amostra Ensino Médio
sociologia em movimento Professor, essa amostra apresenta algumas unidades do Vereda Digital Sociologia. Nela, você poderá conhecer a estrutura da obra e o conteúdo programático desenvolvido para proporcionar aulas ainda mais dinâmicas e completas. A proposta pedagógica para a Sociologia analisa a disciplina através de diferentes perspectivas, confrontando seus temas com outras áreas de conhecimento, como Economia, Psicologia e Direito. Além disso, uma abordagem contextualizada garante que o debate acerca dos assuntos estudados dialogue com a realidade dos alunos. Cada disciplina da coleção apresenta um DVD com conteúdo complementar e exclusivo, tanto para alunos quanto para professores. Com objetos multimídia, atividades extras, vídeos com a visão de especialistas, biblioteca do estudante e muito mais, o processo de aprendizagem se torna mais dinâmico e interativo.
sociologia em movimento
Afrânio Silva • Bruno Loureiro Cassia Miranda • Fátima Ferreira João Catraio Aguiar • Lier Pires Ferreira Marcela M. Serrano • Marcelo Araújo Marcelo Costa • Martha Nogueira • Otair Fernandes de Oliveira • Paula Menezes Raphael M. C. Corrêa • Ricardo Muniz de Ruiz Rodrigo Pain • Rogério Lima • Tatiana Bukowitz Thiago Esteves • Vinicius Mayo Pires
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Nossos consultores estão à sua disposição para fornecer mais informações sobre esta obra.
confira: • Sumário da obra • Uma seleção de conteúdos didáticos para análise do professor
AMOSTRA Ensino Fundamental II
Sociologia em movimento Volume único Afrânio Silva Bruno Loureiro Cassia Miranda Fátima Ferreira João Catraio Aguiar Lier Pires Ferreira Marcela M. Serrano Marcelo Araújo Marcelo Costa Martha Nogueira Otair Fernandes de Oliveia Paula Menezes Raphael M. C. Corrêa Ricardo Muniz de Ruiz Rodrigo Pain Rogério Lima Tatiana Bukowitz Thiago Esteves Vinícius Mayo Pires 1ª edição
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Apresentação
Caros alunos, É possível que alguns de vocês já tenham entrado em contato com a Sociologia, quer nas aulas de Ciências Sociais no ensino fundamental, quer em artigos de revistas ou programas de televisão. Outros, porém, talvez jamais tenham tido essa oportunidade até agora, momento em que chegam ao Ensino Médio. O que é Sociologia? O que faz um sociólogo? Pra que serve esse campo de estudos das Ciências Humanas? Eis aqui algumas das inquietações e provocações que nós, professores, estamos acostumados a ouvir. O livro que agora você tem nas mãos pretende, mais do que oferecer respostas prontas, servir como instrumento para que juntos possamos formular as questões importantes para nossa sociedade atual e estabelecer os critérios para criar soluções possíveis, sempre amparados pelo campo científico das Ciências Sociais. De um modo geral, gostaríamos que este livro contribuísse para ampliar os horizontes da sua experiência sobre os mais variados fenômenos sociais, a partir do contato com novas formas de compreensão e apropriação da realidade. A Sociologia oferece ferramentas importantes para entender que a maior parte daquilo que fazemos e dos problemas com os quais lidamos não são determinados pela natureza, mas são hábitos, costumes e crenças histórica e socialmente construídos. Assim, fazemos parte da natureza, somos influenciados por ela, mas ao mesmo tempo nos apropriamos dela e a transformamos; nossa vida cotidiana não é orientada apenas por necessidades biológicas (ingestão de proteínas, por exemplo), mas por necessidades socialmente construídas (comer um prato de arroz, feijão, bife e batata frita), pois definimos diferentes modos de satisfazê-las (ou abrir mão de satisfazê-las, como quando alguém entra em greve de fome por uma causa na qual acredita). Uma característica importante deste livro é ter sido escrito por mãos calejadas pela prática docente. Nos capítulos que seguem, os temas e as discussões propostas procuram combinar o debate acumulado pela Sociologia ao longo de sua história enquanto disciplina com as inquietações e demandas atuais de jovens que, como você, sentem-se provocados pelas questões e transformações sociais com as quais todos temos que lidar. Enfim, esperamos que os textos, atividades, livros, filmes e sites propostos permitam fundamentar sua curiosidade com os critérios e argumentos da Sociologia e torne possível e prazeroso o exercício de se apropriar sociologicamente da vida. Boa leitura.
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Organização do livro Este livro é um curso de Sociologia em volume único dividido em 6 unidades com um total de 15 capítulos, para alunos do Ensino Médio.
Abertura de capítulo Relaciona os objetivos do capítulo e propõe a Questão motivadora, um ponto de partida que alerta o aluno sobre os temas e conceitos do capítulo.
Cultura e ideologia
Ao final deste capítulo, o estudante deverá ✔ Reconhecer a cultura material
e imaterial como resultado das interações humanas. ✔ Compreender que as sociedades humanas são caracterizadas e se diferenciam umas das outras pela sua cultura.
ser capaz de:
✔ Distinguir as diferentes
manifestações culturais de acordo com seus contextos internos. ✔ Utilizar o conceito de ideologia nas diferentes perspectivas sociológicas.
Capítulo
6
Poder, política e Estado
Ao final deste capítulo, o estudante deverá ser ✔ Compreender a importância do
poder, da política e do Estado para a organização da sociedade. ✔ Reconhecer as inter-relações
capaz de:
o Estado, bem como suas influências no cotidiano. ✔ Avaliar as relações de poder
presentes em todas as esferas da vida social.
entre o poder, a política e
Questão motivadora Qual é a influência dos meios de comunicação sobre o comportamento dos jovens?
ISMAR INGBER/PULSAR IMAGENS
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ROGERIO CASSIMIRO/FOLHAPRESS
Capítulo
Dançarino de break em centro de cultura popular na cidade de São Paulo, SP, 2012.
A comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, é um exemplo da não atuação do Estado como afiançador de direitos. Para integrar as comunidades à cidade é necessário criar condições para o desenvolvimento humano, com saneamentobásico, luz, água, sistema viário planejado, coleta de lixo seletiva, correio, escolas e diversos outros serviços.
Questão motivadora
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Qual é a relação entre poder, política e Estado no Brasil?
Cronologia
1651 Thomas Hobbes publica Leviatã.
Adam Smith publica A riqueza das nações.
Brasil torna-se nação autônoma, independente de Portugal.
Revolução Russa.
1776
1822
1917
1789
Tomada da Bastilha, início da Revolução Francesa.
1871 Comuna de Paris.
1922
Getúlio Vargas assume o poder federal.
Sérgio Buarque de Holanda publica Raízes do Brasil.
Início da Segunda Guerra Mundial.
1930
1936
1939
Benito Mussolini assume o poder na Itália, iniciando o regime fascista.
1933
Adolf Hitler assume o poder na Alemanha, dando início ao regime nazista.
1936
John Maynard Keynes publica Teoria geral do emprego, do juro e da moeda.
1949 Victor Nunes Leal publica Coronelismo, enxada e voto.
134
Cronologia No início de cada capítulo, uma linha do tempo traz datas marcantes e fatos históricos pertinentes ao tema desenvolvido.
Considerações sociológicas Esta seção esmiúça um tema vinculado ao capítulo para revelar os diferentes pontos de vista com base nos temas estudados. Sociologia em movimento
Capítulo 8
Considerações sociológicas
Inspirado na onda de protestos intitulada Primavera Árabe, sua raiz está no agravamento da situação social dos países envolvidos, provocado pela crise econômica, pela falta de democracia e pelo sofrimento da população com as elevadas taxas de desemprego e o alto custo dos alimentos.
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CARNEIRO, Henrique Soares. “Rebeliões e ocupações de 2011”. In: HARVEY, David et al. Occupy. São Paulo: Boitempo/Carta Maior, 2012. SAFATLE, Vladimir. “Amar uma ideia”. In: HARVEY, David et al. Occupy. São Paulo: Boitempo/Carta Maior, 2012. <www.nycga.net/files/2011/10/Portuguese-Occupy-New-Yorkdeclaration-Edited-2.1.pdf> Acesso em: 11 nov. 2012. <www.brasildefato.com.br/node/9756> Acesso em: 11 nov. 2012.
proibida. Art.
184 do Código
Penal e Lei 9.610
de 19 de fevereiro
de 1998.
REPRODUÇÃO
CAPÍTULO 4
Livros da velhice. Grin. A reinvenção DEBERT, Guita 2004. consSão Paulo: Edusp, do processo de análise ousada Atualmente, o O livro faz uma velhice no Brasil. debate sobre da social trução te no que está presen os idoso é um ator nas interpelações dos polític as, o na definição políticas públic ais e até mesm eleitor formas ntos em mome o e de outras dos de consum convencionou de novos merca ntes do que se e já de lazer. Os integraidade” crescem a cada ano ira coloca “terce ção, o que chamar de erável da popula o são porção consid sas e para o govern s, para as empre ser respondidas. para as família podem deixar de questões que não é. l. Robinson Cruso DEFOE, Danie 2004. uras, ra São Paulo: Ilumin clássica aventu o livro narra a ência genética Publicado em 1719, on Crusoé, que passou 28 anos Gattaca — A experi do náufrago Robins tropical americana até ser resgailha EUA, 1997 Feira, e, além em uma remota Niccol e um índio, SextaDireção: Andrew tado. Crusoé conhec os costumes de um homem no qual os seao nativo que vão r s futuro ensina imento de um Em m absorve conhec ar seu mundo. são criados em branco, també res human os vida e fazê-lo repens as pessoas contransformar sua laboratórios, icamente são e Canela. cebidas biolog Gabriela, Cravo “inválidas”. VinAMADO, Jorge. , 2008. consid eradas ), anhia das Letras (Ethan Hawke São Paulo: Comp em Ilhéus, ducent Freeman lugar gue na década de 1920, o de coronéis, conse A história se passa um “inválido”, univers uma corporado cacau, em um em um ciclo ue o Mas . é o cenário em que destaq rante de origem utas e beatas. Esse Nacib e a mulasua verdad eira jagunços, prostit o sírio pode expor seu ção escondendo e romance entre de assassinato cheiro de cravo se desenrola o misterioso caso sua sensualidade, Com la. e os demais Gabrie ta passado. la conquista Nacib romance se esse cor de canela, Gabrie . Escrito em 1958, a ade homens da cidade mundial e ganhou versões para Honra e liberd o sucess um 2005 afora. ia, tornou Zelând aclamadas mundo Inglaterra/Nova televisão e o cinema t Ward Direção: Vincen 1860, duranNa década de britânica da Sites te a colonização a irland esa SaNova Zelândia, msociologia.com> Morton) e sua <http: //www.cafeco s Sociais, o blog rah (Samantha professor de Ciênciaaula, vídeos, texem meio a uma Criado por um família estão ideias, dicas de s invasores eurodivulga informações, s temas das Ciência guerra entre os l Aborda diverso s, povo natura tos, eventos etc. socialização. peus e os maori ntas a sangre eles das entre , uma Sociais da ilha. Em os conquistalogspot.com.br> pelos tual.b strado batalhas entre guevir seque <http: //man s, seu filho é e livre expressão, dores e os nativo de muitos anos percorrendo de arte, poesia gicas, veículo ado socioló s Intitul sões mas ele está aborígines. Depoi dicas de discus essenciais ente o encontra, , o site dá boas s temas tidos como a local. Agora o país, ela finalm perpassando diversos em: 11 out. 2012. integrado à cultur maior ainda profundamente guerra para a área. Acesso enfrentar uma o amor do filho. Sarah terá de res: reconquistar que a dos invaso
Reprodução
Inúmeros motivos fizeram surgir movimentos sociais ao redor do mundo desde 2010. Sobre isto, o professor Vladimir Safatle, da Faculdade de Filosofia da USP, afirma, em seu artigo Amar uma ideia, que “o regime que nos governa pode não ser uma ditadura nem um sistema totalitário, mas ainda não é uma democracia”.
Indicações Filmes e vídeos
em O garoto selvag França, 1970 is Truffaut. Direção: Franço viveu toda a Um menin o que floresta de uma sua vida em , é encontraAveyron, na França inhado para do em 1797. Encam surdos-mudos, um centro de de curiosidade. torna-se objeto levado por um Em seguida, é tava ser posmédico, que acredi o garoto selvasível transformar sociável. gem em um homem
REPRODUÇÃO
O movimento é claramente progressista e radical. Na cidade do Rio de Janeiro, a ocupação aconteceu na Cinelândia, tradicional palco político da capital, distinguindo-se da ocupação de Nova York, que se localizou no centro financeiro. Certamente, isso é reflexo das diferenças de conjuntura e da não centralização do movimento. Além disso, apesar de também conter esse aspecto mais econômico, a ocupação do Rio de Janeiro alimentava um conteúdo muito mais ideológico, isto é, o foco do dia a dia de debates e da vivência se baseava na experimentação de uma democracia direta, de uma autogestão. Aliado a isso, tais vivências e angústias tinham como um dos maiores objetivos repensar a sociedade em que vivemos para, assim, transformá-la.
controle social
REPRODUÇÃO
OWS lutou contra o poder corrosivo dos grandes bancos e corporações multinacionais sobre o processo democrático, bem como o papel de Wall Street na criação de um colapso econômico que tem causado a maior recessão em gerações. O movimento tem como objetivo declarado lutar contra os mais ricos: 1% das pessoas que estão escrevendo as regras de uma economia global injusta. Sem dúvida, está ocorrendo uma grande transformação na cultura, que cresce através de conversas e relações on e offline.
Socialização e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Assim é descrito o maior dos movimentos contemporâneos de descontentamento genuinamente popular com os rumos da política e da economia global, o Occupy. Occupy Wall Street é um movimento que começou em 17 de setembro de 2011, em Liberty Square, distrito financeiro de Manhattan. Espalhou-se para mais de 100 cidades nos Estados Unidos e teve ações em mais de 1.800 cidades no mundo.
RepRodução
Occupy Wall Street “No ano de 2011 ocorreu um fenômeno que há muito não se via: uma eclosão simultânea e contagiosa de movimentos sociais de protesto com reivindicações peculiares em cada região, mas com formas de luta e consciência de solidariedade muito assemelhadas. Uma onda de mobilizações e protestos sociais tomou a dimensão de um movimento global. Começou no norte da África, derrubando ditaduras na Tunísia, no Egito, na Líbia e no Iêmen; estendeu-se à Europa, com ocupações e greves na Espanha e Grécia e revoltas nos subúrbios de Londres; eclodiu no Chile e ocupou Wall Street, nos EUA, alcançando no final do ano até mesmo a Rússia. [...] Em todos os países houve uma mesma forma de ação: ocupações de praças, usos de redes de comunicação alternativas e articulações políticas que recusavam o espaço institucional tradicional. [...] O pano de fundo objetivo é uma crise social, econômica e financeira que se arrasta desde 2008 e que tem como consequência a carestia dos gêneros alimentares e o aumento do desemprego, mas o grande impasse que está presente é a ausência de alternativas políticas organizadas.”
Indicações Essa seção traz informações sucintas sobre filmes, documentários, livros e endereços eletrônicos que dialogam com o tema do capítulo.
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proibida. Art.
184 do Código
Penal e Lei 9.610
de 19 de fevereiro
de 1998.
e de classes
as bases da sociedad
CAPÍTULO 9
e: explicando
Trabalho e sociedad
de 2010, de acordo l em relação ao ano (Cadastro Geral emprego forma do Caged ento de 5,1% no o inSociais, 2011) e Apesar do crescim de Informações o da força de trabalh do (Relação Anual ento de retraçã Subproletaria ento sindical com dados da Rais os, 2011), o movim al cresceu, e o movim , e Desempregad Termo usado do mercado inform diminuiu-se o número de greves do de Empregados letaria u. O subpro pelo economista , como o Brasil, de classe. dustrial se amplio Em alguns países o de interesses ivo. entaçã brasileiro Paul defens repres entidades de tornou-se mais tos enfrentam Singer no início os sindicatos como formal, os sindica do es merca hador do o que fragilizou 1980. hadores dos anos ente os trabal entar os trabal dem satisfatoriam trabalhistas. São trabalhadores Apesar de repres s , pois não defen relação a direito de credibilidade à margem da hoje uma crise do retrocesso em as de degradação ação resultante organização de ar formas extrem diante da fragiliz que é possível observ seguir). Para miniclasse, aqueles fico da página a contemporâneo, criem Mesmo no Brasil sobre esse fenômeno no infográ governamentais oferecem sua força o mais ão de sas e autoridades absorç empre que de trabalho (mesm l maior no trabalho (saiba am prego, é fundamentacação profissional que garant histas. sem garantias mizar o desem qualifi trabal s de s forma trabalh istas) sem respeito aos direito ficção e implementem eração justa e em do autor de rar um remun passag encont com da es, catrabalhador a e bem-humora homem e um interessado que onar uma curios r empregar um Vale, por fim, menci“A fábrica do futuro só vai precisa e este, para manter o homem pague por ela um re Asimov: o cachorro, valor que assegu ar a importância científica Isaac para alimentar o, é preciso postul as será necessário condições básicas ente, de um exager pelo setor produtivo que tem chorro: o homem nas”. Trata-se, obviam para a existência. Ricardo ho (aqui representado longe das máqui sor da Unicamp no mundo do trabal , citando o sociólogo e profes mesmo, não particio human ser do chefe). Isso porque v, mem e, por isso fábricas como carro- não recebem salários, não conso ficção científica de Isaac Asimo te na inas “utopia” presen Antunes, “máqu ção ao colapso. Sendo assim, a o sistema de produ pam do mercado”. ser human o, levaria de exclusão do
ria em Saiba mais Economia solidá e empregados, ação entre patrão os outros, sendo relação de domin le sobre detém o contro cabe processos de proque o primeiro nto aos demais flexibilização dos nou decisões, enqua Como vimos, a stão, consumo ocasio responsável pelas Além da autoge s de trabalho e pela da relaçõe das e marca ão das ordens. racia o, dução trabalh apenas a execuç adores e da democ o o das relações de entre os trabalh erizaçã a precarização do controle públic ade o caract à iguald reduçã da e , tual nto fundamental enfragilidade contra trabalhistas. Essa precarização interna, outro eleme solidários é o comprometim o istas entos de sobre as conqu penalizou o trabalh e com relações dos empreendim nte automação, parna comunidade associada à cresce empurrando uma to com melhorias O de desemprego, justas. a informalidad e. e elevou as taxas comércio e troca a defesa de da população para o formais para os ia contempla ainda a produção cela significativa e A economia solidár dos postos de trabalh de cooperativas, valoriz o que o, ament desloc de consum e que não ao crescimento um novo modo o meio ambiente, de obra e informais tem levado familiar e pequenas empresas. com pado a mão iliar e local, preocu trabalho domic sas que exploram a econo mia beneficie as empre irresponsável. desen volveu -se produção forma Nesse conte xto um modo de o ambiente de ia pode ser se baseia em , a economia solidár entre todos os solidária, que De modo mais amplo movimento social que busca equilíbrio de poder caracterizado pelo proporciona um ambiente democomo um olvimento compreendida o que Nacional modelo de desenv trabalhadores, do a Secretaria entação de um e evolução da Segun implem a é ração ia rativo. ade, coope mia solidár um crático e coope ria (Senaes), econo pautado por igualdConstitui-se, portanto, como sob a. de Economia Solidá des econômicas organizadas condição human proo conjunto de ativida sejam essas atividades de o de sociedade. polític projeto stão, .A que busca moa forma de autoge consumo, poupança ou crédito de um movimento tendo Trata-se, assim, mia e sociedade, dução, distribuição, que não existe patrão nem empre es entre econo racia, a ento dificar as relaçõ iedade, democ solidar de autogestão signific integrantes do empreendim ios vaos como base os princíp direitos human os e conser gados, pois todos donos ao mesmo tempo. ração, e igualdade, coope são trabalhadores entos econômicos ção ambiental. os empreendim da Sendo assim, a a supressão 225 como característic solidários têm
Saiba mais Introduz informações complementares importantes para compreender a abrangência do tema do capítulo.
Sociologia em movimento
CAPÍTULO 10
Expandindo sua teoria da estratificação, Weber tipifica, além da classe, outros dois grupos: status e partidos. Conceitua o grupo status como uma coletividade que se diferencia pelo prestígio ou pela honra social de que gozam e pelo estilo de vida. Desse modo, não se pode explicar adequadamente a aquisição de status examinando somente características individuais, como anos de estudo e ocupação dos pais. Deve-se também verificar as características dos grupos. Por exemplo, os “novos ricos”, mesmo tendo conquistado riqueza igual ou até superior à de outros grupos privilegiados, são vistos com certo desprezo pelos ricos cujas fortunas são anteriores a eles mesmos, provenientes de famílias consideradas “tradicionais”.
A teoria weberiana de estratificação é importante para mostrar que outras dimensões, além da classe (econômica), influenciam a vida das pessoas. O autor chamou a atenção para a interação complexa entre status e partidos e para o fato como operam separadamente, o que dá maior amplitude às análises sobre as desigualdades sociais. ✔
Quem escreveu sobre isso
No Brasil, as primeiras tentativas de explicação da pobreza datam do final do século XIX. As justificativas eram geralmente naturalistas, que relacionavam a pobreza à suposta influência do clima (o calor deixaria as pessoas preguiçosas) ou à incapacidade inata dos brasileiros para a construção do saber (a miscigenação diminuiria a inteligência natural do branco europeu). Como afirma o sociólogo Renato Ortiz, nossa história foi apreendida em termos deterministas, de modo que clima e raça eram utilizados para explicar suposições como a natureza indolente do brasileiro, as manifestações inseguras da elite intelectual, o lirismo quente dos poetas da terra, o nervosismo e a sexualidade desenfreada do mulato.
Renato José Pinto Ortiz
Outro fator relevante é a dificuldade de acesso ao mercado imobiliário formal, porque ainda são raras as moradias populares ao alcance da maior parte da população. Porém, as áreas residenciais mais privilegiadas da cidade produzem uma demanda constante de serviços para a população mais pobre, desde segurança e manutenção predial até atividades relacionadas à jardinagem, à construção civil e aos serviços domésticos. Nas grandes cidades brasileiras, essa demanda motivou a população pobre a ocupar informalmente áreas em torno dos locais mais abastados da cidade. Outro fator que contribui para a ocupação informal da cidade é a dificuldade de locomoção para o trabalho, pois a rede de transporte público é ineficiente para levar os trabalhadores das áreas mais afastadas para o centro e vice-versa.
CAPÍTULO 13
Renato Ortiz optou pela Sociologia depois de uma trajetória acadêmica sinuosa que incluiu Zootecnia e Engenharia.
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Especulação imobiliária Acontece principalmente quando proprietários beneficiam-se da valorização dos imóveis que compraram graças a gastos públicos em melhorias no entorno, o que configura uma forma de apropriação privada de benefícios públicos.
Há ainda outra forma de segregação, relacionada às atividades urbanas isoladas em zonas específicas da cidade. Há áreas especialmente destinadas a atividades comerciais, industriais, de lazer, assim como zonas residenciais. Trata-se de um modelo característico de cidades planejadas, como Brasília (Figura 13.8). ZÉ ZUPPANI/PULSAR IMAGENS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A oposição entre centro e periferia é muitas vezes promovida pela especulação imobiliária, que torna mais caros os imóveis nas áreas centrais, mas também é consequência direta de políticas públicas de habitação conservadoras, que afastaram propositalmente os mais pobres do centro e das zonas residenciais mais valorizadas da cidade.
ANTONINHO PERRI/ASCOM/UNICAMP
Quem escreveu sobre isso
Renato José Pinto Ortiz nasceu no dia 20 de março de 1947 em Ribeirão Preto, São Paulo. Concluiu a graduação em Sociologia na Université de Paris VIII, em 1972, e o mestrado em Sociologia na École des Hautes Études en Sciences Sociales no mesmo ano. Em 1975, tornou-se doutor em Sociologia e Antropologia pela mesma instituição. Atualmente é professor titular da Universidade Estadual de Campinas, e suas pesquisas concentram-se nas áreas de Cultura, Ideologia e Modernidade.
Sociedade e espaço urbano
Quando se estuda a cidade do ponto de vista sociológico, podemos classificar as formas de desigualdade encontradas nela para, a partir de um conhecimento mais preciso, utilizar a imaginação e a criatividade na busca de soluções para os problemas. Algumas formas de segregação são notáveis nas cidades: a oposição centro-periferia; a especulação imobiliária, que exclui parte da população do mercado formal de moradias; e o zoneamento, que cria regiões diferenciadas para cada atividade por meio do planejamento.
Brasil: a interpretação da pobreza e o cenário de mudanças e permanências socioeconômicas
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Apresentação de alguns pensadores cujas ideias foram discutidas porque criaram novas formas de entender as questões sociais abordadas no capítulo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quanto aos partidos, na terminologia de Weber, não são apenas grupos políticos, e sim, mais propriamente, organizações que procuram impor sua vontade aos outros. O controle de partidos, em especial de grandes organizações burocráticas, não depende apenas de riqueza ou de outro critério de classe: alguém pode dirigir uma burocracia militar, científica ou de outro tipo sem ser rico, da mesma maneira que é possível ser rico e ter pouco prestígio.
Glossário Pequenas inserções criadas para esclarecer alguns termos e conceitos que aparecem ao longo do capítulo. Sociologia em movimento
Instrumento jurídico
Instrumento jurídico A igualdade entre os cidadãos brasileiros A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 apresenta diversos artigos que orientam e promovem a igualdade entre os cidadãos brasileiros. É importante ressaltar que os cidadãos devem conhecer seus direitos para que possam ser efetivamente aplicados.
Apresenta leis que regulamentam a questão social estudada no capítulo, demonstrando a importância da ordenação jurídica para a organização da sociedade.
Base constitucional Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; [...]. Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...]
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CAPÍTULO 10
Figura 13.8 O planejamento de Brasília por setores de acordo com a função (comércio, moradia, lazer) é uma forma moderna de segregação. Na foto, vista da cidade em dezembro de 2009.
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; [...] Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I – universalidade da cobertura e do atendimento;
JANDUARI SIMÕES/FOLHAPRESS
II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
O ex-ministro de Estado e chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (2005-2010) Paulo Vanucchi, durante discurso sobre trabalho escravo na 9ª edição do Fórum Social Mundial, em Belém, PA, em janeiro de 2009.
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Como encontrar um objeto digital indicado na remissão:
Atividades Ao final de cada capítulo, esta seção contém questões para pesquisa, debate, reflexão e revisão, além de exames de seleção que permitirão ao aluno entrar em contato com as questões do ENEM e de vestibulares.
Número do capítulo
14.1 Nome da pasta
Visão do especialista
Número do objeto digital
Atividades o
Um relatório da Unesco de 2012 parabeniza sil pelo progra o Brama e pela adesã o aos princípios Yogykarta (Princ de ípios sobre a aplicação da ção internaciona legislal de direitos humanos em ção a orientação relasexual e identi dade de gênero Entretanto, ainda ). existem, no campo e nas des, e mesm cidao nas escola s e famílias, e tratamentos discursos estigmatizan tes, ameaças sões físicas a e agresjovens e adulto s LGBT. Ações nais e intern nacioacionais contra a homofobia que esse é um revelam problema que ainda persis diferentes cultur te em as. Quais são as para a perma nência de atitud possíveis causas es de intolerância As ações para combatê-la são ? adequadas?
agem a seguir
:
Nos EUA, na edição 51 de X-Men aconte Os Fabulosos ceu o casamento do herói Estrel Polar com seu a namorado. O personagem, do em 1979 criapela Marvel, foi um dos prime a surgir como iros homossexual e esta é a prime cerimônia gay ira nos quadrinhos.
De que forma a maior visibil sexualidade idade da homo nos diferentes smeios de comu cação e de cultur nisocial da const a de massa revela o caráte rução da identi r e das difere ntes orientações dade de gênero sibilidade é sexuais? Essa eficaz para via construção sociedade tolera de uma nte e baseada na diversidade ?
Exames de seleçã
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de 1998.
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Casamento gay de super-heró polêmica no mundo dos quadri causa inhos
• O ícone Visão do especialista:
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debate
Em 2004, o Brasil lançou o Progra Homofobia, ma Brasil sem com o objeti vo de formu a sociedade lar, com civil, políticas públicas de nacional de caráter enfrentamen to a esse fenôm que constitui eno, um ataque ao reconhecim diversidade ento da sexual e da pluralidade dade de gêner da identio.
Veja a report
proibida. Art.
Questão para Questão 1
A remissão para o DVD indica a pasta do objeto digital: Visão do especialista, Biblioteca do estudante, Conteúdo multimídia e Lista de exercícios.
Questão 2
Reprodução
Reflexão e revisã
As questões de gênero consti tuem uma parte portante da constr imsociedades huma ução das relações sociai s nas nas. A desco ção social da berta da constr identidade de ugênero e sua com a sexua relação lidade permi tiu que antiga de opressão s práticas basea a ser questionada das nesses critérios passa ssem s e combatidas tos injustos nos seus aspec e violentos. Com base na capítulo, da leitura do compreensã o da contex histórica e do tualização debate sociol ógico das questõ gênero, respon es de da às questõ es a seguir. 1. Como são definidos os conceitos de sexualidade gênero e e qual é sua impor ção do indiví duo com a socied tância na relaade? 2. O que são andro Quais são suas centrismo e patriarcalism consequênc o? ias sociais? 3. Com base nas questões de gênero, expliq crítica dirigid ue a aà tes pensadores sociedade feita pelos seguin : Cristina Brusc tler, Michel Fouca hini, Judith Buult e Sigmund Freud. 4. A realidade brasileira sofre blemas ligado com sérios pros a questões de gênero. Disser sobre a realid ade brasileira te analisando guintes temas os se: definição de desigualdad papéis de gêner e homem-mu o, lher e violên cia.
14.1 Visão do especialista
o
1. (FGV – 2011) Desde mead os dos anos mulheres ingres 1960, as saram de modo do no merca mais destacado de trabal ho. Após décad se fato, podeas desse afirmar que: a) depois das cotas femininas dos partidos cos, houve um polítiequilíbrio de gênero na indica de líderes, pois ção as didatar-se a cargos mulheres passaram a caneletivos em todo o mundo. b) mesmo quand o possuem a mesma escola dade que os rihomens, receb em salários mais
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Remissão para textos dos autores com orientações para análise das seções Considerações sociológicas e Instrumento jurídico de cada capítulo.
• O ícone Biblioteca do estudante: 1.1 Biblioteca do estudante: Leituras complementares
O Estatuto da Criança e do Adolescente: o Brasil de direito e o Brasil de fato
Entretanto, as reflexões desenvolvidas na unidade demonstram que, apesar do protagonismo do indivíduo, a realidade vivida em diferentes sociedades, inclusive no Brasil, ainda não condiz com o nosso ideal moderno de indivíduo. Em nosso país, muitas vezes o ideal de sociedade traduzido em nossa legislação foi chamado de “Brasil de direito”, enquanto a realidade do dia a dia, muito distante desse ideal, é chamada de “Brasil de fato”. Reconhecer a diferença entre esses dois “Brasis” é um primeiro passo para descobrir as suas causas e construir propostas viáveis para a construção de uma sociedade na qual os direitos são realidades de fato.
A partir dessas considerações, é possível elaborar uma pesquisa para investigar a distância entre o Brasil “de direito” e o “de fato” no que diz respeito aos direitos da criança e do adolescente celebrados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) na vizinhança da sua comunidade escolar. Imagine então que você faz parte de uma equipe interdisciplinar dedicada ao estudo sobre a nossa sociedade. Qual seria sua área de interesse? Saúde, educação, esportes? Habitação, segurança, lazer? Quais seriam as questões que lhe pareceriam importantes e interessantes de serem investigadas? Como você faria para encontrar as informações necessárias para a sua pesquisa? Escreva cada um desses pontos de forma a organizar um pré-projeto de pesquisa sobre a realidade e os direitos das crianças e dos adolescentes.
Passo a passo 1. Para começar uma pesquisa sobre esse tema é
5. Com os dados obtidos e os critérios de cumpri-
preciso formar um grupo para investigar, avaliar e discutir quais os direitos garantidos às crianças e adolescentes de sua região/município e se esses direitos são de fato respeitados.
mento ou não da legislação, identifique quais direitos não são respeitados. Avalie as possíveis causas para que isso aconteça e, por fim, proponha junto com seu grupo medidas que lhe pareçam viáveis para a superação desse problema social. Junto ao grêmio estudantil de sua escola, associação de pais e alunos e direção, proponha a realização de uma campanha em defesa dos direitos da criança e do adolescente de sua região a ser realizada na própria escola ou em espaço público próximo, divulgando os resultados da pesquisa realizada.
2. É preciso, então, definir qual será a amostra da pesquisa (dependendo do tamanho de sua escola, pode ser constituída pelos próprios alunos, ou pela população das ruas adjacentes à escola, ou do próprio bairro onde ela se localiza).
3. Com a ajuda do professor leia as legislações propostas na seção instrumento jurídico do capítulo 2 e outros trechos selecionados de acordo com o objeto de interesse do grupo e crie um critério para verificar quais se aplicam às crianças e adolescentes estudados.
4. Para a pesquisa, utilize também outras fontes, além das entrevistas, como diferentes meios de comunicação (jornais impressos, telejornais, revistas) e dados oficiais disponíveis nas secretarias específicas voltadas para crianças e adolescentes sobre o cumprimento da legislação para esses grupos.
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Sabemos, portanto, que a realidade social é um fenômeno humano complexo que permite diversas abordagens. Diferentes áreas do conhecimento e de atuação profissional dedicam-se a refletir sobre suas mais variadas facetas. Sociólogos, geógrafos, historiadores, filósofos, engenheiros, arquitetos, bacharéis em direito, militares, ambientalistas, médicos, artistas e pesquisadores de outras tantas disciplinas dedicam-se a estudar cada aspecto de nossa realidade, descrever suas transformações e características, diagnosticar seus problemas e elaborar projetos para seu desenvolvimento.
JEAN GALVÃO/FOLHAPRESS
Ao fim de cada unidade, há uma proposta que visa estimular os alunos a “arregaçar as mangas” e dedicar-se a uma atividade que explora experiências vinculadas à política e à cidadania.
A MovimentAção
Como vimos nos capítulos 1 e 2, a sociedade é uma realidade singular que transforma e é transformada por seus integrantes. Uma das transformações sociais mais importantes se refere ao reconhecimento do indivíduo como ser autônomo, dotado de direitos e deveres, a quem se faz indispensável a garantia da sua dignidade e pleno desenvolvimento. Esse princípio é a preocupação central do pensamento social moderno a partir do qual os autores clássicos e contemporâneos da Sociologia refletiram sobre a relação entre o indivíduo e a sociedade. As diferentes legislações mencionadas ao longo de nossa primeira unidade são exemplos de regras sociais criadas que transformam e são transformadas pela sociedade.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MovimentAção
Remissão para as ferramentas digitais (orientações para utilização) e textos complementares para o aprofundamento da reflexão sobre os temas propostos no livro.
Conteúdo multimídia: Mandela
Remissão para animações, trechos de vídeos e áudios que complementam o estudo de alguns temas dos capítulos.
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Lista de exercícios
Remissão para questões de vestibulares, Enem e concursos públicos preparatórias para as provas de ingresso das universidades.
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Sociologia em movimento DVD-ROM
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SOCIOLOGIA
EM MOVI MENT O
DVD do aluno
VISÃO DO ESPE
UNIDADE 2 Capítulo 4
CIALISTA • Instrumento
jurídico Cultura e socied ade: cultura , poder e diversi nas relaçõe s cotidianas dade Socialização e controle social
VISÃO DO ESP ECIALISTA 4 . 7 Inst rumento juríd ico
1
O Estado e o dese nvolvimento dos indivíduos
SOCIOLOGIOA EM MOVI MENT
DVD do aluno
UNIDADE 2
Capítulo 4
ECIALISTA VISÃO DO ESP icas rações sociológ 4 . 6 Conside
derações STA • Consi
sociológicas
CIALI dade , poder e diversi ade: cultura Cultura e socied s cotidianas nas relaçõe e controle social Socialização
VISÃO DO ESPE
e jovens ntos digitais entr
al e relacioname universo cultur destacando o e ciberespaço, centros urbanos. de cibercultura nte nos grandes nta os conceitos is, principalme e uso da internet O capítulo aprese tecnologias digita crítica da realidade de acesso e é marcado pelas diferentes usos análise de dos s e l ilidade digita juvenil, que hoje ão possib os r um cenário de odução da exclus res estão inserid estudo da (re)pr É possível molda de computado iros, levando ao da rede mundial resistências, conpelos jovens brasile ade. Os usuários , o que implica tecnologia na socied compartilhamento significados da uma cultura de a l e também em com globa antes do no merca ntadas aos estud tos. Wikileaks podem ser aprese tradições e confli cionais, o caso s contradições ook. sistemas opera compreensão dessa de softwares e de Twitter e Faceb A percepção e são à pirataria to dos amigos a operar como a repres ação e rastreamen a lógica capitalista continua localiz análise de fatos a tem ncia dos que permi ão sobre como e a possível resistê ou de aplicativos, favorece a reflex de mobilização s acontecimentos da capacidade O estudo desse cia e limitações , sobre a potên com os cona cibercultura ões de debater ea ogia, as condiç ns, a aparência coletivos em rede. ificamente na Sociol aloriza as image escola e mais espec ideias, fotos e ade que superv ais, socied pesso s numa Identificamos na is digita amente seus gosto comercial da relacionamentos ao transmitir public tecnologias, a infraestrutura legas sobre os tante discutir que sas e visibilidade. É impor as alimentam uma rede de empre pesso intimidades, as etura central. internet e sua arquit
táculo Sociedade do espe
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1
O “Instrumento jurídico” deste capítulo destac diretamente voltad a a legislação voltad a a protegem as crianç para a educação como fator primordial da forma à “formação” dos indivíduos, as ção dos cidadã Estado, mas també e os adolescentes. Dessa forma os e as leis que , fica estabelecida m da sociedade comportamentos – pois a lei define a responsabilid ade não só do esperados com seus deveres –, vistas ao desen com a reprodução O processo de volvimento dos dos valores e socialização tem indivíd uos e da sociedade. principais eleme múltiplas variáv ntos de reprodução eis, mas sem dúvid a a educação forma tomada como social. Assim, a ponto de partid escola torna-se l é um dos a para a reflexão uma instituição e estudantes são impor sobre tante para ser a socialização e submetidos aos o controle social imperativos sociai que os estudantes . Tanto docentes s e legais. Cabe estão submetidos destacar as forma e processo de avalia , como currículo, s de controle a normas de condu ção. Você já parou Uniforme, condu ta no ambiente para pensar nisso? escolar, prazos ta, avaliações etc. Como esse contro democrática? Livre? Você já “olhou le é imposto sobre ” a escola sob Ela reproduz quais você? essa perspectiva? ajudar você a comp valores? Qual É uma instituição o seu real papel? reender o proce sso de socialização Essa e outras quest Quanto ao objeti . ões podem vo de estabelecer trata da crianç relação entre as a e do adolescente leis e a realidade, . Os da mesma forma destaca-se a legisla para todas as crianç assuntos tratados na legislação ção que sentido, os meios são as e adolescente s, como, por exemp percebidos pela sociedade de jovens e ao mesm comunicação são objeto de crítica lo, o trabalho infant o tempo aprese . Eles ajudam a il? Nesse ntam uma realid des, por exemp moldar o comp ade sem confli lo, não é eleme tos e única. A divers ortamento dos nto de discussão, solapando outras mas idade a apresentação formas de social de uma juventude de juventuização e identidade. como modelo,
Visão do especialista Em cada capítulo, a Visão do especialista apresenta orientações dos autores para análise das seções Considerações sociológicas e Instrumento jurídico do livro, enriquecendo o entendimento do seu conteúdo.
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SOCIOLOGIA
EM MOVIMENTO
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SOCIOLOGIA
BIBLIOTECA DO ESTUDANTE • Leitura complementar UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 4
Socialização e controle social
relações cotidianas
EM MOVIMENTO
1
BIBLIOTECA DO ESTUDANTE 4 . 1 Leitura complementar
DVD do aluno
LISTA DE EXERCÍCIOS UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 4
Socialização e controle social
relações cotidianas
1
LISTA DE EXERCÍCIOS Capítulo 4
Socialização e controle social
Cirurgias plásticas estéticas 1. (Unicentro, 2011) A respeito dos estudos sobre
O Brasil é o segundo país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Além de todo o desenvolvimento científico na área, estudos apontam a imposição de questões estéticas para a construção do ideal de beleza e exercem uma forte influência em nossa sociedade, principalmente no que se refere ao universo feminino. Com esse dado, torna-se possível discutir modelos de controle social, levando-se em consideração a idealização do “corpo perfeito”.
socialização, está correto o que se afirma em:
a) O primeiro grupo social fundamental na socialização é o religioso, representado pela Igreja. b) O processo de maturação biológica e o desenvolvimento infantil necessitavam de intervenções de adultos, o que sempre será igual, independente das diferenças culturais. c) O processo de socialização termina quando o indivíduo atinge a maioridade e entra no mercado de trabalho.
Brasil ocupa 2a posição em número de cirurgias plásticas estéticas no mundo
d) A sociologia postula a existência de uma natureza infantil que explica a igualdade nas condições de ser criança.
“A lipoaspiração ajudou o Brasil a ocupar o segundo lugar no ranking mundial de cirurgias plásticas estéticas em 2011. Os dados são da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps) junto a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC), e outras entidades, cuja pesquisa listou os dez países com maior número de cirurgias plásticas do mundo. O Brasil, com 905.124 procedimentos, ficou atrás apenas dos Estados Unidos, que realizou 1.094.146 no mesmo ano. A pesquisa também mostra que o Brasil quase dobrou o número de cirurgias estéticas realizadas nos últimos quatro anos, com 97,2% de crescimento.
e) A internalização do social e a sua percepção da realidade, como a primeira socialização, ocorrem dentro do grupo familiar, sendo, assim, decorrentes da classe social da família.
2. (UEM, 2008) Leia o texto a seguir: “Desde o início a criança desenvolve uma interação não apenas com o próprio corpo e o ambiente físico, mas também com outros seres humanos. A biografia do indivíduo, desde o nascimento, é a história de suas relações com outras pessoas. Além disso, os componentes não sociais das experiências da criança estão entremeados e são modificados por outros componentes, ou seja, pela experiência social.”
Número de procedimentos realizados em 2011 Estados Unidos
1.094.146
Brasil
905.124
China
415.140
Japão
372.773
Itália
316.470
México
299.835
Coreia do Sul
258.350
Índia
207.049
França
191.439
Alemanha
187.193
BERGER, Peter L; BERGER, Brigitte. Socialização: como ser um membro da sociedade. In: FORACCHI, Marialice M.; MARTINS, José de Souza. Sociologia e Sociedade. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1977. p. 200.
Sobre a temática abordada no texto acima, indique o valor da soma das alternativas corretas. (01) os indivíduos, desde o nascimento, são influenciados pelos valores e pelos costumes que caracterizam sua sociedade. (02) a relação que a criança estabelece com o seu corpo não deveria ser do interesse das ciências biológicas, mas apenas da sociologia.
Nos últimos quatro anos, foram realizadas 211.108 lipoaspirações, um crescimento de 129%. Foi o tipo de cirurgia plástica estética mais realizada no Brasil. Crescimento semelhante teve a blefaroplastia, que é a cirurgia para a remoção da pele enrugada e caída das pálpebras do olho – com um aumento de 120%, ficou com a quarta colocação do ranking brasileiro. A segunda cirurgia estética mais realizada foi o aumento de mamas (148.962) e a terceira foi a abdominoplastia (95.004). Apesar de não ter entrado no ranking das mais realizadas, a cirurgia de colocação de prótese nos glúteos, a gluteoplastia, passou de 5.591 procedimentos para 21.452 nos últimos quatro anos, um aumento de 367%.
(04) o fenômeno tratado pelo autor corresponde ao conceito de socialização, que designa o aprendizado, pelos indivíduos, das regras e dos valores sociais. (08) as experiências individuais, até mesmo aquelas que parecem mais relacionadas às nossas necessidades físicas, contêm dimensões sociais.
Biblioteca do estudante A Biblioteca do estudante é formada por duas seções: • Ferramentas digitais: oferece tutoriais para o uso das principais ferramentas do mundo digital, que podem contribuir para os estudos em sala de aula ou para a realização de pesquisas escolares. • Leituras complementares: textos selecionados com o objetivo de aprofundar a reflexão sobre diversos temas propostos no livro, aproximando-os do seu cotidiano.
(16) o desconforto físico que uma criança sente, como a fome, o frio e a dor, pode receber dos adultos distintas respostas de satisfação, dependendo da sociedade na qual eles estão inseridos.
3. (Unioeste, 2011) Um dos universos mais constantes nas Ciências Sociais diz respeito ao estudo das instituições sociais. Família, religião, trabalho foram temáticas investigadas pelos primeiros pesquisadores da área, mas que ainda continuam presentes na produção contemporânea. Sobre o conceito de instituição social é correto afirmar que a) o conceito de instituição social corresponde à ação de instituir ou determinar padrões de comportamento, padrões que são construídos historicamente e possuem um poder de coerção em determinado contexto. b) as instituições sociais são as entidades filantrópicas que prestam serviço comunitário, elas são instituições por terem uma sede e um estatuto predeterminado e são sociais por atender interesses públicos. c) a linguagem não pode ser considerada uma instituição por ser algo natural do ser humano e não possuir seus limites claramente definidos, como é o caso da escola, por exemplo. d) segundo Goffman, as únicas instituições com características sociológicas são as de caráter fechado, pois são impositivas e desenvolvem uma sociabilidade própria. e) levando em consideração a teoria de Emile Durkheim, podemos afirmar que nem todas as instituições sociais podem ser consideradas como fatos sociais, pois estes obrigatoriamente precisam ser coletivos, coercitivos e externos aos indivíduos.
4. (Unicentro, 2011) A respeito dos estudos sobre socialização, está correto o que se afirma em: a) O primeiro grupo social fundamental na socialização é o religioso, representado pela Igreja. b) O processo de maturação biológica e o desenvolvimento infantil necessitavam de intervenções de adultos, o que sempre será igual, independente das diferenças culturais. c) O processo de socialização termina quando o indivíduo atinge a maioridade e entra no mercado de trabalho. d) A sociologia postula a existência de uma natureza infantil que explica a igualdade nas condições de ser criança.
Lista de exercícios A seção Lista de exercícios conta com questões de vestibulares, Enem e concursos públicos disponibilizadas para que você possa avaliar seu aprendizado e se preparar para as provas de ingresso das universidades.
Conteúdo multimídia deste DVD:
A seção Conteúdo multimídia deste DVD é composta de animações, trechos de vídeo e áudios selecionados com o objetivo de aprofundar alguns assuntos abordados nos capítulos, enriquecendo seu aprendizado. • Animações
• Vídeos
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Conteúdo do DVD (capítulos 4 e 5)
Visão do especialista • Capítulo 4 4.6: Considerações sociológicas: Sociedade do espetáculo e relacionamentos digitais entre jovens 4.7: Instrumento jurídico: O Estado e o desenvolvimento dos indivíduos • Capítulo 5 5.6: Considerações sociológicas: Um debate sobre as cotas raciais 5.7: Instrumento jurídico: Ensino de História da África e dos Negros do Brasil
Biblioteca do estudante Leituras complementares • Capítulo 4 4.1: Cirurgias plásticas estéticas 4.2: Instituições, controle social e manutenção da ordem 4.3: Ressocialização ou condenação? Como resolver o problema da criminalidade juvenil? 4.4: Vigilância eletrônica e contrarracionalidade: controle social em duplo sentido 4.5: Relacionamentos pela internet • Capítulo 5 5.1: Mídia e desigualdade racial 5.2: Ser negro e ser branco: vantagens e desvantagens de assumir uma identidade racial 5.3: 100 Anos de liberdade: realidade ou ilusão? 5.4: Índios no Brasil 5.5: Xenofobia na Europa
Ferramentas digitais: como usar
Conteúdo multimídia • Unidade 2 Hip-hop — MC Mandela Quanto vale ou é por quilo?
Lista de exercícios
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Sumário do livro Unidade 1 Sociedade e conhecimento: a realidade social como objeto de estudo
Unidade 2 Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas relações cotidianas
Capítulo 1 – Produção de conhecimento: uma característica fundamental das sociedades humanas
Capítulo 3 – Cultura e ideologia 1. Primeiras palavras 2. Cultura e vida social
1. Primeiras palavras
3. Cultura, ideologia e indústria cultural
2. As diferentes formas de conhecimento
4. Cultura, identidade, rede e fluxos no século XXI
3. Ciência e senso comum: opostos ou complementares?
Considerações sociológicas – Novelas brasileiras: alienação ou conscientização na tela?
4. A contribuição da Sociologia para a interpretação da sociedade contemporânea
Instrumento jurídico – A Lei e a defesa das manifestações da cultura popular
5. Os métodos de análise sociológica da realidade social
Indicações Atividades
6. Métodos de investigação científica nas Ciências Sociais 7. A Sociologia e a interpretação da sociedade do século XXI Considerações sociológicas – A produção do conhecimento sociológico Instrumento jurídico – A Sociologia como disciplina na Educação Básica Indicações Atividades
Capítulo 4 – Socialização e controle social 1. Primeiras palavras 2. Socialização e instituições sociais 3. Controle social Considerações sociológicas – Sociedade do espetáculo e relacionamentos digitais entre jovens Instrumento jurídico – O Estado e o desenvolvimento dos indivíduos Indicações
Capítulo 2 – A Sociologia e a relação entre o indivíduo e a sociedade 1. Primeiras palavras
Atividades
Capítulo 5 – Raça, etnia e multiculturalismo
2. A relação entre indivíduo e sociedade: perspectivas sociológicas clássicas
1. Primeiras palavras
3. A relação entre indivíduo e sociedade: perspectivas sociológicas contemporâneas
3. Raça, racismo e etnia: aspectos socioantropológicos
Considerações sociológicas – Os dilemas da construção da identidade na era da informação
4. Multiculturalismo e ação afirmativa
Instrumento jurídico – A lei e a defesa dos direitos individuais Indicações Atividades
MovimentAção – Pesquisa: O estatuto da criança e do adolescente: o Brasil de direito e o Brasil de fato
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2. Preconceito, discriminação e segregação
Considerações sociológicas – Um debate sobre as cotas raciais Instrumento jurídico – Ensino de História da África e dos Negros no Brasil Indicações Atividades
MovimentAção – Congresso: Diversidade cultural, preconceito e discriminação na escola
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Unidade 3 Relações de poder e movimentos sociais: a luta pelos direitos na sociedade contemporânea Capítulo 6 – Poder, política e Estado 1. Primeiras palavras
Unidade 4 Mundo do trabalho e desigualdade social Capítulo 9 – Trabalho e sociedade: explicando as bases da sociedade de classes
2. Poder, política e Estado
1. Primeiras palavras
3. As relações de poder na sociedade contemporânea
2. A questão do trabalho em Marx, Weber e Durkheim
4. Formação do Estado brasileiro Considerações sociológicas – O quarto poder Instrumento jurídico – O direito ao voto dos adolescentes no Brasil Indicações Atividades
Capítulo 7 – Democracia, cidadania e direitos humanos 1. Primeiras palavras 2. Democracia 3. Teoria democrática moderna 4. Teoria democrática contemporânea 5. Cidadania e direitos humanos 6. Democracia, cidadania e direitos humanos no Brasil
3. As experiências de racionalização do trabalho 4. Sistemas flexíveis de produção 5. Trabalho: cenário atual, avanços e retrocessos Considerações sociológicas – Uma nota sobre a crise atual Instrumento jurídico – Regulamentação do trabalho Indicações Atividades
Capítulo 10 – Estratificação e desigualdades sociais 1. Primeiras palavras sobre a desigualdade social 2. Formas de estratificação 3. Brasil: interpretação da pobreza e o cenário de mudanças e permanências socioeconômicas
Considerações sociológicas – Cidadania no Brasil
Considerações sociológicas – A nova classe média do Brasil
Instrumento jurídico – Os direitos humanos no Brasil
Instrumento jurídico – A igualdade entre os cidadãos brasileiros
Indicações
Indicações
Atividades
Atividades
Capítulo 8 – Movimentos sociais
MovimentAção – Festival: Música e desigualdade social no Brasil contemporâneo
1. Primeiras palavras 2. Movimentos sociais como fenômenos históricos 3. Características estruturais dos movimentos sociais 4. Movimentos sociais tradicionais e novos movimentos sociais
Unidade 5 Globalização e sociedade do século XXI: dilemas e perspectivas
Considerações sociológicas – Occupy Wall Street Instrumento jurídico – A legislação e os movimentos sociais
Capítulo 11 – Sociologia do Desenvolvimento
Indicações
1. Primeiras palavras
Atividades
2. Capitalismo internacional: crises e desenvolvimento
MovimentAção – A voz do cidadão
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3. Abordagens e perspectivas do desenvolvimento
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4. O debate sobre desenvolvimento na era da globalização Considerações sociológicas – Neodesenvolvimentismo ou desindustrialização? Instrumento jurídico – A Sudene como proposta de desenvolvimento regional do Brasil Indicações Atividades
4. Administração das cidades e o mercado Considerações sociológicas – Copa e Olimpíadas: bom ou ruim para a cidade? Instrumento jurídico – Política urbana no Brasil Indicações Atividades
Capítulo 14 – Gênero e sexualidade
Capítulo 12 – Globalização e integração regional
1. Primeiras palavras
1. Primeiras palavras
3. Gênero, sexualidade, poder e comportamento
2. O debate sobre a globalização: um ponto de partida sociológico
4. A violência contra a mulher, os movimentos sociais e a diversidade sexual
3. O mundo se modifica e iniciamos um novo debate
Considerações sociológicas – Gênero e política no jornalismo
4. Integração regional
Instrumento jurídico – A “Lei Maria da Penha”: prevenção, punição e erradicação da violência contra a mulher
5. Juntando e separando países Considerações sociológicas – Um panorama do debate sociológico sobre a globalização Instrumento jurídico – Convenção 29 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
2. O que é gênero e o que é sexualidade?
Indicações Atividades
Indicações
Capítulo 15 – Sociedade e meio ambiente
Atividades
1. Primeiras palavras
MovimentAção – Intercâmbio: Educação sem fronteiras para o desenvolvimento global
2. O contexto histórico da problemática socioambiental 3. Sociologia e meio ambiente 4. Modernização, transformação social e meio ambiente
Unidade 6 A vida nas cidades do século XXI – questões centrais de uma sociedade em construção Capítulo 13 – Sociedade e espaço urbano 1. Primeiras palavras
Considerações sociológicas – Economia verde e conflitos ambientais Instrumento jurídico – A legislação ambiental Indicações Atividades
2. Ordem × conflito: duas perspectivas sobre as cidades
MovimentAção – Júri simulado: Desocupação do Pinheirinho
3. Conflitos urbanos: violência e privatização do espaço público
Referências bibliográficas
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4
Socialização e controle social
ao final deste capítulo, o estudante deverá ser capaz de: ✔ Compreender a socialização como um
processo de integração dos indivíduos à sociedade e aos diferentes grupos sociais. ✔ Avaliar o papel das instituições sociais na
socialização e no controle social.
Questão motivadora Como a socialização e o controle social influenciam as escolhas e os comportamentos individuais?
✔ Identificar o controle social como um
mecanismo de exercício de poder. ✔ Identificar a importância das interações
EVANDRO TEIXEIRA/AGÊNCIA JB/FOLHAPRESS
Capítulo
e dos grupos sociais na construção e na desconstrução de padrões sociais.
A Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro (RJ, 1968), foi a mais expressiva manifestação popular contra a ditadura implantada em 1964, marcada pelo autoritarismo, supressão dos direitos constitucionais, perseguição política, prisão, tortura e assassinato dos opositores, além da imposição da censura prévia aos meios de comunicação.
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Sociologia em movimento CAPÍTULO 4
1
Primeiras palavras
É provável que, em algum momento de nossa vida, apesar de sermos seres únicos, indivíduos racionais, atores ativos na sociedade e nos grupos nos quais estamos inseridos, agimos e reagimos de modo muito semelhante a outros indivíduos. Como explicar que comportamentos e reações sejam similares, apesar da individualidade de cada um? Como entender que pessoas com as quais não estabelecemos nenhum contato pessoal compartilhem as mesmas opiniões e os mesmos comportamentos na sociedade?
Socialização e instituições sociais DELFIM MARTINS/PULSAR IMAGENS
2
Figura 4.1 Crianças em sala de aula, na escola municipal de ensino fundamental da Vila Produtiva Rural Uri (PE, 2011). A escola é um dos espaços de socialização mais difundidos nas sociedades contemporâneas.
A sociedade é uma produção humana, e o ser humano é uma produção social. Os indivíduos da espécie humana não conseguem sobreviver isolados ou se desenvolver sem a interferência de um grupo na formação de sua individualidade. A relação entre os indivíduos e a sociedade em que vivem é estudada pela Sociologia de acordo com o conceito de socialização. Esse conceito procura estabelecer os parâmetros de análise do processo pelo qual a sociedade concebe os indivíduos, e os indivíduos, por sua vez, concebem a sociedade. Podemos dizer, portanto, que a socialização é o processo de transmissão dos códigos culturais de um grupo social aos indivíduos que dele fazem parte, integrando-os à medida que interiorizam as informações recebidas. Esse processo se inicia no nascimento e continua por toda a vida, por meio do contato permanente de uns com os outros (Figura 4.1).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
As Ciências Sociais respondem a essas indagações por meio da análise de dois processos que ocorrem em todas as sociedades e culturas: a socialização e o controle social. Neste capítulo verificaremos como tanto o processo de socialização quanto o de controle social atuam na conformação dos indivíduos. Veremos ainda que há uma relação direta entre as formas de socialização e de controle social e as ideologias (no sentido conferido por Marx, como um sistema de ideias que legitima o poder da classe dominante).
Cronologia
Georg Simmel publica Questões fundamentais de Sociologia.
1900
1917
Georg Simmel publica Filosofia do dinheiro, obra de ensaios na qual faz uma análise sociológica da vida moderna.
1959
Peter Berger e Thomas Luckmann publicam A construção social da realidade.
Carlos Nelson Coutinho publica O estruturalismo e a miséria da razão, texto de crítica ferrenha ao estruturalismo.
1966
1972
Erving Goffman publica A representação do eu na vida cotidiana, obra na qual discute a questão dos papéis sociais e desenvolve a ideia do comportamento humano cotidiano como uma ação teatral.
1968
Louis Althusser escreve Aparelhos ideológicos do Estado.
1973 Philippe Ariès publica A história social da infância e da família.
14
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Socialização e controle social
Universidade de Boston
Peter Berger
Peter Berger: a socialização é um processo que envolve a aprendizagem, a imitação e a identificação.
A análise do processo de socialização como fase central da formação ganha importância científica a partir da obra do historiador francês Philippe Ariès, História social da infância e da família, que estuda a construção social da família e da infância na modernidade. Esse autor aponta que a distinção da infância como uma fase específica da vida, na qual o indivíduo recebe atenção especial, é uma característica que surge apenas a partir do século XVIII. Desde os primeiros contatos com o núcleo familiar, passando pela formação de relações de amizade, amorosas ou profissionais, os indivíduos são levados a estabelecer laços com o(s) outro(s). Constroem sua realidade com base nesse processo ininterrupto, sempre influenciados pelos diferentes elementos presentes na vida social. Para o sociólogo estadunidense de origem austríaca Peter Berger, a socialização constitui a interiorização, por parte dos indivíduos, da realidade vivida, que é subjetiva, em um desenvolvimento que os integra aos grupos sociais dos quais fazem parte desde a infância. Isso ocorre por meio dos mecanismos de socialização, pelos quais o mundo exterior molda o mundo interior dos indivíduos. Esses mecanismos são a aprendizagem, a imitação e a identificação. Os mecanismos de socialização acontecem em dois níveis, classificados como socialização primária e socialização secundária. Denominamos socialização primária os contatos caracterizados por alto grau de afetividade, que constituem relações diretas e de forte proximidade entre os integrantes, as interações face a face (Figura 4.2). É nessa fase que os indivíduos internalizam suas experiências e estabelecem, na maioria dos casos, relações sólidas e permanentes. Assim, tornam-se parte de um contexto social. Isso ocorre principalmente na infância, e a família é o melhor exemplo.
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Peter Berger nasceu na Áustria, em 1929. Como muitos intelectuais europeus de seu tempo, estabeleceu-se nos Estados Unidos após o final da Segunda Guerra Mundial. Desde seu livro mais influente e conhecido, A construção social da realidade (1966), escrito em parceria com o sociólogo alemão de origem eslovena Thomas Luckmann, Berger é reconhecido como um dos mais importantes autores da Sociologia do Conhecimento. Atualmente desenvolve trabalhos na área da Sociologia da Religião, com os quais debate questões como a relação entre a convicção religiosa e o fanatismo e o lugar das religiões em épocas de relativismo pós-moderno.
Capítulo 4
Quem escreveu sobre isso
Figura 4.2 Família reunida: a família é o principal ambiente de socialização primária.
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Sociologia em movimento
A socialização secundária pode ser entendida como a socialização iniciada ao final da infância e que continua pelo restante da vida (Figura 4.3). Nesse momento, a criança, já socializada, é introduzida em novas e diferentes realidades sociais, mais específicas, o que normalmente acontece nos espaços sociais fora da família nuclear, os espaços parciais. É o processo de socialização que ocorre nos locais de trabalho, nos grupos de amigos, nas práticas esportivas em grupo. Diferentemente da socialização primária, os agentes são mais diversificados, e sua atividade na adaptação do indivíduo ao grupo em questão está relacionada às escolhas e às situações sociais experimentadas pelos elementos envolvidos (Figura 4.4).
família
escola
trabalho Estado
Figura 4.3 As interações face a face, rotineiras na socialização primária, dão lugar à socialização secundária, que acontece de forma mais dispersa.
Figura 4.4 Pessoas trabalhando em um escritório: os locais de trabalho são espaços de socialização secundária.
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Flavia Maria sUsi
Atualmente, um agente de socialização exerce significativa influência sobre esses processos: os meios de comunicação de massa, que causam impacto na formação dos indivíduos desde a primeira infância pelos programas e publicidade direcionados ao público infantil.
As instituições sociais determinam as diferentes maneiras pelas quais os indivíduos são moldados no decurso de sua socialização. Por instituições sociais, entende-se o conjunto relativamente estável de padrões culturais sancionados coletivamente e que servem como modelo para a construção da personalidade e das ações dos indivíduos.
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Capítulo 4
Agentes de socialização São responsáveis pela implementação efetiva dos mecanismos de socialização, como família, escola e diferentes grupos sociais. A partir do século XX, também os meios de comunicação de massa podem ser incluídos nesse grupo, em muitos casos rivalizando com outros agentes, em especial a escola e a família. No século XXI, a difusão das tecnologias da informação e a expansão das redes sociais on-line ampliaram o leque de agentes de socialização.
O conceito sociológico de instituição social não tem estrutura material ou organização formal. No sentido sociológico, uma instituição é um padrão amplamente aceito de ação que tenta atender às necessidades criadas pelos agrupamentos humanos ao longo do tempo. O casamento é um exemplo de instituição social, pois é uma forma socialmente reconhecida de relacionamento entre indivíduos, que supre as necessidades sociais (reprodução e construção de um ambiente de socialização primária) e apresenta caráter normativo (regras, como monogamia, idade mínima e proibição de casamento entre membros da família nuclear). No processo de aprendizado e interação com tudo aquilo que nos cerca, surge uma série de características que vão determinar nossos pensamentos, ações e desejos individuais, além de estabelecer um vínculo entre quem somos e os grupos dos quais fazemos parte, nossa identidade social.
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Socialização e controle social
Para estudarmos os grupos sociais é importante, em um primeiro momento, diferenciá-los das instituições sociais. Ainda que ambos estejam relacionados, os grupos sociais se estabelecem por meio de interesses, práticas e valores compartilhados por um grupo de indivíduos, enquanto as instituições sociais se referem a padrões e normas que se aplicam aos diferentes grupos existentes em uma sociedade.
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Ao longo da vida, os membros de uma sociedade se inserem em diferentes grupos sociais. As “tribos urbanas” (que foram estudadas no capítulo 3) são exemplos de grupos sociais. As famílias (como conjunto de pessoas, que é diferente do conceito de instituição social), os estudantes, os trabalhadores de determinada empresa são também exemplos de grupos sociais, constituídos pela adesão dos sujeitos a determinadas formas comuns de ação, que os integram a uma coletividade específica. Os grupos sociais estão diretamente relacionados aos processos de socialização primários e secundários. Dessa forma, podemos classificar os grupos sociais, de acordo com o processo de socialização no qual se estabelecem, em primários e secundários. Os grupos sociais primários são aqueles em que as relações sociais são marcadas pela proximidade e pela interação direta. São constituídos por um pequeno grupo de indivíduos que desenvolvem sólidas relações de identificação uns com os outros (Figura 4.5).
Conteúdo multimídia Hip-Hop – MC
4.1
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Nesse sentido, a família é a primeira instituição social com a qual temos contato (cumpre o papel de transmitir padrões gerais de relacionamento dos laços de parentesco, hábitos e costumes socialmente compartilhados). Da mesma forma, a escola é responsável pela transmissão de padrões de relacionamento com grupos aos quais não pertencemos, do aprendizado de códigos e linguagens sociais e da prática dos valores necessários para a vida em comum. A religião, por sua vez, transmite padrões morais socialmente aceitos, além de formas de refletir sobre a morte e o transcendente.
CAPÍTULO 4
Grupos sociais
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Os grupos sociais secundários são aqueles em que as relações são pautadas pela impessoalidade, sustentadas por regras e normas formais de organização. As relações de identificação são menos sólidas e a convivência ocorre por um tempo menor do que nos grupos primários. Podem ser grupos formados por muitas pessoas que se conhecem apenas superficialmente: uma turma de alunos de uma universidade é um exemplo de grupo social secundário (Figura 4.6). Figura 4.5 Amigos se abraçando. Os grupos de amigos de longa data podem ser um bom exemplo de grupo social primário.
Figura 4.6 Estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (SP, 2008) durante manifestação contra a implantação de catracas, câmeras e detector de metais no prédio da Faculdade – exemplo de grupo social secundário.
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Sociologia em movimento Capítulo 4
Existem também grupos sociais intermediários. Trabalhadores de uma categoria profissional ou de uma empresa que atuam por muito tempo nos mesmos locais de trabalho, estabelecendo uma convivência prolongada e compartilhando experiências sociais semelhantes e específicas em relação a outros grupos sociais, podem desenvolver laços sociais similares àqueles encontrados nos grupos sociais primários. Nesse caso, estamos diante de um grupo social intermediário, que combina características tanto dos grupos primários quanto dos secundários. Os professores de uma escola ou os trabalhadores de uma fábrica que atuam juntos por muitos anos podem ser um exemplo de grupos sociais intermediários (Figura 4.7).
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Até algum tempo atrás, esse era um cenário comum em muitas categorias profissionais e em grupos religiosos. As transformações sociais, culturais e econômicas das últimas décadas reduziram o tamanho e a abrangência desses grupos nas sociedades, à medida que os interesses se tornaram mais particularizados e mutáveis.
Figura 4.7 Assembleia com trabalhadores de uma empresa de autopeças em São Paulo (SP, 2009). Os trabalhadores de categorias profissionais tradicionais e que têm convivência cotidiana são exemplos de grupos sociais intermediários.
A vida social nas sociedades contemporâneas possibilita que a experiência em diferentes tipos de grupos sociais aconteça, às vezes, no mesmo espaço. Por exemplo, quando um estudante passa a frequentar uma escola, ele estabelece tipos distintos de relações com outros estudantes. Com alguns deles pode criar laços que vão além da própria escola, partilhando referências, comportamentos e identificações sólidas e que permanecem por longo tempo (grupo social primário). Com outros, pode estabelecer relações sociais momentâneas, como a realização de uma atividade de pesquisa ou conversas informais no pátio da escola (grupo social secundário). E com outros ainda pode estabelecer relações sociais que sejam sólidas e duráveis (como gostar das mesmas disciplinas, participar constantemente das mesmas atividades), mas que estejam limitadas pela condição de estudante (essas relações são construídas por demandas, interesses e necessidades vivenciados no espaço escolar), caracterizando um grupo social intermediário. Outra característica das sociedades contemporâneas é a existência de grupos de pessoas que realizam ações e atividades iguais sem estabelecer laços diretos entre si, como consumidores de uma loja de departamentos ou trabalhadores em busca de um novo emprego. Nesses casos, estamos diante de categorias sociais que, para a Sociologia, são formadas por indivíduos que vivem experiências semelhantes, porém não estabelecem relações sociais diretas uns com os outros. Os estudantes de uma rede municipal ou estadual de ensino, por exemplo, formam uma categoria social.
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Socialização e controle social
Capítulo 4
Interação social Na vida em sociedade, um elemento central para a construção de cada sujeito é sua interação social ou o modo como ele estabelece relações com os outros indivíduos e com a cultura. Por interação social entende-se o conjunto das influências recíprocas desenvolvidas entre os indivíduos e entre estes e os grupos sociais. Todo o processo de socialização ocorre em um contexto de interação social.
As formas de interação se repetem, embora seu conteúdo possa variar. As diferentes formas de interação social, como a cooperação, a competição e o conflito, são padrões estáveis, ainda que possam manifestar seu conteúdo tanto no trabalho doméstico quanto nas atividades escolares (cooperação); nos esportes e nos concursos (competição); ou mesmo nas relações entre patrões e empregados ou fazendeiros e trabalhadores rurais sem terra (conflito).
Quem escreveu sobre isso Georg Simmel Georg Simmel (1858-1918) foi um ativo sociólogo alemão e publicou ao longo da vida cerca de 25 livros e mais de 300 ensaios sociológicos sobre os mais variados temas. Apesar de sua produtividade e da qualidade de seu trabalho, foi ignorado por muitos acadêmicos contemporâneos. Seus estudos foram importantes para a microssociologia, uma análise dos fenômenos no nível das interações diretas entre as pessoas. Entre seus muitos trabalhos é possível destacar A filosofia do dinheiro (publicado em 1900), A metrópole e a vida mental (1903), Questões fundamentais de Sociologia (1917).
097-f-U2-C04-SLG – Georg Simmel, Sociólogo alemão.
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Para o sociólogo alemão Georg Simmel, a sociedade resulta das interações sociais estabelecidas entre os indivíduos. No entanto, para que elas formem a sociedade, seu conteúdo precisa estar representado seguindo um conjunto de parâmetros que orientam as diferentes formas de interação. Esses parâmetros formam a base na qual as interações sociais se desenvolvem. Por exemplo, um grupo de amigos resolve criar um time de futebol amador no bairro onde moram. Como é um time amador, não está necessariamente sujeito às regras oficiais do futebol. No entanto, para que a iniciativa produza o efeito desejado, eles tomarão como parâmetro, ou modelo, as equipes de futebol existentes na sociedade.
Georg Simmel: “Diante da impossibilidade de conhecer a totalidade dos processos sociais, os estudos sobre seus fragmentos e detalhes podem levar à compreensão do todo”.
Para o sociólogo canadense Erving Goffman, a interação social é realizada segundo as posições e os papéis executados por atores e grupos sociais e ocorre nas chamadas situações sociais, em um ambiente histórica e espacialmente definido. Nesse contexto, há uma série de rituais que ordenam e orientam as relações sociais, permitindo aos indivíduos e aos grupos se identificarem e serem identificados e monitorados por formas de agir, falar e responder às diferentes situações sociais.
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Sociologia em movimento
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Erving Goffman Erving Goffman (1922-1982), sociólogo canadense, contribuiu de forma significativa para a teoria sociológica com o desenvolvimento do interacionismo simbólico, criado de acordo com a análise dramatúrgica das interações sociais cotidianas. Desenvolveu importantes estudos sobre a construção das identidades sociais, do estigma e das formas de interação social tanto na vida cotidiana quanto no que chamou de instituições totais, como manicômios e prisões.
Erving Goffman integrou, em seus trabalhos, uma série de autores provenientes de diversas tradições intelectuais, num período em que os diferentes modelos explicativos existentes nas ciências sociais tendiam a manter certa distância entre si.
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Uma das tarefas da socialização é a percepção, por parte dos indivíduos e grupos, da necessidade de adotar condutas reconhecidas socialmente no processo de interação social. Quando comparecemos a uma festa de aniversário, independentemente da proximidade que tenhamos com o aniversariante, temos consciência de que determinadas condutas devem ser adotadas naquele momento (Figura 4.8). Do mesmo modo, em cada ambiente ou situação social, adotamos comportamentos que supomos serem os esperados, que variam quando estamos em casa, em uma cerimônia de formatura ou em um velório.
Figura 4.9 Organograma de uma empresa. Distintas posições na estrutura ocupacional indicam diferentes condições de status.
Status e papéis sociais Nas diversas esferas da sociedade e nos diferentes processos de interação, grupos e indivíduos ocupam posições sociais associadas a diferentes graus de prestígio, poder, direitos e deveres. Na Sociologia, essa condição é denominada status. Todos os membros de uma sociedade ou grupo social possuem uma ou mais posições de status. Por exemplo, em uma empresa, patrões, diretores e empregados ocupam lugares distintos na hierarquia. Portanto, possuem status diferenciados. A cada posição estão relacionados diversos níveis de prestígio, responsabilidade, privilégios etc. Quando alguém muda sua posição nessa hierarquia, seu status também se modifica, de acordo com a nova situação ocupacional (Figura 4.9). Flavia Maria sUsi
Figura 4.8 Em ocasiões festivas, como aniversários, adotamos comportamentos sociais esperados.
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Capítulo 4
Quem escreveu sobre isso
PRESIDENTE
GER. PRODUTO
ENGENHARIA
GER. COMERCIAL
PRODUÇÃO
GER. FINANCEIRO
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A cada posição de status é atribuída uma maneira específica de agir e de se relacionar socialmente. Estamos diante do que a Sociologia denomina papéis sociais. São os comportamentos socialmente esperados de indivíduos e grupos em uma determinada posição de status. Por exemplo, quando um(a) professor(a) entra na sala de aula, há uma expectativa por parte dos alunos de que ele (ela) cumpra uma determinada rotina, socialmente definida. Apesar das diferenças quanto ao modo de conduzir as aulas e se relacionar com os alunos, há um conjunto de procedimentos esperado dos professores. Por sua vez, o(a) professor(a), mesmo ciente das diferenças entre os alunos, tem uma expectativa sobre o que eles devem fazer ou de como devem reagir às estratégias pedagógicas utilizadas. Nesse caso, tanto os professores quanto os alunos cumprem um papel social relacionado à posição de status de que desfrutam em certo momento. Ao chegarem a suas casas, após as atividades na escola, estarão em outra posição de status e, consequentemente, exercerão outros papéis sociais (Figuras 4.10 e 4.11).
Capítulo 4
O status pode ser percebido de acordo com a posição ocupada na sociedade e na estrutura social por indivíduos e grupos, podendo ser legal (quando determinado por leis e normas), social (quando não depende ou é estabelecido à margem da legislação), adquirido (quando a posição de status está relacionada ao mérito pessoal) ou atribuído (quando a posição de status é atribuída por outrem).
4.1 Biblioteca do estudante: Leitura complementar
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O exercício de papéis sociais não pode ser analisado separadamente das posições de status com as quais se relacionam. Um mesmo status pode envolver diferentes papéis sociais. No caso de um estudante, sua posição de status comporta papéis sociais como aluno, colega de turma ou amigo; mantém o mesmo status de estudante, mas tem diferentes obrigações e atribuições conforme o ator social com o qual interage.
Figuras 4.10 e 4.11 Mulheres em diferentes papéis sociais. Os indivíduos exercem vários papéis sociais ao longo da vida.
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Sociologia em movimento Capítulo 4
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Controle social
Em qualquer sociedade ou grupo social, a previsibilidade dos comportamentos — pelas normas sociais formais (como as leis) e informais (regras de conduta amplamente aceitas, embora não regulamentadas) — é condição para que seja mantida a ordem social. Esta pode ser compreendida como um padrão determinado de possibilidades reconhecidas, que dá coerência a comportamentos, relacionamentos e costumes. A socialização dos indivíduos permite inseri-los em uma estrutura ou sistema social preexistente, orientando-os para o que denominamos conformidade, ou seja, a ação orientada por uma norma e seus limites de comportamento.
O controle social compreende os mecanismos que delimitam as ações e as interações sociais seguindo parâmetros previsíveis, incorporados pelos indivíduos por meio da socialização. Pode ser analisado por duas perspectivas: uma percebe as relações sociais orientadas para uma harmonia funcional, visando o desenvolvimento coletivo; outra entende essas relações como marcadas pela contradição que estabelece os conflitos sociais, econômicos e políticos que movimentam a sociedade ao longo da história. A primeira interpretação, derivada da abordagem funcionalista de Durkheim sobre a importância das regras e normas para a coesão social, indica que este controle deveria garantir a harmonia social. Assim, o controle social seria constituído de estruturas materiais e simbólicas que conformariam os indivíduos ao sistema social, prevendo punições para os casos em que isso não ocorresse, os estados de anomia. Uma agremiação exerce controle social sobre seus membros principalmente pelo processo de socialização. Esse é o mecanismo que consolida determinado modo de organização coletiva, induzindo e mantendo a conformidade das pessoas a padrões, papéis sociais, relações e instituições valorizados pela cultura. Outra abordagem para o mesmo fenômeno parte do princípio de que as relações sociais e a realidade derivada delas são constituídas por contradições que, em vez de gerar um todo social harmônico, levam ao conflito. Em uma crítica às teorias focadas na ordem e na harmonia social, esse modo de perceber o controle social, visto na tradição sociológica de Karl Marx e Max Weber, faz crer que os mecanismos ou recursos que compõem o controle social estão relacionados à defesa dos interesses de grupos específicos que detêm o controle econômico, cultural e político. Interesses antagônicos dos diferentes grupos determinariam os conflitos que dão forma à realidade social como a percebemos, e não um desequilíbrio ou patologia (isto é, o desvio do que é considerado normal) de uma sociedade supostamente harmônica da qual não consta qualquer registro na história das sociedades.
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Nas relações sociais, um dos elementos importantes é a possibilidade de prever as ações dos sujeitos com alguma segurança. Essa previsibilidade depende do conjunto de normas que orientam o grupo e da adesão dos membros desse grupo às normas. Tal possibilidade é essencial para a cooperação, manutenção e preservação do grupo social. Os mecanismos pelos quais se garante conformidade à ordem social constituem um conjunto conhecido como controle social.
Nessa abordagem, o controle social está relacionado à ideologia e se dá em diferentes instituições sociais. Quando interpretadas como meios materiais do controle ideológico, as instituições sociais não só representam uma vontade coletiva construída nas interações sociais, mas também uma forma de transformar em comportamento padrão uma visão de mundo particular de determinado grupo que procura manter sua posição de domínio. A reprodução dos interesses particulares de um grupo ou classe social mediante processos de socialização dos demais grupos e classes impõe os valores específicos dos que detêm o poder, mesmo se contrários aos interesses dos demais, em valores coletivos a serem aceitos como normais.
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Socialização e controle social
Capítulo 4
Mecanismos e agentes de controle social Como vimos no início deste capítulo, o modo como agimos na sociedade está intimamente relacionado ao nosso processo de socialização. Vimos ainda que todas as sociedades criam formas estáveis de interação entre os indivíduos. O que garante essa estabilidade são os diferentes agentes e mecanismos de controle social.
Mecanismos de controle social
Figuras 4.12 e 4.13 Trabalhadores em uma fábrica (AM, 2009) e multidão assistindo à abertura das Olimpíadas de Londres (Inglaterra, 2012). O funcionamento ordenado nos locais de trabalho e a realização de eventos de grande porte são exemplos de atividades que dependem da previsibilidade dos comportamentos sociais.
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Para as Ciências Sociais, mecanismos são todos os elementos sociais (estruturas, padrões culturais, status, atos, instituições) que têm como objetivo conduzir o conjunto das ações individuais para limites relativamente previsíveis. Por exemplo, as regras de conduta de uma empresa estabelecem limites previsíveis para os empregados. Com esse parâmetro, qualquer comportamento fora do padrão é imediatamente identificado e os patrões podem exercer coerção sobre os indivíduos que se desviaram a fim de garantir a ordem habitual. Portanto, a internalização de determinadas formas de conduta por parte dos indivíduos permite a realização de ações coordenadas e espontâneas de grande porte, que vão desde atividades industriais até eventos ou situações de lazer, passando por estabelecimentos de ensino e instituições militares (Figuras 4.12 e 4.13). A realização de eventos de grande porte que envolvem milhares de pessoas sem incidentes relevantes só é possível quando a maioria dos participantes segue um padrão previsível de conduta.
Os mecanismos de controle social podem ser legais (quando são organizados em leis, normas e outras formas de expressão legal) ou sociais (quando existem apenas como norma social coletiva, sem previsão legal). Por exemplo, a legislação exige que em determinados lugares (presídios, quartéis, tribunais) se utilizem vestimentas específicas, como uniformes e outros trajes. Quem não segue a legislação prevista sofre sanções legais (advertência, suspensão, retirada do local). Entretanto, há formas de se vestir sancionadas socialmente, mesmo sem previsão na lei. Vestir-se de modo considerado inadequado por um grupo social implica olhares de reprovação e zombarias, eventualmente até a exclusão do grupo. Nesse caso, está em curso um mecanismo social de controle que delimita como os indivíduos devem se vestir (Figuras 4.14 e 4.15).
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Figuras 4.14 e 4.15 Soldados de uniforme e pessoas em uma cerimônia de casamento. As formas de se vestir são um exemplo de como atos da vida cotidiana sofrem influência dos mecanismos de controle social.
Agentes de controle social 4.2
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Biblioteca do estudante: Leitura complementar
Os agentes de controle social são os mesmos que realizam o processo de socialização. A família, a escola, o Estado, a religião e os meios de comunicação de massa são considerados os principais agentes de controle social, já que cabe a eles transmitir e fiscalizar a adequação dos indivíduos às normas e regras sociais. Em nossos dias, os meios de comunicação de massa são agentes de controle social bastante eficazes. Seja por transmitirem modelos de comportamentos e adequação social por meio de sua programação, seja por exercerem o papel de fiscalização das normas e regras sociais. Em um filme ou novela, por exemplo, autores e diretores não se limitam a apontar modos de comportamento social, mas também definem quais comportamentos são adequados e quais são inadequados. O tradicional conflito entre o bem e o mal, típico de filmes e novelas, reproduz uma determinada maneira de olhar e conceber o mundo. Socialmente, isso significa que se associam aos ideais e ao comportamento dos “mocinhos” valores positivos e desejáveis, em contraposição ao comportamento que se deve condenar e evitar, praticado pelos “vilões” (Figura 4.16).
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Capítulo 4
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Influenciados por essa dicotomia desde a infância, também reproduzida nas histórias infantis, os indivíduos passam a adotar certo posicionamento nas ações cotidianas. A repetição de modelos serve como formador e também delimitador de comportamentos aprovados ou condenados pela sociedade.
Figura 4.16 Imagem de super-heróis de quadrinhos e filmes. Os heróis são exemplos de modelos de comportamento difundidos pelos meios de comunicação de massa e exercem o papel de agentes de controle social.
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Quem escreveu sobre isso leonardo aversa/aGÊncia o GloBo
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O filósofo franco-argelino Louis Althusser dividiu os agentes de controle social em dois blocos: o de aparelhos repressivos e o de aparelhos ideológicos de Estado. Por aparelhos repressivos de Estado, ele entende o conjunto dos órgãos e instituições que estabelecem o controle social por meio da repressão ou da possibilidade de realizá-la, como as Forças Armadas, a polícia e o sistema judiciário (Figura 4.17). Os aparelhos ideológicos de Estado são as instituições que estabelecem o controle social pela difusão de determinadas ideologias e atendem aos interesses daqueles que detêm o poder. Mais difundidos na sociedade contemporânea que os aparelhos repressivos, os aparelhos ideológicos de Estado seriam representados, entre outros, pelas religiões, escola, família, sindicatos, sistemas de informação e cultura. Essas instituições são o veículo para que a ideologia dominante possa se difundir socialmente e possibilite o controle social pelas classes dominantes. Cabe ressaltar que, para Althusser, nenhum aparelho é somente repressivo ou ideológico, pois as duas características estão presentes em todas as instituições e a classificação depende de sua principal forma de ação. A perspectiva desenvolvida pelo autor é pessimista em relação à capacidade de ação autônoma do indivíduo diante do controle exercido pelas classes dominantes. A escola, por exemplo, é vista por Althusser como o aparelho ideológico de Estado mais significativo da sociedade contemporânea. Todas as características da sociedade capitalista se reproduzem no espaço escolar, tanto do ponto de vista ideológico quanto do repressivo, nas diferentes relações sociais estabelecidas pelos atores sociais. Essa posição, no entanto, é criticada porque pressupõe um domínio completo das estruturas sobre os indivíduos. O cientista político baiano Carlos Nelson Coutinho critica Althusser pelo seu esquecimento da história e pelo seu entendimento das estruturas como elemento absoluto da formação social. Em sua crítica, Coutinho denuncia o abandono da discussão sobre o papel dos indivíduos na história e a capacidade destes de transformá-la.
Carlos Nelson Coutinho O filósofo, cientista político e crítico literário Carlos Nelson Coutinho (1943-2012) foi um intelectual marxista de grande influência no Brasil. Professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e reconhecido internacionalmente por sua análise da obra de Gramsci, teve papel importante na construção de uma teoria política no Brasil, em particular na crítica ao estruturalismo marxista e na defesa da democracia como valor universal.
Professor Carlos Nelson Coutinho: cientista político baiano reconhecido internacionalmente por analisar a obra de Gramsci.
Figura 4.17 Polícia reprime manifestação estudantil em São Paulo (SP, 1968) durante a ditadura militar. Para Althusser, a polícia é um dos aparelhos repressivos de Estado.
Estado Estrutura política e organizacional que regula e se sobrepõe à sociedade ao mesmo tempo que dela faz parte. Compreende o conjunto das instituições (governo, Forças Armadas, funcionalismo público etc.) que controlam e administram um território.
4.3 Biblioteca do estudante: Leitura complementar
Pode-se pensar que, apesar de as instituições serem a principal forma de controle social sobre os indivíduos, há a possibilidade, mesmo nessas instituições, de surgirem comportamentos relativamente autônomos ou divergentes. Isso implica afirmar que a escola, apesar de ser um dos principais lugares de reprodução da ideologia dominante, pode converter-se, em razão das ações e interações nela ocorridas, em local propício para o surgimento de formas alternativas de comportamento, organização e ação social (Figuras 4.18, 4.19 e 4.20).
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Figuras 4.18, 4.19 e 4.20 Movimento estudantil em três momentos históricos: anos 1960, 1990 e em 2012. O movimento estudantil é uma demonstração de que é possível haver construção de visões alternativas às da classe dominante.
4.4 Biblioteca do estudante: Leitura complementar
Percebe-se que, paralelamente à influência dos meios de comunicação sobre a sociedade, surgem também novas formas de utilização das tecnologias da informação, voltadas para a produção de visões e comportamentos alternativos. Um exemplo são as rádios e as TVs comunitárias, que usam técnicas empregadas na produção de filmes e novelas para apresentar uma interpretação distinta das difundidas pela indústria cultural, ressignificando-as, pois valorizam aspectos ignorados pelas grandes empresas de comunicação (Figura 4.21).
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Capítulo 4
Sociologia em movimento
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Outro exemplo atual são as redes sociais. Ainda que com alcance limitado e, por vezes, marcadas pelo consumismo e individualismo, essas redes se tornaram instrumentos importantes na produção de novos significados e novas formas de comportamento, que se diferenciam dos padrões estabelecidos pelas classes sociais dominantes. Um bom exemplo disso foi a utilização das redes sociais nos eventos da chamada Primavera Árabe, pois elas permitiram aos que lutavam contra governos autoritários (que por décadas exerceram controle sobre a população e reprimiram a oposição) transmitir e divulgar ideias e eventos, superando o bloqueio das mídias oficiais. Assim, conseguiram obter apoio para sua luta política em várias partes do mundo. Figura 4.21 Rádio da Escola Municipal Celestino Pimentel, Natal (RN, 2009). As rádios comunitárias têm sido um espaço alternativo de valorização de práticas sociais dos segmentos com pouco acesso aos canais de comunicação de massa.
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Socialização e controle social
Capítulo 4
Considerações sociológicas
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Sociedade do espetáculo e relacionamentos digitais entre jovens Os recursos da internet vêm facilitando a articulação e a criação de redes que promovem novas formas de expressão e comunicação. Atraem particularmente os jovens, porque permitem a reinvenção dos vínculos sociais. A cultura contemporânea tornou híbridas as culturas de massa e digital, mas a relação quase magnética entre juventude e tecnologias deve ser problematizada. A atratividade pode ser explicada pela linguagem lúdica das interfaces. O uso de dispositivos móveis com conexão à internet e a constante frequência a lan houses constituem um hábito que cria usos e apropriações que podem transformar a vida social em um grande espetáculo. O escritor francês Guy Debord chamou a sociedade contemporânea de “sociedade do espetáculo” por ser dominada pelo consumo e pelas imagens e informações veiculadas pela mídia. Nas redes sociais, os internautas deliberadamente expõem aspectos de sua intimidade, conquistas, viagens e gostos pessoais, tornando-se alvos da observação social. Mais do que ser notados, almejam ser seguidos, para alcançarem o máximo de visibilidade social. Para muitos jovens, a concepção de sociabilidade inclui necessariamente o ambiente on-line, mas não se limita a este. Os contatos se estabelecem nas interfaces digitais, continuam na interação pessoal e podem retornar a seu início, marcando seus rastros por imagens, fotos e mensagens que permanecem expostas e podem ser visitadas e revisitadas constantemente. As redes sociais e as comunidades virtuais têm posição central nas estratégias de vida dos jovens (principalmente dos que vivem em centros urbanos). Quem não faz parte das redes perde a oportunidade de afirmar-se no grupo e de construir sua rede de relacionamentos pessoais off-line, já que as senhas simbólicas para os contatos estão no ambiente on-line. Assim, os princípios da cibercultura, definidos por Andre Lemos e Pierre Lévy como “liberação da palavra”, “conexão” e “reconfiguração”, fazem parte das estratégias de vida dos jovens praticantes da cultura digital. O uso das redes sociais é tomado como padrão e terreno para as expressões e para a sociabilidade juvenil, que se potencializam no ciberespaço. É no mundo dos jovens urbanos que são visíveis algumas das mudanças mais profundas e desconcertantes da sociedade contemporânea: os pais já não ditam o padrão dos comportamentos, a escola não é o único lugar legitimado do saber e tampouco o livro é o eixo que articula a cultura. Os jovens vivem hoje a emergência das novas sensibilidades, dotadas de uma especial empatia com a cultura tecnológica, que vai da informação absorvida pelo adolescente em sua relação com a televisão à facilidade para entrar e navegar na complexidade das redes informáticas. A exibição de si mesmo e a contemplação do outro nos remetem ao fenômeno contemporâneo da expressão da experiência pessoal e cotidiana na internet, desde meados dos anos 1990. É uma tendência à publicação, nos sites pessoais, de informações sobre a intimidade dos próprios autores. Os diários pessoais são ressignificados e se deslocam das antigas encadernações trancadas a cadeado para a publicação em rede. Jovens com “perfis muito povoados” provavelmente passaram por vários colégios ou instituições de ensino, estão envolvidos em movimentos sociais ou grupos específicos, frequentam muitas festas ou até mesmo adicionam às suas redes pessoas que não conhecem, apenas pela busca de popularidade, ou seja, para se sentirem mais reconhecidos e confiantes. O consumo de bens culturais também pode servir de critério classificatório e determinar posições hierárquicas entre os jovens, pautando sua sociabilidade.
4.5 Biblioteca do estudante: Leitura complementar
4.6 Visão do especialista
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Sociologia em movimento Capítulo 4
Instrumento jurídico O Estado e o desenvolvimento dos indivíduos Uma das questões centrais do debate jurídico na sociedade contemporânea diz respeito ao papel da sociedade e do Estado no desenvolvimento pleno dos indivíduos como seres sociais. Nesse sentido, tendo como eixo a questão da Educação e outros direitos sociais, é possível constatar que ao longo das últimas décadas diversas normas legais brasileiras tentaram apontar caminhos e definir obrigações que envolvessem Estado, sociedade e indivíduo.
4.7 Visão do especialista
A Constituição Federal de 1934 aborda o tema em dois artigos ao afirmar que é função do Estado “traçar as diretrizes da educação nacional” (Art. 5o, inc. XIV) e “difundir a instrução pública em todos os seus graus” (Art. 10o, inc. VI). Promulgada seguindo o contexto de reforço do papel do Estado na sociedade e das demandas da sociedade por educação formal, há um reconhecimento oficial de que a formação dos indivíduos é tarefa do Estado. A Constituição Federal de 1946, escrita e promulgada no contexto pós-Segunda Guerra Mundial, sob a influência da vitória dos aliados, incorpora a formação como direito dos cidadãos. Em seu Art. 5o, inc. XV, d, reafirma a Constituição de 1934 quando diz que é tarefa da União definir as “diretrizes e bases da educação nacional”. No Capítulo II, “Da Educação e da Cultura”, ressalta, entre outras assertivas, que: “Art. 166. A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Deve inspirar-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Art. 167. O ensino dos diferentes ramos será ministrado pelos Poderes Públicos e é livre à iniciativa particular, respeitadas as leis que o regulem. Art. 168. A legislação do ensino adotará os seguintes princípios: I. o ensino primário é obrigatório e só será dado na língua nacional; II. o ensino primário oficial é gratuito para todos; o ensino oficial ulterior ao primário sê-lo-á para quantos provarem falta ou insuficiência de recursos; III. as empresas industriais, comerciais e agrícolas, em que trabalhem mais de cem pessoas, são obrigadas a manter ensino primário gratuito para os seus servidores e os filhos destes; [...]
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Base constitucional
Art. 169. Anualmente, a União aplicará nunca menos de dez por cento, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nunca menos de vinte por cento da renda resultante dos impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino.” A Constituição de 1988, elaborada no contexto da redemocratização política e da incorporação dos valores de defesa da infância e da adolescência, recupera e amplia esses princípios apontando a educação como direito social. Dessa forma, o Art. 6º, já citado anteriormente, preleciona que “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990) explicita este novo contexto afirmando que: “Art. 3o A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
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Capítulo 4
Socialização e controle social
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Art. 4o É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. [...]
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.” Desse modo, a legislação amplia também para a sociedade a obrigação de formar novos indivíduos, incorporando ao aparato legal a noção construída em diferentes áreas do conhecimento, inclusive nas Ciências Sociais, de que os indivíduos se formam por meio da interação social. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, e suas atualizações, vêm tornando ainda mais específica a legislação que incorpora essas premissas, constituindo um instrumento legal que ampara os processos de socialização formal existentes na sociedade brasileira.
Tomada de decisão Não é difícil criticar a administração pública em qualquer dos seus níveis: união, estados ou municípios. Por outro lado, também não é difícil defender, em nível retórico, a efetivação dos direitos sociais. Mas por certo não é fácil administrar um ente público ou garantir esses direitos. Muitos dos que criticam (com ou sem razão) os administradores públicos teriam dificuldades em decidir o que é melhor para as localidades nas quais residem. Tendo a tomada de decisão como referência, os alunos devem realizar a seguinte atividade: a) Dividir a turma em 5 grupos. b) Coletar dados do seu município, que podem ser obtidos na Prefeitura
de sua cidade ou no site do IBGE. c) Coletar dados do país, obtidos no site do IBGE, para fins de comparação
e perspectiva. d) Destacar os principais problemas do município (aqui também o mu-
nicípio real pode servir de base): sugere-se educação, saúde, trabalho, moradia e assistência aos desamparados, presentes no rol do art. 6o da Constituição. e) Cada grupo deve definir o destino dos recursos disponíveis (que não
podem ultrapassar 20% do PIB total do município). f ) Em seguida, cada grupo apresenta suas decisões e explica qual critério
foi utilizado nas escolhas feitas e como elas foram organizadas dentro do grupo. g) Os direitos sociais foram contemplados? Ou não? Discuta com seus
colegas as dificuldades para decidir onde alocar os recursos.
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Sociologia em movimento
Filmes e vídeos
Honra e liberdade Inglaterra/Nova Zelândia, 2005 Direção: Vincent Ward Na década de 1860, durante a colonização britânica da Nova Zelândia, a irlandesa Sarah (Samantha Morton) e sua família estão em meio a uma guerra entre os invasores europeus e os maoris, povo natural da ilha. Em uma das sangrentas batalhas entre os conquistadores e os nativos, seu filho é sequestrado pelos aborígines. Depois de muitos anos percorrendo o país, ela finalmente o encontra, mas ele está profundamente integrado à cultura local. Agora, Sarah terá de enfrentar uma guerra maior ainda que a dos invasores: reconquistar o amor do filho.
reprodUÇÃo reprodUÇÃo
Gattaca — A experiência genética EUA, 1997 Direção: Andrew Niccol Em um futuro no qual os seres humanos são criados em laboratórios, as pessoas concebidas biologicamente são consideradas “inválidas”. Vincent Freeman (Ethan Hawke), um “inválido”, consegue lugar de destaque em uma corporação escondendo sua verdadeira origem. Mas um misterioso caso de assassinato pode expor seu passado.
reprodUÇÃo
O garoto selvagem França, 1970 Direção: François Truffaut. Um menino que viveu toda a sua vida em uma floresta de Aveyron, na França, é encontrado em 1797. Encaminhado para um centro de surdos-mudos, torna-se objeto de curiosidade. Em seguida, é levado por um médico, que acreditava ser possível transformar o garoto selvagem em um homem sociável.
Livros DEBERT, Guita Grin. A reinvenção da velhice. São Paulo: Edusp, 2004. O livro faz uma análise ousada do processo de construção social da velhice no Brasil. Atualmente, o idoso é um ator que está presente no debate sobre políticas públicas, nas interpelações dos políticos em momentos eleitorais e até mesmo na definição de novos mercados de consumo e de outras formas de lazer. Os integrantes do que se convencionou chamar de “terceira idade” crescem a cada ano e já são porção considerável da população, o que coloca para as famílias, para as empresas e para o governo questões que não podem deixar de ser respondidas. DEFOE, Daniel. Robinson Crusoé. São Paulo: Iluminuras, 2004. Publicado em 1719, o livro narra a clássica aventura do náufrago Robinson Crusoé, que passou 28 anos em uma remota ilha tropical americana até ser resgatado. Crusoé conhece um índio, Sexta-Feira, e, além de ensinar ao nativo os costumes de um homem branco, também absorve conhecimentos que vão transformar sua vida e fazê-lo repensar seu mundo. AMADO, Jorge. Gabriela, Cravo e Canela. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. A história se passa na década de 1920, em Ilhéus, durante o ciclo do cacau, em um universo de coronéis, jagunços, prostitutas e beatas. Esse é o cenário em que se desenrola o romance entre o sírio Nacib e a mulata Gabriela. Com sua sensualidade, cheiro de cravo e cor de canela, Gabriela conquista Nacib e os demais homens da cidade. Escrito em 1958, esse romance se tornou um sucesso mundial e ganhou versões para a televisão e o cinema aclamadas mundo afora.
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Capítulo 4
Indicações
Sites <www.cafecomsociologia.com> Criado por um professor de Ciências Sociais, o blog divulga informações, ideias, dicas de aula, vídeos, textos, eventos etc. Aborda diversos temas das Ciências Sociais, entre eles a socialização. <http://manguevirtual.blogspot.com.br> Intitulado veículo de arte, poesia e livre expressão, o site dá boas dicas de discussões sociológicas, perpassando diversos temas tidos como essenciais para a área.
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Atividades Reflexão e revisão
Lista de exercícios
Questão 1 Ao longo deste capítulo, discutimos as diferentes faces do processo de socialização e de controle social. Vimos algumas análises sociológicas sobre o tema e como elas nos ajudam a compreender a realidade social e o modo como os indivíduos e grupos agem na sociedade. Tendo como base os conteúdos estudados, responda às perguntas a seguir. 1. Em que consiste o processo de socialização e quais tipos de socialização podem ser identificados?
b) O aumento da taxa de jovens encarcerados in-
dica, por um lado, problemas no processo de socialização dos jovens que não são integrados às normas sociais vigentes e, por outro, uma tentativa do Estado de utilizar a punição como forma de controle social diante dos problemas quanto à formação social da juventude. c) O cárcere representa uma forma de controle social do crime, em que o Estado atua como agente de proteção dos demais membros da sociedade. d) O cárcere substitui a escola para muitos desses jovens, sendo, portanto, uma instituição que transmite um conjunto de regras que podem ajudar a recuperar jovens criminosos.
2. Explique a diferença entre grupos e instituições sociais.
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3. De que modo o controle social permite estabe-
lecer uma previsibilidade no comportamento dos indivíduos e grupos sociais?
4. Analise o impacto das tecnologias da informação nos processos de socialização e de interação social atualmente.
Questão 2 “Segundo a Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos estados com o maior número de jovens em cumprimento de medidas socioeducativas de privação de liberdade, destaca-se o estado de São Paulo, um total de 7.069 jovens internos (50% das internações no Brasil) […] Nos últimos dez anos, avalia-se que as reformas no sistema socioeducativo no estado de São Paulo permitiram o aumento dos encarceramentos de jovens, não em decorrência do aumento da criminalidade, mas sim em virtude da construção de instituições destinadas à punição e também pela implementação de medidas socioeducativas em meio aberto.” TEIXEIRA, Joana D’arc. Punição e controle social da juventude: políticas contrárias aos direitos humanos. Anais do Encontro Fazendo Gênero. Florianópolis, 2008.
A vida de muitos jovens brasileiros, em particular os de classes populares urbanas, é marcada pelo encarceramento e por uma sociabilidade violenta, em que a força se torna o princípio organizador das relações sociais. Com base nos conceitos de socialização e controle social, pode-se dizer que (marque a única opção correta): a) Muitos desses jovens vivem em ambientes
violentos e, portanto, agem de forma violenta, ameaçando a convivência social. Cabe ao Estado restabelecer a ordem social, com o uso de prisões.
Questões para debate Questão 1 “Os limites da amizade pela internet ainda não estão definidos e são objeto de intensa controvérsia, tanto teórica quanto prática. Filósofos como Sraker especulam sobre o futuro da amizade e das relações humanas. Muitos dos 54 milhões de brasileiros inscritos no Facebook se perguntam se o que fazem todos os dias, se as horas que dedicam à interação com pessoas que nunca olharam nos olhos são apenas uma perversão digital do mais nobre dos afetos humanos. Os amigos do Facebook são desbravadores que responderão, na prática, à seguinte pergunta: é possível criar amizades verdadeiras pela internet e cultivá-las a distância? Ou, na verdade, as redes sociais estão nos isolando atrás da tela do computador?” BUSCATO, Marcela; KARAM, Luíza & AYUB, Isabella. Revista Época, 24 de setembro de 2012. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2012/10/como-fazer-amigos-de-verdade-em-temposde-facebook.html.> Acesso em: 26 jun. 2013.
Neste capítulo, abordamos diferentes formas de socialização. Com o surgimento das novas tecnologias e formas de comunicação, percebemos que há pessoas cada vez mais conectadas no mundo virtual. Discuta com seus colegas de turma a influência da internet e das demais tecnologias da informação em seu cotidiano. Para isso, faça algumas entrevistas com pessoas de diferentes gerações e tente identificar o lugar que a internet e outras tecnologias da informação ocupam em suas vidas. Em seguida, apresente um painel com as diferentes percepções observadas. Qual o uso que as diferentes gerações fazem da internet? Como a sua geração se insere nesse contexto? O que esses resultados dizem sobre o seu processo de socialização e o de seus colegas de turma?
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Atividades
“Na aprendizagem social, a família desempenha uma importante função e constitui um sistema em que os respectivos membros se diferenciam pelos diversos papéis sociais que lhes são atribuídos. As categorias de idade e sexo são fundamentais nessa diferenciação e o evoluir dos correspondentes papéis sociais, estreitamente relacionado com a mudança das estruturas familiares e da sociedade global, reflete-se no processo e nas formas de socialização da criança.” SANTOS, Maria de Lourdes Lima dos. Família e “socialização”: um aspecto da evolução social contemporânea. Revista Análise Social. Disponível em: <http://analisesocial. ics.ul.pt/documentos/1224253589K0xTB3uv8Hy76SY8. pdf>. Acesso em: 26 jun. 2013.
A afirmativa da socióloga portuguesa Maria de Lourdes Lima dos Santos é uma reflexão sobre a influência das novas configurações familiares e das características do mundo globalizado na configuração das novas formas de socialização. Com base nos conceitos relacionados à socialização que foram apresentados neste capítulo, como é possível entender a influência dessas características contemporâneas na formação de crianças e jovens?
Exame de seleção (UEL 2012) Leia o texto a seguir. “O primeiro beijo é sempre o último”. Assim um informante define, com certa nostalgia, o surgimento de uma nova rotina na prática de “ficar” entre os jovens ao longo da night. “Ficar” é essencialmente beijar, beijar em série, beijar muito. O primeiro beijo, marcado por algo absolutamente fugaz, registro imediato do tátil, desliga-se do que outrora era ritual do enamoramento, prelúdio de uma trajetória sentimental. [...] No campo do afeto e do exercício da sociabilidade, essa mesma noite propicia comportamentos que revelam a transitoriedade, a seriação e o deslocamento afetivo como um novo mecanismo de agrupamento dos jovens. (ALMEIDA, M. I. M. de. Guerreiros da noite - cultura jovem e nomadismo urbano. In Ciência hoje, v. 34, n. 202, p. 28.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a sociabilidade moderna, considere as afirmativas a seguir. III. As práticas assinaladas entre os jovens identificam-se ao que se definiu como pós-modernidade, isto é, relações fluidas, marcadas pela instantaneidade e por rupturas contínuas com referenciais preestabelecidos. III. O comportamento dos jovens que optam pela prática do “ficar” é diferente do estado anômico, analisado por Durkheim, na medida em
que as bases da existência social mantêm seu funcionamento normal. III. A vida social moderna, ao individualizar os sujeitos, eliminou a necessidade, entre os jovens, de participar de agrupamentos identitários e de estabelecer vínculos sociais com outras pessoas. IV. A adoção da prática antissocial do “ficar” é fruto de uma juventude sem valores morais, como família, tradição e propriedade privada, presentes desde os primórdios da humanidade. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Questão para pesquisa “Nos últimos anos, e de forma cada vez mais intensa, podemos observar que os jovens vêm lançando mão da dimensão simbólica como a principal e mais visível forma de comunicação, expressa nos comportamentos e atitudes pelos quais se posicionam diante de si mesmos e da sociedade. É possível constatar esse fenômeno nas ruas, nas escolas ou nos espaços de agregação juvenil, onde os jovens se reúnem em torno de diferentes expressões culturais, como a música, a dança, o teatro, entre outras, e tornam visíveis, através do corpo, das roupas e de comportamentos próprios, as diferentes formas de se expressar e de se colocar diante do mundo. O mundo da cultura aparece como um espaço privilegiado de práticas, representações, símbolos e rituais no qual os jovens buscam demarcar uma identidade juvenil. Longe dos olhares dos pais, professores ou patrões, assumem um papel de protagonistas, atuando de alguma forma sobre o seu meio, construindo um determinado olhar sobre si mesmos e sobre o mundo que os cerca. Nesse contexto, a música é a atividade que mais os envolve e os mobiliza. Muitos deles deixam de ser simples fruidores e passam também a ser produtores, formando grupos musicais das mais diversas tendências, compondo, apresentando-se em festas e eventos,criando novas formas de mobilizar os recursos culturais da sociedade atual além da lógica estreita do mercado.”
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Questão 2
DAYRELL, Juarez. O rap e o funk na socialização da juventude. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 28, n. 1, jan./jun. 2002. Disponível em: <www.scielo. br/pdf/ep/v28n1/11660.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2013.
Em grupo, pesquisem quais são as formas de socialização mais observadas na cidade onde moram. Procurem avaliar o papel da música na socialização dos jovens de hoje. Façam uma comparação com as gerações de seus pais e depois apresentem um painel apontando semelhanças e diferenças entre as formas de socialização da época de vocês com a deles.
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Raça, etnia e multiculturalismo
ao final deste capítulo, o estudante deverá ser capaz de: ✔
Compreender os conceitos de raça, racismo, etnia e etnicidade e suas inter-relações.
✔
Discutir criticamente os temas do racismo e de algumas formas de
Questão motivadora Por que o racismo persiste no Brasil e como podemos combatê-lo?
preconceito e de discriminação como resultado das relações e práticas sociais estabelecidas historicamente. ✔
Identificar as desigualdades sociais decorrentes das relações raciais.
MICHELE MOLINARI/ALAMY/OTHER IMAGES
Capítulo
Coleção de máscaras indígenas de cerâmica no Museu do Barro, em Assunção, Paraguai.
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Sociologia em movimento
CAPÍTULO 5
1
Primeiras palavras
Ao longo deste capítulo veremos que teorias científicas e regimes políticos buscaram manter as desigualdades raciais e sociais fundamentando-se em pretensas diferenças raciais e étnicas. Veremos também que as relações entre diferentes culturas fizeram com que se desenvolvesse no país um racismo “à brasileira”. Diferentemente de outros países – como os Estados Unidos até os anos 1960 e a África do Sul até 1994, em que a desigualdade racial foi institucionalizada — no Brasil ela acontece de modo dissimulado, no cotidiano, sem amparo legal.
2
Preconceito, discriminação e segregação
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Preconceito, discriminação e segregação são conceitos com definições diferentes. O significado de cada termo é atribuído em relação às disputas de poder político, territorial, institucional e simbólico em diferentes períodos históricos, cada qual com suas circunstâncias socioculturais. Preconceitos de classe, de crença, de gênero, de orientação sexual, de nacionalidade, de etnia, de cultura, entre outros, dão base para diferentes formas de discriminação e segregação. Essas práticas, que expressam estruturas hierárquicas socialmente construídas, valorizam certos grupos sociais em detrimento de outros. Assim, os métodos de discriminação e segregação materializam processos ideológicos fundamentados em preconceitos que refletem a hegemonia de um grupo social e a consequente subordinação dos demais. Preconceitos, discriminações e segregações serviram e ainda servem de base, critério e referência para a manutenção das desigualdades sociais. Entretanto, para a construção Cronologia
Abolição da escravidão no Brasil.
1492
1888
Chegada oficial dos europeus ao continente americano.
Institucionalização do apartheid na África do Sul.
1933
1948
Gilberto Freyre publica Casa-grande & senzala.
1950 Declaração das Raças da Unesco.
Promulgada a Lei Federal no 1.390/51, conhecida como Lei Afonso Arinos, que torna o racismo contravenção penal no Brasil.
1951
1955
Cerca de 250 mil manifestantes reúnem-se em Washington, capital dos EUA, para a marcha pelos direitos civis.
1963
Rosa Parks, negra norte-americana, rebela-se contra a lei de segregação no estado do Alabama; o episódio marca o início da luta pelos direitos civis nos EUA.
1965
A Constituição brasileira reconhece a diversidade cultural do país.
1988
Florestan Fernandes publica A integração do negro na sociedade de classes.
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Raça, etnia e multiculturalismo
Refletir sociologicamente sobre esses conceitos significa discutir criticamente a formação histórica, social, econômica e política, bem como a identidade nacional brasileira. Assim, devemos questionar continuamente nossos próprios valores e condutas diante das diferenças culturais e das desigualdades sociais presentes no Brasil e no mundo. É necessário compreender melhor o contexto em que esses valores e condutas são produzidos, para que nossas opiniões e atitudes não reproduzam preconceitos passados, mas sejam ações refletidas conscientes e comprometidas com os fundamentos do Estado democrático.
Capítulo 5
de sociedades fundamentadas não em preconceitos, mas nos direitos humanos e na valorização da diversidade étnico-cultural, é preciso questionar e investigar as bases dos pensamentos preconceituosos e dos comportamentos racistas, discriminatórios e segregacionistas.
5.1 Biblioteca do estudante: Leitura complementar
reprODUçãO
Saiba mais
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A Constituição brasileira A Constituição do Brasil prevê em seu preâmbulo uma sociedade que “assegure o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias”. Tal sociedade exige a reflexão crítica, a renovação do pensamento e a construção de comportamentos que efetivamente reconheçam a riqueza caracterizada pela diversidade humana presente no país.
Eleição de Nelson Mandela como presidente da África do Sul põe fim ao regime do apartheid.
1989
1994
Promulgada a Lei no 7.716/89, que torna o racismo crime inafiançável no Brasil.
1997
Conferência mundial da ONU contra o racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerâncias correlatas, realizada em Durban, África do Sul, condena a discriminação e a intolerância e aprova um programa de ação para combater o racismo em nível internacional, regional e nacional.
2001
Promulgada a Lei Federal no 9.504/97, que estabelece uma cota destinada às mulheres de 30% das vagas para candidaturas eleitorais nos partidos políticos brasileiros.
2002
Constituição da República Federativa do Brasil, em edição do Senado Federal.
A Lei Federal no 10.639/2003 torna obrigatório o ensino de história da cultura afro-brasileira e africana nas escolas de Educação Básica.
2003
Lei Federal no 10.558/2002 cria o Programa Diversidade na Universidade, no âmbito do Ministério da Educação.
2003
A Universidade de Brasília aprova a adoção de cotas para negros, indígenas e afrodescendentes.
2004
A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) adota o sistema de cotas raciais e sociais com a aprovação da Lei Estadual no 4151/2003.
2012 O Supremo Tribunal Federal confirma a constitucionalidade da Lei de Cotas Raciais.
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Sociologia em movimento
Capítulo 5
Preconceitos Os preconceitos são atitudes negativas e desfavoráveis contra uma pessoa, grupo, povo ou cultura diferente daquele que os manifesta. Fundamentadas em estereótipos negativos – generalizações superficiais e depreciadoras do outro –, tais atitudes servem de base para julgamentos prévios. A legislação considera crime qualquer forma de preconceito. Contudo, infelizmente persistem na sociedade brasileira preconceitos relacionados a diferentes aspectos sociais quase imperceptíveis por serem socialmente naturalizados – isto é, aceitos como naturais, comuns e permanentes – e por estarem profundamente enraizados no cotidiano das práticas culturais. Por que os preconceitos persistem nas sociedades e por que passaram a ser combatidos? Para o antropólogo congolês radicado no Brasil Kabengele Munanga, a classificação dos grupos étnicos também pode cumprir a função social de valorizar elementos como língua, religião, visão de mundo e outros aspectos da cultura de seu grupo, de sua comunidade, etnia ou nação. Essa valorização, por sua vez, promove a unidade, a solidariedade e a identidade que garantem a sobrevivência do grupo. Entretanto, quando se valorizam apenas traços culturais correspondentes a uma identidade sociocultural específica em detrimento das outras, passa-se a depreciar integrantes e práticas de grupos diferentes, desqualificando-os. Portanto, sociologicamente, as classificações e diferenciações entre as etnias resultam das interações entre indivíduos e entre grupos sociais, funcionando como mediadores das relações sociais. Uma torcida de futebol cantando, comemorando e torcendo pelo seu time em um estádio (Figura 5.1) é uma imagem positiva da existência de uma relação de identidade comum entre diferentes indivíduos e grupos. No entanto, o enfrentamento entre torcidas (Figura 5.2) devido à exacerbação dessas especificidades demonstra que esse mesmo sentimento pode resultar em preconceito, segregação e violência.
5.2 Biblioteca do estudante: Leitura complementar
aleKSanDr UtKin/ria nOVOSti/aFp
JOSÉ patriCiO/aGênCia eStaDO
Caracterização de um indivíduo ou de um grupo social feita a partir de generalizações e de ideias superficiais criadas para definir seu comportamento e características. O estereótipo é uma imagem simplista que não corresponde à realidade; entretanto, sua influência sociocultural interfere fortemente no modo pelo qual as identidades sociais são definidas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Estereótipo
Figura 5.1 Estádio do Pacaembu (SP, 2012). A relação de identidade entre os participantes de uma torcida de futebol estabelece laços positivos. Figura 5.2 Polícia intervém em briga de torcidas (Rússia, 2008). Uma relação positiva de identidade em torno de um grupo pode resultar em conflito com outros grupos em decorrência de preconceito, segregação e violência.
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Raça, etnia e multiculturalismo
U.Dettmar/SCO/Supremo Tribunal Federal
Kabengele Munanga
Munanga foi o primeiro antropólogo de seu país, a atual República Democrática do Congo, e trabalha no Brasil desde 1980. Acima, em foto de 2010.
Para a professora e pesquisadora em Educação Vera Maria Candau, do Rio de Janeiro, os preconceitos, sob o ponto de vista afetivo, são difundidos, enraizados e renovados na sociedade por meio dos mecanismos educativos. Mas é importante deixar claro que os preconceitos também se difundem em ambientes mais amplos do que o sistema educacional formal, como os meios de comunicação, família, religião, esporte, lazer etc. O processo de socialização nessas diferentes instituições influencia escolhas, crenças, gostos e gestos, ocasionando atitudes negativas, que são, assim, socialmente construídas e emocionalmente internalizadas nas pessoas e grupos. Há casos em que o preconceito é imperceptível até para a própria vítima, quando o indivíduo que é alvo dele não percebe uma atitude como preconceituosa. Por exemplo, quando um garoto negro que caminha na rua com outros, não negros, vê como normal o fato de ser o único a ser revistado pela polícia. Isso mostra que o preconceito está muito difundido nas interações sociais, ao ponto de tornar-se aceitável tanto por aquele que o comete quanto pelo que sofre seus efeitos perversos. Essa naturalização do preconceito deve ser sempre questionada. Quando um humorista cria um personagem fictício que reproduz um preconceito contra mulheres, negros, homossexuais ou os naturais de alguma região ou cidade (Figura 5.3), muitas vezes a sociedade e os próprios grupos envolvidos nessa caracterização preconceituosa se divertem e consideram aceitável que tais grupos sejam ridicularizados. Nesse contexto, o caráter humorístico do personagem pode disfarçar o preconceito e dificultar sua percepção.
Jaime Guimarães/Grooeland.blogspot.com
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nascido em 1942, em Bakwa Kalonji, na República Democrática do Congo, tornou-se Professor Titular da Universidade de São Paulo. Sua experiência de pesquisa concentra-se na área de Antropologia das Populações Afro-Brasileiras, e ele atua principalmente nos seguintes temas: racismo, identidade, identidade negra, África e Brasil. Entre seus estudos, vale destacar o artigo “As facetas de um racismo silenciado”, no qual aponta que elementos preconceituosos pouco explícitos podem ser dotados de alta eficácia discriminatória.
Capítulo 5
Quem escreveu sobre isso
Figura 5.3 O humor pode ajudar a generalizar preconceitos.
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Sociologia em movimento
Capítulo 5
Discriminação As diferentes formas de preconceito podem levar a várias práticas de discriminação (socioeconômica, de religião, orientação sexual, gênero, idade, cultura, etnia, nacionalidade etc.). A discriminação é a negação da igualdade de tratamento transformada em ação concreta. Ocorre a partir de agentes diversos – indivíduos, grupos e instituições – e pode ser, na maioria das vezes, observável e mensurável. Embora sejam fenômenos sociais distintos, a discriminação e o preconceito estão inter-relacionados no convívio social.
Reprodução/Agência O Dia
A discriminação pode ser direta e visível, passível de reprovação imediata, mas também pode ocorrer de maneira indireta e sutil, de difícil percepção. É o caso, por exemplo, dos anúncios para recrutamento de funcionários em empresas que solicitam o currículo do candidato acompanhado de fotografia. Assim, essa empresa pode selecionar candidatos por sua aparência, abrindo espaço para discriminação étnica, social etc. (Figura 5.4).
Figura 5.4 Denúncia na imprensa em 2011 – também no mercado de trabalho, o racismo persiste no Brasil, mesmo sujeito a sanções criminais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Discriminação é uma atitude ou tratamento diferenciado em relação ao outro que prejudica uma das partes envolvidas. Discriminar é estabelecer algum tipo de distinção que, generalizada contra determinado grupo ou indivíduo no convívio social, pode levá-lo à marginalização ou exclusão, isto é, à estigmatização e ao isolamento social.
Já a discriminação direta pode ser comprovada quando mulheres recebem salários inferiores aos dos homens, mesmo quando exercem as mesmas funções no mercado profissional (Tabela 5.1). Tabela 5.1
Desigualdade de rendimento entre homens e mulheres no Brasil – 2010 Sexo
Rendimento médio
Homens
R$ 1.390,99
Mulheres
R$ 983,37
A renda das mulheres representa apenas 70% do ganho dos homens. Fonte: IBGE. Censo 2010: resultados gerais da amostra. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
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Observando a tabela, como explicar que a renda média das mulheres seja menor que a dos homens? Uma justificativa possível: as mulheres sofrem discriminação no mercado de trabalho. Em alguns casos, é vedado a elas o acesso a determinados postos de trabalho ou cargos em empresas e instituições. Isso pode ocorrer de maneira explícita, como nas forças armadas, onde apenas recentemente a admissão de mulheres foi efetivada; ou de maneira implícita, como em diversas empresas nas quais se escolhem homens para os cargos executivos, de maior prestígio e melhor remuneração. Socialmente, essas discriminações são justificadas por uma pretensa competência maior dos homens para cumprir determinadas tarefas e exercer funções mais valorizadas. Assim, o mercado de trabalho é segmentado conforme o gênero, tendo as atividades destinadas às mulheres remuneração menor que as atribuídas aos homens. Em algumas situações, a discriminação pode ser acompanhada pela segregação, com o objetivo de separar e isolar os grupos que sofrem preconceito e discriminação, considerados minorias, isto é, grupos marginalizados e vulneráveis que vivem à sombra da cultura majoritária ou dominante.
Minorias Na Sociologia, as minorias são definidas, sobretudo, por sua posição econômica e politicamente desvantajosa, apesar de o termo ter múltiplos significados (numérico, político, indicativo de grupos étnicos e raciais, religiosos, de gênero etc.). Por sua dubiedade, é pouco utilizado nas análises das relações interétnicas.
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
Saiba mais
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Cracolândia “Fase 1: consolidação da área – início 03/01. Trata-se de operação policial com vista prioritariamente a prender traficantes, usuários de drogas e procurados da justiça com ação de presença. Fase 2: ação social – não previsto início. Fase 3: manutenção da área – não previsto início.” “O trecho acima foi retirado de documento oficial enviado à Guarda Civil Metropolitana (GCM) pela Secretaria Municipal de Segurança Urbana (nota de instrução no 01/2012) de São Paulo, com o teor do Plano de Ação Integrada Centro Legal, iniciado em 3 de janeiro de 2012, em sua versão voltada à região da Estação da Luz, estigmatizada como ‘Cracolândia’. Sob a justificativa de uma suposta ‘epidemia de crack’, as três esferas de governo se mobilizam para apresentar à sociedade uma proposta de restauração da ordem pública. Quarenta dias depois, a operação apresenta como resultados a dispersão de parte da população de indesejáveis para bairros vizinhos, 232 pessoas presas e 224 internadas. O caso da Luz é emblemático: no momento em que o Centro de São Paulo é alvo de uma disputa acirrada entre o capital imobiliário especulativo e os interesses dos setores mais diversos presentes na região, o primeiro passo para a aplicação do Projeto Nova Luz e consequente expansão das fronteiras do mercado imobiliário é a expulsão – direta, pela ação ostensiva da PM, e indireta, pela valorização imobiliária – da população pobre.
Na prática, a operação não esconde seu caráter higienista de perseguição aos indesejáveis: moradores de rua, usuários de crack, prostitutas, vendedores ambulantes, comércios ‘irregulares’ etc. No mesmo sentido, realizam-se despejos forçados e reintegrações de posse de imóveis ocupados pelos trabalhadores que disputam a oferta de empregos e de infraestrutura do Centro. Ainda assim, moradores, comerciantes, proprietários e movimentos de moradia têm se articulado para resistir aos efeitos da realização deste projeto, ou amenizá-los, buscando incidir nos escassos canais de participação política, como o conselho gestor das Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis). […] Curioso constatar que, embora seja a bola da vez, o crack não é a droga mais letal: 84,9% das mortes relacionadas a drogas no Brasil são atribuídas, na verdade, ao álcool. Aqui, como nas ocupações militares ‘pacificadoras’ do Rio de Janeiro, mais uma vez o combate aos entorpecentes vem legitimar a onipresença das forças de segurança, que têm como alvo, prioritariamente, condutas de populações específicas.” MACHADO. Juliana. Guerra às drogas e territórios em disputa. Le Monde Diplomatique Brasil, 7 mar. 2012.
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CAPÍTULO 5
Segregação A segregação é o estabelecimento de uma fronteira social ou espacial que aumenta as desvantagens de grupos discriminados. É imposta por leis e caracteriza-se como ação política que busca manter à distância indivíduos e grupos considerados inferiores ou indesejáveis. Portanto, é um ato de violência de alguns grupos sobre outros. A segregação é colocada em prática de maneira consciente e institucional, com base em falsas ideias, como a superioridade de uma etnia, gênero, classe social ou nacionalidade sobre outras. O exemplo contemporâneo mais significativo de segregação foi o regime do apartheid, que vigorou na África do Sul durante boa parte do século XX. Saiba mais
Conteúdo multimídia: Mandela
O apartheid foi a política oficial de segregação racial da África do Sul. Para seus formuladores, tratava-se de desenvolvimento separado dos colonizadores europeus e da população negra nativa. Apesar de já contar com uma legislação segregacionista que criava áreas restritas para negros e brancos e proibia relações afetivas inter-raciais desde o começo do século XX, somente a partir de 1948, com a vitória do Partido Nacional Africâner (os descendentes dos colonizadores holandeses que desenvolveram na África do Sul uma cultura específica, com idioma e hábitos próprios), houve a institucionalização do apartheid como projeto nacional. Para sua implantação, um conjunto de atos jurídicos legalizou o racismo e promoveu a segregação racial na África do Sul. As primeiras leis do apartheid foram o Mixed Marriage Act (Lei do Casamento Misto), de 1949, e o Immorality Act (Lei da Imoralidade), de 1950, que proibiam casamentos e relações sexuais e afetivas inter-raciais.
Placa em um banheiro público de Johanesburgo, em 1985: “brancos”, em inglês e africâner. Diferentemente do Brasil, na África do Sul a segregação era garantida pela lei.
TREVOR SAMSON/AFP
BERNARD BISSON/SYGMA/CORBIS/LATINSTOCK
O Group Areas Act (Lei das Áreas de Grupos), instituído também em 1950, designava os locais de residência e de trabalho nas cidades de acordo com a raça de seus habitantes, e foi o fundamento do sistema de apartheid urbano. A lei impedia que não brancos vivessem em certas cidades ou bairros e trabalhassem em áreas economicamente mais viáveis.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Apartheid – exemplo de segregação
Jornal anuncia a libertação de Nelson Mandela em 11 de fevereiro de 1990. A eleição de Mandela representou o fim da segregação institucional e o início da construção da democracia multirracial sul-africana.
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No Brasil, apesar dos avanços legais que criminalizaram diferentes formas de discriminação, ainda são numerosos os episódios de atitudes preconceituosas. Estádios, boates, shows, festas e escolas são espaços onde se observam com frequência exemplos de preconceito. A reincidência dessas atitudes produz, em indivíduos e grupos sociais, a consolidação de estigmas, que podem resultar em situações de violência extrema.
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
5.3 Biblioteca do estudante: Leitura complementar
Termo utilizado para caracterizar negativamente um “indivíduo que está inabilitado para a aceitação social plena”. Essa é a definição inicial, apresentada na obra Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada, do cientista social canadense Erving Goffman (1922-1982), publicada em 1963.
Em 1953, o governo decretou o Reservation of Separate Amenities Act (Lei da Conservação de Diversões Separadas) e instituiu a separação espacial das categorias raciais em relação ao lazer. Espaços públicos, como praias, piscinas, banheiros, teatros, cinemas, ginásios de esportes, além de meios de transporte e bibliotecas, passaram a ser restritos de acordo com as categorias raciais estabelecidas pela Lei de Registro da População (Population Registration Act), que definia a população em grupos “raciais”: white (brancos), coloured (mestiços e indianos) e native (negros). O regime segregacionista sul-africano terminou em 1994, com a eleição de Nelson Mandela, o principal líder da resistência ao apartheid na África do Sul. Mandela esteve preso de agosto de 1962 a fevereiro de 1990. Foi libertado aos 72 anos – em virtude das pressões políticas e sociais exercidas sobre o regime sul-africano por países de todo o mundo –, e continuou a luta contra a segregação sofrida pelos negros em seu país. Foi presidente da África do Sul entre 1994 e 1999 e comandou a transição do regime do apartheid para uma África do Sul democrática e multirracial. Nos últimos anos, apesar do fim do regime de segregação, a crise econômica e a desigualdade social fazem com que a maior parte da população (cujos negros são maioria absoluta) ainda viva em condições de pobreza e miséria. Dados do relatório da ONU “O Estado das Cidades do Mundo 2010” colocam Johanesburgo, Ekurhulen e Buffalo City como algumas das cidades mais desiguais do mundo. peter tUrnleY/COrbiS/latinStOCK
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Estigma
Atualmente, o conceito de estigma está relacionado a comportamentos considerados desviantes, minoritários ou ameaçadores pelas elites dominantes.
Campanha para a eleição de Nelson Mandela à presidência da África do Sul em 1994.
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Sociologia em movimento
CAPÍTULO 5
3
Raça, racismo e etnia: aspectos socioantropológicos
Ao longo da história da humanidade, foram frequentes os encontros entre grupos sociais cujas diferenças eram percebidas principalmente pelos traços físicos. Essas características passaram a servir, então, como critério para classificar os diferentes grupos humanos. Conteúdo multimídia Quanto vale ou é por quilo?
5.2
Nesse contexto, as diferenças físicas foram utilizadas como rótulo qualificativo e indicativo de suposição de superioridade e de inferioridade, diferenciando colonizadores e colonizados sob a premissa do etnocentrismo.
NATIONAL ARCHIVES, WASHINGTON
Estavam criadas as condições para especular sobre as diferenças a partir da cor da pele, inicialmente atribuída à maior ou menor intensidade da luz solar. No século XVIII, a cor da pele foi transformada no principal critério classificatório das hierarquias raciais produzidas pela Ciência Natural. Controlado pelos interesses econômicos e políticos das elites metropolitanas europeias, o processo de colonização buscou subordinar as populações nativas da Ásia, África, Oceania e Américas, explorando ao extremo seus recursos humanos e naturais. Os europeus justificaram suas ações com a ideia de que esses povos eram inferiores porque possuíam características físicas e culturais diferentes. Construía-se, assim, uma forma de agir perante o outro que conhecemos como racismo. Toda ação preconceituosa, discriminatória ou segregacionista perpetrada contra quaisquer indivíduos e grupos por causa de sua origem étnica é racismo. Como teoria, tenta justificar uma superioridade étnica a partir de supostos atributos herdados biologicamente. É uma visão de mundo carregada de ideologia (pensada como falsa consciência da realidade), que esconde um fato não confessado desde aquela época: a relação de poder e dominação de determinados grupos sobre outros.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A partir do século XV, os europeus lançaram-se à exploração do mundo, no período das Grandes Navegações. Nessa época, as diferenças entre os grupos humanos com base no fenótipo – conceito da Biologia que define o conjunto de características físicas de um ser vivo –, associadas aos interesses econômicos e políticos das elites das metrópoles, serviram também como critério para justificar a exploração das populações nativas da Ásia, África, Oceania e Américas pelos povos colonizadores europeus (espanhóis, ingleses, franceses, portugueses e outros). Por apresentarem características físicas e culturais diferentes, os povos nativos passaram a ser considerados inferiores e, em alguns casos, desprovidos de humanidade (Figura 5.5).
Figura 5.5 Escravo mostra cicatrizes resultantes do açoitamento (EUA, 1863).
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A ideologia do racismo baseou-se em estudos do comportamento humano que procuraram explicar as diferenças sociais e culturais a partir dos conceitos das ciências naturais. Tais estudos influenciaram a criação de teorias raciais e eugênicas, que buscavam justificar a ideia da existência de povos “inferiores” e “superiores”. Essas teorias ainda estão na base do pensamento que sustenta o racismo.
Teorias raciais e eugênicas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
No final do século XIX e início do século XX, a ideia de superioridade entre os grupos étnicos, isto é, de que existem grupos humanos fortes e fracos segundo características físicas herdadas biologicamente, foi associada a traços intelectuais e morais. Essa soma de suposições deu suporte para a difusão de argumentos pretensamente científicos que justificaram ações políticas de controle social exercidas pelas elites dominantes sobre as populações dominadas, negras e indígenas.
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
Eugenia Termo desenvolvido pelo inglês Francis Galton (1822-1911) que significa “bem-nascido”. Propõe o melhoramento da espécie humana a partir da reprodução de indivíduos com características desejáveis.
Para estudiosos da época, o termo “raça” definia um grupo humano com características próprias – físicas, psicológicas e culturais –, transmitidas desde seus antepassados. De acordo com essa visão, as diferenças humanas são determinadas essencialmente pelo fator biológico, e os indivíduos são herdeiros dos traços físicos e das aptidões do seu grupo social de nascimento. O chamado racismo científico e a tese da eugenia, bem como seus defensores, surgiram nesse contexto. Entre os representantes dessa linha de pensamento europeu que tiveram forte influência no Brasil estão o ensaísta francês Arthur de Gobineau (1816-1882) e o médico italiano Cesare Lombroso (1835-1909). Segundo Gobineau, existiriam três raças puras: branca, negra e amarela. As demais variações seriam resultados de uma miscigenação entre essas raças. Seu principal argumento era que cada raça apresentava características físicas, psicológicas e sociais próprias, e a mistura entre elas resultaria na degeneração da raça considerada mais desenvolvida (a branca), embora ajudasse as outras raças inferiores (negra e amarela) a se desenvolver. Quanto mais uma nação fosse miscigenada, como no Brasil, maior seria o grau de degeneração observado. Com base nessa interpretação, alguns pensadores passaram a defender o “branqueamento” da população brasileira como solução para o desenvolvimento do país, nos moldes da sociedade europeia. Entre eles, destacam-se o médico e antropólogo Nina Rodrigues e o jurista e historiador Oliveira Vianna. Para Cesare Lombroso, a diferença entre uma pessoa honesta e uma pessoa criminosa estaria relacionada a aspectos físicos. Seus estudos procuraram no organismo humano características próprias dos criminosos. As ideias de Lombroso tiveram grande repercussão em diversas áreas de conhecimento, influenciando pesquisadores na Europa e na América Latina. A difusão dessas ideias contribuiu para a efetivação do racismo como ação política e ideológica. O critério racial passou a ser elemento explicativo das diferenças de aptidões nas profissões, de modos de viver e de tendências criminosas. A combinação das características físicas herdadas por uma pessoa com certos traços de sua personalidade, inteligência ou cultura indicaria a existência de raças humanas naturalmente inferiores ou superiores a outras. Essa falsa ideia levou muitos a acreditarem num certo determinismo dos caracteres biológicos, herdados da natureza, sobre os traços da personalidade e da cultura.
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Figura 5.6 Soldados índios de Curitiba escoltando selvagens, de Debret, em Viagem pitoresca e histórica ao Brasil (1834-1839). O racismo é uma maneira de justificar a dominação de um grupo sobre outro.
5.4 Biblioteca do estudante: Leitura complementar
O racismo supõe a existência de “raças” humanas e a caracterização biogenética de fenômenos puramente sociais e culturais. Além disso, também é uma modalidade de dominação ou uma maneira de justificar a dominação de um grupo sobre outro (Figura 5.6), inspirada nas diferenças fenotípicas da espécie humana. A ideologia racial teve grande sucesso no Brasil do século XIX. A ideia da superioridade dos brancos europeus foi bem aceita por parte dos intelectuais da época, especialmente entre médicos, advogados e políticos, os quais desejavam construir um país à semelhança da matriz europeia. O movimento abolicionista e a própria abolição da escravidão em 1888 não foram capazes de alterar essa tese. Os negros e mestiços foram, em sua maioria, relegados a posições subalternas na sociedade brasileira, e suas práticas culturais, em muitos casos, foram criminalizadas.
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Capítulo 5
bibliOteCa mariO De anDraDe, SãO paUlO
Sociologia em movimento
Como consequência, os grupos dominantes implementaram um conjunto de políticas de imigração que favoreciam a mão de obra europeia com instrumentos legais (leis, decretos etc.). Além das razões econômicas buscou-se estimular a miscigenação da população brasileira com a europeia para promover o “branqueamento” da sociedade. Para aqueles que pensavam assim naquela época, o negro e o mestiço representariam o atraso da sociedade brasileira rumo ao progresso e à modernidade, bem como um empecilho para a construção da identidade nacional.
A teoria da democracia racial A partir da década de 1930, no contexto de construção de uma identidade nacional que valorizasse a interação social entre as diferentes etnias formadoras da população brasileira, foi desenvolvida uma nova perspectiva acerca da questão racial. Tendo como expoente Gilberto Freyre, afirmava-se que o Brasil seria uma sociedade na qual, em vez da discriminação e segregação raciais absolutas, haveria miscigenação, e isso possibilitaria o convívio harmonioso entre as diferentes “raças”. Para a chamada democracia racial, o fenômeno da mestiçagem era consequência da convivência “salutar” e “democrática” entre pessoas de “raças” diferentes.
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reprODUçãO
aGênCia eStaDO
Gilberto Freyre
Capítulo 5
Quem escreveu sobre isso
Gilberto Freyre (1900-1987), sociólogo, antropólogo e historiador pernambucano, é considerado um dos mais importantes pesquisadores da cultura e da identidade nacional no Brasil. A principal contribuição de Freyre para a discussão sobre as relações raciais é a interpretação do Brasil a partir dos aspectos positivos da miscigenação, rompendo com as teorias racistas que predominaram no século XIX. Gilberto Freyre e sua contribuição para o estudo das relações raciais no Brasil, Casa-grande & senzala, de 1933. Foto de 1981.
Os estudos de Freyre sobre a mestiçagem e sua visão sobre a convivência racial harmoniosa no Brasil provocaram uma revisão das teorias raciais, que condenavam sociedades com grandes contingentes de mestiços, e ofereceram uma visão mais otimista da realidade brasileira: uma nacionalidade marcada pela miscigenação de três raças. Esse olhar despertou o interesse das elites políticas e intelectuais, nacionais e internacionais, em um cenário marcado pela ascensão e queda do nazismo. A partir de 1950, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) passou a financiar estudos sobre o caráter positivo das relações raciais no Brasil, possibilitando novas análises sobre as questões relacionadas à situação do negro e aos preconceitos raciais na vida social brasileira. A perspectiva positiva de um comportamento racial tolerante no Brasil fortaleceu a crença de que no país não haveria preconceito nem discriminação racial, mas sim oportunidades econômicas e sociais equilibradas para as pessoas de diferentes grupos raciais ou étnicos. O Brasil foi tomado como modelo a ser seguido, quando comparado com outros países em que a segregação era visível social e legalmente. Um dos exemplos que ilustram essa tese foi a promulgação, em 1951, da Lei Federal n o 1.390/51, conhecida como Lei Afonso Arinos, que tornou o racismo contravenção penal no Brasil. O pequeno alcance punitivo dessa lei (contravenção) era reflexo de um pensamento para o qual o ato racista não era uma ação disseminada na sociedade, mas apenas uma manifestação individual. Se no Brasil não se percebia o racismo como um problema, não havia por que puni-lo de modo mais severo.
O mito da democracia racial Essa visão de convívio harmonioso entre as raças foi desconstruída pelos estudos de Florestan Fernandes. Em seu livro A integração do negro na sociedade de classes, de 1965, o autor analisa as particularidades do caso brasileiro e afirma ser a democracia racial um mito, uma imagem idealizada, servindo para justificar a posição inferior do negro na sociedade brasileira. Como principal argumento, demonstra que os negros libertos no período pós-abolição não ameaçavam politicamente a posição de poder dos brancos, sendo desnecessárias medidas formais para promover o distanciamento entre negros e brancos.
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Sociologia em movimento
Capítulo 5
Quem escreveu sobre isso
Florestan Fernandes em outubro de 1988. Ele contribuiu para a teoria social e atuou politicamente para a defesa da democracia brasileira.
Ao longo dos anos 1960 e 1970, inspirado pelos estudos de Florestan Fernandes, o movimento negro brasileiro assumiu como bandeira política a luta contra a teoria da democracia racial. Ressalte-se ainda que esse movimento sofreu influência da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos nos anos 1950 e 1960. O movimento, a partir de então, passou a fundamentar sua ação nas conclusões sociológicas de Fernandes sobre as condições de desigualdades sociais entre negros e brancos no Brasil. Saiba mais
A luta pelos direitos civis nos Estados Unidos da América Ao final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos eram vistos como o modelo de sociedade a ser seguido pelos países capitalistas. Considerada por muitos a terra das oportunidades e da igualdade, a nação escondia relações sociais internas marcadas pelo preconceito e discriminação. Essa situação opressiva ficou evidente em 1955, com a repercussão do ato de uma mulher negra, Rosa Parks, ao recusar-se a cumprir uma determinação legal do estado do Alabama, que obrigava a separação entre brancos e negros a bordo dos ônibus. Presa, seu caso serviu de estopim para o início da luta pelos direitos civis e pela igualdade racial dentro dos Estados Unidos. O movimento culminou com a marcha em Washington D.C. no ano de 1963, quando cerca de 250 mil pessoas foram acompanhar a aprovação das leis dos direitos civis, que suprimiram as leis segregacionistas em todos os estados do país. Ao entrar em vigor, em 1964, a lei dos direitos civis produziu mudanças estruturais na sociedade estadunidense e permitiu outro olhar sobre o problema do racismo naquele país e no mundo, servindo de base para a luta por igualdade de diversas minorias sociais.
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paUla aStiz/reprO
DUçãO
Florestan Fernandes (1920-1995), sociólogo paulista, publicou em 1965 A integração do negro na sociedade de classes, obra na qual construiu uma crítica sociologicamente fundamentada sobre a teoria da democracia racial brasileira. Professor da USP cassado em 1968 pela ditadura militar, foi deputado federal por dois mandatos (1987-1994). Contribuiu para a construção da teoria sociológica brasileira e participou ativamente dos movimentos sociais pela educação pública.
WilSOn melO/FOlHapreSS
Florestan Fernandes
As desvantagens dos negros e mestiços são confirmadas estatisticamente por muitas pesquisas acadêmicas, como se pode observar nos dados sobre a distribuição de renda no Brasil, apresentados nas tabelas 5.2 e 5.3.
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Raça, etnia e multiculturalismo
População brasileira
Brancos
Pretos e pardos
Amarelos, indígenas e sem declaração
190.755.799
91.051.646
96.795.294
2.908.859
47,7%
50,7%
1,1%
Capítulo 5
População brasileira por raça
Tabela 5.2
Fonte: IBGE. Censo 2010: resultados gerais da amostra. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
Rendimento do trabalho por raça
Tabela 5.3
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
População com rendimento de trabalho, entre os 10% mais pobres, em relação ao total de pessoas (%) Branca
Preta
Parda
25,4
9,4
64,8
Com rendimento de trabalho, entre o 1% mais rico, em relação ao total de pessoas (%) Branca
Preta
Parda
82,5
1,8
14,2
Apesar de representarem a metade da população brasileira, os pretos e pardos constituem 74,2% da população mais pobre do país e apenas 16% da mais rica.
Fonte: IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios 2009. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Tabela 8.10.
A posição de desvantagem econômica dos negros (pretos e pardos) fica evidente quando vemos que a proporção de negros na população pobre do país é muito superior à de brancos e, inversamente, que a proporção de negros que compõem a minoria rica do país não chega a sua quinta parte. Os pretos e pardos constituem a metade da população total, mas representam a grande maioria da população pobre. Some-se a isso o fato de que essa desvantagem econômica ocorre em quase todas as esferas da vida social, como no acesso às oportunidades culturais, educacionais e de decisão política. Embora a população negra desempenhe papel importante na vida cultural e na produção de riquezas no Brasil, seu acesso a bens e serviços continua a ser mínimo, se comparado ao da população branca. No caso brasileiro, as populações indígena, afrodescendente e mestiça continuam a ser tratadas de maneira preconceituosa e desigual, confirmando que as críticas de Florestan Fernandes ao tratamento dado à questão racial brasileira são verdadeiras, bem como as limitações da tese da democracia racial. Contudo, esta última também tem seu valor. Se a tese de uma miscigenação pacífica e isenta de conflitos pode e deve ser criticada, já que não se confirma na realidade, por outro lado ela teve e ainda tem um papel essencial na crítica às teses eugênicas e de superioridade racial. Ainda hoje, em um contexto científico no qual o conceito de raças foi abandonado, essas teorias racistas continuam a ser defendidas por diversos grupos sociais, como os neonazistas. Cabe lembrar que as obras de Gilberto Freyre foram produzidas em um momento histórico no qual as teorias eugênicas alcançavam seu apogeu, com a ascensão do nazismo na Europa. É certo, porém, compreender que no Brasil o racismo está bastante enraizado nas práticas sociais, o que impede que a população perceba conscientemente seus efeitos destrutivos para a sociedade.
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Sociologia em movimento
Capítulo 5
Para tentar combater o racismo, o movimento negro brasileiro pressionou o governo e em 1989 conseguiu que fosse promulgada a Lei n o 7.716/89, que tornou o racismo crime inafiançável. No entanto, a criminalização do racismo como prática social a partir da criação de leis tem se revelado insuficiente no combate a essa prática em nossa sociedade. Dificilmente os casos denunciados resultam na punição do agressor. Desde cedo se aprende a discriminar discreta e silenciosamente, sem deixar provas. E sem provas não há punição.
Figura 5.7 Time do Vasco da Gama no estádio do Engenhão (RJ, 2011). Os clubes, jogadores e federações esportivas têm procurado conscientizar os torcedores, condenando o racismo no esporte.
Etnia: superando o conceito de raça
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Kaio Rodriguez/AFP
Os casos de racismo no futebol dão ideia da extensão do problema (Figura 5.7). Nesse esporte, o Brasil destaca-se pelos títulos mundiais e por revelar alguns dos melhores jogadores negros do mundo. Mesmo assim, casos de racismo repetem-se constantemente nos gramados nacionais e internacionais. E não ocorrem somente no futebol, ou apenas no esporte, mas também nos diferentes espaços e relações sociais.
Um dos meios contemporâneos de abordar a dinâmica da interação entre os diferentes povos e grupos sociais que compõem a população mundial é o conceito de etnia. Podemos defini-la como um conjunto de seres humanos que partilham diferentes aspectos culturais, que vão da linguagem à religião. São características sociais e culturais; portanto, são aprendidas, e não inatas. O termo “etnia” está diretamente associado à diversidade cultural, elemento mais apropriado para identificar os diferentes grupos humanos. O uso desse termo se refere principalmente aos processos históricos e culturais construídos por meio da interação social, e enfatiza que as características biologicamente herdadas são pouco significativas para categorizar os grupos sociais humanos. A etnicidade, nesse caso, é a consciência de pertencer a determinada comunidade étnica, construindo uma identificação com grupos sociais específicos dentro de uma dada sociedade. Diferentemente do termo “raça”, que evoca uma distinção dada pela origem biológica, etnia e etnicidade referem-se às práticas socioculturais e históricas de diferentes grupos humanos que interagem entre si. Essas práticas pressupõem a aceitação e percepção da diversidade cultural humana como elemento positivo e em processo constante de renovação.
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Raça, etnia e multiculturalismo
Capítulo 5
Saiba mais
A Unesco e a questão racial Em 18 de julho de 1950, ainda sob o impacto das consequências da Segunda Guerra Mundial e do racismo nazista, a Unesco emitiu a Declaração das Raças, assinada pelos principais pesquisadores da época no campo da Antropologia Cultural, da Biologia, da Filosofia e da Sociologia. Foi uma tentativa de esclarecer o debate científico sobre raça e também uma condenação ao nazismo. O documento foi revisado em 1951, 1967 e 1978 (quando passou a ser denominado Declaração sobre a raça e os preconceitos raciais). Em sua primeira versão, a declaração da Unesco afirma que:
reprODUçãO/UneSCO
reprODUçãO/OnU
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
“Os grupos nacionais, religiosos, geográficos, linguísticos ou culturais não coincidem necessariamente com os grupos raciais, e os aspectos culturais desses grupos não têm nenhuma relação genética demonstrável com os caracteres próprios à raça. Os graves erros ocasionados pelo emprego da palavra ‘raça’ na linguagem corrente tornam desejável que se renuncie completamente a esse termo quando se tratar da espécie humana e que se adote a expressão de ‘grupo étnico’.”
Em 10 de dezembro de 1948 a ONU adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em 1950, estabeleceu que nessa data seria celebrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
O fato de pertencer a uma etnia não significa que um indivíduo seja biologicamente mais ou menos predisposto a comportar-se de determinada maneira; de fato, a cultura e as interações socioespaciais vivenciadas por ele moldaram sua maneira de ser e sua visão de mundo, distinguindo e singularizando sua identidade individual e a de seu grupo social. Por não carregar sentido biológico, o termo “etnia” colabora para superar a ideia equivocada de que a humanidade se dividiria em “raças superiores” e “raças inferiores”. Isso porque o conceito de etnia enfatiza a cultura. Quando usado, faz supor que o indivíduo pode pertencer a um grupo e aprender as características desse grupo, ou mesmo contribuir, criando novas práticas ou inovando as já existentes. É bastante comum que um mesmo país abrigue diversas etnias; por exemplo, estima-se que existam aproximadamente 238 etnias indígenas no território brasileiro, segundo levantamentos do Instituto Socioambiental (ISA) e da Fundação Nacional do Índio (Funai). Influenciados pela superação do conceito de raça, possibilitada pela noção de etnia, os estudos sobre a desigualdade social brasileira passaram a indicar como as relações sociais historicamente construídas no Brasil foram marcadas pelas injustiças vivenciadas pelas vítimas do racismo, do preconceito e da discriminação. Essa superação foi um importante avanço, pois até meados do século XX as explicações biológicas ainda eram empregadas por boa parte dos estudos sobre as desigualdades sociais. A ênfase dada à etnia e à ideia de diversidade ou pluralidade cultural colocou em xeque as fundamentações biológicas do comportamento humano. Os estudos sobre a diversidade cultural passaram a compreender que, quanto mais etnia, mais plural e rico é o país culturalmente. A difusão desse argumento nas sociedades contemporâneas pelos inúmeros movimentos sociais tem contribuído para a existência de políticas públicas que valorizem e respeitem as diferenças culturais e combatam os preconceitos, o racismo e as desigualdades.
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Xenofobia Desconfiança, aversão, medo ou profunda antipatia sentidos por alguém em relação a pessoas estranhas ao seu meio, ou a indivíduos que vêm de outro país. Pode manifestar-se de várias maneiras e é comumente associada ao repúdio a outras culturas e etnias.
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Multiculturalismo e ação afirmativa
O conceito de multiculturalismo surge nas sociedades contemporâneas como um meio de combater, por um lado, a ideia de homogeneidade cultural fundamentada no eurocentrismo, isto é, na visão de superioridade dos povos colonizadores europeus, e, por outro, as desigualdades sociais e as diversas formas de racismo, preconceito e discriminação social. A ideia de homogeneidade cultural afirma que a cultura, o modo de vida e visão de mundo dos europeus são universais e únicos, subordinando os dos demais povos. Disseminada mundialmente, essa concepção tem um papel central no desenvolvimento da xenofobia, fenômeno que, na atualidade, afeta principalmente a Europa. Saiba mais
Crime de racismo e xenofobia em universidade paulista Em abril de 2012, a imprensa divulgou a seguinte notícia de práticas de intolerância, racismo e xenofobia em uma universidade paulista: “A Unesp vai pedir à Polícia Federal que apure dois crimes no campus de Araraquara (SP): xenofobia, que é a antipatia contra estrangeiros, e discriminação contra um grupo de estudantes africanos. Além disso, a direção da Faculdade de Ciências e Letras, onde ocorreu a manifestação, irá comunicar o fato ao Ministério Público. O campus conta com 26 estudantes oriundos da África, sendo 23 na Faculdade de Ciências e Letras, dois no Instituto de Química e um na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, que vieram estudar no Brasil por meio de um convênio internacional. A inscrição ‘sem cotas aos animais da África’ revoltou professores e alunos da unidade. Algumas frases de repúdio foram escritas no mesmo lugar. Na universidade, há um espaço aberto aos estudantes.
5.5 Biblioteca do estudante: Leitura complementar
Os universitários africanos registraram boletim de ocorrência por discriminação no 4o D.P. ‘Eu fiquei muito triste em saber que tinha gente que ainda tem esse tipo de pensamento negativo’, observa Fiston Angembe, que estuda Economia. ‘É inexplicável sofrer um ato de racismo e xenofobia. É um ato desumano’, completa Alfa Embalo, estudante de Ciências Sociais.”
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Capítulo 5
Sociologia em movimento
eDSOn SilVa/FOlHapreSS
G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/araraquara-regiao/noticia/2012/04/unesp-pedepf-que-apure-caso-de-racismo-e-xenofobia-em-araraquara.html>. Acesso em: 27 jul. 2013.
Pichação com conteúdo racista nas paredes da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, em Araraquara (SP, 2012): crime de racismo e xenofobia.
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Raça, etnia e multiculturalismo
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Capítulo 5
Por ser um termo para o qual se aceitam muitas definições, o conceito de multiculturalismo não é único nem homogêneo; varia conforme o contexto sócio-histórico e compreende diferentes pontos de vista. Segundo alguns autores, o termo multiculturalismo designa o fato de determinadas sociedades serem formadas por culturas distintas. Para outros, esse conceito descreve uma política que visa à coexistência pacífica entre grupos étnica e culturalmente diferentes. Há ainda quem considere o multiculturalismo um movimento teórico e político em defesa da pluralidade e da diversidade cultural que reivindica o reconhecimento e a valorização da cultura das chamadas minorias. Como movimento político e social, o multiculturalismo é legítimo e diz respeito às reivindicações de grupos culturais dominados no interior dos países de capitalismo avançado (Inglaterra, Estados Unidos, França, dentre outros) para terem suas culturas reconhecidas e representadas na cultura nacional, destacando a luta dos negros americanos, a partir do início dos anos 1960, pelo acesso a direitos e pela luta contra a segregação e o racismo. Nesses cenários, as expressões do multiculturalismo se faziam presentes nas artes, nos movimentos sociais, em políticas, implicando o reconhecimento da diferença, o direito à diferença, colocando em questão o tipo de tratamento dado às identidades minoritárias, antes de serem introduzidas no campo educacional. Assim, o multiculturalismo tem representado um importante instrumento de luta, transferindo para o terreno político uma compreensão da diversidade cultural que esteve restrita durante muito tempo ao campo da Antropologia. Na Antropologia, a perspectiva multicultural compreende a sociedade como uma convergência de diferentes culturas que, em vez de se submeterem a um padrão único, misturam-se de modo original, formando diversos mosaicos culturais. O encontro das diferenças nem sempre é interpretado como manifestações convergentes. O multiculturalismo também pode caracterizar a sociedade como constituída de identidades plurais, com base na diversidade de etnias, gêneros, classes sociais, padrões culturais e linguísticos, habilidades e outras características. O multiculturalismo, em uma visão mais crítica – que compreende a sociedade a partir dos conflitos sociais –, enfoca o poder, o privilégio, a hierarquia das opressões e os movimentos de resistência. Compreende a diversidade dentro de uma política comprometida com a justiça social, questionando a construção das diferenças e dos preconceitos contra aqueles percebidos como diferentes e marginalizados. Entre as críticas ao multiculturalismo se destacam aquelas que apontam seu caráter eurocêntrico e denunciam que as várias culturas coexistentes na sociedade são reconhecidas de maneira subordinada, sem questionar a ordem hegemônica atribuída à cultura ocidental. A interculturalidade, de modo diverso, aponta a comunicação e a interação entre as culturas como meio de produzir novos conhecimentos e outras interpretações simbólicas do mundo. A síntese dos aspectos positivos de valorização da diferença e resistência ao colonialismo cultural constitui uma nova maneira de ver o mundo, reconhecida como multiculturalidade/interculturalidade. A interculturalidade não pode ser vista apenas como uma teoria, mas antes como um movimento e um projeto político. O seu significado está relacionado a um projeto de transformação para superar a discriminação das culturas minoritárias. Contra a discriminação e a situação de inferioridade à qual foram submetidos, esses grupos minoritários devem ter seu valor criativo publicamente reconhecido. Por isso, essas culturas precisam ser amparadas e protegidas pela lei para consolidar suas singularidades, assim como reconhecidas na sua capacidade de produzir conhecimento. Nesses termos, o direito passa a ser uma ferramenta fundamental para criar as condições de uma sociedade multicultural. A sociedade brasileira apresenta relações de grande desigualdade entre os descendentes dos povos que lhe deram origem. Os afro-brasileiros, descendentes da diáspora africana, e os indígenas, descendentes das populações nativas, estão em
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Sociologia em movimento
Capítulo 5
maior desvantagem no contexto atual das relações sociais no Brasil. Entre nós, segundo o sociólogo Ahyas Siss, no campo da educação, o multiculturalismo vem se configurando desde o final do século passado, como um novo olhar analítico sobre as múltiplas relações que permeiam os processos de discriminação racial enquanto forma de exclusão, a construção da cidadania, a formação de subjetividade e o papel que a educação desempenha nesses processos.
Quem escreveu sobre isso
Ações afirmativas Medidas especiais e temporárias, tomadas ou determinadas pelo poder público ou pela iniciativa privada, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar ou reduzir desigualdades historicamente acumuladas, garantindo as mesmas oportunidades e o mesmo tratamento, e compensar perdas causadas pela discriminação e marginalização decorrentes de motivos étnicos, religiosos, de gênero e outros.
O sociólogo Ahyas Siss, estudioso das relações étnico-raciais.
Desde as últimas décadas do século passado, diversos grupos, organizações e movimentos sociais reivindicam melhores condições econômicas e sociais. Grupos como os de mulheres, negros, indígenas, homossexuais, entre outros, lutam pelo reconhecimento, respeito e valorização de sua cultura e de suas diferenças. No caso dos negros brasileiros, buscam também reparação pelas injustiças causadas no passado pelos diversos meios de exploração e discriminação (escravidão negra), fazendo emergir o que passou a ser denominado ação afirmativa. As ações afirmativas começaram a ser adotadas nos EUA, nos anos 1930, e multiplicaram-se de diferentes maneiras em vários países, incluindo os da Europa. Elas são maneiras de intervenção política que visam a coibir quaisquer discriminações ou implementar mecanismos de compensação com o propósito de combater as diversas desigualdades no mercado de trabalho, na política, na economia e na cultura, entre outras áreas. O sistema de cotas é a ação afirmativa mais comum nos diversos países que adotaram essas políticas. Também é a mais polêmica, por estabelecer um determinado número ou percentual a ser ocupado (reserva de vagas) por grupo(s) definido(s) a partir de critérios variados (etnia, cor, sexo, rendimento familiar etc.). No Brasil, por exemplo, foram adotadas cotas para as minorias sociais. Nas últimas décadas também foram colocadas em prática diversas políticas de combate à desigualdade, como as cotas para mulheres nos partidos políticos ou para pessoas com deficiência nos concursos públicos. Essas políticas públicas, porém, são ainda, em diferentes situações, descumpridas ou questionadas. As ações afirmativas também constituem um conjunto de instrumentos políticos, institucionais e jurídicos aplicados nos diferentes níveis de governo (federal, estadual e municipal) para instituir as bases de uma política de promoção da igualdade racial. No
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O sociólogo brasileiro Ahyas Siss é fundador, pesquisador e professor do Laboratório de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Leafro) e do Grupo de Pesquisa Educação Superior e Relações Étnico-Raciais (GPESURER), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Estudioso das temáticas do multiculturalismo, ações afirmativas e relações étnico-raciais brasileiras e educação, tem apontado em suas análises que um dos principais desafios colocados pelo multiculturalismo hoje, no Brasil, é o de saber como educar-se para uma sociedade multicultural, para o respeito à diferença, o que implica mudança radical de atitudes, de valores e de respeito ao outro, e não um mero exercício de tolerância. Para ele, reconhecer o caráter multicultural da nossa sociedade é muito pouco, bem como reconhecer a diversidade da clientela da nossa escola, seja por gênero, por classe, por raça, e que possuem culturas diferentes, não é o bastante, pois a simples presença física de seus alunos evidencia isso. Portanto, o fundamental é que esse reconhecimento seja acompanhado de políticas de respeito aos diferentes e por uma mudança de atitudes em relação a eles, para que essa escola seja capaz de criar mecanismos potentes para transformar as relações de dominação e de exclusão, tanto no seu interior quanto na sociedade ampliada.
Coleção particular
Ahyas Siss
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Raça, etnia e multiculturalismo
Capítulo 5
que se refere ao sistema legal, duas decisões recentes indicam outra abordagem do tema no país. Em 2010, a Lei Federal n o 12.288 criou o Estatuto da Igualdade Racial. Em 2012, o Supremo Tribunal Federal confirmou a constitucionalidade do sistema de cotas e o governo brasileiro estabeleceu a reserva de vagas nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico para estudantes das escolas públicas, afro-brasileiros e indígenas em todo país. (Lei Federal nº 21.711/2012). Se por um lado tais políticas têm servido para que mais pessoas negras ingressem nas universidades e para apresentar à sociedade as questões vividas pelas populações indígenas, por outro não produziram a alteração necessária na estrutura social que mantém as desigualdades étnico-raciais e todas as outras formas de desigualdade no Brasil. No caso específico da questão racial, é importante compreender que ela se localiza no campo que inclui a construção social, histórica, econômica, política e cultural das diferenças em nossa sociedade. É o início de um longo caminho rumo a uma sociedade fundamentada no respeito às diferenças e aos Direitos Humanos. Saiba mais sobre as Ações Afirmativas no infográfico a seguir. Saiba mais Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Multiculturalidade/interculturalidade No cenário nacional, o reconhecimento da multiculturalidade/interculturalidade revela-se no desenvolvimento de ações educativas e políticas públicas não apenas voltadas aos diferentes grupos étnicos e sociais, mas também produzidas por eles. Os parâmetros curriculares para escolas indígenas, as políticas de ação afirmativa para minorias étnicas, as diferentes propostas de inclusão de pessoas com deficiência nas escolas regulares, a ampliação e o reconhecimento dos movimentos de gênero, a valorização da cultura jovem e os movimentos das pessoas da terceira idade são exemplos práticos desse reconhecimento.
Luis Fernando Moreno/Notimex/AFP
O respaldo teórico acerca da multiculturalidade/ interculturalidade que levou a essas ações políti-
cas – tanto as dos movimentos sociais quanto as do Estado – é variado e envolve um conjunto de disciplinas comprometidas com a crítica do eurocentrismo. É possível perceber essa diversidade na especialidade e nacionalidade de alguns de seus principais representantes, como o filósofo argentino Enrique Dussel; o sociólogo peruano Anibal Quijano; o semiólogo e teórico cultural argentino-estadunidense Walter Mignolo; o sociólogo porto-riquenho Ramón Grosfoguel; a linguista estadunidense radicada no Equador Catherine Walsh; o filósofo porto-riquenho Nelson Maldonado Torres; o antropólogo colombiano Arturo Escobar; e o sociólogo estadunidense Immanuel Wallerstein.
Anibal Quijano: crítica ao eurocentrismo sugere que o saber pode ser construído a partir de outros pontos de referência. Em Guadalajara, México, junho de 2011.
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Sociologia em movimento
Capítulo 5
Infográfico
Políticas municipais e as minorias A desigualdade é um dos principais obstáculos à universalização dos direitos humanos no país e também se revela na forma como cidades de diversos portes e regiões reconhecem ou ignoram diferentes minorias
D
Municípios com programas, políticas e/ou ações relacionadas a direitos humanos, segundo categorias selecionadas, em % – 2011
esde a Constituição de 1988, o Estado brasileiro assumiu, em diversos acordos internacionais, a obrigação de proteger e promover os direitos humanos.
Veja a diferença na atenção dada pelo poder público a grupos tradicionalmente reconhecidos pela sociedade, como as crianças, e aqueles que enfrentam preconceitos pesados, caso de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT), por exemplo.
Em todos os níveis de governo surgem leis e instituições para proteger pessoas em situação de vulnerabilidade. De acordo com a Pesquisa de Informações Básicas Municipais do IBGE o número de prefeituras que diziam ter algum órgão responsável pelos direitos humanos passou de 1.408 para 2.941 entre 2009 e 2011 e a porcentagem das que alegam desenvolver ações para crianças e adolescentes foi de 88% para 96%, por exemplo.
Taxas BRASIL
Por região
Centro-Oeste Sul Sudeste Nordeste Norte
Entre o compromisso legal e a transformação real, porém, as distâncias podem variar muito, dependendo do lugar e da minoria em questão.
Cerca de 8 em cada 10 trabalhadores liberados da exploração pelo Ministério do Trabalho nos anos 2000 eram dessas três regiões.
73% das prefeituras diziam combater a violência escolar, mas só 8% tinham ações para manter LGBTs nas escolas. Em todo o país apenas 79 cidades possuíam lei contra homofobia.
8,7%
6,5%
Proteção de pessoas ameaçadas de morte
22,3%
Combate à violência contra LGBTs
24,7%
26,9%
9,2%
Reinserção de egressos do sistema prisional
Promoção da igualdade racial
Ações para pessoas em situação de rua
Combate ao uso do trabalho forçado
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100
Municípios segundo o número de habitantes e existência de órgão gestor de direitos humanos – 2011
53% das 5.565 prefeituras
96,3% 91,2%
Capítulo 5
2.297 municípios declararam ter políticas de acessibilidade, mas apenas 97 possuíam lei assegurando o ingresso de cão-guia em espaços culturais, artísticos e desportivos.
ilustraçÕES: mario kanno
Raça, etnia e multiculturalismo
do país informaram ao IBGE ter uma estrutura desse tipo, mas menos da metade desses órgãos tinha orçamento próprio – uma indicação de que dependem do dinheiro de outras áreas e muitos podem existir só no papel.
90
80 Com órgão
Sem órgão
70 Até 5.000 habitantes
67,5% 60
50
De 5.001 a 10.000
556
529
459
40
30
20
683
De 10.001 a 20.000
De 20.001 a 50.000
De 50.001 a 100.000 194 130 De 100.001 a 500.000 177 68 Mais de 500.000 33 5
747
662 738 584
O órgão existia em 87% das cidades grandes, mas só em 43% das menores. Em todas as regiões a chance de ele existir é proporcional ao porte do município.
10
0 Ações para pessoas com deficiência
Ações para pessoas idosas
Ações para crianças e adolescentes
Demandas invisíveis Várias populações tradicionais lutam contra a invisibilidade. É o caso dos ciganos, que estão entre os primeiros povos do Velho Mundo no Brasil colonial. Apesar de o nomadismo ser um dos traços mais conhecidos de sua identidade, só 29 cidades do país têm locais públicos destinados a acampamentos ciganos. Fonte: MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO/IBGE. Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2011. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.
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Sociologia em movimento
Capítulo 5
Considerações sociológicas Um debate sobre as cotas raciais Em 13 de novembro de 2002 foi promulgada a Lei Federal n o 10.558/2002, que criou o Programa Diversidade na Universidade. Como determina seu artigo 1o, o objetivo da lei é “implementar e avaliar estratégias para a promoção do acesso ao Ensino Superior de pessoas pertencentes a grupos socialmente desfavorecidos, especialmente dos afrodescendentes e dos indígenas brasileiros”.
5.6 Visão do especialista
Desde então, um debate vem sendo travado em diferentes esferas da sociedade. De um lado, aqueles que afirmam que a desigualdade racial no Brasil é um fato e defendem que a adoção de políticas como as de cotas nas universidades e em concursos públicos é um passo em direção à resolução do problema. De outro, os que são contrários a essa medida argumentam que a política de cotas fere o princípio da igualdade previsto na Constituição e que é feita uma abordagem inadequada do problema, conforme os padrões das relações entre as diferentes etnias que compõem a população do país. Muitos cientistas sociais argumentam contra a política de cotas raciais. Utilizando dados da Pnad de 2006, esses pesquisadores fazem uma crítica às cotas: “A Pnad de 2006 informa que 9,41 milhões de estudantes cursavam o Ensino Médio, mas apenas 5,87 milhões frequentavam o Ensino Superior, dos quais só uma minoria de 1,44 milhão estavam matriculados em instituições superiores públicas. As leis de cotas raciais não alteram em nada esse quadro e não proporcionam inclusão social”. (Cidadãos antirracistas contra as leis raciais, 2008). Contrários à afirmação de que no Brasil não existe racismo, pesquisadores e intelectuais apontam que “a desigualdade racial no Brasil tem fortes raízes históricas e esta realidade não será alterada significativamente sem a aplicação de políticas públicas específicas. A Constituição de 1891 facilitou a reprodução do racismo ao decretar uma igualdade puramente formal entre todos os cidadãos. A população negra acabava de ser colocada em uma situação de completa exclusão em termos de acesso à terra, à instrução e ao mercado de trabalho para competir com os brancos diante de uma nova realidade econômica que se instalava no país. Enquanto se dizia que todos eram iguais na letra da lei, várias políticas de incentivo e apoio diferenciado, que hoje podem ser lidas como ações afirmativas, foram aplicadas para estimular a imigração de europeus para o Brasil.” (Manifesto a favor das cotas raciais, 2006).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
No ano seguinte, as universidades brasileiras adotaram progressivamente a estratégia de destinar parte das vagas concorridas em seus vestibulares para os grupos sociais mencionados na lei, o que ficou conhecido como política de cotas raciais.
De fato, os dados obtidos no Relatório anual das desigualdades raciais no Brasil – 2009-2010, produzido pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sustentam essa argumentação. O professor Marcelo Paixão diz que “a presença negra na universidade cresce de 2% para 7%. Mas 93% dos jovens negros continuam fora”. Dados do IBGE também demonstram a existência da desigualdade entre brancos e negros. Em 2008, 35,8% dos brancos entre 18 e 24 anos frequentavam o Ensino Superior, mas apenas 16,4% dos pretos e pardos estavam na mesma situação.
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Raça, etnia e multiculturalismo
Capítulo 5
Instrumento jurídico Ensino de História da África e dos Negros no Brasil A proteção jurídica para a sociedade em um Estado democrático como o Brasil constitui condição indispensável para assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça previstos na Constituição brasileira. Nesse sentido, a real valorização cultural das diversas etnias que compõem o povo brasileiro é um elemento importante na construção da própria identidade nacional.
5.7 Visão do especialista
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A Constituição Federal de 1988 transformou a prática de racismo em crime inafiançável, imprescritível e sujeito à pena de reclusão. Assim, foi revogada a Lei 1.390/51, conhecida como Lei Afonso Arinos, que considerava a prática de racismo contravenção penal. Isso porque a contravenção penal é um ato delituoso de gravidade inferior ao crime. Portanto, não atenderia ao mandamento constitucional recém-promulgado. Substituindo a lei anterior, nº 7.716/89, conhecida como Lei Caó, por ter sido proposta pelo deputado Carlos Alberto de Oliveira. Esta é a única lei que regulamenta as práticas de crime de racismo no Brasil. Desde 1989, essa lei sofreu algumas alterações, mas é a que continua sendo o principal instrumento de criminalização do racismo no Brasil. Nos artigos 215 e 242 da Constituição, o Estado garante o reconhecimento da pluralidade étnica da sociedade brasileira e o ensino das contribuições das diferentes etnias na formação do povo brasileiro. “Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. § 1o O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. […] Art. 242. [...] § 1o O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro.” Legislação específica As reivindicações dos movimentos negros e indígenas no que diz respeito ao reconhecimento da produção de conhecimento e da educação pautada nos princípios da interculturalidade contribuíram para o estabelecimento da Lei no 11.645, de 10 de março de 2008, que modificou a redação da Lei no 10.639 de 2003. Nessa lei está determinado: “Art. 26-A. Nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e de Ensino Médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. §1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população
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Capítulo 5
Sociologia em movimento
brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. § 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.”
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II – organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; A aprovação dessa lei não ocorreu sem controvérsias. Alguns militantes dos movimentos sociais negros viam nela uma concessão do Estado; outros a enxergavam como a materialização das lutas sociais contra o racismo e o preconceito. Essa polêmica foi debatida em diferentes momentos, com participação do Ministério da Educação, de ONGs e movimentos sociais nas áreas de educação e pela afirmação da identidade afrodescendente. O ensino da História da África e dos negros no Brasil é visto cada vez mais como uma ferramenta de luta contra o racismo e o preconceito. O documento exalta as reivindicações dos grupos afro-brasileiros e indígenas pela valorização da diversidade e para a ressignificação de expressões como “raça”, “negro” e “indígena”, bem como aponta para a mitigação da perspectiva eurocêntrica de interpretação da realidade brasileira.
Construção de Argumentos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
III – adequação à natureza do trabalho na zona rural.
Com base no texto lido e nos conteúdos discutidos no capítulo, realize em conjunto com seus colegas a seguinte atividade:
1. Entreviste profissionais da educação e responsáveis em sua escola e procure descobrir qual a visão deles sobre a inclusão do ensino de história da África e dos negros e indígenas no Brasil.
2. Identifique quais as principais ideias apresentadas e as organize em uma apresentação onde se debata o assunto. Aproveite as diferentes posições assumidas pelos entrevistados para formar sua própria visão sobre o assunto.
3. Por fim, produza em grupos (de dois ou três alunos) um texto argumentativo sobre o tema.
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Raça, etnia e multiculturalismo
Crash – No limite EUA: 2004. Direção: Paul Haggis. Vidas muito diferentes se cruzam depois de um assalto e de um grande acidente em Los Angeles. Tal encontro não será pacífico, mas sim permeado por manifestações claras do preconceito étnico-racial e de classe. Livros ALLENDE, Isabel. A ilha sob o mar. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. Por meio da trajetória de Zarité e outros personagens fictícios, Isabel Allende passa pela densa história da escravidão no Haiti. Cruzando a ficção com a realidade, Allende traz para a trama personagens reais e fatos históricos que revelam o duro processo de segregação social existente na Ilha durante sua colonização por franceses e espanhóis, mas mostra também o movimento de resistência negra e suas lideranças.
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A negação do Brasil – O negro nas telenovelas brasileiras Brasil: 2000. Direção: Joel Zito Araújo. O documentário propõe uma reflexão sobre os papéis interpretados pelos atores negros nas telenovelas brasileiras, afirmando que sempre apresentam um caráter negativo e estereotipado.
ATHAYDE, Celso; BILL, MV; SOARES, Luis Eduardo. Cabeça de porco. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. A partir de relatos pessoais e episódios verídicos de preconceito e segregação, mas também da vida pública quer como artista, empresário, pesquisador ou secretário de Segurança Pública dos cariocas MV Bill (rapper e Cidadão do Mundo da ONU), Celso Athayde (produtor artístico da cena hip-hop e fundador da Central Única de Favelas – Cufa) e Luis Eduardo Soares (antropólogo, pesquisador e ex-secretário nacional de Segurança Pública), o livro oferece em textos curtos ambientados em todo o Brasil relatos e interpretações sobre temas como racismo, preconceito, violência, reconhecimento social, cultura jovem e direitos sociais. LOPES, Nei. O racismo explicado aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007. Estruturado a partir de diálogos entre dois adolescentes com seus pais, o livro de Nei Lopes discute temas como o racismo no Brasil e nos Estados Unidos, o antissemitismo, a escravidão, o apartheid, as políticas de cotas, entre outros.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quanto vale ou é por quilo? inserir imaBrasil: 2005. gem: 02 3A-fDireção: Sergio Bianchi. U2-C05-SL-G O filme mostra que a manutenção da desigualdade social é um negócio lucrativo. Por meio de fatos históricos, extraídos de documentos do século XVIII do Arquivo Nacional, o diretor propõe uma conexão com os dias atuais, demonstrando que pouca coisa mudou.
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Filmes e vídeos
Capítulo 5
Indicações
Sites Fundação Cultural Palmares <www.palmares.gov.br> Site da instituição pública vinculada ao Ministério da Cultura. Nesse site é possível acessar diferentes informações acerca do movimento negro no Brasil e de políticas oficiais voltadas para as populações afrodescendentes. Desenvolve ainda estratégias diversas de preservação da cultura afro-brasileira. Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) <www.seppir.gov.br> Criada em 2003, a Secretaria desempenha um papel importante na implementação de políticas de combate à discriminação étnica e no reconhecimento de ações afirmativas relacionadas à luta do movimento negro no Brasil. Nesse endereço eletrônico se encontram legislações, políticas e diversos artigos e informações sobre o debate e efetivação de políticas públicas que promovam a igualdade racial no Brasil.
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Atividades Atividades Lista de exercícios
Questão 1 Nos estádios e campos de futebol, nas boates, nas escolas ou em praças e ruas, inclusive nos ambientes universitários e escolares, o sentimento e a prática racista constituem uma dura realidade no Brasil e no mundo. Considerando a leitura e os estudos realizados ao longo deste capítulo, reflita e responda aos itens abaixo:
1. Por que o racismo é tão difícil de ser superado? 2. Ao longo do capítulo foram apresentadas diferentes teorias sobre a questão racial. Que teorias foram essas? Indique a ideia central de cada uma.
3. As ações afirmativas são a principal estratégia para combater e superar as práticas racistas. Dê exemplo de uma dessas ações e discuta seu impacto na sociedade brasileira.
(B) O texto nos remete ao etnocentrismo, corrente teórico-metodológica que defende a superioridade da “raça” ariana em relação às demais “raças”. (C) A visão predominante no texto converge com a abordagem positiva que os modernistas, no início do século XX, deram a respeito da miscigenação no Brasil. (D) As ideias defendidas por Gobineau refletem a influência do relativismo cultural na cena intelectual do seu tempo, o que se percebe na relação pureza racial – progresso cultural. (E) Os princípios que orientam a corrente teórica de Gobineau coincidem com aqueles adotados pelos formuladores de políticas públicas existentes no Brasil atualmente, como as cotas raciais.
Questão para debate
4. O texto propõe caminhos para a superação do racismo? Identifique-os. Questão 2 “O fato fundamental no progresso ou na decadência das nações não é a religião, a moral ou um bom governo, mas o fator racial. A pureza racial, se a raça for bem dotada, é a condição necessária e suficiente para que se realize o progresso da sociedade e da civilização, e para que fique obstada sua degenerescência e seu consequente extermínio. Toda mistura é uma contaminação que vicia as fontes do progresso. Afirmo que existe uma desigualdade das raças quanto ao seu valor: umas são superiores e outras inferiores. Das três raças originariamente existentes – a branca, a amarela e a negra – a primeira, particularmente o seu ramo ariano, mostrou-se a mais criadora…” Conde de Gobineau, citado por Nei Lopes em O Racismo explicado aos meus filhos.
A partir da leitura atenta do texto e dos conhecimentos sociológicos, a opção mais adequada à posição defendida por Gobineau no texto é: (A) As ideias representadas no texto se filiam à corrente teórica do Racismo Científico, que fundamentou algumas políticas adotadas por governos brasileiros no início do século XX.
“Racismo – assim como injúria racial – é crime no Brasil desde a Constituição de 1988. Injúria é xingamento. Já o racismo fica caracterizado quando a vítima, por exemplo, é impedida de entrar em algum lugar ou preterida numa vaga de trabalho. Embora esse tenha sido um importante avanço na legislação, punir os agressores tem se mostrado complicado. Uma pesquisa do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, revela que os julgamentos de racismo e injúria racial vêm crescendo, mas o número de acusados considerados inocentes também. Depois de passar um pente-fino nos portais dos tribunais de segunda instância de todo o País, o Laeser localizou 84 ações julgadas entre 2005 e 2006. Nos dois anos seguintes, foram 148. Enquanto no primeiro biênio os réus venceram 52,4% dos processos, em 2007 e 2008 eles levaram a melhor em 66,9%. ‘Juízes conservadores têm dificuldade de lidar com esses delitos e, às vezes, desqualificam a fala das vítimas’, diz Marcelo Paixão, coordenador do Laeser. ‘O mito da democracia racial, de que não existiria racismo no Brasil, também pode influenciar os magistrados’.”
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Reflexão e revisão
AZEVEDO, Solange. Racismo nos tribunais. IstoÉ. Disponível em: <www.istoe.com.br/reportagens/138230_ racismo+nos+tribunais>. Acesso em: 27 jun. 2013
Você concorda com a hipótese levantada pelo pesquisador, segundo a qual o mito da democra-
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cia racial presente no Brasil pode estar levando juízes a minimizar a importância das denúncias de crimes por racismo? Considerando os dados apresentados no texto, realize um debate com seus colegas sobre a importância da lei antirracismo e sua eficácia diante de uma cultura que nega a existência do preconceito racial. Além da existência da lei, que outros mecanismos podem ser pensados como medidas para combater o racismo nas relações sociais no Brasil?
Exame de seleção
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(UNICENTRO-2011) “A suposição de que havia um consenso absoluto sobre a organização social e a vida cultural de cada tribo só era possível através da ideia que os administradores e cientistas europeus tinham da ‘tradição’. As sociedades ‘tribais’ (ou ‘primitivas’) seriam, para eles, ‘sociedades tradicionais’ — não só as regras de conduta eram pautadas rigidamente pelo costume, como esse costume era transmitido, oralmente e de forma imutável, de geração a geração, desde o princípio dos tempos. Os europeus não admitiam que os africanos pudessem refletir criticamente sobre a sua própria cultura”. FIGUEIREDO, Fábio Baqueiro. História da África. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais, 2010. p. 144.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a a) V V V b) F V V c) V F F d) F V F e) V V F
Questão para pesquisa Visite o site da Fundação Nacional do Índio (www.funai.gov.br) ou do Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org/) e pesquise informações sobre as populações indígenas existentes em seu estado. Anote: • quantas são essas etnias; • quais são elas; • qual é o contingente populacional de cada uma delas. Em seguida, reúnam-se em grupo (três a cinco alunos) e desenvolvam juntos um cartaz que descreva as especificidades étnicas de um grupo indígena presente no seu estado. Esse cartaz deve conter uma breve descrição dos seguintes elementos: • língua; • vestimentas e adereços corporais; • arquitetura e habitações típicas; • festa(s) religiosa(s) e seu(s) significado(s); • cantos e danças; • processos de socialização;
O texto pontua a construção do olhar europeu sobre a África, no período colonial. A partir dos debates atuais sobre as relações étnicas no Brasil, identifique com V ou F, conforme sejam verdadeiras ou falsas as afirmativas sobre o texto. ( ) O resultado sociopolítico dessa visão estereotipada ainda hoje pode ser observado em relação à população afro-brasileira. ( ) Os conflitos raciais resultam de estereótipos sociais, e não de fatos científicos. ( ) Um indivíduo etnocêntrico não tem capacidade de observar outras culturas nas próprias condições em que elas se mostram.
• procedimentos para curar doenças; • outras informações da produção de conhecimento que sejam relevantes. Com os dados da pesquisa, o grupo apresentará seu cartaz para a turma de modo a ilustrar suas conclusões para as seguintes questões: • A relação do grupo étnico escolhido com os hábitos e costumes de sua comunidade. • O valor da produção dos conhecimentos do grupo étnico escolhido. • Como o conceito de multiculturalidade/interculturalidade permite compreender o lugar que o grupo étnico pesquisado ocupa na sociedade.
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A MovimentAção
Congresso - Diversidade cultural, preconceito e discriminação na escola
Ao longo da Unidade 2 de nosso livro, discutimos diferentes aspectos sobre cultura e ideologia. Considerando todos os conteúdos e atividades discutidos e propostos nos capítulos 3, 4 e 5, propomos a realização de um congresso, envolvendo escola e comunidade, como atividade de conclusão. Um congresso é uma reunião formal de pessoas interessadas em uma mesma área, que tem por objetivo apresentar temas específicos, debater e obter conclusões sobre ele. No evento, assuntos relacionados ao tema central podem ser apresentados de formas diferentes, como a montagem de painéis, realização de palestras, simpósios, exposições etc. Os trabalhos devem ser apresentados por escrito, com a antecedência prevista, para que sejam reunidos em um documento que será entregue aos congressistas. Esse relatório será composto pelo professor e fundamentará publicações e estudos futuros sobre o tema central. Apesar dos avanços recentes, o respeito à diversidade ainda é uma meta a ser alcançada em nosso país. Diferentes formas de preconceito e discriminação são observadas e denunciadas a cada dia. O espaço escolar, ambiente onde a diversidade se faz muito presente, propicia a ocorrência dessas situações cotidianamente e, por isso, favorece a multiplicidade de pontos de vista, o que enriquece a argumentação sobre o assunto. Sendo assim, a proposta visa uma grande discussão sobre o assunto, que deve envolver a comunidade escolar como um todo e seu entorno. A proposta aqui é realizar uma compilação das ideias de todos os participantes no que diz respeito aos diferentes meios que levam à naturalização e aceitação da diversidade cultural e étnica, seguida de um grande debate, que culminará na realização das mesas redondas do congresso.
Simpósio Vários expositores com a presença de um coordenador discutem um tema científico. Após as apresentações, a plateia participa com perguntas à mesa. Objetivo: Analisar, discutir e estudar determinado assunto sob diversos ângulos.
Passo a passo 1. O trabalho começa com atividades apresentadas na forma de um sarau, realizado na própria escola. A atividade pode ser aberta à comunidade escolar (corpo docente, direção, familiares e amigos). Pode-se também convidar representantes de diferentes grupos (movimentos sociais, ONGs, autoridades etc.) para participar do projeto desde o início.
2. As apresentações artísticas evidenciarão similaridades e disparidades de ideias entre os alunos. De acordo com essas afinidades, os participantes formarão, ao fim do sarau, grupos de trabalho (GTs), sem limitação de número de integrantes. Todos os convidados poderão participar dos GTs. A consolidação e o registro das ideias dos grupos devem ser feitos com o cuidado de evitar posições racistas, preconceituosas ou qualquer tipo de intolerância.
3. Uma vez definidos os GTs, eles devem reunir-se e organizar as apresentações. Cada grupo deverá escolher um coordenador, para preparar e conduzir as discussões, como elemento moderador, orientando a discussão para que ela não fuja do tema principal.
Sarau Evento cultural no qual as pessoas se encontram para se manifestar artisticamente. Um sarau pode envolver dança, poesia, leitura de livros, música acústica e também outras formas de arte, como pintura e teatro.
4. Aproveitando-se dessas discussões e das reflexões de cada GT, você e seu grupo podem organizar uma campanha contra as formas de preconceito e discriminação em sua escola. Podem ser elaborados materiais como jornais, cartazes, vídeos etc. que promovam o respeito à diversidade cultural humana.
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Suplemento para o professor
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Apresentação A Sociologia na escola ontem e hoje “O homem não se contenta mais em conhecer; conhecendo mais, ele vê a si mesmo conhecedor, e o objetivo verdadeiro de sua pesquisa torna-se um pouco mais, cada dia, esse par indissolúvel formado por uma humanidade que transforma o mundo e que se autotransforma no curso de suas operações.” (Claude Lévi-Strauss)
Hoje, quando o Brasil vive em todas as suas contradições a realidade de uma sociedade democrática, pluralista e multifacetada, a própria Educação tem que se tornar objeto e instrumento de mudança. Nesse sentido, a reintrodução do ensino de Sociologia é um desdobramento mais do que adequado; ele é necessário. Expressa o esforço da sociedade brasileira para transformar a Educação em instrumento de emancipação do indivíduo, de luta contra hegemonias políticas e culturais; enfim, de libertação. Nesse contexto, o livro didático é um dos instrumentos do avanço do saber-fazer pedagógico hoje demandado pela sociedade brasileira. O livro, contudo, não pode tolher a autonomia do docente, mas servir à criatividade na construção da sua prática. Para tanto, oferece materiais de apoio e atividades compatíveis com os desafios enfrentados pelos jovens na atualidade e os ajuda a formular os questionamentos de nosso tempo a partir do estranhamento e da desnaturalização dos fenômenos sociais. Para alcançar esses objetivos, a construção do conhecimento é realizada a partir da integração de temas, teorias e conceitos, como sugerem as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCNs). Nesse sentido, o saber sociológico é mobilizado a partir de recortes da realidade em conexão com outras expressões do conhecimento, e não se restringe apenas ao campo das Ciências Humanas. Assim, o livro propõe uma abordagem das questões cotidianas pela análise de dados estatísticos, manifestações culturais (literatura, música, artes plásticas) e registros históricos, jornalísticos e jurídicos de nossa sociedade. Sobre esses recortes da realidade são trabalhados os conceitos e explicadas as teorias clássicas e contemporâneas consagradas no pensamento sociológico atual. Essa perspectiva tem como eixo dinâmico o estreitamento dos laços entre o docente e os estudantes, mas também com toda a comunidade escolar. Isso implica uma grande mudança por parte da escola, que tem que se refletir nos livros e demais materiais didáticos. Afinal, é possível conceber a escola como um núcleo de formação, socialização e construção da autonomia do estudante. Nesse sentido, deve considerar em seu projeto pedagógico a diversidade de sujeitos que a compõem, priorizar a interlocução com as culturas juvenis e reconhecer a constituição de competências como meio para formar cidadãos plenos e autônomos, capazes de atuar na sociedade de forma produtiva, crítica e criativa. Certamente o estudante não é mero sujeito passivo do processo de ensino-aprendizagem, mas um sujeito histórico que vivencia diferentes possibilidades de conhecimento e que deve ter condições de se expressar e de participar dos processos de socialização envolvidos na vida escolar. Por isso, utilizar nesta obra um enquadramento teórico fixo e planejamento pedagógico fechado seria contradizer a dimensão crítico-reflexiva que norteia sua própria proposta. O livro tem natureza interdisciplinar, dialógica e interativa, e é composto por bases metodológicas e epistemológicas plurais. Aborda realidades sociais, culturais, econômicas, políticas e jurídicas em constante transformação. Busca, pois, conjugar diferentes perspectivas teóricas, trabalhos de pesquisa, visões de mundo, referenciais filosóficos, práticas educacionais e metodológicas, além de vivências muito diversificadas. Portanto, o ensino de Sociologia assume seu papel nesse ciclo final da educação básica, uma tarefa pedagogicamente motivadora e instigante para docentes e estudantes. Pois estudar Sociologia é admitir estarmos diante de um campo de saber cujas melhores e mais desafiadoras características são a inexistência de paradigmas únicos, bem como a possibilidade de construção ininterrupta de saberes, símbolos, significados e interpretações. Em outras palavras, é admitir que somos parte de uma realidade dinâmica, da qual devemos participar viva e ativamente.
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Sumário
Organização deste suplemento Organização do DVD do professor Conteúdo do DVD do professor
Material de apoio do Livro
Capítulo 2 – A Sociologia e a relação entre o indivíduo e a sociedade 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades Capítulo 3 – Cultura e ideologia 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades
Componentes didáticos e pedagógicos Organização e articulação dos conteúdos Unidade 1 Unidade 2 Unidade 3
Capítulo 4 – Socialização e controle social 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades
Unidade 4 Unidade 5 Unidade 6
Respostas e orientações Capítulo 1 – Produção de conhecimento: uma característica fundamental das sociedades humanas 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades
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Capítulo 5 – Raça, etnia e multiculturalismo 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades Capítulo 6 – Poder, política e Estado 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades
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Capítulo 7 – Democracia, cidadania e direitos humanos 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades Capítulo 8 – Movimentos sociais 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades Capítulo 9 – Trabalho e sociedade: explicando as bases da sociedade de classes 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades Capítulo 10 – Estratificação e desigualdades sociais 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades
Capítulo 12 – Globalização e integração regional 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades Capítulo 13 – Sociedade e espaço urbano 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades Capítulo 14 – Gênero e sexualidade 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades Capítulo 15 – Sociedade e meio ambiente 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades
Material de apoio do DVD
Capítulo 11 – Sociologia do desenvolvimento 1. Apresentação do capítulo 2. Sugestões de encaminhamento das aulas 3. Orientações para o trabalho com as seções 4. Respostas e comentários das atividades
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Anotações em aula Respostas do Banco de questões Respostas da Lista de exercícios
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Organização deste suplemento Material de apoio do Livro Componentes didáticos e pedagógicos O livro apresenta seções ao longo de cada capítulo junto ao texto principal. Cada seção é um elemento didático-pedagógico que oferece ao estudante a possibilidade de complementar as informações trabalhadas no texto, além de refletir sobre casos concretos. A apresentação dos conteúdos curriculares segue uma questão motivadora a partir da qual diferentes situações--problema podem ser pensadas e para a qual o capítulo articula uma reflexão que mobiliza as competências trabalhadas na construção das diferentes respostas. O desafio de formular problemas a partir da questão motivadora possibilita que sejam colocados em prática, na sala de aula, os fundamentos da relação dialógica que deve pautar uma dinâmica de ensino comprometida com a formação de cidadãos ativos em uma sociedade democrática. Assim, mediante debates estimulados pelos temas de cada capítulo, possibilidades de aprofundamento dos conteúdos por meio de pesquisas, filmes, sites, assim como conexões com o campo jurídico e com importantes discussões desenvolvidas na atualidade, os capítulos permitem um desenvolvimento flexível e eficiente das competências e habilidades necessárias para o estudante do Ensino Médio.
nas universidades é uma política pública necessária? Como medir as consequências do racismo no Brasil? Como o movimento negro contribui no combate ao racismo? Qual é o papel da escola no combate a essa forma de discriminação? É possível uma sociedade sem racismo? A partir da questão motivadora, as questões orientadoras formuladas em sala de aula estarão sempre referidas ao cerne do tema em estudo e adequadas à matriz curricular da disciplina.
Cronologia
Sociologia em movimento CAPÍTULO 4
1
Primeiras palavras
É provável que, em algum momento de nossa vida, apesar de sermos seres únicos, indivíduos racionais, atores ativos na sociedade e nos grupos nos quais estamos inseridos, agimos e reagimos de modo muito semelhante a outros indivíduos. Como explicar que comportamentos e reações sejam similares, apesar da individualidade de cada um? Como entender que pessoas com as quais não estabelecemos nenhum contato pessoal compartilhem as mesmas opiniões e os mesmos comportamentos na sociedade? As Ciências Sociais respondem a essas indagações por meio da análise de dois processos que ocorrem em todas as sociedades e culturas: a socialização e o controle social. Neste capítulo verificaremos como tanto o processo de socialização quanto o de controle social atuam na conformação dos indivíduos. Veremos ainda que há uma relação direta entre as formas de socialização e de controle social e as ideologias (no sentido conferido por Marx, como um sistema de ideias que legitima o poder da classe dominante).
Figura 4.1 Crianças em sala de aula, na escola municipal de ensino fundamental da Vila Produtiva Rural Uri (PE, 2011). A escola é um dos espaços de socialização mais difundidos nas sociedades contemporâneas.
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Socialização e instituições sociais DELFIM MARTINS/PULSAR IMAGENS
2
A sociedade é uma produção humana, e o ser humano é uma produção social. Os indivíduos da espécie humana não conseguem sobreviver isolados ou se desenvolver sem a interferência de um grupo na formação de sua individualidade. A relação entre os indivíduos e a sociedade em que vivem é estudada pela Sociologia de acordo com o conceito de socialização. Esse conceito procura estabelecer os parâmetros de análise do processo pelo qual a sociedade concebe os indivíduos, e os indivíduos, por sua vez, concebem a sociedade. Podemos dizer, portanto, que a socialização é o processo de transmissão dos códigos culturais de um grupo social aos indivíduos que dele fazem parte, integrando-os à medida que interiorizam as informações recebidas. Esse processo se inicia no nascimento e continua por toda a vida, por meio do contato permanente de uns com os outros (Figura 4.1).
Cronologia
Georg Simmel publica Questões fundamentais de Sociologia.
Objetivos
1900
1959
1917
Na página de abertura de cada capítulo estão listados os objetivos relacionados ao tema em questão. Os objetivos do capítulo vinculam-se aos domínios cognitivos de conhecimento utilizados para a construção dos objetivos educacionais. Os objetivos da educação devem sempre contemplar todos os domínios cognitivos. Logo, os objetivos listados servem como parâmetro, não constituem uma norma rígida. O objetivo “identificar as desigualdades sociais decorrentes das relações raciais” (do capítulo 5), por exemplo, não se esgota em si, mas suscita a compreensão do que sejam as relações raciais em nosso país, a utilização desse conhecimento para debater políticas públicas que podem estar sendo aplicadas em sua própria escola, e induz a planejar medidas criativas para combater as desigualdades produzidas pelas diferentes formas de discriminação racial. A leitura dos textos e a realização das atividades propostas contribuem para o desenvolvimento das habilidades e competências necessárias para atingir proficiência nos objetivos propostos pelo livro e pelo docente em sua prática. A dimensão de criação, como objetivo educacional mais complexo, é objetivo comum a cada unidade e pode ser encontrada a partir das propostas sugeridas nas seções de “Atividades” e “MovimentAção”.
Peter Berger e Thomas Luckmann publicam A construção social da realidade.
Carlos Nelson Coutinho publica O estruturalismo e a miséria da razão, texto de crítica ferrenha ao estruturalismo.
1966
1972
1968
Erving Goffman publica A representação do eu na vida cotidiana, obra na qual discute a questão dos papéis sociais e desenvolve a ideia do comportamento humano cotidiano como uma ação teatral.
Georg Simmel publica Filosofia do dinheiro, obra de ensaios na qual faz uma análise sociológica da vida moderna.
1973
Louis Althusser escreve Aparelhos ideológicos do Estado.
Philippe Ariès publica A história social da infância e da família.
14
Desconfiança, aversão, medo ou profunda antipatia sentidos por alguém em relação a pessoas estranhas ao seu meio, ou a indivíduos que vêm de outro país. Pode manifestar-se de várias maneiras e é comumente associada ao repúdio a outras culturas e etnias.
4
Saiba mais
Crime de racismo e xenofobia em universidade paulista Em abril de 2012, a imprensa divulgou a seguinte notícia de práticas de intolerância, racismo e xenofobia em uma universidade paulista: “A Unesp vai pedir à Polícia Federal que apure dois crimes no campus de Araraquara (SP): xenofobia, que é a antipatia contra estrangeiros, e discriminação contra um grupo de estudantes africanos. Além disso, a direção da Faculdade de Ciências e Letras, onde ocorreu a manifestação, irá comunicar o fato ao Ministério Público. O campus conta com 26 estudantes oriundos da África, sendo 23 na Faculdade de Ciências e Letras, dois no Instituto de Química e um na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, que vieram estudar no Brasil por meio de um convênio internacional. A inscrição ‘sem cotas aos animais da África’ revoltou professores e alunos da unidade. Algumas frases de repúdio foram escritas no mesmo lugar. Na universidade, há um espaço aberto aos estudantes.
5.5
Compreender os conceitos de raça, racismo, etnia e etnicidade e suas inter-relações. Discutir criticamente os temas do racismo e de algumas formas de
preconceito e de discriminação como resultado das relações e práticas sociais estabelecidas historicamente. Identificar as desigualdades sociais decorrentes das relações raciais.
✔
Biblioteca Bib do estudante: Leitura complementar
Os universitários africanos registraram boletim de ocorrência por discriminação no 4o D.P. ‘Eu fiquei muito triste em saber que tinha gente que ainda tem esse tipo de pensamento negativo’, observa Fiston Angembe, que estuda Economia. ‘É inexplicável sofrer um ato de racismo e xenofobia. É um ato desumano’, completa Alfa Embalo, estudante de Ciências Sociais.” G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/araraquara-regiao/noticia/2012/04/unesp-pedepf-que-apure-caso-de-racismo-e-xenofobia-em-araraquara.html>. Acesso em: 27 jul. 2013. EDSON SILVA/FOLHAPRESS
✔
✔
MICHELE MOLINARI/ALAMY/OTHER IMAGES
Ao final deste capítulo, o estudante deverá ser capaz de:
Multiculturalismo e ação afirmativa
O conceito de multiculturalismo surge nas sociedades contemporâneas como um meio de combater, por um lado, a ideia de homogeneidade cultural fundamentada no eurocentrismo, isto é, na visão de superioridade dos povos colonizadores europeus, e, por outro, as desigualdades sociais e as diversas formas de racismo, preconceito e discriminação social. A ideia de homogeneidade cultural afirma que a cultura, o modo de vida e visão de mundo dos europeus são universais e únicos, subordinando os dos demais povos. Disseminada mundialmente, essa concepção tem um papel central no desenvolvimento da xenofobia, fenômeno que, na atualidade, afeta principalmente a Europa.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CAPÍTULO 5
5
Xenofobia
Raça, etnia e multiculturalismo
Pichação com conteúdo racista nas paredes da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, em Araraquara (SP, 2012): crime de racismo e xenofobia.
50
Questão motivadora
Como apoio para compreensão do texto, motivação e fixação dos conteúdos, pode-se trabalhar a cronologia como base para pesquisa sobre fatos, acontecimentos ou produção bibliográfica relacionados à discussão proposta no capítulo. A cronologia também pode ser utilizada como ponto de contato para trabalhos interdisciplinares com o objetivo de ampliar as discussões em sala de aula. No capítulo 5, por exemplo, um dos marcos é a “institucionalização do apartheid na África do Sul”, que ocorreu em 1948, informação que permite abordar temas contemplados nos programas de diferentes disciplinas, como História, Geografia e Língua Portuguesa, para a realização de atividades conjuntas ou concomitantes.
Apresenta breves definições de conceitos importantes para a compreensão do capítulo. Os conceitos são elementos fundamentais para a abstração teórica, já que sintetizam em uma palavra ou expressão as complexas questões da realidade e permitem sua identificação, descrição, classificação e demais operações mentais necessárias para o tratamento teórico da realidade. O conceito de “estereótipo” presente no capítulo 5 é indispensável para a compreensão dos processos sociais que levam à discriminação, por exemplo.
Saiba mais Proporciona ao estudante um contato mais amplo com o conteúdo a partir de exemplos que servem de base para a compreensão de conceitos e teorias. Isso significa que serão encontrados notícias de jornal, eventos históricos, tabelas com dados empíricos, discussões de conceitos e caracterizações de fatos ou instituições.
Coleção de máscaras indígenas de cerâmica no Museu do Barro, em Assunção, Paraguai.
Questão motivadora Por que o racismo persiste no Brasil e como podemos combatê-lo?
33
É uma problemática elaborada na abertura de cada capítulo e que serve como base para a formulação de outras questões que orientem a abordagem do conteúdo. Os estudantes ou o docente poderão propor questões orientadoras a partir da questão motivadora. Estas devem ser provocativas e instigantes, abertas e relacionadas com os interesses reais dos estudantes.
Apresenta, no início de cada capítulo, eventos importantes relacionados ao tema que será desenvolvido. A proposta é que o estudante perceba que todas as discussões que serão apresentadas fazem parte de um longo processo histórico que pode ser interpretado sociologicamente.
Glossário
Sociologia em movimento
Capítulo
Componentes didáticos e pedagógicos Apresentação das seções que acompanham o texto principal ao longo de cada capítulo e que levam ao aprofundamento do conteúdo por meio de elementos como questões motivadoras, indicações de filmes, livros e sites, e textos complementares ligados ao campo jurídico e a outras importantes questões da atualidade.
Por exemplo, no capítulo 5, o “Saiba mais/Cracolândia” apresenta uma matéria que relaciona uma ação do Estado com o conceito de discriminação, que permite ao estudante aplicar uma noção aprendida na dinâmica das relações raciais em diferentes contextos de desigualdade social. O docente pode utilizar esse exemplo para transpor a discussão para diferentes contextos culturais e históricos, propondo trabalhos com base em pequenas pesquisas ou relatórios descritivos sobre os exemplos levantados.
Assim, a partir de questões como “por que o racismo persiste no Brasil e como podemos combatê-lo?”(capítulo 5), os estudantes podem orientar seus estudos com questões derivadas, como: a política de cotas para negros
12
13
Organização e articulação dos conteúdos A Sociologia expressa na escola brasileira a tradução de um campo científico específico: as Ciências Sociais (Antropologia, Ciência Política e Sociologia). Nossa obra parte de temas centrais da Sociologia, da Antropologia e da Ciência Política e os discute com o suporte de conceitos e teorias, sempre buscando articular as dimensões explicativa, discursiva e empírica. Ao longo do texto, estudantes e docentes encontram os conceitos destacados e contextualizados. Também são descritas as teorias mais relevantes em cada temática discutida, para evitar a adoção de apenas uma vertente explicativa dos fenômenos sociais. Desse modo, o docente encontra no livro diferentes ferramentas para desenvolver suas estratégias pedagógicas em sala de aula, e pode construir um roteiro adequado à sua realidade escolar, ao mesmo tempo que atua em consonância com as propostas das OCN para o ensino de Sociologia.
Unidade
1
Sociedade e conhecimento: a realidade social como objeto de estudo
Princípios de Química Inorgânica
Unidade
1
CAPÍTULO 1
Organização e articulação dos conteúdos Informações sobre a organização e articulação dos conteúdos da obra e sobre os objetivos de cada unidade que auxiliam o docente a desenvolver estratégias pedagógicas em sala de aula e a construir um roteiro adequado à sua realidade escolar.
Sociedade e conhecimento: a realidade social como objeto de estudo Capítulo 1
Produção de conhecimento: uma característica fundamental das sociedades humanas, 10
Capítulo 2
A Sociologia e a relação entre o indivíduo e a sociedade, 33
9
Construção do currículo a partir do livro O advento da modernidade criou as condições para o desenvolvimento das Ciências Sociais na medida em que tornou imperiosa a explicação dos fenômenos sociais com base na análise científica. A alfabetização científica dos jovens nos saberes das Ciências Sociais é, portanto, característica de uma sociedade moderna, que conhece seus problemas e reconhece o lado nocivo dos processos sociais que atentam contra a liberdade e o bem-estar da população; mais ainda, que sabe que a ciência é a ferramenta mais poderosa para criar os meios de superação de processos responsáveis pela pobreza, segregação e espoliação das pessoas. A Sociologia é uma ciência privilegiada na produção de diagnósticos dos problemas sociais e, portanto, pode oferecer recursos para que eles sejam superados. Neste livro não só são discutidos temas clássicos da história da Sociologia e das Ciências Sociais, como a relação indivíduo/sociedade, cultura e ideologia, Estado e relações de poder, movimentos sociais, trabalho, estratificação e desigualdade social e socialização. Ao mesmo tempo, são trazidos para estudantes e docentes temas contemporâneos, como direitos humanos e cidadania, raça e etnicidade, gênero e sexualidade, e meio ambiente. Os diálogos entre os autores clássicos e contemporâneos mostram a vitalidade da pesquisa sociológica e despertam nos estudantes a curiosidade sobre os meios efetivos de conhecer a sociedade e produzir ações que possam de fato transformá-la.
Capítulo 1 – Produção de conhecimento: uma característica fundamental das sociedades humanas
Capítulo 2 – A Sociologia e a relação entre o indivíduo e a sociedade A primeira unidade tem como objetivo propor uma reflexão inicial sobre as bases que constituem a sociedade em que vivemos. Em particular, a forma como, a partir do século XIX, a realidade social foi tomada como objeto de investigação científica e seu estudo formou o conjunto de disciplinas conhecidas como Ciências Sociais. Discute principalmente como a Sociologia, ciência criada no século XIX, contribui para o desenvolvimento de diferentes interpretações da sociedade contemporânea, em particular da relação entre o indivíduo e a sociedade. Essa unidade permite, ao mesmo tempo, introduzir os estudantes no pensamento sociológico, apresentando-lhes as condições sócio-históricas que levaram ao desenvolvimento dessa ciência e os temas centrais, que, naquele contexto, orientaram as reflexões dos autores clássicos da Sociologia. Possibilita ainda a atualização dessa reflexão ao operar com fenômenos e autores contemporâneos.
A organização do conteúdo da obra tem como foco o estudante do Ensino Médio. Por isso, a estruturação e articulação dos temas levam em consideração a relação sócio-histórica dos estudantes com a disciplina e o papel do professor no desenvolvimento do curso. Nesse sentido, parte-se das seguintes premissas: • O conhecimento é uma construção, ou seja, não é inato. Depende de uma busca pelo saber, de uma investigação que dê sentido aos fenômenos e aos fatos. Assim, o livro não só procura estimular a investigação e o aprofundamento das discussões propostas, e apresenta os debates mais importantes, mas incentiva a pesquisa e a produção de conhecimento autônomo sobre a realidade social por parte dos estudantes. • O estudante de Ensino Médio é capaz de produzir conhecimento. Isso significa que o livro deve deixar espaço para que o estudante, ao interagir com o material didático, não veja nele um conjunto de interpretações definitivas da realidade, mas uma ferramenta com a qual ele possa descobrir quais são as questões sociais relevantes e construir seu próprio entendimento dos diferentes elementos que compõem e estruturam seu cotidiano. • O docente tem um papel fundamental no processo de construção do conhecimento por parte do estudante do Ensino Médio. O docente é quem organiza, orienta e indica os caminhos através dos quais os estudantes podem explorar todas as nuances que o conteúdo da obra permite e, assim, se tornarem capazes de desenvolver autonomia intelectual e protagonismo nas situações de sua vida social. Mais que isso, pode dar ao conteúdo novos sentidos, aproximando-o da realidade de cada escola/turma/estudante, o que faz desse material algo que efetivamente dialogue com a sua realidade cotidiana. Com esses pressupostos, o livro se organiza em seis unidades. Cada uma corresponde a uma temática central das Ciências Sociais.
DELFIM MARTINS/PULSAR IMAGENS
Articulação dos temas
18
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Respostas e orientações (capítulos 4 e 5)
4
Conceitos centrais abordados no capítulo Capítulo
4
Respostas e orientações Apresentação de cada capítulo do livro, com sugestões de encaminhamento das aulas, orientações para o trabalho com as seções, e respostas e comentários das atividades.
Socialização e controle social
Ao final deste capítulo, o estudante deverá ser capaz de: ✔ Compreender a socialização como um
processo de integração dos indivíduos à sociedade e aos diferentes grupos sociais.
Socialização e controle social
✔ Avaliar o papel das instituições sociais na
socialização e no controle social.
Questão motivadora Como a socialização e o controle social influenciam as escolhas e os comportamentos individuais?
✔ Identificar o controle social como um
mecanismo de exercício de poder. ✔ Identificar a importância das interações
EVANDRO TEIXEIRA/AGÊNCIA JB/FOLHAPRESS
Capítulo
e dos grupos sociais na construção e na desconstrução de padrões sociais.
A Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro (RJ, 1968), foi a mais expressiva manifestação popular contra a ditadura implantada em 1964, marcada pelo autoritarismo, supressão dos direitos constitucionais, perseguição política, prisão, tortura e assassinato dos opositores, além da imposição da censura prévia aos meios de comunicação.
Aprendizagem
Cooperação
Socialização primária
Competição
Socialização secundária
Conflito
Instituição social
Status
Grupo social primário
Papéis sociais
Grupo social secundário
Controle social
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1. Apresentação do capítulo O capítulo “Socialização e controle social” busca debater os principais conceitos sociológicos sobre a vida em sociedade. Para tanto, a demonstração dos imperativos sociais de nossa vida é um traço privilegiado no texto. As “Primeiras palavras”, que são a primeira parte do capítulo, introduzem o tema e apresentam a questão da similaridade dos comportamentos em sociedade, apesar de nossa diversidade e, ao mesmo tempo, singularidade. Também discute a relação entre as formas de socialização e de controle social e as ideologias. O item seguinte busca trabalhar as noções de socialização, conceito básico da Sociologia nessa discussão. A partir daí são descritos conceitos como grupo social (primário e secundário), categoria social, interação social (cooperação, competição e conflito), status (conceito que informa como grupos e indivíduos ocupam posições associadas a diferentes graus de prestígio, poder, direitos e deveres) e papéis sociais. Já o item “Controle social” trata dos mecanismos pelos quais se garante conformidade à ordem social. É mencionada a teoria de Émile Durkheim, cuja interpretação funcionalista da importância das regras e normas para a coesão social indica que esse controle deve garantir a harmonia social, constituindo-se de estruturas materiais e simbólicas que conformam os indivíduos ao sistema social e prevê punições para os casos em que isso não ocorre. Há também a abordagem proposta pela tradição sociológica encabeçada por Karl Marx e Max Weber, que parte das relações sociais e da realidade derivada delas como constituídas por contradições. Estas, em vez de gerar um todo social harmônico, levam ao conflito. Para esses autores, os mecanismos ou recursos que compõem o controle social estão relacionados à defesa dos interesses de grupos específicos que detêm o controle econômico, cultural e político, o que dá forma à realidade social como a percebemos. Por fim, a opção do filósofo franco-argelino Louis Althusser e sua divisão dos agentes de controle social em aparelhos repressivos (conjunto dos órgãos e instituições que estabelecem o controle social pela repressão ou pela possibilidade de realizá-la) e aparelhos ideológicos de Estado (instituições representadas pelas religiões, escola, família, sindicatos, sistemas de informação e pela cultura), que pensa de maneira pessimista a vida em sociedade e os aparatos que a limitam. Nas “Considerações sociológicas” é discutida a conexão entre a juventude e os relacionamentos digitais por meio das redes sociais, com destaque para as formas de sociabilidade de nosso tempo. Nesse texto, os estudantes podem reconhecer-se como partícipes de um novo modo de sociabilidade e de novas sensibilidades que ultrapassam e tomam o lugar das tradicionais formas de socialização (como a família, na figura dos pais, e a escola), e em que a exibição de si e a contemplação do outro aparecem como um fenômeno contemporâneo da expressão da experiência pessoal e cotidiana.
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001_050_SOCIOLOGIA_MANUAL.indd 6
Interação social
Principais autores abordados no capítulo Carlos Nelson Coutinho
Louis Althusser
Émile Durkheim
Max Weber
Erving Goffman
Peter Berger
Georg Simmel
Philippe Ariès
Karl Marx
Principais temas abordados no capítulo • Compreensão de que a sociedade é uma produção humana e o ser humano é uma produção social. • Percepção da socialização como um processo de integração dos indivíduos à sociedade e aos diferentes grupos sociais. • Entendimento do papel das instituições sociais na socialização e no controle social. • Reconhecimento de que o controle social é um mecanismo de exercício de poder necessário em todas as sociedades. • Compreensão da importância das interações e dos grupos sociais na construção e na desconstrução de padrões sociais.
2. Sugestões de encaminhamento das aulas O capítulo visa proporcionar ao estudante o olhar das Ciências Sociais sobre o tema da socialização e do controle social. Ao longo da leitura do capítulo, os estudantes poderão desnaturalizar as regras e normas sociais como algo produzido sem sua participação e perceber que a manutenção de tais regras só é possível pela participação inconsciente de todos. Para o cumprimento desse objetivo, o capítulo sugere as seguintes reflexões: • Reconhecer a necessidade de viver em sociedade, o que implica adaptar o comportamento às normas e regras consideradas apropriadas. Discutir a existência de formas de controle que estão, por um lado, incorporadas aos comportamentos, e, por outro, demonstrar que os limites para esses comportamentos podem estar inscritos nos dispositivos legais que regulam a vida em sociedade. Assim, mostrará as duas faces do controle: a social e a legal. Para tanto, pode apresentar situações em que, apesar de serem passíveis de aprovação de muitos (como o espancamento e assassinato de um
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Material de apoio do DVD Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
SOCIOLOGIA
EM MOVIMENTO
DVD do professor
SOCIOLOGIA
ANOTAÇÕES EM AULA UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
EM MOVIMENTO
relações cotidianas
1
DVD do professor
ANOTAÇÕES EM AULA UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas relações cotidianas
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
3
Raça, racismo e etnia: aspectos socioantropológicos
• Os preconceitos se baseiam em generalizações superficiais e depreciadoras do outro (em geral portador de características físicas e culturais diferentes e arbitrariamente consideradas inferiores); a tais generalizações a Sociologia denomina estereótipos.
• O racismo pressupõe a existência de “raças” humanas e se utiliza da caracterização biogenética para explicar fenômenos sociais e culturais. • Supõe ainda que existam “raças superiores” e “raças inferiores”, considerando, portanto, “natural” que estas sejam subjugadas pelas primeiras.
• Discriminação é uma atitude ou tratamento diferenciado em relação ao outro que pode levar à marginalização ou exclusão.
• O racismo, portanto, é também uma ideologia.
• A discriminação e a segregação materializam as ideologias calcadas em preconceitos que refletem a hegemonia de um grupo e a subordinação de outro.
• Teorias raciais e eugênicas - Surgiram no final do século XIX e início do XX, tentando comprovar cientificamente a existência de “raças superiores e inferiores”, recorrendo às ciências naturais e seus métodos à época (medições de crânio e nariz, por exemplo). - Os chamados estudos antropométricos tentavam provar ser possível deduzir o comportamento e as aptidões de um indivíduo com base em suas características físicas.
• Os preconceitos são normalmente difundidos, enraizados e renovados por meio dos mecanismos socializadores, e sua reprodução ao longo da história foi responsável pela cristalização de profundas desigualdades em diversas sociedades. • Às vezes a discriminação é dissimulada, não ficando claro, nem mesmo para quem a sofre, que ela de fato existe – o que torna ainda mais difícil superá-la. “A relação dos jovens com o lugar onde moram foi um dos motivos que os levaram a pensar na campanha contra o preconceito. Eles já perderam as contas de quantas vezes sofreram alguma discriminação quando disseram que moravam em favela. ‘Nós ficamos sabendo de vários jovens que tentam estudar ou conseguir um emprego e são discriminados por causa do lugar onde vivem. Recentemente, eu sofri com isso. Quando a minha filha nasceu, a recepcionista da maternidade me olhou estranho quando disse que morava na Maré’, relembra Michele Aldeia.” SEQUEIRA, Renata. Pelo fim do preconceito. JovEMovimento. Disponível em: <http://jovemovimentonacional.blogspot.com.br/2008/11/campanha-favela-eu-sou-daqui-no-viva. html>. Acesso em: 12 ago. 2103.
SOCIOLOGIA
EM MOVIMENTO
A medição do crânio é um exemplo da aplicação da antropometria.
SOCIOLOGIA
DVD do professor
ANOTAÇÕES EM AULA UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
ROGER-VIOLLET/GLOW IMAGES
Preconceito, discriminação e segregação
EM MOVIMENTO
relações cotidianas
2
Anotações em aula Miniaturas das Anotações em aula do DVD do professor que facilitam o acesso rápido ao material, permitindo a seleção dos esquemas a ser utilizados.
DVD do professor
ANOTAÇÕES EM AULA UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas relações cotidianas
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
4
Teorias eugênicas
Segregação • Segregar significa separar, isolar social e/ou espacialmente. Grupos que são alvo de preconceito, discriminados por não partilharem da cultura dominante, costumam ser segregados.
• Pressupunham que cada “raça” possuía características próprias e que a miscigenação entre brancos, amarelos e negros resultaria na degeneração.
• Muitas vezes a segregação é institucionalizada por meio de políticas ou leis, que visam manter fora do foco da sociedade indivíduos ou grupos considerados indesejáveis. A concentração de moradores pobres em favelas e periferias é um exemplo da segregação que ocorre no meio urbano.
• Havia, entretanto, as que propunham que a miscigenação poderia ser uma opção de “melhorar” as características de um povo através da disseminação da genética do homem branco. • Algumas políticas públicas se basearam nesses pressupostos. Um exemplo foi o incentivo à imigração de trabalhadores alemães e italianos para o Brasil à época da abolição da escravidão.
ROGÉRIO REIS/PULSAR IMAGENS
SHEILA JACOB/NPC
Manifestação contra a ameaça de remoções em favelas do Rio de Janeiro realizada em 2010, em frente ao prédio da Prefeitura do município.
Joseph Arthur de Gobineau (1816-1882) Em seus estudos de eugenia defendeu que a miscigenação era inevitável, mas levaria à degeneração física, intelectual e moral da espécie humana.
Imagem de 2011 do conjunto habitacional Cidade de Deus, que surgiu na década de 1960 como desdobramento das remoções de favelas localizadas no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Cesare Lombroso (1835-1909)
Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906)
Médico italiano, Lombroso Médico e antropólogo defendia que criminosos brasileiro que, inspirado em apresentavam evidências físicas teorias racistas como a de que possibilitavam classificar Lombroso, defendeu que os de antemão o comportamento negros eram geneticamente transgressor. Chamadas por mais propensos à ele de estigmas, tais anomalias criminalidade. poderiam ser identificadas através da antropometria.
Respostas do Banco de Questões
Respostas do Banco de questões Respostas do Banco de questões elaboradas pelos autores, também disponíveis para download no DVD do professor, organizadas por capítulos.
UNIDADE 1
Capítulo 4
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas relações cotidianas Socialização e controle social
1. As empresas normalmente estabelecem mecanismos de controle social ao instituírem padrões de comportamento aos quais devem se adequar aqueles que ocupam a posição (status) de funcionários. A cada função, para cada posição (status) na empresa, corresponde um determinado papel social. Contudo, a situação relatada mostra como a tecnologia e o alcance das redes sociais permitem que instituições ampliem o alcance de seu controle, estendendo-o à vida privada. Já não importam simplesmente o cumprimento de regras e normas, padrões e expectativas dentro da empresa em relação ao tipo de tarefa desempenhada. O comportamento para além dos muros da empresa passa a ser monitorado e isso viabiliza à instituição aumentar seu poder de previsão sobre comportamento e reação de funcionários. É interessante fazer uma análise crítica sobre a espetacularização da vida privada, tão evidente em reality shows e redes sociais, revelando o individualismo predominante na sociedade. Ou seja, ao crescente fenômeno da privatização do espaço público soma-se esta “invasão” ou superexposição da vida privada. As pessoas perseguem a popularidade por meio da exposição de sua intimidade (viagens, aquisições materiais, gostos pessoais etc.), ou seja, desejam ter seguidores e admiradores, reproduzindo um ideal fortemente disseminado na sociedade norte-americana, marcada pelo consumismo e pelo individualismo. Outro aspecto relevante é o fato de que não ter um perfil em rede social passa a ser malvisto, gerando desconfiança. Isso pode ser percebido como um controle social extremo, a ditadura da exposição da imagem, em que padrões de sociabilidade são impostos sob pena (sanção socialmente estabelecida, neste caso) de exclusão das relações não virtuais. 2. Os alunos deverão listar todos os exemplos que lhes ocorrerem; espera-se que mencionem os pais, a escola, os amigos, o próprio Estado. Com esses agentes a relação é direta. Mas também podem mencionar exemplos da vida cotidiana, como as câmeras que monitoram o interior dos transportes coletivos ou de estabelecimentos privados: lojas e elevadores são equipados com microcâmeras. As redes sociais podem ser vasculhadas por pais, diretores de escola, além dos amigos, e, quando ingressarem no mercado de trabalho, pelo patrão. Dessa forma, nosso
comportamento, nossas ações, relações e escolhas são controlados a fim de garantir que estejam de acordo com os padrões dominantes e tomados como corretos pelos agentes do controle social. É possível que surja o discurso da segurança, o qual deve ser relativizado; pode-se confrontar a suposta necessidade de segurança e controle cada vez maior com a questão da liberdade. Vale sublinhar que isso evidencia como dentro da própria lógica liberal existem direitos, considerados fundamentais, que na prática podem entrar em atrito, além de outros direitos políticos e sociais que são frequentemente negados na prática a muitos grupos. 3. Essa atividade deve ser conduzida para encaminhar os estudantes a uma reflexão sobre as diferentes formas de controle social que existem em nossa sociedade e seus impactos sobre os indivíduos.
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
1. a) Os estudantes devem desenvolver uma resposta que problematize a situação dos negros na sociedade brasileira. Conforme discutido no capítulo, deve-se dar atenção ao fato de que as condições de vida dos descendentes de escravos são, na maioria das vezes, precárias. Podem apontar ainda para o problema do racismo em suas diferentes manifestações como elemento que contribui para que essa condição perdure. As letras das músicas são importantes para discutir a situação dos negros e de outras etnias como a indígena no cenário social do Brasil. Pode-se pedir aos estudantes que apresentem situações cotidianas que confirmem as situações relatadas nas letras. b) Essa atividade pode ser realizada em parceria com as disciplinas de História e Língua Portuguesa, além de ser ampliada para toda a escola e apresentada numa feira cultural. É importante que ela sirva para reflexão sobre como os compositores de diferentes lugares da sociedade percebem as culturas negra e indígena. Dependendo da região do país, podem ser incluídas outras culturas sem, no entanto, perder o foco que é, nesse caso, a discussão das condições dessas etnias na sociedade brasileira. 2. A ideia de construção de um mosaico com os estudantes é uma atividade enriquecedora, principalmente por levar os estudantes a tomar consciência da diversidade entre eles. Aproveite as diferentes etapas de construção para incentivar o debate sobre a diversidade. Seria interessante, se possível, montar um mosaico com os estudantes em trajes escolares e outro com trajes escolhidos por eles para valorizar a individualidade e as preferências culturais de cada um.
Respostas da Lista de Exercícios UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas relações cotidianas
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
1. A 2. C
Capítulo 4
Socialização e controle social
1. E 2. 01 + 04 + 08 + 16 = 29 3. A 4. E 5. A 6. D 7. A 8. C 9. A 10. C
4. A 5. 01 + 08 = 09 6. E 7. A 8. D 9. A 10. D 11. B 12. E
11. D
13. I – E; II – E; III – C; IV – C
12. B
14. A
13. A 14. D 15. C
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3. B
15. A 16. E
16. D
17. B
17. D
18. D
Respostas da Lista de exercícios Respostas das questões de vestibulares e concursos também disponíveis para download no DVD do aluno, organizadas por capítulos.
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Organização do DVD do professor O conteúdo digital disponível no DVD está organizado em pastas que facilitam sua navegação:
Sociologia em movimento DVD-ROM
Anotações em aula
DVD do aluno
Biblioteca do professor
Banco de questões
Respostas e orientações
Educação e tecnologia
Lista de exercícios
Leituras complementares
Banco de questões
Conversa com os autores
Livro do aluno
Conteúdo multimídia
SOCIOLOGIA
EM MOVIMENTO
DVD do professor
ANOTAÇÕES EM AULA UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 4
Socialização e controle social
relações cotidianas
O processo de socialização • O processo de socialização consiste na transmissão dos códigos culturais de um grupo social aos indivíduos que dele fazem parte. • Os processos de socialização acontecem em dois níveis: - Primário: interações face a face; envolve proximidade, intimidade e afetividade. Exemplo: a família. - Secundário: ocorre de forma mais dispersa; há maior diversificação dos agentes. Exemplo: escola e trabalho.
1
Anotações em aula Esquemas de aula para projeção com recursos visuais a fim de enriquecer as aulas, propondo um itinerário para a abordagem dos conteúdos de cada capítulo.
JORGE ADORNO/REUTERS/LATINSTOCK
JUNG YEON-JE/AFP
• Os agentes de socialização implementam tal processo; dentre os que se destacam no nosso cotidiano estão os pais (família), professores (escola), amigos (grupos sociais) e, cada vez mais, personagens ou personalidades que nos chegam através dos meios de comunicação de massa ou redes sociais on line.
Na primeira imagem a cantora pop Estadunidense Lady Gaga (Paraguai, 2012). Na segunda, fãs da cantora (Coreia do Sul, 2012). Ídolos do mundo artístico costumam influenciar o comportamento e gostos de seus admiradores.
SOCIOLOGIA
EM MOVIMENTO
DVD do professor
ANOTAÇÕES EM AULA UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 4
Socialização e controle social
relações cotidianas
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Instituições, grupos e categorias sociais • Instituições sociais: - Conjunto relativamente estável de padrões culturais que servem como modelo para os indivíduos. Exemplo: o casamento. - Referem-se a padrões e normas que se aplicam a diferentes grupos na sociedade. Exemplo: família, escola, religião. • Mecanismos de socialização são os meios através dos quais os padrões e normas sociais são transmitidos pelo grupo e internalizados pelos indivíduos (aprendizagem, imitação e identificação).
• Grupos sociais: - Constituem-se a partir de interesses, práticas e valores compartilhados por um grupo de indivíduos. - Podem ser classificados em primários, intermediários e secundários. • Categorias sociais, para a Sociologia, são formadas por indivíduos que vivem experiências semelhantes sem, no entanto, estabelecerem relações sociais diretas. Exemplo: os metalúrgicos.
JUCA MARTINS/OLHAR IMAGEM
• Através dos mecanismos de socialização nossa identidade social se constitui.
Registro de momento histórico, reunião de milhares de metalúrgicos no estádio de Vila Euclides em São Bernardo do Campo (SP, 1979).
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DVD do professor
DVD do professor
SOCIOLOGIA
BIBLIOTECA DO PROFESSOR • Educação e tecnologia
BIBLIOTECA DO PROFESSOR • Textos de formação teórica
EM MOVIMENTO
1
BIBLIOTECA DO PROFESSOR
BIBLIOTECA DO PROFESSOR
Educação e tecnologia
Textos de formação teórica
UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 4
Socialização e controle social
relações cotidianas
1
Apresentação
A formação do professor para a adoção de modelos pedagógicos apropriados ao uso de novas mídias em sala de aula
O capítulo 4 trabalha os processos de socialização e de controle social que, analisados sob a perspectiva da relação do indivíduo com a sociedade, constituem um dos principais problemas sobre o qual se debruça a teoria sociológica. O texto do sociólogo polonês radicado na Inglaterra Zygmunt Bauman apresenta uma síntese didática dessa questão.
Introdução Nas últimas décadas, a disseminação das tecnologias digitais e de seu uso no processo de ensino e aprendizagem tem colocado a questão de qual será o novo papel do professor no século XXI. Ele já não é somente alguém que transfere informações e conhecimentos para seus estudantes, como foi no passado, pois as transformações socioculturais ocorridas com a globalização e a invenção de novas tecnologias estão modificando a função desse profissional. Para melhor entender tal processo de mudança, vejamos como uma das atribuições do docente – a de repassar conhecimentos pelo uso de tecnologias intelectuais – se deu em diferentes momentos históricos. As informações e os conhecimentos acumulados pelo ser humano foram repassados de geração para geração por intermédio de várias tecnologias. No início da história da humanidade, quando ainda não existia a escrita, a fala era um elemento de permanência, o principal veículo de transmissão e preservação de valores, conhecimentos e experiências. Nessa fase da oralidade, a transmissão de conhecimentos ocorria por meio da memorização da informação, que era repassada das antigas para as novas gerações. Com a invenção da escrita, por volta de 4000 a.C., a informação e o conhecimento puderam ser transmitidos por diferentes tipos de suportes, como pergaminhos, códices, papiros e, posteriormente, livros. A invenção da escrita não significou, porém, a supressão da tradição oral. As sociedades ágrafas da América e da África, por exemplo, têm conseguido preservar histórias e técnicas ancestrais por meio do convívio das velhas com as novas gerações. Mesmo nas sociedades ocidentais, onde a escrita se tornou uma das bases da organização do Estado, da economia e da ciência, a oralidade continuou sendo veículo de transmissão de valores, costumes e conhecimentos, especialmente nas comunidades camponesas. Ao longo da história, vários suportes foram criados e aperfeiçoados para repassar conhecimentos, sem que a invenção de um implicasse necessariamente a supressão do outro: a pedra cinzelada com hieróglifos, o papiro (que deu origem à palavra papel), o pergaminho, o manuscrito medieval, o livro impresso de Gutenberg em 1455, o telefone, o rádio, a televisão e, hoje, os conteúdos digitais, agregados a muitos desses suportes anteriores. Todos esses meios facilitaram a transmissão de conhecimentos e informações e tiveram um profundo impacto na sociedade de sua época. E cada uma dessas formas de preservar e acessar conhecimentos afetou o papel do professor. Na sociedade contemporânea, as tecnologias digitais afetam profundamente a transmissão e a produção de conhecimentos e a atuação do professor em sala de aula. Por vários séculos, a aula expositiva, em que o professor apresenta um tópico específico para os estudantes, foi e continua sendo o modelo dominante no processo de ensino e aprendizagem. Não há dúvida de que existem variações na atuação do professor em sala de aula, mas prevalece o modelo em que o professor palestra sobre determinada área do conhecimento, enquanto os alunos ouvem, esclarecem dúvidas e assimilam as informações. Esse modelo foi chamado de “sábio no palco”, do inglês “sage on the stage”. Nesta reflexão, vamos primeiramente explorar as características da sociedade do conhecimento, em especial as relacionadas com a educação, e fazer algumas considerações sobre o impacto das tecnologias digitais, sobretudo no perfil do professor e do aluno, para posteriormente considerar a importância da formação do educador no que se refere ao uso do computador em sala de aula e propor modelos pedagógicos que têm alcançado bons resultados.
Indicação – Aprendendo a pensar com a Sociologia O renomado sociólogo polonês Zygmunt Bauman reúne nesse livro os principais temas da sociologia com a intenção de apresentar os aspectos importantes de cada tema de forma sistemática e didática. O primeiro capítulo, Alguém com os outros, trata justamente dos limites da liberdade individual diante da coerção social nos diferentes processos de interação social. Assim, ao tratar da socialização, da formação dos grupos sociais, da construção da identidade e do debate da interação entre o biológico e o social, o autor demonstra a importância da teoria sociológica para o entendimento da vida cotidiana para além do senso comum. Nesse texto se destacam os seguintes pontos: • O debate entre a liberdade individual e a coerção social a partir da sensação que cada membro da sociedade tem de ser livre e ao mesmo tempo não ser. • A coordenação da ação dos membros de uma sociedade é limitada pelas circunstâncias. As ações são frutos de escolhas conscientes e de hábitos; esses últimos levam a ações inconscientes. • As regras criadas para guiar a conduta das pessoas se impõem de tal maneira que, uma vez quebradas, vêm acompanhadas de uma punição que confirma a ideia de que somos responsáveis por nossas ações. • A liberdade de ação é limitada pela escassez daquilo que todos buscam, assim como pelos fatores materiais e simbólicos que conformam a capacidade do indivíduo de alcançar seus objetivos. Assim a liberdade de escolha não garante a liberdade de efetivamente se atuar sobre as escolhas e de atingir os objetivos desejados. A liberdade de ação, portanto, vai além do livre-arbítrio. • Os grupos sociais limitam a liberdade a partir das expectativas que produzem sobre a ação de seus membros. Os grupos aos quais cada um pertence não são de escolha livre de seus membros e estão condicionadas por fatores como família, vizinhança, escola e outras formas de socialização primária e secundária. • No que se refere ao atual estágio da ciência a respeito dos determinantes biológicos do comportamento humano, os fatores sociais produzidos nos processos de interação social ainda são predominantes nos diferentes comportamentos humanos registrados. • A proporção entre liberdade e dependência é um indicador da posição relativa ocupada na sociedade por uma pessoa ou por uma categoria de pessoas.
Biblioteca do professor • Educação e tecnologia: Uma reflexão sobre os desafios de conciliar educação e as atuais tecnologias. • Textos de formação teórica: Textos de especialistas que auxiliam na capacitação teórica e no aprofundamento de alguns conteúdos apresentados no livro.
Referência bibliográfica BAUMAN, Zygmunt. Alguém com os outros. In: Aprendendo a pensar com a Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. p. 33-50.
Conversa com os autores Vídeos em que a obra e as unidades são apresentadas e comentadas pelos autores, com alternativas de trabalho em sala de aula.
DVD do professor
SOCIOLOGIA
SOCIOLOGIA
BANCO DE QUESTÕES
EM MOVIMENTO
UNIDADE 2 Capítulo 5
relações cotidianas
Raça, etnia e multiculturalismo
2. Observe o painel a seguir:
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DVD do professor
BANCO DE QUESTÕES UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
relações cotidianas
1
EUROPE-HOLLAND/ALAMY/GLOW IMAGES
BANCO DE QUESTÕES DAVE STAMBOULIS/ALAMY/GLOW IMAGES
BORDERLANDS/ALAMY/GLOW IMAGES
EM MOVIMENTO
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
1. Leia os textos a seguir.
Moço... Não se esqueça que o negro também construiu
Texto I – Canto das três Raças “Ninguém ouviu um soluçar de dor No canto do Brasil. Um lamento triste sempre ecoou Desde que o índio guerreiro
As riquezas do nosso Brasil Pergunte ao criador Quem pintou esta aquarela Livre do açoite da senzala Preso na miséria da favela
Foi pro cativeiro e de lá cantou.
DAVID SOUTH/ALAMY/GLOW IMAGES
SERGEY UZAKOV/RIA NOVOSTI/AFP
FABIO COLOMBINI
Sonhei... Negro entoou um canto de revolta pelos ares
Que Zumbi dos Palmares voltou
No Quilombo dos Palmares, onde se refugiou.
A tristeza do negro acabou
Fora a luta dos inconfidentes
Foi uma nova redenção
Pela quebra das correntes. Nada adiantou.
Senhor... Eis a luta do bem contra o mal
E de guerra em paz, de paz em guerra,
Que tanto sangue derramou
Todo o povo dessa terra
Contra o preconceito racial
Quando pode cantar, Canta de dor.
O negro samba Negro joga capoeira
E ecoa noite e dia: é ensurdecedor. Ai, mas que agonia MEHDI FEDOUACH/AFP
ROGÉRIO REIS/PULSAR IMAGENS
O canto do trabalhador... Esse canto que devia ser um canto de alegria Soa apenas como um soluçar de dor.” PINHEIRO, Paulo Sérgio; DUARTE, Mauro. Canto das três Raças. Disponível em: <http://www.letras.com.br/#!paulo-cesar-pinheiro/ canto-das-tres-racas>. Acesso em: 19 jul. 2013.
Texto II – 100 Anos de liberdade: realidade ou ilusão? “Será... Que já raiou a liberdade Ou se foi tudo ilusão Será... Que a lei Áurea tão sonhada Há tanto tempo imaginada
As imagens nos remetem à característica central da nossa espécie que é a da diversidade cultural. Com base nas discussões realizadas no capítulo, monte um painel com os estudantes de sua escola como nas imagens anteriores e depois converse com eles sobre a diversidade cultural em sua escola ou região. Deixe o painel montado exposto em um lugar central de sua escola para que todos possam ver.
Não foi o fim da escravidão Hoje dentro da realidade Onde está a liberdade Onde está que ninguém viu
Ele é o rei na verde e rosa da Mangueira” TURCO, Hélio; JURANDIR; ALVINHO. 100 Anos de liberdade: realidade ou ilusão? Samba enredo da escola G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira no carnaval do Rio de Janeiro em 1988. Disponível em: <www.academiadosamba.com.br/passarela/ mangueira/ficha-1988.htm>. Acesso em: 18 jul. 2013.
a) As composições anteriores propõem uma reflexão sobre a condição dos negros pós-abolição. Com base nelas e nas discussões realizadas no capítulo 5 do livro, peça aos estudantes que discutam por que o fim da escravidão não significou a “liberdade” para os negros. b) Proponha que os estudantes organizem um painel musical sobre as culturas negra e indígena. Para realizar essa atividade, eles devem, em diferentes grupos, pesquisar músicas que tenham a situação histórica e cultural de negros e indígenas como temas. Em seguida, devem se organizar para apresentar as músicas a seus colegas de escola. Ao final, pode-se fazer um debate sobre o negro e o indígena na música brasileira.
Banco de questões Questões concebidas para que o professor possa preparar avaliações e atividades referentes a todos os capítulos para os estudantes.
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Conteúdo do DVD do professor (capítulos 4 e 5)
Anotações em aula • Capítulo 4 Socialização e controle social • Capítulo 5 Raça, etnia e multiculturalismo
Biblioteca do professor Educação e tecnologia Formação do professor para a adoção de modelos pedagógicos apropriados ao uso de novas mídias em sala de aula. 1. A sociedade do conhecimento 2. O uso do computador na educação 3. O perfil do novo aluno 4. O perfil do novo professor 5. A formação contínua do professor para o uso das novas tecnologias 6. Modelos pedagógicos para a sala de aula 7. Conclusões
Textos de formação teórica • Capítulo 4 Aprendendo a Pensar com a Sociologia • Capítulo 5 A relevância de Gramsci para o estudo de raça e etnicidade; O jogo das diferenças: o multiculturalismo e seus contextos
Banco de questões Respostas e orientações Lista de exercícios Banco de questões Livro do aluno Conteúdo multimídia • Unidade 2 4.1 Hip-hop – MC 5.1 Mandela 5.2 Quanto vale ou é por quilo?
Conversa com os autores 10
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Material de apoio Livro
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Componentes didáticos e pedagógicos O livro apresenta seções ao longo de cada capítulo junto ao texto principal. Cada seção é um elemento didático-pedagógico que oferece ao estudante a possibilidade de complementar as informações trabalhadas no texto, além de refletir sobre casos concretos. A apresentação dos conteúdos curriculares segue uma questão motivadora a partir da qual diferentes situações--problema podem ser pensadas e para a qual o capítulo articula uma reflexão que mobiliza as competências trabalhadas na construção das diferentes respostas. O desafio de formular problemas a partir da questão motivadora possibilita que sejam colocados em prática, na sala de aula, os fundamentos da relação dialógica que deve pautar uma dinâmica de ensino comprometida com a formação de cidadãos ativos em uma sociedade democrática. Assim, mediante debates estimulados pelos temas de cada capítulo, possibilidades de aprofundamento dos conteúdos por meio de pesquisas, filmes, sites, assim como conexões com o campo jurídico e com importantes discussões desenvolvidas na atualidade, os capítulos permitem um desenvolvimento flexível e eficiente das competências e habilidades necessárias para o estudante do Ensino Médio.
Objetivos
Questão motivadora É uma problemática elaborada na abertura de cada capítulo e que serve como base para a formulação de outras questões que orientem a abordagem do conteúdo. Os estudantes ou o docente poderão propor questões orientadoras a partir da questão motivadora. Estas devem ser provocativas e instigantes, abertas e relacionadas com os interesses reais dos estudantes.
Capítulo
5
Raça, etnia e multiculturalismo
Ao final deste capítulo, o estudante deverá ser capaz de: ✔
Compreender os conceitos de raça, racismo, etnia e etnicidade e suas inter-relações.
✔
Discutir criticamente os temas do racismo e de algumas formas de
Questão motivadora Por que o racismo persiste no Brasil e como podemos combatê-lo?
preconceito e de discriminação como resultado das relações e práticas sociais estabelecidas historicamente. ✔
Identificar as desigualdades sociais decorrentes das relações raciais.
MICHELE MOLINARI/ALAMY/OTHER IMAGES
Na página de abertura de cada capítulo estão listados os objetivos relacionados ao tema em questão. Os objetivos do capítulo vinculam-se aos domínios cognitivos de conhecimento utilizados para a construção dos objetivos educacionais. Os objetivos da educação devem sempre contemplar todos os domínios cognitivos. Logo, os objetivos listados servem como parâmetro, não constituem uma norma rígida. O objetivo “identificar as desigualdades sociais decorrentes das relações raciais” (do capítulo 5), por exemplo, não se esgota em si, mas suscita a compreensão do que sejam as relações raciais em nosso país, a utilização desse conhecimento para debater políticas públicas que podem estar sendo aplicadas em sua própria escola, e induz a planejar medidas criativas para combater as desigualdades produzidas pelas diferentes formas de discriminação racial. A leitura dos textos e a realização das atividades propostas contribuem para o desenvolvimento das habilidades e competências necessárias para atingir proficiência nos objetivos propostos pelo livro e pelo docente em sua prática. A dimensão de criação, como objetivo educacional mais complexo, é objetivo comum a cada unidade e pode ser encontrada a partir das propostas sugeridas nas seções de “Atividades” e “MovimentAção”.
Coleção de máscaras indígenas de cerâmica no Museu do Barro, em Assunção, Paraguai.
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Assim, a partir de questões como “por que o racismo persiste no Brasil e como podemos combatê-lo?”(capítulo 5), os estudantes podem orientar seus estudos com questões derivadas, como: a política de cotas para negros
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nas universidades é uma política pública necessária? Como medir as consequências do racismo no Brasil? Como o movimento negro contribui no combate ao racismo? Qual é o papel da escola no combate a essa forma de discriminação? É possível uma sociedade sem racismo? A partir da questão motivadora, as questões orientadoras formuladas em sala de aula estarão sempre referidas ao cerne do tema em estudo e adequadas à matriz curricular da disciplina.
Cronologia
Sociologia em movimento CAPÍTULO 4
1
Primeiras palavras
É provável que, em algum momento de nossa vida, apesar de sermos seres únicos, indivíduos racionais, atores ativos na sociedade e nos grupos nos quais estamos inseridos, agimos e reagimos de modo muito semelhante a outros indivíduos. Como explicar que comportamentos e reações sejam similares, apesar da individualidade de cada um? Como entender que pessoas com as quais não estabelecemos nenhum contato pessoal compartilhem as mesmas opiniões e os mesmos comportamentos na sociedade? As Ciências Sociais respondem a essas indagações por meio da análise de dois processos que ocorrem em todas as sociedades e culturas: a socialização e o controle social. Neste capítulo verificaremos como tanto o processo de socialização quanto o de controle social atuam na conformação dos indivíduos. Veremos ainda que há uma relação direta entre as formas de socialização e de controle social e as ideologias (no sentido conferido por Marx, como um sistema de ideias que legitima o poder da classe dominante).
Figura 4.1 Crianças em sala de aula, na escola municipal de ensino fundamental da Vila Produtiva Rural Uri (PE, 2011). A escola é um dos espaços de socialização mais difundidos nas sociedades contemporâneas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Socialização e instituições sociais DELFIM MARTINS/PULSAR IMAGENS
2
A sociedade é uma produção humana, e o ser humano é uma produção social. Os indivíduos da espécie humana não conseguem sobreviver isolados ou se desenvolver sem a interferência de um grupo na formação de sua individualidade. A relação entre os indivíduos e a sociedade em que vivem é estudada pela Sociologia de acordo com o conceito de socialização. Esse conceito procura estabelecer os parâmetros de análise do processo pelo qual a sociedade concebe os indivíduos, e os indivíduos, por sua vez, concebem a sociedade. Podemos dizer, portanto, que a socialização é o processo de transmissão dos códigos culturais de um grupo social aos indivíduos que dele fazem parte, integrando-os à medida que interiorizam as informações recebidas. Esse processo se inicia no nascimento e continua por toda a vida, por meio do contato permanente de uns com os outros (Figura 4.1).
Cronologia
Georg Simmel publica Questões fundamentais de Sociologia.
1900
1959
1917
Peter Berger e Thomas Luckmann publicam A construção social da realidade.
Carlos Nelson Coutinho publica O estruturalismo e a miséria da razão, texto de crítica ferrenha ao estruturalismo.
1966
1972
Erving Goffman publica A representação do eu na vida cotidiana, obra na qual discute a questão dos papéis sociais e desenvolve a ideia do comportamento humano cotidiano como uma ação teatral.
Georg Simmel publica Filosofia do dinheiro, obra de ensaios na qual faz uma análise sociológica da vida moderna.
1968
1973
Louis Althusser escreve Aparelhos ideológicos do Estado.
Philippe Ariès publica A história social da infância e da família.
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4
Multiculturalismo e ação afirmativa
O conceito de multiculturalismo surge nas sociedades contemporâneas como um meio de combater, por um lado, a ideia de homogeneidade cultural fundamentada no eurocentrismo, isto é, na visão de superioridade dos povos colonizadores europeus, e, por outro, as desigualdades sociais e as diversas formas de racismo, preconceito e discriminação social. A ideia de homogeneidade cultural afirma que a cultura, o modo de vida e visão de mundo dos europeus são universais e únicos, subordinando os dos demais povos. Disseminada mundialmente, essa concepção tem um papel central no desenvolvimento da xenofobia, fenômeno que, na atualidade, afeta principalmente a Europa. Saiba mais
Crime de racismo e xenofobia em universidade paulista Em abril de 2012, a imprensa divulgou a seguinte notícia de práticas de intolerância, racismo e xenofobia em uma universidade paulista: “A Unesp vai pedir à Polícia Federal que apure dois crimes no campus de Araraquara (SP): xenofobia, que é a antipatia contra estrangeiros, e discriminação contra um grupo de estudantes africanos. Além disso, a direção da Faculdade de Ciências e Letras, onde ocorreu a manifestação, irá comunicar o fato ao Ministério Público. O campus conta com 26 estudantes oriundos da África, sendo 23 na Faculdade de Ciências e Letras, dois no Instituto de Química e um na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, que vieram estudar no Brasil por meio de um convênio internacional. A inscrição ‘sem cotas aos animais da África’ revoltou professores e alunos da unidade. Algumas frases de repúdio foram escritas no mesmo lugar. Na universidade, há um espaço aberto aos estudantes.
5.5 Bib Biblioteca do estudante: Leitura complementar
Os universitários africanos registraram boletim de ocorrência por discriminação no 4o D.P. ‘Eu fiquei muito triste em saber que tinha gente que ainda tem esse tipo de pensamento negativo’, observa Fiston Angembe, que estuda Economia. ‘É inexplicável sofrer um ato de racismo e xenofobia. É um ato desumano’, completa Alfa Embalo, estudante de Ciências Sociais.”
EDSON SILVA/FOLHAPRESS
G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/araraquara-regiao/noticia/2012/04/unesp-pedepf-que-apure-caso-de-racismo-e-xenofobia-em-araraquara.html>. Acesso em: 27 jul. 2013.
Pichação com conteúdo racista nas paredes da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, em Araraquara (SP, 2012): crime de racismo e xenofobia.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CAPÍTULO 5
Desconfiança, aversão, medo ou profunda antipatia sentidos por alguém em relação a pessoas estranhas ao seu meio, ou a indivíduos que vêm de outro país. Pode manifestar-se de várias maneiras e é comumente associada ao repúdio a outras culturas e etnias.
Como apoio para compreensão do texto, motivação e fixação dos conteúdos, pode-se trabalhar a cronologia como base para pesquisa sobre fatos, acontecimentos ou produção bibliográfica relacionados à discussão proposta no capítulo. A cronologia também pode ser utilizada como ponto de contato para trabalhos interdisciplinares com o objetivo de ampliar as discussões em sala de aula. No capítulo 5, por exemplo, um dos marcos é a “institucionalização do apartheid na África do Sul”, que ocorreu em 1948, informação que permite abordar temas contemplados nos programas de diferentes disciplinas, como História, Geografia e Língua Portuguesa, para a realização de atividades conjuntas ou concomitantes.
Glossário
Sociologia em movimento
Xenofobia
Apresenta, no início de cada capítulo, eventos importantes relacionados ao tema que será desenvolvido. A proposta é que o estudante perceba que todas as discussões que serão apresentadas fazem parte de um longo processo histórico que pode ser interpretado sociologicamente.
Apresenta breves definições de conceitos importantes para a compreensão do capítulo. Os conceitos são elementos fundamentais para a abstração teórica, já que sintetizam em uma palavra ou expressão as complexas questões da realidade e permitem sua identificação, descrição, classificação e demais operações mentais necessárias para o tratamento teórico da realidade. O conceito de “estereótipo” presente no capítulo 5 é indispensável para a compreensão dos processos sociais que levam à discriminação, por exemplo.
Saiba mais Proporciona ao estudante um contato mais amplo com o conteúdo a partir de exemplos que servem de base para a compreensão de conceitos e teorias. Isso significa que serão encontrados notícias de jornal, eventos históricos, tabelas com dados empíricos, discussões de conceitos e caracterizações de fatos ou instituições. Por exemplo, no capítulo 5, o “Saiba mais/Cracolândia” apresenta uma matéria que relaciona uma ação do Estado com o conceito de discriminação, que permite ao estudante aplicar uma noção aprendida na dinâmica das relações raciais em diferentes contextos de desigualdade social. O docente pode utilizar esse exemplo para transpor a discussão para diferentes contextos culturais e históricos, propondo trabalhos com base em pequenas pesquisas ou relatórios descritivos sobre os exemplos levantados.
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Sociologia em movimento
Quem escreveu sobre isso
Raça, etnia e multiculturalismo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
REPRODUÇÃO
Tem por objetivo aproximar o estudante dos principais pensadores que estudaram o assunto abordado. A finalidade principal é apresentar o autor e as ideias presentes em sua obra. A diversidade de autores presentes na construção do saber sociológico também serve de estímulo para que os estudantes percebam que os cientistas sociais têm diferentes origens socioculturais e desempenham os mais variados papéis na vida pública de seus países (e, por vezes, internacionalmente). A partir da indicação das obras, os estudantes poderão ser estimulados a ler os textos originais ou procurar saber mais sobre algum autor com o qual tenham se identificado. Assim, ao apresentar Florestan Fernandes (capítulo 5), pode-se discutir o momento histórico no qual ele escreveu, associar a luta contra qualquer forma de discriminação, em defesa da democracia e da educação pública, assim como debater o papel político do intelectual em nossa sociedade.
A perspectiva positiva de um comportamento racial tolerante no Brasil fortaleceu a crença de que no país não haveria preconceito nem discriminação racial, mas sim oportunidades econômicas e sociais equilibradas para as pessoas de diferentes grupos raciais ou étnicos. O Brasil foi tomado como modelo a ser seguido, quando comparado com outros países em que a segregação era visível social e legalmente. Um dos exemplos que ilustram essa tese foi a promulgação, em 1951, da Lei Federal n o 1.390/51, conhecida como Lei Afonso Arinos, que tornou o racismo contravenção penal no Brasil. O pequeno alcance punitivo dessa lei (contravenção) era reflexo de um pensamento para o qual o ato racista não era uma ação disseminada na sociedade, mas apenas uma manifestação individual. Se no Brasil não se percebia o racismo como um problema, não havia por que puni-lo de modo mais severo.
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Sociologia em movimento
Considerações sociológicas Um debate sobre as cotas raciais Em 13 de novembro de 2002 foi promulgada a Lei Federal n o 10.558/2002, que criou o Programa Diversidade na Universidade. Como determina seu artigo 1o, o objetivo da lei é “implementar e avaliar estratégias para a promoção do acesso ao Ensino Superior de pessoas pertencentes a grupos socialmente desfavorecidos, especialmente dos afrodescendentes e dos indígenas brasileiros”.
5.6 Visão Vi ã do especialista
No ano seguinte, as universidades brasileiras adotaram progressivamente a estratégia de destinar parte das vagas concorridas em seus vestibulares para os grupos sociais mencionados na lei, o que ficou conhecido como política de cotas raciais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Desde então, um debate vem sendo travado em diferentes esferas da sociedade. De um lado, aqueles que afirmam que a desigualdade racial no Brasil é um fato e defendem que a adoção de políticas como as de cotas nas universidades e em concursos públicos é um passo em direção à resolução do problema. De outro, os que são contrários a essa medida argumentam que a política de cotas fere o princípio da igualdade previsto na Constituição e que é feita uma abordagem inadequada do problema, conforme os padrões das relações entre as diferentes etnias que compõem a população do país. Muitos cientistas sociais argumentam contra a política de cotas raciais. Utilizando dados da Pnad de 2006, esses pesquisadores fazem uma crítica às cotas: “A Pnad de 2006 informa que 9,41 milhões de estudantes cursavam o Ensino Médio, mas apenas 5,87 milhões frequentavam o Ensino Superior, dos quais só uma minoria de 1,44 milhão estavam matriculados em instituições superiores públicas. As leis de cotas raciais não alteram em nada esse quadro e não proporcionam inclusão social”. (Cidadãos antirracistas contra as leis raciais, 2008). Contrários à afirmação de que no Brasil não existe racismo, pesquisadores e intelectuais apontam que “a desigualdade racial no Brasil tem fortes raízes históricas e esta realidade não será alterada significativamente sem a aplicação de políticas públicas específicas. A Constituição de 1891 facilitou a reprodução do racismo ao decretar uma igualdade puramente formal entre todos os cidadãos. A população negra acabava de ser colocada em uma situação de completa exclusão em termos de acesso à terra, à instrução e ao mercado de trabalho para competir com os brancos diante de uma nova realidade econômica que se instalava no país. Enquanto se dizia que todos eram iguais na letra da lei, várias políticas de incentivo e apoio diferenciado, que hoje podem ser lidas como ações afirmativas, foram aplicadas para estimular a imigração de europeus para o Brasil.” (Manifesto a favor das cotas raciais, 2006). De fato, os dados obtidos no Relatório anual das desigualdades raciais no Brasil – 2009-2010, produzido pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sustentam essa argumentação. O professor Marcelo Paixão diz que “a presença negra na universidade cresce de 2% para 7%. Mas 93% dos jovens negros continuam fora”. Dados do IBGE também demonstram a existência da desigualdade entre brancos e negros. Em 2008, 35,8% dos brancos entre 18 e 24 anos frequentavam o Ensino Superior, mas apenas 16,4% dos pretos e pardos estavam na mesma situação.
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Sociologia em movimento
Instrumento jurídico
CAPÍTULO 4
Apresenta uma lei, norma oficial ou diretriz relativa ao tema abordado no capítulo, acompanhada de uma breve discussão que justifique sua aprovação, assim como seus impactos sociais existentes ou potenciais. O “Instrumento jurídico” proporciona ao estudante o contato com as bases jurídicas que regulamentam a vida em nossa sociedade e que caracterizam a institucionalização de qualquer Estado democrático de direito. A oportunidade de avaliar as bases legais e institucionais de determinada questão ou problema social contribui para a formação política e para o exercício da cidadania do estudante na medida em que ele percebe como o direito é uma construção social, que parte das relações sociais reais para normatização jurídica, e ainda que, uma vez institucionalizada, ofereça meios de transformação social.
Os estudos de Freyre sobre a mestiçagem e sua visão sobre a convivência racial harmoniosa no Brasil provocaram uma revisão das teorias raciais, que condenavam sociedades com grandes contingentes de mestiços, e ofereceram uma visão mais otimista da realidade brasileira: uma nacionalidade marcada pela miscigenação de três raças. Esse olhar despertou o interesse das elites políticas e intelectuais, nacionais e internacionais, em um cenário marcado pela ascensão e queda do nazismo. A partir de 1950, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) passou a financiar estudos sobre o caráter positivo das relações raciais no Brasil, possibilitando novas análises sobre as questões relacionadas à situação do negro e aos preconceitos raciais na vida social brasileira.
O mito da democracia racial
Com base nesta seção, o docente poderá propor um estudo dirigido, promover a reflexão em aula, contextualizar os conteúdos abordados e proporcionar o questionamento coletivo com a finalidade de desenvolver a capacidade de análise crítica do estudante. Também poderá indicar leituras complementares e até pesquisas empíricas sobre o assunto, utilizando as indicações presentes no capítulo. É possível também promover um debate em que as diferentes leituras sobre o fenômeno em questão serão confrontadas e os estudantes levados a tomar uma posição e justificá-la. Essa atividade permite que o estudante possa avaliar as contribuições das diferentes perspectivas sociológicas e construir seu próprio ponto de vista em relação ao tema abordado. A polêmica em torno da política de cotas raciais para o ingresso em universidades, incluída nas “Considerações sociológicas” do capítulo 5, apresenta posições diversas fundamentadas em pesquisas qualitativas e dados estatísticos, além de contar com fundamentos teóricos válidos. O debate acadêmico racional e propositivo deve orientar as questões e posições dos próprios estudantes.
Instrumento jurídico
Gilberto Freyre e sua contribuição para o estudo das relações raciais no Brasil, Casa-grande & senzala, de 1933. Foto de 1981.
O Estado e o desenvolvimento dos indivíduos Uma das questões centrais do debate jurídico na sociedade contemporânea diz respeito ao papel da sociedade e do Estado no desenvolvimento pleno dos indivíduos como seres sociais. Nesse sentido, tendo como eixo a questão da Educação e outros direitos sociais, é possível constatar que ao longo das últimas décadas diversas normas legais brasileiras tentaram apontar caminhos e definir obrigações que envolvessem Estado, sociedade e indivíduo.
4.7 4 Visão Vi ã do especialista
Base constitucional A Constituição Federal de 1934 aborda o tema em dois artigos ao afirmar que é função do Estado “traçar as diretrizes da educação nacional” (Art. 5o, inc. XIV) e “difundir a instrução pública em todos os seus graus” (Art. 10o, inc. VI). Promulgada seguindo o contexto de reforço do papel do Estado na sociedade e das demandas da sociedade por educação formal, há um reconhecimento oficial de que a formação dos indivíduos é tarefa do Estado. A Constituição Federal de 1946, escrita e promulgada no contexto pós-Segunda Guerra Mundial, sob a influência da vitória dos aliados, incorpora a formação como direito dos cidadãos. Em seu Art. 5o, inc. XV, d, reafirma a Constituição de 1934 quando diz que é tarefa da União definir as “diretrizes e bases da educação nacional”. No Capítulo II, “Da Educação e da Cultura”, ressalta, entre outras assertivas, que: “Art. 166. A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Deve inspirar-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Art. 167. O ensino dos diferentes ramos será ministrado pelos Poderes Públicos e é livre à iniciativa particular, respeitadas as leis que o regulem. Art. 168. A legislação do ensino adotará os seguintes princípios: I. o ensino primário é obrigatório e só será dado na língua nacional; II. o ensino primário oficial é gratuito para todos; o ensino oficial ulterior ao primário sê-lo-á para quantos provarem falta ou insuficiência de recursos; III. as empresas industriais, comerciais e agrícolas, em que trabalhem mais de cem pessoas, são obrigadas a manter ensino primário gratuito para os seus servidores e os filhos destes; [...]
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Em cada capítulo, o estudante terá contato com o resultado de pesquisas recentes ou textos atuais que traduzem de diferentes formas o papel do saber sociológico na compreensão das transformações e conflitos de nossa sociedade.
Gilberto Freyre (1900-1987), sociólogo, antropólogo e historiador pernambucano, é considerado um dos mais importantes pesquisadores da cultura e da identidade nacional no Brasil. A principal contribuição de Freyre para a discussão sobre as relações raciais é a interpretação do Brasil a partir dos aspectos positivos da miscigenação, rompendo com as teorias racistas que predominaram no século XIX.
Essa visão de convívio harmonioso entre as raças foi desconstruída pelos estudos de Florestan Fernandes. Em seu livro A integração do negro na sociedade de classes, de 1965, o autor analisa as particularidades do caso brasileiro e afirma ser a democracia racial um mito, uma imagem idealizada, servindo para justificar a posição inferior do negro na sociedade brasileira. Como principal argumento, demonstra que os negros libertos no período pós-abolição não ameaçavam politicamente a posição de poder dos brancos, sendo desnecessárias medidas formais para promover o distanciamento entre negros e brancos.
CAPÍTULO 5
Considerações sociológicas
AGÊNCIA ESTADO
Gilberto Freyre
CAPÍTULO 5
Quem escreveu sobre isso
Art. 169. Anualmente, a União aplicará nunca menos de dez por cento, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nunca menos de vinte por cento da renda resultante dos impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino.” A Constituição de 1988, elaborada no contexto da redemocratização política e da incorporação dos valores de defesa da infância e da adolescência, recupera e amplia esses princípios apontando a educação como direito social. Dessa forma, o Art. 6º, já citado anteriormente, preleciona que “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990) explicita este novo contexto afirmando que: “Art. 3o A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
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Os direitos e deveres do poder público e do cidadão poderão ser debatidos a partir desses exemplos, o que permitirá ao estudante analisar a importância dos mecanismos legais para garantia de direitos à luz dos fatos observados em seu cotidiano. Outra possibilidade é propor pesquisas em jornais e revistas, pois os estudantes poderão buscar elementos que permitam a verificação dos efeitos gerados pela aplicação de determinada lei, ou por seu descumprimento. O debate em torno da construção do currículo escolar e da obrigatoriedade do ensino da História da África e dos Negros no Brasil (capítulo 5) é um bom exemplo de lei que foi amplamente debatida, suscitou uma série de reflexões sobre o multiculturalismo e o caráter “colonizado” (e mesmo, em alguns casos, racista e elitista) dos currículos no Brasil, mas ainda não foi amplamente implementada.
Indicações
Sociologia em movimento
Honra e liberdade Inglaterra/Nova Zelândia, 2005 Direção: Vincent Ward Na década de 1860, durante a colonização britânica da Nova Zelândia, a irlandesa Sarah (Samantha Morton) e sua família estão em meio a uma guerra entre os invasores europeus e os maoris, povo natural da ilha. Em uma das sangrentas batalhas entre os conquistadores e os nativos, seu filho é sequestrado pelos aborígines. Depois de muitos anos percorrendo o país, ela finalmente o encontra, mas ele está profundamente integrado à cultura local. Agora, Sarah terá de enfrentar uma guerra maior ainda que a dos invasores: reconquistar o amor do filho.
REPRODUÇÃO REPRODUÇÃO REPRODUÇÃO
Gattaca — A experiência genética EUA, 1997 Direção: Andrew Niccol Em um futuro no qual os seres humanos são criados em laboratórios, as pessoas concebidas biologicamente são consideradas “inválidas”. Vincent Freeman (Ethan Hawke), um “inválido”, consegue lugar de destaque em uma corporação escondendo sua verdadeira origem. Mas um misterioso caso de assassinato pode expor seu passado.
Livros DEBERT, Guita Grin. A reinvenção da velhice. São Paulo: Edusp, 2004. O livro faz uma análise ousada do processo de construção social da velhice no Brasil. Atualmente, o idoso é um ator que está presente no debate sobre políticas públicas, nas interpelações dos políticos em momentos eleitorais e até mesmo na definição de novos mercados de consumo e de outras formas de lazer. Os integrantes do que se convencionou chamar de “terceira idade” crescem a cada ano e já são porção considerável da população, o que coloca para as famílias, para as empresas e para o governo questões que não podem deixar de ser respondidas. DEFOE, Daniel. Robinson Crusoé. São Paulo: Iluminuras, 2004. Publicado em 1719, o livro narra a clássica aventura do náufrago Robinson Crusoé, que passou 28 anos em uma remota ilha tropical americana até ser resgatado. Crusoé conhece um índio, Sexta-Feira, e, além de ensinar ao nativo os costumes de um homem branco, também absorve conhecimentos que vão transformar sua vida e fazê-lo repensar seu mundo. AMADO, Jorge. Gabriela, Cravo e Canela. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. A história se passa na década de 1920, em Ilhéus, durante o ciclo do cacau, em um universo de coronéis, jagunços, prostitutas e beatas. Esse é o cenário em que se desenrola o romance entre o sírio Nacib e a mulata Gabriela. Com sua sensualidade, cheiro de cravo e cor de canela, Gabriela conquista Nacib e os demais homens da cidade. Escrito em 1958, esse romance se tornou um sucesso mundial e ganhou versões para a televisão e o cinema aclamadas mundo afora. Sites <www.cafecomsociologia.com> Criado por um professor de Ciências Sociais, o blog divulga informações, ideias, dicas de aula, vídeos, textos, eventos etc. Aborda diversos temas das Ciências Sociais, entre eles a socialização. <http://manguevirtual.blogspot.com.br> Intitulado veículo de arte, poesia e livre expressão, o site dá boas dicas de discussões sociológicas, perpassando diversos temas tidos como essenciais para a área.
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CAPÍTULO 4
Indicações Filmes e vídeos O garoto selvagem França, 1970 Direção: François Truffaut. Um menino que viveu toda a sua vida em uma floresta de Aveyron, na França, é encontrado em 1797. Encaminhado para um centro de surdos-mudos, torna-se objeto de curiosidade. Em seguida, é levado por um médico, que acreditava ser possível transformar o garoto selvagem em um homem sociável.
A seção “Indicações” (de filmes, vídeos, sites e livros) traz sugestões de ampliação das reflexões relacionadas aos temas trabalhados por meio de outros recursos, além do livro didático. Os filmes e vídeos (documentais, ficcionais ou de animação) podem ser exibidos na escola ou indicados para serem assistidos em casa para posterior discussão em sala ou como recurso de exemplos e ilustração dos conteúdos trabalhados na rotina de aulas. No caso da utilização em aula, é possível selecionar trechos ou cenas do filme para serem analisadas separadamente, principalmente quando o filme for um longa-metragem. O importante é que seja sempre explicitada para o estudante a relação que se quer estabelecer entre o filme e o conteúdo estudado no capítulo; para isso, a elaboração de um roteiro de elementos a serem destacados da exibição facilita a condução das atividades. É desejável promover a redação de uma resenha crítica do filme, na qual o conteúdo seja analisado em relação às discussões realizadas nas aulas e às teorias apresentadas ao longo do capítulo. A pesquisa em sites pode ser feita no laboratório de informática, se este equipamento estiver disponível, ou por meio da projeção das páginas na própria sala de aula, conforme as possibilidades oferecidas pela estrutura da escola. O objetivo é fazer com que o estudante saiba reconhecer fontes fidedignas de pesquisa na internet, identificando agentes sociais e instituições e seus respectivos discursos e práticas referidos aos temas estudados. Os sites também oferecem matéria tanto para o docente quanto para os estudantes tratarem de uma determinada temática a partir dos dados mais atuais disponíveis. Além de servir para pesquisa, o material disponibilizado nos sites pode servir de material de apoio para ser utilizado como referência em sala de aula. Finalmente, a partir dos sites, é possível estabelecer contato com organizações civis e instituições estatais que podem eventualmente interagir com a escola e oferecer material interessante para uso pedagógico, disponibilizar um especialista para uma palestra na escola ou mesmo um bate-papo com os alunos sobre determinado assunto.
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Os livros indicados podem ser trabalhados de forma interdisciplinar. A leitura é uma habilidade fundamental no processo de “aprender a aprender”. Os livros servem ao estudante como mais uma forma de ter contato com determinado assunto a partir de diferentes gêneros, como divulgação científica, literatura, ensaios e pesquisas. Como atividade interdisciplinar, a leitura de um livro pode fazer parte de um projeto articulado ou concomitante com as diferentes disciplinas. A indicação de leitura serve também à curiosidade do aluno, que, ao se deparar com um tema de seu interesse, pode encontrar nos livros um primeiro caminho para estender seu conhecimento. Manifestações como essa podem ser incentivadas ao se pedir àqueles que se dispuseram a ler que apresentem o que aprenderam com a leitura.
Atividades A seção “Atividades” está organizada nas seguintes propostas de exercícios: Reflexão e revisão, Questões para debate, Exames de seleção e Questões para pesquisa.
Atividades Reflexão e revisão
Lista de exercícios
Questão 1 Ao longo deste capítulo, discutimos as diferentes faces do processo de socialização e de controle social. Vimos algumas análises sociológicas sobre o tema e como elas nos ajudam a compreender a realidade social e o modo como os indivíduos e grupos agem na sociedade. Tendo como base os conteúdos estudados, responda às perguntas a seguir. 1. Em que consiste o processo de socialização e quais tipos de socialização podem ser identificados?
Reflexão e revisão:
dica, por um lado, problemas no processo de socialização dos jovens que não são integrados às normas sociais vigentes e, por outro, uma tentativa do Estado de utilizar a punição como forma de controle social diante dos problemas quanto à formação social da juventude. c) O cárcere representa uma forma de controle
social do crime, em que o Estado atua como agente de proteção dos demais membros da sociedade. d) O cárcere substitui a escola para muitos des-
ses jovens, sendo, portanto, uma instituição que transmite um conjunto de regras que podem ajudar a recuperar jovens criminosos.
2. Explique a diferença entre grupos e instituições sociais.
3. De que modo o controle social permite estabeReprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
São atividades de fixação dos conteúdos trabalhados cujo objetivo principal é sistematizar o conhecimento e a compreensão da discussão realizada no capítulo. A “Reflexão e revisão” permite ao estudante diagnosticar os pontos do conteúdo que não ficaram claros e que ele crie uma estratégia de estudo para suprir essa dificuldade. O conhecimento avaliado aqui serve de base para os exercícios de análise, síntese e avaliação que seguirão e, portanto, fundamentam a reflexão crítica sobre as teorias e os conceitos trabalhados.
b) O aumento da taxa de jovens encarcerados in-
lecer uma previsibilidade no comportamento dos indivíduos e grupos sociais?
4. Analise o impacto das tecnologias da informa-
ção nos processos de socialização e de interação social atualmente.
Questão 2 “Segundo a Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos estados com o maior número de jovens em cumprimento de medidas socioeducativas de privação de liberdade, destaca-se o estado de São Paulo, um total de 7.069 jovens internos (50% das internações no Brasil) […] Nos últimos dez anos, avalia-se que as reformas no sistema socioeducativo no estado de São Paulo permitiram o aumento dos encarceramentos de jovens, não em decorrência do aumento da criminalidade, mas sim em virtude da construção de instituições destinadas à punição e também pela implementação de medidas socioeducativas em meio aberto.” TEIXEIRA, Joana D’arc. Punição e controle social da juventude: políticas contrárias aos direitos humanos. Anais do Encontro Fazendo Gênero. Florianópolis, 2008.
A vida de muitos jovens brasileiros, em particular os de classes populares urbanas, é marcada pelo encarceramento e por uma sociabilidade violenta, em que a força se torna o princípio organizador das relações sociais. Com base nos conceitos de socialização e controle social, pode-se dizer que (marque a única opção correta): a) Muitos desses jovens vivem em ambientes
violentos e, portanto, agem de forma violenta, ameaçando a convivência social. Cabe ao Estado restabelecer a ordem social, com o uso de prisões.
Questões para debate Questão 1 “Os limites da amizade pela internet ainda não estão definidos e são objeto de intensa controvérsia, tanto teórica quanto prática. Filósofos como Sraker especulam sobre o futuro da amizade e das relações humanas. Muitos dos 54 milhões de brasileiros inscritos no Facebook se perguntam se o que fazem todos os dias, se as horas que dedicam à interação com pessoas que nunca olharam nos olhos são apenas uma perversão digital do mais nobre dos afetos humanos. Os amigos do Facebook são desbravadores que responderão, na prática, à seguinte pergunta: é possível criar amizades verdadeiras pela internet e cultivá-las a distância? Ou, na verdade, as redes sociais estão nos isolando atrás da tela do computador?” BUSCATO, Marcela; KARAM, Luíza & AYUB, Isabella. Revista Época, 24 de setembro de 2012. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2012/10/como-fazer-amigos-de-verdade-em-temposde-facebook.html.> Acesso em: 26 jun. 2013.
Neste capítulo, abordamos diferentes formas de socialização. Com o surgimento das novas tecnologias e formas de comunicação, percebemos que há pessoas cada vez mais conectadas no mundo virtual. Discuta com seus colegas de turma a influência da internet e das demais tecnologias da informação em seu cotidiano. Para isso, faça algumas entrevistas com pessoas de diferentes gerações e tente identificar o lugar que a internet e outras tecnologias da informação ocupam em suas vidas. Em seguida, apresente um painel com as diferentes percepções observadas. Qual o uso que as diferentes gerações fazem da internet? Como a sua geração se insere nesse contexto? O que esses resultados dizem sobre o seu processo de socialização e o de seus colegas de turma?
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Questões para debate: Diferentemente das questões de conteúdo da “Reflexão e revisão”, a “Questões para debate” permite colocar à prova sua proficiência nas habilidades relativas aos domínios cognitivos de aplicação, análise, síntese e avaliação. A tomada de posição diante do grupo, com base na utilização de conceitos e teorias trabalhados, contribui também para a consciência da produção coletiva do conhecimento sobre o poder do argumento racional para convencer e ser convencido sobre qual posição tomar em determinados debates. Uma vez realizada como uma atividade individual, a “Questões para debate” pode ser utilizada como elemento dinamizador das aulas, uma vez que oferece situações para serem analisadas por meio da aplicação dos conhecimentos adquiridos e da construção de uma leitura própria sobre determinado fenômeno social. O docente deve estimular os estudantes a participarem das discussões e atuar como mediador das várias posições sobre o tema. Os próprios estudantes podem realizar uma autoavaliação considerando a posição deles antes do debate, a posição depois e os motivos que os levaram a manter ou mudar sua posição inicial. O registro do debate com os principais argumentos e posicionamentos apresentados pode constituir,
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além de uma memória desse parlamento em que se transforma a sala de aula, uma interessante ferramenta para avaliar a condução dos diferentes debates ao longo do ano letivo.
Questões para pesquisa: cia racial presente no Brasil pode estar levando juízes a minimizar a importância das denúncias de crimes por racismo? Considerando os dados apresentados no texto, realize um debate com seus colegas sobre a importância da lei antirracismo e sua eficácia diante de uma cultura que nega a existência do preconceito racial. Além da existência da lei, que outros mecanismos podem ser pensados como medidas para combater o racismo nas relações sociais no Brasil?
Exame de seleção
(UNICENTRO-2011) Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
“A suposição de que havia um consenso absoluto sobre a organização social e a vida cultural de cada tribo só era possível através da ideia que os administradores e cientistas europeus tinham da ‘tradição’. As sociedades ‘tribais’ (ou ‘primitivas’) seriam, para eles, ‘sociedades tradicionais’ — não só as regras de conduta eram pautadas rigidamente pelo costume, como esse costume era transmitido, oralmente e de forma imutável, de geração a geração, desde o princípio dos tempos. Os europeus não admitiam que os africanos pudessem refletir criticamente sobre a sua própria cultura”. FIGUEIREDO, Fábio Baqueiro. História da África. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais, 2010. p. 144.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a a) V V V b) F V V c) V F F d) F V F e) V V F
Questão para pesquisa Visite o site da Fundação Nacional do Índio (www.funai.gov.br) ou do Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org/) e pesquise informações sobre as populações indígenas existentes em seu estado. Anote: • quantas são essas etnias; • quais são elas; • qual é o contingente populacional de cada uma delas. Em seguida, reúnam-se em grupo (três a cinco alunos) e desenvolvam juntos um cartaz que descreva as especificidades étnicas de um grupo indígena presente no seu estado. Esse cartaz deve conter uma breve descrição dos seguintes elementos: • língua; • vestimentas e adereços corporais; • arquitetura e habitações típicas; • festa(s) religiosa(s) e seu(s) significado(s); • cantos e danças; • processos de socialização;
O texto pontua a construção do olhar europeu sobre a África, no período colonial. A partir dos debates atuais sobre as relações étnicas no Brasil, identifique com V ou F, conforme sejam verdadeiras ou falsas as afirmativas sobre o texto. ( ) O resultado sociopolítico dessa visão estereotipada ainda hoje pode ser observado em relação à população afro-brasileira. ( ) Os conflitos raciais resultam de estereótipos sociais, e não de fatos científicos. ( ) Um indivíduo etnocêntrico não tem capacidade de observar outras culturas nas próprias condições em que elas se mostram.
• procedimentos para curar doenças; • outras informações da produção de conhecimento que sejam relevantes. Com os dados da pesquisa, o grupo apresentará seu cartaz para a turma de modo a ilustrar suas conclusões para as seguintes questões: • A relação do grupo étnico escolhido com os hábitos e costumes de sua comunidade. • O valor da produção dos conhecimentos do grupo étnico escolhido. • Como o conceito de multiculturalidade/interculturalidade permite compreender o lugar que o grupo étnico pesquisado ocupa na sociedade.
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Traz sugestões de objetos e métodos de investigação sobre os temas relacionados ao conteúdo estudado no capítulo. A prática da pesquisa é fundamental para a realização dos objetivos do ensino de Sociologia, já que coloca os estudantes em contato com uma prática profissional do campo das Ciências Humanas, ao mesmo tempo que envolve a construção de um olhar sociológico por meio da análise metódica dos fenômenos sociais. A pesquisa também propicia mais uma experiência de trabalho em grupo e de construção de autonomia para a realização de tarefas que vão além dos muros da escola. A organização de um seminário para apresentação dos resultados das pesquisas, por meio de exposição oral, relatório escrito, fotografias ou vídeos produzidos durante a pesquisa, é um excelente estímulo aos estudantes, pois confere relevância e prestígio ao seu esforço e ressalta a responsabilidade sobre o trabalho realizado.
Exames de seleção: Reproduzem itens já utilizados em concursos, seguindo, de modo geral, o modelo de questão proposto pelo Inep, que desenvolve os modelos de avaliação dos concursos públicos na esfera federal, com destaque para o Enem, que se tornou o principal meio de acesso ao ensino superior no país. As questões de múltipla escolha exigem habilidades específicas para sua resolução e, mais do que ser um mero exercício de “acerto” e “erro”, é importante que o estudante possa identificar os diferentes processos (habilidades necessárias e domínios cognitivos específicos) em que encontra maior ou menor facilidade para que possa, junto ao docente, desenvolver estratégias para atingir uma proficiência satisfatória nas competências em que encontra dificuldade. A MovimentAção
Congresso - Diversidade cultural, preconceito e discriminação na escola
Ao longo da Unidade 2 de nosso livro, discutimos diferentes aspectos sobre cultura e ideologia. Considerando todos os conteúdos e atividades discutidos e propostos nos capítulos 3, 4 e 5, propomos a realização de um congresso, envolvendo escola e comunidade, como atividade de conclusão. Um congresso é uma reunião formal de pessoas interessadas em uma mesma área, que tem por objetivo apresentar temas específicos, debater e obter conclusões sobre ele. No evento, assuntos relacionados ao tema central podem ser apresentados de formas diferentes, como a montagem de painéis, realização de palestras, simpósios, exposições etc. Os trabalhos devem ser apresentados por escrito, com a antecedência prevista, para que sejam reunidos em um documento que será entregue aos congressistas. Esse relatório será composto pelo professor e fundamentará publicações e estudos futuros sobre o tema central. Apesar dos avanços recentes, o respeito à diversidade ainda é uma meta a ser alcançada em nosso país. Diferentes formas de preconceito e discriminação são observadas e denunciadas a cada dia. O espaço escolar, ambiente onde a diversidade se faz muito presente, propicia a ocorrência dessas situações cotidianamente e, por isso, favorece a multiplicidade de pontos de vista, o que enriquece a argumentação sobre o assunto. Sendo assim, a proposta visa uma grande discussão sobre o assunto, que deve envolver a comunidade escolar como um todo e seu entorno. A proposta aqui é realizar uma compilação das ideias de todos os participantes no que diz respeito aos diferentes meios que levam à naturalização e aceitação da diversidade cultural e étnica, seguida de um grande debate, que culminará na realização das mesas redondas do congresso.
Simpósio Vários expositores com a presença de um coordenador discutem um tema científico. Após as apresentações, a plateia participa com perguntas à mesa. Objetivo: Analisar, discutir e estudar determinado assunto sob diversos ângulos.
Passo a passo 1. O trabalho começa com atividades apresentadas na forma de um sarau, realizado na própria escola. A atividade pode ser aberta à comunidade escolar (corpo docente, direção, familiares e amigos). Pode-se também convidar representantes de diferentes grupos (movimentos sociais, ONGs, autoridades etc.) para participar do projeto desde o início.
2. As apresentações artísticas evidenciarão similaridades e disparidades de ideias entre os alunos. De acordo com essas afinidades, os participantes formarão, ao fim do sarau, grupos de trabalho (GTs), sem limitação de número de integrantes. Todos os convidados poderão participar dos GTs. A consolidação e o registro das ideias dos grupos devem ser feitos com o cuidado de evitar posições racistas, preconceituosas ou qualquer tipo de intolerância.
3. Uma vez definidos os GTs, eles devem reunir-se e organizar as apresentações. Cada grupo deverá escolher um coordenador, para preparar e conduzir as discussões, como elemento moderador, orientando a discussão para que ela não fuja do tema principal.
4. Aproveitando-se dessas discussões e das reflexões de cada GT, você e seu grupo podem organizar uma campanha contra as formas de preconceito e discriminação em sua escola. Podem ser elaborados materiais como jornais, cartazes, vídeos etc. que promovam o respeito à diversidade cultural humana.
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Sarau Evento cultural no qual as pessoas se encontram para se manifestar artisticamente. Um sarau pode envolver dança, poesia, leitura de livros, música acústica e também outras formas de arte, como pintura e teatro.
MovimentAção Ao final de cada unidade será proposta uma atividade para mobilizar as competências e habilidades relativas ao mais complexo domínio cognitivo, os processos de avaliação e criação. A possibilidade de levar para toda a comunidade escolar atividades fundamentadas nas habilidades desenvolvidas ao longo dos estudos dos capítulos que compõem uma unidade incentiva o protagonismo dos alunos e permite formas de aplicação prática do conhecimento sociológico. Por meio da realização de uma pesquisa de diagnóstico social da sua comunidade, uma campanha de conscientização, um sarau temático, um seminário que envolva a comunidade escolar, a redação e edição de um jornal informativo, e da condução de um júri para deliberar sobre temas polêmicos, os estudantes desenvolverão atividades que irão movimentar a escola e envolver seus diferentes segmentos na produção de eventos científicos, acadêmicos e culturais que levem a reflexão sociológica para fora da sala de aula.
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Organização e articulação dos conteúdos A Sociologia expressa na escola brasileira a tradução de um campo científico específico: as Ciências Sociais (Antropologia, Ciência Política e Sociologia). Nossa obra parte de temas centrais da Sociologia, da Antropologia e da Ciência Política e os discute com o suporte de conceitos e teorias, sempre buscando articular as dimensões explicativa, discursiva e empírica. Ao longo do texto, estudantes e docentes encontram os conceitos destacados e contextualizados. Também são descritas as teorias mais relevantes em cada temática discutida, para evitar a adoção de apenas uma vertente explicativa dos fenômenos sociais. Desse modo, o docente encontra no livro diferentes ferramentas para desenvolver suas estratégias pedagógicas em sala de aula, e pode construir um roteiro adequado à sua realidade escolar, ao mesmo tempo que atua em consonância com as propostas das OCN para o ensino de Sociologia.
Construção do currículo a partir do livro O advento da modernidade criou as condições para o desenvolvimento das Ciências Sociais na medida em que tornou imperiosa a explicação dos fenômenos sociais com base na análise científica. A alfabetização científica dos jovens nos saberes das Ciências Sociais é, portanto, característica de uma sociedade moderna, que conhece seus problemas e reconhece o lado nocivo dos processos sociais que atentam contra a liberdade e o bem-estar da população; mais ainda, que sabe que a ciência é a ferramenta mais poderosa para criar os meios de superação de processos responsáveis pela pobreza, segregação e espoliação das pessoas. A Sociologia é uma ciência privilegiada na produção de diagnósticos dos problemas sociais e, portanto, pode oferecer recursos para que eles sejam superados. Neste livro não só são discutidos temas clássicos da história da Sociologia e das Ciências Sociais, como a relação indivíduo/sociedade, cultura e ideologia, Estado e relações de poder, movimentos sociais, trabalho, estratificação e desigualdade social e socialização. Ao mesmo tempo, são trazidos para estudantes e docentes temas contemporâneos, como direitos humanos e cidadania, raça e etnicidade, gênero e sexualidade, e meio ambiente. Os diálogos entre os autores clássicos e contemporâneos mostram a vitalidade da pesquisa sociológica e despertam nos estudantes a curiosidade sobre os meios efetivos de conhecer a sociedade e produzir ações que possam de fato transformá-la.
Articulação dos temas A organização do conteúdo da obra tem como foco o estudante do Ensino Médio. Por isso, a estruturação e articulação dos temas levam em consideração a relação sócio-histórica dos estudantes com a disciplina e o papel do professor no desenvolvimento do curso. Nesse sentido, parte-se das seguintes premissas: • O conhecimento é uma construção, ou seja, não é inato. Depende de uma busca pelo saber, de uma investigação que dê sentido aos fenômenos e aos fatos. Assim, o livro não só procura estimular a investigação e o aprofundamento das discussões propostas, e apresenta os debates mais importantes, mas incentiva a pesquisa e a produção de conhecimento autônomo sobre a realidade social por parte dos estudantes. • O estudante de Ensino Médio é capaz de produzir conhecimento. Isso significa que o livro deve deixar espaço para que o estudante, ao interagir com o material didático, não veja nele um conjunto de interpretações definitivas da realidade, mas uma ferramenta com a qual ele possa descobrir quais são as questões sociais relevantes e construir seu próprio entendimento dos diferentes elementos que compõem e estruturam seu cotidiano. • O docente tem um papel fundamental no processo de construção do conhecimento por parte do estudante do Ensino Médio. O docente é quem organiza, orienta e indica os caminhos através dos quais os estudantes podem explorar todas as nuances que o conteúdo da obra permite e, assim, se tornarem capazes de desenvolver autonomia intelectual e protagonismo nas situações de sua vida social. Mais que isso, pode dar ao conteúdo novos sentidos, aproximando-o da realidade de cada escola/turma/estudante, o que faz desse material algo que efetivamente dialogue com a sua realidade cotidiana. Com esses pressupostos, o livro se organiza em seis unidades. Cada uma corresponde a uma temática central das Ciências Sociais.
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Sociedade e conhecimento: a realidade social como objeto de estudo
Princípios de Química Inorgânica
Unidade
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CAPÍTULO 1
Unidade
Sociedade e conhecimento: a realidade social como objeto de estudo Capítulo 1
Produção de conhecimento: uma característica fundamental das sociedades humanas, 10
Capítulo 2
A Sociologia e a relação entre o indivíduo e a sociedade, 33
9
Capítulo 1 – Produção de conhecimento: uma característica fundamental das sociedades humanas
Capítulo 2 – A Sociologia e a relação entre o indivíduo e a sociedade A primeira unidade tem como objetivo propor uma reflexão inicial sobre as bases que constituem a sociedade em que vivemos. Em particular, a forma como, a partir do século XIX, a realidade social foi tomada como objeto de investigação científica e seu estudo formou o conjunto de disciplinas conhecidas como Ciências Sociais. Discute principalmente como a Sociologia, ciência criada no século XIX, contribui para o desenvolvimento de diferentes interpretações da sociedade contemporânea, em particular da relação entre o indivíduo e a sociedade.
DELFIM MARTINS/PULSAR IMAGENS
Essa unidade permite, ao mesmo tempo, introduzir os estudantes no pensamento sociológico, apresentando-lhes as condições sócio-históricas que levaram ao desenvolvimento dessa ciência e os temas centrais, que, naquele contexto, orientaram as reflexões dos autores clássicos da Sociologia. Possibilita ainda a atualização dessa reflexão ao operar com fenômenos e autores contemporâneos.
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Sociologia em movimento
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Princípios de Química Inorgânica
Unidade
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas relações cotidianas
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CAPÍTULO 1
Unidade
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas relações cotidianas Capítulo 3
Cultura e ideologia, 56
Capítulo 4
Socialização e controle social, 83
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo, 103
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versidade cultural humana e seus dilemas, em especial na análise de diferentes nuances da discussão sobre raça e etnicidade.
Capítulo 3 – Cultura e ideologia Capítulo 4 – Socialização e controle social Capítulo 5 – Raça, etnia e multiculturalismo
Com a temática da Cultura, que dialoga bastante com a realidade vivida pela juventude, e as diferentes abordagens que faz do tema, diferentes perspectivas e olhares podem ser construídos e trabalhados, considerando em grande medida a experiência social de todos, estudantes e docentes. É oportuno que o docente estabeleça um diálogo entre as diferentes disciplinas que constituem o campo das Ciências Sociais, na medida em que os temas são discutidos com base em contribuições da Sociologia, da Antropologia e da Ciência Política, e também de áreas afins, como História, Geografia, Pedagogia e Filosofia.
Alguns aspectos merecem destaque. O primeiro deles é a percepção da cultura como fator de distinção das sociedades humanas em relação às outras formas de organização dos demais seres vivos. A cultura é o fator que permite ao ser humano apreender, explicar, interferir e transformar o mundo em que vive. Podemos dizer que as diferentes culturas representam o depositário de todas as construções realizadas pelos indivíduos e pelas coletividades ao longo do tempo. Entretanto, a cultura não somente exprime as produções humanas. Ela também é o elemento organizador da vida social. É nela que encontramos os códigos e elementos dos quais nos utilizamos para a construção de nossa identidade social. Os códigos pelos quais a cultura se manifesta são construídos em contextos sócio-históricos. É importante ressaltar o papel da ideologia, outro tema estruturante da análise sociológica.
PEDRO TEIXEIRA/O GLOBO
A segunda unidade se organiza em torno da cultura, um elemento central para a compreensão da vida social. Composta por três capítulos, a unidade pretende refletir e debater sobre temas que ajudam a compreender ações individuais e coletivas.
Ainda nessa unidade, outro destaque é a discussão da cultura como elemento de construção do indivíduo pelo processo de socialização. Com base nas questões levantadas no debate sobre cultura e ideologia, é feita uma análise dos fatores que interferem na formação do indivíduo como ser social e também dos mecanismos de controle construídos socialmente para conformar os comportamentos e percepções do mundo à ideologia dominante. Por fim, deve ser destacada também a discussão sobre a cultura como ação e experiência cotidiana a partir do debate proposto no capítulo 5, sobre a di-
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Organização e articulação dos conteúdos
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Relações de poder e movimentos sociais: a luta pelos direitos na sociedade contemporânea
Princípios de Química Inorgânica
Unidade
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CAPÍTULO 1
Unidade
Relações de poder e movimentos sociais: a luta pelos direitos na sociedade contemporânea Capítulo 6
Poder, política e Estado, 134
Capítulo 7
Democracia, cidadania e direitos humanos, 165
Capítulo 8
Movimentos sociais, 189
133
Capítulo 6 – Poder, política e Estado Capítulo 7 – Democracia, cidadania e direitos humanos Capítulo 8 – Movimentos sociais A terceira unidade mantém os debates anteriores ao colocar em discussão o tema das relações de poder. Ainda que o impacto dessas relações em nosso dia a dia nem sempre seja percebido, o fato é que todas as relações sociais são, em última instância, relações de poder. Nesse sentido, a unidade 3 propõe uma reflexão crítica sobre os ideais e valores que estão no cerne da sociedade contemporânea e que têm o indivíduo como fundamento central. Nessa unidade é desenvolvida uma reflexão sobre as relações de poder dentro do Estado, instituição criada e desenvolvida com a própria modernidade, para responder às seguintes questões: qual é o lugar dos indivíduos no Estado? Que relações são estabelecidas entre o Estado e a sociedade? De que modo as diferenças individuais e culturais são administradas pela política?
JUCA MARTINS/PULSAR IMAGENS
Outro debate proposto é sobre a relação entre democracia, cidadania e direitos humanos, que novamente remete ao debate sobre o lugar efetivo que os indivíduos têm na sociedade e no Estado moderno/contemporâneo. Quais dilemas, contradições e desafios ainda existem no século XXI, quando se discute a questão da igualdade entre as diferentes sociedades, os membros que a compõem e sua cultura? Nessa discussão, destaca-se a luta da sociedade organizada pelo reconhecimento de seus direitos individuais e coletivos no âmbito da sociedade contemporânea.
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Sociologia em movimento
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Mundo do trabalho e desigualdade social
Princípios de Química Inorgânica
Unidade
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CAPÍTULO 1
Unidade
Mundo do trabalho e desigualdade social
Capítulo 9
Trabalho e sociedade: explicando as bases da sociedade de classes, 214
Capítulo 10 Estratificação e desigualdades sociais, 234
213
Capítulo 9 – Trabalho e sociedade: explicando as bases da sociedade de classes Capítulo 10 – Estratificação e desigualdades sociais A unidade 4 coloca em discussão o trabalho e a desigualdade. Pesquisadores de referência na Sociologia brasileira e mundial constroem suas análises com base na reflexão sobre o mundo do trabalho na sociedade contemporânea. Para alguns, a categoria trabalho foi o elemento sobre o qual se desenvolveram as reflexões sociológicas dos autores clássicos.
ISMAR INGBER/PULSAR IMAGENS
Esse tema, tão importante para a compreensão de nossa realidade, é trazido para debate ao enfocar a nova realidade vivenciada no mundo do trabalho nas últimas décadas e suas consequências para os indivíduos e as coletividades. A temática da desigualdade social, por sua vez, tem importância similar no contexto da produção da Sociologia. Percebida inicialmente como consequência direta das relações de trabalho, foi progressivamente acrescentando outros aspectos, que fazem com que seja um tema presente nas mais diversas reflexões.
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Organização e articulação dos conteúdos
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Globalização e sociedade do século XXI: dilemas e perspectivas
Princípios de Química Inorgânica
Unidade
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CAPÍTULO 1
Unidade
Globalização e sociedade do século XXI: dilemas e perspectivas Capítulo 11
Sociologia do Desenvolvimento, 260
Capítulo 12
Globalização e integração regional, 285
259
Capítulo 11 – Sociologia do desenvolvimento Capítulo 12 – Globalização e integração regional A unidade 5 parte da realidade trazida pelo processo de globalização recente para refletir sobre as abordagens sociológicas das relações entre Estados e seu impacto na vida social das coletividades e dos indivíduos.
FABIO MOTTA/AGÊNCIA ESTADO
Para o docente, a unidade possibilita uma reflexão interessante sobre o processo de mudança social. É um momento importante para pensar as relações entre os Estados em diferentes momentos históricos e o processo de desenvolvimento proposto e adotado pelo Brasil em diversos momentos de sua história. Pode-se ainda aproveitar os temas da unidade para realizar atividades conjuntas com Geografia e História.
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Sociologia em movimento
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Princípios de Química Inorgânica
Unidade
A vida nas cidades do século XXI – questões centrais de uma sociedade em construção
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CAPÍTULO 1
Unidade
A vida nas cidades do século XXI — questões centrais de uma sociedade em construção Capítulo 13
Sociedade e espaço urbano, 310
Capítulo 14
Gênero e sexualidade, 336
Capítulo 15
Sociedade e meio ambiente, 364
309
mentos sociais envolvidos nas questões de gênero e da sexualidade tem sido acompanhado, no Brasil, de uma significativa reação de setores conservadores da sociedade. As controvérsias presentes no tratamento dessas questões, muitas vezes vistas como um tabu, são de fundamental importância para a compreensão e superação de problemas do nosso tempo, por meio do combate à intolerância e da universalização dos princípios de cidadania.
Capítulo 13 – Sociedade e espaço urbano Capítulo 14 – Gênero e sexualidade Capítulo 15 – Sociedade e meio ambiente A unidade 6 propõe ao estudante uma reflexão sobre temas que fazem parte da experiência de viver nos dias atuais. Nesse sentido, recupera as discussões propostas nas unidades anteriores por meio de três temas relevantes nas reflexões sociológicas de hoje. A questão do espaço urbano, o debate sobre gênero e sexualidade e o tema do meio ambiente. O propósito, aqui, é reforçar a proposta que perpassa toda a obra, de que a Sociologia é uma ciência que colabora na compreensão dos fenômenos atuais e constitui instrumento inestimável para o aluno do Ensino Médio.
Os temas da sociologia urbana são abordados por meio de teorias e conceitos utilizados para analisar os problemas característicos dos grandes centros urbanos. As diferentes formas de violência presentes no cotidiano das cidades, a luta pelo direito ao uso e ocupação do solo urbano, os conflitos de interesses em torno do espaço das cidades como fonte do exercício da cidadania na vivência dos espaços públicos, ou como elemento estratégico na busca de lucro por investidores das mais variadas áreas, serão tratados como diferentes faces de uma mesma questão e como objetos de estudo.
LALO DE ALMEIDA/FOLHAPRESS
O mundo contemporâneo tem sido marcado por intensas e aceleradas transformações. Na cultura, na ciência, na religião e na política, antigas e novas ideologias são mobilizadas na busca de soluções para os problemas desse novo século, no qual grandes inovações científicas e tecnológicas convivem com as mais variadas formas de preconceito e estigmatização no campo das relações humanas.
A temática que encerra o livro coloca em foco o meio ambiente. Presente em quase todos os discursos voltados para a análise dos problemas contemporâneos, a questão ambiental tem sido abordada na Sociologia em correlação com outros temas (desenvolvimento, globalização, precarização do trabalho) que geram impactos sobre as populações humanas, suas desigualdades, conflitos e interações. A temática ambiental envolve não só a relação do homem com a natureza, mas as relações de exploração entre classes sociais e entre países, a relação entre Estado e mercado, e a diversidade das culturas.
006-f-GUIA-SL-M
Outro tema importante para as sociedad es atuais ficou conhecido como questões de gênero, que, entre outros assuntos, diz respeito à maneira como é pensada a estigmatização da homossexualidade e suas consequências no campo da cultura, da política e das normas jurídicas. O fortalecimento dos movi-
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Organização e articulação dos conteúdos
Plano de utilização do livro As unidades 1 e 2 podem compor o primeiro ano do Ensino Médio, por dialogar com o estudante, que tem contato pela primeira vez com a disciplina, pois apresentam a Sociologia e propõem uma reflexão sobre temas cotidianos da sociabilidade e a compreensão dos conceitos e teorias pertinentes. As unidades 3 e 4, propostas para o segundo ano do Ensino Médio, apresentam temáticas que ampliam a imersão dos estudantes nas discussões e reflexões da disciplina. Nesse sentido, considerando que já têm familiaridade com a Sociologia, são propostos temas que remetem à inserção dos estudantes como sujeitos ativos do processo de construção da sociedade em que vivem. As unidades 5 e 6 fecham o Ensino Médio e trazem para o estudante a possibilidade de discussão de temas, teorias e conceitos que remetem à realidade social do século XXI. Constituem uma síntese e propõem reflexão e ação diante dos desafios que experimentamos atualmente. Desse modo, a obra pode constituir a base para o desenvolvimento de um currículo de Sociologia para o Ensino Médio. Entretanto, a ordenação proposta não engessa a utilização do livro. A partir de sua orientação pessoal ou da realidade experimentada em sua região, escola ou sala de aula, o docente pode se apropriar da obra e dar a ela outra lógica, sem prejuízos para a utilização de seus conteúdos. Como exemplo, sugerimos no quadro abaixo outro modo de organizar as discussões do livro. Ano
Plano I
Alternativa
Unidade 1: Sociedade e Conhecimento, a realidade social como objeto de estudo
Unidade 6: A vida nas cidades do século XXI – questões centrais de uma sociedade em construção
Unidade 2: Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas relações cotidianas
Unidade 1: Sociedade e conhecimento, a realidade social como objeto de estudo
Unidade 3: Relações de poder e movimentos sociais: a luta pelos direitos na sociedade contemporânea
Unidade 4: Mundo do trabalho e desigualdade social
Unidade 4: Mundo do trabalho e desigualdade social
Unidade 3: Relações de poder e movimentos sociais: a luta pelos direitos na sociedade contemporânea
Unidade 5: Globalização e sociedade do século XXI: dilemas e perspectivas
Unidade 2: Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas relações cotidianas
Unidade 6: A vida nas cidades do século XXI – questões centrais de uma sociedade em construção
Unidade 5: Globalização e sociedade do século XXI: dilemas e perspectivas
Primeiro
Segundo
Terceiro
Na proposta alternativa, o curso começa com temas muito caros à realidade social de hoje, faz um panorama das reflexões sociológicas, em que se prioriza uma Sociologia que busca compreender e instrumentalizar a formação do estudante trabalhador, e retorna para questões contemporâneas ao final do curso. Outras possibilidades podem ser pensadas e implementadas pelos docentes de acordo com os objetivos e as condições em que os cursos de Sociologia são realizados.
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Respostas e orientações (capítulos 4 e 5)
4
Capítulo
4
Socialização e controle social
Ao final deste capítulo, o estudante deverá ser capaz de: ✔ Compreender a socialização como um
processo de integração dos indivíduos à sociedade e aos diferentes grupos sociais.
Socialização e controle social
✔ Avaliar o papel das instituições sociais na
socialização e no controle social.
Questão motivadora Como a socialização e o controle social influenciam as escolhas e os comportamentos individuais?
✔ Identificar o controle social como um
mecanismo de exercício de poder. ✔ Identificar a importância das interações
EVANDRO TEIXEIRA/AGÊNCIA JB/FOLHAPRESS
Capítulo
e dos grupos sociais na construção e na desconstrução de padrões sociais.
A Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro (RJ, 1968), foi a mais expressiva manifestação popular contra a ditadura implantada em 1964, marcada pelo autoritarismo, supressão dos direitos constitucionais, perseguição política, prisão, tortura e assassinato dos opositores, além da imposição da censura prévia aos meios de comunicação.
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1. Apresentação do capítulo O capítulo “Socialização e controle social” busca debater os principais conceitos sociológicos sobre a vida em sociedade. Para tanto, a demonstração dos imperativos sociais de nossa vida é um traço privilegiado no texto. As “Primeiras palavras”, que são a primeira parte do capítulo, introduzem o tema e apresentam a questão da similaridade dos comportamentos em sociedade, apesar de nossa diversidade e, ao mesmo tempo, singularidade. Também discute a relação entre as formas de socialização e de controle social e as ideologias. O item seguinte busca trabalhar as noções de socialização, conceito básico da Sociologia nessa discussão. A partir daí são descritos conceitos como grupo social (primário e secundário), categoria social, interação social (cooperação, competição e conflito), status (conceito que informa como grupos e indivíduos ocupam posições associadas a diferentes graus de prestígio, poder, direitos e deveres) e papéis sociais. Já o item “Controle social” trata dos mecanismos pelos quais se garante conformidade à ordem social. É mencionada a teoria de Émile Durkheim, cuja interpretação funcionalista da importância das regras e normas para a coesão social indica que esse controle deve garantir a harmonia social, constituindo-se de estruturas materiais e simbólicas que conformam os indivíduos ao sistema social e prevê punições para os casos em que isso não ocorre. Há também a abordagem proposta pela tradição sociológica encabeçada por Karl Marx e Max Weber, que parte das relações sociais e da realidade derivada delas como constituídas por contradições. Estas, em vez de gerar um todo social harmônico, levam ao conflito. Para esses autores, os mecanismos ou recursos que compõem o controle social estão relacionados à defesa dos interesses de grupos específicos que detêm o controle econômico, cultural e político, o que dá forma à realidade social como a percebemos. Por fim, a opção do filósofo franco-argelino Louis Althusser e sua divisão dos agentes de controle social em aparelhos repressivos (conjunto dos órgãos e instituições que estabelecem o controle social pela repressão ou pela possibilidade de realizá-la) e aparelhos ideológicos de Estado (instituições representadas pelas religiões, escola, família, sindicatos, sistemas de informação e pela cultura), que pensa de maneira pessimista a vida em sociedade e os aparatos que a limitam. Nas “Considerações sociológicas” é discutida a conexão entre a juventude e os relacionamentos digitais por meio das redes sociais, com destaque para as formas de sociabilidade de nosso tempo. Nesse texto, os estudantes podem reconhecer-se como partícipes de um novo modo de sociabilidade e de novas sensibilidades que ultrapassam e tomam o lugar das tradicionais formas de socialização (como a família, na figura dos pais, e a escola), e em que a exibição de si e a contemplação do outro aparecem como um fenômeno contemporâneo da expressão da experiência pessoal e cotidiana.
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Conceitos centrais abordados no capítulo ✓ Aprendizagem
✓ Cooperação
✓ Socialização primária
✓ Competição
✓ Socialização secundária
✓ Conflito
✓ Instituição social
✓ Status
✓ Grupo social primário
✓ Papéis sociais
✓ Grupo social secundário
✓ Controle social
✓ Interação social
Principais autores abordados no capítulo ✓ Carlos Nelson Coutinho
✓ Louis Althusser
✓ Émile Durkheim
✓ Max Weber
✓ Erving Goffman
✓ Peter Berger
✓ Georg Simmel
✓ Philippe Ariès
✓ Karl Marx
Principais temas abordados no capítulo • Compreensão de que a sociedade é uma produção humana e o ser humano é uma produção social. • Percepção da socialização como um processo de integração dos indivíduos à sociedade e aos diferentes grupos sociais. • Entendimento do papel das instituições sociais na socialização e no controle social. • Reconhecimento de que o controle social é um mecanismo de exercício de poder necessário em todas as sociedades. • Compreensão da importância das interações e dos grupos sociais na construção e na desconstrução de padrões sociais.
2. Sugestões de encaminhamento das aulas O capítulo visa proporcionar ao estudante o olhar das Ciências Sociais sobre o tema da socialização e do controle social. Ao longo da leitura do capítulo, os estudantes poderão desnaturalizar as regras e normas sociais como algo produzido sem sua participação e perceber que a manutenção de tais regras só é possível pela participação inconsciente de todos. Para o cumprimento desse objetivo, o capítulo sugere as seguintes reflexões: • Reconhecer a necessidade de viver em sociedade, o que implica adaptar o comportamento às normas e regras consideradas apropriadas. Discutir a existência de formas de controle que estão, por um lado, incorporadas aos comportamentos, e, por outro, demonstrar que os limites para esses comportamentos podem estar inscritos nos dispositivos legais que regulam a vida em sociedade. Assim, mostrará as duas faces do controle: a social e a legal. Para tanto, pode apresentar situações em que, apesar de serem passíveis de aprovação de muitos (como o espancamento e assassinato de um
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Sociologia em movimento
estuprador pego em flagrante), a consideração é determinada pela existência de leis (prisão seguida de julgamento), visto que são consideradas criminosas, e outras que a legislação não regula, mas que são consideradas impróprias para a vida em sociedade, como ir se banhar na praia de terno. • Compreender que as formas primária e secundária de socialização propostas pelo sociólogo Peter Berger nos acompanham durante toda a nossa existência, mas têm, entretanto, pesos e intensidades diferenciadas nos estágios que a compõem. Fomentar um debate para instigar os alunos a perceberem as formas de comportamento social em espaços diferenciados. Utilizar os extremos templo religioso e estádio de futebol, solicitando aos alunos que descrevam quais são os comportamentos comuns a cada espaço. • Perceber as formas de controle social como um exercício de poder de um segmento sobre outro. Contudo, esse poder não é imposto bruscamente e pode se basear em maneiras negociadas de aplicação. Levar os estudantes a perceberem a produção de leis como resultado da negociação entre segmentos com interesses diferenciados. Para tanto, com base em jornais e revistas, debater a forma pela qual se organizam as instâncias do legislativo brasileiro (municipal, estadual e nacional) e montar uma atividade em que dois grupos discutem determinada lei, representando setores diferentes da sociedade. Essa lei, que pode ser interessante para uns mas prejudicial para outros, será formatada com base no debate travado entre os grupos, e determinará, ao final, a adoção de um certo comportamento social.
3. Orientações para o trabalho com as seções Considerações sociológicas
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Reflexão sobre o papel das redes sociais e a sua utilização como forma de autoexposição por seus usuários, as considerações sociológicas do capítulo põem em foco o modo como essas modernas e facilmente acessíveis ferramentas de socialização ditam padrões de comportamento. Destacados pensadores do tema, como Guy Débord e Pierre Lévy, refletem sobre como a cultura digital vivenciada no ciberespaço reorienta a vida social para o consumo de imagens e rivaliza com a vivência de relações concretas.
Instrumento jurídico
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Considerando especialmente os elementos da Constituição de 1988 e do Estatuto da Criança e do Adolescente, esta seção permite ao professor trabalhar a noção de direitos que facilitam e possibilitam a socialização dos indivíduos. Pode-se refletir com os alunos a respeito do caráter satisfatório ou não da proteção desses direitos na Constituição Federal. Discutindo a introdução da noção de pessoa humana presente no artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o docente pode destacar o caráter processual e mutável das definições sobre os indivíduos em sociedade. Essa noção, que torna genérica a compreensão sobre as pessoas, tem o valor de não hierarquizar os indivíduos sobre nenhuma base, o que demonstra o entendimento fundamental dos seres sociais como dignos de direitos e merecedores de tratamento igualitário. Ao discutir os direitos sociais, deve-se enfatizar a dimensão negociada e conquistada desses direitos, bem como sua evolução, quando comparada com versões anteriores da Constituição. Naturalmente, o docente não deve deixar de lado o aspecto do controle social investido nesses regulamentos, debatendo-os como parte das limitações impostas ao comportamento individual. Pode‑se também debater a aplicação do conceito de socialização primária presente nos artigos 4 e 19. Nesses artigos, a atividade pedagógica pode encampar a discussão da legislação
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Respostas e orientações
e explorar as noções de instituição social, grupo social e interação social. A importância da família e da escola, espaços de socialização e de controle social, é confirmada pela legislação de modo que a primeira figura como principal instituição, seguida imediatamente pela escola, partícipe que é de uma esfera maior, a comunidade. Por fim, a menção à profissionalização, no artigo 4º do ECA, como direito e preocupação básica da inserção do sujeito na sociedade, é um ponto proveitoso de discussão. O universo profissional é um direito, mas também uma forma de coerção do sujeito diante de todas as imagens sociais associadas a quem não trabalha. Do mesmo modo, no artigo 19 do ECA, a passagem sobre a criação e a educação de uma criança “em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes” é digna de nota. Por mais que seja social e psicologicamente indesejável o convívio com substâncias entorpecentes, detalhar tal preocupação num estatuto é uma sugestiva forma de controle social e pode ser objeto de debate junto aos estudantes no tocante à extensão do poder do Estado em legislar sobre isso e interferir na vida dos cidadãos. Na atividade coletiva, pode-se aproveitar o debate para discutir qual é o papel que o Estado e a sociedade dão ao processo de socialização. De que maneira e em qual quantidade os recursos são destinados para essas áreas? O docente deve incentivar os estudantes a discutir o impacto de maiores ou menores recursos aplicados nessas áreas para a socialização dos indivíduos.
Indicações
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Filmes e vídeos O garoto selvagem Utilizar o filme para discutir a relação entre natureza e cultura na formação social dos indivíduos. Gattaca – A experiência genética Utilizar o filme para discutir os limites da genética num futuro possível e quais seriam os prováveis impactos nas formas de socialização e controle social. Honra e liberdade Trabalhar o filme debatendo o papel da socialização primária na vida de um indivíduo. Pode utilizar a ideia de que temos a capacidade de viver muitas vidas, mas acabamos vivendo apenas e tão somente uma. Livros A reinvenção da velhice. Guita Grin Debert. A obra analisa o processo de construção social da velhice no Brasil, debate o que se convencionou chamar de “terceira idade” e o papel das políticas públicas para o segmento, considerando suas formas particulares de socialização. Pode ser útil um trabalho conjunto com os docentes de Biologia para debater a definição e compreensão dos limites sociais e biológicos da existência desses sujeitos sociais. Robinson Crusoé. Daniel Defoe. Clássica aventura do século XVIII sobre o náufrago Robinson Crusoé, que permite ao docente trabalhar os processos de socialização primária e secundária que se entrelaçam ao envolver complexamente os dois personagens, Crusoé e o índio Sexta-Feira. Gabriela, cravo e canela. Jorge Amado. Ambientada na Ilhéus da década de 1920, mas escrito em 1958, o romance apresenta as regras sociais de um universo controlado pelos coronéis e levanta uma discussão sobre a moral em vigor naquele lugar e momento histórico. Recomenda-se um trabalho integrado com a disciplina História, a fim de abarcar o cenário social da Bahia do ciclo do cacau.
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Sociologia em movimento
Sites <www.cafecomsociologia.com> Com o objetivo de divulgar uma pluralidade de informações relevantes para o professor de Sociologia, o blog tem dicas pedagógicas e didáticas de grande interesse, especialmente no tema socialização. <http://manguevirtual.blogspot.com.br> Como site de variedades culturais, o docente pode utilizá-lo na discussão de temas sociológicos atuais, especialmente trabalhando a Sociologia em contextos artísticos.
4. Respostas e comentários das atividades Reflexão e revisão
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Questão 1
1 . É o processo por meio do qual os indivíduos internalizam as regras e normas da sociedade em que vivem, integrando-se de forma apropriada aos padrões vigentes. Existem dois tipos básicos de socialização: a primária (aquela em que os contatos caracterizam-se por um alto grau de afetividade, em relações diretas e de forte proximidade) e a secundária (aquela que ocorre a partir do final da infância e continua pelo restante da vida em espaços distintos do doméstico).
2 . Grupos sociais são os agrupamentos que se estabelecem por interesses, práticas e valores compartilhados pelos indivíduos que os compõem; já as instituições sociais se referem a padrões e normas que se aplicam aos diferentes grupos existentes em uma sociedade e têm, portanto, um caráter abstrato, como a moral, a fé etc.
3 . A previsibilidade dos comportamentos garantida pelo controle social acontece pela interiorização das normas e regras sociais a partir de dois mecanismos: os formais, como as leis, e os informais, como as regras de conduta não regulamentadas mas amplamente aceitas. Tais normas e regras sociais instalam um padrão determinado de possibilidades reconhecidas, que dá coerência a comportamentos, relacionamentos e costumes.
4 . Essas tecnologias vêm alterando os relacionamentos pessoais de forma inusitada, uma vez que permitem que o contato entre seus usuários não seja mais face a face. O caráter remoto desses contatos amplia as possibilidades de estabelecimento de “amizades” (via redes sociais, por exemplo), porém, retiram o aspecto humano da interação social. Além disso, as tecnologias inseridas no mundo do trabalho podem impactar fortemente as solidariedades profissionais, uma vez que as máquinas e mecanismos eletrônicos substituem progressivamente os indivíduos como força de trabalho.
Questão 2
A questão pode ser trabalhada a partir da discussão sobre a necessidade de desnaturalizar determinadas visões consolidadas socialmente. A opção a, por exemplo, naturaliza a ideia de que o comportamento violento está relacionado ao ambiente violento, o que estigmatiza os jovens das periferias como potenciais agentes contrários à socialização, e os jovens pobres como classe violenta. A opção c faz o mesmo ao evocar a ideia de que a prisão e o controle social são ações do Estado que protegem a população dos inadequados. A opção d desconsidera a realidade social efetiva ao considerar que a prisão pode substituir a escola e a sociedade como espaço de socialização. A opção b é a única em que os elementos discutidos ao longo do capítulo são expostos adequadamente.
Gabarito
B.
Questões para debate
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Questão 1 Aproveitar o texto e as questões para fomentar o interesse em discutir as novas formas de relacionamento que se desenvolvem a partir das tecnologias da informação. Incentivar o questionamento sobre a validade concreta dessas formas de interação: se elas não estariam, como diz a questão, isolando cada indivíduo em seu mundo fechado e, em caso de resposta positiva
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Respostas e orientações
de um grupo expressivo, se isso não estaria forjando um modo de sociabilidade excludente, que anula a relação e reforça a individualidade. Instigar os estudantes a criar suas próprias interpretações sobre o que é amizade, se sua natureza requer proximidade física e conhecimento real das partes envolvidas.
Campo
Investigação e compreensão.
Competências
Elaborar instrumentos conceituais e interpretativos para uma melhor compreensão das relações entre os sujeitos, o que amplia a noção de interação social nas relações interpessoais.
Nível de domínio cognitivo
Avaliação, compreensão e análise.
Questão 2 O processo de socialização ocorre a partir da internalização, por parte dos indivíduos, dos códigos e normas de sua sociedade. No contexto da sociedade da informação, um dos elementos centrais na mediação entre a sociedade e o indivíduo são os meios digitais, que retiram da família e dos grupos primários a primazia de fornecer os códigos e normas sociais, e que, em muitos casos, colocam em xeque os próprios padrões de socialização existentes nas diferentes sociedades. Explorar o fato de que, no mundo atual, os meios digitais de interação e comunicação interferem diretamente no processo de socialização. Incentivar os estudantes a compararem os códigos e normas de suas famílias, religiões e da própria escola com aqueles que são fornecidos pelas redes sociais e outras formas de comunicação digital.
Campo
Representação e comunicação.
Competências
Identificar, analisar e comparar os diferentes discursos sobre a realidade; produzir novos discursos a partir de pesquisa realizada.
Nível de domínio cognitivo
Avaliação, compreensão e análise.
Exame de seleção
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A questão aborda uma das novas formas de sociabilidade construídas na sociedade da informação. As alternativas I e II se relacionam às novas configurações das relações sociais em nosso tempo. Sendo assim, são as opções corretas.
Gabarito
A.
Campo
Investigação e compreensão.
Competências
Construir instrumentos para uma melhor compreensão da vida cotidiana, que ampliem a “visão de mundo” e o “horizonte de expectativas” nas relações interpessoais com os vários grupos sociais.
Domínio cognitivo
Análise.
Questão para pesquisa
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Orientação para condução desta atividade Aproveitando essa atividade como encerramento da discussão do capítulo, fomentar a reflexão dos estudantes sobre essas formas de agregação e promover um debate sobre o que são, na prática, os modos de socialização de um dado segmento, o juvenil. Assim, pode mostrar de forma prazerosa e envolvente, e a partir do seu próprio fazer, as teorias discutidas no livro didático. A pesquisa proporciona a verificação da sociedade em perspectiva histórica e, portanto, no seu caráter processual, ao comparar os gostos e as formas de fruição de outras gerações, já que apresenta as mudanças e permanências de uma prática social semelhante.
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Sociologia em movimento
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Capítulo
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Raça, etnia e multiculturalismo
Ao final deste capítulo, o estudante deverá ser capaz de:
Raça, etnia e multiculturalismo
✔
Compreender os conceitos de raça, racismo, etnia e etnicidade e suas inter-relações.
✔
Discutir criticamente os temas do racismo e de algumas formas de
Questão motivadora Por que o racismo persiste no Brasil e como podemos combatê-lo?
preconceito e de discriminação como resultado das relações e práticas sociais estabelecidas historicamente. ✔
Identificar as desigualdades sociais decorrentes das relações raciais.
MICHELE MOLINARI/ALAMY/OTHER IMAGES
Capítulo
Coleção de máscaras indígenas de cerâmica no Museu do Barro, em Assunção, Paraguai.
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1. Apresentação do capítulo O capítulo mostra o olhar das Ciências Sociais sobre a temática das relações culturais e das desigualdades sociais, com foco na discussão do racismo e suas implicações na formação das sociedades capitalistas contemporâneas, em particular da sociedade brasileira. Didaticamente, pode ser dividido em três momentos interrelacionados e complementares. Em um primeiro momento, aborda os temas preconceito, discriminação e segregação como práticas sociais que expressam estruturas hierárquicas socialmente construídas, que valorizam certos grupos sociais em detrimento de outros. No segundo momento, apresenta a discussão sobre raça, racismo e etnia, mostra a substituição do conceito de raça pelo de etnia nos estudos sobre os comportamentos humanos e a dinâmica da interação entre os diferentes povos e grupos sociais. O conceito de raça e a ideia equivocada de que a humanidade era dividida em raças “superiores” e “inferiores”, difundidos por teorias racistas a partir do século XIX, deram suporte à difusão de argumentos pretensamente científicos que justificaram ações políticas de controle social exercidas pelos povos colonizadores europeus sobre os povos colonizados não europeus, e pelas elites dominantes nestes últimos sobre as populações dominadas, negras e indígenas. Contemporaneamente, do ponto de vista teórico, o conceito de etnia com ênfase na cultura passa a ser associado à diversidade cultural, e tem como referente principal os processos históricos e culturais construídos pela interação social, uma vez que as características biologicamente herdadas são pouco significativas para categorizar os grupos sociais humanos. Com isso, estudos sobre a desigualdade social brasileira passaram a indicar como as relações sociais historicamente construídas no Brasil foram marcadas pelas injustiças sofridas pelas vítimas do racismo, do preconceito e da discriminação. No terceiro momento, o capítulo aborda as temáticas do multiculturalismo e da ação afirmativa, conceitos que surgem nas sociedades capitalistas contemporâneas e que visam combater as desigualdades sociais e as várias formas de racismo, preconceitos e discriminações que caracterizam essas sociedades (marcadas pelo monoculturalismo e pela homogeneidade cultural a partir do eurocentrismo), afetadas atual mente pelo fenômeno da xenofobia, principalmente nas sociedades europeias. O multiculturalismo varia conforme o contexto sócio-histórico em que ocorre o seu surgimento e apresenta diferentes definições e pontos de vista, mas antropologicamente é uma ideia que combate o monoculturalismo por considerar a sociedade uma convergência de diferentes culturas que se misturam e formam diversos mosaicos culturais, pois não existe um padrão único e universalmente válido de cultura. No rastro da valorização da diferença e resistência ao colonialismo cultural, uma nova maneira de ver o mundo surge como um movimento e projeto político transformador denominado interculturalidade, que luta pela superação da discriminação de culturas minoritárias, pelo reconhecimento público dos valores dessas culturas, e aponta a importância da comunicação e da interação entre as culturas como meio de produzir novos conhecimentos e outras interpretações simbólicas do mundo. Para isso, o amparo e a proteção dessas culturas, pela lei, tornam-se fundamentais para a consolidação das suas singularidades e para o reconhecimento da sua capacidade de produzir conhecimento.
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Respostas e orientações
Em suma, no campo das Ciências Sociais, o capítulo aponta para a importância de compreender a questão racial como um campo teórico e prático (referente à construção social, histórica, econômica, política e cultural das diferenças em nossa sociedade) que se vfundamenta no respeito às diferenças e aos direitos humanos.
Conceitos centrais abordados no capítulo ✓ Preconceito
✓ Xenofobia
✓ Discriminação
✓ Eugenia
✓ Segregação
✓ Democracia racial
✓ Raça
✓ Multiculturalismo
✓ Racismo
✓ Interculturalidade
✓ Etnia
✓ Ação afirmativa
Principais autores abordados no capítulo ✓ Edson Borges
✓ Kabengele Munanga
✓ Erving Goffman
✓ Luiz Alberto Oliveira Gonçalves
✓ Florestan Fernandes
✓ Petronilha Beatriz G. e Silva
✓ Gilberto Freyre
✓ Vera Maria Candau
✓ Giralda Seyferth
Principais temas abordados no capítulo • Preconceito, discriminação e segregação como base para manutenção das desigualdades sociais. • Raça, racismo e etnia: aspectos históricos, políticos e socioantropológicos. • Teorias raciais e racismo. • O mito da democracia no Brasil. • As cores da desigualdade social no Brasil. • Multiculturalismo e reconhecimento da pluralidade cultural. • Interculturalidade e crítica ao colonialismo cultural. • Ações afirmativas e políticas de cotas no Brasil.
2. Sugestões de encaminhamento das aulas • Apresentação dos termos preconceito, discriminação e segregação como base para o estabelecimento das desigualdades sociais A aula pode começar com o docente explicando os conceitos separadamente, para mostrar que a análise sociológica desses fenômenos requer um questionamento de seus usos e significados em determinado contexto social. Em seguida, perguntar se alguém conhece ou presenciou algum caso de preconceito, discriminação ou segregação, e separar os casos conforme os conceitos apresentados no capítulo. Explorar em cada situação o problema da naturalização do preconceito e a sua imperceptibilidade, principalmente pela vítima. Explorar o exemplo do futebol citado no
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capítulo. Depois, pode explorar a tabela 5.1, além de outros dados sobre as desigualdades no mercado de trabalho para mostrar a discriminação com base no critério econômico. Pode utilizar artigos de jornais ou dados de pesquisas oficiais, como as do IBGE (rendimento, ocupação por sexo), para demonstrar que as profissões e cargos com maior remuneração e prestígio profissional são ocupados majoritariamente por homens. O professor pode ainda iniciar um debate, que deve ser aprofundado no Capítulo 13, sobre as origens e razões sócio-históricas desse fenômeno. Quanto à questão da segregação, a melhor forma de discuti-la é mediante a apresentação de um filme que mostra o sistema de apartheid que existiu na África do Sul. • Discussão sobre raça, racismo e etnia Em um primeiro momento, relacionar a discussão sobre o racismo com o conceito de etnocentrismo discutido no Capítulo 3. Para reafirmar essa relação, rememorar que o comportamento etnocêntrico é a raiz do preconceito, da discriminação e do estereótipo. Nesse ponto, é possível estabelecer uma relação com as disciplinas de História e Geografia, para demonstrar como o processo de colonização foi marcado por uma visão etnocêntrica dos europeus em relação aos povos colonizados. Em um segundo momento, recuperar os diferentes usos do conceito de ideologia nas Ciências Sociais como ciência das ideias, como falsa consciência e como visão de mundo, do modo como foi apresentado no Capítulo 3, para discutir as relações entre as teorias eugênicas e a teoria da democracia racial, bem como a função dessas teorias no enraizamento ou naturalização do preconceito racial entre nós, na aceitação da discriminação racial e no estabelecimento de um racismo à brasileira. Em um terceiro momento, explorar as tabelas 5.2 e 5.3 para discutir as desigualdades raciais entre negros e brancos no Brasil, com profundas desvantagens para os primeiros, e aproveitar para levantar outros dados quantitativos da vida social, como acesso às oportunidades culturais, educacionais e de decisão política. • Discussão sobre multiculturalismo e políticas de ações afirmativas Chamar a atenção para o problema da formação das identidades e das diferenças culturais como uma questão de fundo na discussão da questão racial nas Ciências Sociais. O docente pode exibir o filme 1492: A conquista do paraíso para propor uma discussão sobre o contato e a relação entre culturas que dialoga com os conceitos do capítulo 3. Depois, pode apresentar a discussão sobre a importância do reconhecimento e valorização das culturas dominadas pelos colonizadores, chamar atenção para a formação social brasileira, mostrar como existe uma hierarquização institucional entre as culturas que formam o povo brasileiro (com um levantamento sobre as condições sociais dos representantes dessas culturas, considerando as condições de vida dessas pessoas). Em seguida, pode discutir o que é valorizado ou não entre as culturas que formam o povo brasileiro, tendo como parâmetro as expressões artísticas, musicais e literárias dos negros e indígenas e a maneira como são vistas no imaginário social brasileiro. Aproveitar essa discussão para introduzir a discussão sobre as políticas de ações afirmativas no Brasil e trazer para a sala de aula as propostas governamentais, entre elas a de democratização de acesso ao ensino superior, que estabelece cotas para negros e indígenas.
3. Orientações para o trabalho com as seções Considerações sociológicas
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A política de cotas ou reserva de vagas para grupos que foram historicamente marginalizados e excluídos é uma das modalidades mais polêmicas das chamadas políticas de ação afirmativa. Estimular o debate entre os alunos com foco na política de reservas de
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Respostas e orientações
vagas no atual cenário de democratização e acesso ao ensino superior brasileiro, sem deixar de levar em conta as diferentes posições a respeito das relações étnicas no Brasil. Deverá reforçar a necessidade de que as posições assumidas sejam corroboradas por dados, e não apenas por opiniões. É uma oportunidade para desenvolver nos estudantes a habilidade de compreender os diferentes discursos científicos e sua relação com as posições políticas e culturais de indivíduos e grupos. Orientação para condução desta atividade • S olicitar que os estudantes levantem dados e selecionem os argumentos favoráveis e contrários às cotas raciais em sites de órgãos públicos e instituições acadêmicas, como o da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) – <www.seppir.gov.br>, e do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais – <www.laeser.ie.ufrj.br>. • S olicitar que visitem instituições, órgãos ou entidades públicas ou privadas (universidades, partidos, empresas, outras) que implementaram algum tipo de reserva de vagas, para identificar: a) o tipo, o percentual e o público beneficiado pela reserva de vaga; b) os critérios utilizados na seleção; c) a justificativa. • Promover um seminário para apresentação dos resultados desses levantamentos em discussão coletiva. • Solicitar um trabalho por escrito (dissertativo) sobre o assunto.
Instrumento jurídico
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A luta para combater o racismo, as desigualdades sociais e as diferentes formas de preconceito e discriminação no Brasil corresponde também a uma luta em prol do respeito às diferenças, ao reconhecimento e valorização das diferentes culturas que formam o povo brasileiro. Nesse processo, cabe aos movimentos sociais, notadamente ao movimento social negro, pressionar o Estado democrático pela criação de instrumentos jurídicos que sejam capazes não apenas de coibir a prática do racismo (vide Lei Federal 7.716/89, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor), mas, sobretudo, promover políticas públicas para efetivar o direito à diferença e à diversidade cultural. Isso não seria possível sem a garantia constitucional do pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, a valorização e a difusão das manifestações culturais, bem como o ensino das histórias e das culturas que formam o povo brasileiro, notadamente a africana e a indígena (artigos 215 e 242 da CF/88). As leis federais 10.639/03 e 11.645/08, ao atualizarem a LDBN/96, materializam esse princípio constitucional no âmbito da educação básica nacional (pública e privada), complementadas por outros instrumentos normativos, como as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Resolução CNE/CP01/2004) e o Plano Nacional para a sua implementação (Parecer do CNE/CP 03/2004). No âmbito do ensino superior, foi promulgada a Lei Federal n o 12.711, em 29 de agosto de 2012, que instituiu no país a reserva de 50% das vagas nas instituições federais de ensino superior e de ensino médio técnico para estudantes que cursaram integralmente escolas públicas. O preenchimento dessas vagas em cada Instituição Federal de Ensino (superior e técnico), segundo esta Lei, por curso e por turno, será feito por autodeclarados pretos, pardos e indígenas, em proporção no mínimo igual à de pretos, pardos e indígenas na população da Unidade da Federação (UF) onde está instalada a instituição, segundo o último censo do IBGE.
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Sociologia em movimento
O docente poderá escolher um desses instrumentos jurídicos e analisá-lo em sala de aula, sinalizando o fato de que, em conjunto, tais instrumentos dão base para uma política de ação afirmativa no contexto educacional brasileiro, direcionada para a valorização das histórias e culturas dos povos africanos, afro-brasileiros e indígenas num cenário de uma educação das relações étnico-raciais positivas no país. Na atividade, o docente deve incentivar ainda a busca pelas diferentes posições e argumentos no debate contra e a favor da inclusão do Ensino de Cultura e História da África no currículo.
Indicações
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Filmes e vídeos Quanto vale ou é por quilo? O filme permite fazer uma analogia entre o mercado escravista do Brasil colonial e a mercantilização da solidariedade na sociedade brasileira contemporânea, mostrando a formação de uma solidariedade de fachada. O docente poderá também promover uma reflexão crítica sobre a realidade brasileira no que se refere à condição social dos negros e pobres. Poderá também levantar alguma questões: 1) Considerando as cenas que são produzidas a partir de trechos do Arquivo Nacional, como podemos associar o escravo a uma mercadoria? 2) De que maneira o filme demonstra que a manutenção da desigualdade social é algo lucrativo? A negação do Brasil − O negro nas telenovelas brasileiras O filme propõe uma reflexão sobre os papéis interpretados pelos atores negros nas telenovelas brasileiras: representam personagens que recebem sempre um caráter negativo e estereotipado, como empregados e bandidos. Considerando a importância da televisão no imaginário social, o filme permite melhor compreensão sobre a construção social da imagem do negro e seu impacto na autoestima da população negra brasileira. Como proposta de debate, o docente poderá solicitar aos alunos que primeiramente assistam às telenovelas de hoje com o objetivo de relacioná-las com o documentário. A finalidade do exercício é procurar mudanças e permanências dos papéis dos atores negros nas telenovelas brasileiras. Crash – no limite O filme mostra diferentes formas de preconceitos e discriminação (racial, étnica, de gênero e de classe). Permite ao professor introduzir o debate entre a estreita ligação entre preconceito e poder, entre a criação de estereótipos a respeito de determinados grupos e as relações de dominação-subordinação existentes. O docente poderá solicitar que os alunos identifiquem e selecionem as formas de discriminação, preconceitos e estereótipos que aparecem no filme e comentá-los tendo como referência os conceitos apresentados em aula. Livros O racismo explicado aos meus filhos. Nei Lopes. A partir do livro é possível, ainda, organizar debates sobre a diferença entre a discriminação racial no Brasil, nos Estados Unidos e na África do Sul. As experiências e explicações de Paulão e Lia para seus filhos podem estabelecer posições sobre as quais a turma será convidada a se posicionar. Os temas sobre as políticas de redução das desigualdades, como cotas raciais, podem ser contrapostos aos exemplos históricos apresentados, a fim de que o julgamento sobre relevância e eficácia seja feito diante dos diferentes posicionamentos existentes.
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Respostas e orientações
Cabeça de Porco. Celso Athayde, MV Bill e Luis Eduardo Soares. O livro permite a utilização dos episódios narrados como motivador dos debates sobre racismo e segregação, assim como evidencia a possibilidade da interpretação sociológica para compreensão de fenômenos sociais que envolvem forte caráter afetivo individual ao trazer para o debate sentimentos como ódio, ressentimento, humilhação e impotência. Estabelecer a relação entre problemas individuais e questões sociais a partir de exemplos apresentados em textos curtos favorece as atividades individuais e coletivas em sala de aula. A partir da seleção dos episódios é possível trabalhar questões de interpretação, aplicação do conhecimento em situações exemplares, construção de soluções possíveis para problemas sociais e debates para o julgamento fundamentado de questões polêmicas. A ilha sob o mar. Isabel Allende. O enredo do romance permite problematizar os estereótipos de passividade dos escravos negros na América Latina, muito comuns em alguns materiais didáticos. Além disso, traz nuances que sugerem outros debates sociológicos, como a dominação nas relações de gênero (a relação entre a escrava Zarité e o fazendeiro para quem foi vendida ainda criança), bem como possibilita a desmistificação de certos discursos que tendem a romantizar os vínculos entre senhores e escravos em algumas colônias da América do Sul.
Site Os endereços eletrônicos indicados podem ser utilizados como fomentadores e suporte para debates desenvolvidos ao longo do capítulo. Por trabalharem com materiais visuais, o professor pode utilizar esse recurso como ferramenta didática. Servem ainda para aprofundamento das discussões em sala de aula.
MovimentAção
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Em um espaço de diversidade como a escola, a discussão sobre este tema deve ser incentivada sempre. Desse modo, a atividade proposta deve servir como uma forma de incentivar o debate e o respeito à diversidade no espaço escolar, envolvendo os estudantes para que tomem consciência dos problemas e proponham caminhos para a solução. O docente deve funcionar como um facilitador desse processo na sala de aula.
4. Respostas e comentários das atividades Reflexão e revisão
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Questão 1
1 . Apesar da condenação generalizada do racismo, sua superação ainda é difícil, pois ele se encontra enraizado em diferentes espaços da vida social, muitas vezes de modo tão sutil que não é percebido a não ser que se tenha um olhar mais atento para o problema.
2 . A questão racial na sociedade moderna e contemporânea tem sido objeto de intensos debates. O texto aborda algumas das teorias que discutem o tema. São elas: a eugenia, que parte da noção de que haveria uma classificação da humanidade a partir de sua origem consanguínea, em que a raça branca (ariana) seria superior às outras. E que afirmava que a miscigenação é um processo de degeneração da raça branca; a da democracia racial, segundo a qual, no caso brasileiro, as relações raciais são harmônicas e sem preconceito, e que no Brasil não haveria racismo; a da crítica à democracia racial, que indica que as teses defendidas por aquela teoria são mitos, pois não acontecem na realidade. As relações raciais em nosso país são baseadas em dominação dos brancos e subordinação dos negros e mestiços, que sofrem em todas as esferas da vida social com um racismo à brasileira; a do multiculturalismo e da interculturalidade, que defende uma nova perspectiva para essa discussão ao adotar a noção de etnia, e também procura formas efetivas de superação do racismo.
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3 . As ações afirmativas, surgidas nos EUA no processo de luta pelos direitos civis, são implementadas no Brasil a partir da década de 1990. No caso específico da questão racial, as cotas nas universidades públicas para negros, índios e mestiços têm gerado diferentes posicionamentos. Em que pese um debate ainda em andamento, o aumento na participação desses segmentos no ensino superior e a discussão sobre o racismo no Brasil são efeitos positivos da adoção da medida.
4 . O texto utiliza o tema multiculturalismo e interculturalidade para propor uma nova forma de abordagem da diferença entre os grupos humanos. Essa nova visão deve ser construída com a superação da interpretação que considera as características biológicas como os elementos de distinção entre as populações, e as substitui pelas características culturais, aprendidas e contextualizadas historicamente. Conceitualmente, propõe o abandono do termo raça, considerado inadequado, e sua substituição pelo termo etnia, mais próximo de uma concepção que valoriza a diversidade cultural humana.
Orientações ao docente: essa atividade tem por objetivo proporcionar aos estudantes uma reflexão sobre os temas discutidos ao longo do capítulo, o que possibilita identificar se as habilidades e competências pretendidas foram alcançadas. Nesse sentido, as questões buscam retomar as ideias centrais debatidas no texto. De acordo com a dinâmica adotada em sala de aula, podem-se utilizar diferentes estratégias e formas de mediação pedagógica para atingir os resultados esperados. Nesse sentido: • Dividir a turma em grupos para que os estudantes realizem as tarefas propostas e apresentem à turma como debate; • Propor respostas individuais que posteriormente seriam partilhadas e discutidas em grupos maiores; • Estabelecer uma conexão entre as questões propostas e os filmes, vídeos e pesquisas propostas pelo livro.
Questão 2 Corrigir a questão ressaltando o fato de que o autor do texto é representante da corrente denominada racismo científico, que se caracterizou por classificar os diferentes grupos humanos a partir da noção de atributos biológicos que hierarquizariam esses grupos. Diante dessa conclusão, a única opção que expressa integralmente as ideias de Gobbineau é a alternativa a.
Gabarito
A.
Campo
Representação e comunicação.
Competências
Identificar, analisar e comparar os diferentes discursos sobre a realidade: as explicações do senso comum e as das Ciências Sociais, amparadas nos vários paradigmas teóricos.
Nível de domínio cognitivo
Conhecimento, compreensão e análise.
Questão para debate
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Promover a reflexão sobre as consequências negativas que o “mito da democracia racial” traz para a superação do preconceito racial. Pode-se ampliar a discussão para a questão das ações afirmativas como propostas para amenizar os prejuízos historicamente acumulados pelos negros, e estimular a adoção de uma perspectiva crítica, em detrimento da mera reprodução das explicações do senso comum.
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Respostas e orientações
Campo
Representação e comunicação.
Competências
Identificar, analisar e comparar os diferentes discursos sobre a realidade: as explicações das Ciências Sociais, amparadas nos vários paradigmas teóricos, e nos do senso comum. Produzir novos discursos sobre as diferentes realidades sociais, a partir das observações e reflexões realizadas.
Nível de domínio cognitivo
Avaliação e síntese.
Exames de seleção
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A primeira assertiva é correta, pois até hoje boa parte das opiniões e discursos sobre a África e seus descendentes desconsidera as diferenças culturais entre povos e sociedade que lá viviam. E o mesmo vale para as populações afrodescendentes, que têm suas manifestações culturais e sociais analisadas como exóticas, arcaicas e indiferenciadas. A segunda assertiva também é correta, pois grande parte dos conflitos raciais no Brasil e no mundo não apresenta base científica. A terceira afirmação também é correta, pois uma das características do etnocentrismo é sua incapacidade de observar de maneira isenta outras culturas que não a sua própria.
Gabarito
A.
Campo
Representação e comunicação.
Competências
Identificar, analisar e comparar os diferentes discursos sobre a realidade: as explicações do senso comum e as das Ciências Sociais, amparadas nos vários paradigmas teóricos.
Domínio cognitivo
Análise.
Questão para pesquisa
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A pesquisa sobre as etnias indígenas servirá para despertar a curiosidade dos estudantes sobre o que são etnias. Esse é o momento oportuno para destacar a diferença do significado desse conceito com o termo raça ao trazer exemplos concretos da concepção de diversidade cultural humana, que fundamentam o debate sobre multiculturalismo/interculturalidade. Com os exemplos das diferentes etnias indígenas existentes no país (e no seu próprio Estado), os estudantes poderão compreender que o termo raça e o conceito de etnia são bastante diferentes. Assim, poderão avaliar o porquê da recomendação do uso de etnia no lugar de raça, que foi tornado público pela Unesco já na década de 1950. Como mais um exemplo concreto das dificuldades e das conquistas da valorização da diversidade cultural, é possível destacar que somente a partir do Censo de 2010 as etnias indígenas brasileiras foram contempladas na pesquisa do IBGE. Isso mostra, por um lado, o avanço no reconhecimento da importância desses grupos para a sociedade brasileira, mas por outro, revela que apenas muito recentemente essa valorização teve reconhecimento oficial.
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Material de apoio DVD
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Anotações em aula Capítulo 4
Socialização e controle social
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EM MOVIMENTO
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ANOTAÇÕES EM AULA UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 4
Socialização e controle social
relações cotidianas
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O processo de socialização • O processo de socialização consiste na transmissão dos códigos culturais de um grupo social aos indivíduos que dele fazem parte. • Os processos de socialização acontecem em dois níveis: - Primário: interações face a face; envolve proximidade, intimidade e afetividade. Exemplo: a família. - Secundário: ocorre de forma mais dispersa; há maior diversificação dos agentes. Exemplo: escola e trabalho.
JORGE ADORNO/REUTERS/LATINSTOCK
JUNG YEON-JE/AFP
• Os agentes de socialização implementam tal processo; dentre os que se destacam no nosso cotidiano estão os pais (família), professores (escola), amigos (grupos sociais) e, cada vez mais, personagens ou personalidades que nos chegam através dos meios de comunicação de massa ou redes sociais on line.
Na primeira imagem a cantora pop Estadunidense Lady Gaga (Paraguai, 2012). Na segunda, fãs da cantora (Coreia do Sul, 2012). Ídolos do mundo artístico costumam influenciar o comportamento e gostos de seus admiradores.
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ANOTAÇÕES EM AULA UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 4
Socialização e controle social
relações cotidianas
2
Instituições, grupos e categorias sociais • Instituições sociais: - Conjunto relativamente estável de padrões culturais que servem como modelo para os indivíduos. Exemplo: o casamento. - Referem-se a padrões e normas que se aplicam a diferentes grupos na sociedade. Exemplo: família, escola, religião. • Mecanismos de socialização são os meios através dos quais os padrões e normas sociais são transmitidos pelo grupo e internalizados pelos indivíduos (aprendizagem, imitação e identificação).
• Grupos sociais: - Constituem-se a partir de interesses, práticas e valores compartilhados por um grupo de indivíduos. - Podem ser classificados em primários, intermediários e secundários. • Categorias sociais, para a Sociologia, são formadas por indivíduos que vivem experiências semelhantes sem, no entanto, estabelecerem relações sociais diretas. Exemplo: os metalúrgicos.
JUCA MARTINS/OLHAR IMAGEM
• Através dos mecanismos de socialização nossa identidade social se constitui.
Registro de momento histórico, reunião de milhares de metalúrgicos no estádio de Vila Euclides em São Bernardo do Campo (SP, 1979).
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SOCIOLOGIA
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Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 4
Socialização e controle social
relações cotidianas
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Interação, status e papel social • Interação social: trata-se do conjunto das influências recíprocas desenvolvidas entre os indivíduos e entre estes e os grupos sociais. Cooperação, competição e conflito são formas possíveis de interação social. • Status e papéis sociais: - O status é a posição ocupada por um indivíduo em determinada estrutura social, à qual correspondem diferentes graus de prestígio, poder, direitos e deveres; pode ser legal, social, adquirido ou atribuído. - Papéis sociais são os comportamentos socialmente esperados de indivíduos ou grupos que ocupam determinada posição social.
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Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 4
Socialização e controle social
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Controle social • Os mecanismos através dos quais se garante conformidade à ordem social constituem o que chamamos controle social. Há duas perspectivas de análise sobre o controle social. Visão funcionalista
Visão do conflito
Acredita-se que o controle deva ser exercido para a manutenção da ordem social.
Percebe o controle social como uma forma de poder que repercute as contradições e os conflitos da sociedade.
A sociedade é concebida como um organismo, onde as diferentes partes se relacionam harmonicamente.
Controle social e ideologia estão estreitamente ligados na medida em que fazem com que a visão de mundo de um grupo particular se transforme em padrão a ser seguido por toda a sociedade.
• Mecanismos e agentes de controle social - Mecanismos são todos os elementos sociais que fixam padrões de conduta a fim de conduzir as ações individuais para limites previsíveis; tais mecanismos podem ser legais ou sociais. - Os agentes de controle são os mesmos que realizam a socialização dos indivíduos. Exemplos: família, escola, religião, Estado e meios de comunicação de massa. • Alguns autores enfatizam o caráter repressivo resultante do controle social exercido pelos agentes sobre os indivíduos através das instituições; outros mostram que é possível aumentar o controle sobre as instituições, revertendo a ordem das coisas; isto é, alterando o fluxo do poder e as relações de dominação.
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Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
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Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
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Preconceito, discriminação e segregação • Os preconceitos se baseiam em generalizações superficiais e depreciadoras do outro (em geral portador de características físicas e culturais diferentes e arbitrariamente consideradas inferiores); a tais generalizações a Sociologia denomina estereótipos. • Discriminação é uma atitude ou tratamento diferenciado em relação ao outro que pode levar à marginalização ou exclusão. • A discriminação e a segregação materializam as ideologias calcadas em preconceitos que refletem a hegemonia de um grupo e a subordinação de outro. • Os preconceitos são normalmente difundidos, enraizados e renovados por meio dos mecanismos socializadores, e sua reprodução ao longo da história foi responsável pela cristalização de profundas desigualdades em diversas sociedades. • Às vezes a discriminação é dissimulada, não ficando claro, nem mesmo para quem a sofre, que ela de fato existe – o que torna ainda mais difícil superá-la. “A relação dos jovens com o lugar onde moram foi um dos motivos que os levaram a pensar na campanha contra o preconceito. Eles já perderam as contas de quantas vezes sofreram alguma discriminação quando disseram que moravam em favela. ‘Nós ficamos sabendo de vários jovens que tentam estudar ou conseguir um emprego e são discriminados por causa do lugar onde vivem. Recentemente, eu sofri com isso. Quando a minha filha nasceu, a recepcionista da maternidade me olhou estranho quando disse que morava na Maré’, relembra Michele Aldeia.” SEQUEIRA, Renata. Pelo fim do preconceito. JovEMovimento. Disponível em: <http://jovemovimentonacional.blogspot.com.br/2008/11/campanha-favela-eu-sou-daqui-no-viva. html>. Acesso em: 12 ago. 2103.
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ANOTAÇÕES EM AULA UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
relações cotidianas
2
Segregação • Segregar significa separar, isolar social e/ou espacialmente. Grupos que são alvo de preconceito, discriminados por não partilharem da cultura dominante, costumam ser segregados. • Muitas vezes a segregação é institucionalizada por meio de políticas ou leis, que visam manter fora do foco da sociedade indivíduos ou grupos considerados indesejáveis. A concentração de moradores pobres em favelas e periferias é um exemplo da segregação que ocorre no meio urbano.
ROGÉRIO REIS/PULSAR IMAGENS
SHEILA JACOB/NPC
Manifestação contra a ameaça de remoções em favelas do Rio de Janeiro realizada em 2010, em frente ao prédio da Prefeitura do município.
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Imagem de 2011 do conjunto habitacional Cidade de Deus, que surgiu na década de 1960 como desdobramento das remoções de favelas localizadas no centro da cidade do Rio de Janeiro.
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Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
relações cotidianas
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Raça, racismo e etnia: aspectos socioantropológicos ROGER-VIOLLET/GLOW IMAGES
• O racismo pressupõe a existência de “raças” humanas e se utiliza da caracterização biogenética para explicar fenômenos sociais e culturais. • Supõe ainda que existam “raças superiores” e “raças inferiores”, considerando, portanto, “natural” que estas sejam subjugadas pelas primeiras. • O racismo, portanto, é também uma ideologia. • Teorias raciais e eugênicas - Surgiram no final do século XIX e início do XX, tentando comprovar cientificamente a existência de “raças superiores e inferiores”, recorrendo às ciências naturais e seus métodos à época (medições de crânio e nariz, por exemplo). - Os chamados estudos antropométricos tentavam provar ser possível deduzir o comportamento e as aptidões de um indivíduo com base em suas características físicas.
A medição do crânio é um exemplo da aplicação da antropometria.
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Teorias eugênicas • Pressupunham que cada “raça” possuía características próprias e que a miscigenação entre brancos, amarelos e negros resultaria na degeneração. • Havia, entretanto, as que propunham que a miscigenação poderia ser uma opção de “melhorar” as características de um povo através da disseminação da genética do homem branco. • Algumas políticas públicas se basearam nesses pressupostos. Um exemplo foi o incentivo à imigração de trabalhadores alemães e italianos para o Brasil à época da abolição da escravidão.
Joseph Arthur de Gobineau (1816-1882) Em seus estudos de eugenia defendeu que a miscigenação era inevitável, mas levaria à degeneração física, intelectual e moral da espécie humana.
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Cesare Lombroso (1835-1909) Médico italiano, Lombroso defendia que criminosos apresentavam evidências físicas que possibilitavam classificar de antemão o comportamento transgressor. Chamadas por ele de estigmas, tais anomalias poderiam ser identificadas através da antropometria.
Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) Médico e antropólogo brasileiro que, inspirado em teorias racistas como a de Lombroso, defendeu que os negros eram geneticamente mais propensos à criminalidade.
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A teoria da democracia racial e o mito da democracia racial Gilberto Freyre (1900-1987)
Florestan Fernandes (1920-1995)
• Formulou a teoria da democracia racial na década de 1930, num cenário em que a preocupação em definir o Brasil tomava conta dos debates políticos e acadêmicos. • O pressuposto central dessa teoria é o de que as diferentes matrizes étnicas (europeia, ameríndia e africana) tiveram uma convivência salutar, resultando no equilíbrio entre elas na formação da identidade cultural brasileira.
• Florestan Fernandes, em seu livro A integração do negro na sociedade de classes (1965) atacou a ideia de convívio harmônico entre as raças. Para ele, a democracia racial seria um mito que mascarava a realidade de profundas desigualdades, na qual o negro se encontrava em desvantagem política e econômica. • A perspectiva pela qual Florestan Fernandes enxergava a sociedade brasileira era a do conflito, não a da harmonia.
• Essa formulação de Freyre transformou-se em uma alternativa às teorias raciais e eugênicas, por entender que a miscigenação, característica da formação social brasileira, longe de promover a degeneração física e moral da população, era exatamente o que definia nossa identidade nacional. • Essa interpretação também fortaleceu a ideia de que no Brasil não haveria preconceito, o que teria gerado oportunidades econômicas e sociais equilibradas para as pessoas de diferentes grupos raciais ou étnicos.
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Persistência do racismo e a importância do movimento negro brasileiro • Nas décadas de 1960 e 1970, o movimento negro brasileiro se inspirou na contribuição de Florestan Fernandes e lutou contra a teoria da democracia racial, pois só admitindo a existência do preconceito se pode lutar contra ele. RATÃO DINIZ
• Em 1989 o movimento negro conseguiu a promulgação da Lei 7.716/ 89, tornando o racismo crime inafiançável. • Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram a posição de desvantagem econômica dos negros (pretos e pardos). • Embora desempenhe papel fundamental na produção de riquezas e na vida cultural brasileiras, o acesso da população negra a bens e serviços continua a ser menor que o dos brancos. Grafite feito em celebração do Dia da Consciência Negra na comunidade da Divisa, em 20 de novembro de 2008. Rio de Janeiro (RJ). Foto de Ratão Diniz.
Rendimento do trabalho por raça População com rendimento de trabalho, entre os 10% mais pobres, em relação ao total de pessoas (%)
População brasileira por raça População brasileira 190.755.799
Brancos
Pretos e pardos
Amarelos, indígenas e sem declaração
91.051.646
96.795.294
2.908.859
47,7%
50,7%
1,1%
Fonte: IBGE. Censo 2010: resultados gerais da amostra. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
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Branca
Preta
Parda
25,4
9,4
64,8
Com rendimento de trabalho, entre o 1% mais rico, em relação ao total de pessoas (%) Branca
Preta
Parda
82,5
1,8
14,2
Fonte: IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios 2009. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
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Etnia: superando o conceito de raça • O conceito de etnia se refere a um conjunto de seres humanos que partilham determinados aspectos culturais, que vão da linguagem à religião. São características sociais e culturais e, portanto, aprendidas – não nascemos com elas. • Etnicidade é o sentimento de pertencimento a determinada comunidade étnica; é a identificação com um grupo social específico dentro de uma sociedade. Raça Distinção que se estabelece pela origem biológica.
Etnia Práticas socioculturais e históricas de diferentes grupos humanos que interagem entre si.
EPITÁCIO PESSOA/ESTADÃO CONTEÚDO
• O conceito de etnia, por não se restringir aos aspectos biológicos, possibilita a superação da crença na existência de “raças superiores” e “raças inferiores”. • Também permite evidenciar que as desvantagens econômicas vivenciadas pela população negra hoje são fruto de relações sociais cuja construção histórica está marcada por discriminações e preconceitos profundos. • Apesar de o conceito de raça ter sido abolido no contexto científico e inclusive negado por geneticistas, a ideologia e as teorias racistas ainda têm força entre grupos sociais, como os chamados neonazistas.
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Inscrição preconceituosa na parede de uma escola municipal de São Paulo (SP, 2011).
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Raça, etnia e multiculturalismo
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Multiculturalismo e ação afirmativa • O multiculturalismo pode ser compreendido como: - Conceito que designa o fato de algumas sociedades serem formadas por culturas distintas. - Política que visa à coexistência pacífica entre diferentes grupos étnicos. - Movimento teórico e político em defesa da pluralidade e da diversidade cultural, reivindicando o reconhecimento cultural das minorias. • Entre os que compreendem o multiculturalismo a partir da primeira perspectiva, há um debate no seguinte sentido: - Há a visão antropológica que enfatiza a formação de mosaicos culturais totalmente originais, fruto da convivência entre diferentes matrizes coexistentes numa mesma sociedade. - Há os que apontam a coexistência sem, no entanto, enfatizar a convergência entre as diferentes matrizes socioculturais. - Há ainda a visão crítica, que mostra que a convivência não é pacífica, mas permeada pelas relações de poder e dominação constitutivas da sociedade. • Há os que criticam o multiculturalismo por considerar que, embora reconheça a diversidade cultural, não propõe a superação da hegemonia dos padrões culturais dominantes. • A interculturalidade, diversamente, vê no contato entre diferentes culturas a possibilidade da construção de novos conhecimentos e novas interpretações do mundo. • Ações afirmativas são ações públicas ou privadas dirigidas à correção de desigualdades sociais, visando à compensação das desvantagens criadas e reproduzidas socialmente. Exemplo: o sistema de cotas raciais implementado nos concursos de admissão nas universidades brasileiras.
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Respostas do Banco de Questões UNIDADE 2
Capítulo 4
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas relações cotidianas Socialização e controle social
1. As empresas normalmente estabelecem mecanismos de controle social ao instituírem padrões de comportamento aos quais devem se adequar aqueles que ocupam a posição (status) de funcionários. A cada função, para cada posição (status) na empresa, corresponde um determinado papel social. Contudo, a situação relatada mostra como a tecnologia e o alcance das redes sociais permitem que instituições ampliem o alcance de seu controle, estendendo-o à vida privada. Já não importam simplesmente o cumprimento de regras e normas, padrões e expectativas dentro da empresa em relação ao tipo de tarefa desempenhada. O comportamento para além dos muros da empresa passa a ser monitorado e isso viabiliza à instituição aumentar seu poder de previsão sobre comportamento e reação de funcionários. É interessante fazer uma análise crítica sobre a espetacularização da vida privada, tão evidente em reality shows e redes sociais, revelando o individualismo predominante na sociedade. Ou seja, ao crescente fenômeno da privatização do espaço público soma-se esta “invasão” ou superexposição da vida privada. As pessoas perseguem a popularidade por meio da exposição de sua intimidade (viagens, aquisições materiais, gostos pessoais etc.), ou seja, desejam ter seguidores e admiradores, reproduzindo um ideal fortemente disseminado na sociedade norte-americana, marcada pelo consumismo e pelo individualismo. Outro aspecto relevante é o fato de que não ter um perfil em rede social passa a ser malvisto, gerando desconfiança. Isso pode ser percebido como um controle social extremo, a ditadura da exposição da imagem, em que padrões de sociabilidade são impostos sob pena (sanção socialmente estabelecida, neste caso) de exclusão das relações não virtuais. 2. Os alunos deverão listar todos os exemplos que lhes ocorrerem; espera-se que mencionem os pais, a escola, os amigos, o próprio Estado. Com esses agentes a relação é direta. Mas também podem mencionar exemplos da vida cotidiana, como as câmeras que monitoram o interior dos transportes coletivos ou de estabelecimentos privados: lojas e elevadores são equipados com microcâmeras. As redes sociais podem ser vasculhadas por pais, diretores de escola, além dos amigos, e, quando ingressarem no mercado de trabalho, pelo patrão. Dessa forma, nosso
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comportamento, nossas ações, relações e escolhas são controlados a fim de garantir que estejam de acordo com os padrões dominantes e tomados como corretos pelos agentes do controle social. É possível que surja o discurso da segurança, o qual deve ser relativizado; pode-se confrontar a suposta necessidade de segurança e controle cada vez maior com a questão da liberdade. Vale sublinhar que isso evidencia como dentro da própria lógica liberal existem direitos, considerados fundamentais, que na prática podem entrar em atrito, além de outros direitos políticos e sociais que são frequentemente negados na prática a muitos grupos. 3. Essa atividade deve ser conduzida para encaminhar os estudantes a uma reflexão sobre as diferentes formas de controle social que existem em nossa sociedade e seus impactos sobre os indivíduos.
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
1. a) Os estudantes devem desenvolver uma resposta que problematize a situação dos negros na sociedade brasileira. Conforme discutido no capítulo, deve-se dar atenção ao fato de que as condições de vida dos descendentes de escravos são, na maioria das vezes, precárias. Podem apontar ainda para o problema do racismo em suas diferentes manifestações como elemento que contribui para que essa condição perdure. A s letras das músicas são importantes para discutir a situação dos negros e de outras etnias como a indígena no cenário social do Brasil. Pode-se pedir aos estudantes que apresentem situações cotidianas que confirmem as situações relatadas nas letras. b) Essa atividade pode ser realizada em parceria com as disciplinas de História e Língua Portuguesa, além de ser ampliada para toda a escola e apresentada numa feira cultural. É importante que ela sirva para reflexão sobre como os compositores de diferentes lugares da sociedade percebem as culturas negra e indígena. Dependendo da região do país, podem ser incluídas outras culturas sem, no entanto, perder o foco que é, nesse caso, a discussão das condições dessas etnias na sociedade brasileira. 2. A ideia de construção de um mosaico com os estudantes é uma atividade enriquecedora, principalmente por levar os estudantes a tomar consciência da diversidade entre eles. Aproveite as diferentes etapas de construção para incentivar o debate sobre a diversidade. Seria interessante, se possível, montar um mosaico com os estudantes em trajes escolares e outro com trajes escolhidos por eles para valorizar a individualidade e as preferências culturais de cada um.
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Respostas da Lista de Exercícios UNIDADE 2
Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas relações cotidianas
Capítulo 5
Raça, etnia e multiculturalismo
1. A 2. C
Capítulo 4
Socialização e controle social
1. E 2. 01 + 04 + 08 + 16 = 29
3. B 4. A 5. 01 + 08 = 09
3. A
6. E
4. E
7. A
5. A
8. D
6. D 7. A 8. C 9. A
9. A 10. D 11. B
10. C
12. E
11. D
13. I – E; II – E; III – C; IV – C
12. B
14. A
13. A 14. D 15. C
15. A 16. E
16. D
17. B
17. D
18. D
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Anotações
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Afrânio Silva
Otair Fernandes de Oliveira
Mestre em Ciência política pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor do Colégio Pedro II e da SEEDUC. Pesquisador do IBAM.
Doutor em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Bruno Loureiro
Paula Menezes
Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia da rede pública e de escolas particulares do Rio de Janeiro.
Mestre em Sociologia (com concentração em Antropologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora de Sociologia no Colégio Pedro II.
Cassia Miranda Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Professora de Sociologia da rede pública do Rio de Janeiro.
Fátima Ferreira Mestre em Ciências Sociais (área de concentração: Sociologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora e chefe do Departamento de Sociologia do Colégio Pedro II.
João Catraio Aguiar Bacharel e licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sociólogo e pesquisador.
Lier Pires Ferreira Doutor em Direito (área de concentração: Direito Internacional e Integração Econômica) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia do Colégio Pedro II. Professor adjunto do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro da Universidade Candido Mendes.
Raphael M. C. Corrêa Mestre em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia do Colégio Pedro II.
Ricardo Muniz de Ruiz Mestre em História pela Universidade Federal Fluminense. Professor do Colégio Pedro II.
Rodrigo Pain Doutor em Ciências pelo Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (área de concentração: Estudos Internacionais Comparados) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Professor da rede pública do Rio de Janeiro.
Rogério Lima Doutor em Ciências Humanas (Sociologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia do Colégio Pedro II. Professor do Instituto de Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Marcela M. Serrano
Tatiana Bukowitz
Mestre em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professora do Ensino Básico Técnico e Tecnológico.
Mestre em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro da Universidade Candido Mendes. Professora de Sociologia do Colégio Pedro II.
Marcelo Araújo
Thiago Esteves
Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia do Colégio Pedro II.
Mestre em Ciências pelo Curso de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ).
Marcelo Costa Mestre em Sociologia (com concentração em Antropologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia do Colégio Pedro II e da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro.
Vinicius Mayo Pires Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia da rede pública e de escolas particulares do Rio de Janeiro.
Martha Nogueira Mestre em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professora de Sociologia do Colégio Pedro II.
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amostra Ensino Médio
sociologia em movimento Professor, essa amostra apresenta algumas unidades do Vereda Digital Sociologia. Nela, você poderá conhecer a estrutura da obra e o conteúdo programático desenvolvido para proporcionar aulas ainda mais dinâmicas e completas. A proposta pedagógica para a Sociologia analisa a disciplina através de diferentes perspectivas, confrontando seus temas com outras áreas de conhecimento, como Economia, Psicologia e Direito. Além disso, uma abordagem contextualizada garante que o debate acerca dos assuntos estudados dialogue com a realidade dos alunos. Cada disciplina da coleção apresenta um DVD com conteúdo complementar e exclusivo, tanto para alunos quanto para professores. Com objetos multimídia, atividades extras, vídeos com a visão de especialistas, biblioteca do estudante e muito mais, o processo de aprendizagem se torna mais dinâmico e interativo.
sociologia em movimento
Afrânio Silva • Bruno Loureiro Cassia Miranda • Fátima Ferreira João Catraio Aguiar • Lier Pires Ferreira Marcela M. Serrano • Marcelo Araújo Marcelo Costa • Martha Nogueira • Otair Fernandes de Oliveira • Paula Menezes Raphael M. C. Corrêa • Ricardo Muniz de Ruiz Rodrigo Pain • Rogério Lima • Tatiana Bukowitz Thiago Esteves • Vinicius Mayo Pires
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Nossos consultores estão à sua disposição para fornecer mais informações sobre esta obra.
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