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Quando era pequena chamavam-me princesa laranjada e eu gostava. Não queria ser princesa mas gostava de poder vir a ser laranjada. Era sinal de que tinha sido muito espremida, o que para mim, nesse tempo, que até já foi há muito tempo, queria dizer que tinha recebido abraços apertados. Tão apertados que me tinha desfeito em sumo de Lara.

Quando cresci recebi o nome Xavier, e passaram a chamar-me Lara Xavier. Nesse momento, eu sabia que o tempo das princesas tinha terminado e que já tinha sido espremida tudo o que havia para espremer, como se os abraços estivessem esgotados. Foi então que me autointitulei Xá, como o chá só que mal escrito. Estava tão habituada a ser um líquido que manter-me nesse estado me parecia perfeito. O chá não precisa de ser espremido para ser bebido mas é guardado em embalagens muito pequenas e de cheiro agradável, como se fosse um tesouro. Era isso que eu queria ser… Um tesouro bem guardado. Chá (s. m.) – 1. Arbusto da família das teáceas. 2. Conjunto de folhas desse arbusto. 3. Infusão das folhas do chá. 4. Infusão das folhas ou das flores de qualquer planta.

Laranjada só pode ser sumo de Lara…

Há pouco tempo…

Eu já vivi em dois tempos…

Há muito tempo… Quando era pequena sonhei ser cozinheira mais porque me interessava a mistura de várias coisas que originam outras do que pela vontade de bem cozinhar.

Inside

Acabei por estudar Química, que na prática é bastante parecido com a Culinária. Misturam-se várias coisas em recipientes próprios e quantidades específicas e, no final, lava-se a louça.

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Esta sou seu a fazer-me à fotografia, com a mania que sou fotogénica. Fotogénica (adj.) – que fica bem representada na fotografia…

Aventurei-me na arte das misturas por terras holandesas e regressei à terra (não à que me viu nascer… mas isso é outra história…) para misturar letras e criar palavras, que juntas formam frases, que juntas contam histórias, e deixei-me da lavagem da loiça a rematar o final.

Do outro lado tens o tempo em que eu vivo agora…


Escritora (s. f.) – autora de obras literárias...

No tempo em que eu vivo agora… … Eu sou assim-assim de nova, assim-assim de velha, assim-assim de gira, assim-assim de feia, assim-assim de alta, assim-assim de baixa, assim-assim de interessante, assim-assim de chata, assim-assim de querida, assim-assim de mau feitio… e o que eu gosto mesmo de fazer é de ouvir histórias, contar histórias, inventar históras, criar a partir das histórias, descobrir histórias dentro das histórias, acrescentar detalhes, imaginar personagens, dar autógrafos, sorrir, rir, gostar, conversar. Cada sítio por onde passo, cada escola que visito, cada criança que conheço é uma nova história que posso contar. São encontros, conversas, momentos, recordações e pontos de partida para novas visitas em que me visto daquilo que mais gosto de ser: contadora de histórias.

De vez em quando escrevo histórias que se transformam em livros…

De vez em quando escrevo histórias que aparecem em revistas…

De vez em quando conto histórias em escolas, em bibliotecas, em livrarias e noutros sítios onde há quem goste de me ouvir falar… Tagarelar (v. tr. e intr.) – falar muito…

sou Esta … a eu r rela taga

De vez em quando escrevo histórias só porque me pedem… Mas isso é só para quem sabe este endereço secreto: larabacate@gmail.com


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