The Funnel Brasil - Edition #1

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#01 Abril/2019

ESTRANHO NO E NINHO

ST NO R A NI NH NH O O

os desafios do profissional ligado à inovação nas grandes corporações brasileiras

as principais aplicações da IA no dia a dia da sua empresa

guia com os principais eventos de inovação no Brasil e no mundo

transformando executivos em mentores de startup

CHATBOTS

EVENTOS

MENTORSHIP

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THE FUNNEL

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C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E


NESTA EDIÇÃO Conheça aqui o que você encontrará ao folhear as páginas desta edição da The Funnel Brasil

SXSW: a tecnologia centrada no ser humano

entrevista com Jay Samit

37

24

guia The Funnel de eventos de inovação 34

aprendendo a guiar 07

crônicas de um projeto real de inovacão corporativa 27

porque um designer pode ser sua contratação mais importante 32

C A P A

estranho no ninho 16

destrinchamos a realidade dos executivos de inovação de algumas das maiores empresas brasileiras

falando aqui com meus bots 12

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COLABORADORES

Hilton Menezes

Ahi Gvirtsman

Co-fundador e CEO da Kyvo. Tem especializa-

Autor do livro “The PEAK Innovation Principles”

ções em Negócios e em Design Estratégico, além

e membro do conselho da Duco. Já foi vice-

de um mestrado em Computação. Nos últimos

presidente e chefe de inovação global da divisão

anos, tem atuado diretamente com o ecossis-

de software da HP e é considerado um guru de

tema empreendedor, como na coordenação

inovação organizacional. Seus métodos estão

dos programas de aceleração de startups Visa

sendo implementados em diversas empresas,

e do Merkaz. Além da Kyvo, é co-fundador da

inclusive no município de Tel-Aviv, no Banco

Service Design Network Brazil.

Nacional Federal de Israel, Leumi Bank, IDF e IAI (Indústria Aeroespacial de Israel).

Guilherme Manechini

Israel Lessak

Jornalista especializado em Economia e

Especialista em Human-Centered Design e

Negócios, já trabalhou nas principais redações

co-fundador da Kyvo, lidera o Labs, frente que

da área no Brasil (Valor Econômico, Revista

atua na estruturação de novas parcerias, projetos

Exame, Portal iG, jornal DCI e Agência Dinheiro

e programas da consultoria. Também está

Vivo). Entre 2014 e 2018 foi editor da revista GQ

envolvido ativamente na liderança de iniciativas

Brasil. Atualmente, é Head de Comunicação da

locais de fomento ao ecossistema de inovação

Kyvo e um dos curadores do Wired Festival.

por meio do design (Service Design Network e Global Service Jam).

Dubes Sônego

Pedro Carvalho

Jornalista com 20 anos de experiência como repórter

Jornalista de Economia e Negócios na maior parte

e editor de Economia e Negócios. Passou por Gazeta

de sua carreira. Escreve para veículos como Veja,

Mercantil, Valor Econômico, Meio&Mensagem,

Veja SP, Época Negócios, GQ, Trip, Pequenas

Revista Foco, América Economia, Brasil Econômico,

Empresas & Grandes Negócios e Estadão. Participou

iG e Época Negócios. Foi vencedor da edição 2016

de coberturas de Jogos Olímpicos (2012), Copa

do prêmio da Associação Brasileira de Private Equity

do Mundo (2018), Festival de Cannes (2011), Intel

& Venture Capital (ABVCAP), com reportagem sobre

Challenge (2011), EY Entrepreneur of the Year (2013)

economia compartilhada, na revista Capital Aberto.

e outros eventos internacionais relevantes.

The Funnel Brasil Diretor-executivo, Hilton Menezes - hilton@thefunnel.com.br | Editor-chefe, Guilherme Manechini - guilhermem@thefunnel.com.br Projeto gráfico e direção de arte, Israel Lessak - lessak@thefunnel.com.br | Editor, Dubes Sônego - dubes@thefunnel.com.br | Reportagem, Melissa Rossi - melissa@thefunnel.com.br Colaboradores desta edição: Ahi Gvirtsman, Pedro Carvalho e Talya Vaish. Redação e correspondência: redacao@thefunnel.com.br | Av. Rebouças, 1585 - Pinheiros, São Paulo - SP, 05401-200 Comercial: comercial@thefunnel.com.br

Sobre: a The Funnel é uma revista criada pela plataforma de inovação israelense Duco e, no Brasil, é publicada trimestralmente pela Kyvo. A distribuição é gratuita e restrita a um mailing selecionado de executivos ligados à area de inovação em empresas do país. Além das versões israelense e brasileira, a The Funnel é publicada na França.

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EDITORIAL

UM BRINDE AOS “ESTRANHOS” Aviso aos leitores: o texto a seguir contém spoilers. Mas, ao contrário da frustração evidente de quem fica sabendo o desenrolar da trama de uma série da Netflix pelo colega de trabalho, o objetivo aqui é convidá-lo a revisitar um dos maiores clássicos do cinema mundial. Desta vez, muito provavelmente, sob a ótica de quem é protagonista de roteiro parecido na vida real. Mais especificamente na vida corporativa. Sem delongas. Acredito que o nome Randle McMurphy signifique nada ou quase nada para 99,5% das pessoas – os 0,5% restantes ficam para os cinéfilos de excelente memória. Já a atuação de Jack Nicholson em “Um Estranho no Ninho” é daquelas que nos fazem voltar ao cinema em busca de uma sensação de satisfação minimamente parecida. Quase um vício. Se fosse para resumir em poucas linhas o filme lançado em 1975 que consagrou Nicholson e companhia (foram 5 Oscars), diria que se trata de liderar a quebra de regras de um ambiente extremamente opressor e antiquado, para dizer o mínimo, incentivando a criatividade e liberdade individuais. No caso, os pacientes de um manicômio. A atriz Louise Fletcher interpreta a enfermeira Mildred Ratched, basicamente a encarnação de uma estrutura rígida e incapaz de lidar com atitudes fora do script. 180 minutos depois é fácil supor quem se impõe na disputa. E como é na vida real de um líder de inovação de uma empresa tradicional? Certamente a maioria do mailing selecionado pela The Funnel vive ou já passou por este tipo de conflito. Se fosse para arriscar um palpite, diria que mais de 80% lidam diariamente com embates para quebrar a estrutura engessada das corporações. A principal diferença são os meios que dispõem para isso. The Funnel chega ao Brasil com o objetivo de reunir a crescente comunidade de profissionais encarregados pela inovação nas empresas país afora, intuito semelhante ao que originou a revista em Israel. Em um levantamento exclusivo com dez das 50 maiores empresas brasileiras, constatamos que nove delas já contam com um profissional totalmente dedicado a liderar a área de inovação. Na revista, abriremos espaço para a discussão de temas comuns ao dia a dia do executivo de inovação, como fazemos nesta primeira edição, ao tratar da popularização dos programas internos de preparação de executivos em mentores, do crescimento das soluções de chatbots e, claro, da atual situação de carreira deste profissional cada vez mais conhecido como Chief Innovation Officer. Convidamos a todos para enriquecer este debate. Isso vale tanto para os executivos e suas empresas, como para consultorias e plataformas de inovação, atores importantes na promoção desta pauta no mercado. Só assim, e talvez até sendo mais transgressor diante das atuais estruturas, como fez o personagem de Nicholson, é que as estratégias do CIO e sua equipe irão para as prioridades dos tomadores de decisão. A curva é favorável e o crescimento do número de programas de aceleração e projetos internos de inovação são evidências disto. O desafio agora é qualificar, pois inovar exige cocriação e investimento de longo prazo, e impulsionar ainda mais o mercado. Só assim o executivo de inovação deixará de ser visto com desconfiança e receberá mais apoio de seus pares. Algo bem lembrado pelo americano Jay Samit, autor do best seller “Seja Disruptivo” em sua entrevista para a The Funnel: “A primeira regra da vida corporativa é a autopreservação, e você é uma ameaça.” Nicholson ganhou a simpatia e cumplicidade de seus pares. Os resultados tendem a ser promissores. Um brinde aos “estranhos” (com aspas, pois somos para lá de normais)! Hilton Menezes Diretor Executivo da The Funnel no Brasil e CEO da Kyvo

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EDITORIAL

BEM-VINDO, BRASIL Caro leitor, É com grande satisfação que escrevo esse texto para a primeira edição da The Funnel Brasil. Como editor-chefe da versão israelense da The Funnel e ex-vice-presidente global de inovacão de uma das 50 maiores empresas da Fortune, nos últimos anos sou testemunha do crescimento e desenvolvimento do executivo de inovação, mais espeficamente do Chief Innovation Officer. Não se trata de uma mudança simples. Há 40 anos, marketing requisitava uma habilidade específica dentro das empresas e era executado por diversas outras áreas não especializadas. Hoje, é praticamente impossível falar de uma empresa sem esse perfil de executivo. Da mesma maneira, estamos iniciando uma fase inédita de perceção por um número crescente de empresas de como a promoção da inovação é essencial para a sobrevivência das mesmas, ainda que o risco e o retorno sobre o investimento sejam incertos num primeiro momento. Digo inicialmente, pois a definição de entregas e responsabilidade é algo cada vez mais perceptível nas empresas. Isso significa que a função deste executivo seja menos sobre ser visionário e com grandes ideias e tenha mais a ver com execução de habilidades para o entendimento profissional de tudo o que representa um ecossistema de inovação. Continuando com a analogia ao departamento de marketing, ser um CEO que presta atenção ao tema não significa trabalhar com a ideia de que “já que todos estão falando nisso, vamos fazer algo”. Assim como não vejo isso acontecendo no marketing hoje em dia, na área de inovação é evidente que processos e gestão requerem recursos específicos, atenção dos tomadores de decisão e comprometimento da empresa. Também é claro que organizações devem entender a inovação como investimento de longo prazo. A inovação não é algo com que você se envolve. Tem que ser implementado em escala. Da mesma maneira que requer uma figura sênior com acesso aos principais executivos, recursos e influência para gerar cooperação com o restante da força de trabalho, clientes e parceiros, o executivo de inovação tem como missão tangibilizar seu drive e crescimento. É uma função fascinante que tem elementos de empreendedorismo, desenvolvimento humano e de tecnologia. Demandas tão distintas que requisitam executivos ambidestros em seus skills. Nesta edição e nas próximas da The Funnel, vamos falar sobre executivos que estão em sintonia com este mindset e fazendo com que as mais importantes empresas pensem e atuem com inovação nos mercados brasileiro e internacional. Vocês leitores terão acesso ao que há de mais recente em termos de ferramentas e técnicas para desempenhar com primor essa função. Estou honrado em ser parte do time da The Funnel e trilhar essa jornada com a Kyvo. Desejo a todos uma excelente leitura. Ahi Gvirtsman Editor-Chefe da The Funnel em Israel e Global Partner da Duco

PARTICIPE DOS DEBATES SOBRE INOVAÇÃO!

Compartilhe seus pensamentos e experiências com a gente por meio de nossos canais: redacao@thefunnel.com.br

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Aprendendo a guiar RH

MENTORIA

STARTUP

Conheça os programas de mentoria de algumas grandes empresas que estão preparando seus executivos para orientar startups e equipes internas na busca por inovação por Dubes Sônego

A transformação digital é uma necessidade iminente. Mais do que isso, hoje é questão de sobrevivência. Pesquisa recente da Harvard Business Review Analytics, com executivos de 783 empresas, de diferentes áreas, no mundo todo, mostrou que 84% acreditam que suas indústrias já atingiram, ou vão atingir até 2020, o ponto de ruptura digital. É um ponto a partir do qual torna-se impossível competir usando o modelo empresarial analógico, baseado na lógica de comando e controle, com longos ciclos de tomada de decisão e pouco ou nenhum espaço para erros e experimentações. Os caminhos para a adaptação cultural a um jeito radicalmente novo de pensar e fazer negócios não são nem fáceis, nem óbvios. Mas muitas grandes companhias têm encontrado em programas de mentoria uma forma de preparar seus executivos para guiar startups e equipes internas na busca por inovação. Assim como a cultura de cada empresa é diferente da de outra, também não há uma fórmula pronta, um programa de mentoria que possa ser aplicado em qualquer caso. O que há são diretrizes, como a seleção dos participantes entre colaboradores e executivos interessados e comprometidos com o tema. Ou modelos conceituais mais gerais, como a mentoria de startups e a mentoria reversa, que aproveitam os conhecimentos dos mais jovens, nativos digitais, para oxigenar a mentalidade dos executivos mais velhos de empresas tradicionais. O mais importante, no entanto, independente do modelo, dizem os envolvidos, é a disseminação da cultura digital. “Os programas de mentoria de startups, em particular, são uma oportunidade para ambos os lados”, diz Guilherme Horn,

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líder de inovação da Accenture.

gerente de inovação da Visa,

dando orientações e acesso a

Para os executivos de empresas

conta que a empresa já havia sido

seus contatos. Mas, além deles,

aprenderem um pouco sobre a

patrocinadora de dois programas

os empreendedores passaram

mentalidade do empreendedor

do gênero, um voltado a startups

a contar com apoio de outros

e, por outro lado, para os

mais maduras e, outro, a iniciantes.

executivos e especialistas da Visa.

empreendedores entenderem

E, com o aprendizado gerado pela

como as coisas funcionam dentro

experiência, resolveu montar o

Para os mentores iniciantes,

de grandes empresas, afirma. “São

próprio -- com apoio da Kyvo.

foi criada uma série de três

mundos muito diferentes, que

workshops. Um de introdução

usam linguagens distintas e têm

Foi uma iniciativa que despertou

ao universo das startups, com

seus próprios modos de agir.

em muitos colaboradores

conceitos básicos, como o

Os programas de mentoria

curiosidade em relação ao

que é uma startup, o que as

ajudam a colocar os dois na

mundo do empreendedorismo,

diferencia umas das outras

mesma página”.

diz a executiva. Do outro lado,

e seus diferentes estágios

a empresa percebeu que havia

de desenvolvimento. Outro,

A Visa, por exemplo, tem um

demanda das startups por maior

dedicado ao papel e às

programa de mentoria que

acesso às suas equipes internas.

responsabilidades de mentor

está indo para o segundo ano

Daí surgiu a ideia, para 2018, de um

e mentorado, para alinhar

e já capacitou 56 executivos,

programa de mentoria de startups

expectativas. E, o terceiro, com

o equivalente a um terço da

aberto a todos os empregados.

pitches - os breves discursos de

empresa no país. O programa

Altos executivos, diretores, vice-

apresentação característicos

foi criado a partir da experiência

presidentes e o presidente no

do universo digital -, startups

com a aceleração de startups,

Brasil, continuaram a participar,

e mentores experientes, para

iniciada em 2017. Beatriz Montiani,

como já faziam na edição anterior,

simular a realidade da mentoria.

Funcionários da Visa no Innovation Studio da companhia realizando uma simulação de mentoria como parte do workshop de capacitação para o programa de aceleração.

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“O objetivo foi aproximar a

que a configuração das startups,

cultura de empreendedorismo

“que normalmente começam com

da cultura da Visa”, conta Israel

um cara bom de tecnologia, um

Lessak, co-fundador da Kyvo e

de negócio e um de produto”,

líder do Labs que desenvolveu o

é interessante e ágil para lançar

projeto para a companhia.

novos produtos e serviços, diz. E criou um programa,

“o objetivo foi aproximar a cultura de empreendedorismo da cultura da Visa”

com mentoria restrita aos altos escalões, que a permitisse abrir novas frentes de negócios.

Mesmo com pouco tempo de

“Trazemos executivos que estão

existência, Beatriz diz que o

acima da visão operacional

programa já gerou resultados

do dia a dia e buscam novas

interessantes. O número de

oportunidades, sejam de negócios

projetos de Mínimo Produto Viável

ou de sofisticação de produtos ou

(MVP) fechados com as startups

processos”, diz.

do programa de aceleração aumentou de quatro para doze,

Com o tempo, conta, os diretores

de 2017 para 2018, e as equipes

também começam a perceber

internas passaram a incorporar

que grupos pequenos, orientados

práticas da economia digital.

a um objetivo e dentro da lógica

“Trabalhamos cada vez mais

digital, funcionam melhor do que

com MVPs. E não só na área

grandes projetos, diz Martinez.

de inovação”, diz. “Mudamos

“Há três anos, projeto era projeto.

bastante a cultura da empresa e a

Você chamava um gerente da

forma como nos relacionamos

área, colocava todo mundo em

com o ecossistema”.

uma sala e a coisa levava meses. Hoje, temos especialistas em

Na Porto Seguro, o programa

design sprint e conseguimos ter

de aceleração de startups tem

uma iniciativa definida e modelada

papel semelhante. O Oxigênio,

em uma semana”, diz.

como é chamado, foi criado para que a companhia aprendesse

Aprendendo com os mais jovens

a inovar a partir das redes de

A disseminação interna de novas

empreendedorismo, diz Mauricio

tecnologias, e de formas de

Martinez, gerente de pesquisa

pensar e organizar o trabalho,

e desenvolvimento e digital da

não precisa necessariamente ser

seguradora. A empresa entendeu

feita através do contato externo

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com startups. Algumas grandes

pelos executivos mais velhos

simples, como a metodologia

companhias optam por usar os

dos temas nos quais precisam se

de trabalho para um projeto. Ou

próprios recursos e talentos para

aprofundar. Outro, foi a melhoria

como canais de comunicação

trazer a cultura de agilidade e

da comunicação entre diferentes

sobre eventos e treinamentos do

experimentação própria da

níveis hierárquicos. Já os mais

programa de inovação. Ou, ainda,

nova economia.

jovens ampliaram a rede de

como radares. “Eles acabam

contatos, receberam conselhos de

sendo um canal de retorno sobre

A Schneider Electric, desde

carreira e aprenderam mais sobre

como a gente pode ajudar a

2017, prepara os altos executivos

negócios e estratégia empresarial.

equipe a inovar”, diz.

para navegar no processo de

“O que foi sensacional foi

transformação digital por meio de

justamente a troca

um programa de mentoria reversa.

entre gerações que

A edição piloto, encerrada no

têm um conjunto

ano passado, contou com a

de habilidades

“a troca entre gerações que têm um conjunto de habilidades tão diferentes e complementares

participação de sete executivos.

tão diferentes e

foi sensacional”

Cada um foi apresentado a um

complementares”,

empregado Millenial, entusiasta

diz Osório.

de novas tecnologias, para

Como já escrevia Fabio Pereira, sócio da área de consultoria

debater um tema específico, em

Na unidade brasileira da EY, parte

em tecnologia, estratégia e

seis sessões de uma hora e meia

do trabalho de disseminação da

arquitetura da Deloitte no

cada, ao longo de quase um ano.

cultura digital também é feita por

Brasil, em artigo do final de

Na época, a empresa percebeu

uma equipe interna, de cerca de

2016, “organizações maduras

que 44% dos empregados já eram

200 profissionais, de diferentes

e com sucesso na trilha da

nativos digitais, nascidos entre

níveis hierárquicos. Desde que

transformação digital investiram

1981 e 1997, e decidiu aproveitá-

o Beyond Labs foi lançado, em

de maneira integrada em todas

los para disseminar junto à

2016, os membros do grupo

as suas funções, promovendo

direção temas como pensamento

funcionam como uma espécie

o alinhamento organizacional e

digital, design thinking, smart

de “embaixadores” do programa

superando barreiras comuns,

factories, competências do futuro,

de inovação da companhia.

como falta de recursos e

estilos de liderança, estilo de vida

Voluntários ou convidados por

talentos”. Os programas de

e diversidade.

serem referências para os colegas,

mentoria, ao que parece, servem

ajudam a disseminar novas

bem a isso. •

O programa, avalia Rogério

metodologias de trabalho. A

Osório, vice-presidente de

ideia, diz Denis Balaguer, diretor

desenvolvimento e desempenho

do centro de inovação da EY no

industrial da Schneider Electric

Brasil, é que os embaixadores

para a América do Sul, trouxe

funcionem como pontos de

uma série de aprendizados. Um

contato inicial. Pode ser com

deles, afirma, foi a percepção

mentorias sobre questões mais

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Falando aqui com meus bots TECH

CUSTOMER EXPERIENCE

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

por Talya Vaish, Tel Aviv

STARTUP

Entre as tecnologias mais

alguns bots podem aprender

estão as indústrias que – não é

interessantes que há para os

com cada uma das interações

nenhuma surpresa – põem grande

CEOs brincarem ultimamente (já

e incorporar os ensinamentos

ênfase no B2C: viagem, hotelaria,

sabemos o que eu quero dizer:

para continuarem a se aprimorar.

comércio e bancos são alguns

blockchain, machine learning,

Um chatbot se torna inteligente

desses setores.

veículos autônomos, quântica

quando entende a necessidade

etc.), parece que os chatbots

do usuário. Sua inteligência é a

Se, por um lado, os bots são

(uma aplicação da IA) são uma

habilidade de conversar sobre

mais usados para atendimento

que logo se tornará padrão,

qualquer assunto.

ao cliente, agora as empresas já

senão banal, nos próximos anos.

estão encontrando outros meios

De acordo com um estudo da

Eles moram dentro do Facebook,

de incorporar os bots nos seus

Oracle, 80% dos negócios pre-

Messenger, Telegram, textos,

modelos de negócio. Confira

tendem implementar chatbots

e-mail, websites e outras plata-

alguns casos dos mais inovado-

até 2020. O mercado deve

formas. Especialistas dizem que

res que eu encontrei:

crescer em torno de 35% a cada

os bots vão mudar o modo como

ano até 2021.

interagimos com as máquinas nos próximos cinco anos.

O que são chatbots? Onde vivem? Chatbots são um software que

Atualmente, a maioria dos

usa inteligência artificial para

chatbots é usada para atendimento

imitar a conversa humana,

ao cliente, onde eles substituem

geralmente para oferecer algum

a mão de obra humana ou são

tipo de atendimento ao cliente.

a primeira linha de atendimento

Por meio de algoritmos de inteli-

(resolvem as questões mais fáceis).

gência artificial e deep learning,

Encabeçando essa revolução

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Chatbots de companhia - aqui, os chatbots são o núcleo do negócio e o principal serviço. Um exemplo é um chatbot projetado para conversar com pacientes que sofrem de demência ou mal de Alzheimer. Os pacientes têm habilidade de conversar, mas as conversas vão perdendo significado – o que torna difícil para os familiares continuarem falando com eles por muito tempo. Os bots continuam as conversas com os pacientes. Eles tanto mantém os pacientes


conectados com alguém, como informam os médicos dos padrões e do progresso da doença. •

Curadoria – neste mundo de informação sem limites, um dos serviços mais procurados é gerenciamento e curadoria de conteúdo. Um bot de notícias se conecta com a pessoa pelo Facebook messenger e fornece notícias personalizadas, baseadas nas preferências e interesses que ela especificou. Máquinas de marketing – chatbots para comerciais ou filmes que deixam as pessoas chegarem mais perto de seus personagens ou mascotes preferidos. Disney e Marvel, por exemplo, usaram chatbots quando lançaram seus últimos sucessos. Criar comunidades – alguns bots são usados para ajudar a criar comunidades. Uma empresa de colchões tem um bot que funciona entre 22h e 5h, para conversar com as pessoas que não conseguem dormir. Eles podem falar sobre filmes e comida, entre outros assuntos. A ideia é criar uma comunidade para os insones se sentirem mais próximos à marca. Provedor de informação informal – um bot de previsão do tempo dá a mesma informação que seu aplicativo preferido do tempo, mas, em vez de números e estatísticas, ele ajuda a responder coisas importantes, como “o que eu devo vestir?”, ou “será que eu levo um guarda-chuva?” Diagnóstico médico – estes tipos de bots fazem perguntas sobre sintomas, histórico, parâmetros corporais, entre outros, para ajudar a pessoa a entender a

causa provável do que está sentindo e também informa a gravidade da situação. •

Estilo – uma rede internacional de roupas emprega um bot que pergunta sobre o estilo dos clientes e faz recomendações baseadas nesses dados. Gestão – um bot inteligente também pode ser usado para substituir algumas funções de gestão. Há um bot no aplicativo Slack para supervisionar e gerenciar grupos. Ele também pode perguntar aos membros do grupo em quê eles estão trabalhando e garantir que estejam em dia.

um chatbot se torna inteligente quando entende a necessidade do usuário

Os chatbots são nossos amigos? O maior desafio que os bots enfrentam atualmente é a falta de confiança das pessoas. Se o assunto é delicado ou urgente, a maioria das pessoas insiste em falar com um humano.

Em alguns casos, os chatbots substituem os atendentes. Em outros, os ajudam. Em alguns casos, os chatbots substituem os atendentes de serviço ao cliente. Em outros, ajudam, para que as pessoas possam tratar dos casos mais complicados com mais atenção e rapidez. Outra função importante é que eles fazem análise e gerenciamento de dados para resultado rápido e significativo.

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Eles também deixam as em-

qualquer um pode fazer seus

para a questão básica: os clien-

presas sobreviverem e usarem

próprios chatbots hoje em dia (às

tes, afinal, querem chatbots?

melhor seus recursos neste

vezes, em menos de 10 minutos).

mundo multicanais. O que levar em conta ao ter um chatbot em sua empresa Chatbots estão ficando mais fáceis de criar. Embora algumas empresas prefiram criar seus bots do zero, muitas podem utilizar os pré-prontos ou mesmo escalar um software open source para criar e personalizar seus bots. Quer dizer, praticamente

A questão básica é: afinal, os clientes querem chatbots?

Segundo uma pesquisa no Reino Unido (2017), 48% das pessoas preferem interagir com uma empresa por meio de um chatbot, em vez de outros meios

Outra pergunta é se eles dão

de contato. Outros 40% disseram

dinheiro. A mesma pesquisa

que não se importam se é bot ou

mostrou que os chatbots fizeram

humano que responde, contanto

os bancos economizarem entre

que eles tenham seu problema

50 e 70 centavos por interação.

resolvido – está aí a resposta

Uma outra pesquisa (Juniper,

O BRASIL NO PÓS-HYPE DOS BOTS Depois de dois anos, o mercado de chat bots está voltando a esquentar no Brasil. É a lógica da curva de Gartner, que explica o ciclo de adoção de tecnologias emergentes. O hype começou com a abertura do Facebook Messenger à novidade, em 2016. Agora, passado os momentos de aproximação, dos primeiros testes e desilusões, o mercado dá sinais de retomada do crescimento, mas “em bases mais firmes”. A avaliação é de Henrique Carvalho, co-fundador da Cosmobots, que estreou no ano passado, após um ano e meio de gestação. Não é à toa que gigantes como o Google estão dando grande atenção ao assunto. Para a companhia americana, estamos na era da assistência. No Brasil, a quarta turma do programa de residência do Google, no Google for Startups Campus, iniciada este ano, tem foco exclusivo em assistentes virtuais e interface por voz. Fazem parte do grupo dez empresas, entre as quais a Cosmobots, que negocia atualmente o primeiro aporte, de US$ 200 mil e foi inicialmente acelerada pela Visa. “Mas, mais importante que o dinheiro, para nós, é a sinergia com o investidor. Queremos alguém que ajude na estratégia”, diz Carvalho. Idealizada com a proposta de ser uma plataforma que permita à qualquer pessoa criar sozinha um chatbot, mesmo um leigo, a startup pretende aproveitar os seis meses no programa do Google para refinar o produto, testar em maior escala o modelo self-service e iniciar uma ofensiva de mercado através de parcerias com consultorias que possam ajudá-la a ampliar a distribuição. “Em um ano, um ano e meio, estaremos em um nível de mercado em que a proposta de valor dos bots já estará mais bem compreendida e mais empresas vão ter acesso a eles”, afirma. featuring

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2017) concluiu que os chatbots

Preciso de uma plataforma para anexar em um site ou

podem fazer as empresas

app próprio para celular ou eu quero plataformas exis-

economizarem em torno de

tentes, como Facebook, Messenger ou Telegram? Meu

8 bilhões de dólares por ano nos

bot precisa saber interagir com o software da empresa?

diversos segmentos. Quanto você quer de retorno de investimento? Saiba que Os bots também trazem um

geralmente é mais barato criar bots simples, mas eles

benefício indireto – os executivos

não cortam custos de modo tão eficiente quanto os mais

podem se concentrar na estraté-

complicados e caros. Outra consideração é o investi-

gia e no pensamento focado (34%

mento em tempo de treinamento para seu time aprender

deles disseram que os chatbots

a trabalhar com os bots. Quais são suas habilidades?

lhes deram mais tempo).

– Você tem tempo e sagacidade técnica para investir em um bot? Tem conhecimento de informática?

Outras perguntas a fazer quando quiser incorporar chatbots em

Olhando para fora da sua empresa, outra consideração

sua organização são:

importante é quem são seus clientes e qual proposta de valor você está tentando criar para eles? Eles são

Quais são suas necessidades?

antenados, e o que esperam de você? Eles precisam de

– você precisa de um bot de

tempo de espera menor? Mais canais de comunicação?

serviço básico de atendimento

Mais oportunidades de autoatendimento? Um meio de

ao cliente ou algo mais substan-

se conectar mais com sua marca? Eles estão dispostos a

cial, que use processamento de

experimentar e confiar em nova tecnologia? Quanto? •

linguagem natural, ou machine learning? Pode ser tentador optar pelos mais sofisticados, mas geralmente não são necessários. Quais tarefas eu preciso que ele realize? Analytics? Aprender? Resultados? entende e reage à informação em contexto

A maioria dos bots é baseada em processos automáticos simples nos quais o usuário normal usa

reconhecimento de teclado

um botão para fazer escolhas. Se subir um nível, ele pode fazer reconhecimento de teclado. Um

uso de botão para fazer escolhas

nível acima e ele entende e reage à informação em contexto.

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CAPA

ESTRANH NO NINHO CORPORATE INNOVATION

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STARTUP

RH

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HO HO

A aceleração das transformações do mercado tem puxado a demanda por executivos de inovação. Mas o abismo entre as novas ideias e a realidade das corporações ainda faz com que muitos sejam vistos como corpos estranhos no mundo corporativo.

por Dubes Sônego e Guilherme Manechini

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ESTRANHO NO NINHO No Brasil desde 1996, a EDP resolveu mudar a

implementou um modelo de

chave no que diz respeito à inovação há cerca de

trabalho de lean startup para seu

três anos. A multinacional portuguesa do setor

time de colaboradores.

de energia viu naquele momento que era preciso colocar o tema como uma das prioridades para

Como mostra a história da EDP,

a sobrevivência e prosperidade do grupo no

o Brasil vive um momento de

país. A missão, obviamente, não era simples. As

expansão na contratação de

áreas de geração e distribuição de energia, que

executivos que têm a inovação

são os core business da empresa, além de serem

e a transformação digital como

altamente reguladas, até então pouco tinham sido

principal atribuição.

impactadas por tendências de inovação como transformação digital e competição com startups. Uma perspectiva que mudou drasticamente em pouco tempo. Para começar a fazer frente aos desafios, a EDP contratou a administradora de empresas Livia Brando como gerente-executiva de inovação, reportando-se à vice-presidência de serviços e novos negócios. O cargo era uma novidade para ambos os lados. Até então, a executiva atuava

o Brasil vive um momento de expansão na contratação de executivos que têm a inovação e a transformação digital como principal atribuição

com inteligência de mercado e estratégia na British

18

|

THE FUNNEL

|

Petroleum. E a EDP, por sua vez, não tinha uma

“O tema está em alta, é pauta

área específica de inovação olhando o negócio

na grande maioria dos setores”,

da empresa de maneira mais macro. “O setor de

afirma Tatyana Araujo de

energia elétrica tinha mudado pouco nos últimos

Freitas, diretora executiva da

50 anos e, mais recentemente, passou para uma

Russell Reynolds, consultoria

fase de quebra de paradigmas. Isso envolve a

especializada no recrutamento

descentralização da geração de energia, em que o

de executivos. Segundo ela,

consumidor gera a própria energia solar, liberação

existem claramente níveis de

do mercado, onde se pode escolher de quem quer

maturidade digital distintos

comprar, uma tendência de consumo consciente

em diferentes setores. Os

e por aí vai”, diz Livia. Três anos depois, a EDP

setores onde a competição

já realizou um programa de aceleração no Brasil,

é mais intensa, com grande

conta com um fundo de corporate venture capital

número de clientes finais, como

para investir em startups do setor elétrico e

telecomunicações e finanças,

C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E


saíram na frente. Mas a demanda

e dois superintendentes, além

era a experiência do cliente, a

começa a atingir segmentos da

de três gerentes executivos.

possibilidade de uma interação

indústria e do varejo. “Temos

Quatro foram contratados ou

mais fluida, mais natural e

trabalhado bastante com esses

promovidos a líderes da área há

integrada. “Quando você vai

setores”, diz Marcio Gadaleta,

menos de três anos.

para a indústria, o foco principal

também diretor executivo da

deixa de ser o atendimento

Russell Reynolds.

“O que está acontecendo é que a

ao cliente. Está muito mais

transformação digital está

ligado às novas tecnologias, a

De fato, levantamento realizado

se estendendo de setores onde

internet das coisas, à indústria

pela The Funnel com dez

era mais óbvia, nos quais as

4.0, ao processo de produção,

das 50 maiores empresas do

pessoas percebiam as mudanças

a integração da cadeia

Brasil, mostra que nove delas

na ponta, para setores que

produtiva, à inovação na forma

já têm uma pessoa responsável

não são tão visíveis para o

de desenvolver o produto. O

diretamente pela área de

consumidor final”, diz Tatyana.

foco é um pouco diferente”, diz

inovação e/ou transformação

Na prática, isso quer dizer que

Gadaleta.

digital. A lista de empresas é

já não são só bons aplicativos

formada por Cargill, Sabesp,

que importam para sair na

A Cargill é uma das companhias

Nestlé, Copel, GPA, Volkswagen,

frente da concorrência. Nos

que passou recentemente a

Amaggi, Braskem, Petrobras

setores que começaram com a

encarar tecnologia e dados

e EDP. Entre os nove, há um

demanda por inovação, o que

como um quarto fator de

vice-presidente, três diretores

forçava a transformação digital

produção. Em 2017, criou a

80%

Quem é o responsável pela visão e estratégia digital? Diretor de marketing perde espaço para líderes de tecnologia 2014

2015

34%

39%

27%

14% 7% 18%

2017

2018

CEO

40%

42%

20%

CMO

14%

9%

14%

CIO/CTO

13%

19%

6% 21%

CDO OUTROS

10% 23%

9% 21%

das empresas já têm uma liderança dedicada exclusivamente à transformação digital, mas apenas 10% dessas lideranças são responsáveis pela definição de toda a estratégia para a área - o papel ainda cabe ao CEO.

Legenda: CEO - Chief Executive Officer CMO - Chief Marketing Officer CIO/CTO - Chief Information Officer/ Chief Technology Officer CDO - Chief Digital Officer

ABRIL, 2019 | 19


unidade de negócios Digital

de diretor global de inovação

Insights, dedicada a explorar as

e tecnologia da empresa.

potencialidades de ferramentas

Sob sua responsabilidade,

de inteligência artificial no

está o acompanhamento de

suporte à tomada de decisões

macrotendências e tecnologias

em diversas áreas. Para conduzir

emergentes. “A minha área

a mudança, promoveu Vinicius

busca sempre a inovação no

Chiappetta, que desde 2014

desenvolvimento de produtos e

ocupava o posto de gerente de

tecnologias. Para isso, é preciso

desenvolvimento de negócios

entender e antecipar o impacto

para a América Latina, ao

dessas movimentações”, diz

cargo de diretor global da área.

Leite. Como exemplos de

Uma das primeiras novidades

macrotendências, o executivo

anunciadas por ele, em fevereiro

cita o desenvolvimento do

do ano passado, foi a compra

conceito de economia circular,

de participação minoritária

transformação da mobilidade

na startup irlandesa Cainthus.

urbana e aumento da

O negócio garantiu à Cargill

eletrificação dos veículos, o que

acesso a um software de

impacta diretamente na matéria-

reconhecimento facial de vacas

prima utilizada pela empresa, o

leiteiras capaz de relacionar

petróleo, e o uso de materiais

o comportamento e o apetite

renováveis.

dos animais à produção de

20

|

THE FUNNEL

|

leite. “Apostamos em machine

Além da área comandada por

learning na tentativa de detectar

Leite, a Braskem conta ainda

padrões que possam guiar a

com uma diretoria voltada à área

tomada de decisão nas diversas

de digital, que mapeia, entre

áreas de atuação da empresa”,

outras iniciativas, aplicações

afirma o executivo. “Para isso,

de blockchain e inteligência

atuamos internamente com uma

artificial, e um programa de

série de programas e entramos

inovação aberta chamado

recentemente também no mundo

Braskem Labs, este ligado à área

da inovação aberta”.

de sustentabilidade da empresa.

Seguindo a mesma tendência,

Tendência Global

a petroquímica Braskem

Assim como acontece no Brasil,

nomeou em julho do ano

a busca por uma mentalidade

passado o engenheiro

e uma estrutura organizacional

Gilfranque Leite para o cargo

voltada à inovação em série é

C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E


um movimento que acontece no mundo todo. Pesquisa realizada no ano passado pela KPMG com 270 grandes empresas americanas, mostra que 60% dos

o peso da cultura Pesquisa feita pela Russell Reynolds com mais de 1,3 mil executivos, no mundo todo, indica que…

70%

executivos responsáveis pela área de inovação consideram

acreditam que a cultura corporativa importa significativamente para o sucesso do processo de transformação digital; mas apenas

que suas corporações estão em estágio inicial de maturidade no tema. Como principais causas

18%

para o baixo desenvolvimento na área de inovação, o levantamento aponta fatores

avaliam que a cultura das companhias em que trabalham mudou significativamente para permitir a transformação digital

comuns ao relatados por grandes empresas brasileiras: equipes reduzidas, com poucos recursos, e que enfrentam forte resistência dos demais colaboradores, ainda que o CEO ou outro C-Level coloque o tema de inovação como prioridade. Outro estudo, este realizado

barreiras Entre os três fatores apontados como principais obstáculos ao processo de transformação digital nas empresas, dois são culturais

no ano passado pela Deloitte com mais de 1,4 mil executivos de tecnologia de empresas do

55%

mundo inteiro, mostra que muito desta responsabilidade de liderar a inovação acaba recaindo sobre o profissional de tecnologia. O levantamento apontou que

52%

80% desses profissionais de transformações organizacionais e cocriar negócios em suas empresas nos próximos anos. menos da metade, 45%, têm autonomia para isto hoje em

departamentos limitados às suas funções em uma cultura de comodismo.

incapacidade de integração

empresas reconhecem não ter as pessoas e infraestrutura necessárias à integração digital.

alto escalão esperam liderar

A realidade, no entanto, é que

inércia

51%

falta de colaboração mesmo quando há algum esforço de colaboração entre diferentes áreas, é pouco efetiva.

Fonte: Russell Reynolds / Digital Pulse 2018

ABRIL, 2019 | 21


dia. “Esse profissional sempre foi um operador confiável, o responsável por manter as luzes da empresa acesas. Hoje, ele expande sua atuação para instigar mudança e contribuir para o negócio através de tecnologia”, diz Fabio Pereira, sócio da área de consultoria em tecnologia e líder do programa Pesquisa com 270 executivos de grandes empresas americanas mostram a percepção deles sobre a área de inovação:

de CIO da Deloitte. Independente da área de origem do executivo responsável por

QUAL O ATUAL ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO DA ÁREA DE INOVAÇÃO NAS COMPANHIAS?

60%

liderar a área de inovação, os

23%

INICIAL

ganhos para as empresas são

17%

ESTABELECIDO AVANÇADO

evidentes. Mas as mudanças culturais necessárias para que elas aconteçam, na maior

QUEM É O RESPONSÁVEL PELA PROMOÇÃO DA INOVAÇÃO NAS GRANDES EMPRESAS?

parte dos casos, são uma

inovação incremental

inovação disruptiva

Unidades de negócio

81,6%

Time de inovação

36,3%

23,8% 65,1%

barreira difícil de transpor. Dos mais de 1,3 mil executivos de alto escalão entrevistados pela Russell Reynolds para a elaboração da pesquisa Digital Pulse 2018, 70%

COMO É FEITA A ALOCAÇÃO DE RECURSOS PARA A ÁREA DE INOVAÇÃO?

69,5%

disseram acreditar que a

20,3%

ANUAL

10,2%

POR PROJETO OUTROS

cultura corporativa importa significativamente para o sucesso do processo de transformação digital. Em contraste, apenas 18% avaliaram que a cultura das

QUAL É O FOCO DOS ESFORÇOS DA ÁREA DE INOVAÇÃO?

empresas em que trabalhavam

49%

28%

23%

para manter a estrutura atual de forma otimizada

para criar novos produtos e serviços

para mudar a estrutura atual

INCREMENTAR

ADJACER

TRANSFORMAR

mudou significativamente para permitir a transformação digital e dar impulso à inovação. Talvez por isso, um dos fatores

Fonte: Benchmark Innovation Impact 2018/KPMG

22

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THE FUNNEL

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C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E

mais apontados no levantamento


feito pela The Funnel junto às empresas brasileiras para

Por muito tempo, a sigla CIO

justificar a criação de um cargo diretamente ligado à

serviu para designar o cargo de

inovação seja justamente a necessidade da figura de um

Chief Information Officer, que

catalisador de mudanças. Em todas, além de equipe

costumava ter função similar a

própria, os executivos responsáveis por inovação têm

do executivo responsável pela

autonomia para acionar profissionais e executivos de outros

tecnologia (CTO, na sigla em

departamentos para desenvolver novos projetos. As

inglês). Hoje, é cada vez mais

atribuições do cargo costumam incluir ainda a construção

comum a designação de CIO

de parcerias com outras empresas, startups e instituições,

para o cargo máximo de líder de

e a prospecção e inserção de novas tecnologias na cadeia

inovação, totalmente integrado

de valor da companhia. “Ao abraçar o tema da inovação, a

às decisões estratégicas da

empresa se propõe a uma mudança de mindset e também

empresa. Idealmente, a cultura

de cultura organizacional”, diz Livia Brando, da EDP.

de buscar constantemente a inovação será disseminada nas

Prata da Casa

empresas e internalizada por

Encontrar um profissional com perfil adequado à função

técnicos e executivos de todas

no Brasil, no entanto, não tem sido tarefa fácil. “Há uma

as áreas. Até que isso aconteça,

escassez de talentos realmente experientes, com a ousadia

no entanto, muitas precisarão

de fazer o que é necessário para a transformação digital”,

de “catalisadores” internos para

diz Tatyana, da Russell Reynolds. Em função disso, afirma,

puxar as transformações, e a figura

a consultoria tem buscado executivos em outros países para

deste novo CIO tende a se tornar

preencher algumas vagas abertas por clientes no Brasil.

cada vez mais presente. Muito

“É preciso separar um pouco os verdadeiros talentos do

provavelmente, sem que ele se

que chamamos de ‘papagaio digital’. Tem muita gente que

sinta um estranho no ninho. •

desenvolve o domínio do jargão da área e não passa dessa casca. Transformação digital não é fazer propaganda do meio digital. Precisa vir de uma revolução do processo industrial, de produção”, afirma. A solução, em muitos casos, é promover alguém. No levantamento feito pela The Funnel junto às empresas brasileiras, sete dos nove executivos que lideram à área de inovação são prata da casa. Dos outros dois, um foi encontrado com auxílio de uma empresa de recrutamento de executivos e, o outro, se candidatou à vaga no LinkedIn. A maior parte deles são engenheiros, com idades entre 35 anos e 60 anos - a maioria na casa dos 40 anos e dos 50 anos -, com passagens por diferentes áreas na gestão de empresas.

ABRIL, 2019 | 23


entrevista com

JAY SAMIT Autor do best seller “Seja Disruptivo” aconselha os executivos de inovação a serem ambiciosos na busca por novos negócios

CIO

DISRUPÇÃO

CORPORATE INNOVATION por Pedro Carvalho

Nas empresas, um Chief Innovation Officer pode ser visto como uma fonte de custos, ou mesmo um estranho no ninho. Como ele convence os pares a ajudá-lo? Sim, é verdade. Fui um intraempreendedor em uma grande empresa três vezes. As empresas que têm chefes de inovação de verdade são aquelas que passaram a correr o risco de estar em problemas. Afinal, esse profissional não é a primeira ferramenta de que um CEO lança mão. Normalmente, primeiro ele enxerga as soluções de sempre: vamos jogar mais dinheiro na linha de produção, vamos reduzir o custo... As empresas não têm o desejo natural de inovar. Inovar toma tempo e dinheiro, derruba o balanço, o CEO

“A primeira regra da vida corporativa é a autopreservação, e você é uma ameaça”.

não ganha bônus... Assim, na hora em que você traz um CIO, eis o cenário que ele encontra:

24

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THE FUNNEL

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C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E

todos os outros executivos seniores estão com medo de perder o emprego, ou ver sua divisão desaparecer. E você é o inimigo. Eles não querem que você seja bem sucedido, porque não querem ser demitidos. A primeira regra da vida corporativa é a autopreservação, e você é uma ameaça, um vírus entrando em um ecossistema pré-existente. Por isso, a única forma de sobreviver é se você tiver alguém que realmente dê suporte a você. De preferência o CEO ou o chefe do conselho. Qualquer coisa menos que isso, no momento em que você começar a atuar e deixar as pessoas desconfortáveis, eles podem sabotar o que você fizer. A partir desse suporte, que tipo de mudança o CIO deve buscar na empresa? Você não está ali para fazer mudanças incrementais. Mudanças pequenas não iriam


Jay Samit, 58 anos, esteve por trás da transformação de empresas como Coca Cola, Disney, McDonald’s,

“Não busque mudanças incrementais”

Starbucks e Unilever. Nesse início de ano, o guru do Vale do Silício lançou no Brasil o livro “Seja Disruptivo!”, sucesso de vendas em dez idiomas mundo afora. O lançamento é uma iniciativa da Mindset Ventures, fundo que ajuda investidores brasileiros a fazer aportes em negócios inovadores no exterior. A seguir, ele fala sobre os desafios de um cargo que conhece de perto: o

valer o tempo, o custo e o esforço

de CIO (chefe executivo de inovação).

do CIO. Deve haver uma mudança fundamental. A Apple era uma empresa de computação falida por muito tempo, nunca chegava a 10% de penetração de mercado. A ideia de lançar o iPod e entrar na indústria da música não tinha nada a ver com computação, aquilo que ela fazia. Foi uma startup completa. A única parte do iPod que era feita pelos empregados da Apple era embolsar o lucro. A Frog fez o design, os componentes vinham da Sony, ele era montado fora da empresa. A Apple não tinha como fazer essa inovação, então fez fora da empresa. Essa, por sinal, é a razão de muitos empreendedores serem bem sucedidos: um CEO prefere comprar uma startup por um preço alto, em vez de passar anos gastando dinheiro para chegar a uma inovação – sob o risco de ser demitido pela queda nos lucros antes disso.

Como o CIO consegue recursos para buscar essas inovações radicais?

e ir até as pessoas que não

Quando eu fazia esse trabalho

e dizer: toma aqui um dinheiro

dentro de uma das maiores

para ajudar você a bater a meta –

empresas de música [a Sony

em outras palavras, posso salvar

Music], o Napster apareceu. As

seu emprego. Me tornei a pessoa

pessoas não queriam comprar

mais popular da empresa,

aquelas coisinhas redondas

conseguia a colaboração de

[CDs] mais. Ninguém sabia o que

todo mundo. Assim a gente

fazer. Na empresa, cada divisão

conseguiu mudar uma empresa

tinha seus próprios problemas

de cem anos. Você tem que

para lidar. Então eu adotei

bolar um esquema que coloque

uma coisa que se chamava

as pessoas do seu lado.

estavam cumprindo suas metas

de “contabilidade da fada madrinha”. Disse para o CEO: “Ouça, não estou conseguindo cooperação, posso fazer uma coisa? Como estou usando recursos de outras partes da

Assim a gente conseguiu mudar uma empresa de cem anos.

empresa, todo o dinheiro que conseguirmos na nossa divisão vai ser incluído nas outras divisões na contabilidade”. Então eu poderia ser a fada madrinha

Como os orçamentos andam apertados, existem maneiras de fazer isso de forma mais barata? Existem maneiras de encontrar novas fontes de dinheiro. Ele pode

ABRIL, 2019 | 25


ser buscado em outras empresas,

vez na história as receitas da

a Pepsi – e assim por diante. Vale

por exemplo. Pense assim: não

empresa estavam caindo. Duas

a pena? Às vezes um mercado é

importa em qual negócio você

marcas com problemas, mas que

dominado por poucas marcas,

esteja, seus clientes são sempre um

tinham milhões de dólares em

e aceitar dinheiro de uma delas

subconjunto de um grupo maior.

orçamentos de marketing. Fui ao

restringe muito suas opções de

Vamos dizer: se você faz sapatos

McDonald’s e disse: posso tornar

vender a startup depois. Tem

de mulheres, seu cliente são os

vocês populares novamente.

indústrias que podem inovar em

pés das mulheres. Mas o pé está

Faremos uma promoção “Compre

conjunto – nos EUA, as empresas

grudado no resto da mulher. Assim,

um Big Mac, ganhe uma música

de cabo se juntaram para financiar

existem outras empresas que estão

grátis”. A gente coloca códigos

programas de startups para o setor.

atrás dessa audiência [a mulher],

em tudo e você cuida das

Para as empresas, é importante

mas não são suas concorrentes

propagandas. Na primeira semana

saber o que seus empregados

– elas não fazem sapatos de

da promoção, eles direcionaram

pensam sobre as startups

mulher. Se você pensar numa ideia

20 milhões de consumidores para

incentivadas. A Disney fez um

inovadora, você pode apresentá-la

o meu site de baixar faixas. Eu

braço de investimentos que se

a essas outras empresas e usar o

gastei zero. Com a companhia

chamava Steamboat Ventures. Se

dinheiro delas.

aérea, eu descobri que os

você recebia um investimento dele,

clientes tinham

não podia fazer negócios

“Você tem que entender a cultura da sua empresa antes de tomar esse tipo de decisão”.

Você teria um exemplo concreto?

muitas milhas

O caso da Apple e do iPod que

sobrando.

falamos. Para a Sony concorrer

Por que não

com a Apple, eu tinha que

deixá-los

fazer meu próprio iTunes do

usar as milhas

zero, arrumar todo o conteúdo

pra comprar

com os estúdios e selos etc. E

música? Eles

eu não tinha nenhum dinheiro

disseram ok. E mandaram outros

não faziam negócios com ninguém.

de marketing para isso. O

20 milhões de clientes para o meu

No fim, a marca gastou milhões de

orçamento de propaganda

site. Meu custo total: zero.

dólares e encerrou a ideia.

do iTunes era de 100 milhões

empresa. Olhei no jornal para descobrir que outros negócios

Para os empreendedores, vale

estavam com problemas. Vi que

lembrar que sempre que você

a United Airlines estava pedindo

aceita o dinheiro de uma empresa,

concordata e o McDonald’s estava

ele vem com uma corda amarrada.

sofrendo por causa do filme

Se você aceita dinheiro da Coca,

“Supersize me” – pela primeira

não vai poder fazer negócio com

Você acha o dinheiro fora da

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THE FUNNEL

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da Disney. Mas os executivos da Disney não gostavam das startups, então elas também não faziam negócios com a própria Disney. Ou seja,

Portanto, você tem que entender Muitas empresas têm preferido inovar fora de casa, patrocinando um hub de inovação. Que cuidados a empresa e os empreendedores precisam ter nesse caso?

de dólares. O que você faz?

com as concorrentes

C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E

a cultura da sua empresa antes de tomar esse tipo de decisão [incentivar um hub de startups]. E, como empreendedor, entender que o dinheiro das empresas nunca vêm sem uma corda amarrada. •


Crônicas de um projeto real de inovacão corporativa CASE

BIG DATA

AGILE

Normalmente, quando as empresas lançam um

Fase 1: Ideação

negócio de sucesso no mundo, o foco delas está no

A primeira vez que ouvi falar

resultado. Contudo, por uma série de motivos, não

desse projeto foi quando

é comum elas compartilharem as crônicas de seus

o apresentaram como uma

projetos e os seus bastidores do crescimento.

ideia ainda crua num evento

por Ahi Gvirtsman, de Tel Aviv

de ideação em uma das filiais Esta crônica é de um projeto real de inovação que

da empresa. Era um lugar

deu certo em uma das empresas onde trabalhei,

pouco conhecido à época por

começando pelo departamento de software para

sua inovação, QA (garantia

corporações. Para lhe dar uma ideia, à época,

de qualidade), e equipe. No

era uma linha de produtos que gerava bem mais

começo, a ideia era adicionar

que US$ 100 milhões por ano em vendas e tinha

uma grande função técnica

uma infraestrutura construída ao longo de 30 anos

a um produto de 30 anos de

– o que, em se tratando do mundo do software,

idade, usando um código open

significava algo bastante ultrapassado.

source amplamente disponível. A apresentação do projeto foi

Obviamente, vou deixar de lado nomes e

feita através de uma plataforma

conteúdos, já que o que importa é a história do

de ideação e um mecanismo para

ciclo de vida do projeto do ponto de vista de

convidar os colaboradores a votar

alguém bem-informado, de dentro da empresa.

nas ideias preferidas. Esses ciclos

O objetivo aqui é proporcionar um novo olhar

de ideação e votação aconteciam

ao inesperado e desordenado caminho a que a

trimestralmente. Infelizmente

inovação pode levar, e transmitir a importância de

o projeto não conseguiu votos

um ecossistema de base que aumente as chances

suficientes para ir à segunda fase,

de sucesso desses projetos inovativos.

o que decepcionou todo o time.

É aqui que as ideias costumam morrer. Estão cruas e são apresentadas a um público que não dá o apoio necessário para ela seguir ao próximo passo.

ABRIL, 2019 | 27


Fase 2: Repensar

Fase 3: Sucesso inicial

Fase 5: Validação

Por sorte, a empresa tinha uma

Com a ajuda dos coaches, o

O time começou a entrevistar

equipe de coaches qualificada

time reformulou a ideia, acatou

os clientes e apresentou uma

para ajudar a promover a

os dois pontos do feedback

lista de dez casos potenciais

inovação de diversas maneiras

recebido e reapresentou-a ao

de big data que poderiam

como uma prioridade. E uma

ciclo de ideação. Detalhe: por

aplicar ao produto, pedindo

ponte entre a matriz e a filial,

ter uma frequência trimestral, as

que eles classificassem em

junto com o time de ideação,

ideias podiam ser apresentadas

ordem de preferência. Também

viu potencial no rumo geral da

durante o ano inteiro. Quando

foi coletado um feedback do

proposta – principalmente, de

a próxima votação trimestral

real impacto financeiro que

introduzir a tecnologia de big

aconteceu, a ideia recebeu os

cada caso teria no bolso do

data em um produto de 30 anos.

votos necessários, e o time de

consumidor final. Os resultados

Os coaches, no entanto, fizeram

ideação ganhou 10% do horário

foram surpreendentes, e eles

algumas observações cruciais

de trabalho por três meses para

pivotaram para focar em dois

para o time:

desenvolvê-la e prepará-la para

casos que eram os favoritos dos

um pitch executivo.

consumidores. Munido desses

1. Encontrar um caso para implementar big data que ofereça mais valor aos clientes do que o que foi proposto. 2. Pensar na oportunidade de escalar um tipo de big data que fosse uma tecnologia diferencial para a empresa, em vez de usar open source.

dados, o time reformulou o pitch com foco no valor para Fase 4: Rejeição

o consumidor, e o apresentou

O time trabalhou com a ajuda

novamente aos executivos. A

de mentores escolhidos

descoberta que a apresentação

pelo programa de inovação e preparou o pitch para os executivos. Eles queriam

Veja como é importante ter ciclos frequentes de ideação. Assim, quando as ideias precisam ser reformuladas, não leva tanto tempo até surgir outra oportunidade. Se os ciclos forem muito distantes, a ideia perde força. Outra parte crucial aqui são os 10% de alocação de tempo. Para um grande ecossistema de inovação prosperar, deve-se estabelecer alguns parâmetros de tempo, ou as pessoas serão sugadas por suas tarefas cotidianas.

conseguir recursos para construir uma versão alfa da ideia. Comparado aos recursos disponíveis até então, o pedido deles era modesto. Não foi possível, e o time decidiu fazer o pitch com uma perspectiva técnica. Fizeram isso porque eram engenheiros e essa era sua tendência natural. Os executivos rejeitaram a ideia com o feedback de que o valor do negócio não estava claro de jeito nenhum.

28

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THE FUNNEL

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C O R P O R AT E I N N OVAT I O N M AG A Z I N E

Outro lugar onde as ideias morrem. Quando os executivos rejeitam uma ideia, o time pode ficar desanimado, principalmente se ele não for forte ou relevante dentro da empresa. É essencial haver alguém que cuide do time, mantenha o seu moral alto e lhe ofereça uma nova perspectiva. Aqui, o time de inovação interveio e trouxe ideias – muito ainda podia ser feito para convencer os executivos a apoiarem o projeto.


mostrou foi que quem já era

Fase 6 : Implementação

cliente da empresa gostou de

O time continuou a validar

dois produtos e pagaria uma

suas ideias quanto ao valor ao

versão premium por eles. Os

mesmo tempo em que fazia a

executivos se convenceram

implementação. Eles tiveram

a deixar o time continuar e a

sérias dificuldades técnicas,

ideia seguiu para a unidade de

porque a tecnologia de base que

negócios para implementação.

eles queriam usar requeria um desenvolvimento muito caro, e

É essencial a participação de alguém com uma larga perspectiva, que ajude os projetos de inovação a superar os obstáculos organizacionais e técnicos, para o sucesso da inovação. Essa habilidade de localizar o time de pré-vendas, que foi coligado com o de implementação de uma unidade de negócio separada, seria quase impossível para a equipe de implementação – e até mesmo para seus gerentes.

aumentaria muito o custo para o consumidor possuir a tecnologia. O desafio aqui também era organizacional, pois a tecnologia de base era operada por um negócio totalmente diferente, localizado em outro continente. Mais uma vez, o time de inovação usou seus contatos na empresa para descobrir que a tecnologia que eles queriam usar tinha um corpo técnico na mesma cidade da equipe de implementação, e colocou os dois em contato. O problema foi resolvido rapidamente.

Fase 7: Lançamento bem-sucedido O projeto foi lançado como um aprimoramento do produto que já estava no mercado há décadas. Um dos clientes é filmado dizendo: “Eu vou ter esse software, mesmo que tenha de vender hot-dog no domingo”. Outro cliente diz: “É o software mais legal que já vi nos últimos dez anos”. No primeiro ano de lançamento, as vendas diretas geradas pelo produto bateram as metas. Uma questão inesperada é que um produto que está em competição com startups, prestes a ser “combatido”, consegue a maior parte das vendas, e a versão premium é a maior razão para isso. É um resultado que nem as pessoas mais otimistas que se envolveram no projeto poderiam imaginar que aconteceria com apenas dois casos de big data.

ABRIL, 2019 | 29


Fase 8: Sucesso estratégico

murchar e morrer várias vezes.

projetos tentam alcançar algo de

A cereja do bolo aqui foi quando

Mesmo assim, virou a mudança

valor e fazem isso de um modo

um relatório Gartner citando o

de estratégia de uma linha

que lhes traz a oportunidade

produto no quadrante mágico

significativa de produtos oficiais.

real de sucesso em um ambiente

colocou-o em uma posição muito

Ninguém fez desse projeto uma

controlado para errar. Quanto

mais visionária que antes, e

obrigação. Não havia uma sessão

você investiria na habilidade

afirmou que dentro da estratégia

super bem-pensada que definiu

de fazer isso sem quebrar seu

de aplicação de analytics à sua

seus parâmetros. Não era um

negócio atual?

linha de produtos, ele estava

plano de cinco anos. Aconteceu

em uma posição de liderança

em uma atmosfera em que

A questão principal, no entanto,

no mercado. O time decidiu

simplesmente alguém disse:

é: você pode não investir nisso?•

formular toda estratégia futura

“Vamos tentar. Se falharmos,

da linha oficial do produto

pelo menos será rápido e

para baseada em analytics. O

barato”. Enquanto esse projeto

projeto de inovação se tornou o

repetia, aprendia e progredia,

segmento líder da estratégia.

dúzias de outros projetos de inovação tentavam fazer o mesmo na empresa, e tinham

Convido o leitor a refletir sobre

graus diferentes de sucesso.

isso. Foi uma ideia modesta de inovação que veio de um lugar

Agora, pergunte-se o que

remoto de desenvolvimento,

aconteceria na sua organização

entregue por um time de QA

se você pudesse começar dez

sem conexões ou importância na

projetos como esse em um ano.

empresa. Teve oportunidades de

Ou quem sabe 20, 30? Muitos

“Se falharmos, pelo menos será rápido e barato”

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E se na segunda-feira você já encontrasse os desafios de sua empresa resolvidos? Alguém, em algum lugar do mundo, já tem a solução que você está procurando para os desafios de sua empresa. Com uma metodologia única e comprovada, aliada a uma rede global de inovadores,The Bakery London ajuda algumas das maiores corporações do mundo a inovarem de maneira mais rápida, eficiente e com menor risco. Quer conhecer mais?

Veja mais informações no site thebakery.com

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Porque um designer pode ser sua contratação mais importante DESIGN THINKING

UX

MÉTODOS DE INOVAÇÃO

Você saberia dizer como a sua empresa usa design hoje? Ou qual a última vez que o design de produtos ou serviços foi discutido pelo CEO? Sua experiência de uso se parece mais com fazer uma conexão num aeroporto mal sinalizado, ou ela é tão simples e intuitiva como fazer uma busca no Google? Chamamos de design todas as atividades que envolvem o entendimento amplo do cliente e das suas necessidades atendidas, mas principalmente não atendidas, comportamentos e desejos, até a criação, desenho e implementação de soluções para atendê-las. Acabamos de concluir um levantamento inédito, com 300 empresas de capital aberto, realizado ao longo de cinco anos, o McKinsey Design Index (MDI). Descobrimos que companhias centradas no design tiveram crescimento de receita 32% maior, e 56% mais crescimento de retorno aos acionistas que suas concorrentes no mesmo período. Ou seja, design não só empiricamente proporciona uma melhor experiência como impacta a lucratividade. Entre as líderes em design estão as empresas que entendem que isto é um assunto para o top management e passam a tratar seu desempenho

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em design com o mesmo rigor

do canal online, e transformações

que realmente movem o ponteiro

que faturamento e custos. Do

baseadas no design da experiên-

financeiro exige comprometi-

outro lado, estão as que deixam

cia de compra online aumentaram

mento com o design centrado

o design para o último minuto.

as vendas em 25%. Eis algumas

no cliente. Neste sentido, temos

Algumas das práticas vistas nas

ações imediatas a adotar:

ajudado várias organizações

que performaram menos no MDI incluem: a) não compartilhar protótipos com usuários finais; b) não entrevistar ou tentar entender o cliente antes de criar produtos e serviços; c) não convidar os líderes seniores de design para as decisões estratégicas.

Companhias centradas no design têm crescimento de receita 32% maior e 56% mais crescimento de retorno aos acionistas que seus concorrentes. Uma fabricante global de móveis, por exemplo, tirou os designers do isolamento e colocou-os para ter voz e vez nas decisões de engenharia, marketing e finanças, formando times multifuncionais. Os resultados: além do fim do desperdício de tempo com produtos que ao fim se mostravam comercialmente inviáveis, o maior foco no usuário gerou uma redução de 10% no time-to-market e um aumento de 30% na receita. Em outro caso, a equipe de design foi integrada à estratégia e gestão

1) Primeiro, na alta gestão da empresa, é preciso adotar métricas e metas de excelência em design de experiência do cliente, assim como certamente a sua empresa já faz com métricas de faturamento ou custos. Se você não quantificar e não tiver benchmarks, não terá nem como saber se está avançando. 2) Depois disso, é preciso colocar a experiência do usuário no centro da cultura da empresa, o que inclui utilizar o design para aprimorar não só os produtos, mas todo tipo de contato da empresa com o cliente, das embalagens aos processos físicos e interações com canais digitais.

na adoção ampla do design, tornando-as mais competitivas. Contamos hoje com mais de 350 designers em todo o mundo, sendo que dezenas deles estão na América Latina, participando da criação de capacidades, cultura, métricas e processos para destravar o poder do design nas empresas. •

Yran Dias, sócio sênior da McKinsey

Fabrício Dore, sócio associado e VP de Design da McKinsey

3) Em terceiro lugar, é preciso valorizar os melhores profissionais de design, de modo que eles sejam pilares de times multidisciplinares. Em alguns casos, haverá resistência a isso, e a liderança da empresa precisará estar engajada em legitimar e apoiar a mudança. 4) Por fim, é preciso testar e testar, mantendo um aprendizado contínuo, com foco nas informações críticas oferecidas pelo feedback do cliente, antes e depois do lançamento dos produtos e serviços. O design precisa estar atrelado a um processo contínuo de melhoria. Mais do que nunca, o lançamento de novos produtos, serviços ou plataformas digitais

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GUIA DE EVENTOS Apesar do carnaval tardio ter dado a impressão de que o ano começou só em meados de março, muito já aconteceu na área de tecnologia e inovação. Principalmente quando o assunto são os eventos quase que obrigatórios para qualquer executivo da área. Entre janeiro e março, rolaram a CES, em Las Vegas, o SXSW, em Austin, e o Mobile World Congress, em Barcelona. Isso não quer dizer, porém, que você perdeu o bonde dos principais palcos de discussão da inovação no Brasil e no mundo. É o que fica claro no guia que preparamos a seguir.

UX Conf Brasil Onde: Porto Alegre – Brasil Quando: 17 e 18 de maio O Design de Interação e o UX no centro da mudança de cultura. Essa é temática do UX Conf 2019, que acontece anualmente desde 2015 no Brasil. Serão mais de 30 palestrantes debatendo temas de inovação, UX e Design de Interação na capital gaúcha. O evento é hoje o principal ponto de encontro entre designers e empresas, uma relação que só cresce, como bem disseram Fabricio Dore e Yran Dias, no artigo publicado nesta edição.

Festival Path Onde: São Paulo - Brasil Quando: 1 e 2 de junho Inovação e criatividade são os motes do Festival Path. E a organização do festival tem cumprido à risca essa meta, sobretudo pela diversidade de temas e palestrantes que invadem a capital paulista no início de junho. Em 2018, foram mais de 300 atividades, que vão de palestras a shows e exibições de filmes. Outro atrativo do evento é a possibilidade de transitar entre os vários palcos a pé, curtindo a cidade.

HackTown

Onde: Santa Rita do Sapucaí (MG) - Brasil Quando: durante o feriado prolongado de 7 de setembro Inspirado no festival americano SXSW, desde 2015 o HackTown leva para a cidade mineira de Santa Rita do Sapucaí milhares de pessoas interessadas nos temas ligados à inovação. Em 2018, mais de 300 eventos aconteceram simultaneamente na cidade. E para quem acha que o único vínculo de Santa Rita do Sapucaí com inovação é o HackTown, aí vai um alerta: a região é conhecida como o Vale da Eletrônica, por abrigar mais de 160 empresas de tecnologia.

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Service Design Global Conference Onde: Toronto – Canadá

Quando: 9 a 11 de outubro Entidade-mãe do tema Design de Serviço, a SDN (Service Design Network) reúne em sua conferência anual as principais discussões e especialistas durante três dias de evento. O primeiro dia, vale ressaltar, é só para membros da SDN. A conferência será realizada na Evergreen Brick Works, um antigo conjunto de galpões industriais que hoje é a primeira iniciativa canadense de centro comunitário ambientalmente 100% preparado para práticas sustentáveis, com direito a lagos e parques no terreno. Um capítulo a parte.

Interaction LatinAmerica Onde: Medelín – Colômbia

Quando: 31 de outubro a 2 de novembro O capítulo latino-americano da Interaction desembarca pela primeira vez na Colômbia. Trata-se do evento mais renomado das áreas de UX e Design de Interação, além de debater sobre tecnologia e inovação. Apesar de ainda serem pouco difundidas para o público não especializado, a busca por avanços nas áreas de UX e Design de Interação permeia grande parte das empresas bem sucedidas no contexto atual de inovação.

WebSummit Onde: Lisboa – Portugal

Quando: 4 a 7 de novembro Depois de realizar duas edições do Web Summit em Lisboa – até então o festival mudava de sede a cada biênio – o governo português decidiu investir 110 milhões de euros para garantir o evento no país pela próxima década. A estratégia complementa a política adotada nos últimos anos de tornar a economia criativa um dos principais pontos do PIB do país. Desde que adotou este drive, Lisboa já foi considerada pela União Europeia a cidade mais inovadora do continente e diversas empresas decidiram montar centros de inovação no país. Voltando ao Web Summit, talvez a parte mais midiática deste bolo, o evento reúne CEOs e fundadores de ícones da tecnologia, além de personalidades. O evento chega a reunir mais de 70 mil pessoas. É um investimento sem risco.

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Dream Force Onde: São Francisco – Estados Unidos Quando: 19 a 22 de novembro São Francisco e os arredores do Vale do Silício provavelmente são os lugares onde há maior frequência de eventos de inovação. Nenhum deles, porém, faz a cidade parar como o Dream Force. São mais de 2.700 atividades ao longo de quatro dias de evento. Nele, facilmente você poderá assistir aos grandes nomes da tecnologia mundial e também personalidades, além de personalidades do momento (Michelle Obama, Al Gore, a banda Metálica e astros da NBA são alguns exemplos). Gostou da ideia? Então é melhor correr, pois é tarefa dificílima encontrar um bom hotel a um preço competitivo durante os dias do evento. Afinal, são cerca de 170.000 pessoas focadas no Dream Force. As festas, porém, são garantidas.

Wired Festival Onde: Rio de Janeiro - Brasil Quando: Início de dezembro A principal revista de tecnologia e inovação do mundo conta com um evento no Brasil, o Wired Festival. Realizado em parceria com o Grupo Globo, o evento acontece no Rio de Janeiro e reúne nomes nacionais e estrangeiros para falar de inovação de uma maneira mais leve e voltada aos impactos na rotina das pessoas. No ano passado, por exemplo, um dos destaques foi a apresentação de Michael Horvath, fundador do Strava, que consistiu em mostrar como aplicativos de mobilidade podem auxiliar no planejamento de grandes cidades. Em 2016, quem puxou a lista de convidados foi o britânico Ben Hammersley, futurólogo e ex-editor da Wired. Enfim, é sempre um bom pretexto para ir ao Rio.

CES

Onde: Las Vegas – Estados Unidos Quando: 6 de janeiro de 2020 Há tempos a CES conquistou o posto de principal evento de tecnologia do mundo. É lá que todas as maiores empresas do setor de eletroeletrônicos buscam fazer seus principais lançamentos do ano (Samsung, LG, Intel, entre vários outros). O mesmo vale para empresas muito ligadas a bens de consumo e que não necessariamente estariam em um evento como o CES, como é o caso das montadoras, que deixaram de lado o tradicional Salão do Automóvel de Detroit para focar os esforços em Las Vegas.

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SXSW 2019: tecnologia centrada no ser humano BLOCKCHAIN

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

DIVERSIDADE

Esse ano o South By Southwest

Society. Já as aplicações do

filantropia online, logística e

sacramentou tendências que

blockchain se mostram cada

carros autônomos. Neste último

acompanhamos nas últimas

vez mais próximas do dia a dia

caso, ele agregará a confiança

edições. Como de praxe, algumas

das grandes empresas. O hype

necessária para saber os reais

expectativas se realizaram,

passou, agora ficou só quem está

motivos de falhas no sistema em

outras estão a caminho do

de fato construindo algo viável.

caso de acidente, já que ainda

esquecimento. O que ilustra

Aliás, não se ouviu quase nada

é impossível pensar que não

uma das tendências macro mais

sobre criptomoedas no SXSW,

ocorrerão falhas, bugs e mortes

relevantes é o desenvolvimento

consolidando a percepção de

causadas por esses veículos.

de soluções interdisciplinares,

que o blockchain é muito mais

É bem possível que em breve

o caminho encontrado para

do que isso.

tudo que envolva infraestrutura

viabilizar produtos ou soluções.

e banco de dados esteja ligado a Num futuro onde a privacidade é

algum tipo de blockchain, como

A Inteligência Artificial dispensa

cada vez mais utópica, confiança

ilustrou o Dr. Julian Hosp, autor

apresentações. Ela faz parte de

e transparência foram palavras

do livro Blockchain 2.0.

tudo, e uma de suas aplicações

em alta. O sentimento de que nós

com outra tecnologia em alta,

seremos monitorados em tempo

Outra tendência que está

a do blockchain, converge para

real já não incomoda tanto, porém

consolidada é a da realidade

a ideia de interdisciplinaridade.

as pessoas querem saber como as

virtual, que já não é apenas

Juntas, as duas tecnologias

informações estão sendo usadas.

virtual, mas aumentada e

possibilitam a criação dos smart

É aí que entra o blockchain,

estendida. A realidade estendida

contracts, autoexecutáveis, como

ou melhor, a confiança que ele

envolve o usuário interferindo

bem explicou Stephen Wolfram,

inspira. Dentre as aplicações

em vários dos seus sentidos

cientista, escritor e membro

mais relevantes, falou-se de

ao mesmo tempo. Apesar do

da American Mathematical

votação virtual, ampliação de

custo da tecnologia ainda ser

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um proibitivo para o mercado

levantadas pelo renomado autor

quesitos como retorno para os

de consumo, produto como

do livro Team Human, Douglas

investidores, crescimento de

os novos óculos da BOSE, que

Rushkoff. Uma pesquisa mostrou

valuation e de market share.

tocam música e reconhecem

o viés de alguns algoritmos de

os movimentos da cabeça do

IA, feitos para reconhecer rostos

A sensação que fica ao ser

usuário, comprovam que sua

humanos. Conclusão: negros

bombardeado por tantas ideias

disseminação é iminente. Já

tinham 30% a menos de sucesso

e novas tecnologias é que é cada

para o mercado B2B, isso parece

por causa da forma com que o

vez mais complexo antever qual

consolidado.

algoritmo foi treinado. Prova de

tendência de fato se concretizará.

que há muito por fazer.

Nem todo hype é pra valer, muitas

A confiança, grande valor

vezes é só uma onda de excitação

agregado pelo blockchain,

Diversidade foi outro problema

sobre uma solução. Ao mesmo

como descrito anteriormente,

bastante debatido, sobretudo

tempo, e essa é uma excelente

aponta para outra tendência:

a igualdade de gênero. O

notícia, ficou claro que, em um

a da humanização da tecnologia. Agora, mais do que nunca, o ser humano é o centro das atenções, e a tecnologia, uma ferramenta. Muito se discutiu sobre reaver os valores das

agora, mais do que nunca, o ser humano é centro das atenções, e a tecnologia, uma ferramenta

argumento de

mundo global e conectado, as

que diversidade

novas soluções terão que ter

é bom para o

mais diversidade de recursos

seu negócio,

humanos na sua criação para

pois proporciona

obterem sucesso. Diversidade de

melhor ambiente

conhecimento, de expertise, de

para a criação

gênero, de cultura. •

de produtos,

pessoas, e em como usar as

ganhou força. Startups que

novas tecnologias de forma mais

possuem diversidade como

humana, uma das bandeiras

um valor despontam em

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Rafael Mendes, business developer na Kyvo


Em 2005, São Paulo deu as boas-vindas à primeira sede do Istituto Europeo di Design no Brasil, iniciando as atividades do instituto fora da Europa.

A ÚNICA FACULDADE INTERNACIONAL 100% DEDICADA AO DESIGN NO BRASIL

IEDSÃO SÃOPAULO PAULO P IED

Reconhecido e bem-avaliado pelo MEC, o IED São Paulo em torno das práticos do design, com grande visibilidade e respeito no cenário nacional. Em 2014, o Rio de Janeiro recebeu a segunda sede do IED no Brasil, revitalizando o patrimônio histórico e cultural do Cassino da Urca e sinalizando o impacto cultural que estava por vir. Além de instituição educacional, nossas sedes estão sempre de portas abertas à comunidade, com eventos culturais e programações que apresentam o design como poderosa ferramenta de inovação e transformação.

IEDRIO RIO P IED

IED SÃO PAULO

Rua Maranhão, 617 - Higienópolis

IED RIO DE JANEIRO Av. João Luis Alves, 13 - Urca

@iedsp ied.edu.br/sao_paulo @iedrio ied.edu.br/rio

IED BRASIL SÃO PAULO RIO DE JANEIRO IED EUROPA MILANO ROMA TORINO VENEZIA FIRENZE CAGLIARI COMO BARCELONA MADRID

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Ó S É E U SERÁ Q O S S I E U Q O G I M CO ? E C E T ACON você já se perguntou quais são os desafios dos profissionais ligados à inovação

nas grandes corporações brasileiras?

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