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MADRIGAL ININTELLECTUAL [7814]
from LYRA PURA
Será que necessito ser doutor em algo para a alguem tanto me impor a poncto de provar o meu valor?
Depende. Professor si eu quizer ser terei que graduar-me num assumpto, a menos que eu leccione poesia.
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Querendo scientista ser, dever terei de muitos tractos ao bestunto dar para a coisa, a menos que eu sorria.
Si for economista, meu poder só vale quando muita grana adjuncto, a menos que eu só falle em theoria.
Si padre eu for, meu verbo vae valer depois que reparei nalgum defuncto sorrindo da fugaz theologia.
Politico si for, me defender irei caso responda ao que pergunto eu mesmo da mendaz democracia.
Gastronomo que seja, vou comer sanduba só de queijo com presuncto suppondo não ser simples iguaria.
Poeta sendo, sinto ja não ver que estou aqui sozinho, tendo juncto commigo todo mundo, todo dia.
MANIFESTO TERRORISTA [7898]
Você vae mal nas aulas? Ja não tem mãe viva? Pae por perto? Avós que deem mezada, nem que seja algum vintem? Quem mais? A namorada ja tambem perdeu? Aquelle emprego que mais vem tentando conseguir arrhuma alguem na sua frente? Entende mais ninguem a crise em que você vive, porem?
É facil resolver! Attente bem! Nas redes, você encontra um armazem de canos e metrancas! Entre, sem receio, no collegio! Macte uns cem, duzentos, quantos possa! De refem ja faça a directora! Muito zen mantenha-se, sorrindo! Si intervem um tira, attire nelle, e nhenhenhem…
Sacou? Talvez você consiga, assim, um pouco de attenção, por mais chinfrim que seja a pa de corpos no jardim, no pateo, pelas sallas, onde, emfim, tiver você curtido o seu festim! Não use de festim ballas e sim dumdum, calibre grosso! Por tintim vasculhe cada salla! Va por mim!
Depois que fez serviço bem ruim, você, cuja cabeça de puddim pensou em tudo, seja de outro teen exemplo! Como o caso que ja vim mostrando, bem no craneo, não no rim, attire! Caso seja espadachim, practique harakiri! Que bello fim, seu Zé Ninguem, Migué, Mané, Joaquim!
MANIFESTO REVISIONISTA [7910]
{Não fica bem chamar de “golpe” aquillo! Que pensa você disso, Glauco? Aquella mudança de governo poderia chamar-se “movimento”? “Inconfidencia”? “Motim”? “Revolução”? “Scisão”? “Levante”? Talvez uma “campanha”, Glauco! Nunca um “golpe”, não concorda? Que me diz?}
-- Não acho que pacifico ou tranquillo esteja o quiproquó. Nessa querella não quero me metter. Na poesia tentaram tambem isso. Paciencia não tenho com “vanguardas”. Quem garante que rhyma se “revoga”? Alguem que trunca o metro querer pode ser juiz?
Na prosa, a mesma coisa. Algum estylo a gente “moderniza”. Mas revela burrice quem, sem meio ou termo, cria enredos “surreaes”. Algum nonsense a ficção tem, caso a caso. Mas constante tornou-se o que, sem nexo, uma espelunca fará da academia nos Brazis.
Agora, na politica, vacillo qualquer nos termos cala a voz da cella, da valla, do terror? A tyrannia mudar pode de nome, porem vence a noção de dictadura, doradvante. Chamar de “aguia” ou “condor” não faz, da adunca megera, fada aos olhos infantis.
MANIFESTO IRRACIONALISTA [7924]
{Quem disse que preciso deduzir que exsiste um Deus appenas porque eu penso? Nem sei si exsisto, Glauco! Ja pensou? A gente perde tempo defendendo conceitos e direitos dum humano ser vivo que siquer nem vivo seja! Talvez sejamos sonho dum insecto, pensou nisso, Glaucão? Talvez vapor sejamos dum cometa? Que tal isto? Agora tem você que responder!}
-- Alem de cego, mago, ou de fakir, virei tambem philosopho? Um immenso problema cê me arrhuma! Mas eu sou capaz de responder. Pelo que entendo, não somos só delirio dum insano propheta, dalgum lider duma egreja. Prefiro crer que, quando me interpreto, poeta sonhador finjo ser, por algum tempo, não só crendo que exsisto, mas crendo que terei certo poder.
Não posso fabricar um elixir bebivel, nem pro pranto tenho um lenço. Mas posso lhe dizer que cego estou appenas aos que enxergam. Estou vendo aquillo que ninguem vê. Si me enganno de porta, não me enganno caso veja as cores quando sonho. Não me inquieto tentando ser aquelle pensador que irá regras dictar. Appenas visto a minha phantasia por prazer.