DESCOMPROMETTIMENTO EM DISSONNETTO

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DESCOMPROMETTIMENTO EM DISSONNETTO



Glauco Mattoso

DESCOMPROMETTIMENTO EM DISSONNETTO

São Paulo Casa de Ferreiro 2020


Descompromettimento em dissonnetto Glauco Mattoso

© Glauco Mattoso, 2020

Revisão Lucio Medeiros

Projeto gráfico Lucio Medeiros

Capa Concepção: Glauco Mattoso Execução: Lucio Medeiros ______________________________________________________________________________

FICHA CATALOGRÁFICA

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Mattoso, Glauco

DESCOMPROMETTIMENTO EM DISSONNETTO/Glauco Mattoso

São Paulo: Casa de Ferreiro, 2020 118p., 21 x 21cm ISBN: 978-85-98271-28-4

1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título. B869.1


NOTA INTRODUCTORIA

Na sequencia dos volumes de dissonnettos compostos em 2020, appós MUSAS ABUSADAS vem esta collectanea com nova centena (de 6487 a 6586) que, ainda sob o impacto da crise sanitaria, cuida entretanto de varios outros themas urgentes e cruciaes para o convivio social, sexual, politico e cultural. Muitos poemas, comtudo, partem duma perspectiva, não direi liberal, mas libertaria ou mesmo libertina, donde o titulo allusivo, indistinctamente, a politicas e politicagens, extensivo aos casos apoliticos. Na forma mantenho-me fiel à nova estrophação adoptada, em quattro quartettos, desde que retomei, em 2017, a producção temporariamente interrompida no sonnetto 5555, em 2012. Tracta-se agora de publicar, ao lado das reedições reformatadas dos titulos antigos, esta nova serie de volumes em versão digital, para recuperar o tempo empattado desde a crise anterior -resgate emfim possivel graças ao trabalho do editor virtual Lucio Medeiros à frente do sello Casa de Ferreiro.



DESCOMPROMETTIMENTO

OMMISSO COMPROMISSO [6487]

Será que não terei nada com isso? Appenas porque fallo mais do sujo sapato dos politicos, sabujo não posso ser chamado, nem submisso. Dos dramas do suburbio ou do cortiço tambem ninguem dirá que sempre fujo, tampouco que me torno um caramujo ou durmo, como bardo, no serviço. Poetas thematizam, de maneira diversa, a mesma coisa: muita gente abborda a propria coisa, simplesmente; alguns a localizam na sujeira. Talvez com sacanagem alguem queira a coisa mixturar, ja que se sente participe dum mundo onde evidente é o gozo de quem fede, si não cheira.

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CHARTA INDESCHARTAVEL [6488]

A culpa não é minha, Glauco! Quem approva a escravidão é o proprio Marx, segundo o qual, sem esses desembarques do negro trafficado, o pão não vem! Sem negros, o commercio fica sem os braços, fica a industria sem seus parques! Portanto, pelas redes, caso marques um thema, a negritude implica alguem! Ja sei que os communistas vão chiar, dizendo que o Karlão não fallou isso, mas uma charta delle desserviço causou àquella causa, por azar! Eu, como nada tenho o que allegar accerca do problema, só cobiço a rolla dum negão, Glauco! Submisso não és, tambem, ao thema mais vulgar?


DESCOMPROMETTIMENTO

COUSA COM CAUSA [6489]

Chamados, nós poetas, de causões ja fomos tantas vezes, que nem sei si foi porque luctamos contra a lei ou della a favor, raios e trovões! Luctamos, desde tempos de Camões, por causa alguma: amigo ou não do rei, amor à natureza, pauta gay, de cor, de corpo, credos ou facções. Alguma cousa causa a nós, poetas, as dores que tomamos, da velhinha, do cego, do doente que definha, daquelle que votar quer nas directas... Talvez seja por ti, que nem te affectas com themas da politica mesquinha e suja, que luctamos, mas na linha satyrica dos bobos e patetas.

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PRESTAÇÕES DE COMPTA [6490]

Vontade tenho, Glauco, quando alguem pergunta do dinheiro numa compta conjuncta, de ir às vias contra a affronta! Indagam sobre o saldo que ella tem! Depositos fizeram, mais de cem mil, para a minha esposa? Quanto monta, ao certo? La sei eu! Não me admedronta que fiquem a fuçar cada vintem! Glaucão, eu quero encher, sim, de porrada a bocca do reporter que me fez pergunta tão incommoda! Cortez terei que ser, caralho? Não, qual nada! Si eu fosse presidente... Ahi, sim, cada centavo ommittiria duma vez! Ninguem pode saber quanto, por mez, ganhou quem ser honesto sempre brada!


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MYTHOMANIA [6491]

Aquelles puxa-saccos que de “mytho” chamando vivem esse de plantão em nada differentes, Glauco, são dos outros, cujos nomes eu nem cito! Diziam “presidenta”, até bonito achavam commetter violação às normas da grammatica, Glaucão! Mas com o tal do “mytho” mais me irrito! Chamamos de “mythomano” quem mente por vicio, ou seja, mythos são mentiras, são lendas! Tu, Glaucão, nas tuas lyras, alludes aos monstrengos como um crente! Mas és poeta! Podes, simplesmente, fingir que embarcas, caso te refiras aos monstros, na canoa! Tu deliras, mas esse gado orgasma, tesão sente!

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NUTRICHATO [6492]

Jamais chamei um gajo de “ecochato”, Glaucão, de “natureba” tambem não! Ainda que pentelhos sejam, tão grosseiro não serei si delles tracto! Agora, chato mesmo (o que constato com maximo pesar) é o cidadão mettido a patrulhar a nutrição dos outros! Esse eu chamo “nutrichato”! Não pode comer isto, mas aquillo ja pode si for pouco ou sem tempero! Aquillo outro só pode si exaggero ninguem fizer, sinão vae ganhar kilo! Ah, va lamber sabão! Comer tranquillo o gajo não me deixa! Desespero ja tenho demais, porra, sem comer o que quero por ser caro conseguil-o!


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PUMDEMIA [6493]

Hem, Glauco, ja pensou si, de repente, descobrem a “cuvid”, outra doença, que pode transmittida ser na densa camada de fedor que a gente sente? Sim, Glauco, não seria pela frente que gazes pestilentos nos dispensa alguem, mas pelo peido! Mais que offensa, peidar expalha a praga dum doente! Nem mascara resolve! Qual cueca segura aquelle cheiro que paresce de fossa transbordada? Quem tivesse o virus se entregava! Com a breca! Banheiro onde doente tal defeca teria que fechar! Alguem conhesce privada que não feda? Minha prece é para que só peide quem não pecca!

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VEXAME VERDE-AMARELLO [6494]

Fallei ja, Glauco, disso. Outra vez narro. Você sabe que um sadico duvida que todo masochista se decida, em publico, a motivo ser de sarro. Conhesço um gajo sujo, cujo excarro corria pela cara ja fodida do escravo. Não bastava ser cuspida. Só tinha graça a placa de catarrho. Na frente de nosoutros, o coitado ficava sem poder nem se limpar, depois de receber no rosto um par de grossas cusparadas do seu sado. Aquella catarrhada que, dum lado, mais verde parescia, alguem achar podia, amarellada ja, no olhar daquelles que zoavam um boccado.


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NO ME MOLESTE MOSQUITO [6495]

Ouvi muito, Glaucão, o divertido effeito da canção dos Doors: “Mosquito, me deixe em paz! Não vê como me irrito? Ai, pare de zumbir no meu ouvido!” “Why don’t you go home?” -- insta, ja vencido, cansado de expantar mosquito a grito, o pobre mexicano, que um “burrito” montando vae, sem rhumo, sem sentido. Tambem os vietnamitas ao soldado branquello perguntavam por que não voltava para casa, pois razão não tinha para alli ja ter pisado. Sem rhumo, sem sentido, Glauco! O lado errado, o do mosquito, na canção se encaixa facilmente, mas nem tão tranquillo foi, na guerra, achar culpado...

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CHRONICA AMAZONICA [6496]

Pô, Glauco, todo o pappo da floresta queimada não tem nada a ver com nada! A flora recompõe-se, camarada! É falso repetir que nada resta! Tem gente que reclama, que protesta sem minima noção! Acham que cada parcella desmattada condemnada seria à secca! Falta só mais esta! Melhor negocio, sabe qual será? Queimarmos, desmattarmos, a madeira vendermos! Os minerios ha quem queira! Depois renasce tudo, Glauco! Bah! Você não accredita? Acha que está errada, confundida, a gente inteira da terra? Até seus indios? De maneira nenhuma! Discordou? Se foder va!


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SUPER MESTRESCRAVO [6497]

Ja tem superheroe de tudo quanto é typo! Tem até cego, Glaucão! Então eu lhe pergunto: por que não um sadomasochista? Por que expanto? Será supermasoca, mas emquanto esteja no normal, na posição daquelle indefensavel cidadão que soffre mais abusos do que um sancto! Se torna supersadico, porem, depois de transformado, quando seus fataes superpoderes dos plebeus communs abusarão! Hem, Glaucão? Hem? Ah, não se enthusiasmou? Ah, você tem razão! Um superfaro! Os europeus chulés sente de longe! Sim, por Zeus! Masoca, ahi, se volve e chupa alguem!

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SUPERBASSET [6498]

E quanto ao supercão? Si for basset, terá superpoderes dum saphado cachorro, Glauco! Para seu aggrado, mais cheiros sentirá do que você! Alcança altos armarios, caso dê vontade de comer algum boccado de doce, de biscoito, o que, levado da breca, rolla sempre, em meu apê! Capaz será dum cheiro de linguiça sentir de mais distancia! Assim, irá roubal-a onde estiver! O que será da nossa geladeira? Que injustiça! Sofás alcança, quando se expreguiça, a fim de supersomnos dormir! Ja na hora do passeio, poderá achar a lanchonette encontradiça!


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CRISE SUBJUGAL [6499]

Aquelle vagabundo! Foi somente por causa delle, porra, que fui preso! Um typo repulsivo! Meu desprezo meresce! Hem? Quanta raiva a gente sente! Fiz delle secretario! Quem attente aos factos notará que muito peso tem sua actuação, que todo o vezo corrupto lhe subira, porra, à mente! Assim que foi detido, dedar quiz a minha pessoinha, amigo Glauco! Fallou aos jornalistas que eu desfalco as comptas, o thesouro do paiz! Aquelle verme! Euzinho aqui não fiz nadinha! Até fallou que nelle eu calco a sola, que não passo siquer talco no pé! Mas ja commigo foi feliz!

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PEIXE EM OFFERTA [6500]

Eu ajo como um gajo rancoroso, deveras! Não, jamais ensceno, Glauco! Não sou egual a Alê, que foi por Malcolm McDowell enscenado! Ouviu, Mattoso? Actuo na real! Não tenho gozo appenas a fingir que estou num palco! Si ponho o pé na cara -- Ah, porra! -- accalco com força, até chegar a ser damnoso! Você, não sei, mas muita gente não supporta aqui debaixo do meu pé ficar, Glauco! Pisei num gay até sangrar seu beiço torpe e porcalhão! Detalhes quer saber? Tinha dentão ponctudo, se feriu sozinho, ué! Então, se convenceu? Você não é masoca? Tá temendo o meu pezão?


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CLIENTE INCONSEQUENTE [6501]

Transmitta, Glauco, minha despedida a todos no Brazil. Fui condemnado à morte, pois aqui nem advogado nos livra. Vou pagar com minha vida... Aqui será maluco quem decida mactar alguem somente por chamado ter sido, pelo gajo, de veado. Por isso me fodi, Glauco... Duvida? Estou no corredor da morte e espero que, em breve, me executem duma vez! Cuidado recommendo que vocês, ahi no Brazil, tenham! Sou sincero! Não, para ca não venham! É severo o codigo daqui! Qualquer burguez que macte qualquer bicha, si freguez foi della, de excappar tem chance zero!

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BOLLO CONSAGRADO [6502]

Tu nisso crês, Glaucão? Eu, que defendo catholicos e crentes, reconhesço que, desta vez, não pago qualquer preço por tudo que expalharam e estou lendo! Glaucão, uma parochia fez horrendo remedio para a peste! Eu não meresço ler isso! Nem lhe indico que endereço tem esse templo! Fique só sabendo: Puzeram soda caustica no meio duns bollos e disseram que, em dois dias, quem come se livrar das agonias irá, mesmo do virus, sem receio! De nada addeantou dizer que feio effeito venenoso taes fatias produzem! Nesses bollos si te fias, mais coisas acharás em seu recheio!


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PERDIÇÃO [6503]

Assim não dá, Glaucão! Assim nem eu consigo fé manter, nem ser christão! Prefiro me tornar, mesmo, um pagão! Prefiro, mais lhe digo, ser atheu! O deus que esses politicos ser seu affirmam não será meu, Glauco, não! Practicam tantos crimes e questão nem fazem de fingir frente ao plebeu! Depois de commetter a putaria mais grossa, ainda mactam o marido, o filho, mulher, netta... Assim, decido fugir de quem “ungido” se dizia! Melhor eu faço, Glauco, todo dia rezando para Alguem que convertido me deixa, pois Satan não tem partido e em minha perdição de fé confia!

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COISA QUALQUER [6504]

Por ti, que és meu heroe, dou o meu braço, a minha perna, até minha cabeça, a bocca, si quizeres que ella desça à tua bota! Nella a lingua passo! Por ti, que és meu amigo, tudo faço, ainda que a amizade não meresça tamanho sacrificio! Que te cresça o pau farei, chupando-te, devasso! Por ti, que és meu amor, faço qualquer coisinha a mais, embora ninguem ame alguem que tem postura de madame e queira abusar, sendo uma mulher! Emfim, qualquer coisinha que eu puder farei, mesmo passando tal vexame! Não posso ser um homem que reclame! Quem vê bem faz dum cego o que quizer!


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QANONYMATO [6505]

Hem, Glauco? Não fallei que era verdade aquillo que diziam dos communas? Sim, comem creancinhas! São fortunas que investem os immundos fans de Sade! Conspiram, todos elles! E quem ha de luctar contra canhões só com bordunas? A midia não preenche taes lacunas e só com fake news nos persuade! Dos mythos precisamos! São heroes aquelles que, excolhidos, salvarão o mundo dos communas, Glauco! São mocinhos, são xerifes, são cowboys! As normas da sciencia são anzoes que querem nos fisgar! Não passarão! Não crês que exsistirá conspiração? Não vês que, em tuas trevas, te destroes?

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INCONSPIRACIONISMO [6506]

O conspiracionismo, Glauco, vem crescendo! Não percebes? Na verdade, o proprio obscurantismo persuade os trouxas de que sempre trama alguem! Apponctam adjuda da o Papa! A as nossas

communistas, com ou sem Kabbala! Apponctam Sade, midia, dizem ja, que invade consciencias! Vão alem!

Extranho paradoxo, não é não? Fallavam que internet era terreno que democratizava! Até pequeno zineiro confrontou o Grande Irmão! Foi era technologica? A licção que eu tiro me confirma que é veneno o que era tão tranquillo, tão sereno advanço cultural! Que decepção!


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FRUCTEIRA CASEIRA [6507]

Algum pesquisador, um canadense, paresce, descobriu algo que cura a peste do corona, Glauco! Obscura receita, mas que faz com que se pense! A formula assahy tem! E pertence a alguma forte industria que procura mercado, claro! Mas quem usou jura que cura mesmo! Ocê não se convence? Mas Glauco, muito sceptico ocê vem mostrando ser! Por que não assahy? Por ser fructa amazonica, daqui da nossa terra? Ah, Glauco, o que é que tem? Assim não precisamos a ninguem de fora pagar royalties! Só vi problema si faltar a fructa! Ahi os gringos a terão num armazem!

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INFINITO CONFINAMENTO [6508]

Chegar aos meus septenta parescia mais facil, si não fora a quarentena. Mas meu “gruppo de risco” me condemna à dura reclusão, dada a phobia. Meu medico ja disse: “Glauco, um dia talvez você consiga dar, em scena, as caras à platéa... Acho uma pena, mas não será tão cedo, não! Sabia?” Pudera! Diabetico, de edade, soffrendo de rhinite e de bronchite allergicas, terei como limite da casa a porta, até da rua a grade. A nossa paranoia dissuade a gente de sahir. Nenhum convite me pode estimular, nem que me incite alguem a pés lamber, em liberdade.


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PIMPOLHO BEM CREADO [6509]

Disseram, caro Glauco, que não valho um puto, que não passo dum pentelho! Não achas um insulto que parelho não ha para xingar alguem, caralho? Concordas que não posso de paspalho chamado ser, carissimo? Um fedelho qualquer, que nem siquer se vê no espelho, me insulta assim? Se toque, esse pirralho! Eu, quando offendo um gajo, bem excolho os nomes que não causem tal engulho aos cerebros distinctos! Eu vasculho a lingua, sou cultissimo pimpolho! Portanto, meu querido, si de filho da puta me chamares, meu orgulho tu feres! Dormirei com tal barulho? Jamais! Por um cegueta não me humilho!

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PIA UROLAGNIA [6510]

Glaucão, familia assim conservadora, christan, puritanissma, não vi na vida! A deputada até xixi fazia de bebida, a peccadora! Bebia, sim, Glaucão! Mas temptadora não era appenas essa tara! Aqui eu leio que ella ainda phrenesi sentia como bruxa adoradora! Seus cento e vinte filhos, seu marido, seus nettos e sobrinhos, todos eram discipulos do Demo! Mas esperam que eu creia que mentiras tenho ouvido! Não, Glauco! De christãos Bandeiras as peores elles e querem que creiamos que Ah, só si for nos vicios,

assim duvido! deram se exmeram? na libido!


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CHATOS BOATOS [6511]

Sou conspiracionista, Glauco! Ouvi fallar que todo macho, cedo, brocha! Disseram ser um chato de galocha quem falla abertamente disso ahi! Aquelles que não fallam só por si garantem que se appaga a nossa tocha bem antes dos sessenta, mas debocha dos factos quem tal coisa acha cricri. A gente desconversa, não confessa, mas sabe todo mundo quando o pincto começa a decahir! Eu ja não sinto tesão como sentia, antes, à bessa! É chato verdade e nunca orgasmo

conspirar, Glauco, mas dessa não se excappa! Jamais minto me gabei de ter um quincto successivo! O orgulho cessa!

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IRONICA CHRONICA (II) [6512]

Enquete do CORREIO BRAZILIENSE listou auctores vivos mais quotados por gente de respeito nestes lados e, nesse ranking, Glauco, você vence! Ainda que em seu nome ninguem pense nos circulos de elite entre lettrados, você foi vinte e seis quando taes dados comptaram-se! Isso, Glauco, me convence! Si fossemos formar academia que tenha appenas trinta, até quarenta cadeiras preenchidas, não se ausenta Mattoso dessa lista! Quem diria? À frente está você da maioria dos celebres! Você ja se contenta com isso? Por que, então, Glaucão, não tenta entrar na Academia? Sim! Não ria!


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SEDENTARIO VOLUNTARIO [6513]

Não saio, Glauco! Nunca mais eu saio de casa! Só depois que houver vaccina! Mas, mesmo assim, só para mim termina a longa quarentena com o raio! O raio desse teste! Desde maio espero ser testado! Não, magina! Ninguem veiu testar! Alli na exquina testavam, mas... Eu nessa ca não caio! Hem? Como vou testar, si para tanto terei que sahir, Glauco? Como vou tomar vaccina, si ‘inda não estou seguro? Depender vou só do sancto? Jamais! Não vou sahir! Assim, emquanto ninguem vier, ninguem me vaccinou, siquer testou! Que impasse! Venham, ou então, desta poltrona não levanto!

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REICH DE MIL ANNOS [6514]

Não basta, a mim, deixar de comer gado bovino, porco ou peixe, emfim, deixar as aves ou os ovos de botar na bocca, não, Glaucão! Por mais eu brado! Eu brado por melhor apprendizado, no vegetarianismo, do vulgar povão, que só consome cavallar porção dum alimento processado! Eu quero ver os outros sem comer nadinha fricto, nada de gordura, de carne, de temperos! Gostosura nenhuma, em summa! Neca de prazer! Prazer, siquer no sexo, si for ver, meresce ter ninguem! Da dictadura vegana, Glauco, quero ver si dura ao menos um millennio o seu poder!


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VESPERA DA DESTRUIÇÃO [6515]

Ainda a bomba atomica perigo será! Sempre será, Glauco! Mas eu tentando dizer sigo, ao europeu, ao russo ou ao chinez: Não, meu amigo! O clima maior bomba será, sigo dizendo, Glauco! O mundo ja perdeu a chance de evitar o sujo breu que irá nos polluir! Bello castigo! Não poupo, no Occidente, quem protesto lançou pela canção! Americanos tambem são responsaveis pelos damnos causados ao planeta com seu gesto! Só fingem protestar! Meu manifesto é contra, justamente, esses insanos abutres consumistas! Poucos annos nos restam, Glauco! O resto será resto!

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BENEFICIO DA INDUBITABILIDADE [6516]

Mas, Glauco, sou poeta! Você não concorda que exaggeros commettemos? Até posso chegar a alguns extremos! Licença tenho para ser causão! Si com um cara acharam um milhão, direi que foram dois! Quando nós lemos que, em canna, alguem roubou, logo diremos que muitos ja mactou, por deducção! É facil presumir, Glauco, o que irá dizer algum politico que seja flagrado recebendo de bandeja aquella commissão de marajah! Nos basta amplificar e, desde ja, suppor que todo mundo, nessa egreja, faz coisa até peor! Nossa cereja, no bollo, bem rhymada ficará!


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MARRUDO SORTUDO [6517]

Bobagem! Grippezinha à toa! Appenas por causa duns expirros, duma tosse qualquer, Glauco, notei que tomou posse de todos o febrão das quarentenas! Eu mesmo, não faço! Enfrente, delivery!

que tossi tanto, taes scenas Quem tem febre que se coce! porra! Fique em casa! Almosse Voltinhas dê pequenas!

Nem mascara, Glaucão, eu quiz usar! Na rua, quando aquella tosse vinha, o povo desviava depressinha e livre eu caminhava, sem parar! Agora que passou e do logar a bunda ja levantam, essa minha postura approvam, Glauco! Vê que eu tinha razão? Bem... Porra, alguns deram azar!

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ARTELHOS DE ARTILHEIRO [6518]

Indagas-me que numero o sapato que calço tem, Glaucão? Quarenta e seis! Achaste grande? Então exhibo-te: eis a photo do meu largo pé de pato! Que pena! Me exquesci de que insensato seria annexar photos! Mas fieis te podem ser, tambem, por mais crueis que sejam, os detalhes que eu relato: Não quero ser cruel, mas tenho sola tão chata, que palmilha mais paresce ser, Glauco! Tacteal-a si pudesse teu dedo, gozarias! Te controla! Não gozes, não, ainda! Jogar bolla adoro! Não serei, jamais, um Messi, mas, para alimentar a tua prece, direi: minha chuteira fez eschola!


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ZOOM NO ZAGUEIRO [6519]

Um arbitro de video não perdoa! A camera flagrou quando o zagueiro, sem bolla, aggrediu tanto um artilheiro rival, que ver a scena até me enjoa! Glaucão, precisas ver! Elle destoa dos outros: bem maior, seu corpo inteiro é mesmo animalesco! Pelo cheiro, o chamam de Gorilla não à toa! Imagens delle mostram o pezão na bocca do opponente, que sem dente ficou, Glauco! Querias, de repente, levar aquelle pé na cara? Não? Preferes pensando e eximio filmar o

é gozar mesmo na mão que és do gajo o competente massagista? Ah, ninguem tente que farias por tesão!

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MICHÊS QUE EMPICHAM [6520]

Não tenho nenhum medo de empichado ser, Glauco! Tenho appoio, tenho base bem solida! A denuncia nem na phase final chega! Garanto o resultado! Mas é dinheiro vivo que arrecado, pois teve que ser mala, sempre quasi bem cheia, a que paguei p’ra que não vaze nadinha do que faço neste Estado! Por isso commemoro que essa nota mais nova, a de duzentos, logo corra! Menor me fica aquella mala, porra! Percebes, Glauco, como rolla a quota? Não fosse essa chantagem, a patota vazava como jorra a minha porra nas typicas surubas de Gomorrha com tantos michetões que calçam bota!


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CERTIDÕES DE BAPTISMO [6521]

Terá nome ideal um veadão? Cacophato não houve mais feliz: Jacintho Pincto Aquino Rego, diz quem queira baptizar pelo calão! Em sendo um alpinista, à mente vem o nome que estaria apprimorando a sua profissão: Caio Rollando da Rocha, campeão como ninguem! No martello, colloco o motorista condizente: Prudente Passos Dias Aguiar, que confirma as theorias mais fataes de quem vive pela pista. Si for decorador, pelo Natal, que cuide dos presepios, se deduz: Armando Nascimento de Jesus! Glaucão, meu trocadilho ornou? Que tal?

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LIBERALOIDE [6522]

Dois annos attraz, Glauco, eu fui, eu era de esquerda, ma non troppo! Sacumé? Depois que um rapazinho li, nem fé mais tenho na direita, não! Pudera! Não é que o tal rapaz, na blogosphera, se diz, pero no mucho, da ralé e em cada canoinha tem um pé? Vidrado estou e, delle, na paquera! Você, que “esquerdireita” considera que caiba àquelle typico “exemptão”, não acha que o blogueiro nem é tão original assim? Que delle espera? Ja sei: sou vacillão! Né, Glauco? Fera de idéas, só Caetano, ou Gil, então, ou Chico, ou Odair José! Ja não paquero ninguem! Meu tesão ja era!


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CORRIDA DESPIDA [6523]

Glaucão, ja disputei uma corrida nudista la na America! Tu tens que ver! Nossos thesouros, nossos bens ballançam aos clamores da torcida! Tão facil não é para que eu decida correr pellado, Glauco! Não convens commigo que exsistir vão uns porens que cercam a nudez, quando exhibida? Magina! Não, descalço nunca corro! A gente tennis usa, Glauco, claro! Mas, antes de correr, nosso preparo precisa ser na rua, sob exporro! Pensei em usar mascara... A de Zorro bastava, mas o povo mais ignaro vaiava, assim tambem! Segui meu faro: Ja perco o medo, olhando o meu cachorro...

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SEPTEMBRO AMARELLO [6524]

Xingou o torcedor quem amarella por ter, numa partida, pipocado. Jargão do futebol, mas, applicado à vida, às vezes falla algo mais della. Não posso responder por quem appella ao gesto suicida, Glauco, dado que estou, ainda, vivo. Mas o lado entendo dos que encontram tal janella. Glaucão, não considero covardia a grave decisão de quem se macta! Você tambem a accapta, quando tracta da these em sua afflicta poesia! Adjuda a gente tenta dar! Um dia, porem, a solidão, a atroz e ingrata doença, algum tormento nos maltracta accyma da possivel agonia!


DESCOMPROMETTIMENTO

ARCHEIRO ARROJADO [6525]

Coitado do goleiro! O jogador rival pretende entrar com bolla e tudo, mas elle exhibir tenta que é raçudo e joga-se nos pés do mactador! Calculas tu, Glaucão, o que quem for cahir no chão, em frente dum marrudo daquelles, vae soffrer? Ou fica mudo ou faz enorme escandalo de dor! Pois bem: esse goleiro nem reclama! Attira-se na cancha, bem defronte aos sadicos pezões do mastodonte que calça a chanca suja, ja, de lama! Na bocca lhe entra a trava, a terra, a grama! Emfim, de sujidade entrou um monte, mas elle tudo lambe! Que eu lhe conte espere só, Glaucão! Até mais mamma!

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48 GLAUCO MATTOSO

PUTA REPUTADA [6526]

Historia tem aquella cadeirante, você nem imagina, Glauco! Occorre que puta foi! Quem nasce puta morre mais puta ainda! Tino tem bastante! É como quem nasceu cego! Durante a vida vae soffrer, por mais que exporre pensando ser masoca... Bem, mas corre a lenda dessa puta! Não se expante! Trepar ja não podendo, que faz ella? Appenas chupa! Curva-se, rebaixa a bocca aberta ao maximo, que encaixa na rolla do freguez, e nella fella! Barato cobra, claro! Na favella ninguem tem mesmo grana! Assim, ella acha cliente sempre, embora até bollacha às vezes tome, como bagatella!


DESCOMPROMETTIMENTO

INCONTIDA TORCIDA [6527]

Ouviu essa noticia, Glauco? Tem torcida revoltada contra aquella campanha má do time! Mas appella assim à violencia cega alguem? Appella, sim! Entraram, de refem fizeram todo o gruppo, que (revela a midia) teve gente até banguela de tanto pé, na bocca, levar bem! Chegou a reagir um jogador ou outro, mas a gangue era bem mais valente e numerosa! Sexuaes abusos commetteram, si ver for! Ouvi fallar, Glaucão, que estuprador pinctou na scena! Aquelles animaes curraram o goleiro, cujos ais ouviram-se de longe, e não de dor!

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50 GLAUCO MATTOSO

RESUMO DO CONSUMO [6528]

Cahiram, Glauco, as vendas ja, durante os mezes dessa aguda pandemia, dos itens de hygiene! Quem diria que menos se vendeu desodorante? Hem? Isso não fará que cê se expante? Por que, Glaucão? Então quem passa dia e noite em casa abbraça a porcaria sem pejo dum cheirinho tresandante? Pensando bem, cecê creei, tambem! Meu corpo ja tem cheiro de café daquelles preferidos da ralé, fortissimos, que eu tomo assucar sem! Que foi isso, Glaucão? Que você tem? Ah, quer saber do odor que tem meu pé? É forte, sim, admitto, mas não é chulé para assanhar, assim, ninguem!


DESCOMPROMETTIMENTO

NOVA NOVELLA DAS NOVE [6529]

A actriz que estrellaria, com a fama de sempre, essa novella concorrida, ficou, direi, Glaucão, puta da vida porque foi cancellado o tal programma! Pudera! A diva, hysterica, reclama! Mas, com a pandemia, alguem duvida que corre muitos riscos quem decida gravar aquellas scenas numa cama? Suspensa a nova serie, reprisada será qualquer daquellas mais antigas, nas quaes a actriz posava, com amigas da lyra, pelladona! Que damnada! Glaucão, adoro ver mulher pellada! Não fazes tu questão? Ah, não me digas! Preferes dos machões olhar as vigas? És cego? Oh, me desculpa! Que mancada!

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52 GLAUCO MATTOSO

BAÇA VIDRAÇA [6530]

Vou me candidatar à prefeitura, amigo Glauco! Ocê, que é meu amigo, irá me dar appoio, né? Comsigo eu quero contar! Sua verve é dura! Ocê, meu amigão, que tem cultura poetica, consegue impor castigo aos outros concorrentes! Eu nem ligo, mas chiste muita gente não attura! Ocê podia à lyra serventia politica dar, Glauco! Ja pensou? Aquelles epigrammas bello show dariam duma satyra que chia! Amigo, ocê na penna attingiria a todos, não a mim, que exempto sou de manchas! Vae adjuda me dar, ou tambem alvo serei da poesia?


DESCOMPROMETTIMENTO

INFINITA TRISTEZA [6531]

Glaucão, a cada chance eu me promovo! Estive preso, claro, mas sem provas! Emfim quero trazer-te boas novas: eu à disposição estou do povo! Pretendo concorrer, Glaucão, de novo! Sim, dou certeza: applico bellas sovas, nas urnas, aos bundões que tu reprovas, aos que do capitão só babam ovo! Não achas tu, Glaucão, muito humilhante ficarmos nós à America submissos? Pois é! Nesse governo, os compromissos deixaram o Brazil menos gigante! Mas quero resgatar, Glaucão, durante meu proximo mandato, esses massiços recursos da nação! Não dou serviços pauperrimos aos pobres! Dou bastante!

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54 GLAUCO MATTOSO

RAPAZ AUDAZ [6532]

Glaucão, eu sou fodão! Eu sou cruel! Eu sou um socialista à moda antiga! Eu brigo, nessa guerra, a boa briga! Eu sou que nem o Jones Manoel! Em vez de mais um golpe do quartel, proponho dictadura que consiga punir os direitistas duma figa com canna dura, ao nosso prazer bel! Defendo violenta repressão àquelles que discordem do regime do proletariado, o mais sublime, capaz de converter um exemptão! Até Caetano ouviu o meu refrão! Então, quem pense egual que se approxime! Si não fizerem parte do meu time, vocês estão jurados! Morrerão!


DESCOMPROMETTIMENTO

ARREDIA REBELDIA [6533]

Não sei por que, Glaucão, tanto se expande a lenda pacifista! Que utopia! Na India, em paz o povo ja vivia submisso, antes de lider ser o Gandhi! A desobediencia civil grande conflicto sempre gera! Mais o guia causou de violento! Quem diria? Augmenta a repressão de quem commande! Passivo quem domina nunca fica perante quem se nega a accaptar quieto as ordens, as sentenças, um decreto, ainda que lhe imponham chupar picca! Aos sadicos, a teima justifica mais gosto em castigar quem rompe um veto! Eu mesmo, Glauco, tracto como objecto aquelle em quem pisei ou dei a bicca!

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56 GLAUCO MATTOSO

PRURIDO NA LIBIDO [6534]

Incrivel a coceira que se sente si somos diabeticos, Glaucão! Disseram que é do sangue, que é questão de assucar, simplesmente, na corrente! Mycose até paresce, pois a gente se coça, coça, coça... A comichão augmenta ainda mais si no verão estamos, neste clima, aqui, tão quente! Coceira, de bermuda e camiseta, resolvo com maior facilidade! Peor é quando o frio, na cidade, às roupas faz que a gente se submetta! Difficil é coçar uma boceta, um sacco, o umbigo, quando nos invade aquella comichão! Glaucão, quem ha de batter, perto de zero, uma punheta?


DESCOMPROMETTIMENTO

DAMNOS MORAES (II) [6535]

Cuidado, ouviu? Você que experimente dizer que sou mais feio do que o Demo! Eu posso processal-o por extremo sarcasmo, por você ser insolente! Depois de condemnado, ‘ocê que tente a pena reverter la no Supremo! Nem mesmo o Gilmar Mendes, a quem temo, se importa com um typo tal de gente! Tá certo que sou feio! Tenho espelho em casa, Glauco, porra! Mas tambem seu verso não precisa ser que nem punhal, nem ao veneno ser parelho! Por isso, na moral, eu acconselho: me poupe do poetico desdem! Talvez eu nem processe! Irei, porem, deixal-o sem chupar o meu artelho!

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58 GLAUCO MATTOSO

JOGADA TRABALHADA [6536]

O craque, que ser visto numa tela adora, por um passa, por dois passa, encobre o goleirão, faz uma graça e marca novamente, em scena bella! Imagem que repetem, se congela, e em camera mais lenta se repassa, encanta a torcedora populaça! Alguem até na sunga ja se mella! Depois do jogo, o video reprisando, masturba-se, sozinho, o jogador que fora pelo craque, no calor do lance, bem dribblado. Offega, arfando. E goza! A porra jorra! Justo quando orgasma, se imagina lambedor da chanca do rival que, si ver for, tambem gozou, se vendo no commando.


DESCOMPROMETTIMENTO

MASSAGISTA MASOCHISTA [6537]

Coitado do podolatra, si for dum time principal o massagista! Difficil ficará que elle resista à louca temptação, a tal fervor! A sós com elle, experto, um jogador ou outro sempre lança alguma pista, dá trella, artelhos mexe, ergue, sarrista, o sadico pezão, tenta se impor! Assim se deu commigo, Glauco! Tenho bastante experiencia! Meu salario foi alto! Não, ninguem, no vestiario, sonhou em egualar meu desempenho! Ja tive, em zagueiro do momento fui do cara! Ao

minhas mãos, o mais ferrenho paiz! Glaucão, em vario escravo imaginario lembrar delle, ‘inda me venho!

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60 GLAUCO MATTOSO

CONFUSOS ABUSOS [6538]

Glaucão, meu advogado teve sua mansão pela policia revistada! Levaram quasi tudo, olharam cada papel! A dictadura continua! Agentes tambem foram para a rua fazer apprehensões, embora nada achassem, na mansão duma advogada da minha fellatriz, flagrada nua! Si fosse para buscas dar na casa daquelles advogados que a serviço estão dos meus rivaes... Sim, e eu com isso? É gente que só minha vida attraza! Mas volta a dictadura quando vaza a midia a minha vida! Compromisso eu tenho com quem manda! Nunca attiço qualquer operação que não se embasa!


DESCOMPROMETTIMENTO

TRIANGULO ESCALENO [6539]

Ai, Glauco, minha esposa me corneia! Você nem imagina a minha birra! Meu pincto nem mais brocha: até ja myrrha! Mas não posso culpal-a, Glauco, creia! Mal saio, um Ricardão de cara feia e enorme pau na chota della expirra a porra! Minha raiva mais se accirra! Mas não posso culpal-a, Glauco, creia! Um dia, até chegou, de bocca cheia, fallando o Ricardão na minha cara que gosta que ella chupe sua vara! Mas não posso culpal-a, Glauco, creia! Me explico: elle entendeu que me tonteia aquelle seu chulé, pois tenho tara podolatra! Assim, tudo se excancara! Emquanto o casal fode, eu cheiro a meia!

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62 GLAUCO MATTOSO

RANCORES DE ELEITORES [6540]

Não posso votar, Glauco! Você não entende? Estou no gruppo que se chama “de risco”! Só desloco-me da cama à mesa, da privada ao box, irmão! Você tambem não vota, pois visão não tem! Não é? Se livra da azafama que sempre nos obriga! Nem reclama si está, ja, dispensado da eleição! Ah, mesmo sendo cego, você vota? Mas, desta vez, somente, não irá às urnas... Entendi! Quasi tem, ja, septenta? Puxa, Glauco, nem se nota! Mas eu não votarei mais! Minha quota ja dei! Breve, estarei, tambem, gagá! Meu voto differença nem fará, pois todos vão lamber, de alguem, a bota!


DESCOMPROMETTIMENTO

EXPLICITA SOLLICITA [6541]

Estou impressionada, aqui, comtigo! Caralho, ó gajo! Então és trovador? És bardo, menestrel, vate? Escriptor, em summa? Pois que sejas meu amigo! Te posso dar idéas, muitas! Digo com toda a liberdade, sem favor nenhum! Estou disposta, quando for a Sampa, a visitar-te! E ja te instigo: Podias escrever sobre mim! Claro! Nem queiras saber quanta coisa ja passei! Um só detalhe ja te dá noção: para sujeiras tenho faro! Cheirei, beijei, lambi, chupei, com raro e torpe despudor, tudo o que está coberto de tabus! Por que não ha “agenda, no momento”? Ah, va, meu caro!

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64 GLAUCO MATTOSO

TARAS ÀS CLARAS [6542]

Ai, Glauco, ó gajo! Como estás branquello! Precisas tomar sol! Estás ahi, trancado em casa, ha mezes! Percebi que tenho obrigação, por isso appello! Obrigo-me, sim, neste mundo bello, sublime, ensolarado, a ser de ti amiga, companheira! Decidi guiar-te! Meu appello é bem singello! Dar basta que davas Então, te às onze e

aquella volta ao quarteirão antes dessa pandemia! levarei, sim, todo dia, meia, quando for verão!

Não queres? Ora, Glauco! Puxa, são as minhas intenções philanthropia purissima! Nenhuma putaria proponho! Por que estás tão... tão... cagão?


DESCOMPROMETTIMENTO

ANTIGAS AMIGAS (I) [6543]

Não, Glauco, nunca puta fui de estrada, nem dessas do puteiro da favella! Eu fui menina virgem, uma bella nympheta, aos bons lençoes accostumada! Tornei-me puta appenas porque nada mais me satisfazia! A gente fella primeiro o pau dum primo... Uma barrella, depois, a gente soffre... e está ferrada! Porem, Glaucão, conhesço uma ceguinha que foi, esta sim, cria de puteiro! Sem outra alternativa, pelo cheiro sabia quanto tempo um sebo tinha! Um queijo de semanas, coitadinha, chupava direitinho! Zombeteiro, sim, todo freguez era! Não me inteiro, comtudo, si ‘inda aguenta tal morrinha...

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66 GLAUCO MATTOSO

ANTIGAS AMIGAS (II) [6544]

Sim, Glauco, minha amiga foi nympheta bellissima, de inveja dar à gente! Mas pouco pude vel-a: de repente, perdi minha visão numa vendetta! Em mim vingaram-se elles duma treta de drogas na familia! De indigente menina dum central Buraco Quente, passei a ser ceguinha de sargeta! Sim, Glauco, fui treinada, na favella, a rollas engolir com a garganta mais funda! Qualquer picca ja levanta ao ver a cega abrir sua goela! Mas Glauco, me responda: quem revela taes coisas lhe interessa? Por que tanta vontade de saber? Por que se encanta você com a roptina de quem fella?


DESCOMPROMETTIMENTO

VELHOTA PATRIOTA [6545]

Te posso corrigir, sim! Fui docente! Ouviste, Glauco? Nunca alguem colloca num verso os palavrões que na malloca se escutam! Entendeste? És indecente! Eu era professora dura! A gente, em classe, prohibia aquella troca de insultos, que envergonha, que nos choca! Terei que ser censora novamente! Sou dura, sim! Castigo bem severo meresce quem se vale, em portuguez, do linguajar mais torpe e descortez na hora de escrever! Punir-te quero! Não vês que impatriotico o teu lero se torna? Amor à patria, cada vez mais, acho necessario! Tu não vês? Terás que receber é nota zero!

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68 GLAUCO MATTOSO

DIVINA LIBERTINA [6546]

Prazeres sexuaes de Deus proveem, Glaucão! Quem isso disse foi o Papa! De mim algo divino não excappa! Sou puta de respeito! Oh, gloria! Amen! Divina providencia, Glauco, sem tardança, vem se impor! A gente tapa os olhos ao prazer, mas bem na nappa o Orgasmo do Senhor impor-se vem! Agora que innocente estou, que errado não tenho mais, que, graças ao perdão papal, posso offertar maior tesão aos homens... nem exsiste mais peccado! Glaucão, que maravilha! Nem culpado és mais de fetichismo, dessa tão damninha perversão que aggrada ao Cão! Faltou ser o Cappeta abbençoado!


DESCOMPROMETTIMENTO

RISONHA SEM VERGONHA [6547]

Então vou te contar, Glauco. Casada eu quasi estive. Virgem me mantive. De sexo faz sentido que se prive alguem? Pois esperei ser deflorada. Na vespera, rompeu elle. Mais nada restou-me de esperança. Só quem vive num mundo de illusão pode, inclusive, achar que ser feliz é dar risada. Eu ria por qualquer coisa, bobinha. Casar ja não mais quero, Glauco, não. Mas hoje faço sexo com a mão na boa. Ainda rio, mas sozinha. Achaste boba a minha ladainha? Não mesmo, Glauco? Puxa, mas és tão amigo! Si eu tivesse esse pezão que queres, a deixar-te lamber vinha!

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70 GLAUCO MATTOSO

PAPEIS INFIEIS [6548]

Casei-me, Glauco. Fui mulher casada por muitos annos. Tive filhos, sim. Até que não achei nada ruim aquella vida dura, attarefada. Só que elle era veado. Não, não, nada eu tenho contra gays! Mas, para mim, o gajo tem que abrir o jogo. Assim, na base do disfarse, é má chanchada! Então, eu quiz tambem ser trahidora. Pensei nalguma lesbica. Mas qual? Queria a trahição que fosse egual. Achei uma, porem dominadora. Glaucão, na mão daquella professora soffri mais que cachorra! Passei tal suffoco, que nem quero um sexual prazer mais, só mental, si facil fora.


DESCOMPROMETTIMENTO

MANJADO MANJAR (II) [6549]

Que saibas questão faço, Glauco, que eu cultivo minha fama de doceira! Haver não pode um homem que não queira provar, sabendo disso, um doce meu! Tu gostas de puddim? Me convenceu alguem de que tu gostas, de maneira que estou disposta a dar-te, interesseira que sou, este que fama me rendeu! Precisas provar, Glauco! Este que faço, de leite condensado, vae deixar-te maluco! Mais ninguem nisso tem arte egual à minha! Causo-te embaraço? Tens medo de que eu pense ser devasso teu gosto por puddins? Mas que se farte, espero, o teu tesão, sem que descharte ninguem meu interesse em teu regaço!

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72 GLAUCO MATTOSO

QUITUTE QUE INCUTE [6550]

Fiquei sabendo, Glauco, que doidinho tu ficas por quitutes de primeira! Pois quero que tu saibas: quituteira sou! Deves é provar o meu bollinho! Preferes qual? Não falles! Ja adivinho! Será de bacalhau? Te fricto inteira bacia delles, Glauco! La na feira não achas nem pastel tão bem feitinho! Pensaste, Glauco? Quando degustares aquelle que frictei, o mais crocante que exsiste, verás: nada que te encante melhor exsistirá por esses bares! Achaste interesseiros os meus ares? Assumo, nesse caso, que bastante fan sua sou! Tal gosto me garante a chance de illudir teus paladares!


DESCOMPROMETTIMENTO

CANDIDATA DA NATTA [6551]

É claro que será perseguição! Eu sou candidatissima! Se explica por que dizem ser minha mansão rica demais e me perseguem, sim, Glaucão! Pretendo ser prefeita desta tão charmosa capital! Jogam titica, por isso, sobre mim! Mas esta zica irá passar! As coisas mudarão! Forjaram tudo para me envolver em toda a corrupção que sempre grassa em toda parte, em toda sancta praça aqui desta nação! Ah, mas vão ver! Ah, Glauco, vão ver só! Terei poder, em breve, si o povão me der a graça de eleita ser! Vingar-me vou! Da caça às bruxas, eu excappo com prazer!

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74 GLAUCO MATTOSO

ALHEIA VEIA [6552]

Mulher tem tanta ahi, Glauco, sozinha, à toa, dando sopa, a passear na rua, a frequentar boteco ou bar! O gajo foi gostar logo da minha? Fallaram quem Eva do Demo, Mas acho

que a serpente foi, damninha, temptou! Esta, no logar foi de Adão o baita azar! que é tal gajo mais porrinha!

Não, Glauco, veja só! Vem dar em cyma da minha mulherzinha, que ja faz da vida de casada a sua assaz bemvinda adventurança e bem me estima! Um da só em

gajo tão voraz, que se approxima alheia femea, alegre e pertinaz, pode ser o proprio Satanaz tom de trovador que é bom de rhyma!


DESCOMPROMETTIMENTO

BISADA BIZARRIA [6553]

Que estás pensando? Cego tu ficaste! Direito tu não tens de exigir nada! Tens nojo? Que te fodas! Cheira! Aggrada a ti? Não? Quem dó sente? És mesmo um traste! Fedor sentes? Cafunga! Não te baste cheirar! Tens que lamber! Vae, lambe cada centimetro! Tens lingua bem molhada! Sentiste dos sabores o contraste? Vae, lambe, infeliz, lambe! Eu sempre quiz gabar-me da visão boa que tenho, emquanto um cego mostra desempenho lambendo cegamente! Entendes? Diz! Agora chupa! Vamos, infeliz! Vae, abre mais a bocca! Teu engenho porás à prova! Assim! Ah! Ja me venho! Engole, infeliz! Logo terás bis!

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76 GLAUCO MATTOSO

CHANCE NO LANCE [6554]

Veridico, Glaucão! O vocalista da banda, accostumado a calçar um velhissimo cothurno, que fartum creava, resolveu ser commodista. Sozinho no jardim, ninguem à vista, a meia tira, appoia, ja bebum, o pé no banco! Um lance eis que, incommum, rollou, que não lhe conto, nem que insista! Um fan, maravilhado, se approxima! No chão adjoelhado, ja começa a sola a lamber! Scena má foi essa ao idolo? Magina! Rollou clima! Curtiu muito o rockeiro! Inda por cyma, mexeu os dedos, disse: “Não tem pressa! A tarde toda temos!” Quem confessa é o proprio cantor! Isso lhe dá rhyma?


DESCOMPROMETTIMENTO

DECREPITUDE QUE ILLUDE [6555]

Appenas era “velho” o termo usado, às vezes carinhoso, outra vez meio ironico. “Velhice” pratto cheio virou para as piadas dum brochado. Alguem ja reclamou. O resultado foi disso o termo “edoso”, menos feio. “Terceira edade”, então, ainda leio nas midias, mas nem tanto assim do aggrado. Depois, “melhor edade” foi correcto. Agora, “adulto mais” é o que designa aquelles “bem vividos”, cuja signa é nunca merescer maior affecto. Viagra não resolve, vou directo ao poncto, Glauco! O gajo uma menina deseja deflorar, ou só buzina no ouvido do seu filho ou do seu netto?

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78 GLAUCO MATTOSO

INTRIGANTE TRIGO, OU JOIO [6556]

É facil perceber, na poesia que fazes, que intenções tens no momento exacto da factura, Glauco! Tento as coisas separar com lupa fria. No caso do poema que só cria alguma reflexão, é cem por cento cabeça; quando o thema tem nojento e erotico contexto, o pincto pia! Paresces tu crear em duas phases distinctas: quando pensas, simplesmente, és intellectual e consciente; no orgasmo, nem controlas o que fazes! Emquanto não gozaste, nunca as pazes tu fazes com a lyra, qu’inda quente, te mella a mão, comquanto uma pungente idéa accorra! A analyse tem bases?


DESCOMPROMETTIMENTO

ENCONTRO DOS CONTRARIOS [6557]

Que bella suggestão, Glaucão, eu li nas midias! Poderiamos, emfim, tentar unir quem nada tenha affim e em tudo só discorde! Você ri? Não ria, Glauco! Pense que, por si, ninguem quer conversar com quem ruim noção tem dum accordo! Para mim, seria chato ouvir alguem cricri! Havendo um incentivo dum terceiro que faça a mediação, talvez eu seja capaz de tolerar uma pelleja com esse meu rival, porem parceiro! Você, Glaucão, seria verdadeiro escravo do rival! Esse festeja, si pode desforrar e não se peja de impor-lhe seu tesão, seu pau, seu cheiro!

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80 GLAUCO MATTOSO

ARTIFICIALMENTE NATURAL [6558]

Glaucão, todo garçon me entende mal! Si eu peço, sem gaz, agua, sempre vem aquella de garrafa, mas que tem algum sabor de assucar ou de sal! Nem peço mais a aguinha mineral que sempre costumava pedir, nem siquer refrigerante, pois ninguem attende como quero, tal e qual! Antigamente, tinha agua com gaz ou agua torneiral! Está lembrado? Agora nada tem, do meu aggrado, nenhum boteco! O typo, tanto faz! Pé sujo ou bistrô rico, o garçon traz o mesmo coppo plastico, fechado com lacre tambem plastico! Salgado, o preço me reporta a um ladravaz!


DESCOMPROMETTIMENTO

NATURALMENTE ARTIFICIAL [6559]

Que rosa linda, Glauco! Mas que flor cheirosa, colorida, até brilhante! Magnifica! Quem olha até garante ser unica! Ah, capaz sou de suppor! Ahi cabreiro fico! Sim, quem for pegar na mão, sentil-a com bastante cuidado, ja não acha algo que encante seu gosto pela forma, pela cor! De plastico foi feita aquella bella flor, Glauco! Sim, de plastico! Tem graça? De fraude esse espectaculo não passa! Você, que é menestrel, não se rebella? Si dermos a tal rosa alguma trella, então é poesia a que se faça da falsa curtição, que enganna a massa, mas nunca à verdadeira dor appella!

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82 GLAUCO MATTOSO

INCULTO INSULTO [6560]

Chamado fui de “mono”, Glauco! Sim, tambem “hijo de puta”, a forma abjecta usada pelo gringo que, em completa sandice, disse coisa tal de mim! “Macaco fidaputa”, fica, assim, ainda mais grosseiro! Ninguem veta offensas desse typo quando o athleta é negro, ou brazileiro, o mais chinfrim! Si eu fosse importantão como o Neymar, partia para cyma do babaca! Mas sou alguem que pouco se destacca, não posso reagir sem me ferrar! Você, que se colloca no logar da gente, é masochista, soffre paca! Talvez ja nem se importe! Mas a faca no bucho delle eu ‘inda vou fincar!


DESCOMPROMETTIMENTO

SCHOOL MEAL [6561]

Até que emfim chegou a minha vez! Tornei-me professor e ver si colla eu quero minha idéa: a duma eschola de inglez para bassês, vejam vocês! Um hound, que se chama Ralph, inglez ja sabe fallar, quando bem engrola o proprio nome! Hem? Outra boa bolla é Rudolph, um Rodolpho mais burguez! Si “sausage” é linguiça, da salsicha qual termo preferir, a “frankie”, a “wienie”? Talvez a traducção que mais combine ainda seja aquella que pasticha: “Dogão”, “cachorro quente”! Quem capricha na falla diz “hot dog”! Achou quem mime seu gordo salsichão? Não? Pois se anime! Na minha aulinha a boia nunca micha!

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84 GLAUCO MATTOSO

CREDITO EM COMPTA [6562]

Mentira, Glauco! Tudo mentirinha commum, inoffensiva, que esses filhas da puta transformaram em cerquilhas no twitter e se expalham, linha a linha! Não! Só porque eu fallei que essa damninha questão da correcção tem armadilhas bastante inflacionarias, ja as mattilhas lattiam, ja a patrulha attirar vinha! Appenas eu propuz que se congele qualquer salario, bonus ou pensão! Congelem tudo! Chega de inflação! A velha apposentada a Deus appelle! Quem ganha aquelle minimo ja a pelle não livra, mesmo, dessa crise tão pandemica, caralho! Por que estão chorando? Só de inveja da Michelle?


DESCOMPROMETTIMENTO

MULHER BRAVA [6563] (para Tatiana Vasconcellos) “Adoro te ver brava!”, alguem me diz, appenas por ouvir-me fallar firme! Mas dura, appenas, fui! Querem ouvir-me fallar quando estiver menos feliz? Nem queiram ver-me brava! Alguns gentis collegas jornalistas ja pedir-me vieram que “entendesse” quem a rir-me na cara respondia! Ahi, que fiz? Ah, Glauco! Fiquei, mesmo, muito brava! Bravissima! Subi nas tamanquinhas! Commigo ninguem venha com gracinhas! Ah, tinha que ver como eu brava estava! Si for um namorado, mais se aggrava a coisa! Até por isso ninguem minhas maneiras mais aguenta! Ahi sozinhas ficamos nós, mulheres... Vão à fava!

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86 GLAUCO MATTOSO

MULHER GORDA [6564] (para Beatriz Goldonut) Eu, gorda? Ah, vão tomar no cu! Chamar-me de gorda foi demais, Glaucão, demais! Ai, Glauco, só você para meus ais ouvir, saber por que dou esse allarme! Será que não percebem quanto charme tem uma moça fofa? Ah, são os taes “gordophobos”! São antinaturaes! Será que, ainda, tenho que explicar-me? Mulher muito magrella, muito sem contorno, sem trazeiro, sem nem seio, é coisa pathologica! No meio politico, jamais pinctou alguem! Não, Glauco! Porra! Quando um gajo vem com essa de “gordinha”, não me freio! Você ja não está de sacco cheio ouvindo “Oi, cego!”, typo um nhenhenhem?


DESCOMPROMETTIMENTO

MULHER MAGRA [6565] (para a doutora Veronica) Magerrima fiquei, Glauco! Nem queira saber! Sim, resolvi fazer dieta por causa do meu medico, um pateta completo, um alloprado, uma toupeira! A gente, em desespero, faz besteira, começa a comer pouco, tem por meta ficar esbelta, porte ter de athleta, modello... Mas virei uma caveira! Disseram de mim tudo: que era aidetica, que tinha cancer, syphilis, lombriga! Ninguem se conformava! A minha amiga mais intima tambem estava sceptica! Até que me toquei! Faltou foi ethica ao medico, que compra aquella briga babaca, a da dieta que castiga o corpo! Só questão é de genetica!

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88 GLAUCO MATTOSO

MULHER BONITA [6566] (para a professora Zulmira) Sou feia, Glauco, feia! Agora acceito tranquilla tal verdade, que evidente foi sempre! Quando moça, ainda a gente almeja ser bonita, achar um jeito! Aos poucos, convivi com meu defeito nos olhos, no nariz, na saliente dentuça! Qualquer coisa que se tente fazer, menos o troço sae direito! Você foi quem me trouxe esta alegria que tenho no momento, Glauco! Sim! Fodido como está, foi para mim motivo de consolo! Quem diria? Você nem pode ver a luz do dia! Nem cores, nem as formas! Então vim a vida a descobrir! Melhor assim, feiosa, do que cega ser, sabia?


DESCOMPROMETTIMENTO

MULHER NUA [6567] (para Claudia C.) Me viram, Glauco, toda pelladona, andando pela casa! Aquella gente tem cameras potentes e potente recurso de informatica! Que zona! Filmaram-me! Filmaram minha conna, meus labios! Os pellinhos, pela lente, atĂŠ brilhavam, Glauco! De repente, nas redes eu bombei, bem bonitona! Mas, Glauco, descobri que ficar nua, appenas, nĂŁo me basta! Necessito fazer mais coisas! Acho mais bonito alguem commigo! Um cara achei na rua! Agora melhorou! A dupla actua, famosa, pelas redes! Accredito que logo me entedio, mas evito pensar nisso! O programma continua!

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90 GLAUCO MATTOSO

MULHER RICA [6568] (para a dona Deborah) Ja tive muita grana! Tu sabias? Verdade! Dei o golpe da barriga! Não digas que não sabes! Ninguem diga! É o golpe do bahu, por outras vias! Sim, Glauco! Na boceta tu me enfias a rolla! Ahi, engravido! Sim, periga perderes toda a grana que eu consiga levar na divisão dessas fatias! Sim, quanto mais tiveres, mais gentis serão meus advogados! Entendeste? Não ha melhor negocio, Glaucão, que este! Favor sempre terei dalgum juiz! Voltando ao que contar-te, então, eu quiz, perdi meu capital! Aquelle peste, meu filho, torrou tudo! Não soubeste? Pois é! Foi eleger-se! Hem? Que paiz!


DESCOMPROMETTIMENTO

MULHER FACIL [6569] (para Elizabeth de A.) Me faço de difficil, Glauco, mas, na practica, sou quasi prostituta! Melhor dizendo, mesmo quem labuta na rua alguma manha sempre faz! Só para ti confesso, meu rapaz: não viste mulherzinha mais enxuta e esbelta que eu, nem puta que te chuta ou pisa como faço, nem verás! Ainda nem siquer te decidiste? Que esperas, Glauco? Cego tu ficaste! Não queres ser tractado como um traste? Então! Estou aqui, carente e triste! Podemos resolver isto! Que baste, a ti, seres pisado! Não exsiste melhor chance! Ninguem ha que conquiste um cego! Outra mulher não encontraste!

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92 GLAUCO MATTOSO

MULHER SERIA [6570] (para Karol V. de L.) Não brinques, não, commigo, Glauco! Digo de bocca cheia: nunca vem ninguem com essas liberdades! Ninguem tem licença para agir assim commigo! Não deixo! Não permitto! Nem comtigo eu abro uma excepção! São muito sem vergonha aquelles bardos que, tambem, versejam para algum alheio umbigo! Teus jovens colleguinhas, Glauco, são malandros, attrevidos! Seriedade exijo! Não serei jamais quem ha de dar trella a goliardos, não, Glaucão! Seriissima fui sempre, Glauco! Não admitto que ninguem me desaggrade com versos onde estou, qual fan de Sade, vestida assim de couro! Larga a mão!


DESCOMPROMETTIMENTO

JOGADA ENSAIADA [6571]

É tudo fingimento, um ensaiado theatro! Vem primeiro o da fazenda dizendo ser preciso que se entenda: “Teremos que tirar do apposentado!” “Sinão, não tem reforma...” Desaggrado geral, naturalmente. “Então, de renda, teremos novo imposto...” Quem defenda tal coisa não ha, fica combinado. Ahi, o presidente ja admeaça: {Assim não poderemos implantar a adjuda de emergencia! Por azar, não temos grana para dar de graça...} Ha farsa até na Camara: “Não passa nenhuma lei que venha tributar bancarias transacções!” Por nada dar em nada, dizem: {Nada ha que se faça!}

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94 GLAUCO MATTOSO

TERRACUBISMO [6572]

Sem essa de ser plana a Terra! Ah, cada bobagem que se escuta, Glauco! Mais embaixo está o buraco! Esses boçaes não sabem que será a Terra quadrada? Qual circulo! Qual orbita! Qual nada! Planura no planeta? Não, jamais! É tudo geometrico! Teem taes celestes corpos solida camada! São trez um cubo, Qualquer a besta,

as dimensões, Glauco! Portanto, só, será nosso planeta! terraplanista, que se metta padroeiro nem tem sancto!

Mas, Glauco, p’ra ser franco, nem me expanto com tanta estupidez! Basta a gaveta olhar! Ja viu gaveta, sem ser peta, redonda? Nunca vi, Glauco, garanto!


DESCOMPROMETTIMENTO

QUEM NÃO ESTUDA, CALUDA! [6573]

Então não sabes tu que desse gozo pedophilo os communas são adeptos? São todos elles porcos! São abjectos! Não vês? Vae estudar, Glauco Mattoso! Vem vindo um movimento monstruoso para legalizar, sem quaesquer vetos, o estupro de menores! Nem discretos estão! Vae estudar, Glauco Mattoso! Si fores estudar essa questão, Mattoso, notarás como os communas adoram estuprar! Tuas lacunas mentaes largas demais, Glauco, ja são! Ouvi fallar até que um exemptão devora creancinhas! Ah, não unas teus versos a taes bugres, taes Jurunas, sinão de ti meus versos mal dirão!

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96 GLAUCO MATTOSO

MULHER FATAL [6574] (para Martha M.) Não tive culpa, Glauco! O gajo quiz mactar-se, ué! Problema delle! Fez errado, ué! Se macte duma vez, na proxima! Talvez seja feliz! Por minha causa? Ah, Glauco! Só quem diz tal coisa não entende que vocês, machões, performam typo bem cortez, mas fragil, nesses modos tão gentis! Quiz elle appaixonar-se por mim? Ora, problema delle! Nunca auctorizei! Quiz elle comportar-se como um gay, fazendo manha? Ah, dei-lhe logo o fora! Tentou o suicidio, mas, agora, padesce no hospital! Glauco, ja sei: culpar-me vão querer! Porem a lei do lado fica aqui desta senhora!


DESCOMPROMETTIMENTO

MULHER IDEAL [6575] (para Firmino da Angelina) A minha mulher, Glauco, não é nada daquillo que se pincta na canção! Não é nenhuma Amelia, não é, não! Mas é dona de casa accostumada! Tambem não é bonita, dessas cada vez menos incommuns, do typo tão inflado com implantes pela mão dum medico! Mas, ‘inda assim, me aggrada! Não tenho uma creada, cozinheira, babá nem faxineira, Glauco, nem amante, escrava, aquella que não tem direito de fazer o que eu não queira! Emfim, minha mulher de brincadeira não é, não! Tem character! Tem tambem seu jeito de manter, como ninguem, um macho, um cachorrinho na colleira!

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98 GLAUCO MATTOSO

RETENÇÃO DE GAZES (I) [6576]

Si estamos appertados pelo gaz e o peido não occorre, que será que dá para fazer? O que não dá é para aguentar tantas horas más! A gente se contorce, força faz, e nada de peidar! Eu até ja à Virgem appellei, mas ella está com outros occupada! Ah, Satanaz! Exacto, Glauco! Tive que invocar Mephisto, Mephistopheles, o Demo! De enxofre, você sabe, tem extremo poder o peidão delle, exposto ao ar! Assim que elle peidou, pude soltar, tambem, meus proprios gazes! Ja não temo reter a flatulencia, nem mais gemo de dores! Quem sentir fedor... azar!


DESCOMPROMETTIMENTO

RETENÇÃO DE GAZES (II) [6577]

Peidei uma vez hoje! Peidei duas, agora neste instante! Gloria a Deus! Louvado seja Aquelle que dos seus filhinhos não se exquesce, nem das suas! As outras, por ahi, ja quasi nuas passeiam, por vaidade, por atheus peccados, mas eu tenho, casta, meus principios! Não desfilo pelas ruas! Si pela casa, amigo, ando pellada, é para facilmente peidar! Esta prisão de ventre muito me molesta! Não creio ser possivel fazer nada! Mas, Glauco, fique certo: vou, a cada peidão que me sahir, fazer a festa! Ah, quando a peidorrada desembesta, eu louvo um sancto pela graça dada!

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100 GLAUCO MATTOSO

BASSETHECA [6578]

Os videos no youtube mostram scenas incriveis de basset, Glaucão, em tudo mettendo o narigão, um abelhudo fuçando em nossas vidas, às dezenas! Eu fui colleccionando, não appenas aquellas, mas até com filme mudo, caseiro, onde esse fofo salsichudo nos mostra as taes orelhas, não pequenas! Basset se encontra, Glauco, nesta vida, andando até de skate ou, pela praia, surfando, sem da prancha que elle caia! Fará tudo, bastando que decida! Comtudo, si fallarmos de comida, lhes mostrem a linguiça que, na raia, capaz é de correr! Não ha o que attraia melhor esse saphado! Quem duvida?


DESCOMPROMETTIMENTO

SEDENTARIA CHORADEIRA [6579]

Glaucão, a quarentena ja demora demais para accabar e alguem está bastante entediado? Ficará ainda por mais tempo! Senta e chora! Nas urnas, por azar, ficou de fora aquelle candidato que está ja por muitos perseguido, mas será eterno favorito? Senta e chora! Teu time, que ja quasi commemora o titulo, perdeu no tapetão os ponctos necessarios e, então, não mais chega na tabella? Senta e chora! A tua visão, Glauco, só peora e logo cego tu, feito um Sansão sem forças, vaes ficar? Azar! Então, não resta alternativa! Senta e chora!

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102 GLAUCO MATTOSO

OPHIDIO NO VIDEO [6580]

Eu juro que vi, Glauco, um voador objecto, hontem à noite! Sim, te juro! Estava, reconhesço, bem escuro! Mas brilho vi, sim! Era de suppor! Brilhava! Variava, até, na cor! Pairou, immovel, por detraz do muro alli do cemeterio! Sim, appuro passei, mas superei o meu pavor! Usei o cellular para gravar do disco voador toda a manobra! Ainda assim, tem gente que me cobra mais dicas dessa tal nave estellar! Que dicas posso dar? Do meu logar, mal posso perceber quando uma cobra, com braços e com pernas, que se dobra e estica, salta para tomar ar!


DESCOMPROMETTIMENTO

HISTORICO DE ATHLETA [6581]

Incrivel! No Brazil, quem essa pega, ainda que famoso ou rico, morre, excepto os vis politicos! Que porre! Teem pacto com o Demo, ninguem nega! Nem elle, no governo, nem collega nenhum nos trez poderes risco corre! Siquer mostram symptomas! Nem excorre qualquer nariz! Ninguem sem ar offega! Ruim vaso não quebra, ja dizia mamãe! Mas em Brazilia ficou tão na cara que do Demo todos são! Paresce que nem grassa a pandemia! Mas praga tambem pega, Glauco! Um dia, sim, victimas tambem elles serão, de cada general ao capitão! Si vivo, orgasmarei eu na alegria!

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MAL DE MUITOS CONSOLO É [6582]

Sim, Glauco, uma só morte nos commove! Si for dum accidente, de doença, qualquer morte nos toca! A gente pensa: “Peor si, duma vez, vão dez, ou nove!” Mas, quando muita terra se remove no chão dos cemeterios, menos tensa a gente fica! Aquella nossa crença accaba, até que um deus alguem nos prove! Milhares, ou milhões, sim, quanto mais pessoas forem victimas, paresce que ja ninguem se importa! Ja nem prece fazemos mais! Viramos animaes! Um ai chama a attenção, mas muitos ais serão indifferentes! Si padesce um povo todo, quasi que esse estresse se exvae! Consolo torna-se, entre eguaes!


DESCOMPROMETTIMENTO

STALINDISSIMO [6583]

Si Stalin não foi Lucifer, então um Hitler não seria Satanaz! Tyrannos são tyrannos, tanto faz o lado, os fins, o lemma, a posição! Si for por preferencia, ahi, Glaucão, eu acho bem fataes, bem vis, bem más as obras do Marquez! Tu, Glauco, dás tambem tal importancia! Não dás, não? Bonito por bonito, nem tem cara um russo, nem siquer um allemão! De Sade ninguem sabe qual feição teria, si retracto não restara! Mas, Glauco, mesmo assim nem se compara a cara limpa delle e o bigodão dum lider extremista! Dizer vão que pellos pelo rosto occultam tara?

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106 GLAUCO MATTOSO

BRANQUITUDE NA ATTITUDE [6584]

Ah, Glauco! Não aguento mais! A nossa local litteratura ja só falla dos negros! Tudo bem que não se eguala a penna à realidade, nem a endossa! Mas falta a falla ao branco! Caso possa fallar, elle dirá que na senzala não vive, mas tambem só leva balla e rolla, no cortiço ou la na roça! Não é porque sou branco que não faço eu parte da mais infima camada da nossa sociedade elitizada! Tambem nas lettras busco o meu espaço! Você, que é um fodidão cego devasso, se sente injustiçado ou não? A cada momento não ouviu uma risada de branco ou negro quando perde o passo?


DESCOMPROMETTIMENTO

COMPORTAMENTO REPROVAVEL [6585]

Glaucão, faço questão de ser causão! É foda appromptar! Gosto dum excracho! Alguem se incommodou? O bicco eu racho! Não achas divertido, Glauco, não? De chato ser, Glaucão, não abro mão! Não quero nem saber si o pato é macho! Eu quero é ovo, ouviste bem? Eu acho um sarro quando causo sensação! Na moto, de proposito, accelero, dou susto na velhinha, passo rente ao cego na calçada! Quem aguente meu jeito não exsiste, nem meu lero! Mas, Glauco, te serei muito sincero! Si fosse do Brazil o presidente, eu ia foder toda aquella gente que ja me deu, nas provas, nota zero!

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108 GLAUCO MATTOSO

JEITO SUSPEITO [6586]

Passou por mim, correndo, o molecão que tinha ja assaltado uma velhinha! Nem mesmo vacillei! Estiquei minha botina! Ah! Foi de cara bem no chão! Então eu comecei a dar pisão, dar chutes! Essa raça acho damninha! Depressa a multidão accorrer vinha! Dispostos a lynchar todos estão! O rosto do moleque ficou tão sem formas que, depois, deu mais trabalho p’ra ser reconhescido! Quem o galho quebrou foi a velhinha, a seu jeitão! Fallou ella: “Certeza, mesmo, não terei eu si foi, gente, esse pirralho! Menor achei que fosse, mas me valho da dica de vocês! Morreu, então?”




SUMMARIO OMMISSO COMPROMISSO [6487]..........................9 CHARTA INDESCHARTAVEL [6488].......................10 COUSA COM CAUSA [6489].............................11 PRESTAÇÕES DE COMPTA [6490]........................12 MYTHOMANIA [6491]..................................13 NUTRICHATO [6492]..................................14 PUMDEMIA [6493]....................................15 VEXAME VERDE-AMARELLO [6494].......................16 NO ME MOLESTE MOSQUITO [6495]......................17 CHRONICA AMAZONICA [6496]..........................18 SUPER MESTRESCRAVO [6497]..........................19 SUPERBASSET [6498].................................20 CRISE SUBJUGAL [6499]..............................21 PEIXE EM OFFERTA [6500]............................22 CLIENTE INCONSEQUENTE [6501].......................23 BOLLO CONSAGRADO [6502]............................24 PERDIÇÃO [6503]....................................25 COISA QUALQUER [6504]..............................26 QANONYMATO [6505]..................................27 INCONSPIRACIONISMO [6506]..........................28 FRUCTEIRA CASEIRA [6507]...........................29 INFINITO CONFINAMENTO [6508].......................30 PIMPOLHO BEM CREADO [6509].........................31 PIA UROLAGNIA [6510]...............................32 CHATOS BOATOS [6511]...............................33 IRONICA CHRONICA (II) [6512].......................34


SEDENTARIO VOLUNTARIO [6513].......................35 REICH DE MIL ANNOS [6514]..........................36 VESPERA DA DESTRUIÇÃO [6515].......................37 BENEFICIO DA INDUBITABILIDADE [6516]...............38 MARRUDO SORTUDO [6517].............................39 ARTELHOS DE ARTILHEIRO [6518]......................40 ZOOM NO ZAGUEIRO [6519]............................41 MICHÊS QUE EMPICHAM [6520].........................42 CERTIDÕES DE BAPTISMO [6521].......................43 LIBERALOIDE [6522].................................44 CORRIDA DESPIDA [6523].............................45 SEPTEMBRO AMARELLO [6524]..........................46 ARCHEIRO ARROJADO [6525]...........................47 PUTA REPUTADA [6526]...............................48 INCONTIDA TORCIDA [6527]...........................49 RESUMO DO CONSUMO [6528]...........................50 NOVA NOVELLA DAS NOVE [6529].......................51 BAÇA VIDRAÇA [6530]................................52 INFINITA TRISTEZA [6531]...........................53 RAPAZ AUDAZ [6532].................................54 ARREDIA REBELDIA [6533]............................55 PRURIDO NA LIBIDO [6534]...........................56 DAMNOS MORAES (II) [6535]..........................57 JOGADA TRABALHADA [6536]...........................58 MASSAGISTA MASOCHISTA [6537].......................59 CONFUSOS ABUSOS [6538].............................60 TRIANGULO ESCALENO [6539]..........................61 RANCORES DE ELEITORES [6540].......................62 EXPLICITA SOLLICITA [6541].........................63


TARAS ÀS CLARAS [6542].............................64 ANTIGAS AMIGAS (I) [6543]..........................65 ANTIGAS AMIGAS (II) [6544].........................66 VELHOTA PATRIOTA [6545]............................67 DIVINA LIBERTINA [6546]............................68 RISONHA SEM VERGONHA [6547]........................69 PAPEIS INFIEIS [6548]..............................70 MANJADO MANJAR (II) [6549].........................71 QUITUTE QUE INCUTE [6550]..........................72 CANDIDATA DA NATTA [6551]..........................73 ALHEIA VEIA [6552].................................74 BISADA BIZARRIA [6553].............................75 CHANCE NO LANCE [6554].............................76 DECREPITUDE QUE ILLUDE [6555]......................77 INTRIGANTE TRIGO, OU JOIO [6556]...................78 ENCONTRO DOS CONTRARIOS [6557].....................79 ARTIFICIALMENTE NATURAL [6558].....................80 NATURALMENTE ARTIFICIAL [6559].....................81 INCULTO INSULTO [6560].............................82 SCHOOL MEAL [6561].................................83 CREDITO EM COMPTA [6562]...........................84 MULHER BRAVA [6563]................................85 MULHER GORDA [6564]................................86 MULHER MAGRA [6565]................................87 MULHER BONITA [6566]...............................88 MULHER NUA [6567]..................................89 MULHER RICA [6568].................................90 MULHER FACIL [6569]................................91 MULHER SERIA [6570]................................92


JOGADA ENSAIADA [6571].............................93 TERRACUBISMO [6572]................................94 QUEM NÃO ESTUDA, CALUDA! [6573]....................95 MULHER FATAL [6574]................................96 MULHER IDEAL [6575]................................97 RETENÇÃO DE GAZES (I) [6576].......................98 RETENÇÃO DE GAZES (II) [6577]......................99 BASSETHECA [6578].................................100 SEDENTARIA CHORADEIRA [6579]......................101 OPHIDIO NO VIDEO [6580]...........................102 HISTORICO DE ATHLETA [6581].......................103 MAL DE MUITOS CONSOLO É [6582]....................104 STALINDISSIMO [6583]..............................105 BRANQUITUDE NA ATTITUDE [6584]....................106 COMPORTAMENTO REPROVAVEL [6585]...................107 JEITO SUSPEITO [6586].............................108



SĂŁo Paulo Casa de Ferreiro 2020




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