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DISSONNETTO DO REPENTE PERMANENTE [1470]

Perguntam-me: “Mas Glauco, quanto dura fazer um dissonnetto?” Eu lhes diria que é coisa de minutos: a factura sae logo, quando a idéa não exfria. Não tenho “inspiração”, a mera, pura “verdade” revelada: a poesia será sincera appenas quando cura feridas, ou, ao menos, allivia. Occorre isto não só na lingua lusa. A dor é o principal, urgente prazo que mede este processo, e não o acaso, o cerebro, o chronometro, uma musa. Espero não passar noção confusa. Passou mais que um minuto da pergunta, mas, desde que a memoria disso assumpta, talvez a toda a vida se reduza.

DISSONNETTO DO LEITE DE PEDRA [1533]

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“Contemporaneidade” tem sentido bastante relativo. Convivi mais vezes com quem sempre tenho lido ou quem acaso encontro por ahi?

Os vivos escriptores com quem lido me dizem muito pouco. Só de si se gabam. Eu, garboso, lhes revido gabando-me de herdar tudo que li. Nem oito, nem oitenta: um bom poeta dos que não parasitam o poder nem só seus precursores interpreta, nem pode original só querer ser. Sommamos o que somos ao que lemos na lyra que queremos transcrever. Si não conciliamos os extremos, sabemos combinar dor com prazer.

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