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DISSONNETTO SOBRE UMA ASSOMBRAÇÃO MUTANTE [2929]

Menina, teu cabello tem a cor mudada, penteado differente. Alguem te oxygenou, fez permanente, tingiu ou allisou? seja o que for, teus olhos, si me fazes o favor, podias explicar aqui p’ra gente si azues um dia foram, si somente mudaram uma vez, hem, meu amor? Tu mudas com tamanha rapidez teus traços physiognomicos, que eu ja calculo o que serás, passado um mez. Caveira! Ja tão magra a cara está, e tão plastificada, que talvez não passes dum phantasma... Sae p’ra la! Dahi porque Satan jamais se fez passar por ti, com cara assim tão má!

DISSONNETTO SOBRE QUEM AMA A FEIA [2990]

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Si o povo diz que é linda uma pessoa, advisa, ao mesmo tempo, que a belleza depende de quem tenha a mente presa a alguem, só por amor... Detalhe à toa.

Si amados, somos lindos, appregoa a tal sabedoria. Não põe mesa, comtudo, uma mulher que faz despesa kosmetica e, de corpo, nem é boa. O povo, quando falla, representa a propria opinião do nosso Pae: amarga e, muitas vezes, rabugenta. Mas, como um raio quasi nunca cae no mesmo logar, duas vezes, tenta a gente amar, de novo, outra que attrae. Dahi porque Satan sempre nos tempta em forma de mulher que à rua sae.

ARTILHEIRA CHUTEIRA [3381]

Jamais elle será craque europeu. Não ha nada que aggrade, nem que encante, nem nada de galante no attaccante.

Aqui, mais se assemelha a algum plebeu. Seu pé quadrado e chato se excarrancha por dentro duma enorme e larga chanca, que é branca e em branco mancha a verde cancha.

O gajo tem mais coxa, tem mais anca. É feio feito um bugre, mas gol marca e, dando a “palavrinha”, diz: “Eu carço cincoenta, de extourá quarqué cadarço! Si poz a cara embaixo, a gente carca!”

Goleiros ja pisou aquella lancha que duma só mulher suspiro arranca: Maria Trava, a fan que acham ser fancha. Xingada, a tal subiu ja na tamanca.

Apposto que o pezão ella lambeu!

Traveca que é masoca tem bastante motivo p’ra tirar-lhe o atroz pisante.

Tiral-o quereria, tambem, eu!

QUESTÃO DE GOSTO [3564]

“Mas que moça mais bonita!”

{Eu não acho! O que vês nella?}

“Não reparas? Olha a fita no cabello! Olha a fivella!”

{Ah, mas isso não evita a feiura! Ella é magrella!}

“E o vestido? Olha que chita viva! É purpura e amarella!”

{Ah, não brinques! A menina não tem nada, a meu juizo, de destaque que combina!

E o cabello é muito liso!}

“Mas tem labio tão vermelho!

Tanta coisa tem que eu friso!

E nos dentes o apparelho deixa mais bonito o riso!”

SYLVINEY, O FORA DA LEI [3567]

Sylviney, menino feio, judas é da molecada.

Leva um chute, bem no meio da gymnastica, por nada.

Ja na classe, leva em cheio na cabeça a bofetada. Leva surra no recreio.

Virou sacco de pancada.

Quem conhesce ja repara. Os moleques, ao que sei, discriminam Sylviney pelo nome, mais que a cara.

A razão paresce clara.

Um se chama Dagoberto, outro Alberto, outro Roberto, e um com outro se compara.

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