de novas tecnologias, para
Como já escrevia Fabio Pereira, sócio da área de consultoria
debater um tema específico, em
Na unidade brasileira da EY, parte
em tecnologia, estratégia e
seis sessões de uma hora e meia
do trabalho de disseminação da
arquitetura da Deloitte no
cada, ao longo de quase um ano.
cultura digital também é feita por
Brasil, em artigo do final de
Na época, a empresa percebeu
uma equipe interna, de cerca de
2016, “organizações maduras
que 44% dos empregados já eram
200 profissionais, de diferentes
e com sucesso na trilha da
nativos digitais, nascidos entre
níveis hierárquicos. Desde que
transformação digital investiram
1981 e 1997, e decidiu aproveitá-
o Beyond Labs foi lançado, em
de maneira integrada em todas
los para disseminar junto à
2016, os membros do grupo
as suas funções, promovendo
direção temas como pensamento
funcionam como uma espécie
o alinhamento organizacional e
digital, design thinking, smart
de “embaixadores” do programa
superando barreiras comuns,
factories, competências do futuro,
de inovação da companhia.
como falta de recursos e
estilos de liderança, estilo de vida
Voluntários ou convidados por
talentos”. Os programas de
e diversidade.
serem referências para os colegas,
mentoria, ao que parece, servem
ajudam a disseminar novas
bem a isso. •
O programa, avalia Rogério
metodologias de trabalho. A
Osório, vice-presidente de
ideia, diz Denis Balaguer, diretor
desenvolvimento e desempenho
do centro de inovação da EY no
industrial da Schneider Electric
Brasil, é que os embaixadores
para a América do Sul, trouxe
funcionem como pontos de
uma série de aprendizados. Um
contato inicial. Pode ser com
deles, afirma, foi a percepção
mentorias sobre questões mais
10
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
ABRIL, 2019 | 11
Falando aqui com meus bots TECH
CUSTOMER EXPERIENCE
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
por Talya Vaish, Tel Aviv
STARTUP
Entre as tecnologias mais
alguns bots podem aprender
estão as indústrias que – não é
interessantes que há para os
com cada uma das interações
nenhuma surpresa – põem grande
CEOs brincarem ultimamente (já
e incorporar os ensinamentos
ênfase no B2C: viagem, hotelaria,
sabemos o que eu quero dizer:
para continuarem a se aprimorar.
comércio e bancos são alguns
blockchain, machine learning,
Um chatbot se torna inteligente
desses setores.
veículos autônomos, quântica
quando entende a necessidade
etc.), parece que os chatbots
do usuário. Sua inteligência é a
Se, por um lado, os bots são
(uma aplicação da IA) são uma
habilidade de conversar sobre
mais usados para atendimento
que logo se tornará padrão,
qualquer assunto.
ao cliente, agora as empresas já
senão banal, nos próximos anos.
estão encontrando outros meios
De acordo com um estudo da
Eles moram dentro do Facebook,
de incorporar os bots nos seus
Oracle, 80% dos negócios pre-
Messenger, Telegram, textos,
modelos de negócio. Confira
tendem implementar chatbots
e-mail, websites e outras plata-
alguns casos dos mais inovado-
até 2020. O mercado deve
formas. Especialistas dizem que
res que eu encontrei:
crescer em torno de 35% a cada
os bots vão mudar o modo como
ano até 2021.
interagimos com as máquinas nos próximos cinco anos.
O que são chatbots? Onde vivem? Chatbots são um software que
Atualmente, a maioria dos
usa inteligência artificial para
chatbots é usada para atendimento
imitar a conversa humana,
ao cliente, onde eles substituem
geralmente para oferecer algum
a mão de obra humana ou são
tipo de atendimento ao cliente.
a primeira linha de atendimento
Por meio de algoritmos de inteli-
(resolvem as questões mais fáceis).
gência artificial e deep learning,
Encabeçando essa revolução
12
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
•
Chatbots de companhia - aqui, os chatbots são o núcleo do negócio e o principal serviço. Um exemplo é um chatbot projetado para conversar com pacientes que sofrem de demência ou mal de Alzheimer. Os pacientes têm habilidade de conversar, mas as conversas vão perdendo significado – o que torna difícil para os familiares continuarem falando com eles por muito tempo. Os bots continuam as conversas com os pacientes. Eles tanto mantém os pacientes
conectados com alguém, como informam os médicos dos padrões e do progresso da doença. •
•
•
•
•
Curadoria – neste mundo de informação sem limites, um dos serviços mais procurados é gerenciamento e curadoria de conteúdo. Um bot de notícias se conecta com a pessoa pelo Facebook messenger e fornece notícias personalizadas, baseadas nas preferências e interesses que ela especificou. Máquinas de marketing – chatbots para comerciais ou filmes que deixam as pessoas chegarem mais perto de seus personagens ou mascotes preferidos. Disney e Marvel, por exemplo, usaram chatbots quando lançaram seus últimos sucessos. Criar comunidades – alguns bots são usados para ajudar a criar comunidades. Uma empresa de colchões tem um bot que funciona entre 22h e 5h, para conversar com as pessoas que não conseguem dormir. Eles podem falar sobre filmes e comida, entre outros assuntos. A ideia é criar uma comunidade para os insones se sentirem mais próximos à marca. Provedor de informação informal – um bot de previsão do tempo dá a mesma informação que seu aplicativo preferido do tempo, mas, em vez de números e estatísticas, ele ajuda a responder coisas importantes, como “o que eu devo vestir?”, ou “será que eu levo um guarda-chuva?” Diagnóstico médico – estes tipos de bots fazem perguntas sobre sintomas, histórico, parâmetros corporais, entre outros, para ajudar a pessoa a entender a
causa provável do que está sentindo e também informa a gravidade da situação. •
•
Estilo – uma rede internacional de roupas emprega um bot que pergunta sobre o estilo dos clientes e faz recomendações baseadas nesses dados. Gestão – um bot inteligente também pode ser usado para substituir algumas funções de gestão. Há um bot no aplicativo Slack para supervisionar e gerenciar grupos. Ele também pode perguntar aos membros do grupo em quê eles estão trabalhando e garantir que estejam em dia.
um chatbot se torna inteligente quando entende a necessidade do usuário
Os chatbots são nossos amigos? O maior desafio que os bots enfrentam atualmente é a falta de confiança das pessoas. Se o assunto é delicado ou urgente, a maioria das pessoas insiste em falar com um humano.
Em alguns casos, os chatbots substituem os atendentes. Em outros, os ajudam. Em alguns casos, os chatbots substituem os atendentes de serviço ao cliente. Em outros, ajudam, para que as pessoas possam tratar dos casos mais complicados com mais atenção e rapidez. Outra função importante é que eles fazem análise e gerenciamento de dados para resultado rápido e significativo.
ABRIL, 2019 | 13
Eles também deixam as em-
qualquer um pode fazer seus
para a questão básica: os clien-
presas sobreviverem e usarem
próprios chatbots hoje em dia (às
tes, afinal, querem chatbots?
melhor seus recursos neste
vezes, em menos de 10 minutos).
mundo multicanais. O que levar em conta ao ter um chatbot em sua empresa Chatbots estão ficando mais fáceis de criar. Embora algumas empresas prefiram criar seus bots do zero, muitas podem utilizar os pré-prontos ou mesmo escalar um software open source para criar e personalizar seus bots. Quer dizer, praticamente
A questão básica é: afinal, os clientes querem chatbots?
Segundo uma pesquisa no Reino Unido (2017), 48% das pessoas preferem interagir com uma empresa por meio de um chatbot, em vez de outros meios
Outra pergunta é se eles dão
de contato. Outros 40% disseram
dinheiro. A mesma pesquisa
que não se importam se é bot ou
mostrou que os chatbots fizeram
humano que responde, contanto
os bancos economizarem entre
que eles tenham seu problema
50 e 70 centavos por interação.
resolvido – está aí a resposta
Uma outra pesquisa (Juniper,
O BRASIL NO PÓS-HYPE DOS BOTS Depois de dois anos, o mercado de chat bots está voltando a esquentar no Brasil. É a lógica da curva de Gartner, que explica o ciclo de adoção de tecnologias emergentes. O hype começou com a abertura do Facebook Messenger à novidade, em 2016. Agora, passado os momentos de aproximação, dos primeiros testes e desilusões, o mercado dá sinais de retomada do crescimento, mas “em bases mais firmes”. A avaliação é de Henrique Carvalho, co-fundador da Cosmobots, que estreou no ano passado, após um ano e meio de gestação. Não é à toa que gigantes como o Google estão dando grande atenção ao assunto. Para a companhia americana, estamos na era da assistência. No Brasil, a quarta turma do programa de residência do Google, no Google for Startups Campus, iniciada este ano, tem foco exclusivo em assistentes virtuais e interface por voz. Fazem parte do grupo dez empresas, entre as quais a Cosmobots, que negocia atualmente o primeiro aporte, de US$ 200 mil e foi inicialmente acelerada pela Visa. “Mas, mais importante que o dinheiro, para nós, é a sinergia com o investidor. Queremos alguém que ajude na estratégia”, diz Carvalho. Idealizada com a proposta de ser uma plataforma que permita à qualquer pessoa criar sozinha um chatbot, mesmo um leigo, a startup pretende aproveitar os seis meses no programa do Google para refinar o produto, testar em maior escala o modelo self-service e iniciar uma ofensiva de mercado através de parcerias com consultorias que possam ajudá-la a ampliar a distribuição. “Em um ano, um ano e meio, estaremos em um nível de mercado em que a proposta de valor dos bots já estará mais bem compreendida e mais empresas vão ter acesso a eles”, afirma. featuring
14
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
2017) concluiu que os chatbots
Preciso de uma plataforma para anexar em um site ou
podem fazer as empresas
app próprio para celular ou eu quero plataformas exis-
economizarem em torno de
tentes, como Facebook, Messenger ou Telegram? Meu
8 bilhões de dólares por ano nos
bot precisa saber interagir com o software da empresa?
diversos segmentos. Quanto você quer de retorno de investimento? Saiba que Os bots também trazem um
geralmente é mais barato criar bots simples, mas eles
benefício indireto – os executivos
não cortam custos de modo tão eficiente quanto os mais
podem se concentrar na estraté-
complicados e caros. Outra consideração é o investi-
gia e no pensamento focado (34%
mento em tempo de treinamento para seu time aprender
deles disseram que os chatbots
a trabalhar com os bots. Quais são suas habilidades?
lhes deram mais tempo).
– Você tem tempo e sagacidade técnica para investir em um bot? Tem conhecimento de informática?
Outras perguntas a fazer quando quiser incorporar chatbots em
Olhando para fora da sua empresa, outra consideração
sua organização são:
importante é quem são seus clientes e qual proposta de valor você está tentando criar para eles? Eles são
Quais são suas necessidades?
antenados, e o que esperam de você? Eles precisam de
– você precisa de um bot de
tempo de espera menor? Mais canais de comunicação?
serviço básico de atendimento
Mais oportunidades de autoatendimento? Um meio de
ao cliente ou algo mais substan-
se conectar mais com sua marca? Eles estão dispostos a
cial, que use processamento de
experimentar e confiar em nova tecnologia? Quanto? •
linguagem natural, ou machine learning? Pode ser tentador optar pelos mais sofisticados, mas geralmente não são necessários. Quais tarefas eu preciso que ele realize? Analytics? Aprender? Resultados? entende e reage à informação em contexto
A maioria dos bots é baseada em processos automáticos simples nos quais o usuário normal usa
reconhecimento de teclado
um botão para fazer escolhas. Se subir um nível, ele pode fazer reconhecimento de teclado. Um
uso de botão para fazer escolhas
nível acima e ele entende e reage à informação em contexto.
ABRIL, 2019 | 15
CAPA
ESTRANH NO NINHO CORPORATE INNOVATION
16
|
THE FUNNEL
|
STARTUP
RH
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
HO HO
A aceleração das transformações do mercado tem puxado a demanda por executivos de inovação. Mas o abismo entre as novas ideias e a realidade das corporações ainda faz com que muitos sejam vistos como corpos estranhos no mundo corporativo.
por Dubes Sônego e Guilherme Manechini
ABRIL, 2019 | 17
ESTRANHO NO NINHO No Brasil desde 1996, a EDP resolveu mudar a
implementou um modelo de
chave no que diz respeito à inovação há cerca de
trabalho de lean startup para seu
três anos. A multinacional portuguesa do setor
time de colaboradores.
de energia viu naquele momento que era preciso colocar o tema como uma das prioridades para
Como mostra a história da EDP,
a sobrevivência e prosperidade do grupo no
o Brasil vive um momento de
país. A missão, obviamente, não era simples. As
expansão na contratação de
áreas de geração e distribuição de energia, que
executivos que têm a inovação
são os core business da empresa, além de serem
e a transformação digital como
altamente reguladas, até então pouco tinham sido
principal atribuição.
impactadas por tendências de inovação como transformação digital e competição com startups. Uma perspectiva que mudou drasticamente em pouco tempo. Para começar a fazer frente aos desafios, a EDP contratou a administradora de empresas Livia Brando como gerente-executiva de inovação, reportando-se à vice-presidência de serviços e novos negócios. O cargo era uma novidade para ambos os lados. Até então, a executiva atuava
o Brasil vive um momento de expansão na contratação de executivos que têm a inovação e a transformação digital como principal atribuição
com inteligência de mercado e estratégia na British
18
|
THE FUNNEL
|
Petroleum. E a EDP, por sua vez, não tinha uma
“O tema está em alta, é pauta
área específica de inovação olhando o negócio
na grande maioria dos setores”,
da empresa de maneira mais macro. “O setor de
afirma Tatyana Araujo de
energia elétrica tinha mudado pouco nos últimos
Freitas, diretora executiva da
50 anos e, mais recentemente, passou para uma
Russell Reynolds, consultoria
fase de quebra de paradigmas. Isso envolve a
especializada no recrutamento
descentralização da geração de energia, em que o
de executivos. Segundo ela,
consumidor gera a própria energia solar, liberação
existem claramente níveis de
do mercado, onde se pode escolher de quem quer
maturidade digital distintos
comprar, uma tendência de consumo consciente
em diferentes setores. Os
e por aí vai”, diz Livia. Três anos depois, a EDP
setores onde a competição
já realizou um programa de aceleração no Brasil,
é mais intensa, com grande
conta com um fundo de corporate venture capital
número de clientes finais, como
para investir em startups do setor elétrico e
telecomunicações e finanças,
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
saíram na frente. Mas a demanda
e dois superintendentes, além
era a experiência do cliente, a
começa a atingir segmentos da
de três gerentes executivos.
possibilidade de uma interação
indústria e do varejo. “Temos
Quatro foram contratados ou
mais fluida, mais natural e
trabalhado bastante com esses
promovidos a líderes da área há
integrada. “Quando você vai
setores”, diz Marcio Gadaleta,
menos de três anos.
para a indústria, o foco principal
também diretor executivo da
deixa de ser o atendimento
Russell Reynolds.
“O que está acontecendo é que a
ao cliente. Está muito mais
transformação digital está
ligado às novas tecnologias, a
De fato, levantamento realizado
se estendendo de setores onde
internet das coisas, à indústria
pela The Funnel com dez
era mais óbvia, nos quais as
4.0, ao processo de produção,
das 50 maiores empresas do
pessoas percebiam as mudanças
a integração da cadeia
Brasil, mostra que nove delas
na ponta, para setores que
produtiva, à inovação na forma
já têm uma pessoa responsável
não são tão visíveis para o
de desenvolver o produto. O
diretamente pela área de
consumidor final”, diz Tatyana.
foco é um pouco diferente”, diz
inovação e/ou transformação
Na prática, isso quer dizer que
Gadaleta.
digital. A lista de empresas é
já não são só bons aplicativos
formada por Cargill, Sabesp,
que importam para sair na
A Cargill é uma das companhias
Nestlé, Copel, GPA, Volkswagen,
frente da concorrência. Nos
que passou recentemente a
Amaggi, Braskem, Petrobras
setores que começaram com a
encarar tecnologia e dados
e EDP. Entre os nove, há um
demanda por inovação, o que
como um quarto fator de
vice-presidente, três diretores
forçava a transformação digital
produção. Em 2017, criou a
80%
Quem é o responsável pela visão e estratégia digital? Diretor de marketing perde espaço para líderes de tecnologia 2014
2015
34%
39%
27%
14% 7% 18%
2017
2018
CEO
40%
42%
20%
CMO
14%
9%
14%
CIO/CTO
13%
19%
6% 21%
CDO OUTROS
10% 23%
9% 21%
das empresas já têm uma liderança dedicada exclusivamente à transformação digital, mas apenas 10% dessas lideranças são responsáveis pela definição de toda a estratégia para a área - o papel ainda cabe ao CEO.
Legenda: CEO - Chief Executive Officer CMO - Chief Marketing Officer CIO/CTO - Chief Information Officer/ Chief Technology Officer CDO - Chief Digital Officer
ABRIL, 2019 | 19
unidade de negócios Digital
de diretor global de inovação
Insights, dedicada a explorar as
e tecnologia da empresa.
potencialidades de ferramentas
Sob sua responsabilidade,
de inteligência artificial no
está o acompanhamento de
suporte à tomada de decisões
macrotendências e tecnologias
em diversas áreas. Para conduzir
emergentes. “A minha área
a mudança, promoveu Vinicius
busca sempre a inovação no
Chiappetta, que desde 2014
desenvolvimento de produtos e
ocupava o posto de gerente de
tecnologias. Para isso, é preciso
desenvolvimento de negócios
entender e antecipar o impacto
para a América Latina, ao
dessas movimentações”, diz
cargo de diretor global da área.
Leite. Como exemplos de
Uma das primeiras novidades
macrotendências, o executivo
anunciadas por ele, em fevereiro
cita o desenvolvimento do
do ano passado, foi a compra
conceito de economia circular,
de participação minoritária
transformação da mobilidade
na startup irlandesa Cainthus.
urbana e aumento da
O negócio garantiu à Cargill
eletrificação dos veículos, o que
acesso a um software de
impacta diretamente na matéria-
reconhecimento facial de vacas
prima utilizada pela empresa, o
leiteiras capaz de relacionar
petróleo, e o uso de materiais
o comportamento e o apetite
renováveis.
dos animais à produção de
20
|
THE FUNNEL
|
leite. “Apostamos em machine
Além da área comandada por
learning na tentativa de detectar
Leite, a Braskem conta ainda
padrões que possam guiar a
com uma diretoria voltada à área
tomada de decisão nas diversas
de digital, que mapeia, entre
áreas de atuação da empresa”,
outras iniciativas, aplicações
afirma o executivo. “Para isso,
de blockchain e inteligência
atuamos internamente com uma
artificial, e um programa de
série de programas e entramos
inovação aberta chamado
recentemente também no mundo
Braskem Labs, este ligado à área
da inovação aberta”.
de sustentabilidade da empresa.
Seguindo a mesma tendência,
Tendência Global
a petroquímica Braskem
Assim como acontece no Brasil,
nomeou em julho do ano
a busca por uma mentalidade
passado o engenheiro
e uma estrutura organizacional
Gilfranque Leite para o cargo
voltada à inovação em série é
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
um movimento que acontece no mundo todo. Pesquisa realizada no ano passado pela KPMG com 270 grandes empresas americanas, mostra que 60% dos
o peso da cultura Pesquisa feita pela Russell Reynolds com mais de 1,3 mil executivos, no mundo todo, indica que…
70%
executivos responsáveis pela área de inovação consideram
acreditam que a cultura corporativa importa significativamente para o sucesso do processo de transformação digital; mas apenas
que suas corporações estão em estágio inicial de maturidade no tema. Como principais causas
18%
para o baixo desenvolvimento na área de inovação, o levantamento aponta fatores
avaliam que a cultura das companhias em que trabalham mudou significativamente para permitir a transformação digital
comuns ao relatados por grandes empresas brasileiras: equipes reduzidas, com poucos recursos, e que enfrentam forte resistência dos demais colaboradores, ainda que o CEO ou outro C-Level coloque o tema de inovação como prioridade. Outro estudo, este realizado
barreiras Entre os três fatores apontados como principais obstáculos ao processo de transformação digital nas empresas, dois são culturais
no ano passado pela Deloitte com mais de 1,4 mil executivos de tecnologia de empresas do
55%
mundo inteiro, mostra que muito desta responsabilidade de liderar a inovação acaba recaindo sobre o profissional de tecnologia. O levantamento apontou que
52%
80% desses profissionais de transformações organizacionais e cocriar negócios em suas empresas nos próximos anos. menos da metade, 45%, têm autonomia para isto hoje em
departamentos limitados às suas funções em uma cultura de comodismo.
incapacidade de integração
empresas reconhecem não ter as pessoas e infraestrutura necessárias à integração digital.
alto escalão esperam liderar
A realidade, no entanto, é que
inércia
51%
falta de colaboração mesmo quando há algum esforço de colaboração entre diferentes áreas, é pouco efetiva.
Fonte: Russell Reynolds / Digital Pulse 2018
ABRIL, 2019 | 21
dia. “Esse profissional sempre foi um operador confiável, o responsável por manter as luzes da empresa acesas. Hoje, ele expande sua atuação para instigar mudança e contribuir para o negócio através de tecnologia”, diz Fabio Pereira, sócio da área de consultoria em tecnologia e líder do programa Pesquisa com 270 executivos de grandes empresas americanas mostram a percepção deles sobre a área de inovação:
de CIO da Deloitte. Independente da área de origem do executivo responsável por
QUAL O ATUAL ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO DA ÁREA DE INOVAÇÃO NAS COMPANHIAS?
60%
liderar a área de inovação, os
23%
INICIAL
ganhos para as empresas são
17%
ESTABELECIDO AVANÇADO
evidentes. Mas as mudanças culturais necessárias para que elas aconteçam, na maior
QUEM É O RESPONSÁVEL PELA PROMOÇÃO DA INOVAÇÃO NAS GRANDES EMPRESAS?
parte dos casos, são uma
inovação incremental
inovação disruptiva
Unidades de negócio
81,6%
Time de inovação
36,3%
23,8% 65,1%
barreira difícil de transpor. Dos mais de 1,3 mil executivos de alto escalão entrevistados pela Russell Reynolds para a elaboração da pesquisa Digital Pulse 2018, 70%
COMO É FEITA A ALOCAÇÃO DE RECURSOS PARA A ÁREA DE INOVAÇÃO?
69,5%
disseram acreditar que a
20,3%
ANUAL
10,2%
POR PROJETO OUTROS
cultura corporativa importa significativamente para o sucesso do processo de transformação digital. Em contraste, apenas 18% avaliaram que a cultura das
QUAL É O FOCO DOS ESFORÇOS DA ÁREA DE INOVAÇÃO?
empresas em que trabalhavam
49%
28%
23%
para manter a estrutura atual de forma otimizada
para criar novos produtos e serviços
para mudar a estrutura atual
INCREMENTAR
ADJACER
TRANSFORMAR
mudou significativamente para permitir a transformação digital e dar impulso à inovação. Talvez por isso, um dos fatores
Fonte: Benchmark Innovation Impact 2018/KPMG
22
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
mais apontados no levantamento
feito pela The Funnel junto às empresas brasileiras para
Por muito tempo, a sigla CIO
justificar a criação de um cargo diretamente ligado à
serviu para designar o cargo de
inovação seja justamente a necessidade da figura de um
Chief Information Officer, que
catalisador de mudanças. Em todas, além de equipe
costumava ter função similar a
própria, os executivos responsáveis por inovação têm
do executivo responsável pela
autonomia para acionar profissionais e executivos de outros
tecnologia (CTO, na sigla em
departamentos para desenvolver novos projetos. As
inglês). Hoje, é cada vez mais
atribuições do cargo costumam incluir ainda a construção
comum a designação de CIO
de parcerias com outras empresas, startups e instituições,
para o cargo máximo de líder de
e a prospecção e inserção de novas tecnologias na cadeia
inovação, totalmente integrado
de valor da companhia. “Ao abraçar o tema da inovação, a
às decisões estratégicas da
empresa se propõe a uma mudança de mindset e também
empresa. Idealmente, a cultura
de cultura organizacional”, diz Livia Brando, da EDP.
de buscar constantemente a inovação será disseminada nas
Prata da Casa
empresas e internalizada por
Encontrar um profissional com perfil adequado à função
técnicos e executivos de todas
no Brasil, no entanto, não tem sido tarefa fácil. “Há uma
as áreas. Até que isso aconteça,
escassez de talentos realmente experientes, com a ousadia
no entanto, muitas precisarão
de fazer o que é necessário para a transformação digital”,
de “catalisadores” internos para
diz Tatyana, da Russell Reynolds. Em função disso, afirma,
puxar as transformações, e a figura
a consultoria tem buscado executivos em outros países para
deste novo CIO tende a se tornar
preencher algumas vagas abertas por clientes no Brasil.
cada vez mais presente. Muito
“É preciso separar um pouco os verdadeiros talentos do
provavelmente, sem que ele se
que chamamos de ‘papagaio digital’. Tem muita gente que
sinta um estranho no ninho. •
desenvolve o domínio do jargão da área e não passa dessa casca. Transformação digital não é fazer propaganda do meio digital. Precisa vir de uma revolução do processo industrial, de produção”, afirma. A solução, em muitos casos, é promover alguém. No levantamento feito pela The Funnel junto às empresas brasileiras, sete dos nove executivos que lideram à área de inovação são prata da casa. Dos outros dois, um foi encontrado com auxílio de uma empresa de recrutamento de executivos e, o outro, se candidatou à vaga no LinkedIn. A maior parte deles são engenheiros, com idades entre 35 anos e 60 anos - a maioria na casa dos 40 anos e dos 50 anos -, com passagens por diferentes áreas na gestão de empresas.
ABRIL, 2019 | 23
entrevista com
JAY SAMIT Autor do best seller “Seja Disruptivo” aconselha os executivos de inovação a serem ambiciosos na busca por novos negócios
CIO
DISRUPÇÃO
CORPORATE INNOVATION por Pedro Carvalho
Nas empresas, um Chief Innovation Officer pode ser visto como uma fonte de custos, ou mesmo um estranho no ninho. Como ele convence os pares a ajudá-lo? Sim, é verdade. Fui um intraempreendedor em uma grande empresa três vezes. As empresas que têm chefes de inovação de verdade são aquelas que passaram a correr o risco de estar em problemas. Afinal, esse profissional não é a primeira ferramenta de que um CEO lança mão. Normalmente, primeiro ele enxerga as soluções de sempre: vamos jogar mais dinheiro na linha de produção, vamos reduzir o custo... As empresas não têm o desejo natural de inovar. Inovar toma tempo e dinheiro, derruba o balanço, o CEO
“A primeira regra da vida corporativa é a autopreservação, e você é uma ameaça”.
não ganha bônus... Assim, na hora em que você traz um CIO, eis o cenário que ele encontra:
24
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
todos os outros executivos seniores estão com medo de perder o emprego, ou ver sua divisão desaparecer. E você é o inimigo. Eles não querem que você seja bem sucedido, porque não querem ser demitidos. A primeira regra da vida corporativa é a autopreservação, e você é uma ameaça, um vírus entrando em um ecossistema pré-existente. Por isso, a única forma de sobreviver é se você tiver alguém que realmente dê suporte a você. De preferência o CEO ou o chefe do conselho. Qualquer coisa menos que isso, no momento em que você começar a atuar e deixar as pessoas desconfortáveis, eles podem sabotar o que você fizer. A partir desse suporte, que tipo de mudança o CIO deve buscar na empresa? Você não está ali para fazer mudanças incrementais. Mudanças pequenas não iriam
Jay Samit, 58 anos, esteve por trás da transformação de empresas como Coca Cola, Disney, McDonald’s,
“Não busque mudanças incrementais”
Starbucks e Unilever. Nesse início de ano, o guru do Vale do Silício lançou no Brasil o livro “Seja Disruptivo!”, sucesso de vendas em dez idiomas mundo afora. O lançamento é uma iniciativa da Mindset Ventures, fundo que ajuda investidores brasileiros a fazer aportes em negócios inovadores no exterior. A seguir, ele fala sobre os desafios de um cargo que conhece de perto: o
valer o tempo, o custo e o esforço
de CIO (chefe executivo de inovação).
do CIO. Deve haver uma mudança fundamental. A Apple era uma empresa de computação falida por muito tempo, nunca chegava a 10% de penetração de mercado. A ideia de lançar o iPod e entrar na indústria da música não tinha nada a ver com computação, aquilo que ela fazia. Foi uma startup completa. A única parte do iPod que era feita pelos empregados da Apple era embolsar o lucro. A Frog fez o design, os componentes vinham da Sony, ele era montado fora da empresa. A Apple não tinha como fazer essa inovação, então fez fora da empresa. Essa, por sinal, é a razão de muitos empreendedores serem bem sucedidos: um CEO prefere comprar uma startup por um preço alto, em vez de passar anos gastando dinheiro para chegar a uma inovação – sob o risco de ser demitido pela queda nos lucros antes disso.
Como o CIO consegue recursos para buscar essas inovações radicais?
e ir até as pessoas que não
Quando eu fazia esse trabalho
e dizer: toma aqui um dinheiro
dentro de uma das maiores
para ajudar você a bater a meta –
empresas de música [a Sony
em outras palavras, posso salvar
Music], o Napster apareceu. As
seu emprego. Me tornei a pessoa
pessoas não queriam comprar
mais popular da empresa,
aquelas coisinhas redondas
conseguia a colaboração de
[CDs] mais. Ninguém sabia o que
todo mundo. Assim a gente
fazer. Na empresa, cada divisão
conseguiu mudar uma empresa
tinha seus próprios problemas
de cem anos. Você tem que
para lidar. Então eu adotei
bolar um esquema que coloque
uma coisa que se chamava
as pessoas do seu lado.
estavam cumprindo suas metas
de “contabilidade da fada madrinha”. Disse para o CEO: “Ouça, não estou conseguindo cooperação, posso fazer uma coisa? Como estou usando recursos de outras partes da
Assim a gente conseguiu mudar uma empresa de cem anos.
empresa, todo o dinheiro que conseguirmos na nossa divisão vai ser incluído nas outras divisões na contabilidade”. Então eu poderia ser a fada madrinha
Como os orçamentos andam apertados, existem maneiras de fazer isso de forma mais barata? Existem maneiras de encontrar novas fontes de dinheiro. Ele pode
ABRIL, 2019 | 25
ser buscado em outras empresas,
vez na história as receitas da
a Pepsi – e assim por diante. Vale
por exemplo. Pense assim: não
empresa estavam caindo. Duas
a pena? Às vezes um mercado é
importa em qual negócio você
marcas com problemas, mas que
dominado por poucas marcas,
esteja, seus clientes são sempre um
tinham milhões de dólares em
e aceitar dinheiro de uma delas
subconjunto de um grupo maior.
orçamentos de marketing. Fui ao
restringe muito suas opções de
Vamos dizer: se você faz sapatos
McDonald’s e disse: posso tornar
vender a startup depois. Tem
de mulheres, seu cliente são os
vocês populares novamente.
indústrias que podem inovar em
pés das mulheres. Mas o pé está
Faremos uma promoção “Compre
conjunto – nos EUA, as empresas
grudado no resto da mulher. Assim,
um Big Mac, ganhe uma música
de cabo se juntaram para financiar
existem outras empresas que estão
grátis”. A gente coloca códigos
programas de startups para o setor.
atrás dessa audiência [a mulher],
em tudo e você cuida das
Para as empresas, é importante
mas não são suas concorrentes
propagandas. Na primeira semana
saber o que seus empregados
– elas não fazem sapatos de
da promoção, eles direcionaram
pensam sobre as startups
mulher. Se você pensar numa ideia
20 milhões de consumidores para
incentivadas. A Disney fez um
inovadora, você pode apresentá-la
o meu site de baixar faixas. Eu
braço de investimentos que se
a essas outras empresas e usar o
gastei zero. Com a companhia
chamava Steamboat Ventures. Se
dinheiro delas.
aérea, eu descobri que os
você recebia um investimento dele,
clientes tinham
não podia fazer negócios
“Você tem que entender a cultura da sua empresa antes de tomar esse tipo de decisão”.
Você teria um exemplo concreto?
muitas milhas
O caso da Apple e do iPod que
sobrando.
falamos. Para a Sony concorrer
Por que não
com a Apple, eu tinha que
deixá-los
fazer meu próprio iTunes do
usar as milhas
zero, arrumar todo o conteúdo
pra comprar
com os estúdios e selos etc. E
música? Eles
eu não tinha nenhum dinheiro
disseram ok. E mandaram outros
não faziam negócios com ninguém.
de marketing para isso. O
20 milhões de clientes para o meu
No fim, a marca gastou milhões de
orçamento de propaganda
site. Meu custo total: zero.
dólares e encerrou a ideia.
do iTunes era de 100 milhões
empresa. Olhei no jornal para descobrir que outros negócios
Para os empreendedores, vale
estavam com problemas. Vi que
lembrar que sempre que você
a United Airlines estava pedindo
aceita o dinheiro de uma empresa,
concordata e o McDonald’s estava
ele vem com uma corda amarrada.
sofrendo por causa do filme
Se você aceita dinheiro da Coca,
“Supersize me” – pela primeira
não vai poder fazer negócio com
Você acha o dinheiro fora da
26
|
THE FUNNEL
|
da Disney. Mas os executivos da Disney não gostavam das startups, então elas também não faziam negócios com a própria Disney. Ou seja,
Portanto, você tem que entender Muitas empresas têm preferido inovar fora de casa, patrocinando um hub de inovação. Que cuidados a empresa e os empreendedores precisam ter nesse caso?
de dólares. O que você faz?
com as concorrentes
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
a cultura da sua empresa antes de tomar esse tipo de decisão [incentivar um hub de startups]. E, como empreendedor, entender que o dinheiro das empresas nunca vêm sem uma corda amarrada. •
Crônicas de um projeto real de inovacão corporativa CASE
BIG DATA
AGILE
Normalmente, quando as empresas lançam um
Fase 1: Ideação
negócio de sucesso no mundo, o foco delas está no
A primeira vez que ouvi falar
resultado. Contudo, por uma série de motivos, não
desse projeto foi quando
é comum elas compartilharem as crônicas de seus
o apresentaram como uma
projetos e os seus bastidores do crescimento.
ideia ainda crua num evento
por Ahi Gvirtsman, de Tel Aviv
de ideação em uma das filiais Esta crônica é de um projeto real de inovação que
da empresa. Era um lugar
deu certo em uma das empresas onde trabalhei,
pouco conhecido à época por
começando pelo departamento de software para
sua inovação, QA (garantia
corporações. Para lhe dar uma ideia, à época,
de qualidade), e equipe. No
era uma linha de produtos que gerava bem mais
começo, a ideia era adicionar
que US$ 100 milhões por ano em vendas e tinha
uma grande função técnica
uma infraestrutura construída ao longo de 30 anos
a um produto de 30 anos de
– o que, em se tratando do mundo do software,
idade, usando um código open
significava algo bastante ultrapassado.
source amplamente disponível. A apresentação do projeto foi
Obviamente, vou deixar de lado nomes e
feita através de uma plataforma
conteúdos, já que o que importa é a história do
de ideação e um mecanismo para
ciclo de vida do projeto do ponto de vista de
convidar os colaboradores a votar
alguém bem-informado, de dentro da empresa.
nas ideias preferidas. Esses ciclos
O objetivo aqui é proporcionar um novo olhar
de ideação e votação aconteciam
ao inesperado e desordenado caminho a que a
trimestralmente. Infelizmente
inovação pode levar, e transmitir a importância de
o projeto não conseguiu votos
um ecossistema de base que aumente as chances
suficientes para ir à segunda fase,
de sucesso desses projetos inovativos.
o que decepcionou todo o time.
É aqui que as ideias costumam morrer. Estão cruas e são apresentadas a um público que não dá o apoio necessário para ela seguir ao próximo passo.
ABRIL, 2019 | 27
Fase 2: Repensar
Fase 3: Sucesso inicial
Fase 5: Validação
Por sorte, a empresa tinha uma
Com a ajuda dos coaches, o
O time começou a entrevistar
equipe de coaches qualificada
time reformulou a ideia, acatou
os clientes e apresentou uma
para ajudar a promover a
os dois pontos do feedback
lista de dez casos potenciais
inovação de diversas maneiras
recebido e reapresentou-a ao
de big data que poderiam
como uma prioridade. E uma
ciclo de ideação. Detalhe: por
aplicar ao produto, pedindo
ponte entre a matriz e a filial,
ter uma frequência trimestral, as
que eles classificassem em
junto com o time de ideação,
ideias podiam ser apresentadas
ordem de preferência. Também
viu potencial no rumo geral da
durante o ano inteiro. Quando
foi coletado um feedback do
proposta – principalmente, de
a próxima votação trimestral
real impacto financeiro que
introduzir a tecnologia de big
aconteceu, a ideia recebeu os
cada caso teria no bolso do
data em um produto de 30 anos.
votos necessários, e o time de
consumidor final. Os resultados
Os coaches, no entanto, fizeram
ideação ganhou 10% do horário
foram surpreendentes, e eles
algumas observações cruciais
de trabalho por três meses para
pivotaram para focar em dois
para o time:
desenvolvê-la e prepará-la para
casos que eram os favoritos dos
um pitch executivo.
consumidores. Munido desses
1. Encontrar um caso para implementar big data que ofereça mais valor aos clientes do que o que foi proposto. 2. Pensar na oportunidade de escalar um tipo de big data que fosse uma tecnologia diferencial para a empresa, em vez de usar open source.
dados, o time reformulou o pitch com foco no valor para Fase 4: Rejeição
o consumidor, e o apresentou
O time trabalhou com a ajuda
novamente aos executivos. A
de mentores escolhidos
descoberta que a apresentação
pelo programa de inovação e preparou o pitch para os executivos. Eles queriam
Veja como é importante ter ciclos frequentes de ideação. Assim, quando as ideias precisam ser reformuladas, não leva tanto tempo até surgir outra oportunidade. Se os ciclos forem muito distantes, a ideia perde força. Outra parte crucial aqui são os 10% de alocação de tempo. Para um grande ecossistema de inovação prosperar, deve-se estabelecer alguns parâmetros de tempo, ou as pessoas serão sugadas por suas tarefas cotidianas.
conseguir recursos para construir uma versão alfa da ideia. Comparado aos recursos disponíveis até então, o pedido deles era modesto. Não foi possível, e o time decidiu fazer o pitch com uma perspectiva técnica. Fizeram isso porque eram engenheiros e essa era sua tendência natural. Os executivos rejeitaram a ideia com o feedback de que o valor do negócio não estava claro de jeito nenhum.
28
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
Outro lugar onde as ideias morrem. Quando os executivos rejeitam uma ideia, o time pode ficar desanimado, principalmente se ele não for forte ou relevante dentro da empresa. É essencial haver alguém que cuide do time, mantenha o seu moral alto e lhe ofereça uma nova perspectiva. Aqui, o time de inovação interveio e trouxe ideias – muito ainda podia ser feito para convencer os executivos a apoiarem o projeto.
mostrou foi que quem já era
Fase 6 : Implementação
cliente da empresa gostou de
O time continuou a validar
dois produtos e pagaria uma
suas ideias quanto ao valor ao
versão premium por eles. Os
mesmo tempo em que fazia a
executivos se convenceram
implementação. Eles tiveram
a deixar o time continuar e a
sérias dificuldades técnicas,
ideia seguiu para a unidade de
porque a tecnologia de base que
negócios para implementação.
eles queriam usar requeria um desenvolvimento muito caro, e
É essencial a participação de alguém com uma larga perspectiva, que ajude os projetos de inovação a superar os obstáculos organizacionais e técnicos, para o sucesso da inovação. Essa habilidade de localizar o time de pré-vendas, que foi coligado com o de implementação de uma unidade de negócio separada, seria quase impossível para a equipe de implementação – e até mesmo para seus gerentes.
aumentaria muito o custo para o consumidor possuir a tecnologia. O desafio aqui também era organizacional, pois a tecnologia de base era operada por um negócio totalmente diferente, localizado em outro continente. Mais uma vez, o time de inovação usou seus contatos na empresa para descobrir que a tecnologia que eles queriam usar tinha um corpo técnico na mesma cidade da equipe de implementação, e colocou os dois em contato. O problema foi resolvido rapidamente.
Fase 7: Lançamento bem-sucedido O projeto foi lançado como um aprimoramento do produto que já estava no mercado há décadas. Um dos clientes é filmado dizendo: “Eu vou ter esse software, mesmo que tenha de vender hot-dog no domingo”. Outro cliente diz: “É o software mais legal que já vi nos últimos dez anos”. No primeiro ano de lançamento, as vendas diretas geradas pelo produto bateram as metas. Uma questão inesperada é que um produto que está em competição com startups, prestes a ser “combatido”, consegue a maior parte das vendas, e a versão premium é a maior razão para isso. É um resultado que nem as pessoas mais otimistas que se envolveram no projeto poderiam imaginar que aconteceria com apenas dois casos de big data.
ABRIL, 2019 | 29
Fase 8: Sucesso estratégico
murchar e morrer várias vezes.
projetos tentam alcançar algo de
A cereja do bolo aqui foi quando
Mesmo assim, virou a mudança
valor e fazem isso de um modo
um relatório Gartner citando o
de estratégia de uma linha
que lhes traz a oportunidade
produto no quadrante mágico
significativa de produtos oficiais.
real de sucesso em um ambiente
colocou-o em uma posição muito
Ninguém fez desse projeto uma
controlado para errar. Quanto
mais visionária que antes, e
obrigação. Não havia uma sessão
você investiria na habilidade
afirmou que dentro da estratégia
super bem-pensada que definiu
de fazer isso sem quebrar seu
de aplicação de analytics à sua
seus parâmetros. Não era um
negócio atual?
linha de produtos, ele estava
plano de cinco anos. Aconteceu
em uma posição de liderança
em uma atmosfera em que
A questão principal, no entanto,
no mercado. O time decidiu
simplesmente alguém disse:
é: você pode não investir nisso?•
formular toda estratégia futura
“Vamos tentar. Se falharmos,
da linha oficial do produto
pelo menos será rápido e
para baseada em analytics. O
barato”. Enquanto esse projeto
projeto de inovação se tornou o
repetia, aprendia e progredia,
segmento líder da estratégia.
dúzias de outros projetos de inovação tentavam fazer o mesmo na empresa, e tinham
Convido o leitor a refletir sobre
graus diferentes de sucesso.
isso. Foi uma ideia modesta de inovação que veio de um lugar
Agora, pergunte-se o que
remoto de desenvolvimento,
aconteceria na sua organização
entregue por um time de QA
se você pudesse começar dez
sem conexões ou importância na
projetos como esse em um ano.
empresa. Teve oportunidades de
Ou quem sabe 20, 30? Muitos
“Se falharmos, pelo menos será rápido e barato”
30
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
E se na segunda-feira você já encontrasse os desafios de sua empresa resolvidos? Alguém, em algum lugar do mundo, já tem a solução que você está procurando para os desafios de sua empresa. Com uma metodologia única e comprovada, aliada a uma rede global de inovadores,The Bakery London ajuda algumas das maiores corporações do mundo a inovarem de maneira mais rápida, eficiente e com menor risco. Quer conhecer mais?
Veja mais informações no site thebakery.com
ABRIL, 2019 | 31
Porque um designer pode ser sua contratação mais importante DESIGN THINKING
UX
MÉTODOS DE INOVAÇÃO
Você saberia dizer como a sua empresa usa design hoje? Ou qual a última vez que o design de produtos ou serviços foi discutido pelo CEO? Sua experiência de uso se parece mais com fazer uma conexão num aeroporto mal sinalizado, ou ela é tão simples e intuitiva como fazer uma busca no Google? Chamamos de design todas as atividades que envolvem o entendimento amplo do cliente e das suas necessidades atendidas, mas principalmente não atendidas, comportamentos e desejos, até a criação, desenho e implementação de soluções para atendê-las. Acabamos de concluir um levantamento inédito, com 300 empresas de capital aberto, realizado ao longo de cinco anos, o McKinsey Design Index (MDI). Descobrimos que companhias centradas no design tiveram crescimento de receita 32% maior, e 56% mais crescimento de retorno aos acionistas que suas concorrentes no mesmo período. Ou seja, design não só empiricamente proporciona uma melhor experiência como impacta a lucratividade. Entre as líderes em design estão as empresas que entendem que isto é um assunto para o top management e passam a tratar seu desempenho
32
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
em design com o mesmo rigor
do canal online, e transformações
que realmente movem o ponteiro
que faturamento e custos. Do
baseadas no design da experiên-
financeiro exige comprometi-
outro lado, estão as que deixam
cia de compra online aumentaram
mento com o design centrado
o design para o último minuto.
as vendas em 25%. Eis algumas
no cliente. Neste sentido, temos
Algumas das práticas vistas nas
ações imediatas a adotar:
ajudado várias organizações
que performaram menos no MDI incluem: a) não compartilhar protótipos com usuários finais; b) não entrevistar ou tentar entender o cliente antes de criar produtos e serviços; c) não convidar os líderes seniores de design para as decisões estratégicas.
Companhias centradas no design têm crescimento de receita 32% maior e 56% mais crescimento de retorno aos acionistas que seus concorrentes. Uma fabricante global de móveis, por exemplo, tirou os designers do isolamento e colocou-os para ter voz e vez nas decisões de engenharia, marketing e finanças, formando times multifuncionais. Os resultados: além do fim do desperdício de tempo com produtos que ao fim se mostravam comercialmente inviáveis, o maior foco no usuário gerou uma redução de 10% no time-to-market e um aumento de 30% na receita. Em outro caso, a equipe de design foi integrada à estratégia e gestão
1) Primeiro, na alta gestão da empresa, é preciso adotar métricas e metas de excelência em design de experiência do cliente, assim como certamente a sua empresa já faz com métricas de faturamento ou custos. Se você não quantificar e não tiver benchmarks, não terá nem como saber se está avançando. 2) Depois disso, é preciso colocar a experiência do usuário no centro da cultura da empresa, o que inclui utilizar o design para aprimorar não só os produtos, mas todo tipo de contato da empresa com o cliente, das embalagens aos processos físicos e interações com canais digitais.
na adoção ampla do design, tornando-as mais competitivas. Contamos hoje com mais de 350 designers em todo o mundo, sendo que dezenas deles estão na América Latina, participando da criação de capacidades, cultura, métricas e processos para destravar o poder do design nas empresas. •
Yran Dias, sócio sênior da McKinsey
Fabrício Dore, sócio associado e VP de Design da McKinsey
3) Em terceiro lugar, é preciso valorizar os melhores profissionais de design, de modo que eles sejam pilares de times multidisciplinares. Em alguns casos, haverá resistência a isso, e a liderança da empresa precisará estar engajada em legitimar e apoiar a mudança. 4) Por fim, é preciso testar e testar, mantendo um aprendizado contínuo, com foco nas informações críticas oferecidas pelo feedback do cliente, antes e depois do lançamento dos produtos e serviços. O design precisa estar atrelado a um processo contínuo de melhoria. Mais do que nunca, o lançamento de novos produtos, serviços ou plataformas digitais
ABRIL, 2019 | 33
GUIA DE EVENTOS Apesar do carnaval tardio ter dado a impressão de que o ano começou só em meados de março, muito já aconteceu na área de tecnologia e inovação. Principalmente quando o assunto são os eventos quase que obrigatórios para qualquer executivo da área. Entre janeiro e março, rolaram a CES, em Las Vegas, o SXSW, em Austin, e o Mobile World Congress, em Barcelona. Isso não quer dizer, porém, que você perdeu o bonde dos principais palcos de discussão da inovação no Brasil e no mundo. É o que fica claro no guia que preparamos a seguir.
UX Conf Brasil Onde: Porto Alegre – Brasil Quando: 17 e 18 de maio O Design de Interação e o UX no centro da mudança de cultura. Essa é temática do UX Conf 2019, que acontece anualmente desde 2015 no Brasil. Serão mais de 30 palestrantes debatendo temas de inovação, UX e Design de Interação na capital gaúcha. O evento é hoje o principal ponto de encontro entre designers e empresas, uma relação que só cresce, como bem disseram Fabricio Dore e Yran Dias, no artigo publicado nesta edição.
Festival Path Onde: São Paulo - Brasil Quando: 1 e 2 de junho Inovação e criatividade são os motes do Festival Path. E a organização do festival tem cumprido à risca essa meta, sobretudo pela diversidade de temas e palestrantes que invadem a capital paulista no início de junho. Em 2018, foram mais de 300 atividades, que vão de palestras a shows e exibições de filmes. Outro atrativo do evento é a possibilidade de transitar entre os vários palcos a pé, curtindo a cidade.
HackTown
Onde: Santa Rita do Sapucaí (MG) - Brasil Quando: durante o feriado prolongado de 7 de setembro Inspirado no festival americano SXSW, desde 2015 o HackTown leva para a cidade mineira de Santa Rita do Sapucaí milhares de pessoas interessadas nos temas ligados à inovação. Em 2018, mais de 300 eventos aconteceram simultaneamente na cidade. E para quem acha que o único vínculo de Santa Rita do Sapucaí com inovação é o HackTown, aí vai um alerta: a região é conhecida como o Vale da Eletrônica, por abrigar mais de 160 empresas de tecnologia.
34
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
Service Design Global Conference Onde: Toronto – Canadá
Quando: 9 a 11 de outubro Entidade-mãe do tema Design de Serviço, a SDN (Service Design Network) reúne em sua conferência anual as principais discussões e especialistas durante três dias de evento. O primeiro dia, vale ressaltar, é só para membros da SDN. A conferência será realizada na Evergreen Brick Works, um antigo conjunto de galpões industriais que hoje é a primeira iniciativa canadense de centro comunitário ambientalmente 100% preparado para práticas sustentáveis, com direito a lagos e parques no terreno. Um capítulo a parte.
Interaction LatinAmerica Onde: Medelín – Colômbia
Quando: 31 de outubro a 2 de novembro O capítulo latino-americano da Interaction desembarca pela primeira vez na Colômbia. Trata-se do evento mais renomado das áreas de UX e Design de Interação, além de debater sobre tecnologia e inovação. Apesar de ainda serem pouco difundidas para o público não especializado, a busca por avanços nas áreas de UX e Design de Interação permeia grande parte das empresas bem sucedidas no contexto atual de inovação.
WebSummit Onde: Lisboa – Portugal
Quando: 4 a 7 de novembro Depois de realizar duas edições do Web Summit em Lisboa – até então o festival mudava de sede a cada biênio – o governo português decidiu investir 110 milhões de euros para garantir o evento no país pela próxima década. A estratégia complementa a política adotada nos últimos anos de tornar a economia criativa um dos principais pontos do PIB do país. Desde que adotou este drive, Lisboa já foi considerada pela União Europeia a cidade mais inovadora do continente e diversas empresas decidiram montar centros de inovação no país. Voltando ao Web Summit, talvez a parte mais midiática deste bolo, o evento reúne CEOs e fundadores de ícones da tecnologia, além de personalidades. O evento chega a reunir mais de 70 mil pessoas. É um investimento sem risco.
ABRIL, 2019 | 35
Dream Force Onde: São Francisco – Estados Unidos Quando: 19 a 22 de novembro São Francisco e os arredores do Vale do Silício provavelmente são os lugares onde há maior frequência de eventos de inovação. Nenhum deles, porém, faz a cidade parar como o Dream Force. São mais de 2.700 atividades ao longo de quatro dias de evento. Nele, facilmente você poderá assistir aos grandes nomes da tecnologia mundial e também personalidades, além de personalidades do momento (Michelle Obama, Al Gore, a banda Metálica e astros da NBA são alguns exemplos). Gostou da ideia? Então é melhor correr, pois é tarefa dificílima encontrar um bom hotel a um preço competitivo durante os dias do evento. Afinal, são cerca de 170.000 pessoas focadas no Dream Force. As festas, porém, são garantidas.
Wired Festival Onde: Rio de Janeiro - Brasil Quando: Início de dezembro A principal revista de tecnologia e inovação do mundo conta com um evento no Brasil, o Wired Festival. Realizado em parceria com o Grupo Globo, o evento acontece no Rio de Janeiro e reúne nomes nacionais e estrangeiros para falar de inovação de uma maneira mais leve e voltada aos impactos na rotina das pessoas. No ano passado, por exemplo, um dos destaques foi a apresentação de Michael Horvath, fundador do Strava, que consistiu em mostrar como aplicativos de mobilidade podem auxiliar no planejamento de grandes cidades. Em 2016, quem puxou a lista de convidados foi o britânico Ben Hammersley, futurólogo e ex-editor da Wired. Enfim, é sempre um bom pretexto para ir ao Rio.
CES
Onde: Las Vegas – Estados Unidos Quando: 6 de janeiro de 2020 Há tempos a CES conquistou o posto de principal evento de tecnologia do mundo. É lá que todas as maiores empresas do setor de eletroeletrônicos buscam fazer seus principais lançamentos do ano (Samsung, LG, Intel, entre vários outros). O mesmo vale para empresas muito ligadas a bens de consumo e que não necessariamente estariam em um evento como o CES, como é o caso das montadoras, que deixaram de lado o tradicional Salão do Automóvel de Detroit para focar os esforços em Las Vegas.
36
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
SXSW 2019: tecnologia centrada no ser humano BLOCKCHAIN
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
DIVERSIDADE
Esse ano o South By Southwest
Society. Já as aplicações do
filantropia online, logística e
sacramentou tendências que
blockchain se mostram cada
carros autônomos. Neste último
acompanhamos nas últimas
vez mais próximas do dia a dia
caso, ele agregará a confiança
edições. Como de praxe, algumas
das grandes empresas. O hype
necessária para saber os reais
expectativas se realizaram,
passou, agora ficou só quem está
motivos de falhas no sistema em
outras estão a caminho do
de fato construindo algo viável.
caso de acidente, já que ainda
esquecimento. O que ilustra
Aliás, não se ouviu quase nada
é impossível pensar que não
uma das tendências macro mais
sobre criptomoedas no SXSW,
ocorrerão falhas, bugs e mortes
relevantes é o desenvolvimento
consolidando a percepção de
causadas por esses veículos.
de soluções interdisciplinares,
que o blockchain é muito mais
É bem possível que em breve
o caminho encontrado para
do que isso.
tudo que envolva infraestrutura
viabilizar produtos ou soluções.
e banco de dados esteja ligado a Num futuro onde a privacidade é
algum tipo de blockchain, como
A Inteligência Artificial dispensa
cada vez mais utópica, confiança
ilustrou o Dr. Julian Hosp, autor
apresentações. Ela faz parte de
e transparência foram palavras
do livro Blockchain 2.0.
tudo, e uma de suas aplicações
em alta. O sentimento de que nós
com outra tecnologia em alta,
seremos monitorados em tempo
Outra tendência que está
a do blockchain, converge para
real já não incomoda tanto, porém
consolidada é a da realidade
a ideia de interdisciplinaridade.
as pessoas querem saber como as
virtual, que já não é apenas
Juntas, as duas tecnologias
informações estão sendo usadas.
virtual, mas aumentada e
possibilitam a criação dos smart
É aí que entra o blockchain,
estendida. A realidade estendida
contracts, autoexecutáveis, como
ou melhor, a confiança que ele
envolve o usuário interferindo
bem explicou Stephen Wolfram,
inspira. Dentre as aplicações
em vários dos seus sentidos
cientista, escritor e membro
mais relevantes, falou-se de
ao mesmo tempo. Apesar do
da American Mathematical
votação virtual, ampliação de
custo da tecnologia ainda ser
ABRIL, 2019 | 37
um proibitivo para o mercado
levantadas pelo renomado autor
quesitos como retorno para os
de consumo, produto como
do livro Team Human, Douglas
investidores, crescimento de
os novos óculos da BOSE, que
Rushkoff. Uma pesquisa mostrou
valuation e de market share.
tocam música e reconhecem
o viés de alguns algoritmos de
os movimentos da cabeça do
IA, feitos para reconhecer rostos
A sensação que fica ao ser
usuário, comprovam que sua
humanos. Conclusão: negros
bombardeado por tantas ideias
disseminação é iminente. Já
tinham 30% a menos de sucesso
e novas tecnologias é que é cada
para o mercado B2B, isso parece
por causa da forma com que o
vez mais complexo antever qual
consolidado.
algoritmo foi treinado. Prova de
tendência de fato se concretizará.
que há muito por fazer.
Nem todo hype é pra valer, muitas
A confiança, grande valor
vezes é só uma onda de excitação
agregado pelo blockchain,
Diversidade foi outro problema
sobre uma solução. Ao mesmo
como descrito anteriormente,
bastante debatido, sobretudo
tempo, e essa é uma excelente
aponta para outra tendência:
a igualdade de gênero. O
notícia, ficou claro que, em um
a da humanização da tecnologia. Agora, mais do que nunca, o ser humano é o centro das atenções, e a tecnologia, uma ferramenta. Muito se discutiu sobre reaver os valores das
agora, mais do que nunca, o ser humano é centro das atenções, e a tecnologia, uma ferramenta
argumento de
mundo global e conectado, as
que diversidade
novas soluções terão que ter
é bom para o
mais diversidade de recursos
seu negócio,
humanos na sua criação para
pois proporciona
obterem sucesso. Diversidade de
melhor ambiente
conhecimento, de expertise, de
para a criação
gênero, de cultura. •
de produtos,
pessoas, e em como usar as
ganhou força. Startups que
novas tecnologias de forma mais
possuem diversidade como
humana, uma das bandeiras
um valor despontam em
38
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E
Rafael Mendes, business developer na Kyvo
Em 2005, São Paulo deu as boas-vindas à primeira sede do Istituto Europeo di Design no Brasil, iniciando as atividades do instituto fora da Europa.
A ÚNICA FACULDADE INTERNACIONAL 100% DEDICADA AO DESIGN NO BRASIL
IEDSÃO SÃOPAULO PAULO P IED
Reconhecido e bem-avaliado pelo MEC, o IED São Paulo em torno das práticos do design, com grande visibilidade e respeito no cenário nacional. Em 2014, o Rio de Janeiro recebeu a segunda sede do IED no Brasil, revitalizando o patrimônio histórico e cultural do Cassino da Urca e sinalizando o impacto cultural que estava por vir. Além de instituição educacional, nossas sedes estão sempre de portas abertas à comunidade, com eventos culturais e programações que apresentam o design como poderosa ferramenta de inovação e transformação.
IEDRIO RIO P IED
IED SÃO PAULO
Rua Maranhão, 617 - Higienópolis
IED RIO DE JANEIRO Av. João Luis Alves, 13 - Urca
@iedsp ied.edu.br/sao_paulo @iedrio ied.edu.br/rio
IED BRASIL SÃO PAULO RIO DE JANEIRO IED EUROPA MILANO ROMA TORINO VENEZIA FIRENZE CAGLIARI COMO BARCELONA MADRID
ABRIL, 2019 | 39
Ó S É E U SERÁ Q O S S I E U Q O G I M CO ? E C E T ACON você já se perguntou quais são os desafios dos profissionais ligados à inovação
nas grandes corporações brasileiras?
40
|
THE FUNNEL
|
C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E