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www.arquidiocesedesaopaulo.org.br 14 a 20 de janeiro de 2014

Geral

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No Intereclesial, CEBs reassumem seu compromisso profético

O encontro realizado na terra do padre Cícero Romão Batista foi um momento de partilha e fortalecimento do trabalho das comunidades com a justiça e a profecia Edcarlos Bispo de Santana (texto) e Luciney Martins (foto) enviados especiais a Juazeiro do Norte (CE)

“O trem das CEBs não parou nem vai parar do noroeste, ele vem pro Ceará”, esse foi o refrão mais cantado na cidade de Juazeiro do Norte (CE), durante o 13º Intereclesial de CEBs, realizado de 7 a 11, na Diocese do Crato. O encontro, que teve como tema “Justiça e profecia a serviço da vida”, e por lema “CEBs romeiras do reino no campo e na cidade”, reuniu mais de 5 mil pessoas, para partilhar e refletir as diversas realidades e desafios das Comunidades Eclesiais de Base no atual contexto eclesial, político e social. Para um dos assessores do encontro, Roberto Malvezzi, conhecido como Gogó, o 13º Intereclesial foi emblemático, pois “foi realizado na terra do padre Cícero, beato José Lourenço e padre Ibiapina”, homens que na história lutaram pela liberdade do povo e se inspiraram nas primeiras comunidades cristãs, baseadas na partilha e no trabalho comum, para construir suas comunidades. Gogó destacou que este Intereclesial pode significar um divisor de águas, se caso os pedidos e decisões forem levados com seriedade daqui pra frente. O Assessor destacou que a formação das CEBs não é “fruto do acaso”, mas de trabalho. Para além disso, em conversa com os bispos foi pedido, de acordo com Gogó, que “assumam a meta e o objetivo de que suas paróquias e dioceses sejam redes de comunidades, também outro pedido é que a formação dos padres seja voltada para as comunidades”. O bispo da Diocese do Crato, dom Fernan-

Intereclesial em números

4.036 Delegados 2.248 Mulheres 1.788 Homens 72 Bispos 232 Padres 146 Religiosos (as) 20 Evangélicos 35 Outras Religiões 36 Estrangeiros 68 Assessores/Ampliada 75 Indígenas 5.046 Total, contando as equipes de serviços e visitantes

do Panico, afirmou que “as CEBs são um jeito normal de ser Igreja, fortemente sentido em toda a América Latina”. O Bispo contou do encontro que teve com o papa Francisco e do desejo do mesmo de incentivar a caminhada das CEBs. “Este é o caminho para a Igreja, sim, o Papa está querendo colocar a Igreja toda dentro desse modelo. Modelo que se caracteriza por uma Igreja solidária, próxima e alegre, que saia de si mesma promovendo a cultura do diálogo. Diálogo ecumênico, inter-religioso, político e cultural entre as nações”, afirmou dom Fernando. Por falar em papa Francisco, uma das maiores surpresas do encontro foi proporcionada por ele. Pela primeira vez na história dos Intereclesiais, um pontífice enviou carta de saudação aos participantes. A mensagem de Francisco era lembrada pelos participantes a todo momento. Lida na abertura, refletida nas análises de conjuntura e comentada nos ônibus que levavam e traziam os romeiros e romeiras. Na mensagem, o Papa afirmou que “a evangelização é um dever de toda a Igreja, de todo o Povo de Deus: todos devemos ser romeiros, no campo e na cidade, levando a alegria do Evangelho a cada homem e a cada mulher”. Para Rafaela Castro, da cidade de Crato, a função do Intereclesial foi “rever seu conceito do que é ser igreja, ser cristã e ser CEBs”. Ela contou que foi importante partilhar experiências e vivências diferentes e perceber as dificuldades encontradas na comunidade e que “na comunidade temos que encontrar formas de crescermos juntos”. A carta final do 13º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base destacou o espírito profético das CEBs. Relembrou as palavras do cearense dom Helder Câmara, “não deixem a profecia cair”, e, mais uma vez, refez o compromisso de estar a serviço da justiça e dos mais pobres. “Na circularidade do serviço, do canto, do testemunho, reafirmamos o compromisso de ser CEBs: romeiras do Reino, profetas da justiça que lutam pela vida, a serviço do bem viver, sementes do Reino e da justiça, comunidades profetas da esperança e da alegria do Evangelho.” O trem das CEBs fará parada em Londrina No sábado, 11, último dia do 13º Intereclesial das CEBs, a sanfona, a zabumba e o triangulo, que deram o ritmo e o refrão mais cantado do encontro – escrito no começo desta reportagem –, foi mudado: “O trem das CEBs não parou nem vai parar do Ceará, ele vai pro Paraná”. Assim, após 12 anos de tentativas, o Estado do Paraná receberá uma edição do Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base. A cidade escolhida foi Londrina, que dá nome à Arquidiocese local. Para o padre José Osvaldo dos Santos, um dos delegados que defendeu a candidatura da cidade, o momento foi de imensa alegria, pois representa um presente depois de uma caminhada de longa data. Ainda não há informações do tema ou da data em que será realizado o 14º Intereclesial de CEBs. De acordo com o padre Osvaldo, esses detalhes serão acertados na reunião da ampliada nacional, que acontecerá em julho, em Brasília (DF). Para Claudio Paulo Hernandes, também delegado do Paraná e um dos articuladores da candidatura da Arquidiocese de Londrina, ainda é impossível definir os temas ou antecipar qualquer informação, porém, é certo que os apelos surgidos neste 13º Intereclesial serão ouvidos, com um olhar especial para a juventude e a questão das CEBs em áreas urbanas.

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Regional Sul 1 quer fortalecer identidade das Comunidades Eclesiais de Base do enviado especial a Juazeiro do Norte (CE)

O Regional Sul 1 da CNBB esteve presente no 13º Intereclesial de CEBs, representado por cerca de 400 delegados, desses 80 eram pertencentes a Arquidiocese de São Paulo. Para João Sérgio da Silva, o Serginho, o Regional teve grande participação, foi ativo em todas as atividades e em todos os momentos. Para ele, “foi muito intenso viver essa espiritualidade do padre Cícero no Nordeste”. “Levamos de concreto o nosso compromisso de fortalecer a identidade das Comunidades Eclesiais de Base. Quem somos, fortalecer nossa identidade a partir da formação, aproximação com os movimentos sociais, as juventudes”, destacou Célia Aparecida Leme, da Arquidiocese de São Paulo. A mensagem de compromisso do Regional Sul 1 destacava, a nível local: “Fortalecimento da identidade das CEBs, com aproximação das pastorais sociais, com destaque para os idosos e a juventude e de suas lutas e bandeiras, trabalhando a relação févida, círculos bíblicos/grupos de rua e sua dimensão missionária nos aspectos religioso, político e social”.

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Juventude presente na caminhada do enviado especial a Juazeiro do Norte (CE)

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1 - Caldeirão lotado durante a abertura do 13º Intereclesial, lugar recebeu este nome em homenagem à comunidade criada pelo beato José Lourenço; 2 Um dos ranchos (grupo de trabalho), onde acontecia o estudo dos temas; 3 - Celebração ecumênica no último dia do evento; 4 - Romeiros da Arquidiocese, no encerramento das visitas feitas à comunidade, no bairro de Pedrinhas, onde ficaram hospedados; 5 - Celebração presidida pelos povos indígenas, momento de apresentação das dores e lutas desses povos; 6 - Missa de encerramento do Intereclesial, realizada em frente a Basílica de Nossa Senhora das Dores

Já a nível Estadual e Nacional, respectivamente: “Aprofundar a identidade e missão das CEBs”; “Trabalhar pelas reformas estruturais (reformas urbana, agrária, tributária e política – com total apoio ao plebiscito popular – e pela regulamentação dos meios de comunicação). Trabalhar pela aprovação da Lei da Economia Solidária e contra a aprovação da PEC 215. Indicativo para a colegiada: articular a comunicação dos estados sobre as atividades das CEBs, a partir de suas lutas e ações. Que a ampliada nacional tire diretrizes para a caminhada das CEBs de todo o Brasil para atuação nas regiões de acordo com suas realidades.” As CEBs da Arquidiocese de São Paulo já planejam realizar dois encontros para debater tudo que foi vivido no Intereclesial. De acordo com Serginho, haverá dois encontros ainda no primeiro semestre deste ano, um em fevereiro, no Centro Pastoral São José, no Belém, para fazer uma avaliação do que foi vivido em Juazeiro do Norte. A outra reunião ainda não tem data definida, mas será realizada em março ou abril para saber o que foi levado para as comunidades deste 13º Intereclesial. (EBS)

Além da mensagem do papa Francisco ao 13º Intereclesial de CEBs, os participantes do encontro tiveram outro motivo com que se alegrar: a forte e ativa presença da juventude. Com um dos ranchos (grupo de trabalho) contendo uma temática específica para juventude, “CEBs e o Protagonismo da Juventude”, os jovens puderam expor seus pontos de vista sobre o trabalho das Comunidades Eclesiais de Base e apresentar “os clamores da juventude”. O secretário nacional da Pastoral da Juventude, Thiesco Crisóstomo, acredita que esse Intereclesial foi muito importante, pois, além de ter um espaço que trata diretamente do protagonismo da juventude nas Comunidades Eclesiais de Base, ele envolveu os jovens no proces-

so de construção do encontro. Renata Souza, da Arquidiocese de São Paulo, participou pela primeira vez de um Intereclesial. Para ela, o número de jovens que participaram do encontro foi impressionante e lhe deu a certeza de que as “CEBs podem ficar vivas principalmente com a presença do número grande da juventude que esteve aqui no Ceará”. A jovem afirmou que leva do encontro “o cultivo da fé”, pois as pessoas da cidade são muito acolhedoras e sabem “expressar e cultivar a fé nas famílias e na comunidade”. Sobre o tema do encontro, Renata afirmou que a justiça e a profecia é “estar preocupado com o que acontece ao nosso redor, tanto na comunidade, nas famílias, quanto no contexto social e político e nós mesmos sermos profetas e praticarmos a justiça”. (EBS)


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