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Dos tempos áureos da agricultura à volatilidade do petróleo

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NAÇÃO state of the nation

INDEPENDÊNCIA Independence

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angola chegou a ser o terceiro maior produtor mundial de café e o segundo maior exportador desse produto, sétimo maior exportador mundial de algodão e sexto maior produtor de cera, bem como quarto maior exportador africano de madeira. Isso foi antes da independência, em 1975. Entretanto, a redução de 75% da capacidade produtiva do café, bem como a falta de apoios aos agricultores desta cultura terão sector e do seu contributo no PIB no período pós-independência. Segundo cálculos do Ministério da Agricultura e Pescas, publicados em 2019 pela Economia & Mercado, depois da independência, Angola passou a registar la entre 30 e 45% e precisava, anualmente, de ser abastecida com cinco milhões de toneladas de produtos diversos para fazer face às necessidades alimentares. Essa dependência mantém-se e, actualmente, o país é, também, dependente em quase 100% das importações de fertilizantes. De acordo com Instituto Nacional de Estatística (INE), no seu relatório referente às contas do III Trimestre de 2020, mais de cinco milhões de pessoas trabalham no sector primário (agricultura, e pesca), representando 56,1% da população activa. Entretanto, dados do BNA mostram que o sector que emprega mais de metade da população activa no país representa apenas 2,3% do PIB e pesa 3,4% das exportações.

Pedra de tropeço

A análise ao sector produtivo e transformativo em Angola não pode passar ao lado do facto de pelo menos no início, responsável pela inibição da industrialização em Angola, como refere um artigo publicado em 2020 pela Universidade Portucalense. -Social de Angola: Do período medida adoptada pela potência

DOS TEMPOS ÁUREOS DA AGRICULTURA À VOLATILIDADE DO PETRÓLEO

FROM THE GOLDEN AGE OF AGRICULTURE TO THE VOLATILITY OF OIL

Angola registou, de 1961 a 1975, um crescimento económico de dois dígitos, com forte contribuição do sector agrícola no PIB. Foi um período áureo, em que o país esteve nos lugares cimeiros no ranking mundial das principais commodities agrícolas, em particular o café. From 1961 to 1975 Angola registered double-digit economic growth, with a strong contribution of the agricultural sector in the GDP. It was a golden period where the country was at the top of the world’s rankings of the main agricultural commodities, especially coffee.

TEXTO TEXT CLAUDIO GOMES E AND LADISLAU FRANCISCO FOTOGRAFIA PHOTO ISTOCPHOTO

angola became the world’s and second largest exporter of this product, the world’s seventh largest exporter of cotton and sixth largest producer of wax, as well as the fourth largest African exporter of wood. This was before Independence in 1975. well as the lack of support for farmers of this crop, will have sector and its contribution to the GDP in the post-independence period. Economia & Mercado, after independence, Angola began to register an agricultural pro and 45% and needed to be sup tons of various goods to meet food needs. This dependence pendent on imported fertilizers. According to the National Institute of Statistics (INE), in its national accounts report for 3Q20, over 5 million people

INDEPENDÊNCIA Independence

do comércio preferencial, reservando, às colónias, o papel de me as indústrias que concorressem com as da metrópole. Ainda conforme o documento, por conta dessa medida restritiva, só depois da crise económica mundial de 1929-1933 é que Angola registou um período de reactivação económica particularmente favorável à exportação de matérias-primas. É assim que, explicam os investigadores Luís do Tavares, várias exportações angolanas foram favorecidas, nomeadamente o sisal, os diamantes e o algodão, mas a mais a constituir o principal produto de exportação entre 1946 e 1972, altura em que foi suplantado pelo petróleo. Segundo os autores do artigo em referência, já quase que a instalação do sector têxtil em 1966, tendo, entre 1960 e 1970, observado o crescimento do valor bruto da produção da indústria transformadora à taxa média anual de 17,8% e o PIB 10% em termos nominais. Em 1973, a indústria angolana (à excepção da construção civil) representava 41% do PIB (26% em 1960). O sector contribuía, em média, com cerca de 62% do valor bruto da população industrial e os sectores extractivos e derivados de pesca com 32% e 6%, respectivamente. Um crescimento muito sustentado por um mercado interno dinâmico e em expansão engrossado pelas tropas e famílias deslocadas devido à guerra ultramarina. A aprovação e promulgação do Decreto-Lei n.º 478/71, relativo à não-liberalização do sector in liberalizante da economia angolana, dando brechas para a exploração petrolífera, em detrimento do fomento do sector produtivo, com particular destaque para o agrícola. Os primeiros acordos para a exploração petrolífera e diamantífera permitiram o surgimento de empresas ocidentais, que passaram a operar sob regulamentação própria, alheia ao Estado angolano. Desde o perío Especializado sobre do Mercado de Trabalho e Actividades Eco tes passaram a liderar a lista das commodities angolanas, seguidos por produtos como a madeira, o peixe, o sisal, o algodão, o café, entre outros, numa clara inversão da pirâmide. Actualmente, lê-se no relatório da consultora EY, publicado em Fevereiro de 2021, os produtos alimentares lideram a lista das importações nacionais, seguidos das bebidas, produtos vegetais, equipamentos eléctricos e via constituem principais parceiros comerciais de Angola os Estados Unidos da América, a Bélgica, Portugal, a Alemanha, França, Espanha, o Brasil e a África do Sul. Segundo o ministro de Estado da Nunes Júnior, Angola desembolsou cerca de 1,5 mil milhões de dólares, entre 2016 e 2017, para importação de bens da cesta básica, sendo que este montante não inclui custos de transporte e seguros.

SÓ DEPOIS DA CRISE ECONÓMICA MUNDIAL DE 1929-1933 É QUE ANGOLA REGISTOU UM PERÍODO DE REACTIVAÇÃO ECONÓMICA PARTICULARMENTE FAVORÁVEL À EXPORTAÇÃO DE MATÉRIAS-PRIMAS. Only after the world economic crisis of 1929-1933 did Angola experience a period of economic reactivation particularly favorable to the export of raw materials.

(agriculture, livestock produc ing), representing 56.1% of the BNA data shows that the sector the working population in the GDP and 3.4% of exports.

A stumbling block

and manufacturing sector in Angola cannot overlook the fact ble for inhibiting industrialization in Angola, as stated in an Universidade Portucalense. of Angola: from the pre-colonial principle of preferential trade, reserving to the colonies the which prohibited the colonies to have industries that would have competed with those of the colonial power. Also according to the document, because of after the world economic crisis of 1929-1933 did Angola experience a period of economic reac to the export of raw materials. Thus, explain researchers Fernando Tavares, several Angolan exports were favored, including sisal, diamonds and main export product between 1946 and 1972, when it was sup According to the authors of the begins to install the textile sector, in 1966, having, between 1960 and 1970, recorded the growth of the gross value of the production of the manufactur age rate of 17.8% and the GDP 10% in nominal terms. In 1973, construction) accounted for 41% of GDP (26% in 1960). The sector contributed, on average, about 62% of the gross value of the industrial population and the troops and families relocated to Angola due to the overseas war. The approval and promulgation of Decree-Law 478/71, regarding the non-liberalization of the industrial sector, put an end to the liberalizing experi the detriment of fomenting the agriculture. exploration and diamond mining allowed the emergence of Western companies, which began to operate under their own regulations, alien to the Angolan state. Since the postcolonial period, according to Labor Market and Economic Ac come to lead the list of Angolan food products lead the list of beverages, vegetable products, electrical equipment and vehicles. According to the document, Angola’s main trading partners are the United States, France, Spain, Brazil and South Africa. According to Minister of State nuel Nunes Júnior, Angola disbursed about USD 1.5 billion between 2016 and 2017 to import basic food basket goods, and this amount does not include transport and insurance costs.

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