Revista fa!

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Quem somos? O FeminismoAgora! é um coletivo de jovens feministas que se encontram e fazem suas “invenções” na cidade de Recife, em Pernambuco. Começamos no início de 2013, como um grupo de mulheres jovens que participavam de uma formação política no Instituto Feminista para a Democracia SOS Corpo. Desde então muitas águas rolaram, fomos nos conhecendo, aprendendo e crescendo juntas. Fizemos encontros de autorreflexão, ações e buscamos fortalecer as lutas dos coletivos que fazemos parte e de outros grupos e articulações feministas. Em 2015, com o término da formação política realizada pelo SOS Corpo, o FeminismoAgora! decidiu seguir com suas próprias pernas, continuando com os encontros de forma autônoma e buscando nosso caminho a ser trilhado.

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Editorial Em 2014, nós do FeminismoAgora! realizamos nossa primeira publicação, um relato detalhado sobre nossos encontros do ano de 2013. Em 2015, decidimos fazer nossa segunda publicação, na qual cada uma contribuiria da forma que desejasse, com textos e imagens livres. As autoras poderiam ser ou não do coletivo e a única linha a ser seguida seria a reflexão feminista. Com isso pretendemos compartilhar um pouco dos nossos processos enquanto mulheres e coletivo feminista, jogando nossas vivências e ideias no mundo e assim podendo estabelecer mais contato com companheiras locais e de vários lugares. Nosso desejo é continuar compartilhando, criando novas formas e linguagens, trocando experiências. Acreditamos que esta é uma das formas de cultivar nossa criatividade política.

“Nosso coração é a liberdade!”

Feminismo Agora! Edição #2, Recife, 2015


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No Nordeste vai se achar Grande força feminina Mesmo ainda sendo menina A mulher vai trabalhar Pra poder se sustentar Ou a família manter No roçado vai colher O fruto da natureza Mostrando tambÊm beleza Que transmite com o saber Gabi Bruce 7


escrevendo um texto Feminista A ideia desta publicação desde o início me pareceu algo excelente. Um espaço aberto para que cada uma que faz parte do Feminismo Agora! escrevesse com liberdade sobre alguma reflexão feminista própria, da forma como quisesse: um poema, um depoimento, um quadrinho, um artigo. Genial! Logo veio, porém, a dúvida cruel: sobre o que vou escrever e como? Várias ideias vagas, “isso é bom”, “acho que não, é viagem”. Aquela velha trava, parece que não vai rolar... Afinal, quem sou eu para escrever 8

sobre feminismo? Vou acabar falando besteira! Eu sabia que o medo da exposição, a insegurança, tinham tudo a ver com a opressão que nós mulheres sofremos, e que era muito importante, para mim e para as outras, o desafiar desses sentimentos. Frequentemente, nós mulheres nos sentimos impedidas de criarmos, produzirmos, nos expressarmos, uma vez que fomos socializadas para não ter opinião e não dizer o que pensamos. Somos muitas vezes consideradas burras! O patriarcado exerce sobre nós


uma pressão para que nos mantenhamos caladas e obedientes às suas regras, as quais nos subjugam e dominam. Quantas palavras e gritos silenciados! Quantos gestos e movimentos reprimidos! Sempre lembro da frase da companheira Paula: “não somos tímidas, somos intimidadas”. Para vencer o opressor temos que vencê-lo primeiramente em nós, isto é, temos que nos transformar, transformar nossa tristeza em revolta, nosso medo em coragem, nossa desilusão em sonho. Temos que transformar nossa intimidação em expressão. E esse processo não é simples, não é fácil. Como disse a nossa companheira Carmen na publicação anterior, o feminismo “é cheio de sobressaltos, de alegrias com nossas pequenas conquistas e tristezas frente a nossas recaídas na cultura patriarcal”. Gostaríamos muito de sermos “super mulheres”, feministas sempre coerentes, sempre assertivas e, às vezes, acabamos caindo na antiga armadilha de idealização de perfeição da mulher. Mas o feminismo traz, na verdade, a ideia subversiva de que nós devemos cultivar o amor próprio e a solidariedade entre nós mulheres, a chamada sororidade, termo cuja raiz

remete à palavra sorella, que significa irmã em latim. Só assim poderemos enfrentar o patriarcado. Quando comecei a participar dos encontros de mulheres jovens, grupo que posteriormente denominamos como FeminismoAgora!, eu estava à procura de uma experiência de formação política. Estava recém formada no curso de ciências sociais e sentia uma imensa necessidade de sair da esfera da teoria, de participar de algum movimento, de politizar mais as reflexões e agir mais politicamente. Participava de alguns espaços, mas não conseguia acessar um sentido mais concreto de coletividade e não me sentia tão acolhida. A entrada num processo de formação feminista foi um divisor de águas nessa história. Com o feminismo podemos tomar consciência de diversas dimensões de nossa existência enquanto mulheres, construída socialmente num sistema patriarcal. Em nossos encontros, trabalhamos sempre com oficinas de autorreflexão, metodologia bastante cara ao movimento feminista e que, como já diz o nome, promove reflexões acerca de um determinado tema a partir das experiências dos sujeitos. A ideia é compartilhar 9


no coletivo as nossas reflexões sobre o assunto não como algo distante de nós e, sim, ir desvendando como vivemos cotidianamente tais questões, como elas nos afetam. A autorreflexão é poderosa porque nos faz tomar consciência de processos sociais, culturais, econômicos e políticos nas nossas vidas, nos faz identificar as opressões que sofremos e as nossas contradições. E quando identificamos as violências que sofremos no dia a dia, quando começamos a desenvolver um olhar feminista, é como se uma cortina se abrisse. A cultura patriarcal é como o ar que respiramos, algo invisível no qual estamos imersas. Nem nos damos conta dele. O que o feminismo faz é trazer consciência, despertar o olhar para as desigualdades e violências do patriarcado, que permeiam todas as esferas da vida social, para poder transformar a realidade. Já ouvi de várias mulheres, durante os processos de formação, que “o feminismo é um caminho sem volta”, no sentido de que, quando desenvolvemos uma consciência crítica, não mais podemos aguentar caladas ou nada fazer, seguimos na luta. Hoje eu respiro feminismo e posso reconhecer minhas iden10

tidades enquanto mulher, lésbica e feminista. É dentro do feminismo que eu quero estar construindo a luta, trabalhando e refletindo. Mesmo que a vida possa tomar vários rumos inimagináveis, tenho a certeza de que sempre resistirei de alguma forma ao patriarcado. Esse compromisso exige a constante autorreflexão e autotransformação, exige nos colocarmos desafios e enfrentarmos os nossos limites, pois estamos em contínuo processo com nossas contradições. Assim como o feminismo é um constante devir, ou um constante “vir a ser”, um projeto em construção de vida e de sociedade.

por Cami


Poema Cabelo Memorando o tempo Todo acerto vem à toa Tropeço também Lanço ao alto Ar que me rodeia soprando-me as orelhas. Iê! Mãe já faz ronda Diária e noturna para mãe doce feito mel, feito ouro entrar e me dizer coisas do presente invisível inefável de cores. De azul de amarelo pede para eu não duvidar A fé, essa não duvida às vezes baixa um rastafarianismo colega, Como bem diz uma comadre minha! E aí a gente vê que a única certeza existente é que há um caminho e que ele é cheio de raízes difusas. E que para segui-las é necessário mordê-las, molhá-las, engolí-las Não menos que estas outras coisas, parí-las. Nesse mesmo fluxo, um dia percebi assim Meu cabelo, disfarço em grandes

grampos que repuxam minha nuca. Era um dia de sol, muito calor... Meu cabelo desfaço em ramos sob o correr de águas limpas retiro com jeito, cada grampo enganchado Por entre fios, dedos Unhas de lamananan As lamas que mãe me deu para limpar o que está mais dentro. Desatando nós encruzilhados. Balanço seu peso emaranhado – o que faz com que eu erga a cabeça, sobretudo o olhar. E aí percebi assim Meu cabelo, raio magnetizado de minha consciência, envia e recebe elementares do lago fundo que flui do topo de minha cabeça à sola de meu pé. (Vcs já notaram que pé de cabeça pra baixo é um pesinho mermo! de meia soquete?)

AzulFem


Juntas Somos Fortes! Uma transa sem camisinha. Pílula do dia seguinte tomada corretamente. Um mês depois: inchaço no corpo, dores nas pernas, fadiga, sono em excesso, desejos... Deu positivo! Turbilhão de pensamentos e sentimentos. A ficha não caía, nem as lágrimas. A decisão já estava tomada. O tormento começa. Duas semanas à procura. Noites em claro. Cada dia, os sintomas aumentavam e ficava mais evidente. Recolhi dinheiro com as amigas e com o parceiro. Tira dinheiro do cheque especial. Enfim, conseguimos! Um alívio parcial e imediato. Uma amiga me cede o apartamento. Várias outras estão lá pra ajudar no processo. A tensão permeava no ar. O medo de não dar certo ou de acontecer algo estava presente em todas. No primeiro momento após o procedimento, pouco sangue, pouca dor.

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Semana seguinte: desespero! Sangue, muito sangue. Dor, muita dor. Choro, muito choro. Não por arrependimento, mas pela clandestinidade. Por não poder ir num hospital vê se estava tudo bem. Por não poder ter apoio de nenhum profissional de saúde. Por não ter apoio do Estado. Por ser “ilegal” nas decisões e escolhas sobre meu corpo. Mas, a força e a determinação prevaleceram. A sororidade, o amor e o carinho das companheiras e do parceiro foram maiores. Hoje, estou feliz por ter dado tudo certo. Por não ter tido nenhuma complicação. Por estar mais forte e mais certa que estou lutando por causas fundamentais à saúde e a dignidade da mulher. Por acreditar que temos que lutar pelo direito de sermos donas dos nossos corpos. Sigamos firmes na luta! Por mim, por nós e pelas outras! Avante! Juntas somos fortes!

autora anônima


Eu tenho alguma coisa de touro alguma coisa de cravo e canela mesmo sem ser gabriela Algo de são josé do egito eu trago talvez de vidas passadas ou mesmo dessa vida que já basta pra eu trazer na minha mala tanta coisa que é das outras O bom é que nessa história todo mundo leva algo de alguém pois quando nos queremos bem dividimos a desgraça e a glória E eu choro junto com a nega das histórias dela mesmo que ela não chore E me sinto sem pai muitas vezes me senti sem gata errando à esmo

E fazendo direito saindo de casa na peça do teatro retirante em são paulo E me sinto sem filha sem irmã traída abandonada clandestina grávida indesejada suicida mãe solteira louca varrida explorada sozinha no mundo violentada órfã subnutrida amada Sinto saudades e uma solidão boa de madrugada Aprendi o que eu já sabia: que a gente tem que manter vivo o nosso mundo interno externo

Cami

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Folhas de eucalipto, gotas de liberdade Para que as regras já não existam mais QUEIMA HETEROSSEXUALIDADE, QUEIMA Chuva ácida, pó de rosas brancas Porque não nascemos para ser mães nem escravas QUEIMA MATERNIDADE OBRIGATÓRIA, QUEIMA Flores de escovinha, ventos de Iansã À cama eu vou com quem me der na telha QUEIMA MORAL CRISTÃ, QUEIMA Raio de luar e pelos das axilas Para poder decidir sobre o meu corpo e minha vida QUEIMA AMARRAS DO MEU CORPO, QUEIMA Fumaça de barricadas, pedras de sal Contra o consumo e o capital QUEIMA CAPITALISMO, QUEIMA Uma colher de sopa de raiva e uma estrela cadente Para acabar com os golpes e não matar nenhuma mais QUEIMA MACHISMO, QUEIMA Fogo de vulcão e grito de ódio Porque, para começar algo novo, você tem que queimar tudo QUEIMA PATRIARCADO, QUEIMA Bruxas do universo, convoco-lhes a queimar todo até a última ponta!

A Cuentro 15


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Flรกvia


Por: Neidinha

Era um domingo de carnaval. Todos os anos nesse dia em Olinda existe uma famosa festa chamada “Enquanto isso na Sala da Justiça”, onde as pessoas usam sua criatividade, inventam as mais diversas fantasias de super heróis. Comigo e um grupo 18

de amigas não foi diferente. Criamos “as super pegadoras”, uma brincadeira que se tratava de uma fantasia feita com uma capa cheia de prendedores de roupas. A ideia da brincadeira era colocar prendedores na galera. Fantasia e brincadeira massa


que chamaram atenção dos foliões nas ladeiras de Olinda. Seis lindas e animadas garotas com aquelas longas capas coloridas cheias de prendedores. Arrancamos muitas risadas, subindo a ladeira da misericórdia até chegar na Praça da Sé. Foi nesse momento que passamos por um grupo de rapazes – não sei exatamente de onde partiu a voz, mas a gargalhada foi de todos eles após essa exclamação: “Maldita Lei Áurea!”. Por um segundo eu parei para tentar compreender aquelas palavras que pareciam duvidosas aos meus ouvidos. Mas era real. Eu, a única negra do grupo, porém as minhas amigas não suportaram o insulto e partiram para o xingamento tentando me defender... Faz exatamente dez anos que isso aconteceu, mas ainda não consigo recordar este fato sem deixar cair uma lágrima. Naquele dia, não consegui permanecer mais com a capa e, ao mesmo tempo, não queria que as minhas amigas percebessem que eu estava muito triste, porque não deseja acabar com a

festa delas. Mas a verdade é que aqueles rapazes me roubaram a alegria de continuar a brincar no carnaval. Talvez a Lei Áurea não seja tão bendita assim, por ter abolido a escravidão sem conseguiu abolir o racismo. Eu não sou obrigada a te servir, moço branco, mas você me atormenta até hoje quando vou pensar nas minhas fantasias para o carnaval. Maldito és tu, seu playboy preconceituoso, que apareceu para estragar meu carnaval. Não consigo colocar uma fantasia sem me recordar desse fato. Só agora, com toda participação em movimentos, me sinto mais empoderada, sobretudo no feminismo, consegui perceber que por traz daquela frase racista, havia também um posicionamento machista. Óbvio! Éramos um grupo de mulheres fazendo uma brincadeira tipicamente masculina. Afinal, são eles “os pegadores!” Só que não. Porque nós mulheres negras temos habilidades e capacidade iguais, ou até mais, que nos tornam especiais. 19


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Maira Bruce


ELE B

A naturalização da violência Por: Larissa Santiago Lembro-me da primeira vez que fui a uma DEAM [Delegacia da Mulher] testemunhar em favor de uma amiga feminista negra que havia sofrido violências do seu ex-marido. Durante os minutos mais longos da minha vida, enquanto aguardávamos a chegada da delegada, um dos policiais fazia o diagnóstico do fim de semana: das 20 ligações recebidas, somente 10 chegaram a ser detidos, dos 10 detidos, 6 foram liberados e dos 4 que ficaram detidos, somente 2 eram flagrantes e foram encaminhados a detenção da cidade. Esse número é o retrato de 22

como a violência contra a mulher é banalizada, encontrando pelo caminho várias barreiras legais e burocráticas e, por isso mesmo, tem se transformado na maior causa de morte de mulheres. Segundo o relatório do Ipea, “Tolerância Social à Violência Contra as mulheres”[1], 82% dos entrevistados concordam com a expressão “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. O machismo, o sexismo e a misoginia são os vetores que combinados a doses cavalares de desinformação, falta de empatia e brutalidade levam os homens a agredirem e matarem


BATE NELA! as mulheres. Sim, morremos simbolicamente todos os dias quando somos assediadas nas ruas, quando sofremos violência psicológica dentro das nossas próprias casas, mas morremos e – exponencialmente morremos de fato – nos casos de feminicídio cinicamente disfarçados de crime passional, espalhados por todo o país, todos os dias. Há quem diga que o assassinato dos 4 filhos e suicídio de Marco Aurélio Almeida Santos, que colidiu seu carro contra uma carreta na BR-070, em Cocalzinho de Goiás, nada tem a ver com seu relacionamento com Samara, sua ex-mulher. Em sua carta, deixada nas mãos dela, ele afirma: “Hoje será o último

dia que você verá seus filhos e seu marido, pode ficar com a casa e voltar a sua vida, mas com meus filhos você não viverá essa pouca vergonha”. Há também quem afirme que se ele estava em depressão “era melhor ter matado a mulher e deixado os filhos”. Fica bastante clara a tolerância social à violência e a desvalorização da vida da mulher, onde nossa existência é mais que descartável, é inconveniente! E isso está tão naturalizado que a gente pode ouvir essas coisas sem nenhum pudor, sem ninguém hesitar em falar: “Ah, mas era mulher”. Naquele dia, minha amiga precisou alternar entre engolir o choro e chorar várias vezes, 23


enquanto nos contava sobre o que havia ocorrido na sua casa. Nem imagino o quanto ela sofreu tendo que fazer o relato mais algumas vezes para a delegada e para os outros agentes da DEAM. E assim, o ciclo da violência se repete várias e várias vezes e a cada momento que você tem que explicar porque ser chamada de “linda” no meio da rua não é elogio, ou contar aquele caso do cara que te encoxou no ônibus. Ou ainda repetir inúmeras vezes que a culpa do estupro no Caso New Hit não é das vítimas. O que há de mais chocante nos casos de violência contra mulher são as contradições – que, claro, são discursos e imagens contraditórias produzidas pelo próprio patriarcado. No Mapa da Violência de 2010, 78% dos entrevistados concordaram totalmente com a prisão para maridos que batem em suas esposas, ao passo que 65% concordam que a mulher agredida que continua com o marido gosta de apanhar. Queria

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de verdade entender essa lógica, que criminaliza a violência, mas ainda assim culpa a mulher e a transforma em seu próprio algoz. #TádifícilBrasil Isso me faz lembrar que geralmente essas mulheres – as mais criminalizadas e ditas culpadas pela violência – tem características específicas, como as da minha amiga feminista negra. Mães solteiras, pobres e, óbvio, pretas! No texto das Blogueiras Feministas, “A violência contra as mulheres negras”, Priscilla Caroline afirma: As mulheres negras são as maiores vítimas da violência doméstica. Segundo os dados apresentados no Mapa da Violência[1], em 2010, morreram 48% mais mulheres negras do que brancas vítimas de homicídio, diferença que vem se mantendo ao longo dos anos. […] 92,2% dos casos de agressão física das mulheres negras e em 89,3% dos casos das mulheres brancas, a violência aconteceu na própria residência, partindo do cônjuge, ex-cônjuge, parente


ou conhecido. Ou seja, a violência no Brasil possui um importante viés de raça, estando a incidência de violência racista profundamente relacionada à violência sexista. Posso apostar que aquelas estatísticas que mencionei logo no início do texto, relatada pelo policial da DEAM, são 100% de mulheres negras, entendendo inclusive que a localização da delegacia denuncia isso. Não tenho dúvidas que somos nós a grande ponta e todo o iceberg de vítimas nos casos de violência contra a mulher. Isso porque, além de tudo, o fato de sermos mulher negra se traduz, significativamente, no exercício duplo da dominação masculina[2] onde agem em conjunto e imbricados os fatores gênero e raça. Apesar da Lei Maria da Penha, que versa sobre a criminalização dos casos das várias violências contra as mulheres e a mais recente conquista, a inclusão do Feminicídio no código penal brasileiro, a gente sabe que zilhões de marcadores im-

pedem que uma denúncia se concretize: desde as barreiras burocráticas, passando pela má vontade e falta de treinamento dos atores envolvidos no processo (policiais, agentes, delegados), até os medos, inseguranças e instabilidades na vida das mulheres negras. Depois daquela denúncia e do meu depoimento no caso da minha amiga, fiquei pensando quantas mulheres não tem sequer a possibilidade de chegar na delegacia – seja por dinheiro de transporte, por medo ou por ameaça do agressor. Refleti sobre quantas daquelas outras mulheres que estavam ali tinham “avançado” em seus casos, chegando até a medida protetiva que, dependendo da ação do agressor e do número de denúncias, demora meses ou até anos. E tenho certeza que só o apoio de umas às outras, nossa luta e o empoderamento fará com que a violência contra a mulher deixe de ser tolerada e naturalizada.

Referências: [1] IPEA: Mapa da Violência. A anatomia dos homicídios no Brasil. Julio Jacobo Waiselfisz, 2010. [2] Mulheres negras vítimas de violência doméstica conjugal. Mirian Lúcia dos Santos. PUC São Paulo, 2011.

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de março de 2015 Por Marília Nascimento Está se aproximando o dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher. E confesso que por mais um ano não consigo sentir alegria por esse dia, não consigo comemorar. Porque pra mim esse dia é: Mais um dia de luta! Mais um dia de ir às ruas. Mais um dia de gritar que “MULHER MERECE RESPEITO!”. Mais um dia de dizer que queremos ter nossos direitos preservados e ampliados. Mais um dia de dizer que NÃO aceitamos os ataques da Banca 26

Evangélica Fundamentalista do Congresso contra a ampliação e garantia dos direitos das mulheres cis e trans. Mais um dia de gritar que milhares de mulheres, em sua maioria, negras, pobres e de periferia, morrem ao praticar abortos clandestinos. Mais um dia de dizer que SUA CANTADA é uma agressão. Mais um dia de gritar que “A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA! NÓS NÃO PEDIMOS PARA SER ESTUPRADAS!” Mais um dia de dizer que que-


remos andar nas ruas à noite sem ter medo. Mais um dia de reivindicar melhores condições de acesso e atendimento na saúde pública, melhores condições de trabalho e equiparação salarial, mais creches, mais áreas de lazer e mais realizações de atividades culturais. Mais um dia de reivindicar água nas torneiras porque a falta de água e o esquema de rodízio afeta diretamente a vida da mulher, que fica acordada durante a madrugada esperando a água chegar pra poder lavar roupa, prato, arrumar a casa, PORQUE OS HOMENS, historicamente, devido a cultura patriarcal, foram ensinados a não fazer as atividades domésticas. Mais um dia de reivindicar melhorias no sistema de transporte público, no qual sofremos diariamente com as altas tarifas, com a demora, a superlotação e o assédio sexual. Mais um dia de exigir expansão das ciclovias e dizer que NÃO queremos ciclovias móveis aos

domingos para fazer passeios, QUEREMOS ciclovias fixas em várias partes da cidade, principalmente ligando as áreas mais periféricas ao centro da cidade, QUEREMOS utilizar a bicicleta como nosso meio de transporte em segurança. Mais um dia para gritar que “O CORPO É MEU, É MINHA ESCOLHA, EU DECIDO!”. Mais um dia pra dizer que queremos maior participação na política e por isso lutamos pela REFORMA POLÍTICA! Mais um dia pra dizer “BASTA DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER”. Mais um dia pra exigir mais recursos para os investimentos nas Políticas de Enfrentamento à Violência doméstica e familiar contra a mulher. Mais um dia para gritar: “NÓS RESISTIREMOS!” “NÓS ESTAMOS JUNTAS!” “NÓS SOMOS MUITAS!” “ NÓS SOMOS FORTES!”

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dia de luta pela vida das mulheres * jaque pinheiro * reCIFE,2015


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MAMA Geme e goza quando me mama. Esborra a boca, revira os olhos, sorri pros anjos. Cai no remanso na maré do breu, reclama os ventos e se inflama. Peida e arrota quando relaxa Se encaixa no sonho e volta à dormir.. Grita e chora quando me chama - mama de novo e volta a sorrir.

Anaíra 31


Luisa Por Raquel Pereira

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Enquanto tentava encontrar um bom motivo para se levantar da cama naquela manhã morna de domingo, Luisa também pensava onde buscaria forças para falar com sua mãe. Desde adolescente, fazer qualquer coisa que envolvesse ação era difícil, ir à escola era difícil, andar era difícil, querer, conhecer, viver era difícil. Não era bem porque não queria... Era antes porque não podia. Do alto dos seus cento e noventa quilos, Luisa carregava a vida da mesma maneira que carregava o seu corpo grande e pesado: como dois incômodos fardos. Enquanto a cidade lá fora se arrastava lentamente naquele domingo, Luisa seguia no mesmo ritmo, agora se virava de um lado para o outro

pensando em como falaria com a sua mãe sobre sua situação financeira. Várias vezes a contatava para pedir-lhe dinheiro, que sempre recebia com um alívio de culpa. Era a maneira que ela havia encontrado para não se sentir tão mal diante daquilo que tinha criado, que de tão estranho nem parecia sua filha – pensava. O vento levantava as saias das meninas no parque ao lado do apartamento de Luisa e, aos poucos, a cidade entrava um ritmo mais acelerado. O sol iluminava as ruas e era possível supor, até mesmo visualizar, o dourado solar da rua da Aurora. Luisa continuava em seu ritmo lento e descompassado, sempre perdia, sempre caia, sempre, principalmente quando


tentava seguir algo em um ritmo diferente do seu, então vinha o descompasso, o desmantelo e, por fim, o tropeço e a queda. Luisa sempre fracassava... Fracassou na profissão, na escola, na família, no amor, se é que um dia amou... Fracassava agora, diante do telefone, buscando uma voz que dissimulasse o mesmo tom que sua mãe usaria ao falar com ela. Quando a chamou pelo telefone, Luisa já não estava mais em si. Era uma tática que usava desde criança, que consistia em fingir que não estava no lugar em que se encontrava e que não era ela mesma, mas, sim, uma telespectadora de si, sem nenhuma responsabilidade ou sensibilidade com o que estivesse acontecendo no instante em questão. Foi assim que tinha suportado todos os xingamentos na época da escola, todas as exclusões de amigos de familiares e de longas esperas de parceiros que nunca vinham ao seu encontro. Como de costume a mãe falou ininterruptamente sobre o pai de Luisa e suas plantas, morreram as avencas e uma tia do interior, de como estavam envelhecendo e de seus inúmeros medicamentos partilhados entre os dois. O dinheiro

seria depositado dentro de poucas horas e sua mãe ainda lhe ofertou quantia maior do que Luisa havia solicitado. A conversa foi interrompida pelo entregador da quitanda que ficava em frente ao apartamento em que Luisa morava. Um respiro de alívio tomou-lhe de súbito, já que agora tinha a desculpa perfeita para encerrar aquela conversa... Um alívio para as duas. Faz tempo que Antônio não aparecia para uma conversa e uma janta com Luisa. Quando o viu à porta com suas sacolas de compras, alegrou-se porque parecia que lhe sorria, como nas ocasiões em que se mostrava disposto a ser sua companhia. No entanto, dessa vez, ele foi mais direto e pediu que antes lhe desse algum dinheiro, uma quantia maior que o normal... Luisa pediu que viesse mais tarde e lhe daria a quantia. Antônio era o que Luisa tinha mais perto de um amante. Às vezes, até ousava se sentir feliz e agradecia, afinal ele não era grosseiro nem a tratava mal – apesar de ser bruto na hora do sexo, mas com isso já estava acostumada.

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Em diversos a s pectos, a felicidade na vida de Luisa era sentida a duras penas. Mas, e quando é que tal estado não é sentido tão somente a duras penas – pensava. E, dessa forma, justificava que, mesmo vivendo uma mentira com um Antônio, era uma mentira que lhe traduzia a felicidade e que, não por isso, deixava de sê-la, porque o feliz é relativo. Luisa não vivia buscando a felicidade como muitos... Porém, às vezes, esse estado a encontrava e ela o aceitava simplesmente. Luisa deitou-se de costas e ascendeu a coluna, formando um horizonte em forma de cordilheira...E assim permanecia, sendo lentamente movida pela força bruta oceânica que a invadia impiedosamente. As águas oceânicas eram as únicas forças que poderiam suportar seu corpo – pensava Luisa – que dessa vez, o teve arremessado com mais força do que de costume por Antonio. 34

Naquela noite, depois de ter estado com Antonio, Luisa percebeu que sua pele agora era coberta por uma camada rígida e fria e seus passos ainda mais lentos se faziam ouvir por toda cidade e sua nova pele exalava um cheiro de maresia que só era encontrado no cais do Recife, debaixo de suas pontes e no suor dos pescadores. Não se sentia bem fora da água e caminhava naturalmente atraída para dentro do mar. Agora Luisa era um enorme crustáceo, vermelho, cheiroso, apetitoso... Quando Luisa despertou, ficou um bom tempo imóvel em cima da cama como era de costume... Ainda sentia o cheiro das sobras do jantar do dia anterior... Antonio, dessa vez, não quisera levá-las. Havia ainda camarões, peixes e algumas cervejas... Era hábito ele se embebedar antes de fazer sexo com ela. Há na beleza o eterno... Mas quem perceberá isso? Quem sentirá? A eterna beleza pode ser até que exista, mas Luisa duvidava, achava Antonio um belo rapaz e via beleza nos gestos brutos e na falta de articulação que tinha enquanto tentava falar alguma coisa. An-


tonio apenas conseguia emitir grunhidos. Luisa gostava disso tanto quanto gostava da linguagem dos animais. Cada um tem a linguagem que pode – pensava. A maneira como era disposta as pílulas coloridas em cima da mesinha do quarto era um tipo de beleza, aquele padrão único e eterno que agradava aos sentidos de Luisa tinha ocorrido por acaso, quando ela tentava abrir o frasco e este rompeu, espalhando todas aquelas bolinhas coloridas. Tomou uma delas. Luisa colocou seus olhos de crustáceos fora da água e verificou que o sol brilhava e queimava intensamente. Agora ela passeava pelos mangues do Recife e sua

pele tinha um brilho rosa. Depois de mais algumas bolinhas vermelhas, viu que já eram meio dia e meio e que agora as sobras já exalavam um cheiro estranho de podre. Sentiu-se relaxada. Ao ver o céu, sentiu-se leve e aos poucos sua pele vermelha se tornou uma casca caída ao chão seco do mangue... Agora Luisa voava em direção a um azul celeste iluminado e tinha penas e um enorme bico abaulado na ponta... E a cidade toda era vista pelos seus olhos de ave de penas brancas. Descobriu que a morte era a liberdade.

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Feminismo agora? Senão agora,quando? Por Ju Dolores É como se a gente fosse um vasto território, repleto de diferentes jardins... O meu jardim mais florido é o feminismo. Lá tem flores de todas as cores, todos os olores, tamanhos variados, propriedades medicinais e terapêuticas e alucinógenas. E eu cheguei nesse meu jardim, trazida por um vento forte e certeiro... Cheguei semente, cheguei sem saber onde me plantaria... E fui crescendo, vadia, livre, em meio a outras plantas que ora me faziam sombra, ora me mostravam o sol. Me regaram, me nutriam e nesse processo se nutriam e se regavam... Em algum momento isso se tornou nosso processo natural e todas nós, mulheres flores, 38

em conjunto crescíamos e estávamos lá, umas pelas outras a enfrentar as ervas daninhas, os vermes, as pragas... O machismo diário, a LGBTfobia, o patriarcado, o racismo querendo passar tratores por cima de nós. Com pesar, nós vemos nossas folhas arrancadas, nossas pétalas maculadas, e outras vezes conseguem arrancar nossas raízes, nos matar. Matam-nos todos os dias, arrancam nossas folhas, nossos frutos, nosso perfume, nossas propriedades medicinais. Querem nossa cura para o mal que eles mesmos causam. O grupo FeminismoAgora! foi se tornando um evento tão especial na minha vida que não havia possibilidade de eu faltar aos encontros. Cada sábado era mais impressionante que o outro... Cada vez eu entendia mais o que eu estava fazendo ali. Cada exercício e dinâmica “sem sentido” se mostraram es-


sencial no meu crescimento. Hoje, eu uma bela cerejeira, entendi muito da minha missão nisso tudo. Hoje sei por que sou essa árvore florida, com lindos frutos doces e vermelhos. Entender as origens das minhas dores, dos meus medos, dos meus bloqueios foi um divisor de águas. Tão assustador e ao mesmo tempo tão maravilhoso. Assim como participar das vivências e ouvir relatos tão tristes, por vezes tão doloridos de mulheres tão jovens que a gente nem adivinha o tamanho das mágoas que trazem. A gente quer crer que aquela mulher tão linda, tão jovem, tão gente boa não tenha passado por alguma coisa tão terrível. Mas todas nós passamos, sem exceção. Essa é a parte mais assustadora. A parte mais linda é que todas nós temos relatos tão grandiosos de cura, de superação, de descoberta, de amor... Temos tantas histórias lindas que o feminismo trouxe. E uma vez que a gente abre os olhos e começa a prestar atenção em nós mesmas e nas outras mulheres a gente percebe tantas mudanças, tantos ganhos. Confiança, auto-estima, poder sobre si mesma. Eu mudei. Mudei tanto que às

vezes eu não me assusto comigo mesma. Com minha voz, agora ouvida. Com meu corpo, agora aceito. Com a minha dor, agora compreendida. Com meu prazer, agora pleno. Com meus olhos, agora abertos.Com minhas fraquezas, agora aceitas. Com minhas esperanças, agora renovadas. Com minha luta, agora conjunta. Com meu amor, agora livre. A mim, só me resta crer que eu ando fazendo alguma coisa de muito certo nessa vida para estar aqui, nesse lugar, nesse momento, vivendo neste tempo, contribuindo para um mundo melhor. A todas vocês, muito obrigada!

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AGRADECIMENTOS

COLABORADORAS

Carmen Silva, Pétalla Menezes, Cris Cris Cavalcanti, Cavalcanti, Menezes, Eloah Vieira, Thisbe Eloah Vieira, Thisbe Martins, Martins, Ingrid Ingrid Abage, Abage, Rebeca Nascimento, Marilia Rebeca Nascimento, Marilia Nascimento, Thammy Dantas, Nascimento, Thammy Dantas, Fernanda Lins, Raquel de Fernanda Lins,Nunes, RaquelMaria de Brito, Micaela Brito, Micaela Nunes, Maria Emília Mousinho, Nathália Emília Mousinho, Ferreira, Heloisa Nathália Marques, Ferreira, HeloisaOmena, Marques, Maria Eduarda Maria Eduarda Heráclito,Omena, Analba Teixeira, Maria Heráclito, BárbaraAnalba Aguiar, Mércia Alves, Verônica Pedro, Teixeira, Bárbara Aguiar, Verônica Ferreira, e a todas Mércia Alves, Verônica Pedro, as guerreiras de Recife e Verônica Ferreira, e a todas mundo. as guerreiras de Recife e mundo. EXPEDIENTE

Texto: -A Cuentro 15; 15; A Cuentro P_P_ Anaíra Mahin Anaíra Mahin P_P_4;4; 5; 5; Azulfem P_ 11; Azulfem P_ 11; - Cami Santana P_ 8; 9; 10; Cami Santana P_ 8; 9; 10; 14; 14; Gabi Bruce P_ 6; 7; - Gabi Bruce P_ 6; 7; JuJu Dolores P_P_ 38; 39; Dolores 38; 39; Larissa Santiago, P_P_ 22; 23;23; 24; 25; - Larissa Santiago, 22; Marília 24; 25;Nascimento P_ 26; 27; Neidinha P_ 18; 19; P_ 26; 27; - Marília Nascimento Raquel Pereira P_ 32; Neidinha P_ 18; 19;33; 34; 35; - Raquel Pereira P_ 32; 33; 34; 35; lustrações: IAnaíra Mahin P_ 36; 37; lustrações: Flávia P_ 16; 17; Anaíra Mahin Maira Bruce P_ P_ 20;36; 21; 37; - Flávia P_ 16; 17; - Maira Bruce P_ 20; 21; Fotografia: Jaque Pinheiro P_ 28; 29; 30; Fotografia: - Jaque Pinheiro P_ 28; 29; 30; Apoio: SOS Corpo Apoio: SOS Corpo, União União Europeia Europeia

EXPEDIENTE Concepção e Produção Executiva: Aroma Bandeira, Concepção e Produção Cami Santana, Flávia Vieira, Executiva: Aroma Bandeira, Sophia Branco Cami Vieira, Capa:Santana, Colativa Flávia Feminista Sophia Branco Projeto Gráfico: Dudok Freire Revisão: AromaFeminista Bandeira Capa: Colativa Projeto Gráfico: Dudok Freire Revisão: Aroma Bandeira

Feminismo Agora! Edição #2, Recife, Recife, 2015 2015 ISBN:

Esta publicação foi produzida com o apoio da União Européia. O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade do SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia e do Coletivo FeminismoAgora! e não pode, em caso algum, ser tomada como expressão das posições da União Européia.

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Esta publicação foi produzida com o apoio da União Européia. O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade do SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia e do Coletivo FeminismoAgora! e não pode, em caso algum, ser tomada como expressão das posições da União Europeia.


O texto desta revista foi composto em COCOMAT. O papel utilizado na capa é o Cartão Supremo 250g/m2 e no miolo offset 90g/m2. Algumas imagens dessa edição foram obtidas no Freepik.com

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