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Pesquisa e análise de tendências de moda 3. PANTONE | Manual de Apoio


Sobre o indivíduo que recebe a comunicação visual, a cor exerce uma ação tríplice: a de impressionar, a de expressar e a de construir. A cor é vista: impressiona a retina. É sentida: provoca uma emoção. E é construtiva, pois tendo um significado próprio, tem valor de símbolo e capacidade, portanto, de construir uma linguagem que comunique uma ideia (FARINA, 1990, p. 27).

Pesquisa e Análise de Tendências de Moda Sessão 3. Pantone Edgar Alexandre Gomes Alves Formação Pedagógica Inicial de Formadores In-Formação Fevereiro de 2016


ÍNDICE

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SESSÃO 3 | PANTONE | MANUAL DE APOIO - Introdução 05 - Enquadramento 06 - Pantone | Cor 08 - Pantone | Empresa 10 - Pantone | Novo Mercado 13 - Pantone | Cor do Ano 16 - Conclusão 18 - Bibliografia 19

INTRODUÇÃO

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A sessão “Pantone” tem por objetivo central instruir os formandos a identificar e interpretar claramente tendências de moda e de mercado, recorrendo às plataformas existentes na internet, de forma a obterem informação leal. Este manual, está especificamente orientado para uma carga horária de 4 horas, de modo a que o formando, no final da presente sessão, esteja apto para: reconhecer os elementos diferenciadores da empresa Pantone, com base no abordado na presente sessão, sem errar; identificar claramente a “Cor do Ano”, recorrendo às devidas plataformas existentes na internet, de forma a obterem informação leal; interpretar códigos e símbolos incutidos nas tendências de moda e de mercado, essencialmente na “Cor do Ano”, através de um processo de autoscopia, demonstrando um claro domínio na sua aplicação. Para facilitar a compreensão e motivar o formando para a leitura deste manual, este está estruturado em quatro gruposndistintos: Introdução; Enquadramento da formação; Desenvolvimento: 1) Importância da cor; 2) Pantone ; 3) Pantone| Novas oportunidades de mercado; 4) Pantone | Cor do ano, e Conclusão onde prevalece uma pequena síntese, a Bibliografia e Netgrafia.


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ENQUADRAMENTO DA FORMAÇÃO MANUAL DE APOIO

Num “mundo de iguais”, diferenciar-se é fundamental. Embora a moda seja reconhecida pelo uso frequente de uma determinada tendência, as pessoas também buscam distinguir-se da maioria por meio das peças do vestuário. Nesse cenário, a criatividade no mercado competitivo da moda é essencial para os profissionais de criação, como designers e estilistas. Pesquisa e inspiração aliados a conhecimento técnico devem fazer parte do quotidiano de quem cria as coleções de moda. Como as peças de vestuário são feitas por pessoas para pessoas, os profissionais de criação precisam considerar uma série de aspectos na hora de elaborar uma coleção, ou seja, não basta pensar somente em tendências de vestuário em si, mas também de comportamento, arte, música, entre outros. A criatividade no mercado competitivo da moda deve estar presente desde a escolha das referências que nortearão a coleção até a seleção de materiais, como tecidos e aviamentos. Na etapa de pesquisa as informações são imprescindíveis para o resgate de referências, para a atualização dos costumes do público-alvo e para as percepções do futuro. A inspiração poderá focar-se em conteúdos existente em livrarias, bibliotecas, exposições, museus, sites, revistas, cursos e eventos, entre outras possibilidades.

ENQUADRAMENTO DA FORMAÇÃO

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Mas por mais que o mundo seja inspirador, o artista nem sempre está apto obtê-la. Nesse sentido, Jorge Faccioni aponta em The Black Book of Fashion (UseFashion, 2002) que informação, sensibilidade, conhecimento, cultura e criatividade são essenciais na hora de decidir o tema de uma coleção. “Caso a escolha não seja de um conceito com potencial no inconsciente coletivo, o criador corre o risco de ver seu trabalho não valorizado”, salienta o autor. Na atualidade, principalmente com o uso da internet, o profissional de criação de moda tem à sua disposição uma série de fontes de pesquisa que pode auxiliá-lo na elaboração de coleções. Sites especializados divulgam as principais tendências de moda. Já as redes sociais oferecem uma imensa quantidade de informação sobre comportamento, desejos e lamentações dos diferentes públicos que nelas circulam. Cabe ao profissional de criação ficar atento aos movimentos (on e off-line) para captar o que possa servir de inspiração para futuras coleções.


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PANTONE | COR MANUAL DE APOIO

Sabemos que a cor tem um papel muito importante nos meios de comunicação, pois motiva e atrai a atenção do consumidor de forma rápida, precisa e eficiente. A cor sempre fez parte da vida do ser humano, sempre houve o azul do céu, o verde das árvores, o vermelho do sangue. A dúvida é: quem inventou esses nomes. A origem dessas designações remonta, na sua estrutura, do grego, do latim e do árabe, de onde surgem as línguas latinas. O Homem intitulava as cores conforme o que via pela frente, com símbolos que lhe fossem familiares (Carramillo Neto, 1997, pág. 86). No entanto, a cor deixou de ter um papel indiferente no meio atual, sendo de extrema importância termos especial cuidado com a cor que vamos utilizar na hora de criar um projeto. O significado das cores difere em cada cultura. Assim transmitir mensagens requer sensibilidade, domínio das leis que regem as percepções visuais, visão do conceito, fatores sociais e culturais, público alvo e da criação como um todo. A literatura indica que as primeiras tintas de impressão foram produzidas na China, um século antes de Cristo. Quando chegadas à Europa estas eram preparadas em segredo dentro das oficinas pelos impressores em meados do século XV. Utilizando para a sua constituição visual ingrediente como o negro-de-fumo e óleo de linhaça. E só no final do século XVIII é que surge a primeira fábrica oficial de tintas na cidade de Munique, na Alemanha. (BAER, 2001, p. 75).

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No final dos anos 50, segundo Neto (1997), surgem os primeiros scanners e computadores. Por serem equipamentos modernos e rápidos, nasce naturalmente a necessidade de uma terminologia para as cores, que fosse entendida por todos, não somente aqui em Portugal, mas, em todo o mundo. Sendo esta necessidade de padronização um influenciador para a globalização e disseminação da informação. Como as cores não possuíam um nome definido, em 1960 na Drupa, Feira de Artes Gráficas da Alemanha, foi feito um concurso internacional onde todos os países puderam enviar sugestões em suas línguas nativas para os nomes das cores, sendo que cada palavra ou sinônimo para a cor deveria seguir com um estudo filológico e histórico do termo, sua origem e o porquê desse nome. Porém essa estratégia de designação pouco impacto teve, pois em 1963, surge um modelo revolucionador, o primeiro sistema de cores que consiste num sistema de identificação precisa de cores, através de numeração, não havendo a possibilidade de subjetividade humana, criado por Lawrence Herbert, fundador da Pantone inc.


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Publicitário de formação, Lawrence Herbert trabalhava numa gráfica de Nova York quando teve a ideia de padronizar a descrição das cores. Antes, os designers precisavam levar amostras de papel ou tecido para indicar o tom que desejavam. Não havia outra forma senão descrever as cores com algo físico, além que Herbert acreditava que o espectro de cores é visto e interpretado diferentemente por cada indivíduo. Quando surgiu, em 1962, a Pantone fabricava cartões de cores para a indústria de cosméticos, mas a inovação intrínseca fez com que a empresa subvertesse o mercado das cores e se tornasse mundialmente conhecida. O sistema numérico, vulgarmente designado como escala Pantone, permitiu identificar cada cor sem causar falsas interpretações por criadores, fabricantes, revendedores e consumidores. Até 2000, eram basicamente dois os tipos de produtos desenvolvidos pela empresa: os leques\escalas e as amostras destacáveis. Os leques/escalas são guias de referência rápida que trazem o número da cor e como obtê-la através do método de impressão CMYK1, tendo como grande diferencial sua portabilidade e fácil manuseio.

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Já as amostras destacáveis são derivadas destas escalas e tem por objetivo a comunicação precisa e inequívoca da cor bem como a montagem da identificação visual da empresa/cliente. É importante lembrar que estes produtos, além de serem guias práticos para formulação e obtenção de cores também são utilizados, na grande maioria das vezes, como referência em áreas anexas e correlatas a outras que os utilizam de forma direta. Uma vez que há posse da escala e do número que seu cliente especifica, o fornecedor pode identificar corretamente a cor desejada e desenvolver mecanismos para obtê-la. Entretanto, muitas vezes o processo ocorre de forma equivocada e inversa, onde o usuário desenvolve o seu trabalho no computador e lá escolhe a cor desejada, sem levar em conta que, o que está sendo visualizado são luzes cuja gama de possibilidade é infinitamente maior do que as possibilidades de impressão gráfica. Muitas vezes, com os monitores e impressoras descalibrados, ao apresentar e vender a sua idéia ao cliente mostrando-a no monitor ou impressa através destas impressoras, estes profissionais irão deparar-se com um resultado nada agradável. O final da história todos conhecemos: insatisfação geral – trabalhos devolvidos, prejuízos para todos e adjetivos ou qualificações desfavoráveis. 1. CMYK é a sigla para Cyan (ciano), Magenta (magenta), Yellow (amarelo) e Black (preto). Este padrão é chamado de síntese subtrativa. A mistura de azul, magenta e amarelo pode resultar em preto ou em uma variedade de tons coloridos, por isso, este modo é escolhido para impressão de materiais gráficos e impressões digitais.


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NOVAS OPORTUNIDADES DE MERCADO Cinquenta anos depois de sua fundação, a empresa continua a produzir cores, ditar tendências, comercializar catálogos 2 exclusivos e atender ao mercado B2B . No entanto, a geração 2.0, com acesso direto aos conceitos de moda e design, estão adotando a linguagem dos designers, (mesmos que não fossem profissionais dessas áreas). Permitindo então que a Pantone 3 entrasse no mercado B2C , de uma forma bastante diferenciada, deixando de comercializar apenas as suas cores e passar a “vender” o conhecimento das mesmas como símbolo de status para um grupo de interessados no universo das artes e do design. Desde então, a empresa orquestrou uma série de licenciamentos em parceria com marcas/produtos que de alguma forma espelham a excelência do sistema padrão e da qualidade de comunicação incutida nas cores. Com a venda produtos de decoração, papelaria, cosméticos, vestuário, e com a decoração total de uma rede de hotel, a marca conseguiu um crescimento de 25% nos últimos três anos, sendo 14% da receita anual fruto dos produtos de consumo direto. Para uma correta utilização dos produtos Pantone, tanto criadores, gráficos, designers, engenheiros de produtos e outros, devem primeiramente escolher a cor que desejam em suas escalas atualizadas. Uma vez escolhida, a cor deve ser aplicada e tratada independente do resultado visualizado na tela ou na impressora de “escritório”.

2. Marketing B2B a sigla utilizada no comércio eletrônico para definir transações comerciais entre empresas. Em outras palavras, é um ambiente (Plataforma de E-Commerce) onde uma empresa (indústria, distribuidor, importador ou revenda) comercializa seus produtos para outras empresas. A natureza dessa operação pode ser revenda, transformação ou consumo. 3. Marketing B2C é a sigla que define a transação comercial entre empresa (indústria, distribuidor ou revenda) e consumidor final através de uma plataforma de E-Commerce. A Natureza dessa operação tende a ser apenas de consumo.


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“Percebemos que os jovens consumidores do novo milênio seguem as criações e os passos dos designers profissionais. E nesse sentido temos inovado alguns departamentos com a finalidade de vender diretamente para esses consumidores”, afirma Lisa Herbert, filha do fundador da Pantone e atual diretora da empresa.

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A Sephora e a Pantone, desenvolveram em parceria o aparelho Sephora-Pantone ColorIQ, que entende o tom da pele do consumidor (a partir da digitalização de vários pontos do rosto) associando-o a uma cor pantone. Posteriormente à leitura, a vendedora insere esse número no seu tablet, que apresentará uma lista das bases indicadas para a pele da cliente, dentro das mais de 1000 opções de tons disponíveis na Sephora. Uma empresa que não deixa de apresentar soluções inovadoras e ousadas para acompanhar o mercado atual, focando-se no interesse de ampliar o modelo de negócio e o uso da tecnologia para a criação de novos produtos e conexões com o consumidor.


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PANTONE | COR DO ANO

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E se há doze anos, a Pantone identificava a “cor do ano”, pela primeira vez como estratégia de marketing, hoje é certamente a razão que tornou esta empresa na base do conhecimento de todo o mundo.

Todos anos a equipa da Pantone elege a “cor da próxima temporada”, fruto de uma enorme pesquisa sobre o desejo e novos interesses do consumidor. Desta vez, em decisão inédita, foram implementadas duas cores para representar o ano 2016 - Rose Quartz e Azul Serenity. Uma dupla simbólica, um snapshot do realmente se vive na nossa cultura, que se expressa para além de uma simples combinação de cores, sendo até evidentemente uma expressão de um estado de espírito.

Rose Quartz é um tom persuasivo, mas suave, que transmite compaixão e um senso de compostura. Serenity é leve e arejado, como o firmamento sobre nós, trazendo sentimentos de alívio e relaxamento, mesmo em tempos turbulentos. Além de ser um contraponto ao cenário conturbado em que o mundo se encontra atualmente, as cores representam a unidade de gênero presente na moda. Em muitas partes do mundo presenciamos uma indefinição entre os gêneros masculino e feminino, especialmente na moda, que por sua vez impacta as tendências de cores em todas as outras áreas do design. Esta abordagem unilateral da cor coincide com movimentos sociais em relação à igualdade de gêneros e fluidez, com uma maior liberdade do consumidor no uso da cor como uma forma de expressão, com uma geração que tem menos preocupação em ser estereotipada ou julgada e uma troca aberta de informações digitais que abre nossos olhos para diferentes abordagens no uso da cor.


18 CONCLUSÃO

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Em 1963 surgiu um modelo revolucionador, o primeiro sistema de cores que consiste num sistema de identificação precisa de cores, através de numeração, não havendo a possibilidade de subjetividade humana, criado por Lawrence Herbert, fundador da Pantone inc. O sistema numérico, vulgarmente designado como escala Pantone, permitiu identificar cada cor sem causar falsas interpretações por criadores, fabricantes, revendedores e consumidores. Desde 2000, a empresa orquestrou uma série de licenciamentos em parceria com marcas/produtos que de alguma forma espelham a excelência do sistema padrão e da qualidade de comunicação incutida nas cores. E se há doze anos, a Pantone identificava a “cor do ano”, pela primeira vez como estratégia de marketing, hoje é certamente a razão que tornou esta empresa na base do conhecimento de todo o mundo. Desta vez, em decisão inédita, foram implementadas duas cores para representar o ano 2016 - Rose Quartz e Azul Serenity. Uma dupla simbólica, um snapshot do realmente se vive na nossa cultura, que se expressa para além de uma simples combinação de cores, sendo até evidentemente uma expressão de um estado de espírito.

BIBLIOGRAFIA MANUAL DE APOIO

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Carvalho, M., 2013, Módulo de Formação 1-5\8-9, In-formação. Carramillo Neto, M., 1997, Contato imediato com produção gráfica, Global Farina, M., 1990, Psicodinâmica das cores em comunicação, Edgard Blucher. IESE, 2012, Referencial de Formação,Instituto do Emprego e Formação Profissional; Pantone, retirado de gttp://pantone.com, acedido em Fevereiro Qual é a diferença entre B2B e B2C, retirado de http:// ecommercenews.com.br/artigos/cases/qual-e-a-diferenca-entreb2b-e-b2c, acedido em Fevereiro;


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