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www.arquidiocesedesaopaulo.org.br 11 a 17 de fevereiro de 2014

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Presbítero, convidado a ser ‘testemunha de fé, esperança e caridade’ Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Encontro Nacional de Presbíteros, em Aparecida, reuniu mais de 500 padres para revisitar o Concílio Vaticano 2º Edcarlos Bispo de Santana enviado especial a Aparecida (SP)

A cidade de Aparecida (SP), acolheu, até a terça-feira, 11, o 15º Encontro Nacional de Presbíteros (ENP), organizado pela Conselho Nacional de Presbíteros, juntamente com a Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB. O encontro reuniu mais de 500 sacerdotes de todo o Brasil para refletirem sobre o tema: “O Concílio Vaticano 2º e os Presbíteros no Brasil: testemunhas de fé, esperança e caridade”. O lema do encontro foi “Estai sempre prontos a dar a razão da esperança a quem a pedir” (cf. 1Pd 3,15). No domingo, 9, a missa de abertura dos trabalhos daquele dia, celebrada na Basílica de Aparecida, foi presidida por dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, concelebrada por diversos bispos, entre eles dom Pedro Brito Guimarães, presidente da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB,

Padre Anselmo e dom Pedro Brito falam ao O SÃO PAULO durante 15º ENP; dom Odilo preside missa no domingo, 9

além das centenas de padres que participaram do encontro. Na homilia, o Cardeal destacou que o encontro pede que os presbíteros sejam testemunhas de fé, esperança e caridade e este, de acordo com dom Odilo, é o convite feito pela Palavra de Deus proclamada no domingo. O Arcebispo destacou, ainda, que este é um momento importante na vida da Igreja, pois, na voz do papa Francisco, o Povo de Deus, fiéis leigos, sacerdotes e consagrados estão chamados a uma conversão pastoral. Já aos sacerdotes, o Arcebispo afirmou que são pessoas especiais e chamadas por Deus. Citou o Papa, quando o mesmo afirmou que os sacerdotes são ungidos, não para serem meros administradores, mas para ajudar na santificação do Povo de Deus, e, para isso, precisam estar em plena sintonia com Deus.

Reflexões do 15º ENP

Dom Pedro, em entrevista ao O SÃO PAULO, aproveitou a oportunidade do encontro para afirmar que a ideia neste momento é aproveitar as comemorações dos 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano 2º para revisitar e reler suas constituições, decretos e documentos. Uma das coisas que tornaram essa releitura necessária é o fato de muitos dos presbíteros não serem nem nascidos quando o Concílio foi realizado e promulgado. O Bispo destacou que mais que realizar massiças palestras com a aplicação de conteúdos extensos e ouvir grandes teólogos, o encontro desejou ser um momento de convivência entre os padres. “Convivendo com o outro, vendo o problema do outro e a alegria do outro, por isso, estamos fazendo isso”.“Um padre ajudando o outro, sempre digo que o melhor amigo de um

sacerdote é outro sacerdote”, comentou dom Pedro. Sobre a falta de sacerdotes, o Bispo disse que no Brasil o problema não é tanto a quantidade de padres, mas a má distribuição do clero, que se concentra em grande número em determinadas regiões e de forma mais escassa em outras.

Realidade da Pastoral Presbiteral

“A Pastoral Presbiteral tem como objetivo principal o cuidado pela vida do Padre como pessoa, como homem. Tendo um Padre bem cuidado e saudável, podemos oferecer uma qualidade melhor de serviço ao Povo de Deus”, assim descreve o padre Anselmo Matias Limberger, presidente do Conselho Nacional de Presbíteros (CNP). De acordo com o sacerdote, o fortalecimento, amadurecimento e articulação da Pastoral

Presbiteral será um dos desafios e preocupações para o próximo encontro que acontecerá daqui a dois anos. “Vamos a partir daqui fazer a avaliação e encaminhamento de propostas, e a Comissão toda vai sentar e avaliar qual o tema do encontro daqui a dois anos. Sentimos a necessidade de uma reflexão bastante concreta da Pastoral Presbiteral, temos muitos padres trabalhando, engajados, dando um testemunho de fé com alegria. Mas temos muitos padres fragilizados, doentes, que necessitam de cuidados”, afirmou. Sobre o perfil de vida de um Presbítero na atualidade, padre Anselmo destacou que as situações são diversas, pois existem padres, a maior parte, salientou, que estão bem, trabalhando, realizados e felizes, porém, continuou, existem padres que estão “envelhecidos, doentes que demandam pela própria doença um cuidado especial. Existem inclusive, alguns casos de doenças como o estresse, depressão, ansiedade e isolamento”. Como soluções possíveis para esses problemas, padre Anselmo afirmou que os sacerdotes não devem perder a esperança: “é preciso se colocar diante do Santíssimo Sacramento com a Bíblia na mão e ali se alimentar da Palavra e da Eucaristia, além de participarem de encontros entre si e buscarem sempre manter o diálogo e a amizade com seus confrades.

No Maranhão, Padre cuida de 80 comunidades do enviado especial a aparecida (SP)

O sacerdote visita as comunidades de sua paróquia duas vezes por ano, dependendo da correria, algumas são visitadas apenas uma vez. Mesmo assim, padre José Orlando da Cruz (foto), da Diocese de Brejo (MA), tem a consciência de que a sua realidade é diferente da dos padres da “cidade grande”. “É outro contexto, às vezes os padres da cidade grande, que possuem dez comunida-

des, por exemplo, se assustam, mas é outro contexto. A população na cidade grande é maior, você tem que estar ali no dia a dia. Na nossa paróquia não tem como, e às vezes nem precisa, pois são pequenos povoados com dez ou 40 famílias. Pequenas comunidades que vivem da agricultura, pesca ou de outros meios.” O mais bonito, para o Sacerdote, é ver a força dos leigos das comunidades que participam de formações e se tor-

nam ministros da Palavra, ou uma liderança que vai animar, motivar e levar adiante aquela comunidade. De acordo com o Sacerdote, a história da comunidade, muitas vezes construída a partir de leigos, é muito valorizada pelo povo. Sendo passada dos mais velhos para os mais novos, “a história dos mais velhos ajuda, fortalece e ilumina os mais novos que estão chegando”, destacou. Para o Padre, a “presença dos leigos é

um braço forte do Sacerdote”. Além do trabalho religioso, o Sacerdote destaca a missão social e política, que muitas vezes adquire em lugares, principalmente no interior, onde o poder do Estado não está presente. Sobre esse aspecto, o Padre afirma que a missão é “pastoral, espiritual e social, não podemos só falar do Evangelho e de Jesus Cristo e na hora não fazer nada, a Igreja tem que estar presente nessas horas também”.


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