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alexandra simeão Activista cívica Civic activist
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ALEXANDRA SIMEÃO Activista cívica Civic activist
A antiga vice-ministra da Educação para o sector Social, no período de 1997 a 2008, entende que o maior problema da Educação em Angola nem sequer é o baixo investimento, mas sim a qualidade de ensino. Também questiona a qualidade das acções e defende a criação de um “Plano Marshall” para o país. The former vice-minister of Education for the Social Sector, from 1997 to 2008, believes that the biggest problem with education in Angola is not even the low investment, but the quality of teaching. She also questions the quality of the actions and advocates the creation of a “Marshall Plan” for the country.
TEXTO TEXT SEBASTIÃO VEMBA FOTOGRAFIA PHOTO CARLOS AGUIAR
que avaliação faz dos últimos cinco anos de governação em Angola, olhando para os resultados no sector social, em particular da educação?
No início do mandato do actual Governo, fui das pessoas que publicamente manifestou a sua expectativa positiva, acreditando que, de facto, estávamos diante de uma época de mudança. Não digo de mudança de paradigma, porque o grupo era o mesmo, mas sim de mudança de conteúdo qualitativo da governação. Infelizmente, do meu ponto de vista, isso não aconteceu. Entretanto, seria injusto da minha parte não reconhecer que houve avanços do ponto de vista quantitativo. Se olharmos para os números que o Governo apresenta do sector Social, vemos aumento de salas de aulas e de unidades hospitalares. Mas a questão preocupante tem que ver com o facto de o aumento das infra-estruturas não ter sido acompanhado de um aumento do capital hu impossível manter as estruturas a funcionar. Portanto, a qualidade da governação está posta em causa.
Relativamente à Educação, do ponto de vista qualitativo, como avalia os resultados, desenvolvimento do país? Segundo o economista Theodore Schultz, sem um investimento na Educação e na Saúde os países não se desenvolvem. Não é só ensinar a ler e a escrever, mas é também aumentar o talento das pessoas, porque isso tem impacto nas empresas e na economia, numa perspectiva mais abrangente. Actualmenwhat is your evaluation of the last five years of governance in angola, based on the results in the social sector, and in education in particular?
At the beginning of the current government’s term, I was one of the people who publicly expressed positive expectations, believing that, in fact, we were facing a time of change. I don’t mean a change of paradigm because the group was the same, but a change in the qualitative con nately, from my point of view, this did not happen. However, it would be unfair of me not to recognize that there has been progress from the quantitative point of view. If we look at
NENHUM PAÍS PODE SOBREVIVER SEM UMA ESTRUTURA DE CRECHES QUE DE FACTO FUNCIONE. No country can survive without a day care structure that actually works.
the numbers that the Government presents for the Social sector, we see an increase in classrooms and hospitals. But the worrying issue has to do with the fact that the increase in infrastructure has not been complemented with an increase in human capital, and paid professionals it is impossible to keep the facilities operating. Therefore, the quality of governance jeopardized.
Regarding Education, from a qualitative point of view, how do you evaluate the results, considering the country’s development challenges? According to economist Theodore Schultz, without investment in Education and Health, countries do not develop. It’s not just about teaching people to read and write, but also about increasing their talent, because this has an impact on companies and the economy, from a broader perspective. Nowadays, the countries that have developed the most are those that have had the greatest impact on human capital, through constant, structured investment in it. It is no longer true that countries are poor because they are located in a particular geographical region or lack natural resources. There are no poor countries, but rather poorly managed countries, as Peter Drucker puts it.
The boom in our economy, prior to 2014, showed us that growth is not development. What other pillars should be built to support development? I insist on investment in hu most. However, one cannot treat the social sector as an election propaganda object. The social sector goes far beyond Education and Health. We have Social Protection. My biggest concern is not only with the budget allocat-
te, os países que mais se desenvolveram são os que tiveram um maior impacto no capital humano, por via de um investimento constante e estruturado nele. Já não é verdade que os países são pobres porque se localizam em determinada re de recursos naturais. Não existem países pobres, mas sim países mal administrados, como defende Peter Drucker.
O boom da nossa economia, anterior a 2014, mostrou- -nos que crescimento não é desenvolvimento. Que outros pilares devem ser construídos para suportar o desenvolvimento? Insisto no investimento no capital humano, em primeiro lugar. Entretanto, não se pode tratar da área social como um objecto de propaganda eleitoral. O sector Social vai muito além da Educação e Saúde. Temos a Protecção Social. A minha maior preocupação não é só com o orçamento que a Educação tem vindo a merecer ao longo dos últimos anos, mas também com o facto de não ter visto, de nenhum partido, um “Plano Marshall” para Angola, que descreva os nossos problemas, dívidas, potencialidades. Depois, devemos traçar objectivos, de longo prazo. Não podemos continuar como se tem feito até aqui.
A fome tem um impacto escolar das crianças. Como avalia a situação do país nesse domínio, considerando a deterioração das condições sociais das famílias? e do INE, baseado nos resultados do Inquérito dos Indicadores Múltiplos de Saúde, apenas 1% das crianças dos 0 aos 17 anos não é afectada por nenhuma dimensão da pobreza em Angola, que inclui nutrição, saúde, protecção infantil, exposição aos meios de comunicação social e água. Com base nesse estudo, o que se percebe, em relação à Educação, é que, muitas vezes, a criança já nasce com debilidades devido a problemas como a má nutrição, que começa logo na gestação. Ou seja, a maior parte das crianças angolanas desenvolve alguma percentagem de anemia. Infelizmente, não há um programa público para o desenvolvimento do ensino pré-escolar. Quero com isso dizer que nenhum país pode sobreviver sem uma estrutura de creches que de facto funcione, pois as creches não ser enquanto estamos fora de casa a trabalhar, mas elas têm um impacto muito grande no cognitivo da criança de 1 a 3 anos, porque é nessa altura que ganham as principais competências psicomotoras. JÁ NÃO É VERDADE QUE OS PAÍSES SÃO POBRES PORQUE SE LOCALIZAM EM DETERMINADA REGIÃO GEOGRÁFICA OU NÃO DISPÕEM DE RECURSOS NATURAIS. NÃO EXISTEM PAÍSES POBRES, MAS SIM PAÍSES MAL ADMINISTRADOS. It is no longer true that countries are poor because they are located in a certain geographical region or lack natural resources. There are no poor countries, but mismanaged countries.
ed to Education over the past few years, but also with the fact that I have not seen, from any party, a “Marshall Plan” for Angola, which describes our problems, debts, potentialities. Then we must set long-term objectives. We can years, as has been done until now.
Hunger has a the performance of children at school. How do you evaluate the country’s situation in this area, considering the deterioration of families’ social conditions? According to a study by tistics Institute, based on the results of the Multiple Health Indicators Survey, only 1% of children aged 0 to mension of poverty in Angola, which includes nutrition, health, child protection, media exposure, and water. Based on this study, what can be seen, in relation to education, is that often the child is born with weaknesses due to problems such as malnutrition, which begins early in pregnancy. That is, most Angolan children develop some fortunately, there is no public program for the development of pre-school education. By this I mean that no country can survive without a day care structure that actually works, because day care centers are not only for keeping the children while we are out working, but they have a very big impact on the cognitive life of children aged 1 to 3 years, because that is when they gain the main psychomotor skills. Therefore, chil erate starvation, or do not receive a diet with the necessary nutrients for their development, are cognitively restricted.
